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Nutrição e Agronegócio como Parâmetros Para os Processos de Tomada de Decisão no Combate a Fome

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Academic year: 2021

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Nutrição e Agronegócio como Parâmetros

Para os Processos de Tomada de Decisão no

Combate a Fome

João Lucio de Azevedo Márcio de Miranda Santos Marília Bernardes Marques Paulo Estevão Cruvinel

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SUMÁRIO

RESUMO... 4

1. INTRODUÇÃO ... 5

2. BIODIVERSIDADE BRASILEIRA COMO ELEMENTO DIFERENCIAL... 6

3. AGREGAÇÃO DE VALOR COM OS ALIMENTOS FUNCIONAIS ... 7

4. AÇÕES ESTRATÉGICAS... 10

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RESUMO

Agregar valor aos alimentos tradicionais, ampliar mercados, tanto no âmbito doméstico como exterior, abrir novas linhas de pesquisa e inovação para ampliar as bases nutricionais, organizar alianças estratégicas e estar comprometido com as agendas das instituições brasileiras que lidam com o agronegócio para o combate à exclusão social e apoio ao Programa Fome Zero do Governo Federal constitui uma prioridade para a construção de uma sociedade mais justa. Neste contexto, o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) discute neste trabalho uma estratégia de ação que considera nutrição e agronegócio como elementos essenciais no processo de tomada de decisão para a construção da equidade social almejada.

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1. INTRODUÇÃO

Agronegócio e nutrição humana podem ser entendidos como um binômio necessário para a sustentabilidade da vida no planeta. Ele ultrapassa as dimensões temporais de passado, presente e futuro, estando sempre atual e, devido à sua característica multidisciplinar, indica que cada vez mais se faz necessário o estabelecimento de estratégias e ações que amplifiquem as relações e as interfaces entre pesquisadores e instituições que trabalham nas diversas áreas das ciências exatas, biológicas e humanas.

No Brasil, o cenário não foge à realidade mundial, não somente pela potencialidade que o setor do agronegócio representa para o país, quer em escala familiar ou em escala empresarial, mas principalmente pela urgente necessidade de se alcançar um melhor equilíbrio social com brasileiros adequadamente nutridos. Esta evidência foi recentemente confirmada com o lançamento em caráter prioritário do Programa Fome Zero do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo dados publicados pela FAO (Food Agricultural Organization), há no planeta cerca de 800 milhões de indivíduos com problemas nutricionais e uma parcela significativa da população brasileira está inserida neste contexto.

Em que pese uma série de diagnósticos já publicados sobre a fome no mundo, observa-se que os mesmos não destacam com profundidade o aspecto nutricional. O problema não passa somente pelas questões de renda ou equilíbrio de sua distribuição no país, mas principalmente pela definição de estratégias e planos de ação que considerem educação nutricional, saneamento básico, produção massiva de alimentos, diminuição de perdas no pós-colheita, agroindústrias de processamento, transporte, segurança alimentar e investimento planejado em ciência e tecnologia para o contínuo desenvolvimento de métodos e processos que garantam a intensificação, mais do que extensificação de áreas plantadas, da produção de alimentos que proporcionem fatores nutricionais efetivos e de qualidade, considerando inclusive o restabelecimento da saúde daqueles que até agora não contaram com as refeições básicas do dia a dia. Adiciona-se a este contexto a definição de uma agenda que busque as Políticas

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Públicas necessárias para a sustentabilidade dos programas institucionalizados no País e que busquem garantir o combate da exclusão social.

2. BIODIVERSIDADE BRASILEIRA COMO ELEMENTO DIFERENCIAL

Inserido em um cenário dinâmico de transformação mundial, o Brasil necessita de incentivos constantes para organizar e otimizar recursos humanos, financeiros e materiais, num verdadeiro esforço de parceria multiinstititucional, reunindo equipes de pesquisa e representantes da sociedade, buscando no desenvolvimento interdisciplinar o seu lugar na sociedade do século XXI, com diferenciais cooperativos, competitivos e equilíbrio social.

Passou este a ser o grande desafio dos dias de hoje e os programas para o Brasil, voltados à área agrícola e pecuária, devem buscar o aumento da produção considerando estratégias que envolvam o conceito dos territórios rurais (Sabourin

et alli, 2002), as diversidades edafo-climáticas regionais, sua biodiversidade e

também as trocas globais no planeta para o conseqüente reflexo na geração de emprego e renda com garantia do equilíbrio entre oferta e demanda interna de alimentos, bem como dos sistemas cooperativos para distribuição, além do aumento das exportações de produtos gerados no setor.

Quanto ao uso da biodiversidade brasileira, como fator diferencial, observa-se que a tendência atual é a do uso de alimentos que atuem não apenas como fonte de energia, mas que proporcionem também a prevenção ou minimização de doenças. Neste particular o Brasil tem uma enorme potencialidade e apresenta características regionais próprias com relação a sua biodiversidade, associadas a diferenças culturais e alimentares, o que projeta um quadro magnífico para o desenvolvimento de estudos nesse sentido.

Aproveitando a variabilidade alimentar já existente e a enorme biodiversidade ainda não explorada, novos alimentos e produtos poderão ser desenvolvidos. O Brasil exporta atualmente grande quantidade de matéria-prima para outros países, que por sua vez as desenvolvem e comercializam com um valor bem superior. Esta vulnerabilidade pode ser mais bem equacionada com a introdução

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de um modelo sistêmico que considere este desenvolvimento, ou parte dele, no próprio País.

Aliado a essas vantagens derivadas da biodiversidade brasileira, a agricultura em escala familiar encontra diferenciais de sustentabilidade, podendo, por exemplo, visar à produção de alimentos que poderão ser empregados “in natura” ou que possam viabilizar extratos ou derivados que quando adicionados a outros alimentos, aumentem o valor nutricional. Pequenas empresas geradas, com capacidade de industrializar produtos cuja matéria-prima possa ser suprida por pequenas propriedades, podem potencializar não somente o suprimento do mercado interno, mas também a abertura de novos mercados, cujos problemas de escala de produção podem ser minimizados ou integralmente resolvidos com a prática de modelos cooperativistas.

3. AGREGAÇÃO DE VALOR COM OS ALIMENTOS FUNCIONAIS

Neste contexto, a pesquisa voltada a alimentos que contêm propriedades nutricionais seletivas e que proporcionam efeitos benéficos ao organismo humano, como é o caso dos alimentos funcionais, ganha um papel de destaque e merece atenção especial.

De fato, o mercado mundial de alimentos funcionais ou nutracêuticos que foi de 70 bilhões de dólares em 2001, tem previsão de aumentar para 500 bilhões de dólares em 2010 (Cândido, 2000).

O conceito sobre alimentos funcionais surgiu na década de 80 no Japão como uma necessidade para se reduzir o alto custo dos seguros de saúde e ampliar tempo e a qualidade de vida de indivíduos adultos, programa esse que foi posteriormente estendido para indivíduos de outras faixas de idade. A cultura e o uso de alimentos funcionais, que envolve dieta equilibrada e saúde, e o papel dos seus componentes alimentares, como nutrientes essenciais para a manutenção da vida, tem estado em foco nos países desenvolvidos. Adicionalmente, tem sido também objeto de destaque os seus compostos complementares não nutricionais, os quais têm sido investigados e associados aos fármacos que poderiam retardar

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ou minimizar efeitos de doenças. Mesmo sendo ainda claramente vistos como objetos que necessitarão de muita pesquisa, nesta concepção os alimentos funcionais são conhecidos como nutracêuticos, terminologia esta que foi criada nos Estados Unidos em 1989.

Além da busca de novos alimentos com qualidades alimentares funcionais e possivelmente nutracêuticos que poderão resultar do uso racional e sustentável da biodiversidade microbiana, vegetal e animal, somam-se exemplos e resultados da pesquisa já desenvolvida no Brasil, a qual tem contribuído para o alcance de padrões de saúde mais elevados e que também poderão compor parte da estratégia de auxilio ao programa de combate à fome e à desnutrição por meio do cultivo de variedades melhoradas geneticamente, enriquecidas com nutrientes para suprir deficiências específicas.

Dentro desta visão de modernidade com a necessária busca de sustentabilidade ambiental, institucional e humana mais do que um desafio, isto constitui o cenário da nova realidade, em que pese que já por volta de 400 a.C o pensador grego Hipócrates tenha registrado que os alimentos podem ser considerados e reconhecidos como medicamentos.

Iniciativas na linha dos alimentos funcionais são encontradas em outros países, como Estados Unidos, Coréia, Itália e Inglaterra. Os Estados Unidos contam com um programa especifico para saúde, em desenvolvimento na Universidade de Illinois.

Embora existam autores que não fazem diferenciação entre os alimentos funcionais e os nutracêuticos (Chiarello, 2002; Yim, 2002; Farfan, 2002), até o presente momento não há um acordo na comunidade científica para se definir de forma precisa o que são os alimentos funcionais, porém o termo fitoquímico constitui a evolução mais recente e aceita para os alimentos desenhados.

Alimentos funcionais decorrem de arranjos vegetais e animais com componentes fitoquímicos e podem ser classificados em três grandes categorias: a) alimentos a base de ingredientes naturais; b) alimentos que devem ser consumidos como parte da dieta diária; c) alimentos que ao serem consumidos cumprem um papel específico nas funções do corpo humano, incluindo melhoramento dos mecanismos de defesa biológica, prevenção ou recuperação de doenças

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especificas, controle das condições físicas e mentais e retardo no processo de envelhecimento.

Trabalhos científicos recentes têm permitido classificar os fitonutrientes em grupos de bases funcionais segundo a função biológica que exercem, assim como em função de suas características físicas e químicas, conforme exemplificado na Tabela 1 (Hasler et alli., 1998).

Tabela 1 - Fitonutrientes em grupos de bases funcionais segundo a função biológica que exercem (segundo Hasler et alli., 1998)

Componente Propriedade Alimento

Bifidobactérias Favorecem funções gastrointestinal e

produção de vitaminas B12 e K

Produtos lácteos e yogurts

Súlfidos Alílicos Inibição de síntese de colesterol

Extrato de alho e berinjela Acido a-linolénico Sistema imunológico e

redução de inflamações

Soja, nozes e amêndoa Carotenóides

Antioxidantes

Redução de plaquetas arteriais e prevenção de

câncer

Frutas cítricas, melão, espinafre e acelga Catequinas Prevenção de incidência

de câncer intestinal e outras regiões abdominais Cereja e chá Lumarinas Atividade anticarcinogênica e previne a coagulação do sangue Frutas cítricas

Flavonoides Hormônios relacionados à ocorrência de câncer

Frutas cítricas, pepino, tomate, soja e cereais g-glutamil cisteina alílica Redução de pressão

arterial e favorecimento do sistema imunológico

Extrato de alho

Isotiocianatos Indutores de enzimas protetoras

Rabanete Licopeno Evita câncer de próstata

e cervicais (antioxidante)

Tomate e pimenta vermelha Monoterpenos Inibe produção de

colesterol

Tomate, berinjela, frutas cítricas, pepino Ácidos fenólicos Processos

carcinogênicos

Grãos integrais, cereja, tomate, berinjela Fitoesteroles Bloqueiam a ação do

estrógeno e reduzem riscos de câncer de

mama

Grãos integrais, pepino, produtos de soja e

tomate Triterpenoides Previnem cáries e atuam

em processos inflamatórios

Frutas cítricas, extrato de raízes e soja

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4. AÇÕES ESTRATÉGICAS

A cooperatividade e a competitividade do agronegócio brasileiro, com ganho de novos mercados e geração de emprego e renda, deverá cada vez mais estar alicerçado em modelos de gestão que levem em consideração não somente as

commodities, mas principalmente produtos com valor agregado, a exemplo dos

alimentos funcionais.

No Brasil, a destinação de investimentos públicos para a pesquisa desenvolvida no âmbito das instituições de C,T&I do setor do agronegócio, alinhado às questões de nutrição humana, particularmente com foco em programas que envolvam redes estruturantes e mobilizadoras de pesquisa e inovação em alimentos funcionais, constitui uma ação de alto valor para o atendimento das necessidades crescentes da sociedade brasileira.

Neste contexto, a organização de alianças estratégicas com parcerias que envolvam universidades, institutos e órgãos de pesquisa, setor privado, cooperativas, representantes da sociedade civil e o Governo do Brasil, configura-se como um caminho esconfigura-sencial para a viabilização desta estratégia no País. Finalmente, a determinação na prática desta estratégia, que compõe uma parte importante em um vetor mais complexo de decisão, poderá fortemente estar auxiliando a construção da equidade social almejada e a sustentabilidade da vida no País, a qual visa corretamente uma população de indivíduos nutridos, alimentados e com saúde, modelo este que poderá se constituir em um plano piloto para uma série de outros países emergentes ou em desenvolvimento.

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5. REFERÊNCIAS CITADAS

CÂNDIDO L.M.B., O Estado da arte em alimentos funcionais e nutracêuticos no Brasil, In: Alimentos funcionais e nutracêuticos: Encontro Franco Brasileiro

de Biociência e Biotecnologia, Brasília DF, Brasil, 2002.

CHIARELLO M.D., A soja e os alimentos funcionais, In: Alimentos funcionais e

nutracêuticos: Encontro Franco Brasileiro de Biociência e Biotecnologia,

Brasília DF, Brasil, 2002.

FARFAN J.A., Fontes e biodisponibilidade dos carotenóides, In: Alimentos

funcionais e nutracêuticos: Encontro Franco Brasileiro de Biociência e Biotecnologia, Brasília DF, Brasil, 2002.

HASLER C.M., HUSTON R., CAUDILL E.M., Two decades of nutrition labeling, DeKror M., Ed. Nutrition International Inc., Dayton, NI, 1998.

SABOURIN E., TEIXEIRA O.A., Editores técnicos, Planejamento e

Desenvolvimento dos Territórios Rurais, ISBN 857383-152-9, Embrapa

Informação Tecnológica, 402p., 2002.

YIM D. K., Um arsenal milenar aliado à saúde, In: Alimentos funcionais e

nutracêuticos: Encontro Franco Brasileiro de Biociência e Biotecnologia,

Brasília DF, Brasil, 2002.

Referências

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