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J. Pediatr. (Rio J.) vol.85 número2

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Academic year: 2018

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0021-7557/09/85-02/179 Jornal de Pediatria

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CARTA AO

EDITOR

Plaqueta e leptina em adolescentes obesos

Prezado Editor,

Congratulo os autores e o Jornal de Pediatria pela publi-cação do artigo “Plaqueta e leptina em adolescentes com obe-sidade”1, o qual aborda um tema interessante e que, infelizmente, tem ocupado pouco espaço nos periódicos nacionais.

Durante a leitura desse artigo, chama à atenção a descri-ção, na seção métodos, de que os adolescentes encontravam-se “(...) na fase púbere conforme método de avaliação de Tanner”. Provavelmente deve tratar-se de um erro de grafia, pois não seria possível comparar grupos com estádios de Tanner diferenciados. Trabalhos anteriores publi-cados na literatura demonstram que a elevação de testoste-rona em garotos pré-puberes é antecedida por picos de secreção de leptina que retornam a níveis basais uma vez atin-gida a puberdade e que meninas, ao contrário, apresentam concentrações de leptina que aumentam progressivamente durante o início da puberdade2. Assim, durante o processo de maturação sexual há um padrão distinto da secreção de lep-tina, o que torna sua dosagem correlacionada também aos níveis de hormônios sexuais.

Outro aspecto importante a ser destacado é que os auto-res não encontraram diferenças nos níveis de leptina con-forme o sexo no grupo de adolescentes eutróficos. A diferença nas concentrações de leptina em adultos segundo o sexo está bem documentada na literatura3, e em recém-nascidos tal dimorfismo sexual também ocorre, conforme meu artigo publicado neste periódico4. Durante a leitura do presente artigo, não ficou bem evidente a distribuição dos grupos de adolescentes obesos e eutróficos quanto ao sexo, o que pode-ria elucidar o fato de que apenas o grupo de adolescentes obe-sas apresentou concentrações maiores de leptina em relação aos adolescentes do sexo masculino. Como foi a distribuição da gordura corporal e massa corporal magra conforme o sexo nos grupos estudados? O dimorfismo sexual parece estar cor-relacionado com a composição corporal, ou seja, a porcenta-gem de gordura corporal superior nas mulheres e a ação inibitória do hormônio testosterona na secreção de leptina no sexo masculino5.

A divulgação do tema plaqueta e leptina em adolescentes com obesidade neste importante veículo de informação para pediatras é, sem dúvida, uma oportunidade para dissemina-ção do conhecimento do complexo mecanismo de interadissemina-ção hormonal envolvido na patogênese da obesidade.

Referências

1. Foschini D, dos Santos RV, Prado WL, de Piano A, Lofrano MC, Martins AC, et al.Platelet and leptin in obese adolescents. J Pediatr (Rio J). 2008;84:516-21.

2. Negrão AB, Licinio J.Leptina: o diálogo entre adipócitos e neurônios.Arq Bras Endocrinol Metab. 2000;44:205-14.

3. Havel PJ, Kasim-Karakas S, Dubuc GR, Mueller W, Phinney SD.

Gender differences in plasma leptin concentrations.Nat Med. 1996;2:949-50.

4. Pardo IM, Geloneze B, Tambascia MA, Pereira JL, Barros AA.

Leptina como marcadora do dimorfismo sexual em recém-nascidos.J Pediatr (Rio J). 2004;80:305-8.

5. Hermsdorff HH, Vieira MA, Monteiro JB.Leptina e sua influência na patofisiologia de distúrbios alimentares.Rev Nutr. 2006; 19:369-79.

doi:10.2223/JPED.1883

Não foram declarados conflitos de interesse associados à publicação desta carta.

Inês Maria Crespo Gutierres Pardo

Doutora, Pediatria, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Cam-pinas, SP. Responsável, Ambulatório de Hebiatria, Policlínica Municipal de Sorocaba, Sorocaba, SP.

Resposta dos autores

Prezado Editor,

Agradecemos sinceramente as observações e sugestões da Dra. Inês Pardo, as quais com certeza contribuirão para o aprimoramento de novas investigações. Seguem abaixo os comentários relativos às questões levantadas.

1. De fato, na descrição dos métodos (população) do artigo “Plaqueta e leptina em adolescentes com obesidade”1houve um erro de grafia. Esse erro não ocorreu no resumo do pró-prio artigo, onde se pode observar que foi usado o termo “pós-púbere”.

Na descrição dos métodos, onde se lê “com idade entre 15 e 19 anos e na fase púbere conforme método de avaliação de Tanner” leia-se “com idade entre 15 e 19 anos e na fase pós-púbere conforme critério de avaliação de Tanner”. Para esse estudo1, a classificação do estágio pós-púbere adotado como critério de inclusão foi o estágio 5, tanto para meninos (Tanner2) quanto para meninas (Marshall & Tanner3).

2. Já está bem estabelecido que o cortisol é um potente imunossupressor4,5, logo a problemática que gerou a realiza-ção desse estudo foi elucidar a funrealiza-ção da leptina e do cortisol na contagem das células imunes e estabelecer uma possível relação entre esses hormônios em adolescentes obesos. Para tanto, o grupo de eutróficos foi adotado como um grupo con-trole para contemplação do objetivo.

(2)

Entendemos que fatores como gênero, composição cor-poral e diversos hormônios, incluindo os gonadotróficos e somatotróficos podem influenciar a contagem, bem com a função das células imunes e de outros hormônios. Contudo, em função das dosagens realizadas, fugiu ao nosso objetivo aprofundar a discussão sobre esses fatores. Acreditamos que tais sugestões são de grande valia para a realização de um futuro estudo, uma vez que ainda há carência de pesquisas que melhor caracterizem a fisiopatologia da obesidade na população de adolescentes de ambos os gêneros e a inter-face entre os múltiplos fatores desencadeantes dessa doença crônico-degenerativa.

Referências

1. Foschini D, dos Santos RV, Prado WL, de Piano A, Lofrano MC, Martins AC, et al.Platelet and leptin in obese adolescents. J Pediatr (Rio J). 2008;84:516-21

2. Tanner JM, Whitehouse RH.Clinical longitudinal standards for height, weight, height velocity, weight velocity, and stages of puberty.Arch Dis Child. 1976;51:170-9.

3. Marshall WA, Tanner JM.Variations in pattern of pubertal changes in girls.Arch of Dis Child. 1969;44:291-303.

4. Stites DP, Terr AL. Basichumanimmunol. NewYork, NY: Prentice Hall; 1991.

5. Bjorntorp P, Rosmond R.Obesity and cortisol.Nutrition. 2000; 16:924-36.

doi:10.2223/JPED.1884

Não foram declarados conflitos de interesse associados à publicação desta carta.

Denis Foschini

Programa de Pós-Graduação em Nutrição, Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina (UNIFESP-EPM), São Paulo, SP. Uni-versidade Metodista de São Paulo, São Paulo, SP.

Ronaldo V. T. dos Santos

Departamento de Psicobiologia, UNIFESP-EPM, São Paulo, SP.

Wagner L. Prado

Aline de Piano

Mara C. Lofrano

Aniela C. Martins

June Carnier

Danielle A. Caranti

Priscila de L. Sanches

Lian Tock

Programa de Pós-Graduação em Nutrição, UNIFESP-EPM, São Paulo, SP.

Marco T. de Mello

Departamento de Psicobiologia, UNIFESP-EPM, São Paulo, SP.

Sérgio Tufik

Departamento de Psicologia, UNIFESP-EPM, São Paulo, SP.

Ana R. Dâmaso

Programa de Pós-Graduação em Nutrição, UNIFESP-EPM, São Paulo, SP. Departamento de Ciências da Saúde, UNIFESP-EPM, São Paulo, SP.

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Jornal de Pediatria - Vol. 85, Nº 2, 2009 Carta ao Editor

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