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QUALIDADE DA SILAGEM DE CAPIM NAPIER CONSORCIADO COM A PARTE AÉREA DE CULTIVARES DE MANDIOCA, ENSILADA NO MUNICÍPIO DE CRUZEIRO DO SUL - AC

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QUALIDADE DA SILAGEM DE CAPIM NAPIER CONSORCIADO COM A PARTE AÉREA DE CULTIVARES DE MANDIOCA, ENSILADA NO MUNICÍPIO DE

CRUZEIRO DO SUL - AC

Clóvis Pires de Araújo Silva Júnior¹, Fábio Augusto Gomes², Maurifran Oliveira Lima¹, Leonardo Paula de Souza³, Eduardo Pacca Luna Mattar4

1. Graduando em Engenharia Agronômica da Universidade Federal do Acre, Campus Floresta - Cruzeiro do Sul/Acre - Brasil

2. Professor Doutor da Universidade Federal do Acre, Campus Floresta - Cruzeiro do Sul/Acre – Brasil (augusto.ufac@gmail.com)

3. Professor Mestre da Universidade Federal do Acre, Campus Floresta - Cruzeiro do Sul/Acre - Brasil

4. Professor da Universidade Federal do Acre, Campus Floresta - Cruzeiro do Sul/Acre – Brasil

Data de recebimento: 07/10/2011 - Data de aprovação: 14/11/2011

RESUMO

A Busca por fontes alimentares sustentáveis tem-se tornado constante no campo da nutrição animal. Neste contexto, este experimento realizado na Universidade Federal do Acre / Campus Floresta, objetivou avaliar a qualidade da silagem do capim napier associado com a parte aérea de cultivares de mandioca. Foram utilizados silos experimentais (tubos em PVC) com os seguintes tratamentos: silagem com 100% de capim napier (T1), 75% capim napier e 25% rama de mandioca (T2), 50% de capim napier 50% rama de mandioca (T3), 25% de capim napier e 75% rama de mandioca (T4) e 100% rama de mandioca (T5), com cinco repetições cada, distribuídos em um delineamento inteiramente casualizados. As características bromatológicas avaliadas foram: percentagem de Matéria Seca (MS), pH, Proteína Bruta (PB), Fibra em Detergente Neutro (FDN), Fibra em Detergente Ácido (FDA), Lignina, Celulose, Hemicelulose e Digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS). O valor de pH na silagem sem inclusão de rama de mandioca foi menor (3,71). Houve diferenças (p<0,05) para teores de MS entre os tratamentos estudados. A porcentagem de MS das silagens com 100% de rama de mandioca (35,78%) foi superior a silagem sem inclusão (24,47%). A silagem sem inclusão de rama de mandioca apresentou valor médio de PB (8,89%) superior a silagem com 100% de rama (6,98%). O teor de lignina aumentou com a inclusão de rama de mandioca. Tanto a celulose quanto a hemicelulose tiveram redução á medida que aumentaram a inclusão de rama de mandioca às silagens. Valores de FDN reduziram à medida que se aumentou a inclusão de rama de mandioca nas silagens. Para FDA e DIVMS não houve diferenças entre as silagens. De forma geral, houve melhorias na qualidade das silagens com inclusão de rama de mandioca quando comparado a silagens sem inclusão.

PALAVRAS CHAVE: Consorciação, Qualidade Bromatológica e Silagem.

SILAGE QUALITY OF INTERCROPPED WITH NAPIER GRASS SHOOTS OF CASSAVA CULTIVARS, ENSILED IN THE CITY OF CRUZEIRO DO SUL – AC

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ABSTRACT

The search for sustainable food sources has become constant in the field of animal nutrition. In this context, this experiment conducted by the Federal University of Acre Forest Campus, to evaluate the quality of Napier grass silage associated with the aerial part of cassava cultivars. Silos were used (PVC pipes) with the following treatments: 100% silage with Napier (T1), 75% and 25% Napier cassava foliage (T2), 50% and 50% Napier cassava foliage (T3) Napier 25% and 75% cassava foliage (T4) and 100% cassava foliage (T5), with five repetitions each, arranged in a randomized design. The qualitative characteristics evaluated were: percentage of dry matter (DM), pH, crude protein (CP), Neutral Detergent Fiber (NDF), acid detergent fiber (ADF), lignin, cellulose, hemicellulose and Digestibility in vitro dry matter (DM). The pH value in silage without inclusion of cassava foliage was lesser (3.71). There were differences (p <0.05) to DM between treatments. The percentage of the silage with 100% cassava foliage (35.78%) was higher than without inclusion silage (24.47%). Silage without inclusion of cassava foliage showed a middle value of CP (8.89%) than silage with 100% raw (6.98%). The lignin content increased with the inclusion of cassava foliage. Both cellulose and hemicelulose were reduced to the measure that increased the inclusion of raw silages. Values of NDF decreased as it increased the inclusion of cassava foliage in the silage. For ADF and IVDMD there were no differences between silages. Overall, there were improvements in the quality of silage with inclusion of cassava foliage silage when compared with no inclusion.

KEYWORDS: cultivation, chemical and silage quality. INTRODUÇÃO

Um dos enfoques da pecuária atual é a busca por fontes de alimentos suplementares menos onerosos para a formulação de dietas para os animais. O conhecimento detalhado da composição química e o valor nutricional desses alimentos são imprescindíveis para saber a sua real aplicabilidade nos sistemas de produção. Nesse sentido, destaca-se a cultura da mandioca (Manihot esculenta Crantz), tradicionalmente cultivada em países de clima tropical.

Consumidores de produtos de origem animal se preocupam cada vez mais com a segurança alimentar, responsabilidade social e ambiental na aquisição desses produtos. Assim, é necessária a busca por sistemas de produção eficientes e com flexibilidade para se adequar a essas exigências e assegurar a competitividade aos produtores e a sustentabilidade sócio-ambiental (LEONEL et al., 2009).

Silagem é um método de conservação de forragem para alimentação de animais. Matéria orgânica proveniente da colheita de plantações, usualmente leguminosas ou gramíneas bem picadas, armazenadas em silos revestidos com plástico, e bem tapadas para evitar o contacto com o ambiente. É o produto resultante de um processo de anaerobiose, isto é, na ausência de oxigênio, por acidificação do material verde vegetal.

Segundo EVANGELISTA & LIMA (2002) a silagem de capim é indicada para bovinos de corte suplementados a pasto, animais de serviço, vacas secas e outros que não estejam em produção, no entanto animais com maiores requerimentos nutricionais, é necessária complementação da silagem com concentrados, como é o caso das vacas leiteiras.

De acordo com GROXKO (1998), e SANTOS et al. (2001) cultura da mandioca é tradicionalmente cultivada na maior parte do Brasil, no entanto, não é

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aproveitada sob todas as formas, principalmente por desconhecimento do seu valor nutricional. Assim, a rama pode ser utilizada como forragem verde e conservada na forma de feno ou de silagem, porém, pouco se conhece sobre o seu potencial para esta finalidade. Apenas 20% das ramas de mandioca produzidas são aproveitadas para o replantio, estimando que aproximadamente 14 a 16 milhões de toneladas de parte aérea se perdem, quando poderiam ser transformadas em leite e carne pelos ruminantes. (CARVALHO, 1984).

No Brasil a ensilagem ainda tem sido utilizada de maneira inadequada, podendo-se verificar o negligenciamento dos fatores que contribuem para a boa ensilagem, como o tipo de forrageira, o ponto de corte, o tamanho das partículas, a compactação, a vedação e o manejo da silagem após a abertura do silo (MARTINS, 1997).

Segundo FARIA (1994), problemas relacionados com a baixa produção das culturas forrageiras têm levado os produtores a considerarem a técnica como onerosa e difícil. Porém, tanto o valor nutritivo como o volume de perdas são dependentes dos cuidados durante a produção da silagem.

A nutrição de ruminantes depende da interação de quatro fatores básicos: conteúdo de nutrientes dos alimentos, digestibilidade, consumo do mesmo e as exigências nutricionais do animal. Porém, o nível e eficiência de produção dos ruminantes alimentados com volumosos de baixa qualidade são determinados, principalmente, pelo baixo consumo voluntário, que resulta num pequeno fluxo de nutrientes digestíveis para o animal (WALDO & JORGENSEN, 1981).

O trabalho, dentro do contexto de alimentação animal alternativa, teve como objetivo verificar o potencial de uso na consorciação do Capim Napier (Pennisetum purpureum, Schum) com a parte aérea da Mandioca (terço superior), sob parâmetros de qualidade bromatológica, ensilados no macroclima Amazônico (Quente e Úmido).

METODOLOGIA

O trabalho foi conduzido na Universidade Federal do Acre – UFAC/Campus Floresta, localizado no município de Cruzeiro do Sul - AC. O período de realização foi entre os meses de agosto a novembro do ano de 2010. Conforme classificação de Köppen (PEREIRA et al., 2002), o clima da região é classificado como tropical úmido Af com chuvas bem distribuídas ao longo do ano e ausência de estação seca.

A altitude média é de 170 metros com precipitação média anual de 2074mm.

Foram utilizados cultivares de mandioca locais (Manihot esculenta, Crantz), colhida manualmente aos 12 meses de idade. Para ensilagem foi utilizado somente a parte aérea da mandioca (terço superior). O capim Napier (Pennisetum purpureum, Schum) utilizado foi de capineira já estabelecida, com 3 cortes, coletado após 80 dias do corte de uniformização. Todos os materiais coletados (Napier e rama de mandioca) foram retirados em propriedade experimentai parceira, localizada no Município de Cruzeiro do Sul – AC.

Os tratamentos utilizados foram: silagem com 100% de Napier (T1), 75% Napier e 25% rama de mandioca (T2), 50% Napier e 50% rama de mandioca (T3), 25% Napier e 75% rama de mandioca (T4) e 100% rama de mandioca (T5).

A colheita do capim Napier foi realizada a uma altura de 10 cm da superfície do solo. Após o corte as plantas foram expostas ao ambiente aberto por um período de 6 horas para emurchecimento, a fim de promover redução no teor de umidade. Logo após foram picadas em picadeira estacionária, em partículas medindo de 2 a 3

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cm de tamanho. O mesmo procedimento foi feito com a rama de mandioca, sendo esta exposta ao sol por um período de oito horas para retirada/volatilização do ácido cianídrico (HCN).

Após homogeneização, o material picado foi levado ao Laboratório de Bioquímica de Alimentos da UFAC/Campus Floresta. De imediato iniciou-se o processo de ensilagem do material, em silos de laboratório (experimentais) devidamente identificados, confeccionados em tubos de “PVC”, com 10 cm de diâmetro e 50 cm de comprimento. O material ensilado foi compactado com pêndulo de ferro, tomando-se cuidado de obter uma densidade de 500 a 600 kg/m3 para uma adequada simulação de um silo convencional e perfeita fermentação.

Posteriormente os silos experimentais foram fechados com tampa de “PVC” dotados de válvulas tipo “Bunsen”, lacrados com fita adesiva e acondicionados em temperatura média de 27OC longe de luz solar, onde permaneceram por 42 dias para efetivação dos processos fermentativos.

Decorridos 42 dias de ensilado, os silos foram abertos e os conteúdos superiores e inferiores (bordadura – 5 cm) de cada silo descartados. Após iniciou-se as análises dos seguintes parâmetros:

No momento da abertura, foi avaliado o pH das silagens, utilizando-se um potenciômetro, pelo método descrito por (SILVA & QUEIROZ, 2002).

A porcentagem de matéria seca (MS) foi determinada na silagem, seguindo os seguintes passos: logo após a abertura dos silos, as amostras foram homogeneizadas, retirada alíquota de 500g e acondicionada em sacos de papel para realização da pré-secagem em estufa ventilada artesanal, a 55º C por 72 horas. Após realização do procedimento de pré-secagem, as amostras foram moídas em moinho analítico com peneira de 1 mm e determinada a matéria seca em estufa 105º C por 24 horas, logo após foram feitos os cálculos para determinação da matéria seca total. Toda metodologia utilizada é descrita por (SILVA & QUEIROZ, 2002). O restante das amostras foi acondicionado em frascos vedados para outras análises posteriores.

Quanto ao teor de nitrogênio, utilizou-se o aparelho de destilação a vapor Kjedahl e o teor de proteína bruta (PB) calculado utilizando o fator de conversão 6,25, conforme a AOAC (2000).

As análises de fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), lignina, celulose e hemicelulose foram realizadas segundo a metodologia descrita por (VAN SOEST, 1994).

A digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) foi determinada de acordo com o método das duas etapas, descritas por (SILVA & QUEIROZ, 2002).

Adotou-se um delineamento inteiramente casualizado, sendo 5 tratamentos e 5 repetições por tratamento, totalizando 25 parcelas experimentais (25 silos experimentais). Para análise dos dados foi utilizado o programa SISVAR (FERREIRA, 2000) a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A constante procura por alternativas de alimentos não competitivos com a alimentação humana vem incentivando estudos de maneira a utilizar recursos regionais disponíveis que possam ser utilizados na alimentação de ruminantes, tornando as rações menos onerosas.

Os valores referentes à qualidade bromatológica da silagem de capim Napier consorciado com rama de mandioca estão apresentados na Tabela 1.

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TABELA 1. Valores médios de pH, Matéria Seca (MS), Proteína Bruta (PB), Lignina, Celulose, Hemicelulose, FDN (Fibra em Detergente Neutro), FDA (Fibra em Detergente Ácido) e Digestibilidade in vitro da Matéria Seca (DIVMS), de silagem de capim Napier consorciado com rama de mandioca.

Níveis de inclusão de Rama de Mandioca (%)1 Parâmetros2

0 25 50 75 100 CV (%)

pH (%) 3,71a 3,89a 4,02a 4,12a 4,19a 4,86

MS (%) 24,47c 28,31b 30,12b 31,52b 35,78a 7,51

PB (%) 8,89a 8,34a 7,62b 7,45b 6,98c 6,78

Lignina (%) 7,45a 8,62a 9,18a 11,45b 13,23c 8,19

Celulose (%) 42,45c 41,27c 38,72b 35,81a 34,21a 7,87

Hemicelulose (%) 14,52e 12,75d 9,27c 5,42b 3,10a 10,4

FDN (%) 68,27c 62,21b 57,32a 56,73a 55,29a 9,56

FDA (%) 51,10a 50,26a 49,32a 48,91a 48,37a 6,39

DIVMS (%) 56,08a 56,48a 57,01a 57,62a 57,82a 5,61

1

Médias seguidas por letras diferentes, na linha, diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (p<0,05).

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Análises realizadas no Laboratório de Bioquímica de Alimentos - CMULT/UFAC.

Verificando os valores obtidos para o pH das silagens (Tabela 1 e Figura 1) observa-se que não houveram diferenças significativas (p>0,05) entre os tratamentos. Levando-se em conta que o pH da silagem de milho de boa qualidade deve variar de 3,7 a 4,2 (SANTOS et al., 2001), observa-se que todas as silagens estão dentro da faixa de acidez considerada adequada para conservar o material e garantir a estabilidade das mesmas.

De maneira geral, à medida que foi adicionada rama de mandioca no processo de ensilagem de capim-elefante, houveram aumentos nos valores de pH. Comparando os valores de pH, verificou-se que na silagem sem inclusão de rama de mandioca, o pH foi menor (3,71) ao observado nas silagens com 100% de rama de mandioca (4,19) explicado, possivelmente, pelo aumento no teor de MS à medida que se aumentou a inclusão de rama de mandioca nas silagens e, conseqüentemente, propiciando melhores condições ao processo fermentativo.

Quanto à qualidade da silagem, medida pelos valores de pH, podemos sugerir que a associação a partir de 25% de inclusão de rama de mandioca proporcionaram valores de pH ideais para conservação que, de acordo com WOODFORD (1972), deve estar entre 3,8 a 4,2. Entretanto, segundo o mesmo autor, o valor de pH não pode ser tomado isoladamente como um bom critério para a avaliação das fermentações, pois a inibição das fermentações indesejáveis depende mais da velocidade de abaixamento das concentrações iônicas e da umidade do meio do que do pH final do produto.

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FIGURA 1. pH em silagens de capim Napier

consorciado com rama de mandioca.

FIGURA 2. Lignina em silagens de capim Napier

consorciado com rama de mandioca.

FIGURA 3. Celulose e Hemicelulose em

silagens de capim Napier consorciado com rama de mandioca.

FIGURA 4. FDN, FDA e DIVMS em silagens de

capim Napier consorciado com rama de mandioca.

Quanto à qualidade da silagem, medida pelos valores de pH, pode-se sugerir que a associação a partir de 25% de inclusão de rama de mandioca proporcionaram valores de pH ideais para conservação que, de acordo com WOODFORD (1972), deve estar entre 3,8 a 4,2. Entretanto, segundo o mesmo autor, o valor de pH não pode ser tomado isoladamente como um bom critério para a avaliação das fermentações, pois a inibição das fermentações indesejáveis depende mais da velocidade de abaixamento das concentrações iônicas e da umidade do meio do que do pH final do produto.

Houveram diferenças significativas (p<0,05) para teores de MS entre os tratamentos estudados (Tabela 1). A porcentagem de MS das silagens com 100% de rama de mandioca (35,78%), foi superior à observada nas silagens sem inclusão de rama de mandioca (24,47%), sendo considerada adequada para o processo de fermentação que, segundo Santos et al. (2001), tem como faixa ideal os valores entre 30 a 37% de MS. Entretanto, a porcentagem de MS observada na silagem sem inclusão de rama de mandioca foi muito baixa assim, esta silagem sem qualquer aditivo, embora possa mostrar um padrão de fermentação razoável em virtudes das boas condições no processo, dificultaria qualquer tipo de balanceamento de ração com 45% de MS na dieta, tendo esta silagem como único volumoso (VILELA, 2007). Os resultados encontrados neste experimento, para a silagem da parte aérea da mandioca, foram superiores aos teores observados em pesquisa de Vilela (1994),

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quando avaliou silagens do terço superior da rama de mandioca, encontrando teor médio de 25,20%.

Avaliando a porcentagem de PB observou-se que houveram diferenças significativas (p<0,05) entre os tratamentos estudados. Foi verificado que a silagem sem inclusão de rama de mandioca apresentou valor médio de PB (8,89%), significativamente superior ao observado nas silagens com 100% de rama de mandioca (6,98%). Este baixo valor de PB das silagens de rama de mandioca pode ser atribuído, em parte, pela baixa relação folha/colmo na rama de mandioca ensilada. O resultado médio observado na silagem com 100% de rama de mandioca foi inferior ao de Vilela (1994), com média de 19,5% PB, o que pode ser explicado pelo uso do terço superior da rama de mandioca, alcançado assim maior relação colmo e folha.

Com relação aos teores de lignina (Tabela 1 e Figura 2), também houve diferenças significativas (p<0,05) entre os tratamentos estudados. Os teores de lignina aumentaram à medida que se aumentaram a inclusão de rama de mandioca as silagens, variando de 7,45%, nas silagens sem inclusão de rama de mandioca, a 13,23%, nas silagens com 100% de rama de mandioca.

Analisando os dados obtidos para a celulose e hemicelulose (Tabela 1 e Figura 3), houveram diferenças significativas (p<0,05) para ambas variáveis, dentro dos tratamentos estudados. Tanto a celulose quanto a hemicelulose tiveram o mesmo comportamento, ou seja, redução a medida que se aumentou a inclusão de rama de mandioca as silagens. As porcentagens de celulose e hemicelulose variaram, respectivamente, de 34,21% nas silagens com 100% de rama de mandioca, a 42,45% nas silagens sem inclusão de rama de mandioca e de 3,10% nas silagens com 100% de rama de mandioca, a 14,52% nas silagens sem inclusão de rama de mandioca.

Entre as gramíneas tropicais utilizadas na produção de silagem, o capim elefante destaca-se por apresentar melhores características para ensilagem, com alto potencial produtivo, elevado número de variedades, grande adaptabilidade, facilidade de cultivo, boa aceitabilidade pelos animais e bom valor nutritivo quando em estádio jovem de maturidade (VILELA, 1994). O baixo teor de lignina apresentado pelo capim elefante (Napier) neste experimento, quando comparado aos tratamentos que continham rama de mandioca, confirma a afirmação descrita pelo autor supramencionado.

Houveram diferenças significativas (p<0,05) para os teores de FDN entre os tratamentos estudados (Tabela 1 e Figura 4). Os valores de FDN reduziram à medida que se aumentou a inclusão de rama de mandioca nas silagens, variando de 55,29% nas silagens com 100% de inclusão de rama de mandioca a 68,27% nas silagens sem inclusão de rama de mandioca. Segundo VAN SOEST (1994), a ingestão e a digestibilidade estão relacionadas entre si, e a ingestão (consumo) é inversamente correlacionado com o teor de FDN da dieta. O autor relatou ainda que valores de FDN superiores a 60% correlacionam-se negativamente com o consumo. Levando-se em consideração estes valores, as silagens com 50, 75 e 100% de inclusão de rama de mandioca apresentaram teores de FDN (57,32 a 55,29%, respectivamente) que não estariam comprometendo o consumo. Para os teores de FDA, não houveram diferenças estatísticas entre as silagens, variando de 48,37% a 51,10%.

A DIVMS não foi influenciada pelos tratamentos (p>0,05) e variou de 56,08% nas silagens sem inclusão de rama de mandioca, a 57,82% nas silagens com 100% de inclusão de rama de mandioca, podendo ser explicado pela não diferença

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observada nas porcentagens de FDA. Porém, houve um comportamento de aumento na DIVMS à medida que se aumentou a inclusão de rama de mandioca, o que pode ser explicado pela redução nos teores de celulose, à medida que se aumentou a inclusão de rama de mandioca.

RODRIGUES et al. (2001), avaliaram o consumo e a digestibilidade de Brachiaria dictyoneura associada ou não à silagem de mandioca e concluíram que a introdução da primeira na dieta proporcionou os melhores resultados. SANTOS et al. (2001), verificaram que grandes quantidades de silagem de mandioca tiveram efeitos positivos na fermentação ruminal, sem efeitos deletérios na glândula tireóide e na função hepática, o que poderia ocorrer pela toxicidade do ácido cianídrico (HCN).

LAVEZZO (1993) testou níveis de substituição de silagem de milho por silagem de parte aérea de mandioca, avaliando a produção e o perfil de ácidos graxos no leite e não verificaram diferenças até o nível de 60% de substituição. Entretanto, os estudos efetuados com silagem da parte aérea da planta de mandioca ainda são escassos e insuficientes, especialmente considerando-se os diferentes genótipos disponíveis, e a necessidade, cada vez maior, de avaliações mais pormenorizadas que possibilitem o emprego mais racional dos alimentos na formulação de dietas empregando-se os modelos atuais de exigências nutricionais, visto que o inadequado suprimento de nutrientes é um dos principais fatores relacionados com o baixo desempenho produtivo dos rebanhos.

CONCLUSÕES

Nas condições em que o experimento foi conduzido:

Houveram melhorias, dentro dos parâmetros de qualidade estudados, para silagens com inclusão de rama de mandioca quando comparado a silagens sem inclusão (100% Napier).

Estudos de desempenho e digestibilidade, in vivo, deverão ser conduzidos para verificar o comportamento destas silagens dentro do metabolismo animal.

Ensaios de toxicidade são recomendados a fim de verificar a tolerância, in vivo, dos animais as silagens contendo alta inclusão de rama de mandioca.

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