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PROCESSO CIVIL TUTELA DE CONHECIMENTO (PROCEDIMENTO COMUM), TUTELA PROVISÓRIA E RECURSOS CÍVEIS

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2022

Revista, atualizada e ampliada

edição

Paula Sarno Braga

Coordenação Leonardo Garcia

sinopses

PARA

CONCURSOS 19

PROCESSO CIVIL

TUTELA DE CONHECIMENTO

(PROCEDIMENTO COMUM), TUTELA

PROVISÓRIA E RECURSOS CÍVEIS

(2)

VII

Coisa Julgada

1. CONCEITO

Segundo o art. 502, CPC, a coisa julgada é a “autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso”.

A coisa julgada é um efeito (ou autoridade) que reveste de imutabilidade e indiscutibilidade a decisão pautada em um conhecimento profundo do objeto da causa (a chamada cognição exauriente), realizado após travados todos os debates e produzidas todas as provas, e que não seja mais impugnável por recurso.

A imutabilidade determina que o conteúdo da decisão não pode mais ser mo- dificado ou alterado, salvo mediante os instrumentos de revisão da coisa julgada previstos em lei (ex.: ação rescisória e querela nullitatis) (DIDIER; BRAGA; ALEXAN- DRIA, 2017, p. 585).

A indiscutibilidade projeta efeitos (positivos e negativos) para além dos limites do processo em que a decisão foi proferida, determinando:

a) em uma perspectiva negativa, que aquilo que foi resolvido como questão prin- cipal (como objeto de pedido) em um processo, no dispositivo da decisão, não pode ser reintroduzido como questão principal em outro. Por ex., acolhido o pedido de reconhecimento de paternidade em um processo, não é possível formular-se pedido negatório da mesma paternidade em outro - caso em que a coisa julgada se colocaria como matéria de defesa para o réu (art. 337, VII, CPC);

b) em uma perspectiva positiva, que aquilo que foi resolvido como questão prin- cipal (como objeto de pedido) em um processo, no dispositivo da decisão, tem que ser considerado e respeitado se reintroduzido como questão incidental (objeto de controvérsia fática ou jurídica), em outro, a ser resolvida na funda- mentação da decisão. Por ex., acolhido o pedido de reconhecimento de pater- nidade em um processo, ela (paternidade) deve ser observada e respeitada se colocada como fundamento de pedido de alimentos em outro processo, surgindo controvérsia em torno dela (questão incidental) - caso em que se colocaria a coisa julgada sobre a existência de paternidade como fundamento da demanda de alimentos do autor (SILVA, 2000, v. 1, p. 500).

Esses efeitos (negativos e positivos) da coisa julgada voltarão a ser abordados no item 3.4., quando se falará, também, do efeito preclusivo (art. 508, CPC).

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2. PRESSUPOSTOS

Os pressupostos necessários para a formação da coisa julgada são a existência de uma decisão judicial, de mérito (ou não), dada com cognição exauriente, e que tenha transitado em julgado, tornando-se irrecorrível.

Em primeiro lugar, é necessário que tenha sido prolatada uma decisão judicial, pois o despacho, por ser ato de mera movimentação (ex.: determinação de inti- mação de testemunha), não tem conteúdo decisório, e não faz coisa julgada. Pode ser de qualquer espécie, i.e., sentença, interlocutória, acórdão ou monocrática.

Em segundo lugar, a referida decisão pode ser ou não de mérito, pois:

a) a teor dos arts. 502 e 503, caput, do CPC, para que haja coisa julgada material a decisão deve ser necessariamente de mérito, julgando o objeto litigioso composto pelo pedido individualizado pela causa de pedir; entretanto, b) há quem reconheça que, ao seu lado, há a coisa julgada formal que imutabi-

liza e torna indiscutível a decisão estritamente processual, que não resolve mérito (MOURÃO, 2006, p. 107 e 108; DIDIER; BRAGA; ALEXANDRIA, 2017, p. 588;

PEIXOTO, 2014, p. 83-95), porque tornou a solução dada à questão processual, em torno da inadmissibilidade da demanda, não mais passível de revisão ou discussão dentro e fora do processo em que proferida (ex.: decisão que extin- gue processo sem resolução de mérito por já haver coisa julgada sobre a ma- téria, ou em razão da falta de interesse ou por uma incapacidade processual do autor não sanada).

Os arts. 486, § 1º, e 966, § 2º, CPC, ratificam isso, ao disporem que a ação extin- ta sem exame de mérito por inadmissibilidade só pode ser proposta de novo se sanado o vício que ensejou sua extinção (o que revela que a decisão sobre a exis- tência do vício processual se tornou imutável/indiscutível), bem como ao admitir o cabimento de ação rescisória contra essas decisões.

Atenção!

Admite-se, também, que a decisão de um incidente processual faça coisa julgada. Afi- nal, trata-se de decisão sobre o mérito do incidente (seu objeto litigioso), que, dada com cognição exauriente, e, não sendo mais passível de recurso, será acobertada pela coisa julgada, tornando-se imutável e indiscutível.

É o caso da decisão que reconhece a suspeição de um juiz por ser amigo íntimo da parte em um processo que, em nome do efeito positivo da coisa julgada, deve ser observada em outro processo, em que figure a mesma parte. Há coisa julgada sobre a suspeição (DIDIER; BRAGA; ALEXANDRIA, 2017, p. 603; LIMA, 2007, p. 105).

Existe, inclusive, precedente do STJ reconhecendo a existência de coisa julgada sobre a decisão do incidente de desconsideração da personalidade jurídica (STJ, 4ª T., REsp n. 1193789 / SP, rel. Raul Araújo, j. em 25.6.2013, publicado no DJe de 29.8.2013).

Como esse assunto foi cobrado em concurso?

No concurso para provimento do cargo de Procurador do Município da Prefeitura de Porto Ferreira SP em 2017 (VUNESP) foi exigida a seguinte questão:

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Suponha que uma ação A foi extinta por ter sido declarada coisa julgada material preexistente em outra demanda B. Nesse caso, é correto afirmar que

A) por ser a ação A uma demanda cuja sentença foi definitiva, não haverá possibi- lidade do ingresso de uma nova ação;

B) por ter sido proferida na ação A sentença terminativa, haverá a possibilidade do ingresso de uma nova demanda, que terá sucesso na segunda oportunidade;

C) se a coisa julgada fosse formal na demanda B, tratar-se-ia de uma decisão inter- locutória e, portanto, possível o ingresso de uma nova ação;

D) a sentença da ação A é terminativa, porém a causa dessa extinção refere-se à sua coisa julgada material, e, portanto, impossível o ingresso de uma nova ação;

E) mesmo sendo uma sentença terminativa (ação A), em se tratando de coisa julgada material (ação B), todas as eventuais ações que pudessem ser propostas no mesmo sentido, seriam extintas novamente.

Pelo gabarito oficial a resposta correta consta na letra “e”.

Em terceiro lugar, é necessário que tenha havido uma cognição exauriente, i.e., um conhecimento profundo do que resolve e julga o juiz, o que só é possível depois de realizados todos os debates e produzidas todas as provas, garantindo- -se o contraditório e a ampla defesa em sua plenitude, para que se chegue a um juízo de certeza, prolatando-se uma decisão definitiva.

A cognição sumária, superficial, só permite que se chegue a um juízo de mera verossimilhança e probabilidade sobre o ocorrido, ensejando uma decisão provi- sória (a chamada tutela provisória, arts. 294-311, CPC), que não tem aptidão para fazer coisa julgada.

Em quarto lugar, é necessário que tenha havido o trânsito em julgado, tor- nando-se a decisão irrecorrível (art. 502, parte final), por não mais caber recurso ordinário ou extraordinário contra ela.

Opera-se, assim, a preclusão máxima sobre a decisão dentro daquele pro- cesso em que proferida – fenômeno que a maior parte da doutrina opta por denominar de “coisa julgada formal” (assim, CHIOVENDA, 1969, p. 373; LIEBMAN, 2006, p. 56 e 68; SILVA, 2005, p. 457; DINAMARCO, 2001, p. 298; MARINONI; ARE- NHART,2005, p. 611 e 612; criticando a visão, MITIDIERO, 2004, p. 203; CABRAL, 2013, p. 52 e 53).

Como esse assunto foi cobrado em concurso?

No concurso para provimento do cargo de Defensor Público Substituto da DPE-SC em 2017 (FCC), foram consideradas incorretas as seguintes assertivas: “denomina-se coisa julgada material a eficácia, que torna imutável e indiscutível a sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário”; “a decisão que concede tutela de urgência concedida em caráter antecedente, caso não seja impugnada tempesti- vamente, produz coisa julgada e só pode ser afastada por meio de ação rescisória, no prazo de dois anos”.

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3. REGIME JURÍDICO

O regime jurídico da coisa julgada estrutura e normatiza o fenômeno coisa jul- gada, de modo a definir:

a) os limites subjetivos da coisa julgada – quando se examina “quem” se submete aos seus efeitos;

b) os limites objetivos da coisa julgada – momento em que se investiga “o quê”

se submete aos seus efeitos;

c) o modo de produção da coisa julgada – analisando-se “como” ela se forma; e d) os efeitos da coisa julgada – analisando-se suas repercussões fora do processo

em que se forma.

3.1. Limites objetivos. Coisa julgada parcial e sobre resolução de questão pre- judicial e incidental

Os limites objetivos da coisa julgada determinam qual o objeto da coisa jul- gada, “o quê” se torna imutável e indiscutível.

A princípio, a coisa julgada material imutabiliza e torna indiscutível a norma jurídica individualizada contida no dispositivo da decisão judicial (MOREIRA, 1984, p. 110), em que se julga a questão principal, colocada como objeto de pedido - tal como aquela que condena o réu a pagar R$50.000,00 (cinquenta mil reais) de inde- nização por danos morais para o autor ou aquela que anula e extingue o vínculo contratual existente entre as partes.

Daí o art. 503, CPC, dispor que: “A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos limites da questão principal expressamente decidida”.

É possível, contudo, que haja uma coisa julgada parcial (ou progressiva, para alguns) que se opere sobre uma:

a) decisão parcial, que só resolva (ou não) uma parte do mérito da demanda, com cognição exauriente, quando preclusas as vias recursais (ex.: improcedên- cia liminar da reconvenção, julgamento antecipado de parte do mérito), cf. art.

354, parágrafo único, e 356, CPC;

b) decisão total, que resolva (ou não) todo o mérito da demanda, com cognição exauriente, mas que tenha sido impugnada por um recurso parcial, dirigido contra uma parcela dela (uma parte de seus capítulos), cf. art. 1.002 e 1.013, § 1º, CPC, de modo que a parte não impugnada (se independente do restante) transite em julgado e seja acobertada pela coisa julgada parcial (ex.: o recurso é interposto para discutir o capítulo que condena nos honorários advocatícios, de modo que todo o resto da decisão faz coisa julgada parcial). O trânsito em julgado parcial não ocorrerá se o capítulo não impugnado for dependente do capítulo impugnado (ex.: capítulo acessório sobre verba sucumbencial não preclui, se o vencido só recorre do capítulo principal)

Atenção!

A ação rescisória (art. 966, CPC) é uma ação autônoma de impugnação da decisão transitada em julgado, que visa desconstituir a coisa julgada e, quando cabível, pro- mover um rejulgamento da causa originária.

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Trata-se de ação desconstitutiva que se submete ao prazo decadencial de 02 (dois) anos, cujo termo inicial é a data do trânsito em julgado da decisão rescindenda.

Em caso de trânsito em julgado parcial (sobre decisão parcial ou decisão total impug- nada por recurso parcial), o termo inicial do prazo decadencial da ação rescisória deve ser a data da formação da coisa julgada parcial, até porque recai sobre decisão definitiva, que já poderá ser objeto de execução definitiva (STF, 1ª T., RE n. 666.589- DF, rel. Min. Marco Aurélio, j. em 25.03.2014, publicado no DJe de 02.06.2014; Súmula n. 100, II, TST; MIRANDA, 1998, p. 376-378; CARNEIRO, 1997, p. 228-235; MOREIRA, 2006, p.

55-60; DIDIER JR.; CUNHA2014, p. 373-375; ARAÚJO, 2007, p. 382-387; PEIXOTO, 2012, p. 224;

THEODORO JUNIOR, 2009, p. 722).

A despeito disso, o art. 975 do CPC estabeleceu que “o direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos contados do trânsito em julgado da última decisão proferida no pro- cesso”, adotando o mesmo texto do enunciado n. 401 da súmula do STJ. Lido em sua literalidade, pode dar margem ao entendimento de que o termo inicial adotado no CPC/2015 para contagem do prazo da ação rescisória seria a “data do trânsito em jul- gado da última decisão proferida no processo” – o que pressuporia a espera pelo fim do processo para o início do prazo para ação rescisória, que poderia ser utilizada para combater situações jurídicas há muito consolidadas (o STJ, mesmo na vigência iminente do CPC/2015, manteve esse posicionamento, cf. 2.ª S., EDcl na Rcl n. 18.565/MS, rel. Min.

Marco Antonio Bellizze, j. em 9.12.2015, publicado no DJe de 15.12.2015).

Mas se sugere, em doutrina, em nome da segurança jurídica e da duração razoável, a interpretação no sentido de que se trata do trânsito em julgado da “última decisão proferida no processo” sobre aquela parcela da demanda, e não a última decisão de todas. É o que se impõe, também, em nome da igualdade, pois, se a coisa julgada parcial desencadeia o início do prazo prescricional para o credor executar (art. 924, V, CPC), da mesma forma, deve dar início ao prazo decadencial para o devedor pro- por a ação rescisória (DIDIER; BRAGA; ALEXANDRIA, 2017, p. 600).

Como dito acima, somente se submete à coisa julgada material ordinária (de regime comum, segundo DIDIER; BRAGA; ALEXANDRIA, 2017, p. 594) a norma jurídi- ca concreta, contida no dispositivo da decisão, que julga o pedido (a questão principal, conforme o art. 503, CPC). Logo, a princípio, a resolução de questões incidentais na fundamentação (incluindo a análise das provas) não fica imutável e indiscutível pela coisa julgada. Daí dispor o art. 504, CPC, que não fazem coisa julgada: “I - os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da sentença; II - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença”.

Por exemplo, o reconhecimento, na fundamentação da decisão, de que o carro estava acima da velocidade permitida, ou que o motorista estava alcoolizado, ou que o depoimento da testemunha foi desconsiderado por contrariar imagens de câmera local, são deliberações do juiz sobre questões incidentais (controvérsias fático-jurídicas), cuja solução não faz coisa julgada. Contudo, a solução dada a elas serve de base para o juiz julgar a questão principal (o pedido), no dispositivo da sua decisão, com aptidão para fazer coisa julgada, ao dispor que: diante de tudo isso, condena o réu ao pagamento de indenização no valor de R$50.000,00 (cinquenta mil reais) pelos danos morais e materiais sofridos pelo autor com o acidente de veículo.

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Como esse assunto foi cobrado em concurso?

No concurso para provimento do cargo de Defensor Público Substituto da DPE-SC em 2017 (FCC), foi considerada correta a seguinte assertiva: “a autoridade da coisa julgada somente se estende às questões decididas no dispositivo de uma decisão de mérito, não alcançando os motivos que determinaram o julgamento”.

Como esse assunto foi cobrado em concurso?

No concurso para provimento do cargo de Procurador do MP junto ao Tribunal de Contas de SP em 2011, foi exigida a seguinte questão:

Sobre a sentença e a coisa julgada é correto afirmar:

A) A verdade dos fatos estabelecida como fundamento da sentença faz coisa julgada.

B) A coisa julgada formal enseja a impossibilidade de modificação da sentença naque- le mesmo processo ou em qualquer outro.

C) A sentença, que julgar total ou parcialmente a lide, tem força de lei nos limites da lide e das questões decididas.

D) Se a questão prejudicial for decidida como questão principal em outro processo, civil ou penal, a sentença que sobre ela versar não faz coisa julgada formal ou ma- terial.

E) Os motivos farão coisa julgada se forem importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da sentença.

Pelo gabarito oficial a resposta correta consta na letra “c”.

Mas há uma exceção a essa regra.

Na forma do art. 503, §§ 1º e 2º, CPC, a resolução de questão incidental e prejudi- cial em relação ao pedido, na fundamentação da decisão, pode ser acobertada por uma coisa julgada material diferenciada (com regime especial, segundo DIDIER; BRAGA;

ALEXANDRIA, 2017, p. 594). Isso ocorrerá, desde que, cumulativamente (cf. enunciado n. 313, FPPC):

a) a questão tenha sido “decidida expressa e incidentemente” na fundamenta- ção da decisão;

b) seja ela (a questão) prejudicial e de mérito e, pois, da sua resolução dependa o julgamento do mérito, e do próprio pedido (ex.: não abrange aquela ques- tão que se resolve como obiter dictum, DIDIER; BRAGA; ALEXANDRIA, 2017, p. 608);

c) sobre a questão tenha havido contraditório prévio e efetivo, que pressupõe que as partes tenham se manifestado e sua manifestação tenha sido aprecia- da (DIDIER; BRAGA; ALEXANDRIA, 2017, p. 609) – não havendo, portanto, que se falar em coisa julgada diferenciada no caso de revelia –, e que tenham partici- pado do processo todos os litisconsortes necessários que deveriam ali figurar se a questão fosse principal (enunciado n. 638, FPPC);

d) tenha o juízo competência (absoluta) em razão da matéria e da pessoa para resolvê-la como questão principal (ex.: o vínculo familiar como questão inci- dental e prejudicial em causa previdenciária, de competência da Justiça Fede-

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ral, que é incompetente para apreciá-la); e, enfim,

e) não se trate de processo com restrições probatórias ou limitações à cognição que impeçam o aprofundamento da sua análise (ex.: incabível no mandado de segurança, em que não há fase de instrução, no juizado especial, em que há limitação à prova pericial e testemunhal, e na desapropriação, em que não se pode conhecer da validade do decreto expropriatório).

A formação dessa coisa julgada diferenciada (de regime especial) é automática, por força de lei, não dependendo de pedido da parte (cf. enunciado n. 165 do FPPC).

Por exemplo, em uma ação de alimentos, cujo pedido (questão principal) é a condenação do pai ao pagamento de prestação alimentícia para o filho, a pater- nidade pode ser colocada e resolvida como questão incidental e prejudicial em relação a esse pedido, no bojo da fundamentação da decisão. Respeitados os pressupostos do art. 503, §§ 1º e 2º, CPC, essa decisão poderá acobertada por essa coisa julgada diferenciada (de regime especial, diz-se).

Essa coisa julgada diferenciada sobre a resolução das questões prejudiciais incidentais é inovação do CPC/2015 e, por isso, somente se formará nos processos iniciados após a vigência do CPC-2015 (cf. art. 1.054, CPC).

Conclui-se, assim, que, para os processos iniciados na vigência do CPC/2015, a resolução da questão principal submete-se a uma coisa julgada material ordiná- ria (de regime comum), enquanto a resolução de questão prejudicial incidental pode submeter-se a uma coisa julgada material diferenciada (de regime especial acima exposto), se presentes os pressupostos acima expostos (art. 503, §§ 1º e 2º, CPC). Esse regramento da coisa julgada sobre questão prejudicial incidental se aplica ao regime da coisa julgada nas ações coletivas (enunciado 696 do FPPC).

Atenção!

O regramento da coisa julgada diferenciada aplica-se ao regime da coisa julgada nas ações coletivas (cf. enunciado n.º 696 do FPPC).

Entretanto, a teor do enunciado n.º 35, CJF/STJ, em nome do acesso à justiça e da segurança jurídica, “persiste o interesse de agir na propositura de ação declaratória a respeito da questão prejudicial incidental, a ser distribuída por dependência da ação preexistente, inexistindo litispendência entre ambas as demandas (arts. 329 e 503, § 1º, do CPC)”, afinal a parte pode optar por obter uma decisão que venha a ser acobertada pela coisa julgada material ordinária (de regime comum).

Como esse assunto foi cobrado em concurso?

No concurso para provimento de cargo de Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado do Ceará em 2020 (CESPE) foi exigida a seguinte questão:

De acordo com o CPC, não havendo recurso interposto pela parte interessada, incidi- rá a autoridade de coisa julgada material sobre

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a) a decisão interlocutória que conceda a tutela provisória antecipada requerida em caráter antecedente.

b) a declaração de falsidade documental que for suscitada como questão principal e que conste da parte dispositiva da sentença.

c) o capítulo de acórdão que, em mandado de segurança, aprecie questão prejudi- cial incidentalmente arguida pelo impetrante.

d) a verdade dos fatos utilizada como fundamento principal da sentença de impro- cedência em ação desconstitutiva.

e) o pronunciamento do magistrado que arbitre astreinte em execução de título extrajudicial, fixando multa pelo descumprimento de obrigação de fazer.

Pelo gabarito oficial a resposta correta consta da letra “B”.

3.2. Limites subjetivos

Os limites subjetivos da coisa julgada determinam qual o sujeito da coisa jul- gada, “quem” se submete à sua autoridade.

Assim, a coisa julgada pode ser inter partes, ultra partes ou erga omnes.

Em regra, a coisa julgada é inter partes quando atinge só as partes do pro- cesso de produção da decisão transitada em julgado (cf. art. 506, CPC) – e seus sucessores -, não podendo prejudicar terceiros. É o que se impõe em nome do devido processo legal, contraditório, ampla defesa, e do acesso à justiça.

Além das partes e seus sucessores, a coisa julgada também atinge o Ministério Público, quando atua como fiscal da ordem jurídica (cf. STJ, 4ª T., REsp n. 1.155.793, rel. Min. Isabel Gallotti, j. em 1.10.2013, publicado no DJe de 11.10.2013).

Atenção!

Entretanto, o enunciado n.º 36, CJF/STJ, ressalva que “o disposto no art. 506 do CPC não permite que se incluam, dentre os beneficiados pela coisa julgada, litigantes de outras demandas em que se discuta a mesma tese jurídica”, ou seja, a coisa julgada não beneficia partes de outros processos repetitivos ou que simplesmente versem sobre questões jurídicas afins.

Nesses casos, pode ser produzido um precedente sobre essa tese jurídica, na funda- mentação da decisão, que sirva de norte no julgamento dos demais processos repe- titivos ou afins. Mas a coisa julgada (de regime comum) só imutabilizará o julgamento do pedido, ocorrido no dispositivo da decisão, e só se refere às partes do processo em que se formou.

Como esse assunto foi cobrado em concurso?

No concurso para provimento do cargo de Juiz de Direito do TJSC em 2017 (FCC) con- siderou-se correta a seguinte assertiva: “a sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não prejudicando terceiros, sendo vedado à parte discutir no curso do processo as questões já decididas a cujo respeito se operou a preclusão”.

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Admite-se, contudo, excepcionalmente a coisa julgada ultra partes, que é aque- la que vai além das partes para atingir determinados terceiros, inclusive para prejudicar. É o caso da extensão da coisa julgada:

a) para o terceiro substituído (em caso de substituição processual) (cf. hipótese do art. 109, § 3º, CPC; e ARMELIN, 1979, p. 128; TESHEINER, 2001, p. 83; CHIOVENDA, 1969, p. 416),

b) para o colegitimado ausente (ex.: o sócio em relação à ação proposta pelo outro sócio para anular a deliberação tomada em assembleia) (cf. MOREIRA, 1971, p. 282 ss.; MOREIRA, 1972, p. 143-145; TUCCI, 2001, p. 229),

c) que recai sobre decisão favorável para o credor solidário contra o qual não haja defesa pessoal (cf. art. 274, CC: “O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, mas o julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal que o devedor tenha direito de invocar em relação a qualquer deles”), e

d) que recai sobre a decisão dada em ação coletiva sobre direitos coletivos em sentido estrito, que atinge os terceiros membros da coletividade para benefi- ciar (art. 103, II, CDC).

Por fim, a coisa julgada é, em alguns casos, erga omnes, quando atinge a todos. Por ex.: nas ações de controle concentrado de constitucionalidade e nas ações coletivas sobre direitos difusos e individuais homogêneos (art. 103, I e III, do CDC).

Como esse assunto foi cobrado em concurso?

No concurso para Defensoria Pública do DPE-GO, em 2021 (FCC), foi exigida a seguinte questão:

Determinada empresa lançou um consórcio para aquisição de moradias populares com pagamento de prestações que, pelo baixo preço, atraíram centenas de interes- sados. Após um ano, contudo, as prestações dobraram de valor por conta da incidên- cia de pequenos reajustes mensais não previstos no contrato. A Defensoria Pública ajuizou ação para defesa dos direitos dos consorciados e o processo foi sentenciado.

A coisa julgada, nesse caso, segundo a legislação vigente, terá efeito

A) inter partes, alcançando todos os consorciados, atuais e futuros em caso de procedência, desde que comprovada a hipossuficiência.

B) intra partes, em caso de procedência ou de improcedência, aberta a habilitação de interessados na fase de cumprimento de sentença.

C) secundum eventum litis, contra todos, ainda que o pedido seja julgado improce- dente por insuficiência de provas.

D) erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar todos os consorciados e seus sucessores.

E) ultra partes, mas restrita ao grupo de consorciados, salvo improcedência por insuficiência de provas.

Pelo gabarito oficial a resposta correta consta da letra “E”.

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3.3. Modo de produção

O modo de produção da coisa julgada determina a forma como ela se produz,

“como” se torna imutável e indiscutível.

Assim, a coisa julgada pode ser pro et contra, secundum eventum probationes ou secundum eventum litis.

A coisa julgada pro et contra é aquela que se forma independentemente do resultado da causa, tanto em caso de procedência como em caso de improcedên- cia. É a regra geral no ordenamento jurídico brasileiro (cf. arts. 502 e 503, CPC), que, com isso, confere tratamento igualitário para as partes, que contarão com a formação da coisa julgada, independentemente de qual delas sagre-se vencedora.

A coisa julgada secundum eventum probationes é aquela que se forma em caso de esgotamento das provas, i.e., se a demanda é julgada procedente ou improcedente com suficiência de provas. Logo, a decisão de improcedência por insuficiência de provas não faz coisa julgada, não impedindo a repropositura da mesma demanda mediante a apresentação de prova nova. É o caso da coisa julgada em sede de mandado de segurança individual ou coletivo (art. 19, Lei n.

12.016/2009), de ação popular (art. 18, Lei n. 4.717/1965), e das ações coletivas em geral (art. 103, CDC).

A coisa julgada secundum eventum litis é aquela que só se forma a depender do resultado do processo, i.e., ou em caso de procedência ou em caso de improcedên- cia. Só beneficia, pois, uma das partes, e acaba por oferecer um tratamento desigual à outra, o que determinou que não fosse bem aceita nem adotada no processo civil brasileiro (em que pese acolhida no processo penal para beneficiar o acusado).

Aqui o legislador só se vale da técnica de extensão da coisa julgada a tercei- ros secundum eventum litis, em caso de procedência, como ocorre com o credor solidário contra o qual não haja defesa pessoal (art. 274, CC), e nas ações coletivas em geral (art. 103, CDC), por exemplo.

3.4. Efeitos da coisa julgada

Viu-se, em item anterior, que a coisa julgada produz um efeito negativo e um efeito positivo.

O efeito negativo da coisa julgada impede que a questão principal já defi- nitivamente decidida seja novamente julgada como questão principal em outro processo.

O efeito positivo da coisa julgada determina que a questão principal já definiti- vamente decidida e transitada em julgado, uma vez retornando ao Judiciário como questão incidental (não principal, em virtude da vedação imposta pelo efeito ne- gativo), não possa ser decidida de modo distinto daquele como o foi no processo anterior, em que foi questão principal. O juiz fica adstrito ao que foi decidido em outro processo. São casos em que a coisa julgada tem que ser levada em conside- ração pelos órgãos jurisdicionais.

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Atenção!

O efeito negativo da coisa julgada, quando produzido, impede a repro- positura de demanda idêntica à outra já julgada.

Assim, o art. 337, §4.º, CPC, dispõe que: “há coisa julgada quando se re- pete ação que já foi decidida por decisão transitada em julgado”. Junto a isso, o art. 337, § 2º, complementa a regra, estabelecendo que: “uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido”.

Em razão disso, é comum a colocação de que a coisa julgada pres- supõe essa tríplice identidade entre partes/pedido/causa de pedir.

Mas se trata de regra que encontra exceções no ordenamento jurídico brasileiro.

No processo coletivo, por exemplo, a configuração da coisa julgada dis- pensa a identidade de partes, sendo suficiente a identidade de pedido e de causa de pedir – que versem sobre uma mesma relação jurídica material controvertida. Isso porque há mais de um colegitimado para atuar na defesa do direito coletivo (de titularidade de um agrupamen- to humano). Logo, ajuizada a ação por um dos legitimados (ex.: MP), e produzida decisão transitada em julgado, o efeito negativo da coisa julgada impede a propositura da mesma ação, com o mesmo objeto litigioso (pedido e causa de pedir) por outro legitimado (ex.: associa- ção) (GIDI, 1995, p. 219; LEONEL, 2002, p. 251; VENTURI, 2007, p. 331; DIDIER;

BRAGA; ALEXANDRIA, V. 2, 2020, p. 642-644; GODINHO, 2008, p. 893 e 894;

LUCON, 2006, p. 192; TUCCI, 2001, p. 222 e 223; WAMBIER, 2005, p. 281 e 290; DIDIER Jr; ZANETI Jr.; 2020, v. 4, p. 206 e 207; STJ, 5.ª T., RMS n. 24.196/

ES, rel. Min. Felix Fischer, j. em 13.12.2007, publicado no DJ de 18.02.2008;

STJ, 4ª T., REsp n. 1.318.917/BA, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, j. em 12.03.2013, publicado no DJe de 23.04.2013).

O mesmo raciocínio é aplicável às hipóteses de colegitimação ativa nos processos individuais (ex.: coproprietários de imóvel e colegiti- midade para ação reivindicatória) (DIDIER; BRAGA; ALEXANDRIA, V. 2, 2020, p. 642-644).

Há, ainda, o efeito preclusivo da coisa julgada, previsto no art. 508, CPC, segun- do o qual uma vez transitada em julgado a decisão, tornam-se irrelevantes todas as questões (de fato e de direito) que as partes poderiam ter levantado a seu favor, mas não levantaram. Não deixa de ser um tipo de efeito negativo, obstativo, impeditivo, só que da apreciação ulterior de questões incidentais (e não princi- pais) que a parte poderia ter levado à juízo, mas não levou.

Consideram-se implicitamente deduzidas e repelidas todas as alegações e de- fesas, precluindo, portanto, a possibilidade de discussão de tudo aquilo que foi deduzido e o que poderia ter sido deduzido - até mesmo as questões de ordem pública (STJ, 3ª T., REsp n. 1.381.654, rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j. em 5.11.2013, publicado no DJe de 11.11.2013; STJ, 2ª T., AgRg no RMS 40422/RO, rel. Min.

Castro Meira, j. em 11.6.2013, publicado no DJe de 18.6.2013).

Fogem, contudo, a essa preclusão, sobrevivendo à coisa julgada, os erros ma- teriais e de cálculo (art. 494, I, CPC), os vícios rescisórios (art. 966, CPC), e os vícios transrescisórios (arts. 525, § 1º, I, 535, I, CPC).

(13)

É fácil visualizar a aplicação da eficácia preclusiva da coisa julgada para o réu, na medida em que ele deve observar a regra da concentração dos seus argumentos de defesa no momento previsto para a contestação, sob pena de preclusão (art. 336, CPC) - salvo hipóteses do art. 342, CPC. Mas a forma como deve ser aplicada para o autor é controvertida, subsistindo três diferentes visões em doutrina.

Em primeiro lugar, há aqueles adeptos da corrente majoritária, que sustentam que, com o trânsito em julgado, só precluem os argumentos relativos à causa de pedir deduzida como fundamento do pedido do autor, não ficando ele impedido de voltar a juízo para discutir outras causas de pedir possíveis para o mesmo pe- dido (MOREIRA, 1984, p. 99 e 103-108; ARAGÃO, 1992, p. 324 e 325; NERY JUNIOR; NERY;

2016, p. 1.344 e 1.345; PORTO, 2000, v. 6, p. 231; CABRAL, 2013, p. 93; STJ, 1ª T., REsp n.

875.635/MG, rel. Min. Luiz Fux, j. em 16.10.2008, publicado no DJ de 3.11.2008; STJ, 4ª T., REsp n. 112.101/RS, rel. Min. César Ásfor Rocha, j. em 29.6.2000, publicado no DJ de 18.9.2000; entendimento ratificado com revogação expressa do art. 98, § 4º, da Lei n. 12.529/2011, pelo art.1.072, VI, CPC).

Imagine-se que foi julgada improcedente ação de despejo fundada nos danos causados pelo locatário às portas do imóvel; a ação poderá ser reajuizada com fundamento na falta de pagamento dos aluguéis ou qualquer outra causa de pedir possível, afinal, será uma nova ação.

Causa de pedir (única deduzida e

preclusa) Pedido

Argumento 02 (o único deduzido em juízo e precluso)

Argumento 03 (não deduzido, mas precluso) Argumento 01 (não deduzido, mas precluso)

Em segundo lugar, há aqueles adeptos da corrente minoritária, que sustentam que, com o trânsito em julgado, precluem todas as causas de pedir possíveis e que poderiam servir de fundamento do pedido do autor (ASSIS, 2002, p. 145 e 147;

TUCCI, 2001, p. 228 e 229; SILVA, 2000, v. 1, p. 518-521; YOSHIKAWA, 2013, p. 94-96).

Imagine-se que foi julgada improcedente ação de despejo fundada nos danos causados pelo locatário às portas do imóvel; a ação não poderá ser reajuizada com fundamento na falta de pagamento dos aluguéis ou qualquer outra causa de pedir cabível. Imagine-se, ainda, que foi julgada improcedente ação rescisória fundada em violação à norma jurídica decorrente do dispositivo “x”, cf. art. 966, V, CPC; a ação não poderá ser reajuizada com fundamento em nenhuma outra causa de pedir decorrente do art. 966, como erro de fato, dolo da parte vencedora ou incompetência do juízo, por ex.

Trata-se de visão que atenta contra o direito fundamental de ação (acesso à justiça), contraditório, ampla defesa e devido processo legal, pois a parte autora fica obstada de voltar a juízo para trazer uma nova ação fundada em causa de pedir diversa (cf. art. 337, §§ 2º e 4º, CPC).

(14)

Causa de pedir 01 (não deduzida, mas preclusa)

Pedido Causa de pedir 02 (a única deduzida em juízo e

preclusa)

Causa de pedir 03 (não deduzida, mas preclusa)

Em terceiro lugar, há a visão solitária do José Maria Tesheiner, que sustenta que, com o trânsito em julgado, precluem somente as causas de pedir afins àquela deduzida como fundamento do pedido do autor, que tenham a mesma natureza (TESHEINER, 2001, p. 161).

Imagine-se que foi julgada improcedente ação rescisória fundada em violação à norma jurídica decorrente do dispositivo “x” (art. 966, V, CPC); a ação não poderia ser reajuizada com fundamento na violação ao dispositivo “y”. Imagine-se, ainda, que foi julgada improcedente ação de despejo fundada nos danos causados pelo locatário às portas do imóvel; a ação não poderia ser reajuizada com fundamento nos danos causados às janelas do mesmo imóvel.

Como esse assunto foi cobrado em concurso?

No concurso para Analista Legislativo em Direito da Assembleia Legislativa de AP, em 2020 (FCC), foi exigida a seguinte questão:

No que concerne à coisa julgada, considere:

I. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não beneficiando nem prejudicando terceiros.

II. Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutí- vel a decisão de mérito não mais sujeita a recurso.

III. A decisão que julgar total ou parcialmente a lide tem força de lei nos limites das questões principais e acessórias expressa ou tacitamente decididas.

IV. Transitada em julgado a decisão de mérito, considerar-se-ão deduzidas e repe- lidas todas as alegações e as defesas que a parte poderia opor tanto ao acolhi- mento quanto à rejeição do pedido.

Está correto o que se afirma APENAS em a) I e II.

b) I, III e IV.

c) III e IV.

d) I, II e III.

e) II e IV.

Pelo gabarito oficial a resposta correta é a que consta da letra “e”.

3.5. Quadro sinótico

Devidamente exposto o regime jurídico da coisa julgada, é possível sintetizar a sua estruturação no ordenamento jurídico brasileiro no quadro abaixo:

(15)

REGIME JURÍDICO DA COISA JULGADA

Limites objetivos (“o quê”)

Solução da questão

principal Coisa julgada comum/ordinária Solução da questão in-

cidental prejudicial Coisa julgada especial/diferen- ciada

Limites subjetivos (“quem”)

Inter Partes Vincula partes (sucessores e MP) Ultra Partes Vincula determinados terceiros Erga omnes Vincula todos

Modo de produção (“como”)

Pro et contra Em caso de procedência e im- procedência

Secundum eventum

probationes Em caso de suficiência de provas Extensão secundum

eventum litis

Ou em caso de procedência ou em caso de improcedência

Efeitos

Negativo Impedimento de rejulgamento de questão principal

Positivo Consideração do julgamento da questão principal

Preclusivo Impedimento de (re)discussão dos argumentos/questões inci- dentais deduzidos e não dedu- zidos

4. INSTRUMENTOS DE REVISÃO DA COISA JULGADA

O art. 505, I, CPC, admite a possibilidade de simples ação de revisão da senten- ça transitada em julgado sobre relação de trato continuado (a ex. da que se tra- duz em prestações periódicas, como as locatícias, previdenciárias, tributárias, ali- mentares etc.), quando sobrevier alguma mudança no estado de fato e de direito.

Trata-se de sentença gravada com a cláusula rebus sic stantibus, que determina que, havendo alteração superveniente no estado de fato ou de direito, é possível rever aquilo que já se decidiu.

Essa regra dá margem a que se diga que as sentenças sobre relações jurídi- cas de trato continuado não fazem coisa julgada (a ex. do texto do art. 15, Lei n. 5.478/1968), já que poderiam ser revistas por simples ação (ex.: revisional de alimentos ou de locação), a qualquer tempo – ou até mesmo de plano, a ex. da situação da lei nova que extingue obrigação antes reconhecida por sentença. Mas essa não é a melhor interpretação.

A “revisibilidade” dessas sentenças é condicionada pelo legislador à superve- niência de mudanças no estado de fato e de direito. Ocorre que a mudança poste- rior do cenário fático-jurídico dá ensejo à uma nova causa de pedir, que servirá de

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