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Centro de estudos da pesca artesanal de Laguna/SC

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CENTRO DE ESTUDOS DA PESCA ARTESANAL DE LAGUNA

Tubarão 2017

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VICTOR GOULART

Centro de Estudos da Pesca Artesanal

CENTRO DE ESTUDOS DA PESCA ARTESANAL DE LAGUNA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista.

Orientadora: Prof. Ana Paula Cittadin, Msc.

Tubarão 2017

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Centro de Estudos da Pesca Artesanal

DADOS CADASTRAIS

ACADÊMICO: Victor Goulart

ENDEREÇO: Avenida Marcolino Martins Cabral, 4320. Tubarão – SC

CONTATO: (48) 999629527

MATRÍCULA: 479323

ORIENTADORA: Arq. Ana Paula Cittadin, Msc.

TÍTULO DO TRABALHO: Centro de estudos da pesca artesanal em Laguna

TUBARÃO, NOVEMBRO 2017

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Centro de Estudos da Pesca Artesanal

Apresentação

TUBARÃO, NOVEMBRO 2017 DADOS CADASTRAIS

ACADÊMICO: Victor Goulart

ENDEREÇO: Avenida Marcolino Martins Cabral, 4320. Tubarão – SC

CONTATO: (48) 999629527

MATRÍCULA: 479323

ORIENTADORA: Arq. Ana Paula Cittadin, Msc.

TÍTULO DO TRABALHO: Centro de estudos da pesca artesanal em Laguna

ASSINATURAS

Este Trabalho de Conclusão de Curso de Arquitetura e Urbanismo, elaborado por Victor Goulart, foi apresentado e aprovado pela banca avaliadora.

________________________________________________ Prof.ª. Ana Paula Cittadin

Orientadora

________________________________________________ Avaliador 1

________________________________________________ Avaliador 2

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Centro de Estudos da Pesca Artesanal

Apresentação

RESUMO

A pesca artesanal é uma das principais atividades econômicas do município de Laguna, Santa Catarina, com algumas técnicas exclusivas como a pesca com o boto e a construção de sarilhos.

Este Trabalho de Conclusão de Curso I tem como objetivo o desenvolvimento de um projeto de requalificação

arquitetônica de uma edificação em estado de

arruinamento e de um terreno vazio ao lado, no Centro Histórico de Laguna.

Através de estudos de referenciais teóricos e projetuais acerca do tema, análises da cidade e da área de intervenção, será proposto o partido arquitetônico para ser desenvolvido na segunda parte do trabalho, no Trabalho de Conclusão de Curso II.

Palavras chave: Pesca artesanal; Requalificação; Centro Histórico de Laguna.

ABSTRACT

The artisanal fishing is one of the main economic activities of the municipality of Laguna, Santa Catarina, with some exclusive techniques such as fishing with the dolphin and the construction of trouble.

This Course Completion Work I has as objective the development of a project of architectural requalification of a building in state of ruin and of an empty land next to, in the Historical Center of Laguna.

Through theoretical and projective studies about the theme, analyzes of the city and the intervention area, the architectural party will be proposed to be developed in the second part of the work, in the Conclusion Work of Course II.

Keywords: Artisanal fishing; Requalification; Historic Center of Laguna.

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Centro de Estudos da Pesca Artesanal

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus por me abençoar e possibilitar a conclusão de mais uma etapa em minha vida.

Aos meus pais por não medirem esforços para que eu pudesse levar meus estudos adiante, por confiarem em mim e estarem do meu lado em todos os momentos da vida.

À orientadora e professora Ana Paula Cittadin, por toda sua atenção, dedicação e esforço para que eu pudesse ter confiança e segurança na realização deste trabalho.

À minha esposa Isadora Mendes pela paciência, compreensão e incentivo durante todo o período da minha formação acadêmica.

Aos amigos, companheiros dе trabalhos е irmãos nа amizade qυе fizeram parte dа minha formação е qυе vão continuar presentes еm minha vida.

E ao meu avô José Thomas Goulart, e ao meu tio Ernani Waldemar Geraldino Boa Hora, que são pescadores artesanais, e além de serem exemplos na minha vida, serviram de fonte de inspiração para este trabalho.

MENSAGENS

“A vida pode mudar a arquitetura. No dia em que o mundo for mais justo, ela será mais simples.”

Oscar Niemeyer

“O passado não volta. Importantes são a continuidade

e o perfeito conhecimento de sua história.”

Lina Bo Bardi

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Centro de Estudos da Pesca Artesanal

SUMÁRIO

Apresentação

1. INTRODUÇÃO 8 1.1. Problemática/Justificativa 9 1.2. Objetivo geral_______________ _______12 1.3. Objetivos específicos_____________________12 1.4. Metodologia____________________________12 2. REFERENCIAIS TEÓRICOS 13 2.1. Intervenções em Centros Históricos

Preservados________________________________14 2.2. Laguna e a Pesca Artesanal ________________16 2.3. Patrimônio Imaterial e Cultura Local_________17 2.4. Oficinas Profissionalizantes________________18 2.5. O uso da Tecnologia em Espaços de

exposições_________________________________19

3. REFERENCIAIS PROJETUAIS 20

3.1. Centro Cultural Cais do Sertão______________21 3.2. Cais das Artes___________________________26 3.3. Museu Marítimo do Brasil_________________30 3.4. La Fábrica______________________________34 4. A CIDADE 36 4.1. Localização da cidade_____________________37 4.2. Dados gerais__________________________ _ 37 4.3. Desenvolvimento urbano-espacial e econômico_________________________________38 4.4. A orla da Lagoa Santo Antônio dos Anjos _____40

5. DIAGNÓSTICO 41

5.1. Aspectos funcionais 42

5.2. Aspectos arquitetônicos e urbanísticos ______48

6. PARTIDO 52 6.1. Conceito da proposta ____________________53 6.2. Usos e funções _________________________53 6.3. Programa de necessidades ________________54 6.4. Organograma___________________________54 6.5. Fluxograma ____________________________54 6.6. Estratégias projetuais ____________________55 6.7. Implantação ____________________________56 6.8. Plantas baixas___________________________57 6.9. Volumetria _____________________________58 6.10. Sistemas construtivos e materiais adotados __60

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 62

8. BIBLIOGRAFIA 63

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Introdução

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1 INTRODUÇÃO

O processo histórico de formação de uma cidade acontece a partir de sua arquitetura, fatores socioculturais e econômicos que estão diretamente interligados. O desenvolvimento econômico, a urbanização acelerada e a ansiedade por cidades com caráter de modernidade, são ameaças que fazem com que algumas delas percam traços que lhes conferem identidade.

Com a valorização da arquitetura contemporânea, edificações de caráter histórico acabam abandonadas ou substituídas por novos prédios. O mesmo é observado em relação ao patrimônio imaterial, muitas vezes por falta de incentivo e valorização da cultura local, os saberes e fazeres não são perpetuados de geração em geração e acabam se extinguindo.

Em Laguna - SC, cidade escolhida para o estudo, o processo de formação da vila iniciou no ano de 1676, ainda hoje, a mesma apresenta características arquitetônicas e urbanas do inicio da ocupação e de demais períodos históricos. Segundo Lucena (2009), desde a sua fundação, a cidade se destacou política e economicamente, foi cenário de acontecimentos importantes não só para história de Laguna, como também para o desenvolvimento da história do Brasil.

Devido sua importância histórica, por manter preservado parte do seu traçado urbano inicial, por sua relevância arquitetônica e paisagística, em 1985 delimitou-se uma poligonal de tombamento federal em uma parte da área central da cidade. Este polígono protegido pelo IPHAN e denominado como Centro Histórico de Laguna, permitiu que as edificações e a paisagem ali inseridas se mantivessem preservadas, limitando o processo de “renovação urbana”, que acontecia na maioria das cidades.

No entanto, mesmo com a aplicação do tombamento, pode-se observar que existem locais e edificações no Centro Histórico de Laguna em estado de abandono que necessitam de intervenção arquitetônica e urbana. Pois, entende-se que através da requalificação é possível potencializar espaços que possuem valores agregados, transformando essas áreas degradadas em locais com atrativos socioculturais. Com isso, integrando-os à cidade e criando um elo entre o passado e o presente.

É nesse contexto que se insere a proposta do anteprojeto para o Centro de Estudos da Pesca Artesanal, na cidade de Laguna, utilizando uma área com grande potencial localizada as margens da lagoa Santo Antônio dos Anjos no Centro Histórico de Laguna. Com isso, propõem requalificar a edificação em estado de arruinamento existente no terreno e a área externa integrando-as com a lagoa. O local propiciará a seus usuários uma experiência acolhedora, de caráter único, lazer, contemplação, ao mesmo tempo intelectual, valorizando a cultura local.

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Problemática/ Justificativa

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1.1. PROBLEMÁTICA/JUSTIFICATIVA

Laguna é uma cidade peninsular banhada pelo oceano Atlântico e pelas lagoas Santo Antônio dos Anjos, Mirim e Imaruí, constituindo o Complexo Lagunar com uma área de 300 quilômetros quadrados. Este complexo também é formado pela foz do rio Tubarão que desemboca na lagoa de Santo Antônio e o canal da barra, com extensão de 200 metros, ligando esse ecossistema de lagoas e rios ao mar.

A pesca artesanal na cidade iniciou desde o tempo em que os indígenas Carijós ocupavam o território em que hoje está localizada a cidade (CASTELLS, 2015). A pesca é uma das primeiras atividades extrativistas realizadas pelo homem, e não seria diferente em um lugar onde a natureza foi generosa, como é o caso de Laguna.

No Século XVII com a chegada dos açorianos no estado de Santa Catarina, a pesca se intensificou por conta dos novos hábitos alimentares dos imigrantes. Muitos açorianos, que chegaram como lavradores, passaram a trabalhar também com a pesca e substituíram na alimentação o consumo da farinha de trigo pela de mandioca e da carne vermelha pelo peixe (CASTELLS, 2015).

Desde então, a pesca artesanal tornou-se um dos pilares da economia local e, consequentemente, consolidou-se também no aspecto cultural. Durante o século XX muitas famílias dependiam economicamente dessa prática, que era passada de geração a geração. Concomitantemente a atividade pesqueira, outras atividades culturais foram se desenvolvendo, tais como: confecção de artefatos para pesca, construção de canoas e sarilhos, artesanato produzido por mulheres de pescadores, culinária entre outras. A pesca artesanal com auxílio do boto, por exemplo, é uma pratica cultural que acontece nas lagoas do município e não é observada em nenhum outro local do mundo. Trata-se da pesca cooperativada da tainha com o golfinho da espécie Tursiops truncatus e o pescador. Por esta especificidade, no ano 2016 foi sancionada a Lei 13.818/2016 que deu o título de Capital Nacional dos Botos Pescadores a cidade de Laguna e em 2017 foi instituído pela Lei 17.084, da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, o Dia Estadual da Preservação do Boto Pescador, comemorado em 25 de maio. Por ser considerada uma pratica cultural excepcional, também tramita na Fundação Catarinense de Cultura e no IPHAN um processo de registro da pesca artesanal com auxílio do boto em Laguna como patrimônio imaterial estadual e nacional.

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Problemática/ Justificativa

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Porém, observa-se que atualmente, muitos filhos de pescadores não estão praticando esta atividade, assim como, alguns pescadores mais jovens estão migrando para outras áreas econômicas, enfraquecendo ainda mais a pesca artesanal na cidade. Um dos fatores que contribui para que isso ocorra é a falta de controle e cuidado com as lagoas que compõem o Complexo Lagunar. Esgotos e dejetos são lançados ao corpo d’água sem nenhum tratamento e a pesca predatória, acabam diminuindo a quantidade de peixes e espécies disponíveis.

As atividades relacionadas à pesca também são desenvolvidas na Lagoa de Santo Antonio na área central da cidade, tombada a nível federal. É comum observar botos e pescadores interagindo as margens da lagoa, no local proposto para estudo neste trabalho. Por estes fatores aqui expressados, neste trabalho considera-se que o Patrimônio Cultural não segrega os bens materiais, imateriais e naturais uns dos outros, segundo Schwerz (2009), estes bens quando atrelados enfatizam as relações sociais e simbólicas, explicitando o pensamento de que o patrimônio material só é provido de significado quando possui relação com o patrimônio imaterial. Portanto, o Centro Histórico de Laguna, incluindo a área proposta para a intervenção arquitetônica, é considerado patrimônio material (tangível), já a pesca artesanal e as práticas culturais ligadas a ela que acontecem neste local são consideradas patrimônio imaterial (intangível).

Por isso, neste trabalho propõe-se elaborar diretrizes projetuais para reabilitação da edificação e da área as margens da Lagoa de Santo Antônio, localizada no Centro Histórico Tombado de Laguna, implantando no local um Centro de Estudos da Pesca Artesanal. Com isso será possível valorizar o patrimônio material e imaterial da cidade.

Pois, como afirma Lemos (1987) a cidade deve ser encarada como um artefato que está em constante transformação, expandindo em novos tecidos recriados para atender a outras necessidades sucessivas de programas em permanente renovação. Os Centros Históricos também passam por constantes transformações, em Laguna, este, é um espaço de centralidade social, política e cultural, porém, observa-se a existência de edificações em estado de abandono e terrenos subutilizados. Portanto, este trabalho propõe ações que incentivem a circulação e a permanência de pessoas no Centro Histórico da cidade.

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Objetivos

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1.2. OBJETIVO GERAL

Elaborar o partido arquitetônico para requalificação da edificação (antigo Moinho Arroz Zilmar) e do terreno ao lado, localizado às margens da lagoa de Santo Antônio no Centro Histórico, visando a implantação do Centro de Estudos da Pesca Artesanal, em Laguna, SC.

1.3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Entender os fatores históricos, culturais e socioeconômico da cidade, com o intuito de compreender a relação do espaço escolhido com o restante da cidade.

• Estudar a pesca artesanal e as praticas culturais relacionadas a pesca, compreendendo os conceitos de patrimônio imaterial. • Analisar projetos referenciais que apresentem problemas e

programas semelhantes a este trabalho.

• Definir um programa de necessidades, dimensionando ambientes para desenvolver atividades de cunho cultural e educacional.

• Utilizar a estrutura existente da edificação em estado de abandono, propondo uma intervenção contemporânea.

Centro de Estudos da Pesca Artesanal

1.4. METODOLOGIA

A metodologia baseia-se na organização dos procedimentos a serem elaborados desde a etapa de pesquisa e levantamento de dados à produção e formalização do partido arquitetônico.

• Pesquisa bibliográfica e embasamento teórico: estruturar a pesquisa através de livros, dissertações, teses, artigos e dados coletados junto ao IPHAN e a Prefeitura Municipal de Laguna.

• Estudo de projetos referenciais: análise dos projetos e edificações, a fim de entender como estão inseridos e localizados nas cidades, as conexões com o entorno, quais os usos propostos em seus espaços e sua funcionalidade. • Diagnostico da área: Análises do local, com o levantamento

de dados referentes ao contexto de inserção da área proposta para o trabalho através de levantamento fotográfico, elaboração e análises de mapas urbanos como uso do solo, construído e não construído e do sistema viário; análise climática, baseada na Carta Solar de Laguna e ventos predominantes; e síntese da legislação pertinente à temática e à área de estudo.

• Síntese Critica e Estudos preliminares: elaboração do programa de necessidades e pré-dimensionamento, estudos de zoneamento e fluxos, lançamento da proposta por meio de croquis, plantas e cortes esquemáticos, estudos de volumetrias que servirão de base a produção do TFG II.

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Intervenções em Centros Históricos Preservados

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2.1. INTERVENÇÕES EM CENTROS HISTÓRICOS PRESERVADOS

Os centros das cidades são considerados locais privilegiados no tempo, são espaços de memória e história, transformam-se em referencial simbólico das cidades, pois concentram as atividades religiosas, institucionais, comerciais, local dinâmico com intensa circulação de pessoas. Lucena (1998) afirma que o Centro Histórico de Laguna (figura 2.1) é o local da gênese da cidade. É o espaço em que um primeiro grupo, moldando-se às condições físicas encontradas, organizou-se econômica, política e ideologicamente.

Lucena (1998) ainda afirma que o bairro Centro foi vítima da renovação urbana, processo que se estendeu a diversas localidades. Para evitar que este processo atingisse o patrimônio edificado e o traçado urbano deste bairro, aplicou-se nesta área em 1985 a Lei de Tombamento Federal, através do Decreto Lei 25/1937. O tombamento a nível federal significa o reconhecimento do valor e da importância do conjunto de bens culturais para a nação brasileira. Através da proteção, busca-se a valorização e melhoria da qualidade de vida nestas áreas urbanas.

Centro de Estudos da Pesca Artesanal

Na década de 1980, os bens culturais deixaram de se restringir às grandes obras de arte e voltaram as obras modestas que possuíam um significado cultural, uma memória e por consequência um determinado valor histórico (KUKL, 2006). Assim, conjuntos urbanos como Laguna e São Francisco do Sul em Santa Catarina passam a ser preservados, a partir daí, deixou-se de preservar apenas monumentos, e passou-se a preservar também conjuntos urbanos que retratam diversos períodos históricos. A área tombada de Laguna é composta por aproximadamente 600 edificações, de tipologias e linguagens arquitetônicas variadas, com um acervo de exemplares luso-brasileiros, ecléticos, art decô, modernos e contemporâneos que juntamente com o traçado urbano, a Lagoa de Santo Antônio e a vegetação das encostas do Morro da Glória configuram a paisagem urbana do local. Como ressalta o arquiteto Luiz Fernando Franco (1985) no parecer de tombamento do Centro Histórico de Laguna.

Recomenda-se, assim, o tombamento do centro histórico de Laguna em seu acervo paisagístico constituído pelo sistema natural que o envolve, pelo conjunto de logradouros em seu traçado e dimensão, pelo cais junto à lagoa de Santo Antônio e pelo conjunto de edificações em sua volumetria, em sua ocupação do solo e em suas características arquitetônicas, que expressam a continuidade da evolução histórica do núcleo urbano original, acervo delimitado pelo perímetro apresentado. (p.16)

Nesta mesma época o conceito de patrimônio urbano evoluiu com a ampliação do olhar sobre o patrimônio edificado. Segundo Lyra (2016) este olhar ultrapassou os limites físicos do edifício revelando outros desdobramentos da relação entre o patrimônio arquitetônico e o meio ambiente. Na leitura do conjunto histórico passou-se a observar “sua integração com o território, sua relação com a paisagem natural, a convivência entre o antigo e o moderno, a conformação do traçado urbano, as formas de apropriação do espaço ao longo da história, os laços de vizinhança e o sentimento de pertencimento ao local da população residente.” (LYRA, 2016 pág.43).

Fonte: Ronaldo Amboni, 2014 Figura 2.1: Centro Histórico de Laguna.

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Portanto, reabilitar um imóvel não significa apenas recuperar as fachadas mas sim requalificar parte do tecido social da cidade promovendo uma melhoria na qualidade de vida dos habitantes. Adaptando novos usos ao edifício que possam despertar o interesse das pessoas para o Centro Histórico da cidade, como pode ser observado na definição de reabilitação por Aguiar.

“Reabilitação é a modernização das atividades mais ou menos centrais, procurando atrair para a cidade histórica determinado tipo de contentores de atividades, de âmbito comercial, cultural, educativo, revitalizando funções de perda, restituindo funções econômicas de animação e de convivialidade, tão características dos núcleos históricos enquanto lugares de atividades plurais.” (AGUIAR,2002. OP cit. pag91) AGUIAR, José. Cor e cidade histórica: estudos cromáticos e conservação do patrimônio. Porto: Faup, 2002. A proposta deste trabalho é intervir, a fim de requalificar uma área, inserida no Centro Histórico de Laguna, que inclui uma edificação em estado de arruinamento construída na década de 1940 e o terreno vazio ao lado. Está área é localizada às margens da lagoa de Santo Antônio e emoldurada pela vegetação do Morro da Glória. O intuito é dar um novo uso ao edifício diferente daquele ao qual foi construído originalmente. De acordo com Braga (2003), para que seja possível abrigar atividades nos moldes atuais dentro de edificações de valor histórico cultural é necessária à intervenção. Porém, neste caso, pode-se considerar os critérios de intervenções utilizados para ruinas, já que a edificação estudada apresenta caraterísticas semelhantes de uma ruína.

Do latim ruina, significa ruir, cair. Na arquitetura, designa o resto, o destroço ou o vestígio de uma estrutura; na forma figurativa remete à decadência, à degradação. BRANDI (2004) defende que a ruina deve ser pensada não só pela sua historicidade, mas também considerada para conservação, já que nesse estado é que deve ser entregue a posterioridade. As ações devem ainda seguir alguns dos

princípios fundamentais citados por Kuhl (2006): a distinguibilidade, para que o observador não tenha dúvidas ao diferenciar o antigo do novo; a ruptura entre o antigo e o contemporâneo; e o respeito pela matéria original.

Em relação ao estudo para inserção de novas intervenções na paisagem do Centro Histórico preservado, atualmente no campo da conservação existem teorias distintas sobre qual melhor maneira de intervir. As teorias hoje conhecidas foram formuladas e estudados por longo período até se estabelecerem. Por isso, foram criados documentos e cartas patrimoniais que definem os

princípios de intervenção reconhecidos nacional e

internacionalmente. Para este trabalho considera-se a recomendação da Carta Internacional para a Salvaguarda das Cidades Históricas organizada pelo Conselho Internacional de Monumentos e Sítios em 1986 sobre os critérios adotados para novas inserções em Centros Históricos preservados.

No caso de ser necessário efetuar transformações dos imóveis ou construir novos, estes deverão respeitar a organização espacial existente, especialmente seu parcelamento, volume e escala, nos termos em que impõem a qualidade e o valor do conjunto de construções existentes. A introdução de elementos de caráter contemporâneo, desde que não perturbe a harmonia do conjunto, pode contribuir para o seu enriquecimento (Carta de Washington, 1986, p.4)

Ressalta-se que as novas inserções não devem interferir negativamente e comprometer a leitura do bem protegido, neste caso, o Centro Histórico de Laguna. Tais conceitos estabelecem-se como premissa para a elaboração da proposta de requalificação da área em estudo, como uma tentativa de manter viva a memória do local. Com isso, propõem-se manter vivo o passado, mas não como cenário ou como local intocável, e sim o adaptando ao presente para que possa fazer parte da história da cidade no futuro.

Centro de Estudos da Pesca Artesanal

Intervenções em Centros Históricos Preservados

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A prática da pesca na qual o boto auxilia o pescador artesanal se realiza em diversos pontos da Lagoa de Santo Antônio dos Anjos, que permeia grande parte da cidade. Essa pesca é, na sua maioria, uma prática diurna e masculina. Os pescadores em alguns pontos posicionam-se em botes e, em outros, em pé com água pela cintura, esperando um sinal do boto.

O mamífero marinho direciona o cardume até encurralá-lo em frente aos pescadores, quando isso acontece o boto salta. Tal movimento é interpretado pelo humano como o momento certo de jogar a tarrafa e a direção adequada também é apontada durante o salto. Obviamente, é necessário um conhecimento prévio e específico dos pescadores, pois os botos fazem inúmeros movimentos e cabe ao pescador a tarefa de decidir quando o cetáceo está auxiliando a pesca e quando não está (Castells, 2015). Segundo Ramires, Guerra Molina, e Hanazaki (2007), acessar ao conhecimento dos pescadores artesanais sobre diversos temas, como comportamento, hábitos alimentares, reprodução, representam dados valiosos quando se pensa no desenvolvimento de plano de manejo sustentável. Os autores concluem que a pesca artesanal para as populações caiçaras já não é a única atividade econômica. Para Hanazaki (2001) tanto a pesca quanto a agricultura ocupam lugares secundários em relação as atividades do turismo para complementação da renda familiar. Porém, destaca que se as atividades ligadas ao turismo são predominantes, a pesca artesanal ainda tem importância total no orçamento Familiar.

A pesca artesanal

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2.2. LAGUNA E A PESCA ARTESANAL

Segundo Eugênio Lacerda (2003), a migração açoriana que ocorreu entre os anos 1748 e 1756, e foram enviados casais açorianos para o sul do Brasil. A cidade desde então concebe uma ascendência açoriana muito ligada ao peixe e a pesca artesanal. Após a chegada dos açorianos, a pesca se intensificou por conta dos novos hábitos alimentares dos imigrantes. Muitos açorianos, que chegaram como lavradores, passaram a trabalhar também com a pesca e substituíram na alimentação o consumo da farinha de trigo pela de mandioca e da carne vermelha pela de peixe (Castells, 2015).

Nesse sentido, o contato dos imigrantes recém-chegados com os primeiros povoadores, que teriam aprendido com os Carijós as técnicas de pesca artesanal, favoreceu e deu bases culturais para a sobrevivência dos açorianos e para a formação das primeiras comunidades pesqueiras da cidade. Gradualmente a pesca artesanal foi sendo absorvida e adaptada pelos açorianos que povoaram a cidade de Laguna na lógica de subsistência. O pouco excedente era destinado para comercialização fora do estado (Castells, 2015).

Mais um fator definidor para a pesca se tornar a principal atividade econômica da cidade foi a transformação do Porto de Laguna em um porto pesqueiro, o primeiro do estado catarinense, favorecendo a pesca em grande escala. A cidade também se destaca pela produção das artes de pesca como tarrafa, redes e pequenas embarcações (Castells, 2015).

O Complexo Lagunar, por conta das Barras de Laguna e do Camacho, configura um ambiente propício para a pesca de crustáceo. Inicialmente destacou-se pela produção de siri e do camarão Laguna, reconhecido como um dos melhores crustáceos do Brasil (Castells, 2015).

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Patrimônio imaterial e cultura local

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2.3. PATRIMÔNIO IMATERIAL E CULTURA LOCAL

Os bens culturais de natureza imaterial dizem respeito àquelas práticas e domínios da vida social que se manifestam em saberes, ofícios e modos de fazer; celebrações; formas de expressão cênicas, plásticas, musicais ou lúdicas; e nos lugares (como mercados, feiras e santuários que abrigam práticas culturais coletivas). (IPHAN, 2017)

A Constituição Federal de 1988 reconhecer a existência de bens culturais de natureza imaterial. O patrimônio imaterial é transmitido de geração a geração, constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade, contribuindo para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana.

Em Laguna, além do patrimônio material que é visto e reconhecido nacionalmente pela presença de seus casarios históricos que evocam a formação política, social e econômica da cidade, existem outros atores que estabeleceram vínculos materiais e imateriais com o mesmo território, porém não receberam o mesmo destaque.

Castells e Lino (2015) afirmam que os pescadores artesanais de Laguna fazem e fizeram sua história, que dão sentido à cidade, mas não ocupam precisamente um lugar de destaque no campo do patrimônio cultural.

Ainda segundo as autoras é possível pensar a cidade sob essas duas faces do campo patrimonial: material e imaterial. Do lado imaterial estão relacionadas as práticas e as vivências desses grupos sociais. Para elas “quando se pensa nos pescadores artesanais em termos do lugar em que eles ocupam no campo patrimonial, é necessário um consenso que garanta a continuidade ou a sobrevivência de suas práticas” (CASTELLS E IINO, 2015 p.104).

Centro de Estudos da Pesca Artesanal

O patrimônio material relacionado a vida do pescador artesanal segundo Castells (2012) “nos permite pensar a cidade informal, no que diz respeito a suas construções”. São edificações e equipamentos de pesca construídos pelos próprios pescadores: trapiches e ranchos de pesca de madeira, sarilhos que são toscas engrenagens utilizadas para içar a embarcação, canoas e remos (figura 2.2). Além das tarrafas, redes de pesca, das rendas confeccionadas pelas mulheres de pescadores e a culinária. Estas construções e objetos dizem respeito as práticas e domínios da vida social destes grupos e expressam identidade.

Contudo neste trabalho a materialidade dessas práticas, os saberes e fazeres que as envolvem, as vivências dos grupos sociais, serão valorizadas e estudados através de oficinas educativas e expositivas, propostas em espaços elaborados a partir de um anteprojeto arquitetônico que será implantado no Centro Histórico de Laguna, as margens da lagoa de Santo Antônio.

Fonte: Ronaldo Amboni, 2014

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Oficinas profissionalizantes

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2.4. OFICINAS PROFISSIONALIZANTES

Quando se fala em inclusão social, é comum pensar que o papel da Arquitetura se resume a promover urbanização de áreas de risco e garantir que todos tenham habitação. Os profissionais da área, no entanto, devem se atentar com variadas questões relacionadas às comunidades como um todo.

“Para produzir uma inclusão social de verdade, é preciso que a arquitetura esteja de acordo com as funções do prédio. Se o equipamento emocionar as pessoas, ele vai despertar primeiro o desejo de conhecer aquele espaço, e uma vez lá dentro, elas vão se interessar pelos cursos e atividades que acontecem ali” (STARKE, 2015).

Hoje para promover a inclusão, é preciso se preocupar com o desenvolvimento da comunidade como um todo, incluindo os empregos e serviços. Além das deficiências que as próprias habitações e espaços públicos muitas vezes apresentam, as comunidades em si carecem de atividades de cultura, lazer e esporte. Atualmente com a apoio de programas do governo e de instituições não governamentais, é possível colocar em prática grandes iniciativas de arquitetura, inclusão social e digital, levando o conhecimento aos usuários e formação profissional.

Um grande exemplo disso é o projeto Nave do Conhecimento, do arquiteto Dietmar Starke desenvolvido em parceria com a Prefeitura do Rio de Janeiro, onde equipamentos de alta tecnologia ficam à disposição dos usuários. Nas naves, são feitas ações voltadas para jovens das comunidades locais como concursos, mostras de cinema e oficinas, e oferecidos cursos nas áreas de tecnologia da informação, produção gráfica, web design, computação gráfica, produção de vídeo e fotografia e robótica. A proposta é de proporcionar inclusão digital. Starke afirma que “a nave é um ícone arquitetônico que sinaliza o futuro de um país com menos desigualdade social pela inclusão digital” (STARKE, 2015).

Centro de Estudos da Pesca Artesanal

Figura 2.4: Interior da Nave do Conhecimento.

Fonte: www.caurj.gov.br/dietmar-starke-as-naves-do-conhecimento O conceito arquitetônico da Nave revela na sua estética tecnológica e poética o conteúdo de seu programa e de seu objetivo político-educacional. Além da solução funcional, foi criado um objeto que pudesse envolver emocionalmente as pessoas, de várias faixas etárias, e estimular positivamente o ambiente social degradado do seu entorno. A nave simboliza, assim, a possibilidade de passagem da exclusão para a inclusão, do presente ao futuro da sociedade.

Figura 2.3: Nave do Conhecimento.

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Tecnologia em exposições

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2.5. O USO DA TECNOLOGIA EM ESPAÇOS DE EXPOSIÇÕES

Segundo o Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), o museu é o lugar em que sensações, ideias e imagens de pronto irradiadas por objetos e referenciais ali reunidos iluminam valores essenciais para o ser humano. Espaço fascinante onde se descobre e se aprende, nele se amplia o conhecimento e se aprofunda a consciência da identidade, da solidariedade e da partilha.

Segundo Wagensberg (2013), o museu é hoje um valiosíssimo instrumento de troca social que se mede por como ele muda a vida das pessoas. Um visitante tem que sair do museu com “fome”, ou seja, com mais perguntas do que tinha ao entrar.

Museu interativo é a denominação empregada pelos meios de comunicação que caracteriza uma tendência atual de museus que utilizam aparatos tecnológicos para transmitir conhecimento, proporcionar experiências e assim atrair o público.

A inovação nos museus pode ser utilizada através de diferentes recursos, como: a internet, através de bibliotecas on-line e banco de dados e informações; multimídia, através de imagens, fotografias, animações, vídeos, sons, projeções; e realidade virtual, que permite interação do usuário com o acervo do museu através de simulações, tornando mais envolvente o processo de acesso ao conhecimento.

Um grande exemplo disso é o Museu da Língua Portuguesa. Inaugurado em 2006, em São Paulo, projeto assinado por Paulo Mendes da Rocha e o Museu do Amanhã inaugurado em 2016 no Rio de Janeiro e projetado por Santiago Calatrava. Os dois museus apresentam o conceito de “museu vivo”, com temas vinculados a arte, design, tecnologia e processos interativos. A tecnologia é apresentada através de funções multi e hipermídia. A exposição dos dois equipamentos são transformadas em narrativas visuais e sonoras, permitindo uma associação entre museu e espetáculo.

Este conceito de museu será utilizado para os espaços de exposições propostos neste trabalho.

Centro de Estudos da Pesca Artesanal

Figura 2.6: Exposição multimídia no Museu da Língua Portuguesa. Fonte: www.frm.org.br/acoes/museu-da-lingua-portuguesa

Figura 2.5: Museu da Língua Portuguesa, São Paulo.

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Cais do Sertão

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3.1. CENTRO CULTURAL CAIS DO SERTÃO

O projeto do Cais do Sertão Luiz Gonzaga funde arquitetura e museografia de uma maneira instigante e surpreendente. Durante sua elaboração, arquitetos e

curadores trabalharam em conjunto. É um

empreendimento de economia criativa e está localizado no antigo Armazém 10 do Porto do Recife, vizinho ao Centro de Artesanato e ao Marco Zero do Recife.

Projetado pelo escritório Brasil Arquitetura, o Cais do Sertão comporta uma exposição permanente e interativa sobre a cultura sertaneja e promove uma grande celebração da vida e obra do cantor e compositor Luiz Gonzaga, o Rei do Baião.

3.1.1. Intenções projetuais

“O sertão não está relacionado só com Pernambuco ou com o Nordeste: ele se estende por grande parte do país. O sertão é Guimarães Rosa, por exemplo” (Marcelo Ferraz).

Um museu com tecnologia de ponta e abordagens contemporâneas que tem se tornado um espaço de transformação da rotina cultural da capital pernambucana. Local de troca, convivência, interação, um espaço que convida o público a parar, estar, estudar, criar, experimentar e vivenciar o rico universo de histórias, personalidades, memórias e linguagens artísticas (Brasil Arquitetura).

Centro de Estudos da Pesca Artesanal

Fonte: Google Earth, 2017

Fonte: Brasil arquitetura, 2012

Figura 3.1: Localização do Cais do Sertão em Recife.

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3.1.2. Acessos e circulação

O acesso se faz pela praça do Juazeiro, um espaço sob uma marquise de concreto com destaque para a árvore típica do sertão. A abertura na laje de concreto permitirá que o juazeiro cresça, destacando a árvore típica do sertão (figura 3.3). “Quando o sol bater ali, o piso da praça de acesso ficará marcado com a galhada”, antevê Ferraz.

Desta forma, esse acesso cria uma interação entre rua e canal e facilita a relação entre a edificação e o terminal de passageiros do porto de Recife. Na entrada da primeira edificação encontra-se a recepção, onde o visitante é direcionado para os demais ambientes.

A circulação principal é linear, de acordo com o desenho prédio. A circulação vertical acontece através de escadas e elevadores localizados na edificação.

Cais do Sertão

Centro de Estudos da Pesca Artesanal

Fonte: Brasil Arquitetura, 2012

Uso social Uso serviços Uso educativo Fonte: Brasil Arquitetura, 2012

Fonte: Brasil Arquitetura, 2012 Fonte: Brasil Arquitetura, 2012 Fonte: Brasil Arquitetura, 2012

Figura 3.3: Praça de acesso ao Cais do Sertão e marquise.

Figura 3.7: Planta baixa 3° pavimento. Figura 3.6: Planta baixa 2° pavimento. Figura 3.5: Planta baixa 2° pavimento. Figura 3.4: Planta baixa 2° pavimento.

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Centro de Estudos da Pesca Artesanal

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3.1.3. Elementos arquitetônicos e construtivos

A volumetria do Cais do Sertão objetiva a unidade entre os galpões da orla de Recife. Com o formato retangular, a horizontalidade é marcante no projeto. Um grande vão foi criado ao centro da edificação, valorizando a relação entre canal e a Torre Malakoff, importante prédio tombando que fica bem a frente. A marquise vazada e o Juazeiro também são elementos marcantes na edificação.

O destaque maior se dá aos cobogós criados pelos arquitetos para esta edificação (figura 3.8). Os mesmos foram inspirados no solo árido do sertão, onde o desenho presente neles ao receberam luz, projetam um desenho simulando as rachaduras da terra seca (figura 3.9). Outro ponto interessante é criação de um córrego dentro do primeiro bloco, representando o rio São Francisco.

A articulação entre os espaços propõe que os usuários possam circular em toda a edificação, descobrindo todas as áreas do conjunto.

3.1.4. Estrutura e bioclimática

O sistema construtivo adotado foi a alvenaria em concreto armado, com os pilares modulados no apoio da estrutura. O grande destaque estrutural é o vão de 55m e a marquise de concreto da praça de acesso. Para conseguir um vão livre maior, foi usada a laje nervurada. O uso de cobogós de concreto 1x1m foi utilizado a fim de criar um jogo de luzes e sombras, de certo modo, referenciando o modernismo brasileiro.

A presença do concreto aparente é evidente na edificação, tanto no exterior quanto no interior. Na cobertura foi projetado um restaurante com vista panorâmica junto a um jardim (figura 3.13).

No bloco existente, foi mantida a tipologia dos galpões utilizando tesouras e treliças metálicas na cobertura.

Cais do Sertão

Fonte: Brasil Arquitetura, 2012

Fonte: Brasil Arquitetura, 2012

Figura 3.9: Interior do primeiro bloco.

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Centro de Estudos da Pesca Artesanal

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Em relação a bioclimática, a edificação foi projetada para aproveitar a iluminação natural indireta pelo de fato de haver áreas de exposição, sendo necessário o controle de luminosidade. Por isso, justifica-se o uso dos elementos vazados nas fachadas, que permitem a passagem de luz mas criam um sombreamento (figura 3.11).

O conjunto foi projetado para que ocorresse uma circulação cruzada, através do pé direito duplo (figura 3.10). A linearidade da edificação permite que o ar adentre a o conjunto e percorra todos os blocos até achar uma saída (figura 3.14). O fato de estar as margens do canal ajuda a amenizar a temperatura no conjunto (figura 3.12).

3.1.5. Relação com o entorno

O Cais do Sertão foi inserido em uma zona portuária, no centro histórico e às margens do canal em Recife, próximo ao Marco Zero¹, a Torre Malakoff² e o terminal de passageiros do porto, ambos são importantes pontos turísticos da cidade (figura 3.15). A linearidade do centro cultural o torna convidativo, tornando-se uma conexão entre esses locais.

O vão livre embaixo do segundo bloco permite que a visão para o mar de quem está na Torre Malakoff seja mantida (figura 3.16). A marquise da praça de acesso também se conecta com um dos galpões existentes do porto, fortalecendo a relação entre o centro cultural e as edificações existentes. O fato de o primeiro bloco ter a tipologia arquitetônica mantida igual aos existentes, foi outro fator que facilitou a relação com o entorno (figura 3.17).

Cais do Sertão

Fonte: Brasil Arquitetura, 2012 Fonte: Brasil Arquitetura, 2012

Fonte: Brasil Arquitetura, 2012

Fonte: Brasil Arquitetura, 2012 Fonte: Brasil Arquitetura, 2012

Fonte: Brasil Arquitetura, 2012 Figura 3.10: Ventilação cruzada no galpão. Figura 3.11: Sombra dos cobogós.

Figura 3.12: Sacadas e a ventilação natural. Figura 3.13: Restaurante panorâmico.

Figura 3.14: Corte esquemático representando a ventilação.

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Centro de Estudos da Pesca Artesanal

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3.1.6. Justificativa do referencial

A opção por este projeto se deu por diversos temas abordados que nortearão na elaboração do partido projetual.

O fato de ser implantado nas margens do mar, de estar próximos a pontos turísticos e bens tombados pelo IPHAN, são itens que coincidem com a minha área escolhida.

O uso da edificação também é outro fator que foi levado em conta, com áreas de exposição, culturais e comerciais. O modo de como a arquitetura contemporânea foi inserida em uma área com prédios históricos e fabris também são importantes.

Cais do Sertão

Fonte: Brasil Arquitetura, 2012

Fonte: Brasil Arquitetura, 2012

Fonte: Brasil Arquitetura, 2012 Figura 3.16: Vão livre relacionando-se com a Torre Malakoff.

Figura 3.17: Cais do Sertão, Terminal de passageiros de Recife e Torre Malakoff.

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Cais das Artes

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3.2. CAIS DAS ARTES

O projeto do Cais do Artes é constituído por um Museu e um Teatro equipados para receber eventos artísticos de grande porte, o conjunto arquitetônico projetado para o Cais das Artes, em Vitória, tem como característica central a valorização do entorno paisagístico e histórico da cidade.

Localizado na Enseada do Suá, numa extensa esplanada aterrada em frente ao canal que conforma a ilha de Vitória (figura 3.19), o projeto faz um elogio desse território construído pelo monumental confronto entre natureza e construção, numa cidade cotidianamente animada pela presença do porto, no constante e enérgico trabalho das docas (Paulo Mendes da Rocha + METRO arquitetos).

3.2.1. Intenções projetuais

Os arquitetos decidiram configurar o espaço em questão como uma praça aberta ao lazer da cidade, criando um passeio público junto ao mar.

Assim, decidiram suspender os edifícios do solo de modo a permitir visuais livres e desimpedidas desde a praça para a paisagem ao redor, possibilitando a visualização tanto dos movimentados trabalhos no mar, ligados ao porto, quanto para o patrimônio natural e arquitetônico da cidade, no qual se destacam as montanhas de Vila Velha e o Convento da Penha, localizado do outro lado do canal, em frente ao conjunto projetado (figura 3.20).

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Fonte: Google Earth, 2017 Fonte: METROO Arquitetos, 2011

Figura 3.19: Localização da área do projeto.

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Cais das Artes

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3.2.2. Acessos e circulação

O acesso ao conjunto se faz pela praça seca, um espaço aberto para circulação de grande público. Ao centro do projeto está o volume retangular suspenso, de maior destaque, onde ficam os espaços de exposições, onde acessa-se por elevadores e escada.

Ao lado está o prédio anexo, que conta com salas para oficinas variadas. Este prédio comunica-se com o prédio de exposições e museu através de pequenas pontes.

Do outro lado do terreno, encontra-se o teatro, um prédio independente, sem ligações diretas com os outros prédios.

A circulação principal é linear, de acordo com o desenho da implantação. A circulação vertical acontece através de escadas e elevadores localizados nas edificações, mais marcantes nos prédios de oficinas e teatro.

3.2.3. Elementos arquitetônicos e construtivos

A volumetria do Cais das Artes evidencia os formatos geométricos. Com dois cubos e um volume retangular vazado, as linhas retas marcam o projeto (figura 3.22).

O uso do concreto aparente é marcante em todo o projeto, assim como janelas em fita, o uso de pilotis, lembrando traços do modernismo brasileiro (figura 3.24).

No prédio do museu, os salões comunicam-se visualmente entre si e com a Praça, através de caixilhos inclinados, que permitem a entrada de luz indireta refletida do piso e nunca insolação direta (figura 3.23).

Centro de Estudos da Pesca Artesanal

Fonte: METROO Arquitetos, 2011 Fonte: METRO Arquitetos, 2011

Figura 3.22: Conjunto do Cais das Artes evidenciando o uso de concreto aparente.

Fonte: METROO Arquitetos, 2011 Figura 3.21: Planta baixa com os acessos, em vermelho o acesso ao museu e

exposições, em verde o acesso ao prédio anexo e em azul o acesso ao teatro.

Fonte: METROO Arquitetos, 2011 Figura 3.23: Caixilhos inclinados

com vidro no Museu.

Figura 3.24: Elementos modernistas: pilotis e janelas em fita.

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Cais das Artes

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3.2.4. Elementos estruturais

O Edifício do Museu é configurado por duas grandes vigas em concreto armado protendido paralelas elevadas do solo 3m, com apenas três apoios cada e a 20m uma da outra (figura 3.26). Entre elas sucedem-se salões com a largura constante de 20 m e diversos comprimentos distribuídos em três níveis principais, em estrutura metálica.

O restante do programa concentra-se em uma torre anexa, de concreto armado, que vai ao chão, conectada ao corpo principal através de pequenas pontes, e o prédio do teatro, também em concreto armado.

Centro de Estudos da Pesca Artesanal

3.2.5. Relação com o entorno

O conjunto arquitetônico integra uma área de expansão urbana que tem recebido investimentos significativos, tanto públicos quanto privados, passando a abrigar equipamentos novos de grande porte, tais como edifícios administrativos, tribunais, shopping centers e condomínios residenciais. Trata-se de uma área estratégica para o desenvolvimento econômico e cultural da cidade (figuras 3.27).

Segundo o escritório, o projeto procura disciplinar a ocupação urbana em frente ao mar lançando luz sobre o seu próprio processo de constituição material: a técnica de construção do aterro, as muralhas de cais, a existência do canal, a presença do porto etc. Ao mesmo tempo, do ponto de vista volumétrico, o partido adotado busca uma leveza capaz não apenas de preservar a integridade visual da paisagem circundante, mas, sobretudo, de valorizá-la de modo eloquente.

Figura 3.26: Vigas de concreto armado protendido com apoios.

Figuras 3.27: Conjunto do Cais das Artes e a cidade de Vitória.

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Cais das Artes

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Fonte: METRO Arquitetos, 2011

3.2.6. Justificativa do referencial

A opção pelo local de implantação do projeto, que fica as margens da baía de Vitória. Como foi tratada a volumetria do projeto em relação à paisagem existente, um excelente auxílio para o desenvolvimento do partido projetual.

Os seus usos também são interessantes e assemelham-se com a proposta do TFG I. Os matérias usados e técnicas construtivas auxiliarão no desenvolvimento do partido arquitetônico.

Centro de Estudos da Pesca Artesanal

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Museu Marítimo do Brasil

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3.3. MUSEU MARÍTIMO DO BRASIL

O projeto do Museu Marítimo do Brasil ira ocupar o local onde encontra-se o Espaço Cultural da Marinha, no Rio de Janeiro, que será inteiramente revitalizado para se adequar aos novos usos. O novo Museu fica nas margens da baía de Guanabara, onde se integrará ao patrimônio histórico, natural e urbano de seu entorno, onde estão a Ilha Fiscal, a Igreja da Candelária, a Casa França-Brasil, o CCBB, o Museu Naval, o Museu Histórico Nacional, o Museu de Arte do Rio e o Museu do Amanhã.

O Museu Marítimo do Brasil irá agregar-se à

reurbanização da zona portuária do Rio de Janeiro, que está devolvendo à cidade sua vocação de estar voltada para o mar, elo de ligação com o resto do país e com o mundo.

3.3.1. Intenções projetuais

O programa foi dividido em dois edifícios (figura 3.29) que se elevam sutilmente do piso como uma rampa, resultando em uma arquitetura topográfica que permite o acesso dos visitantes à cobertura e sua plena utilização. Buscamos desta forma estabelecer uma relação harmônica com todos os elementos do entorno e ainda possibilitar o atracadouro do navio-museu Rebocador Laurindo Pitta e das outras embarcações da Diretoria de Patrimônio Histórico da Marinha (Jacobsen Arquitetura).

A visitação será feita através de rampas com inclinação para acessibilidade, e será dinâmica, promovendo distintas vistas tanto para a paisagem natural da cidade como para os edifícios históricos (figura 3.30). Esta dinâmica é reforçada através do pé-direito alto, de vãos no piso e da interação dos edifícios com o exterior. O percurso será inesperado, como uma aventura ou descobrimento, com salas de dimensões variadas, na intenção de fazer o visitante perder a noção da estreita e longa forma do píer (Jacobsen Arquitetura).

Centro de Estudos da Pesca Artesanal

Fonte: Google Earth, 2017 Fonte: Jacobsen Arquitetura, 2017

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Figura 3.29: Localização do Museu Marítimo do Brasil.

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Museu Marítimo do Brasil

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Centro de Estudos da Pesca Artesanal

Fonte: Jacobsen Arquitetura, 2017 adaptado pelo autor Fonte: Jacobsen Arquitetura, 2017

3.3.2. Acessos e circulação

O Museu se divide em dois edifícios. O primeiro é onde fica o hall principal com área de acolhimento, bilheteria, loja, a administração, restaurante e auditório. O segundo edifício é onde fica o corpo do Museu em si, com espaços para exposição e também recebimento e preparação do material expositivo. O acesso para ambos os prédios é controlado a partir de duas guaritas ligadas ao passeio público (figura 3.31).

O acesso ao museu se faz pela rampa que também faz acesso à cobertura do edifício, criando uma integração do edifício com a natureza e com a cidade ao mesmo tempo. O acesso para as exposições e para o café localizam-se no meio dessa rampa (figura 3.32).

A circulação dentro do Museu tem caráter horizontal devido à forma do edifício. Inicia-se com uma sala introdutória, no mesmo nível temos as salas de exposições temporárias que ao final se abrem como um mezanino para a grande sala de exposições de longa duração no pavimento inferior, cujo acesso se dá também pela sala introdutória, através de uma rampa.

Chegando ao nível térreo, encontra-se uma sala de grande dimensão com pé́-direito de 12 metros e uma abertura igualmente generosa, onde ficarão exposições de longa duração. A circulação pelas demais salas de exposições com dimensões e alturas variadas, sendo dinâmica e imprevisível. Ao final da visitação encontra-se uma sala para atividades educativas e marcam o fim da visita em frente ao navio-museu Bauru.

Fonte: Jacobsen Arquitetura, 2017 adaptado pelo autor

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Figura 3.31: Acessos ao conjunto do Museu Marítimo do Brasil.

Figura 3.32: Acesso ao edifício do museu.

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Museu Marítimo do Brasil

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Centro de Estudos da Pesca Artesanal

Fonte: Jacobsen Arquitetura, 2017 Fonte: Jacobsen Arquitetura, 2017

3.3.3. Estrutura e bioclimática

O projeto usa exposição à luz natural para reduzir o consumo de energia elétrica. As aberturas foram pensadas de modo a contribuir com o conforto térmico e ambiental interno do Museu. Todo o projeto conta com acessibilidade a todas as áreas do Museu e com a ausência de elevadores e escadas rolantes, contribuindo para o caráter sustentável do projeto.

Materiais metálicos de refugo da indústria naval foram utilizados como elementos da estrutura e como vedação da construção (figura 3.34). Assim, o projeto não utiliza sistemas construtivos ou acabamentos de alto custo, proporcionando pouca manutenção a longo prazo e custo reduzido. A utilização de sistema estrutural metálico leve, com perfis de mercado, reduz o peso das edificações nas fundações do píer.

Ainda nesse conceito, foi reduzida a utilização de alvenarias de tijolos cerâmicos e de elementos em concreto armado, trabalhando com chapas de aço corten nas fachadas e placas de gesso para as paredes internas (figura 3.35).

Para a melhor manutenção do edifício, foi lançada ainda uma bandeja metálica engastada em torno de todo o píer. Tal estrutura também trará segurança para a aproximação de embarcações (figura 3.36).

Fonte: Jacobsen Arquitetura, 2017 Figura 3.35: Parte interna do museu.

Figura 3.34: Chapas de aço corten na fachada e aberturas verticais.

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Figura 3.41: Edificações do museu e o submarino Riachuelo.

Museu Marítimo do Brasil

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Centro de Estudos da Pesca Artesanal

3.3.5. Relação com o entorno

O novo Museu fica nas margens da baía de Guanabara, onde se integrará ao patrimônio histórico, natural e urbano de seu entorno, onde estão a Ilha Fiscal, a Igreja da Candelária, a Casa França-Brasil, o CCBB, o Museu Naval, o Museu Histórico Nacional, o Museu de Arte do Rio e o Museu do Amanhã (figura 3.42).

O Museu Marítimo do Brasil irá agregar-se à reurbanização da zona portuária do Rio de Janeiro, que está devolvendo à cidade sua vocação de estar voltada para o mar, elo de ligação com o resto do país e com o mundo.

3.3.6. Justificativa do referencial

A opção por este projeto se deu por diversos temas abordados que nortearão na elaboração do partido projetual.

O fato de ser implantado nas margens do mar, de estar próximos a pontos turísticos e bens tombados pelo IPHAN, são itens que coincidem com a minha área escolhida.

O uso da edificação também é outro fator que foi levado em conta, com áreas de exposição, culturais e comerciais. O modo de como a arquitetura contemporânea foi inserida em uma área com prédios históricos e fabris também são importantes.

Fonte: Jacobsen Arquitetura, 2017

Fonte: Google Earth, 2017 adaptado pelo autor Igreja da Candelária

Ilha fiscal

Casa França-Brasil CCBB

Museu Naval

Museu Histórico Nacional Museu de Arte do Rio Museu do Amanhã

Museu Marítimo do Brasil Figura 3.40: Cobertura cumprindo o seu papel de equipamento urbano e a

contemplação da vista.

Fonte: Jacobsen Arquitetura, 2017

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Figura 3.44: Imagem externa da La Fábrica.

La Fábrica

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3.4. LA FÁBRICA

Em 1973, o arquiteto espanhol Ricardo Bofill encontrou uma fábrica de cimento abandonada em Barcelona, um complexo industrial composto de silos, galerias subterrâneas e salas de máquinas enormes, e decidiu transformá-lo na sede de um escritório de arquitetura (figura 3.43). A fábrica, abandonada e em estado de arruinamento, era um conjunto de elementos surrealistas: escadas que subiam para lugar nenhum, estruturas de concreto armado que nada sustentavam, pedaços de ferro suspensos no ar e enormes espaços vazios.

3.4.1. Intenções projetuais

O processo de transformação começou com a demolição de parte da estrutura, alguns silos permaneceram tornando-se escritórios, um laboratório de modelos, arquivos, uma biblioteca, uma sala de projeções e um espaço utilizado para exposições. O complexo está no meio de jardins com vasta vegetação. Este projeto é a prova de que um arquiteto imaginativo pode adaptar qualquer espaço para uma nova função, não importa o quão diferente ele pode ser a partir do original.

Centro de Estudos da Pesca Artesanal

Fonte: Ricardo Boffil, 2015 Fonte: Ricardo Boffil, 2015

Figura 3.45: Jardim e La Fábrica.

Figura 3.47: Imagens das ruínas e jardins. Figura 3.43: La Fábrica, em Barcelona.

Figura 3.46: Jardim do conjunto La Fábrica.

Fonte: Ricardo Boffil, 2015 Fonte: Ricardo Boffil, 2015 Fonte: Ricardo Boffil, 2015

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La Fábrica

3.4.2. Justificativa do referencial

O projeto foi escolhido por ser uma intervenção em um prédio em estado de arruinamento, coincidindo com o local selecionado para o TFG I. O modo como o arquiteto tratou essa intervenção, serve como base e inspiração para o lançamento do partido projetual.

Centro de Estudos da Pesca Artesanal

Figura 3.50: Elementos estruturais mantidos pelo arquiteto em La Fábrica. Figura 3.49: Imagem interna do conjunto La Fábrica, com escritório de arquitetura.

Fonte: Ricardo Boffil, 2015

Figura 3.51 e 3.52: Elementos estruturais mantidos.

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Figura 3.48: Imagem interna do conjunto La Fábrica, com escritório de arquitetura.

Fonte: Ricardo Boffil, 2015

Fonte: Ricardo Boffil, 2015

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Cidade de Laguna

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4.1. LOCALIZAÇÃO DA CIDADE

O município de Laguna fica localizado no litoral da região sul de Santa Catarina, onde pertence à Associação dos Municípios da Região de Laguna (AMUREL, 2009). Está distante 110 km da capital Florianópolis, é cortado pela rodovia BR 101 e possui três acessos.

Banhada pelo oceano Atlântico, Laguna possui belezas naturais em abundância, como quinze praias, oito lagoas, morros e dunas. Pertence a APA (Área de Proteção Ambiental) da Baleia Franca e possui uma área com a Poligonal de Tombamento do IPHAN.

Centro de Estudos da Pesca Artesanal

Fonte: AMUREL, 2015

Fonte: Google Earth, 2017 adaptado pelo autor

4.2. DADOS GERAIS

Laguna possui uma área de 441,56 km², população de 44.316 habitantes, onde a maioria reside em área urbana. Apresenta latitude de 280 28' 54'' ao Sul e longitude 480 46'56‘’ à Oeste de Greenwich e altitude média de 4 metros.

O município faz divisa ao norte com os municípios de Imbituba e Imaruí, ao sul com Jaguaruna, ao oeste com Capivari de Baixo, Tubarão e Pescaria Brava e ao leste com o Oceano Atlântico.

A economia do município baseia-se principalmente na pesca, com alta produção de camarão e siri em suas lagoas e de pescados na costa do Atlântico Sul. A pecuária e a agricultura são desenvolvidas principalmente no interior. O turismo e o comércio são outros fatores econômicos.

BR 101 SUL PORTO ALEGRE TUBARÃO CRICIÚMA NORTE FLORIANÓPOLIS IMBITUBA GAROPABA Centro Histórico

Área da proposta Acesso norte de Laguna Acesso principal de Laguna

Figura 4.1: Mapa da AMUREL.

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4.3. DESENVOLVIMENTO URBANO-ESPACIAL E ECONÔMICO

Esse capítulo visa melhor compreensão da história do município de Laguna, mostrando a evolução da cidade desde sua colonização até os dias atuais.

A história de Laguna iniciou quando os colonizadores portugueses rumaram atrás de novos atrativos econômicos, em busca de novas terras no sul do país. Em 1676, Domingos de Brito Peixoto chega a uma localidade que apresentava uma proteção física por parte de seu relevo acidentado, caracterizando um bom local de proteção rodeado pelas águas de uma lagoa. Funda-se a póvoa de Santo Antônio dos Anjos de Laguna, o terceiro povoado da província de Santa Catarina (LUCENA, 1998).

Centro de Estudos da Pesca Artesanal

Fonte: PIAZZA, Wagner, 1983

Com o passar dos tempos, o desenvolvimento chegou a Laguna com a instalação do porto que escoava cargas vindas de várias locais do sul do Brasil, onde houve o crescimento e a evolução da póvoa para vila causando um forte crescimento econômico (LUCENA, 1998).

A abertura dos portos para a chegada de produtos vindos de outros países acabou acarretando varias revoluções como forma de protesto. A revolução ocorrida na região sul foi a Farroupilha (1835 – 1845) que teve inicio no Rio Grande do Sul e em 1839, Laguna é tomada pelos farroupilhas sendo instituída a república Juliana ou república Catarinense onde surge a heroína dos dois mundos: Anita Garibaldi. Junto de Giuseppe Garibaldi, liderou as tropas farroupilhas durante a revolução.

Fonte: www.estudopratico.com.br, acessado em 2017 Figura 4.3: Mapa os povoados da província de Santa Catarina. Figura 4.4: Navio dos farrapos sendo puxado por bois.

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Centro de Estudos da Pesca Artesanal

Fonte: Acervo Diário do Sul Passado alguns anos, a economia portuária que estava em

alta evoluiu mais ainda com a chegada do trilho do trem ao centro da cidade, trazendo carvão de Criciúma até o porto para o seu escoamento, ajudando mais ainda no desenvolvimento econômico do município. Anos depois, o porto de Laguna sofreria algumas modificações devido a uma grande dificuldade em ancorar navios de grande calado por causa do assoreamento do porto. Assim, foi necessária a retirada do porto da área central da cidade, transferindo-a para o bairro Magalhães, fato que não solucionou o problema e acabou fazendo com que Laguna perdesse a maioria das cargas para o município vizinho de Imbituba (LUCENA, 1998).

Nos dias atuais, Laguna conta com o comércio como um dos pilares de sua economia, assim como a pesca artesanal e industrial, com a transformação do porto em porto pesqueiro, a agricultura e pecuária. Por ser uma cidade rica em belezas naturais e com grande importância histórica nacional, o turismo também se destaca na economia local. Em 2007 foi implantada na cidade uma unidade da Universidade do Estado de Santa Catarina, fato que mudou e pode impulsionar o crescimento da cidade tornando-a em polo educacional. Inclusive, um dos cursos ofertados pela instituição é a graduação em Engenharia da Pesca, que vem de encontro ao tema do trabalho.

Fonte: UDESC, 2011

Fonte: Acervo Diário do Sul

Figura 4.5: Campus da UDESC em Laguna.

Figura 4.6. Porto e Laguna no centro no início do século XX.

Figura 4.7: Porto de laguna no bairro Magalhães em 1920.

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Centro de Estudos da Pesca Artesanal

Figura 4.8: Mapa da evolução urbana de Laguna em 1880. 4.4. A ORLA DA LAGOA SANTO ANTÔNIO DOS ANJOS

A partir de 1880 a cidade de Laguna começou (Fig. 4.8) a receber intervenções urbanas, e uma delas foi o aterramento da orla da lagoa para receber a estrada de ferro. Essa intervenção iniciou-se pelo bairro Campo de Fora estendendo-se até o cais do porto, onde foi construída também uma estação de trem.

Com isso a economia foi desenvolvendo-se e a Rua da Praia (Rua Gustavo Richard) tornou-se a principal via da cidade, onde acontecia o comercio de produtos como peixes, hortaliças, tecidos e ferragens.

Por volta de 1939 o porto carvoeiro foi transferido do Centro para o bairro Magalhães, onde mais uma parte da orla foi aterrada e uma nova via foi aberta ligando as localidades. No Centro continuou funcionando o porto de cargas gerais e de passageiros, com um intenso movimento. Junto com a criação dessa nova área, foram realizadas obras de infraestrutura como instalação de energia elétrica, água encanada, e construção da rodoviária e do Cine Mussi.

Nos anos 50 a área da orla foi começando a ser ocupada e privatizada, que poderia ter sido planejada para ser espaço público com atividades de lazer. Após a década de 60 não houve mais nenhuma alteração na malha urbana, somente de mudanças de nível arquitetônico e seus respectivos usos, encerrando o ciclo de transformações físicas do Centro.

Com a abertura da Av. Eng. Colombo Salles, o comércio e prestação de serviços foram atraídos ao longo dessa via, fazendo com que o Centro perdesse um pouco do seu prestígio social. Nesse período foram instalados na orla os galpões das indústrias pesqueira e de arroz.

Em 1985 as transformações urbanas desta área, além de serem aprovadas pelo Poder Público Municipal, também precisaram ser aprovadas pelo IPHAN devido ao tombamento federal.

Atualmente a orla encontra-se quase toda ocupada por diversos usos, como estacionamento, o Mercado Público, o cais, a Marinha do Brasil, comércio, residências e instalações industriais em estado de arruinamento. É neste local que encontra-se a edificação e o terreno analisados neste trabalho.

Cidade de Laguna

Fonte: LUCENA, 1998 Figura 4.9: Mapa da

evolução urbana de Laguna em 1920.

Fonte: LUCENA, 1998 Fonte: LUCENA, 1998 Figura 4.10: Mapa da evolução urbana de Laguna em 1997.

(41)
(42)

Diagnóstico

42

5.1. ASPECTOS FUNCIONAIS

As análises dos aspectos

funcionais tem o objetivo de

compreender a relação da área da proposta com o entorno imediato e à sua relação com a cidade. Serão analisadas as potencialidades, condicionantes, infraestrutura, uso do solo, entre outros.

Esses aspectos possibilitam agregar informações para nortear o desenvolvimento do partido projetual e a sua interação com o entorno urbano existente.

5.1.1. Área de intervenção no contexto urbano municipal

As análises da área foram feitas em três escalas: municipal, onde os

acessos, fluxos e entorno são

evidenciados, entorno imediato, que relaciona a área com a cidade, acessos e fluxos locais do bairro em que a área está inserida, e a área de estudo, cuja análise mais completa é realizada, como uso do solo, espaços públicos e construídos, gabaritos, entre outros.

Centro de Estudos da Pesca Artesanal

Fonte: CARDOSO, 2016

(43)

5.1.3. Fluxos e conflitos

A via com maior fluxo na área de estudo é a Avenida Colombo Machado Salles, que faz conexão entre bairros e é por onde passa o transporte público. As demais vias possuem fluxo médio: Rua Osvaldo Aranha e Rua Osvaldo Cabral, e baixo fluxo: Rua Calheiros da Graça, Rua Voluntário Benevides e Travessa Comandante Moreira.

Em relação a conflitos viários, foi identificado um na rótula da Avenida Colombo Machado Salles (figura 5.7) onde faz ligação com a Rua Gustavo Richard, Rua Conselheiro Jerônimo Coelho e Rua Osvaldo Cabral. O conflito ocorre pelo fluxo alto de veículos e pela intensa movimentação de pedestres.

Figura 5.4: Rua Osvaldo Aranha. 5.1.2. Sistema viário

A área em estudo é abrangida por uma via arterial, com sentido duplo separados por um canteiro central e pavimentada. O fluxo é composto: veículos de passeio, de carga, transporte público, pedestres e ciclistas.

Paralelamente à área de estudo, essa via arterial chamada Avenida Colombo Machado Salles possui tráfego intenso, ligando o Centro Histórico de Laguna com o bairro Magalhães e com o bairro Campo de Fora.

As demais vias que estão nas proximidades da área são locais, com tráfego menos intenso, com pavimentação de paralelepípedos com passeio público não padronizado.

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Poligonal de tombamento Via local

Via arterial

Área de intervenção

Fonte: Google Earth,2017

Figura 5.3: Rua Gustavo Richard. Figura 5.2: Av. Colombo M. Salles.

Diagnóstico

Centro de Estudos da Pesca Artesanal

Fluxo baixo Fluxo médio Fluxo alto Área da proposta

x

Fonte: Google Earth, 2017 adaptado pelo autor

Figura 5.5: Mapa do sistema viário.

Fonte: IPHAN, adaptado pelo autor Figura 5.7: Mapa de fluxos.

Fonte: IPHAN, adaptado pelo autor Figura 5.6: Conflito viário.

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Diagnóstico

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5.1.4. Pavimentação e acessibilidade

As vias no entorno da área de estudo são todas pavimentadas e compostas por dois tipos de pavimentação: paver (Avenida Colombo Machado Salles) e paralelepípedo (demais vias). No geral, as vias apresentam bom estado de conservação, porém em alguns pontos apresentam problemas de drenagem.

Em relação à acessibilidade, os passeios públicos no geral são precários, exceto na Avenida Colombo Machado Salles, que possui bom dimensionamento e acessibilidade, mas não possui piso tátil. Nas outras vias o passeio público não é padronizado e não possui acessibilidade e em determinados pontos dificulta até mesmo a circulação de pedestres. Não existem também ciclovias ou ciclofaixas.

5.1.5. Transporte público

A área de estudo possui boa cobertura de transporte público municipal, com uma parada e passando em frente a área de intervenção. A alguns metros da área está localizado também uma área de embarque e desembarque de passageiros vindos de várias áreas da cidade.

Centro de Estudos da Pesca Artesanal

Fonte: Google Earth, 2017 adaptado pelo autor

Embarque e desembarque Ponto de ônibus

Área da proposta

Linha de transporte público

Fonte: Google Earth, 2017

Figura 5.10: Pavimentação Rua Osvaldo Aranha.

Figura 5.11: Pavimentação Rua Gustavo Richard. Figura 5.8: Cobertura do transporte público.

Figura 5.9: Pavimentação Av. Colombo M. Salles.

Fonte: Google Earth, 2017

Referências

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