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A DINÂMICA DO EMPREGO NA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO NA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA - RMC. A taxa de crescimento do emprego, no qual os contratos

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A DINÂMICA DO EMPREGO NA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO NA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA - RMC

Antônio Benedito de Siqueira1 Elietti de Souza Vilela2

1 - INTRODUÇÃO.

A taxa de crescimento do emprego, no qual os contratos individuais de trabalho são devidamente formalizados, apresentou um crescimento bastante elevado em 2008, na Região Metropolitana de Curitiba. Esse expressivo crescimento da oferta de empregos deverá reverter-se no ano de 2009, por conta da crise financeira internacional, que, deverá afetar de forma profunda a denominada economia real. Embora não seja provável que a evolução do emprego seja negativa para o ano de 2009, ou seja, que em dezembro desse ano o estoque de mão-de-obra seja menor do que em dezembro de 2008, a taxa de crescimento do emprego será menor, como de fato já ocorreu em anos recentes: 2002, 2003 e 2005.

Mesmo com uma taxa de crescimento do emprego positiva, a crise deverá afetar os setores mais organizados dos trabalhadores. Assim, deverá aumentar o atrito sindical entre empresas e sindicatos e deve crescer a pressão das Centrais Sindicais sobre o governo Federal, que detêm os instrumentos monetário, fiscal e tributário que se supõe

1

Doutor em Economia e Política Florestal pela Universidade Federal do Paraná e Mestre em História Econômica – Técnico da Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Promoção Social e Professor da UEPG.

2

Mestre em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Federal do Paraná e Especialista em Gestão de Políticas Públicas de Trabalho, Emprego e Renda pela Unicamp e – Técnica da Secretaria de Estado do Trabalho e Promoção Social.

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sejam capazes de influir no estado de ânimo dos empresários e consumidores, de forma a alavancar a demanda efetiva.

Os trabalhadores da indústria formam o contingente mais politizado e combativo do movimento operário, desde a formação da classe operária na Inglaterra, na primeira metade do século XIX. No Brasil, os trabalhadores do setor industrial, no final dos anos de 1970, tiveram um papel decisivo na derrocada do regime militar e na volta da democracia no pais, o que exemplifica o poder dessa categoria de trabalhadores.

A importância dessa fração do operariado pode ser comprovada pela repercussão diária na mídia impressa e eletrônica em relação ao posicionamento das suas lideranças face a assuntos de natureza política e econômica. Atualmente, não tem sido diferente diante da crise econômica que se abateu sobre as economias de todo o mundo, no final do ano de 2008.

Todo o poderio sindical deverá ser colocado em movimento para pressionar o governo para que sejam adotadas medidas para reduzir as perdas de postos de trabalho e redução do salário nominal, se confirmarem as expectativas de queda nas atividades empresariais. Enfim, as lideranças dos trabalhadores, na luta para manter a legitimidade perante as diferentes categorias profissionais, serão forçadas a imprimir maior pressão sobre as empresas e o governo.

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As declarações deste estudo estão sustentadas na hipótese de que o emprego depende do investimento privado e público, portanto das expectativas dos empresários e da capacidade do governo federal em estabelecer políticas econômicas que estimulem gastos em inversões por parte das empresas. O estudo procura descrever a variação da taxa de emprego por setores industriais, na Região Metropolitana de Curitiba, a partir do ano 2000. No entanto, faz-se necessária a advertência de que o emprego passado nada tem a ver com o crescimento ou diminuição na contratação de força de trabalho no futuro. A evolução futura do emprego não é automaticamente uma repetição do passado.

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2. A GERAÇÃO DE EMPREGOS

Duas correntes teóricas rivais, mas que identificam no capitalismo a forma ideal e insuperável de modelo econômico, explicam de maneiras opostas a oferta de emprego pelas empresas.

A primeira é a corrente liberal que em última instância argumenta que sempre haverá emprego para todos aqueles que aceitarem a trabalhar aos salários vigentes no mercado. Os trabalhadores ficam desempregados, porque se recusam a aceitar o salário determinado pelo mercado. Assim, ficar desempregado é uma decisão do trabalhador.

A segunda corrente opõe-se a essa hipótese da economia liberal e argumenta que o emprego depende do volume da demanda efetiva, dos gastos em investimento e consumo da sociedade. Uma redução dos salários poderia reduzir custos do trabalho, diminuindo o preço da oferta de mais uma unidade de mercadoria para consumo e de bens de capital e insumos, mas isso implicaria numa redução do consumo dos trabalhadores, o que levaria a uma demanda efetiva ainda menor, pois a queda o consumo dos trabalhadores poderia deprimir as decisões de gastos dos empresários.

Mesmo tendo consciência de que uma redução dos salários aumentaria potencialmente a taxa de lucro, pois reduz o custo de produção, os empresários dificilmente aumentariam a produção apenas pela diminuição dos salários sem que haja a perspectiva do incremento da demanda. O estímulo à demanda efetiva deverá assim vir de maneira

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exógena ao sistema econômico, precisa decorrer de decisões de dispêndios do governo.

Essas idéias voltaram para o centro do debate com a inauguração de mais uma crise do sistema capitalista. O consenso de que há uma grave crise está sedimentado entre todos os analistas econômicos, havendo apenas divergências pontuais sobre a sua intensidade e discordância fundamentais sobre o que se deve fazer para enfrentar o problema desencadeado pelo crise financeira americana.

3. O EMPREGO NA INDUSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO

Em um período de nove anos, de 2000 a 2008, a indústria de transformação ofertou empregos a taxas positivas em todos os anos, quando se toma os dados por período de um ano. As exceções são facilmente observáveis na tabela I, em anexo, destacado-se a queda do emprego na indústria de materiais elétricos e comunicações, -14,4, em 2003, e -4,92, em 2006. O fenômeno também se verifica para a indústria de material de transporte com taxa de –0,64, em 2001, -2,75, em 2002 e –0,42, em 2008. A indústria de madeira e de móveis tiveram geração de emprego negativa, -8,07, –3,64, e –4,02, em 2005, 2007, e 2008,

respectivamente. Outro setor com taxas negativas de emprego foi a

indústria borracha, fumo e couro com taxa de –0,65, em 2005. A indústria têxtil e do vestuário teve comportamento negativo em 2005,

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de -1,13. A indústria de calçados, por sua vez, destoa dos demais setores por apresentar taxas negativas por quatro anos consecutivos , de 2000 a 2004. A taxa de crescimento nos quatro anos seguintes, no entanto, foi suficiente para repor com sobras o estoque de trabalhadores existentes em janeiro de 2000.

O que se verifica em termos gerais é que o emprego flutua ao longo dos anos mas há uma tendência de desaceleração em alguns anos para voltar a crescer fortemente em anos posteriores.

A tabela I, em anexo, sugere que o ano de 2009 terá uma taxa de crescimento do emprego menor do que o que se verifica para o ano de 2008. Não é pessimismo esperar que o emprego na indústria tenha um desempenho similar ao que aconteceu nos ano de 2002, 2003 e 2005 e depois volte a crescer a taxas mais vigorosas. O importante, porém, é que não se espera uma redução do estoque de empregos na indústria de transformação.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Apesar da crise não implicar em uma mudança drástica no mercado de trabalho na indústria de transformação na RMC, que deverá apresentar taxas positivas na contratação nos anos de 2009 e 2010, o ambiente será propício para que as empresas e os sindicatos vivam um momento de acirramento de conflitos de interesses. Os trabalhadores

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deverão reivindicar a reposição das perdas impostas aos salários pela inflação e os empresários vão sentir-se em condições de propor perdas reais e, até mesmo, nominais nos salários.

A direção sindical mais organizada e politizada poderá, por fim, encontrar pontos de convergência com o empresariado e, juntos, deverão pressionar de forma intensa o governo para que sejam tomadas medidas para acelerar economia e por conta disso o crescimento da contratação de mão-de-obra por parte das empresas.

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ANEXO I

Tabela I – Evolução do Emprego na Indústria de Transformação na RM de Curitiba, 2000-2008 SETORES 2000 2001 2002 2003 200 4 2005 2006 2007 2008 Ind. Transformação 6,7 4,29 2,97 2,4 11,6 5 3,92 4,39 8,51 3,29 Prod. Minerais não

Metálicos 3,4 0,51 1,16 0,46 6,23 0,66 1,11 6,74 3,33 Metalúrgica 11,68 5,35 1,5 5,7 18,2 4 3,36 7,38 10,22 6,89 Mecânica 11,42 8,41 1,04 6,19 11,5 3 4,05 11,63 11,77 7,19 Mat. Elétricos e Comunicação 5,08 6,75 1,48 -14,4 9,73 12,6 -4,92 18,35 10,81 Materiais de Transporte 18,59 -0,64 -2,75 6,05 28,7 2 5,93 1,5 13,59 -0,42 Madeira e Mobiliário 2,6 1,9 1,95 3,11 7,59 -8,07 4 -3,64 -4,02 Papel, Papelão, Editora -3,83 3,98 0,23 0,91 8,65 6,26 4,94 6,74 2,7

Borracha, Fumo Couros 6,86 9,75 31,76 8,27 7,98 -0,65 5,15 4,56 0,17

Química, Fármaco e Veterinário 6,6 5,04 5,58 1,51 6,67 3,19 6 7,01 4,46 Têxtil , Vestuários 1,9 1,34 6,74 8,92 7,58 -1,13 5,61 3,25 5,76 Calçados -1,23 -23,56 -9,09 -10,3 14,7 7 3,39 28 3,07 38,01 Produtos alimentícios, bebidas 5,08 6,4 3,76 0,61 7,24 9,91 3,28 9,63 2,2

Fonte: MTE, CAGED.

E vollução do Em prego na Indústria de Transform ação no Paraná - 2000 a 2008

-15 -10 -5 0 5 10 15 20 25 30 Indú stria de Tran sfor maç ão Pro d. M iner ais nã o m etal icos Met alúr gica Mec ânic a Mat . Ele trico s e Com unic ação Mat et. d e Tr ansp orte Mad eira e M obili ário Pap el, P apel ão, E dito ra Bor rach a, F umo Cou ros Quí mic a, F arm acos e V eter inár io Têxt il , V estu ário s Calça dos Pro duto s al imen tício s, b ebid as

Indústria de Transform ação Prod. Minerais não m etálicos Metalúrgica

Mecânica

Mat. Elétrico e com unicação Mat. D e transporte Madeira e Mobiliário Papel, P apelão, Editora Borracha, Fum o e C ouros Q uím ica, Farm acos e V eterinária Têxtil, Vestuário

C alçados

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