ENZIMAS
As enzimas são proteínas especializadas na catálise de reações biológicas. Elas estão entre as biomoléculas mais notáveis
devido a sua extraordinária especificidade e poder catalítico, que são muito superiores aos dos catalisadores produzidos pelo homem. Praticamente todas as reações que caracterizam o
metabolismo celular são catalisadas por enzimas.
Como catalisadores celulares extremamente poderosos, as
enzimas aceleram a velocidade de uma reação, sem no entanto participar dela como reagente ou produto.
As enzimas atuam ainda como reguladoras deste conjunto complexo de reações.
As enzimas são, portanto, consideradas as unidades funcionais do metabolismo celular.
ENZIMAS
Sem a atividade enzimáticas muitas reações químicas
dificilmente aconteceriam
CONDIÇÕES DA
REAÇÃO ATIVAÇÃO (Kcal/mol) ENERGIA LIVRE DE VELOCIDADE RELATIVA
Sem catalisador 18,0 1
Enzima Catalase 5,5 6,51 X 108
H
2O
2Catalase
H
2O
+
O
2 Decomposição da água pela catalase1 molécula de Catalase 5.000.000 de moléculas de H Decompõe
2O2
Uma via metabólica linear. Nesta via, o reagente A é convertido no produto F após cinco
etapas, sendo que cada etapa é catalisada por uma enzima específica para cada reação
Inibição retroativa. A regulação de uma via biossintética por inibição retroativa
(“feedback”). A isoleucina a partir da treonina, o acúmulo do produto, isoleucina, provoca a inibição da primeira reação da via; a isoleucina liga-se à enzima que catalisa esta
Nomenclatura e classificação das
Enzimas
As enzimas têm sido nomeadas pela adição do sufixo “ase” ao nome
de seu substrato, ou à palavra ou frase que descreve sua atividade. Por exemplo, a urease catalisa a hidrólise da uréia.
Algumas possuem seus nomes independente de seu substrato ou
atividade, como por exemplo a pepsina e a tripsina
Algumas possuem dois nomes e outras vezes dois nomes são usados
para designar a mesma enzima.
Considerando o número de enzimas descobertas e vários
problemas de nomenclatura, foi adotado um sistema internacional para nomear e classificar as enzimas.
1955 - Comissão de Enzimas (EC) da União Internacional de
Bioquímica (IUB) nomear e classificar.
Cada enzima código com 4 dígitos que caracteriza o tipo de
reação catalisada:
1° dígito - classe
2° dígito - subclasse
3° dígito - sub-subclasse
4° dígito - indica o substrato
1. Oxido-redutases (reações de oxidação-redução ou transferência de elétrons) 1.1.atuando em CH-OH 1.2.atuando em C=O 1.3.atuando em C=O- 1.4.atuando em CH-NH2 1.5.atuando em CH-NH- 1.6.atuando em NADH, NADPH
2.Transferases (transferem grupos funcionais entre moléculas)
2.1.grupos com um carbono 2.2.grupos aldeído ou cetona
2.3.grupos acil 2.4.grupos glicosil
2.7.grupos fosfatos 2.8.grupos contendo enxofre
3.Hidrolases (reações de hidrólise)
3.1.ésteres 3.2.ligações glicosídicas 3.4.ligações peptídicas 3.5.outras ligações C-N 3.6.anidridos ácidos
Classes
4.Liases (catalisam a quebra de ligações covalentes e a remoção de moléculas de água, amônia e gás carbônico)
4.1. =C=C= 4.2. =C=O 4.3. =C=N-
5.Isomerases (transferência de grupos dentro da mesma molécula para formar isômeros)
5.1.racemases
6.Ligases (catalisam reações de formação de novas moléculas a partir da ligação entre duas pré-existentes, sempre às custas de energia)
6.1. C-O 6.2. C-S
6.3. C-N 6.4. C-C
Subclasses
Exemplos de
Subclasses
Tipo de reação catalisada
Classe
Hidratases
Adicionam H
2O à ligas duplas Liases
Quinases
Transferem fosforilas do ATP
Transferase
Mutases
Movem fosforilas dentro da
mesma molécula
Isomerase
Sintases
Síntese independente de ATP Transferases
Sintetases
Síntese dependente de ATP
Ligases
ADP + D-Glicose-6-fosfato
ATP + D-Glicose
ATP: glicose fosfotransferase
E.C. 2.7.1.1
2 - classe - Transferases
7 - subclasse - Fosfotransferases
1 - sub-subclasse - Fosfotransferase que utiliza grupo hidroxila como receptor
Atividade Enzimática – Sítio Ativo
As enzimas são muito específicas para os seus substratos.
Esta especificidade pode ser relativa a apenas um
substrato ou a vários substratos ao mesmo tempo.
Esta especificidade se deve à existência, na superfície da
enzima de um local denominado sítio de ligação do
substrato.
◦ O sítio de ligação do substrato de uma enzima é dado por um
arranjo tridimensional especial dos aminoácidos de uma
determinada região da molécula, geralmente complementar à molécula do substrato, e ideal espacial e eletricamente para a ligação do mesmo.
◦ O sítio de ligação do substrato é capaz de reconhecer inclusive
isômeros óticos "D" e "L" de um mesmo composto. Este sítio pode conter um segundo sítio, chamado sítio catalítico ou sítio ativo, ou estar próximo dele; é neste sítio ativo que ocorre a reação
E
+
S
E
S
P
+
E
Substrato se liga ao
SÍTIO ATIVO
da enzima
ENZIMAS
mm entre 12.000 – 1.000.000 Da
Cadeia de aminoácidos Com estrutura terciária
Íons inorgânicos Moléculas orgânicas Molécula metalorgânica (Coenzima) Proteína Cofator Cofator ligado covalentemente = grupo prostético Holoenzima = molécula completa Apoproteína ou Apoenzima
LIGAÇÃO ENZIMA - SUBSTRATO
Emil Fischer (1894): alto grau de especificidade das enzimas originou Chave-Fechadura, que considera que a enzima possui sitio ativo complementar ao substrato.
Koshland (1958): Encaixe Induzido, enzima e o substrato sofrem conformação para o encaixe. O substrato é distorcido para conformação exata do estado de transição.
Fatores que alteram a velocidade de reações
enzimáticas:
pH
Temperatura
Concentração da enzima
Concentração do substrato
Presença de inibidores
INFLUÊNCIA DO pH
O efeito do pH sobre a enzima deve-se às variações no estado de ionização dos componentes do sistema à medida que o pH varia. Enzimas grupos ionizáveis, existem em ≠ estados de ionização.
ENZIMA pH ÓTIMO Pepsina 1,5 Tripsina 7,7 Catalase 7,6 Arginase 9,7 Fumarase 7,8
A estabilidade de uma enzima ao pH depende: - temperatura;
- força iônica;
- natureza química do tampão;
- concentração de íons metálicos contaminantes;
- concentração de substratos ou cofatores da enzima; - concentração da enzima.
INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA
temperatura dois efeitos ocorrem:
a taxa de reação aumenta, como se observa na
maioria das reações químicas;
a estabilidade da proteína decresce devido a
desativação térmica.
Enzima temperatura ótima para que atinja sua atividade máxima, é a temperatura
máxima na qual a enzima possui uma atividade cte. por um
ENZIMA TEMPERATURA ÓTIMA (°C)
Pepsina 31,6
Tripsina 25,5
Urease 20,8
O efeito da temperatura depende:
pH e a força iônica do meio;
a presença ou ausência de ligantes.
Acima desta temperatura, o velocidade de reação devido
a temperatura é compensado pela perda de atividade catalítica devido a desnaturação térmica.
INFLUÊNCIA DA [E]
Velocidade de transformação do S em P depende da quantidade de E.
Desvios da linearidade ocorrem:
Presença de inibidores na solução de enzima; Presença de substâncias tóxicas;
Presença de um ativador que dissocia a enzima; Limitações impostas pelo método de análise.
Recomenda-se:
Enzimas com alto grau de pureza; Substratos puros;
INIBIÇÃO ENZIMÁTICA
Inibidores - qualquer substância que reduz a velocidade de uma reação enzimática.
INIBIDORES
REVERSÍVEIS
IRREVERSÍVEIS
INIBIÇÃO COMPETITIVA
Inibidor competitivo concorre com o S pelo sitio ativo da E
livre.
I análogo não metabolizável, derivado de um S verdadeiro, S substituto da E ou um P da reação.
INIBIÇÃO NÃO-COMPETITIVA
Inibidor não-competitivo se liga reversivelmente, aleatória e independentemente em um sítio que lhe é próprio.
INIBIÇÃO INCOMPETITIVA
Inibidor incompetitivo se liga reversivelmente, em um sítio próprio, ao complexo ES.
INIBIÇÃO IRREVERSÍVEL
I se combina com um grupo funcional, na molécula da E, que é essencial para sua atividade.
Podem promover a destruição do grupo funcional Forma-se uma ligação COVALENTE entre o I e a E.
K2
E
+
P
E
+
S
K1
E
S
E
I
+
I
ENZIMAS REGULATÓRIAS
Controlam a etapa limitante em uma cadeia de reações
enzimáticas.
Tem sua atividade catalítica aumentada ou diminuída em
resposta a determinados sinais, moléculas sinalizadoras (pequenos metabólicos ou cofatores).
Classes de enzimas reguladoras: Enzimas alostéricas;
Enzimas reguladas pela modificação covalente
Enzimas alostéricas
São maiores e mais complexas, possuem duas ou mais cadeias polipeptídicas.
Funcionam através da ligação não-covalente e reversível de um
metabólito regulador chamado modulador;
Moduladores podem ser inibidores ou ativadores;
Enzimas reguladas pela modificação covalente reversível
Grupos químicos são ligados covalentemente e removidos da
enzima reguladora por enzimas ≠, podem ser: fosfato, adenosina monofosfato, grupos metil, etc.
ENZIMAS –
APLICAÇÕES
ENZIMA FONTE APLICAÇÃO
Papaína mamão Ajuda na digestão, Médica, bebidas, carnes Bromelina abacaxi Ajuda na digestão, Médica, bebidas, carnes
Diastase malte Panificação, xarope
Pepsina mucosa gástrica suíno Amaciamento de carne Lipase Candida rugosa Tratamento de efluentes
Processos mais econômicos com menor consumo de energia e
recursos;
São eficientes; Muito específicas;
Permite produção segura e ambientalmente amigável. Origem vegetal, animal ou microbiana
Proteases
Leite: na preparação do leite de soja.
Carnes e Peixes: recuperação de proteínas do osso
ou espinha.
Vinhos: clarificação.
Queijo: coagulação da caseína.
Lactase
Sorvete: prevenção da cristalização da lactose. Leite: estabilização das proteínas do leite em leites
congelados por remoção da lactose. Hidrólise da lactose, permitindo o uso por adultos deficientes na lactase
intestinal e em crianças com deficiência em lactase congênita.
-amilase
Fermentados: conversão do amido a maltose por
fermentação. Remoção da turbidez do amido
Cereais: conversão do amido a dextrinas e maltose. Chocolate/cacau: liquefação do amido
Peroxidase
Deterioração - Frutas: contribui na reação de
escurecimento.
• Polifenoloxidase
• Chá/Café: desenvolvimento do escurecimento durante o amadurecimento e fermentação.
• Deterioração - Frutas e Vegetais: reação de escurecimento e perda de vitaminas.
Enzimas utilizadas em rações para aves.
Enzima Substrato Efeito
Xilanase Arahinoxilanas Redução da viscosidade da digesta Glucanases Β-glucanas digesta – Menor umidade na Redução da viscosidade da
cama
Enzimas utilizadas em tratamento de efluentes.
Enzima e fonte Poluentes e efluentes
Azorredutase (Pseudomonas luteola) Indústria de tinta
Catalase (Baccilus sp.) Remoção de H2O2 presente em efluentes de
branqueamento de tecidos
-glicosidase e Manganês peroxidase Remoção de corantes azo na industria de alimentos e da industria têxtil
Polifosfatase e Fosfotransferase Remoção de fosfato biológico de efluentes Protease pronase (Pseudomonas
aeruginosa) Inativação de vírus bacteriófago Cox A9 de efluentes, para reutilização da água
Naftaleno-dioxigenase Remoção de naftaleno
Lipase (Penicillium P4) Remoção do teor de DQO de efluentes de óleo de oliva
(Candida rugosa) Redução do teor de lipídeos e DQO efluentes avícolas
(pâncreas de porco) Redução do teor de lipídeos e SS de efluentes da indústria de derivados lácteos