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COLÉGIO SÃO LUÍS ENSINO MÉDIO CURSO DE METODOLOGIA DE INCIAÇÃO CIENTÍFICA. Izabela Pecoriello Ninck Valete

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COLÉGIO SÃO LUÍS

ENSINO MÉDIO

CURSO DE METODOLOGIA DE INCIAÇÃO CIENTÍFICA

Izabela Pecoriello Ninck Valete

TÍTULO:

Como os sintomas prescritos por especialistas são vistos por adolescentes que vivem a realidade do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.

São Paulo

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2021

Izabela Pecoriello Ninck Valete

TÍTULO:

Como os sintomas prescritos por especialistas são vistos por adolescentes que vivem a realidade do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.

Artigo apresentado como requisito de aprovação em “Metodologia de Iniciação Científica”, na 2ª série do EM do Colégio São Luís Orientadora: Prof(a). Me. Ana Paula Bellizia

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São Paulo 2021

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho ao meu melhor amigo Tales Zanoni que desde o início me ajudou a não desistir.

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AGRADECIMENTO

O desenvolvimento desse trabalho de conclusão de curso contou com a colaboração de pessoas pelas quais agradeço.

À minha orientadora que pacientemente me guiou durante todo o processo e carinhosamente respeitou todas as minhas dificuldades em produzir essa pesquisa. Sem ela nada disso seria possível.

À Isabela Sandim minha grande amiga que me apoiou durante os momentos que duvidei de minhas capacidades.

E por fim à Carolina Witcoske por ser uma das pessoas mais importantes para mim e que possibilitou meu desenvolvimento e

amadurecimento pessoal durante o tempo em que estive escrevendo o trabalho em questão.

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RESUMO

O estudo investigou as manifestações do Transtorno de déficit de atenção em adolescentes e como é visto para neurologistas e psiquiatras tanto as definições como efeitos colaterais da doença com base em artigos e estudo de caso com um portador da doença onde sua experiência pessoal trouxe conclusões acerca do tema principal: como os médicos especialistas enxergam o TDAH em contrapartida à adolescentes que vivem o transtorno. Com isso foi realizado um aprofundamento da doença para que assim fosse possível analisar sua atuação nos jovens.

Palavras-chave: TDAH. Transtorno de déficit de atenção e Hiperatividade.

Adolescentes.

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ABSTRACT

Throughout this investigation your willets about the manifestation of attention deficit hyperactivity disorder (ADHD) in young adults and how neurologists and psychiatrists see both definitions and the side effects from the disease. This study is based on articles and a case study with a patient that has the disease, where his personal experience brought conclusions about the main theme from this analysis: how specialist physicians see ADHD in contrast to teenagers who experience the given disorder. With this focus, a deeper investigation on this disorder was carried, so that it was possible to analyze the performance of ADHD in young people

Keywords: ADHD. Attention Deficit Hyperactivity Disorder. Young adults.

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Sumário

1 Introdução ... 08

2 Contexto histórico do Déficit de Atenção ... 10

3 Sintomas principais do TDAH ... 12

4 Adolescentes e sua relação com o TDAH ... 13

5 O que é o Transtorno do Déficit de Atenção ... 15

6 Adolescência ... 18

7 Conclusão ... 22

8 Anexo I ... 24

9 Referências ... 28

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1 INTRODUÇÃO

Nos dias atuais tornou-se muito comum se deparar com crianças consideradas pelos pais como impulsivas ou inquietas, porém quando esse quadro é constatado por médicos elas acabam por divergir-se das demais. Eventualmente essas mesmas crianças entram na adolescência, em média a partir dos 12 anos, e é nessa fase que muitos entram em conflito com o diagnóstico do TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade). Comportamentos como oscilações de humor e baixo rendimento escolar são bastante recorrentes nessa idade e são igualmente

encontrados em pessoas que possuem o transtorno, tornando a forma de lidar com o quadro especialmente singular nessa faixa. O TDAH caracteriza-se principalmente por três sintomas predominantes: desatenção, impulsividade e hiperatividade física e/ou mental. Frequentemente encontrado entre as patologias neuropsiquiátricas mais comuns na atualidade, acomete cerca de 3 a 5% das crianças e em 70% dos casos as acompanha pela vida inteira (ABDA, 2019).

Szobot, Eizirik, Cunha, Langleben e

Rohden (2001, p.01) afirmam que “Diversos estudos foram realizados em todo o mundo para descobrir quais alterações se manifestavam no cérebro de portadores da doença, em um desses estudos 3 mil pacientes foram submetidos a exames de Neuroimagem Estrutural por Ressonância Magnética. Dessa forma cada estrutura cerebral foi avaliada obtendo informações específicas comparando com conclusões de indivíduos que não possuem o transtorno, assim obtiveram resultados conclusivos referentes a estruturas específicas como a amígdala cerebral, acúmbens e hipocampo, responsáveis pela regulação das emoções e pelo sistema de recompensa que em pessoas diagnosticadas são menores”

As formas de lidar com alterações como essa vai depender de paciente para paciente, em adolescentes por exemplo é recomendado que a família mantenha um espaço que respeite as condições implícitas da idade e as exigências da doença. De acordo com Szobot, Eizirik, Cunha, Langleben e Rohden (2001) “O trabalho

realizado com jovens atende meticulosamente as especificações que esse intervalo de idade carrega.”

Muitos sofrem com o diagnóstico e por muitas vezes se recusam a aceitar o tratamento necessário por julgar não sentir aquilo que vem sendo apontado por

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especialistas. Diferente das crianças, os adolescentes respondem de outra forma aos efeitos do déficit de atenção e hiperatividade ocasionando em outras abordagens paliativas para tratar a doença que não existe cura.

É importante se questionar até que ponto esses pacientes estão sendo ouvidos, durante as consultas de acompanhamento eles podem apresentar sinais de que não correspondem a todas as manifestações da doença. Essa situação está presente em inúmeras recorrências de bullying em que o transtorno se torna um rótulo que além de não definir o jovem por vezes acaba nem correspondendo totalmente com o que ele sente.

Esse trabalho tem como objetivo estudar a forma que os adolescentes enxergam as manifestações do transtorno de déficit de atenção em si mesmos comparando com as características apontadas pelos médicos de forma geral, isso será feito por meio de um levantamento de dados onde pretende-se obter a opinião de alguns jovens diagnosticados com a doença e através de pesquisas realizadas em artigos e livros sobre o assunto.

Para embasar a teoria de que é possível que os médicos listem sintomas que nem todos os adolescentes consideram estar vivendo serão selecionados uma série de efeitos colaterais previamente alertados por especialistas e formulado um questionário onde poderão enviar suas respostas, dessa forma ao final dessa pesquisa a conclusão se dará, em grande parte, por meio do que esses jovens relatarem.

Ainda que por muito tempo as pessoas acreditassem que essa doença fosse passageira ela na verdade persiste por toda a vida na grande maioria dos casos havendo uma baixa nos sintomas com o passar dos anos, porém existem poucos relatos de pacientes que abandonaram totalmente com o passar dos anos os sintomas do transtorno convencionalmente descoberto ainda na infância. É relatado na literatura que os sintomas do TDAH diminuem com a idade, sendo essa queda mais significativa para sintomas de hiperatividade e impulsividade (Biederman et al., 2000;

Achenbach et al., 1998). No entanto apesar de comunalmente se obter um prognóstico quando o indivíduo ainda é criança existem incontáveis casos onde a conclusão médica vem na adolescência em decorrência das mais diversas circunstâncias, sejam elas por parte da família, falta de acesso ou pelos sintomas não terem dado sinais de alerta mais cedo.

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Em geral portadores do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade já acabam sendo subestimados devido a sua condição, mas testes envolvendo grupos com e sem a doença terminam concluindo um pior desempenho nos diagnosticados.

Segundo Lopes Regina, Nascimento Roberta, Sartori Fernanda, Argimon Irani Teste de Atenção Concentrada em 60 crianças e adolescentes, com e sem TDAH, com idade entre 9 e 15 anos. Os achados mostram que o D2 é um instrumento sensível para avaliar essa função na população investigada, porém sugere-se um estudo envolvendo uma amostra maior. O estudo também mostrou que existem diferenças significativas entre os grupos, que o grupo com TDAH apresentou um pior desempenho. Entretanto uma forte característica da doença é o hiper foco que pode atuar como um grande aliado. Se trata de uma concentração intensiva e dedicada a um determinado assunto ou ação específica por longos períodos de tempo. Pode parecer muito contraditório quando se trata de um indivíduo considerado mais desatento do que o encarado como normal, mas é exatamente aí onde se encontra a explicação. Ao ficar extremamente interessado em algo o cérebro da pessoa bloqueia tudo ao seu redor direcionando o foco para a situação que o deixou absorto.

Essa pesquisa tem como ponto principal os adolescentes diagnosticados e a doença. Tanto os médicos quanto as pessoas no geral influenciam nessa visão que eles têm sobre si mesmos, afinal vivemos em sociedade e somos influenciados por nosso contexto social. Dessa forma, pesquisar sobre o que é sentido pelo paciente é muito relevante, afinal tanto os especialistas quanto os pacientes buscam o mesmo objetivo, melhorar o quadro dentro do possível por meio do tratamento. A hipótese levantada por este trabalho, é a de que, por mais grave que seja o diagnóstico nenhum adolescente possui todas as características descritas pela medicina.

2 DESENVOLVIMENTO – PARTE 1 Contexto histórico do Déficit de Atenção

Popularmente conhecido como TDAH o transtorno de déficit de atenção teve sua primeira aparição com essa sigla na Inglaterra em 1980 no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais dividindo-o em dois tipos: TDA (transtorno de déficit de atenção sem ocorrência da hiperatividade) e TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade). Porém, a doença foi reconhecida muito tempo antes de receber o nome que hoje em dia é reconhecido tão popularmente. Alexander Crichton

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(1763 – 1856), médico escocês, foi o primeiro a relatar os sintomas pertencentes ao transtorno cerebral em um livro publicado.

Segundo o especialista embora todo tipo de pessoa apresentasse desatenção em seu dia a dia existiam algumas outras que apresentavam uma falta de atenção ainda maior do que o natural. Com isso a patologia foi descrita como “incapacidade de manter a atenção no cérebro”, o próprio ainda afirmou que os que possuem a doença já nasciam com ela e que dificilmente os efeitos seriam tão intensos ao ponto de impedir o aprendizado.

Além dessa contribuição para a ciência ainda existe uma forte referência histórica nos estudos de mentes desatentas, as descrições feitas pelo alemão Heinrich Hoffman (1809 – 1894), médico e escritor publicou o livro “Der Struwwelpeter” onde descrevia sintomas muito característicos do Déficit de Atenção no personagem principal envolto em uma história fictícia se tornando, até os dias de hoje, um dos personagens mais conhecidos na história da doença.

Sendo assim, a sigla que conhecemos hoje passou por muita evolução até que em 1902 em Londres durante uma conferência apresentada por George Frederic Still (1896 – 1941) o mesmo apresentou casos reais de pessoas que apresentavam faculdades mentais compatíveis com o que ele chamou de Defeito do Controle Moral das Crianças, com “Controle Moral” George descrevia a ação de manter um controle de si em crianças visando o contexto em que estavam inseridas. De acordo com Desidério, Rosemarie C. S e Miyazaki, Maria Cristina de O. S. (2007) o defeito nesse controle de comportamento estava presente em crianças consideradas “mentalmente retardadas”, porém também fora constatado que mesmo crianças que não possuíam divergências cerebrais ainda poderiam apresentar esse transtorno de comportamento, evidenciando não ser um transtorno decorrente de outra doença.

Outros dados foram apresentados como a maior incidência da deficiência em meninos e a descoberta ser feita geralmente na infância. O pediatra britânico descrevia as crianças como “impulsivas, imediatistas e incapazes de sustentar a atenção”. Essas características são as mais relatadas tanto hoje em dia quanto nessa época como as mais recorrentes em crianças diagnosticadas com o TDAH. Dessa forma foi possível concluir que a grande maioria dos pacientes se encaixavam no diagnóstico do déficit de atenção, no entanto o maior número de traços da deficiência de controle mental se encaixaria nos processos de diagnóstico de doenças que atualmente conhecemos como: transtorno de conduta, transtorno desafiador de

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oposição, transtorno de aprendizagem e transtorno da personalidade antissocial, segundo Desidério, Rosemarie C. S e Miyazaki, Maria Cristina de O. S. (2007).

Com isso a deficiência de controle mental foi distanciada do transtorno de déficit de atenção, mas serviu como uma significativa auxiliadora para o estudo do TDAH possibilitando que as pesquisas feitas hoje em dia utilizem como base tudo que, de forma resumida, foi descrito nos parágrafos a cima.

Sintomas principais do TDAH

A lista de sintomas desse transtorno é consideravelmente repetitiva, todos giram em torno da falta de atenção e/ou hiperatividade. São cerca de 18 manifestações da doença organizados em 3 grupos: 9 relacionados à desatenção, 6 à hiperatividade e 3 à impulsividade. Como a doença é dividida entre três tipos os sintomas também acabam entrando na sub divisão sendo ela: TDA tipo desatento, TDAH tipo hiperativo/impulsivo e TDAH tipo combinado. Em todos os casos a falta de atenção existe, porém o grau de intensidade varia devido a presença dos outros fatores que definem cada um dos tipos, segundo dados fornecidos pela ABDA (Associação Brasileira do Déficit de Atenção).

O TDAH tipo desatento tem como característica dominante a desatenção em escala mais severa resultando em hábitos simples, mas que ocorrem com maior frequência como cometer muitos erros por falta de atenção, perder coisas durante o dia seja objetos ou compromissos, se esquecer do que ia falar, não ouvir quando está sendo chamado já que se dispersa do mundo a sua volta com facilidade.

Bem como o anterior o TDAH tipo hiperativo/impulsivo tem suas características muito bem definidas por suas particularidades, dessa vez referentes à hiperatividade e comportamento impulsivo. Os hábitos predominantes nesse caso são especialmente a dificuldade de se manter parados, consideram-se pessoas inquietas com temperamento explosivo e que devido a essa hiperatividade realizam múltiplas tarefas ao mesmo tempo.

E por fim temos o TDAH tipo combinado, tido como o mais difícil de se diagnosticar já que o paciente precisa apresentar fortes características tanto desatentas como hiperativas/impulsivas esse tipo apresenta uma combinação dos outros dois tipos. Portanto os seus sintomas são uma junção do que foi resumido a cima. A pessoa que possui o tipo combinado além de esquecer compromissos e afazeres com muita recorrência ainda é extremamente inquieta, por exemplo.

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Geralmente crianças, principalmente do sexo masculino, costumam apresentar mais esses sinais de hiperatividade e impulsividade enquanto crianças do sexo feminino lideram os episódios de falta de atenção, segundo a professora da Faculdade de Medicina da PUCRS e especialista em psiquiatria infantil, Gibsi Rocha (2012)

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Com isso a profissional alerta que uma a cada 20 crianças são portadoras do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, e que meninos sofrem mais com a doença, Rocha diz "Estudos dizem que para cada três a cinco meninos, um tem TDAH. E se não forem tratados na infância, há grande associação de depressão, ansiedade e envolvimento com drogas e álcool na fase adulta” (2012).

Outra aplicação dos sintomas no quadro é a definição do grau de TDAH que o paciente possui julgando pelas alterações que seu cérebro apresenta de acordo com as características listadas. Podendo ser leve: sintomas amenos desencadeando em pequenos prejuízos acadêmicos ou pessoais resultantes da falta de atenção e/ou hiperatividade.

Moderado: sintomas recorrentes, porém controlados dentro de uma média onde não são tão brandos nem tão preocupantes e por fim, grave: sintomas muito desenvolvidos com significativo poder de prejuízo tanto pessoal quanto profissional. Independente do grau todos podem e devem receber tratamento para que a qualidade de vida do portador tenha visão de melhora, esse tratamento pode incluir ou não o uso de medicamentos psicoestimulantes, porém o acompanhamento de psicoterapia não deve ser optativo.

Somando as outras respostas da doença também existem os sintomas gerais que por consequência de uma vida com esse transtorno acabam se manifestando. Os diagnosticados em idade escolar em grande maioria acabam tendo um rendimento mais baixo do que o das outras crianças ou jovens devido à dificuldade e menor interesse no aprendizado. Questões como problemas de memória, falta de organização com objetos pessoais e confusões em relação a conceitos específicos ou situações pouco descritivas estão presentes nessas pessoas que possuem a doença.

Adolescentes e sua relação com o TDAH

Em termos gerais, desconsiderando que cada caso possui sua especificidade, adolescentes apresentam menos sinais de hiperatividade do que crianças de acordo com a Associação brasileira do déficit de atenção. No entanto questões hormonais que não estão presentes na infância os diferenciam na hora de avaliar sua relação com a doença, assim podem apresentar muitas vezes um comportamento exagerado ou até mesmo imaturo para

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a idade já que o lado emocional está sendo afetado também (Lopes Regina, Nascimento Roberta, Sartori Fernanda, Argimon Irani 2010)

A maioria dos adolescentes desenvolve uma série de problemas na escola devido à falta de organização, sintoma muito comum desse transtorno. Atrasos para entrega de atividades, perca de livros e materiais, confusões com datas e horários, tudo isso somado ao baixo rendimento escolar que também é uma forte característica dos adolescentes com esse diagnóstico. Alguns dos mais notáveis sintomas nessa idade estão diretamente ligados a dificuldade de organizar a ordem de realização das ações quando ainda são pensamentos, em termos médicos o TDAH acaba se relacionando a um déficit nas funções executivas, a habilidade cerebral de priorizar e administrar pensamentos e ações. Essas funções executivas permitem que uma pessoa projete as

consequências de seus atos a longo prazo, permitindo que o indivíduo planeje e avalie suas decisões antes que elas sejam tomadas. Porém o adolescente com TDAH além de ter essas funções prejudicadas ainda terá de lidar com possíveis frustrações e nessa faixa etária é muito comum ocorrerem oscilações de humor tornando a situação consideravelmente mais estressante.

Como a adolescência é uma fase marcada pelas constantes mudanças de humor é natural que os jovens entrem em conflitos com frequência, porém o transtorno de déficit de atenção acaba sendo um agravante pois a regulação emocional é diretamente afetada fazendo com que os momentos bons sejam encarados como “muito bons” enquanto os ruins são tratados com extrema negatividade.

O que nos leva ao fato de que os adolescentes que são diagnosticados e naturalmente apresentam comportamento impulsivo acabam sendo ainda mais intolerantes com a forma de lidar com a frustração, nesses casos o

acompanhamento com psicoterapeutas acaba sendo muito proveitoso pois traz uma segurança de que existem formas de controlar as emoções sem deixar elas te levarem.

Ainda sobre essa faixa etária existem os chamados “comportamentos de risco” que preocupam tanto a família dos pacientes quanto os médicos que acompanham seu quadro. De acordo com a ABDA, já citada anteriormente,

pesquisas apontam que os jovens com TDAH tendem a fumar e fazer uso de drogas ilícitas com mais facilidade do que não portadores da doença, já que seus cérebros

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acabam atingindo níveis mais altos de estímulo quando é feito uso de substâncias químicas.

3 DESENVOLVIMENTO – PARTE 1

O que é o Transtorno do Déficit de Atenção

Como é popularmente conhecido o TDAH teve sua primeira aparição com essa sigla na Inglaterra em 1980 no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais dividindo-o em dois tipos: TDA (transtorno de déficit de atenção sem ocorrência da hiperatividade) e TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade). Porém, a doença foi reconhecida muito tempo antes de receber o nome que hoje em dia é reconhecido tão popularmente. Alexander Crichton (1763 – 1856), médico escocês, foi o primeiro a relatar os sintomas pertencentes ao transtorno cerebral em um livro publicado.

Segundo o especialista embora todo tipo de pessoa apresentasse desatenção em seu dia a dia existiam algumas outras que apresentavam uma falta de atenção ainda maior do que o natural. Com isso a patologia foi descrita como “incapacidade de manter a atenção no cérebro”, o próprio ainda afirmou que os que possuem a doença já nasciam com ela e que dificilmente os efeitos seriam tão intensos ao ponto de impedir o aprendizado.

Como mencionado anteriormente, o transtorno que por ventura se inicia na infância em sua maioria acarreta adultos por toda a vida, segundo a associação brasileira do déficit de atenção, gerando em 80% dos casos altas taxas de desemprego, divórcio, acidentes entre outros fatores que em suma são mais recorrentes em portadores nessa faixa etária. Esse fato carrega grande importância para compreender porque a ausência de um diagnóstico pode afetar drasticamente a vida de quem possui TDAH, afinal com o acompanhamento psicológico, com ou sem medicação, a vida desses indivíduos se torna drasticamente menos prejudicial quando se fala dos riscos que os mesmos sofrem por serem portadores.

Por se tratar de uma doença que afeta diretamente a relação dos portadores com as pessoas a sua volta é comum a associação de que esquecimentos frequentes ou desinteresse seja decorrência da personalidade do indivíduo quando na verdade são manifestações do TDAH, evidenciando que o transtorno acaba exercendo atuação não só na vida de quem possui, mas também na de quem convive com essas pessoas.

Esse trabalho tem como foco a visão dos adolescentes com déficit de atenção em

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relação ao diagnóstico que receberam, entender que existe uma visão de fora acerca dos comportamentos que os mesmos apresentam é de extrema relevância afinal essa segunda opinião desempenha profunda atuação no sentimento desses adolescentes no que se refere a tudo isso.

Para aprofundar o estudo foi realizado um estudo de caso com uma adolescente, de 11 anos estudante do 6º ano do Ensino Fundamental de uma escola particular na cidade de São Paulo. Por meio de um questionário com perguntas fechadas e abertas (vide questionário no Anexo I) foi constatado que na visão do portador os sintomas que ele possui são percebidos pelas pessoas de forma exagerada uma vez que ele mesmo sente que não vive do modo a ser descrito tanto pelos médicos quanto por indivíduos que apenas acompanham seu desenvolvimento sem serem formados no assunto. No entanto também foi levantada a seguinte questão: existem discordâncias em relação ao laudo recebido, uma vez que ao questionada se concordava com seu diagnóstico a mesma respondeu não estar totalmente de acordo.

O referente tópico acerca de adolescentes que pensam não serem 100%

representados pelo que está sendo apontado acarreta um segundo tópico, as adversidades no quesito de opinião seja ela especialista ou não geram um desconforto nesses adolescentes que estão, devido a idade, passando por períodos em que podem se sentir deslocados ou com dificuldade de pertencerem a grupos ou de atingirem a chamada aceitação social.

De acordo com a resposta do entrevistado foi descrito pelo mesmo que sintomas muito apontados pelos médicos como “dificuldade em ficar parado”, “ter ações impulsivas”, “falar em excesso” não são percebidos em si mesmo, enquanto a “falta de concentração” é o único traço que é apontado como o mais recorrente, trazendo à tona a pergunta principal desse trabalho, os especialistas estão focando no que seus pacientes apresentam ou esse diagnóstico é feito de forma a generalizar sintomas que em tese são “manifestados por todos”?

Seguindo com a pesquisa feita para aprofundamento existe a questão do uso da medicação, as opiniões são muito diversas quando esse assunto é proposto dado que o tratamento quando realizado por meio de psicoestimulantes tem como objetivo impedir que a dopamina e noradrenalina sejam “recapturadas”, por assim dizer, pelos neurônios pré-sinápticos. Dessa forma a concentração desses neurotransmissores na fenda sináptica aumenta e alivia os sintomas do transtorno. Porém existe o risco de abuso e dependência desse tipo de medicação, fazendo com que muitos sejam contra

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a prescrição e uso do paciente em razão disso, o Metilfenidato (MPH) trabalha tratando tanto efeitos cognitivos quanto comportamentais em pacientes com TDAH, com isso houve um grande aumento de consumo do medicamento que apresenta avanços concretos no quadro de portadores. No entanto segundo a ANVISA (2014) o MPH possui alto potencial de risco e dependência, defendendo o ponto daqueles que indicam o não uso de psicoestimulantes para tratamento já que, segundo Pastura Giuseppe e Mattos Paulo (2004), além da possível dependência existem os outros efeitos adversos como diminuição do apetite, dores de cabeça, insônia, perda de peso, dores abdominais e redução do crescimento. Contudo a decisão não é tomada pelos médicos e sim pelo portador e sua família, na maioria dos casos é iniciado o acompanhamento com medicação e segundo a pesquisa que foi realizada para esse trabalho o adolescente entrevistado deixou sua avaliação pessoal do uso do remédio como sendo positiva e bastante favorável no controle dos sintomas de TDAH, segundo o mesmo sem o psicoestimulante em seu cotidiano era mais difícil manter o controle de suas atividades com prazos e da atenção propriamente dita em atividades escolares.

Cientificamente falando, o Transtorno de Déficit de Atenção pode ser descrito por especialistas no assunto como “lesão cerebral mínima”, “disfunção cerebral mínima”

(devido a disfunções nas vias nervosas) ou classificado como CID-10 nos sistemas classificatórios modernos utilizados na psiquiatria. Sua ação compromete importantes regiões no cérebro, responsáveis pelo controle das emoções, motivação e o chamado sistema de recompensas que age no comportamento e tomada de decisões a partir de dinâmicas de recompensa. A explicação para isso se dá nas redes de conexão dos neurônios que são responsáveis por inúmeras ações, entre um neurônio e outro existem espaços por onde as informações passam, esse processo chamado de sinapse ocorre com a ajuda de neurotransmissores que por sua vez atuam como mensageiros. Em pessoas com TDAH, dois neurotransmissores específicos (Dopamina e Noradrenalina) não são capazes de desempenhar corretamente sua função em algumas regiões do cérebro, como é o caso de uma área extremamente importante: o lobo frontal, espécie de central de comandos. Isso gera um desequilíbrio em seu desempenho acarretando na falta de atenção devido ao mal gerenciamento de envio de informações para o restante do cérebro acerca do que é ou não relevante para se manter o foco

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No entanto, outras habilidades básicas também são prejudicadas nesse processo, como o controle de impulsos, administrar planos, cumprir tarefas até o fim entre diversos comportamentos. De forma simples, os sintomas apresentados por pessoas com o diagnóstico de TDAH não ocorrem por acaso, a medicina explica essa desordem no cérebro como a causa do transtorno que não é possível se diagnosticar com exames de sangue ou imagem, apenas com uma avaliação psicológica aplicada por profissionais da área.

Além de ser uma doença que, nos casos que seguem a normalidade, se descobre na infância ela se manifesta mais em meninos do que meninas. Segundo Carvalho (2003) “A literatura que trata do perfil desse polêmico diagnóstico verifica maior prevalência nos meninos e as proporções segundo o sexo variam entre:

aproximadamente 2:1 (em estudos populacionais) e até 9:1 (em estudos clínicos).” O que dados apontam é que em meninos a hiperatividade se sobressai enquanto em meninas é a desatenção que se destaca.

Outro ponto que vale mencionar são as suposições da inexistência do TDAH, existem inúmeras suposições de que é uma doença inventada ou apenas um nome dado a crianças que não vão bem na escola. No entanto, a medicina, e até mesmo trabalhos como esse, provam que a vida de indivíduo diagnosticado com esse transtorno não é algo escolhido por eles e de forma alguma poderia ser taxado como apenas um rótulo dado a pessoas que não conseguem “parar quietas”.

A partir do estudo de caso realizado com uma adolescente portadora é possível inferir não só como esse é um distúrbio real, mas como suas manifestações são verdadeiramente percebidas por aqueles que o possuem, ela diz se sentir desatenta quando questionada qual o maior sintoma que vê em si mesma, “acho que o sintoma é mais a falta de atenção mesmo”, e descreve o transtorno como uma dificuldade em manter o foco, “acho que descreveria como uma certa dificuldade de se concentrar e prestar atenção em mais de um assunto”. Quando questionada em relação ao que sentiu ao ser diagnosticada apontou contentamento, “Me senti bem, senti que teria uma grande melhora”, evidenciando como a doença afeta a vida desses adolescentes portadores e porque é tão importante consultar um médico quando se existe a suspeita. A mesma ainda finaliza dizendo que a medicação para controlar o déficit de atenção foi fundamental para a melhora de seu quadro, “O remédio me ajuda muito, e não teria melhorado sem ajuda dele”.

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Adolescência

Como citado acima, a adolescência é um período em que a oscilação de humor é recorrente, tanto em jovens com tdah como nos que não possuem, e esse período que segundo a OMS se inicia aos 10 anos é marcado pelos mais diversos conflitos devido aos hormônios que nessa fase estão mudando. É interessante compreender essa etapa da vida para relacionar com o tema principal desse trabalho, os jovens e sua relação com o déficit de atenção.

O período de transição da infância para a adolescência acarreta desenvolvimentos tanto físicos quanto psicológicos, em decorrência a esse fato é normal se deparar com situações de irritabilidade, ansiedade e até mesmo depressão.

O constante estímulo das atividades cerebrais contribui para a evolução do desenvolvimento, que já está acontecendo nessa idade, e também para essas situações relacionadas ao comportamento e humor.

Questões como impulsividade e distanciamento também são comuns, devido ao fato de o córtex frontal ainda não estar totalmente desenvolvido ações impulsivas são tomadas mais frequentemente do que por adultos que, por sua vez, já estão totalmente, física e mentalmente, formados. Quando falamos do distanciamento a explicação é outra, apesar de aparentar ser incomum, quando construtivo, esse hábito acaba sendo muito vantajoso pois estimula autodescobertas e a desenvolver senso de responsabilidade. Por razões como essa, a adolescência acaba sendo uma fase desafiadora tanto para os que estão nela quanto para os responsáveis do indivíduo, o acompanhamento com psicólogos e apoio da família são fortes aliados que caminham juntos por essa etapa da vida na construção de relações saudáveis e confiáveis para o jovem.

Visto que grande parte da juventude é vivida dentro do ambiente escolar é necessário que exista estrutura para lidar com todos os conflitos que possam surgir, situações como bullying e preconceito são aparentes quando falamos de adolescentes e sua convivência nas instituições de ensino, essas divergências quando sofridas por um adolescente acabam gerando muitos problemas, que quando agravados podem acarretas em quadros de depressão e dependendo do teor dos ataques outras vertentes surgem com ofensas ao peso, cor e gênero.

No entanto existe o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) que garante em seus artigos medidas de proteção em combate ao bullying, e a outras formas de agressão seja ela física ou moral direcionada aos mesmos. É uma forma de encarar

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essa situação que inegavelmente está presente não só no Brasil como em todo o mundo quando o assunto é a adolescência. Outras medidas menores também são importantes para evitar essas manifestações de ódio como conversas que venham de dentro de casa, por essa razão manter um ambiente saudável e aberto garante vantagens tanto para a família quanto para os jovens

Diversas são as séries, livros e filmes que abordam a transição da infância para a adolescência por ser um assunto que sempre levanta pautas já que se trata de um período de intensas mudanças em aspectos não só físicos, mas de socialização também, onde o ciclo de amizades pode mudar bastante. Quando analisamos essa realidade pela visão de pessoas com tdah a perspectiva ocasionalmente pode mudar um pouco, porém não em todos os casos, afinal um dos sintomas desse transtorno é a impulsividade e dificuldade em manter relações. Com isso pode-se esperar que esses jovens tenham mais conflitos no âmbito social do que os outros, de mesmo modo, que o transtorno também pode não exercer influência já que cada pessoa responde de uma forma.

A saúde mental entre os adolescentes é um tópico importante de ser levantado, uma vez que nessa fase questões relacionadas não só ao estresse acabam gerando quadros de depressão, ansiedade, transtornos de atenção, humor e obsessivo compulsivo. Isso se dá ao fato de alterações significativas nos campos biológico, afetivo, social, emocional e intelectual que por serem mudanças grandes acabam sendo difíceis de lidar para a maioria dos jovens. Segundo um estudo feito pelo Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), 30% dos adolescentes brasileiros sofrem de transtornos mentais comuns (TMC), o que significa que existe uma necessidade de compreender a dimensão da influência que esses desequilíbrios exercem na vida dessas pessoas, além disso ainda se fala na urgência que a busca por tratamentos e diagnósticos exige para que exista possibilidade de redução dos riscos prejudiciais a qualidade de vida do portador.

Para os adolescentes a visão de se ter um transtorno é muito diferente do que para crianças e adultos, são em grande maioria dos casos encontrados indícios de depressão quando se diagnostica essa faixa etária. A dificuldade em lidar com essa questão está diretamente ligada à conflitos internos ocasionados pelo contraste dos sintomas da doença e do caráter social em que a pessoa se encontra, nessa fase

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opiniões externas geram mais influência na opinião de caráter próprio do indivíduo.

Por essa razão existem profissionais com foco apenas em trabalhar essas questões com os jovens buscando evitar a piora do quadro clínico em que o mesmo se encontra.

Ouvir a opinião desses adolescentes quando tratam de seus diagnósticos proporciona outra visão a respeito dos sintomas que a própria enxerga em si, assim eliminando estereótipos que podem inclusive causar maiores problemas quando se trata da relação do portador com a sua doença.

A visão por parte da medicina

Como mencionado anteriormente, o diagnóstico para esse transtorno é aplicado por neurologistas e psiquiatras e a partir de dinâmicas o profissional chega a uma conclusão. No entanto essa é uma doença que assim como muitas outras apresenta uma série de manifestações, que em cada caso aparecerá de forma mais ou menos recorrente. A questão que se insere nesse contexto é até que ponto um jovem pode ser afetado quando é inserido em meio a uma lista tão grande de sintomas por parte desses profissionais que se baseiam em estudos irrevogavelmente comprovados, mas que não são uma verdade indiscutível quando se trata de 100% dos casos.

Aprofundando na questão da opinião médica existem alguns fatores que levam o especialista a concluir seu diagnóstico, evidenciando assim que o mesmo não se baseia apenas em sua própria opinião como também em testes e perguntas que quando aplicados no paciente vão apresentar se existe ou não a presença da doença.

Por se tratar de um transtorno neurobiológico de causas genéticas é impossível ser aplicado exames de imagem como ressonâncias magnéticas, o que significa que a conclusão médica para casos assim é inteiramente por parte da experiência do profissional que estiver tratando da criança, jovem ou adulto portador.

Dessa forma pode haver divergências de opinião quando se consulta diferentes médicos para avaliar o mesmo transtorno, provando que para o portador a questão de não se sentir inteiramente representado pelos sintomas descritos em seu laudo pode vir a acontecer uma vez que o mesmo pode não ter apresentado todas as manifestações da doença que seu especialista concluiu ter identificado. No entanto trata-se aqui de um distúrbio que até pouco tempo ainda era considerado comportamental por alterar o funcionamento considerado “normal” das ações de uma pessoa, isso conclui que a visão médica por mais correta que esteja nunca será integralmente idêntica já que para cada caso haverá um padrão de sintomas distinto que virá a ser apresentado mesmo se tratando da mesma doença.

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CONCLUSÃO

No código internacional de doenças o tdah recebe o nome de Transtorno Hipercinético, isso porque se trata de uma doença crônica que engloba desatenção, hiperatividade e impulsividade. Quando analisado por um contexto externo ele é facilmente percebido em pessoas que parecem não prestar atenção ou que aparentam estarem sempre agitadas, podendo inclusive apresentar severo comprometimento na qualidade de vida de indivíduos portadores quando não tratados por afetar diretamente a área do cérebro responsável pela tomada de decisões, gerando assim pessoas que podem manifestar ações impulsivas e consequentemente imprudentes.

Foram realizados até hoje muitos estudos focados na comprovação científica, ou não da existência do transtorno que para, quando a discussão é levantada ainda se ouve dizer que é apenas uma forma de justificar crianças que vão mal na escola ou que não conseguem parar quietas, mesmo com a literatura demonstrando que para quem o possui persiste por toda a vida. No entanto a ciência explica o que acontece no cérebro dos portadores, uma vez que para esse grupo de pessoas ocorre uma disfuncionalidade nos neurotransmissores dopamina e noradrenalina que realizam as conexões entre os neurônios na área cerebral frontal, Segenreich e Mattos (2007) afirmam que pesquisas atuais têm resultados que atribuem a este transtorno duas possíveis causas: uma relacionada ao déficit funcional do lobo frontal, mais precisamente o córtex cerebral; e a outra ao déficit funcional de certos neurotransmissores. Dessa forma existem evidências provando que não se trata apenas de um rótulo dado a crianças agitadas.

No entanto após realizar um estudo de caso com uma adolescente que possui déficit de atenção de subtipo desatento foi concluído que a visão que o jovem portador tem da doença também pode apresentar divergências com a de pessoas a sua volta uma vez que a mesma apontou não se sentir totalmente compreendia por aqueles que não possuem a doença e que sente uma opinião exagerada do transtorno por parte de quem não é diagnosticado com ele, com isso foi possível concluir que ainda existe uma visão, de certa forma, equivocada sobre como esses indivíduos se comportam e de como os sintomas se manifestam em suas vidas.

Ao analisar a perspectiva específica do caso aqui estudado foi possível concluir que a partir do momento que um adolescente diagnosticado é colocado a frente de diversos sintomas que ele pode ou não possuir baseado no que é pressuposto que a

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doença acabe manifestando sua própria visão acaba por ser colocada em segundo plano. Ela concorda com seu laudo, porém não totalmente, contudo existem sim casos em que o paciente concorde com a conclusão referida pelo seu médico, como é o caso da adolescente que foi entrevistada e indicou estar de acordo com a forma que foi diagnosticada embora não concordasse totalmente com o seu laudo, evidenciando que a experiência do portador pode apresentar oposições à opinião médica de especialistas que descrevem o transtorno com base no que estudaram mas que por causas naturais não podem dizer com a mesma propriedade aquilo que não vivem, embora inegavelmente possuam capacitação e proficiência no assunto uma vez que são especializados no mesmo.

Essa pesquisa teve como foco inicial compreender se a opinião médica coincide com a percepção (vivência, sentimento) de um adolescente, o resultado final do estudo revela que embora ambos tenham seu lugar de fala no assunto em questão não existe coexistência simultânea onde ambas as visões apresentem a mesma conclusão, visto que um portador de TDHA irá exteriorizar seus sintomas e o médico que for analisar seu quadro não possui ferramentas suficientes, sejam elas de conhecimento próprio ou por meio da medicina, para concluir precisamente aquilo que seu paciente sente. Portanto a análise feita acaba resultando em uma junção daquilo que é percebido pelo especialista e do que a ciência previamente aponta como esperado do distúrbio, com isso se torna impossível que a experiência desse adolescente seja inteiramente condizente com aquilo que consta em seu diagnóstico, por mais semelhante que seja.

Sendo assim, gostaríamos de destacar a importância de ouvir o portador ao longo do tratamento. Dar voz a quem vive o transtorno diariamente e desse modo permitir que o mesmo sinta que está sendo compreendido e principalmente, que suas dificuldades, limitações e queixas acerca do seu transtorno são verdadeiramente aceitas.

Anexo I

O diagnóstico de TDAH e sua opinião na visão dos portadores do transtorno.

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Esse formulário tem como único propósito servir de material de pesquisa para um TCC que tem como tema a relação de adolescentes com o diagnóstico que receberam de especialistas e como essa visão pessoal pode destoar dos médicos. Apenas portadores poderão responder para que seja estudada sua experiência com os sintomas que o mesmo apresenta.

- Nome completo:

(Espaço para resposta dissertativa)

- Quantos anos você tem, e com que idade foi diagnosticado?

(Espaço para resposta dissertativa)

- Quantos anos você tem, e com que idade foi diagnosticado?

(Espaço para resposta dissertativa)

- Você é diagnosticado com qual dessas opções?

(Espaço para resposta de assinalar:) TDAH

TDA TDH

- Você concorda com o diagnóstico que recebeu baseado nas descrições presentes no seu laudo?

(Espaço para resposta de assinalar:) Sim

Não

(Espaço para justificar a resposta)

- Com o laudo em mãos responda as seguintes perguntas: Você concorda com o seu diagnóstico? (Numa escala de 1 a 5, 1 significa que você discorda totalmente e 5 que você concorda totalmente)

(Espaço para resposta de assinalar:) 1

2

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3 4 5

- Na sua opinião você se considera impulsivo? (Numa escala de 1 a 5, 1 significa que você discorda totalmente e 5 que você concorda totalmente)

(Espaço para resposta de assinalar:) 1

2 3 4 5

- Na sua opinião você se considera uma pessoa que não ouve quando é chamado?

(Numa escala de 1 a 5, 1 significa que você discorda totalmente e 5 que você concorda totalmente)

(Espaço para resposta de assinalar:) 1

2 3 4 5

- Na sua opinião as pessoas a sua volta compreendem o que você realmente sente sendo portador do seu transtorno?

(Espaço para resposta de assinalar:) Sim

Não Talvez

- Descreva quais são os principais sintomas que você enxerga em si mesmo.

(Espaço para resposta de assinalar:) Dificuldade de se concentrar.

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27

Dificuldade de ficar parado.

Não escuta quando é chamado.

Dificuldade de esperar a sua vez.

Falar em excesso.

Ter ações impulsivas.

Dificuldade em organizar e planejar uma rotina.

Esquecer de compromissos e datas.

Se sente irritado ou ansioso em situações que fogem do seu controle.

- Descreva quais são os sintomas que você menos enxerga em si mesmo (Espaço para resposta de assinalar:)

Dificuldade de se concentrar.

Dificuldade de ficar parado.

Não escuta quando é chamado.

Dificuldade de esperar a sua vez.

Falar em excesso.

Ter ações impulsivas.

Dificuldade em organizar e planejar uma rotina.

Esquecer de compromissos e datas.

Se sente irritado ou ansioso em situações que fogem do seu controle.

Descreva quais são os principais sintomas que você enxerga em si mesmo:

(Espaço para resposta dissertativa)

Descreva quais são os sintomas que você menos enxerga em si mesmo: (Espaço para resposta dissertativa)

Como você descreveria o seu transtorno para uma pessoa que não o tem?

(Espaço para resposta dissertativa)

Como você se sentiu quando foi diagnosticado?

(Espaço para resposta dissertativa)

(28)

O que você diria para o seu médico que o diagnosticou sobre os sintomas que você enxerga em si mesmo comparando com os sintomas que estão descritos no seu laudo?

(Espaço para resposta dissertativa)

Você sente que as pessoas tem uma visão exagerada em relação ao seu transtorno?

(Espaço para resposta de assinalar:) Sim

Não

O que você diria para um adolescente que acabou de descobrir que possui déficit de atenção?

(Espaço para resposta dissertativa)

Deixe um pequeno relato referente a sua relação com o TDAH desde quando recebeu seu diagnóstico até hoje, você acredita que sua qualidade de vida seria a mesma se não tivesse recebido um diagnóstico e iniciado o acompanhamento?

(Espaço para resposta dissertativa)

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REFERÊNCIAS

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CID 10 – 90 Transtorno Hipercinético

CID 10 – 90.0 Disturbio da Atividade e da Atenção

Referências

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