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O novo normal - Desafios e oportunidades em meio a nova mudança de paradigma. - Xikola Yetu

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Desafios e oportunidades em meio a

nova mudança de paradigma.

tion

pt

®

e n g i n e e r i n g m a g a z i n e

(2)

Ficha Técnica

DI RECTOR EXECUTIVO

Jailson Coluna

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO

Armando Mualumene

Érica Tavares

Seidou Ndolumingo.

CONSELHO EDITORIAL

Alcira da Graça, Arthur Chalila,

Charmen Kupessa, Fernando Silveira,

Inácio Amaral, Isidora Barros,

Josemar Henriques, Kepfel Neves,

Marnes Cassule, Teresa Junqueira,

Tarcília Prazeres.

REVISÃO & ESTRUTURAÇÃO

Afonso Dieno, Áurea André,

Fernando Pinas.

PAGINAÇÃO & DESIGN GRÁFICO

Disrupttion ™

CRÉDITOS DE FOTOGRAFIA

Unsplash.com

Fordreamers –

training center and

consulting

(p. 39)

2ª Edição

Outubro 2020

Luanda – Angola

(+244) 941 641 017 | (+244) 949 104 951

disrupttionengineering.magazine@gmail.com

www.xikoladevyetu.co.ao

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04. Editorial

O Novo Normal

06. E-commerce em Angola

Análise da cibersegurança em Angola

14. Phishing

Perspectiva Jurídica

22. A Nova crise do Petróleo

Desafios e oportunidades para o sector

petrolífero angolano

26. Potencial das Energias Renováveis

em Angola

34. Carros Eléctricos

Uma projecção para o contexto angolano.

40. A Construção Civil pós Covid

44. Sustentabilidade Alimentar

48. Contabilidade e o Paradoxo de

suas Aplicabilidades

53. As Startups e a Indústria

58. Referências

Sumário

(4)

EDITORIAL

conceito de novo normal, tem estado cada vez mais presente no seio da nossa sociedade. Trata-se de um conceito antigo, “o comum”, que ao adaptar-se a um determinado cenário tem o poder de tor-nar-se novo. O mundo e de forma particular o nosso país, tem passado por uma série gradual de transições ou por várias mu-danças de paradigmas que consequente-mente, ao longo da história, têm condi-cionado fundamentalmente a nossa forma de pensar e olhar para as coisas – a nova normalidade.

Em meio a essa reflexão, importa

referenciar que a “evolução

gradual” não é uma novidade para

o mundo

.

Olhando para o contexto actual, este pro-cesso de evolução ou adaptação, tornou-se mais intenso com o surgimento da pande-mia da COVID-19. Vários sectores como o da saúde e o da economia têm enfrentado muitos desafios, sobretudo na primeira fase da pandemia devido a rápida transição de paradigma.

Nesta fase em que o espectro das neces-sidades tem se alargado, reconhecemos a imperiosidade de nos adaptarmos à nova normalidade, seus inúmeros desafios e tam-bém para as diversas oportunidades que o mesmo apresenta.

Para Angola, a pandemia da COVID-19 veio de certa forma acelerar a diversificação ou

O Novo Normal

realçar a necessidade de exploração de no-vos produtos e fornecimento de utilidades. Um exemplo prático, é o processo de inte-gração da economia digital, e-commerce, que tem crescido de forma exponencial, colocando os meios rudimentares ou tradi-cionais de comércio cada vez mais de lado, atendendo alguma das necessidades impos-tas pela pandemia.

Desde o ano de 2014 que a abordagem de que Angola é uma “economia do petróleo”, tem sido questionada por muitos membros da sociedade civil, em detrimento dos indícios do surgimento da crise económica e financeira naquele período.

Agora, quais as possíveis alternativas

para esta problemática?

Para a resolução de problemas, importa em alguns momentos olharmos para os exem-plos associados ao mesmo. Dentre os indi-cadores existentes, uma das soluções apon-tadas é a diversificação, para que se garanta a sustentabilidade económica e o bem-estar social e, de certa forma para o nosso con-texto, isso encontra-se alienado a necessida-de da massificação do empreennecessida-dedorismo local e a criação de um ecossistema de

star-tups robusto, capaz de atender as

necessi-dades mais emergentes do nosso país.

A adaptação ao novo comum – novo normal

O

(5)

– é o ponto central da situação. Existe uma grande necessidade de olharmos para os modelos menos convencionais para atendermos a essa questão, “quem diria que um dia as entregas de alguns produtos seriam efectuadas por meio de drones”.

Pela observação dos dados estatísticos as-sociados a densidade demográfica de An-gola, é possível afirmar que maior parte da população angolana é maioritariamente jovem. Bom seria se a matriz desta adapta-ção ou incremento fosse a juventude.

Nesta senda, olhamos para aquilo que nós chamamos de necessidade do século para Angola - a emancipação. A urgente e gran-de necessidagran-de gran-de nós os jovens, gran-de forma específica, olharmos para o futuro.

Como é que nós os angolanos

devemos encarar a diversificação

e o desenvolvimento?

Repara que não haverá progresso ou mu-dança de paradigma se continuarmos a olhar para essa questão como sendo uma questão meramente política ou uma res-ponsabilidade de apenas uma parte da nos-sa sociedade.

Portanto, é importante que tenhamos sempre em mente a importância da cooperação entre todos os actuadores da nossa sociedade. Precisamos olhar para os desafios impostos pelo novo normal com sendo a oportunidade ideal de sermos disruptivos e para o efeito, tudo partirá primeiramente da mudança da nossa forma de pensar, reitero.

Jailson Coluna

Estudante de Engenharia Electrotécnica Director Executivo da Disrupttion.

(6)

E-commerce em Angola

Análise da cibersegurança em Angola

Nelson Tito Mário

Engenheiro, Professor da Faculdade de

Engenharia da Universidade Agostinho Neto.

(7)

produtos, fazendo com que cada vez mais a população ganhe confiança a esta modali-dade de comércio.

A tendência é que este número aumente devido à diversidade de produtos e serviços, preços atrativos em comparação com as lojas físicas.

Hoje em tempos de pandemia e com as restrições que ela trouxe é notória a forte aposta no comércio electrónico e um nú-mero crescente de empresas que têm usado este mecanismo afim da satisfazer a procura por produtos e serviços, oferecendo um sonho semelhante: comprar sem sair de casa.

E embora algumas pessoas olhavam para o

e-commerce com bastantes dúvidas, como

sendo um “local” onde poderiam ser fácil-mente enganados, um negócio menos

sé-rio do que uma loja física, hoje esta ideia

é diferente.

Fot o de Aus tin Dis tel em Unsp la sh

Com o passar do tempo, os consumidores angolanos têm procurado fazer as suas compras de maneira mais consciente e, é cada vez mais recorrente a pesquisa de informações quer seja por meio de amigos, familiares e principalmente na Internet. No desejo de encontrar o produto/serviço pretendido com uma qualidade e preço acessível é cada vez mais recorrente os consumidores optarem por plataformas de compras online ou e-commerce [1].

O e-commerce ou comércio

electrónico é um tipo de transação

comercial feita especialmente através

de um equipamento electrónico.

Em Angola a uns 15 ou 20 anos atrás, este tipo de transação não era tão difundido, devido ao pouco investimento na área das TI’s em Angola. Com a crescente informa-tização das mais diversas actividades, isso transformou a TI em uma área cada vez mais relevante economicamente.

Existe um número significativo de angolanos que tem efetuado compras em lojas virtuais internacionais como a Amazon e Alibaba, em serviços de streaming (Netflix, Spotify), bem como em lojas virtuais nacionais como a Soba e-Store, NCR Angola online, Okulan-das, MeuMerkado, Umclique, Tuteka, Otchi-tanda, Brechó Angola, Stekargo, Baobobay, BayQi, Mamboo, BweVip.Store, Tupuca, Maurell e o Garçom.

Em Angola a empresa NCR tem sido uma das pioneiras no seguimento de comércio electrónico, diariamente milhares de pes-soas têm recorrido a loja online desta em-presa para obtenção dos mais variados

(8)

1

As cidades de Angola, Luanda em particular, possuem um trânsito caótico, perde-se muito tempo ao se movimentar de um pon-to para outro. Os utilizadores aos poucos vão fazendo um cálculo do custo/ benefício do produto. Por exemplo, podemos econo-mizar 1000 Kz em combustível desde a zona Sul ao Centro de Luanda se comprarmos um item online com entrega gratuita, geral-mente a loja adicionará uma taxa inferior a 1000 Kz pela entrega [2].

Comodidade: não precisar de ficar na fila para confirmar se certo produto está em estoque. Numa loja online basta clicar para saber se o produto está disponível ou não.

Pagamento na hora da entrega: se bem que a maior parte dessas lojas permite que seja feito o pagamento prévio, via transferência bancaria, o método preferencial tem sido o pagamento com o cartão de débito (cartão multicaixa), deixando assim os compradores mais confiantes.

Acesso à Internet

Até 18 de Dezembro de 2019 segundo noticiou Pedro Mendes de Carvalho, director nacional das telecomunicações de Angola a Angop, Angola tinha 7 milhões de pessoas a usarem Internet o que 20% da população com acesso à Internet.

Nos últimos anos tem havido um cresci-mento exponencial, e o mesmo tende

a

continuar a crescer devido a factores

como:

2

Por que motivo os sites de

e-Commerce estão a fazer

sucesso em Angola?

3

Políticos: Segundo o Jornal Expansão, o go-verno angolano ambiciona um crescimento de 85% de utilizadores de Internet, aproxi-madamente 12,8 milhões de utilizadores até 2022.

Preço dos Smartphones: actualmente existe uma variedade de smartphones desde os topos de gama até aos mais baratos. O preço não tem sido mais um factor crítico, pois, têm existido smartphones para quase todos os bolsos. A facilidade que as pessoas têm tido em adquirir tem impulsionado diariamente a quantidades de utilizadores de telemóveis em Angola. De acordo com o INACOM (Instituto Angolano das Comunica-ções) existem actualmente mais de 14 milhões de utilizadores de telefonia móvel em Angola. Este número tende a crescer devido ao objectivo do governo angolano de que a taxa de penetração média nacional de telefonia móvel atinja os 59,33% até 2022.

Pacotes económicos de Internet: os prove-dores de Internet têm como parte da sua estratégia comercial, planos económicos que permitem os utilizadores poderem usu-fruir deste serviço independente do perfil financeiro, desde pacotes diários, semanais e mensais. Por causa desta dinâmica comer-cial mais pessoas têm aderido as mídias so-ciais diariamente [3].

Redes sociais

De acordo com os relatórios deste ano elaborados pela Hootsuit e a We are social, revelou a existência de 2,20 milhões de utilizadores de redes sociais em Angola em Janeiro de 2020. O que significa um aumento de + 10% em relação ao período anterior 2019.

O Facebook, WhatsApp e o Instagram têm sido utilizados pelos usuários para fins

co-1.

2.

3.

(9)

comerciais, e tem havido cada vez mais aderência no comércio electrónico de bens e serviços o que têm possibilitado os clien-tes interagirem com os comercianclien-tes e com a loja física.

As empresas e utilizadores das mídias so-ciais têm com muita frequência, recorrido ao serviço de impulsionamento de campan-has para fins diversos: aumento de seguido-res, promoção de produtos/ serviços, tráfe-go para websites/ apps.

A adesão ao serviço de campanhas patroci-nadas nas redes sociais tem aumentado o nível de confianças dos consumidores em transações electrónicas.

Muitos utilizadores têm tirado partido das funcionalidades para perfis comerciais ofe-recidos pelas redes sociais Facebook e Ins-tagram.

As redes sociais além de serem uma pode-rosa ferramenta de marketing para os negó-cios igualmente têm sido usadas como canal de venda de bens e serviços sem a necessidade de recorrer a um estabeleci-mento apesar da não existência de vários meios de pagamento electrónico.

Meios de pagamento

electrónico

Desde 2015 novos meios de pagamento electrónico têm surgido no mercado an-golano, serviços como Kamba, BitCard Angola, Kumbu net, E-Kwanza BAI, Multi-caixa Express, Bai Directo, BFA NET, entre outros, com o propósito de facilitar os paga-mentos para comercialização de bens e ser-viços.

A população angolana está num processo de adaptação destes novos meios de pagamentos de forma a tirar maior proveito no seu dia-a-dia. Por outro lado, estes meios tendem a ser usados nas lojas virtuais para dar ao consumidor uma variedade de opções e comodidade nas transacções monetárias.

Os bancos comerciais têm desenvolvido meios de pagamento online de modo a garantir maior mobilidade no pagamento de bens e serviços, e a população tem aderido a está nova modalidade de pagamento.[4]

Serviços de entrega de

mercadoria

O comércio electrónico em Angola deu maior visibilidade a empresas com serviços de entregas de mercadorias nacionais e in-ternacionais que atuam no nosso mercado, empresas com já muito tempo de mercado e novas entre elas a destacar DHL, FedEx, Tupuca, Eragos delivery, Mamboo, Angola Express, O Garçom, Afrilog, Correios de Angola e Macon.

A título de exemplo as vendas da Tupuca cresceram 100% para 300 milhões de kwanzas, como resultado do aumento das entregas também dobraram para mais de mil durante a vigência da crise sanitária em resultado da COVID-19.

COVID-19 vs e-Commerce

Em Angola, assim como em outros países o confinamento social causado pela pandemia da COVID-19 fez com que as empresas procurassem meios tecnológicos para se

(10)

manterem operacionais no mercado, sendo que muitos que receavam o uso do co-mércio electrónico, por ser o mais recorrido pelos consumidores em tempos de isolamento social, têm feito com que as mesmas empresas ganhassem confiança no mesmo.

O confinamento social causado pela COVID-19, impulsionou os consumidores na adesão as plataformas de venda online e abriu um nicho de mercado para as empresas que eram muito resistentes a mudanças dos meios tradicionais para os digitais.

Actualmente já existem algumas lojas vir-tuais que têm se firmado no mercado de comércio electrónico em Angola, mas ainda assim podemos considerar que o comércio electrónico em Angola encontra-se em es-tado embrionário, mas com um caminho bastante promissor, visto que o comércio electrónico já é uma realidade em muitos países e continua a crescer, o número de utilizadores de smartphones tem crescido consideravelmente em Angola e tem havido muita procura de bens e serviços na Internet.

Cibersegurança em Angola

Com a evolução das tecnologias vem cres-cendo também a quantidade de informação a serem geridas pelas empresas.

Enquanto que para as pequenas empresas, Firewall e Antivírus, podem resolver o pro-blema de cibersegurança, a medida que o número de utilizadores aumenta o número de dispositivos também aumenta, pelo que é necessário ajuda de outros actores/ sis-temas para garantir a cibersegurança, por-que a monitorização, controle e protecção

Da informação torna-se cada vez mais com-plexa. [5]

E em Angola, a temática “Cibersegurança” continua a ganhar uma atenção antes não considerável, visto que já se tem identi-ficado casos de ataques externos, e interno. Ainda o novo paradigma causado pelo COVID-19 trouxe consigo a necessidade das empresas se adaptarem ao trabalho a partir de casa, aumentando a necessidade de ga-rantir a segurança das infraestruturas insti-tucionais.

Em Angola no primeiro semestre deste ano foram registados 1.117 ataques cibernéticos contra empresas públicas, privadas e pes-soas singulares, a informação avançada ao Jornal de Angola, pelo Director Nacional de Cibersegurança do Ministério das Teleco-municações Tecnologias de Informação e Comunicação Social Hediantro Wilson Me-na.

Os ataques à banca totalizaram os 6.9%, enquanto os telemóveis suportaram 34,9%, devido à inobservância de medidas de segu-rança por parte dos usuários. Segundo a fonte, neste momento Angola é o segundo país que mais ataques cibernéticos registou no continente africano, de uma lista lidera-da pela Nigéria.

Em 2019, tivemos o famoso caso da Sonangol, onde a maior empresa estatal ficou 1 mês inteiro inoperacional, por não pagar licenças de antivírus no valor de menos de 200 mil USD/ ano, e depois teve de desembolsar 2 mil milhões de USD em um mês para reparar os danos, informação avançada pelos jornais MakaAngola e Cor-reio da Kianda, e ainda segundo o Jornal o País em 2016 as instituições governamen-tais ficaram sem acesso aos e-mails.

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Ainda em 2019 o prejuízo causado pelos ataques cibernéticos foi estimado em 128 bilhões de USD, um aumento de 8,7% em relação ao ano de 2018.

Por isso, a ameaça em Angola quanto a ataques é tão real que o país se encontra no 64º lugar numa lista mundial dos países que mais sofreram ataques cibernéticos.

Portanto surge a necessidade das empresas nacionais investirem mais em ciberseguran-ça e evitar danos futuros. A consultora EY realizou a vigésima segunda edição do EY Global Information Security Survey (GISS) no final de 2019, onde sondou líderes de 1300 organizações de vários países, inclusive líderes em Angola.

• O Estudo da EY revela que a temática de cibersegurança é considerada à poste-riori pelas empresas nacionais, apesar do crescente número de ataques;

• As organizações nacionais falham ao não considerarem os riscos de cibersegu-rança nas fases iniciais das recentes iniciativas digitais.

• Agentes maliciosos internos são o mo-tivo conhecido, e mais comum, do ciberataque em Angola.

Na presente edição do GISS, a EY preparou, exclusivamente, um relatório específico nacional, onde é possível encontrar o es-tado atual da situação da cibersegurança no país, assim como os desafios que os líderes das Organizações enfrentam atualmente. O certo é que, apesar do crescimento genera-lizado de ciberataques, apenas um terço das organizações nacionais, afirmam que a função de cibersegurança é parte ativa nas fases de planeamento de uma nova inici-ativa de negócio.

Note-se que quase 50% das Organizações enfrentaram um número crescente de ataques disruptivos nos últimos 12 meses, nos quais 16% dos ataques de cibersegu-rança, bem-sucedidos, foram feitos por acti-vistas, e 19% por agentes maliciosos inter-nos.

O especialista da EY, Sérgio Martins, alerta: “Acreditamos que, nos próximos meses, os grupos activistas vão aumentar os ataques, em função da reacção das organizações à pandemia do COVID-19.” No entanto, e apesar do risco acrescido, apenas 33% das iniciativas de negócio suportadas por tecnologias, afirmaram incluir as equipas de segurança desde o início dos projectos.

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% Externos - Grupos de Crime

Organizado

Externos - hacktivistas Internos - Falha dos

colaboradores Desconhecido Internos - agentes maliciosos

De acordo com este estudo, as equipas de cibersegurança das organizações nacionais, têm boas relações com as funções adjacen-tes, tais como IT, auditoria, risco e jurídica, sendo que existe uma desconexão latente com outras áreas de negócio. Vejamos que quase três quartos (71%) das empresas, afir-mam que a relação entre a cibersegurança e o marketing é, no melhor dos casos, escassa

(12)

se não inexistente, enquanto que 86% relatam uma relação neutra. E mais de metade (67%) apontam relações tensas com o departamento financeiro, do qual dependem, naturalmente, para autorização de orçamento.

Estratégias

Por isso o que se espera é que “a relação de confiança entre departamentos, deve ser construída, de forma transversal, durante o processo de transformação digital das empresas”. Este trabalho deve começar ao nível da gestão de topo, tudo para que a cibersegurança seja instituída como um ativador chave de valor acrescentado.

Para reduzir no futuro crimes Cibernéticos na economia, vai ser elaborado brevemente uma Estratégia no sector que incidirá em aprofundar a segurança das redes como forma de garantir a protecção e defesa das infraestruturas críticas e dos serviços vitais de informação, e potenciar uma utilização livre, segura e eficiente do ciberespaço por parte das empresas públicas, privadas e do cidadão.

O combate ao Cibercrime, protecção do ciberespaço e das infraestruturas, educa-ção, sensibilização e prevenção, cooperação e a elaboração de Estratégia Nacional de ci-bersegurança que deve ser encarada como um problema político, social, económico, gestão, policial fazem parte do programa a implementar.

Perigo à economia

O director executivo de operações do Inter-net Technologies Angola (ITA) Túlio Jacinto, em entrevista ao Jornal de Angola, disse que o crescente número de ataques cibernéticos pode ser um perigo para a economia e na segurança de Estado.

Por isso, defende a implementação de medi-das rigorosas de controlo de processos e de funcionários, uma vez que muitas vezes o risco vem de dentro, segundo a fonte. Em especial, no que diz respeito à banca, é muito importante assegurar todos os pas-sos de controlo, auditoria e outras medidas de segurança relativas às aplicações de banca, e em específico as de home banking/ online banking / net banking.

Assim, a título de conclusão podemos dizer que em Angola ainda é muito pouca a cultura de cibersegurança tanto a nível institucional bem como dos particulares. É importante que haja uma mudança de paradigma. Precisamos, com uma certa urgência olhar para esta necessidade cres-cente e com base aos indicadores olhar para as melhores soluções para o nosso país.

“É imperioso a adoção de uma Estratégia Nacional de Cibersegurança para Angola, que estabeleceria a sua visão e os objetivos estratégicos com relação à Cibersegurança. A estratégia deve fornecer detalhes sobre o quadro de implementação”.

(13)
(14)

Willkenny Custódio

Estudante de Direito pela Faculdade de Direito da

Universidade Católica de Angola

O presente artigo, tem como objectivo primordial analisar o

“phishing” advindo dos serviços de internet banking, porém, numa

perspectiva jurídico-legal, concretamente, analisar o tratamento de

dados pessoais do particular face à Lei de Protecção de Dados e a

protecção que o consumidor poderá encontrar na Lei de Defesa do

Consumidor, entre outros dispositivos jurídicos. Para o efeito, de

modo a procedermos a delimitação do estudo, não trataremos das

consequências penais advindas desta fraude electrónica.

111

Phishing

(15)

Phishing

A palavra phishing, é uma corruptela do verbo inglês fishing (pescar, em português) é utilizada para designar alguns tipos de condutas fraudulentas que são cometidas na internet. O

phishing, portanto, é uma modalidade, em que a

mensagem além de indesejada é também fraudulenta.

Contrato de Internet Banking

-Caracterização

Conhecido por internet banking[1], este serviço posto à disposição pela entidade bancária, possibilita aos seus clientes, mediante a aceitação de determinados requisitos a utilização de uma panóplia de operações bancárias online,

relativamente às contas de que sejam titulares, utilizando para o efeito canais telemáticos que conjugam os meios informáticos com os meios de comunicação à distância através de uma página segura do banco, consubstanciando uma prestação de serviços, a subscrição ao internet banking faz-se mediante um contrato de adesão[2][3] e, com base nele, o cliente solicita à instituição bancária a utilização de um serviço informático de forma a movimentar os fundos depositados, surgindo o direito de utilizar este serviço apenas com a adesão ao contrato de banca electrónica, mais precisamente a todas as condições de utilização previstas no contrato.

O contrato de internet banking é um contrato socialmente típico, mas legalmente atípico, uma vez que, apesar de não estar previsto na lei, é de tal forma solicitado pela prática[4]. Este modelo comum deriva, essencialmente da utilização pelos bancos de cláusulas contratuais gerais muito semelhantes nos contratos de banca electrónica. A doutrina portuguesa tem debatido em torno da caracterização ou natureza jurídica deste contrato, alguns caracterizando-o como contrato de adesão

outros por contrato-quadro. Por se tratar de um acordo estabelecido en-tre uma instituição bancária e um cliente segue o sistema adoptado pe-los bancos para a celebração dos seus contratos. O recurso a este tipo de cláusulas contratuais gerais surge atra-vés de questões de economia de tempo, rapidez e maior racionalização em termos legais e processuais. Se-gundo Maria Raquel Guimarães, en-tende-se por contrato-quadro, o con-trato de base que visa definir as princi-pais regras às quais irão ser subme-tidos acordos a celebrar sucessivamen-te no futuro – contratos de execução do contrato-quadro – destinado a pre-parar, facilitar e até potenciar a con-clusão destes, mas com eles não se confundindo[5]. Este contrato estipula, assim, uma parte substancial do con-teúdo de uma pluralidade de contratos contemporâneos ou futuros[6][7]. A principal virtualidade desta figura consiste na reunião de diferentes con-tratos singulares celebrados em virtu-de da sua execução num único “víncu-lo jurídico” conseguindo-se desta for-ma prosseguir objectivos de simplifi-cação e racionalização [8].

(16)

O contrato de internet banking é um co-trato-quadro face às sucessivas operações de transferência electrónica de fundos ordenadas através do serviço de banca electrónica, pois, regula, prevê e simplifi-ca as operações de pagamento a realizar no futuro com este instrumento de paga-mento. Desde modo, sempre que é reali-zada uma operação de pagamento electro-nica através do serviço de internet banking é celebrado um novo contrato de execução do contrato-quadro de banca electrónica. O que sucede com o contrato de internet

banking é o seguinte: no momento da sua

celebração, os contraentes desconhecem quando emitirão ordens de pagamento no âmbito daquele serviço, em benefício de quem e quais os seus montantes. É mister existir uma renovação da vontade por parte do utilizador e do prestador de serviços em cada operação de pagamento, celebrando-se por concelebrando-seguinte um contrato ex novo.

Relação Contratual

A vinculação entre o banco e o cliente gera uma relação obrigacional complexa de onde avultam direitos subjectivos, deveres pri-mários de prestação, deveres secundários e deveres acessórios.

Deveres do Banco

• Dever de emissão e entrega ao utilizador dos dispositivos segurança associados ao internet banking

Neste dever, o banco enquanto prestador do serviço obriga-se a emitir e a entregar a contraparte (cliente) os dispositivos de segurança associados, nomeadamente nome ou número de utilizador e códigos de acesso.

• Dever de correcta execução das ordens

de pagamento autorizadas

No surgimento da vontade para requisição de um serviço de internet banking, o banco não conhece de antemão o momento em que serão emitidas ordens de pagamento através daquele, em benefício de quem, e quais os seus montantes. Significando isso que, a celebração do contrato de banca electrónica não constitui uma autorização genérica para todas as ordens de paga-mento que o utilizador deste serviço pre-tenda realizar [9].

• Dever de manutenção de um serviço de internet banking

Nesta e como em qualquer outra prestação de serviços com um pendor contínuo no tempo, o fornecedor deve efectuar manu-tenções, o mesmo ocorre com a prestação de internet banking, o dever de manter operacionais os sistemas informáticos que o sustentam, bem como de assegurar que não se verifiquem falhas técnicas durante as operações de pagamento, logo, estamos perante um dever acessório de conduta por p arte da entidade bancária, a prestação de um serviço eficaz e seguro.

• Dever de tornar intransmissível os códi-gos de acesso

O banco deve assegurar que os mecanismos de segurança personalizados associados à conta bancária do cliente sejam intransmis-síveis a outras pessoas. Isto é, o banco deve adoptar todas as medidas que estejam ao seu alcance para impedir que os códigos de acesso sejam interceptados por terceiros. Este dever encontra-se entralaçado com o dever de segredo profissional, na medida em que os membros das instituições ban-cárias não devem revelar ou utilizar infor-mações sobre factos ou elementos res-peitantes à vida da instituição ou às rela-ções desta com os seus clientes cujo conhe-cimento lhes advenha exclusivamente do exercício das suas funções ou da prestação

(17)

dos seus serviços, designadamente: nomes dos clientes, as suas contas de depósito, respectivos movimentos e demais opera-ções bancárias.

Deveres do Cliente

• Dever de utilização correcta do serviço internet banking

O cliente deve utilizar o serviço de internet

banking de acordo com as condições que

regem a sua emissão e utilização, este deve utilizar o serviço no limite da provisão existente na sua conta bancária, no caso de ser uma conta à ordem [10], abstendo-se de efectuar operações a descoberto, salvo se tal tiver sido previamente acordado.

• Dever de sigilo

Este é um dever de confidencialidade por parte do cliente relativamente aos dados pessoais, sendo que estes permitem o seu acesso ao sistema de internet banking. Uma vez digitados os códigos de acesso, o sistema reconhece o utilizador do serviço de banca como legítimo portador.

Responsabilidade Civil

Bancária por Fraude

Antes de nos debruçarmos sobre a responsabilidade civil bancária por fraude, é mister para o efeito, partirmos do regime jurídico da simulação constante do Código Civil para encontrarmos uma definição de fraude no âmbito do direito civil (art. 240º nº 1 e 242º nº 1 do Código Civil), bem como o art. 1245º do Código Civil relativo à nulidade do jogo e da aposta. Nesta senda, para qualificar uma actuação como fraudulenta, é necessário o preenchimento cumulativo de dois elementos psicológicos–

um comportamento deliberado que o torna doloso e a intenção específica de obter uma vantagem em prejuízo de terceiros, ou seja, para haver uma actuação fraudulenta, o sujeito deve visar, como fim imediato, re-tirar benefícios em prejuízo de terceiros. No âmbito do contrato de internet banking, a situação típica de uma actuação fraudulenta é a intromissão de pessoa não autorizada em determinada rede informática através de um meio informático, acompanhada da mo-vimentação do saldo bancário para conta de terceiro[11].

Logo, este comportamento de intromissão e movimentação de valores em conta alheia torna-se fraudulento visto que, determinado sujeito realizou actos sem autorização do titular da conta, algo que faz-nos espécie e descartamos de primeira é a prática de um acto fraudulento pelo titular da conta, tal atitude poderá surgir, no entanto a fraude será contra o banco e não contra si, acarretando para tal sanções penais a si próprio.

O tema da responsabilidade dos bancos no ressarcimento dos prejuízos causados pelos ataques de phishing é realmente delicado e de interesse de todo o conjunto da so-ciedade, em razão da disseminação dos ser-viços de internet banking quando exista violação do sistema permitindo que um ter-ceiro, alheio à relação jurídica bancária tenha acesso às quantias monetárias deposi-tadas. Estamos perante um contrato de depósito bancário[12], ou seja, o particular transfere para o banco determinadas quan-tias monetárias, implicando essa uma trans-ferência de propriedade da coisa transfe-rida. Se na intervenção ilícita do terceiro não pesa o comportamento do cliente, no senti-do de ter facilitasenti-do aquela conduta ilícita, a responsabilidade é do banco. Nesta senda, numa situação de fraude informática–

phi-shing – de dados de autenticação do cliente,

o banco não pode afastar a sua

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lidade invocando que a situação não ocorreu no seu sistema informático.

Note-se que, não existindo compartici-pação do particular na operação de fraude, a transferência de verbas para terceiro terá de ser considerada como uma transferência efectivada sem a autorização do titular, logo a responsabilidade da instituição bancária nestes casos implica o dever de indemnizar por danos patrimoniais e morais o cliente, nos termos do Código Civil.

Defesa do Consumidor

A protecção ao consumidor é um direito fundamental, portanto, o Estado tem o dever de garantir por meio de políticas públicas o acesso a órgãos específicos que possam resolver os problemas oriundos da relação comercial. A Lei de Defesa do Consumidor (Lei nº 15/03 de 22 Julho), em seu art.10º nº 2, relativamente ao direito à reparação dos danos prevê que “o fornecedor de serviços responde, indepen-dentemente da existência de culpa pela repa-ração dos danos causados aos consumi-dores por defeitos relativos à prestação de serviços, bem como por informação insufi-ciente ou inadequada sobre sua fruição e riscos, excepto quando provar que, tendo prestado o serviço o defeito não existe ou haja culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro” existindo uma responsabilidade

objectiva dos fornecedores de serviços nas relações de consumo, o art. 12º nº1 da referida lei é bem mais específico colo-cando a designação “por vício do serviço” sendo este de consumo duradouro ou não duradouro os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade[13] que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, salvo melhor opinião, abrimos aqui algumas re-servas quanto ao disposto no art. 10º nº 2, na medida em que o mesmo abre uma

ex-cepção para a provação da inculpabilidade nas circunstâncias de o dano ter como causador um terceiro alheio à relação jurí-dica preexistente. Há também a atribuição do ônus da prova à entidade bancária. O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode es-perar, levando-se em conta as circunstâncias relevantes, tais como o modo de seu forne-cimento, o resultado e os riscos que ra-zoávelmente dele se esperam.

Culminando este ponto, todo e qualquer particular encontrará sempre protecção contratual na qualidade de consumidor, pois é seu direito à protecção dos seus interesses económicos, impondo-se nas relações de consumo a lealdade e a boa fé, nos preli-minares, na formação e ainda na vigência do contrato de internet banking. A boa fé é um dever de conduta das partes com o objectivo de atingir ao máximo o equilíbrio, a segurança e a harmonia nesta relação. O princípio da boa fé nas relações de consu-mo, assim como todos os princípios aqui relacionados ou não, devem servir como parâmetro de conduta não apenas no tipo de relação ora debatida, mas, em todas as obrigações decorrentes das mais diversas actividades, servindo como um meio de va-loração do comportamento tanto dos forne-cedores como dos consumidores, a fim de atingir a harmonia e o equilíbrio entre as partes.

A responsabilidade pelo serviço é a respon-sabilidade que tem como facto gerador o defeito, ou seja, a insegurança que tornou o serviço passível de sofrer ataques fraudu-lentos, logo, a instituição bancária sendo fornecedora deste serviço, imediatamente se imagina que a responsabilidade civil im-putada a esta será sempre objectiva – con-tudo, existem alguns pontos controversos na doutrina.

Os vício de qualidade ocorrem quando o vício for impróprio, ou seja, toda vez que se

(19)

A Agência de Protecção de Dados é uma pessoa colectiva de direito público dotada de personalidade jurídica, com autonomia fi-nanceira, administrativa e patrimonial, cuja missão é apoiar o Governo, tal é regida pela Lei nº 22/11 de 17 de Junho (Lei da Protecção de Dados Pessoais), a mesma tem o seu âmbito de aplicação subjectiva e territorial previsto no art. 3º cuja a aplicabilidade é efectuada por qualquer pessoa e entidade do sector público, privado ou cooperativo pelo que concluímos a aplicação às insti-tuições bancárias tal como rege o art. 2º nº 11º da Lei das Instituições Financeiras (Lei nº 13/05 de 30 de Setembro). Nos termos do art. 6º nº 1, o tratamento de dados pessoais deve processar-se de forma transparente e em estrito respeito pelo princípio da reserva da vida privada bem como pelos direitos, liberdades e garantias públicas fundamen-tais previstos na Constituição da República de Angola e na presente lei. Tal deve ser efe-ctuado de forma lícita e leal, com respeito pelo princípio da boa fé (art. 7º nº 1).

As instituições bancárias devem garantir adequados níveis de segurança e de pro-tecção dos dados pessoais dos titulares dos dados. Para o efeito, devem adoptar diver-sas medidas de segurança de carácter té-cnico e organizativo, de forma a proteger os dados pessoais contra a sua perda, difusão, alteração, tratamento ou acesso não autori-zados, bem como contra qualquer outra forma de tratamento ilícito, pois, é clara a responsabilidade dos bancos assegurar tais medidas, de modo a não perder credibilida-de por parte dos seus clientes, estes credibilida-devem munir-se de materiais bélicos contra ata-ques de phishing. Os riscos pela utilização da internet são eminentes. Uma das grandes motivações dos criminosos internautas é a procura pelo enriquecimento ilícito, através da manipulação de dados electrónicos pes-mostre inadequado para os fins que

razo-ávelmente dele se espera, não atinja sua finalidade, bem como quando não atendam as normas regulamentares de prestabili-dade. No vício de quantidade, o produto com o conteúdo líquido inferior às indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza.

Protecção de Dados

Pessoais

Entende-se por protecção de dados pes-soais, a possibilidade de cada cidadão deter-minar de forma autónoma a utilização que é feita de seus próprios dados pessoais, em conjunto com o estabelecimento de uma sé-rie de garantias para evitar que estes dados pessoais sejam utilizados de forma a causar discriminação, ou danos de qualquer espé-cie, ao cidadão ou à coletividade. É impor-tante ressaltar uma diferenciação vital entre três tipos de dados:

1. Dados pessoais são aqueles relacionados a pessoas identificadas ou identificáveis; 2. Dados anónimos são os que perderam a

sua capacidade de associação a uma pes-soa física;

3. Dados pseudonomizados são aqueles que, com a aplicação de diferentes es-tratégias de protecção, à primeira vista, podem parecer anónimos, mas na reali-dade, permitem que o processo de ano-nimização seja revertido.

Em Angola, a Agência de Protecção de Dados (APD) entrou em funcionamento no dia 8 de Outubro de 2019, com a tomada de posse do Conselho da Administração, um mês depois da criação da instituição pelo Titular do Poder Executivo.

(20)

soais dos utilizadores da Web. Sendo o

internet banking uma ferramenta que se

move com a internet, não fica aquém dessa ameaça. Os dados pessoais são tratados para finalidades determinadas, explícitas e legítimas para as quais foram recolhidos, não podendo ser posteriormente tratados de forma incompatível com essas finalidades, ressaltando aqui o princípio da finalidade previsto no art. 9º da referida lei. É mister pautar pelo impedimento do acesso de pessoa não autorizada aos ficheiros e às instalações utilizadas para o tratamento desses dados.

Os responsáveis pelo tratamento de dados pessoais, bem como as pessoas que, no exercício das suas funções, tenham conhe-cimento dos dados pessoais tratados, ficam obrigados a sigilo profissional, mesmo após o termo das suas funções. Sobre o mote, cabe ainda ressaltar que qualquer pessoa que tiver sofrido um prejuízo devido ao tratamento ilícito de dados ou a qualquer outro acto que viole disposições legais em matéria de protecção de dados pessoais tem o direito de obter do responsável a reparação pelo prejuízo sofrido.

(21)
(22)

A nova Crise do Petróleo

Desafios e oportunidades para o sector

petrolífero angolano.

Mateus Esteita

Especialista em QHSE na Schlumberger

Palestrante e autor do livro o Bolseiro

(23)

O

Refinaria petrolífera de Luanda

petróleo foi descoberto ainda no século XIX, mas desde então tornou-se fundamental e presente na vida da sociedade. O produto se tornou precioso e passou a ser chamado de “ouro negro”, já que os felizardos por descobrir poços de petróleo enriqueciam-se demasi-adamente, tamanho o mercado consumidor que se estruturou em torno do recurso natural. O desenvolvimento da sociedade industrial e de consumo ampliou mais ainda os lucros obtidos com o petróleo.

A primeira crise do petróleo teve início quando se descobriu na década 70 que o recurso natural não é renovável. Em decor-rência disto ou utilizando o facto como pre-texto, o preço do petróleo sofreu muitas variações a partir de tal década, marcando efectivamente cinco momentos de crise do produto, todas depois da Segunda Guerra Mundial provocada pelo embargo dos países membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e Golfo Pérsico de distribuição de petróleo para os Estados Unidos e países da Europa.

As crises na indústria do petróleo se torna-ram cíclicas e constantes, não deve se criar

pânicos perante uma situação de crise do preço do crude mas sim estratégia de se contornar a situação.

Muito antes da pandemia a indústria de petróleo a nível internacional e não só, so-fria com as oscilações do preço do crude, causadas por questões ligadas a geopolítica mundial, produção de petróleo de xisto nos EUA, a petrodólar, as guerras no médio ori-ente e que se agravou com o surgimento da COVID-19, que permitiu o bloqueio das fronteira, colocando a população confinada em casa sem usar transportes públicos e pessoal, permitindo o encerramento das grandes fábricas e indústrias, por sua vez fez com que as refinarias diminuíssem o seu poder de refino e a necessidade de compra-rem petróleo bruto para refinacompra-rem.

A OPEP e os países não membros como a Rússia e a Arábia Saudita vão sempre procu-rar meios de desfibrilar está indústria gigan-te que não pode se mangigan-ter desmaiada du-rante muito tempo, devido a cadeia de pro-dutos e serviços que proporciona.

Existe três referências taxadas para se

(24)

Fot o de Na th an Fo rb es em Uns p la sh

terminar o preço do petróleo e se tornaram padrões, que são o Brent, o WTI e o Dubai Crude (Dubai Bruto).

O WTI é uma marca para o hemisfério oci-dental, oriundo das extrações de petróleo nos EUA (Texas, na Louisiana e na Dakota do Norte). O Brent é o petróleo do tipo leve com pouco enxofre, fácil de refinar.

O petróleo que sofreu baixas inferiores a 1 dólar em abril de 2020, devido a crise pandémica da COVID-19 foi o West Texas Intermediate (WTI).

Aqui vale analisar qual é a

característica do petróleo

angolano, crude Brent ou WTI?

O tipo de petróleo determina-se principal-mente de acordo com o grau API, porque cada tipo de petróleo tem um API diferente e cada API dá um valor diferente ao petró-leo, quanto mais leve o petrópetró-leo, mais vali-oso, quanto mais pesado o petróleo é, o mais barato ele é.

O petróleo de Angola é maioritariamente do tipo brent e resiste melhor que WTI as alterações dos preços mas mesmo assim surge a necessidade de se acelerar o pro-cesso da diversificação da economia e da aposta interna em refinação de petróleo. É comum ouvir-se na indústria petrolífera que o crude sem refino não tem valor, o refino fornece utilidades ao petróleo e que se adapta as necessidades do mundo moderno desde a evolução industrial e este acaba por ser o grande desafio da indústria petro-lífera nacional.

Durante muito tempo a política petrolífera angolana foi baseada na exportação de petróleo porque calculava-se rentável devi-do ao preço devi-do barril na altura, mesmo

sa-bendo que o preço do petróleo é instável, devido os problemas políticos que acar-retam, hoje Angola é dos poucos países produtores de petróleo no mundo que não possui uma indústria de refino e petro-química sustentável, a única refinaria que Angola possui construída em 1958, já sofreu várias melhorias, hoje projectada para refi-nar 65000 barris de petróleo por dia, não funciona em seu pleno, atingindo uma mé-dia de 45000 barris por mé-dia, que não tem sido suficiente para responder a demanda do país, razão pela qual 85% dos combus-tíveis (gasóleo e gasolina) usado em Angola ainda é importado da Europa, América e Ásia, um facto lastimável para um dos maiores produtores de petróleo da África.

Pesquisas indicam que a importação por Angola de derivados de petróleo, como o gasóleo e a gasolina, deve dobrar nos próxi-mos 5 anos caso não sejam retomados os investimentos na construção de refinarias como a refinaria de Lobito, refinaria do Soyo e a Refinaria de Cabinda.

A diversificação do sector petrolífero passa por esses sectores chaves da economia de

(25)

qualquer país produtor de petróleo, porque se assim não acontecer o preço do combus-tível continuará a subir e as taxas de impor-tações serão mais altas.

Em suma, o surgimento de novas

refinarias revolucionaria as

indústrias petroquímicas de

primeira geração em Angola,

valorizaria o nosso petróleo face a

crise, criaria mais postos de

trabalho, permitia ao governo

equilibrar o preço do combustível,

e, declarava a independência da

importação de combustíveis que tem

custado milhões aos cofres do

estado. Angola seria um potencial

vendedor dos derivados de petróleos

acabados, aos países vizinhos da

África e com maior rentabilidade

face a crise da queda do petróleo.

A indústria de petróleo vai se preparando para uma transição, e deixará de ser uma indústria tradicionalmente petrolífera e passará ser considerada uma indústria energética, caracterizada pela descarbo-nização, descentralização e digitalização, apostando cada vez mais na produção de combustíveis e fontes de energias renová-veis ou ecologicamente correctas. A digitali-zação vai permitir usar tecnologias como o gêmeo digital, plataformas operacionais da Internet das Coisas (IoT) abertas e baseadas na nuvem e análises de big data incorpo-radas a softwares poderosos, que vao per-mitir melhorias no sector de petróleo. A gestão energética descentralizada pode se constituir em uma peça-chave para possibi-litar a participação social e permitir tam-bém maior transparência das ações dos gestores das empresas do sector.

Todos estes aspectos são considerados ve-ctores de transformação que apontam para um novo modelo energético que mudará o mercado petrolífero e energético mundial nos próximos anos.

Sendo assim é necessário que a África e, em particular Angola comecem a criar meca-nismo e condições para acompanharem a evolução.

2 5

(26)

Potencial das Energias

Renováveis em Angola

Para electrificar Angola e atingir a agenda de 2030 como se

pretende, precisamos gerar energia de forma independente,

diversificando as fontes de geração em escalas massivas.

Todavia, a implementação de novas políticas para apoiar as

energias renováveis, especialmente fotovoltaica, integração

de sistemas solares em grande escala nos sistemas existentes

e inserção de redes inteligentes (smart grids) são necessárias

para electrificação sustentável de Angola”.

Alda Manuel

Engenheira Eléctrica e Electrónica

Embaixadora do NEF para Angola | Coordenadora da Campanha de Energias Renováveis da EcoAngola

(27)

O desenvolvimento de Angola foi marcado

por três décadas de guerra civil e como

consequência, infraestruturas foram

destruídas e populações foram desalojadas.

O sector energético é um factor importante

para qualquer país desenvolver e, criar

fontes de energia sustentáveis pode não

somente contribuir para a luta contra o

aquecimento global, mas também melhorar

os meios de subsistência dos cidadãos e

promover o desenvolvimento econômico do

país tal como ilustra a figura abaixo.

Figura 1 – Re lação da en ergia e a socie dad e.

Segundo o relatório da ONU, a população mundial deve chegar a 9.2 bilhões de pessoas até 2050 [1] e com isso a demanda de consumo de energia crescerá exponen-cialmente. A figura actual do mercado energético não suprirá a escala no ritmo que precisamos para balançar o consumo de energia, sem danificar a camada de ozono.

As usinas a carvão e as nucleares têm maior probabilidade de fecharem e a volubilidade do preço dos combustíveis fósseis será inevitável, precisamos de maior investimento no sistema eléctrico para um futuro próspero.

Melhorar a vida das comunidades Desenvolvimento económico do país

Intervenção

política eficiente

• Educação de qualidade. • Melhores condições de saneamento básico. • Irradicação da fome. • Desenvolvimento das infraestruturas de transporte e telecomunicações. • Diversificação da economia e oportunidades de emprego. • Extensão da jornada laboral.

• Progresso socioeconómico e estabilidade regional.

• Racionalização das despesas públicas. • Facilidade e melhoramento na troca de

informação. • Reforço da democracia. Melhorando a qualidade e a quantidade de capital humano Promovendo a participação das comunidades na governança

A diversificação das fontes de geração de

energia é indispensável para diminuição da necessidade de consumo de combustíveis fósseis através da inserção de energias renováveis no sistema eléctrico.

A geração de energia a partir de uma fonte infinita é denominada como recurso de energia renovável.

As energias renováveis são: a energia geotérmica, a energia eólica, a energia solar, a energia das marés, a biomassa e a energia hidroeléctrica. Toda a energia renovável é

derivada da energia da radiação do sol, com exceção das fontes hidroeléctricas, geotér-micas e das marés.

Figura 2 - Relação entre radiação solar e as energias renováveis.

(28)

A Energia solar é a energia oriunda do calor e da luz emitida pelo Sol. Seu aproveita-mento pode ser feito através de usinas heliotérmicas e por intermédio de painéis fotovoltaicos. Em palavras simples, a ener-gia é convertida através da captação do sol. A energia térmica e eléctrica são resultados da conversão da luz solar nas usinas heliotérmicas e painéis solar, respectiva-mente [3].

A Energia fotovoltaica (PV) é a conversão directa da radiação solar em energia eléctrica através da composição de um semicondutor Si “silício” resultando em células fotovoltaicas. A corrente eléctrica nos painéis solares é gerada através da movimentação dos electrões do Si, que por sua vez é provocada pela luz solar na incidência sobre as células que são captadas por um campo eléctrico. A planta fotovoltaica é constituída por equipamen-tos eléctricos, módulos e painéis fotovol-taicos. Ela é flexível as alterações de radi-ações, mas é sensível aos efeitos de disper-são de nuvens, neblina e poeira[4]. Esta tecnologia é a mais promissora e usada mundialmente, devido a facilidade de instalação.

Si (Silício) é o elemento de número atómico 14, do terceiro período da família do carbono e, devido a isso, ele possui várias propriedades parecidas com o carbono.

1

Vantagens

Desvantagens

Fonte de energia inesgotável e renovável. Requer um sistema eficiente de armazenamento.

Não poluente. Depende das variações

atmosféricas. Baixo custo de manutenção Preços elevados de aquisição e instalação. Promissão de painéis com alta

eficiência.

Falta de produção em períodos noturnos.

Mobilidade e acessibilidade fácil.

Requer inclinação precisa no local a instalar.

Tabela 1– Vantagens e desvantagens da energia solar fotovoltaica.

Por outro lado, o aerogerador é a tecnologia usada para transformação do vento em energia eólica.

As turbinas eólicas parecem simples, mas os aspectos de engenharia torna-a única e complexa devido alguns factores como por exemplo; os aerogeradores têm de operar como uma central eléctrica autónoma e com as variações de vento durante o ano, o que gera incertezas sobre produção de energia e trabalho mecânico.

A potência de saída de uma turbina varia com a velocidade do vento. Para analisar quanta energia a turbina produzirá, avalia-se as características da velocidade versus potência, sendo que a curva de potência depende da característica da turbina e é normalmente influenciada pela rotação das pás, eficiência do gerador, velocidade de corte e vento nominal.

A tecnologia mais convencional para turbinas eólicas são as turbinas de três pás com velocidade variável contra o vento.

Vantagens e Desvantagens

da Energia Fotovoltaica

Apesar de ser um recurso renovável com características de geração limpa, ou seja, não apresenta perigo para o meio ambiente, a energia solar também apresenta algumas desvantagens como ilustra o quadro abaixo:

1

(29)

A energia eólica é indiscutivelmente uma energia cuja suas principais vantagens são a diminuição de emissão de CO2 e redução do uso de combustíveis fosseis, mas as desvantagens por ela apresentada ainda gera discussão sobre o seu impacto na biodiversidade.

O custo de instalação de tecnologias de energias renováveis é convencionalmente dividido em duas partes: custo de equilíbrio do sistema (BOS ) e o custo do equipamento gerador de energia.

Apesar dos custos, dois factores motiva-cionais pelos quais deve-se substituir os combustíveis fósseis for fontes limpas são: • A escassez de combustíveis fósseis é

garantida, ao passo que fontes reno-váveis de energia são inesgotáveis.

Todos os equipamentos de um sistema de energia renovável como por exemplo: carregador de bateria, banco de baterias, inversores solares, sistema de montagem, interruptores, disjuntores e fiação.

Vantagens

Desvantagens

Fonte de energia inesgotável e renovável.

Requer grande ocupação de terra por causa do tamanho das

turbinas.

Alta eficiência. Baixa produção em períodos noturnos.

Redução da emissão de dióxido de carbono.

Impacto na fauna, poluição visual e sonora.

- Preços elevados de aquisição e instalação.

- Custos elevados de manutenção. - Risco humano.

Tabela 2 – Vantagens e desvantagens da energia eólica.

2

Vantagens e Desvantagens

da Energia Eólica

• As fontes renováveis de energia são consideradas limpas por não conterem impurezas de enxofre, ao contrário dos combustíveis fósseis que promovem a concentração de dióxido de carbono (CO2) contribuindo para o aquecimento global.

Cenário das Energias

Renováveis em Angola

A cada década que passa, o estilo e padrão de vida dos angolanos tem aumentado e consequentemente o consumo anual de energia aumentou 15% em 2017, e se prevê um aumento de mais 12.5% até 2025[3]. Estudos revelam que nos próximos três anos a demanda atingirá um pico de 7.2 GW (quatro vezes maior que o cenário actual).

2

Sem sombras de dúvida, a energia hidro-eléctrica é actualmente a principal fonte de geração de energia no país para o sector público, sendo que em 2014 o MINEA

re-De acordo com o Ministério de

Energia e Água (MINEA), o país tem

uma capacidade instalada de 5.01

GW, mas o objectivo é electrificar até

6.3 GW onde 12% correspondente a

750 MW para o gás natural, 24%

correspondente a 1.5 GW para

combustíveis fósseis e 64%

correspondente a 4 GW para energia

hidroeléctrica quando a central de

gás natural do Soyo e a barragem

hidroeléctrica de Laúca estiverem

totalmente operacionais [5].

(30)

portou que o país tem 18 GW de capa-cidade de produção hidroeléctrica com-parando com 16 GW de fotovoltaica e apenas 3.9 GW de eólica. Entretanto, pa-ra as novas tecnologias de energias reno-váveis a energia solar tem ganho favoritis-mo por parte da comunidade local e in-ternacional devido ao impacto positivo ao ecossistema, mudanças climáticas, fácil aquisição e instalação.

Existem vários tipos de painéis solares, mas 90% dos projectos utilizam o silício cristalino devido o seu custo e eficiência. A intensidade da radiação solar e tem-peratura de operação são os principais factores que influenciam a operação de um módulo fotovoltaico. A produção de electricidade através de energia solar po-de beneficiar várias aplicações:

• Iluminação pública e semaforização. • Produção de água potável através da

dessalinização.

• Bomba solar de água de irrigação. • Aplicação de painéis solares em

residências, indústrias e shoppings para redução de custos de energia.

• Aplicações de eficiência energética. A região sul do país, Namibe, Huíla, Huambo, Cunene e Cuando Cubango são as mais promissoras para criação de pro-jectos solares. De acordo com relatórios divulgados pelo MINEA, eis as centrais híbridas (PV + DIESEL) contruídas nos últi-mos 3 anos, sendo que são projectados maioritariamente com 2 MW para PV e 3 MW para geradores, totalizando 5 MW[6][7];

Data Localização Capacidade Investiment

o (USD) Novembr o 2019 Bocoio, Benguela 5 MW 19.606.063 Agosto 2019 Zanza Pomgo, Uíge 5 MW 200.000.000 Fevereiro 2019 Belize, Cabinda 2.5 MW 9.804.000 Fevereiro 2019 Cacongo, Cabinda 2.5 MW 9.804.000 Novembr o 2018 Tombwa,

Namibe 5 MW Não divulgado Novembr

o 2018

Xangongo,

Cunene 5 MW 19.600.000 Total 30 MW 258.814.064

Tabela 3 – Projectos implementados nos últimos três anos. Figura 3 – Radiação solar em Angola [12].

Desafios da Inserção de

Energias Limpas no País

O maior desafio das energias renováveis está no custo da instalação e o retorno lento de invés-timento. Em Angola, o desafio é ainda maior porque não existe legislação transparente para

(31)

vender a energia à ENDE, ou seja, uma planta pode produzir muito mais que do que é consumido, o excesso é transportado de volta para subestação reverse power e por sua vez o governo devia pagar por cada watt exportado.

Em curto período o sistema está sujeito a flutuações rápidas e dependente a mudan-ças climáticas, sendo aconselhável não ul-trapassar 20% da potência instalada em ca-da planta sem o uso de armazenamento de energia (baterias) ou de um sistema de backup (geradores). As baterias são dispen-diosas, por isso a maioria dos projectos ligados a energia solar em Angola são mai-oritariamente híbridos.

Reverse Power - energia elétrica na direção inversa da geralmente entendida.

Figura 4 – Exemplo de um projecto híbrido[13].

Apesar de todo esforço feito pelo governo, a transição enérgica em Angola é muito lenta e pessoalmente falando de acordos como o “Acordo de Paris”, “IPP Energy” e o “Power Purchase Agreements” não se reflectem devi-do a falta de investimento e participação dire-cta do sector privado. Alguns factores que impedem o investimento privado estrageiro, são nomeadamente:

Falta de uma estrutura legal e institucional clara, favorável e estável;

Limitações à harmonização regional e ao comércio transfronteiriço de eletricidade; Ineficiência de planejamento, aquisição e regulamentação de energia;

Baixa viabilidade comercial das empresas públicas de energia devido a imposição de margens excessivamente altas;

Falta de tecnologias e práticas de energia limpa e renovável;

Baixa eficiência energética;

Fraca capacidade institucional para a gestão do sector de energia;

Baixa taxa de capital humano especializado para implementação, instalação e manuten-ção.

Pode-se afirmar que as barreiras para participação do sector privado internacional são vastas e as metas do Plano de Electrificação para 2025 não serão atingidas enquanto os problemas acima mencionados não forem solucionados para que haja um maior envolvimento das empresas privadas.

3

“ Uma das estratégias para acelerar a

transição energética e participação

significativa do sector privado em

Angola é a promoção e criação de

novos órgãos a concorrer com

PRODEL, (Empresa Pública de

Produção de Eletricidade), RNT

(Empresa Rede Nacional de

Transporte de Eletricidade), e ENDE,

(Empresa Nacional de Distribuição de

Eletricidade) para que o estado deixe

de ser árbitro e jogador ”.

1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 3

3 1

(32)

A pandemia da COVID-19 tem assolado a economia do país em todos os sectores, mas segundo a proposta do OGE (Orçamento Geral do Estado) 2020 o sector energético não sofrerá cortes e prevê uma taxa de crescimento de 4% [8][9] comparando com 2,04% do ano anterior [10].

Actualmente, o país não tem capacidade de importação de electricidade o que gera uma oportunidade para soluções de infraestru-turas de transmissão de forma a expandir a capacidade de geração e implementação de projectos off-grid e on-grid com tecnologias de energia renováveis.

A nível de projectos, as micro-redes serão interligadas a rede principal com transferência perfeita entre a operação paralela e ilhada, resultando em economia, flexibilidade, confi-abilidade, segurança, impacto positivo social e ambiental.

Há necessidade de inserção de

medidores eléctricos inteligentes e

novas políticas de pagamento para

evitar as conexões ilegais mais

conhecidas por “puxadas” que

consequentemente reduziria o número

de clientes não monitorizados que

resultam em dividas para a ENDE.

Angola é um país fértil com vasta disponi-bilidade de geração de energia de biomassa, com um potencial de 3.7 GW na qual pode substituir a geração térmica com benefícios económicos.

A região Leste (Moxico, Lunda Norte e Sul) e região Sul (Benguela, Bié, Huambo) são as mais favoráveis para projectos ligados a

Projeções Futuras

biomassa devido aos recursos de silvicultura

e agroindústria.

Outras energias como a do oceano e a geotérmica ainda não estão na agenda do governo e somente poderão talvez ser pro-jectadas no futuro (sem data prevista) de-vido a sua complexidade, abundância dos outros recursos renováveis, custos elevados e risco de implementação.

Uma das energias promissoras nas próximas décadas é a energia eólica. O potencial eólico em Angola varia de 4,5 m/s a 5,20 m/s (consideravelmente baixo para turbinas eólicas) e alguns projectos prioritários foram divulgados pelo Secretário de Estado Belsa da Costa em setembro do corrente ano 2020[11].

Localização

Capacidade

Kiwaba Nzoji I

– Malanje

62 MW

Kiwaba Nzoji II

– Malanje

42 MW

Mussende I –

Cuanza Sul

36MW

Mussende II –

Cuanza Sul

44 MW

Gastão –

Cuanza Norte

30 MW

Caculo – Huíla

88MW

Chibita – Huíla

78MW

Benjamim –

Benguela

52 MW

Nharea – Bié

36 MW

Calenga –

Huambo

84 MW

Total

552 MW

Tabela 4 – Projectos prioritários para o sector da energia eólico.

(33)

Considerações

“Para electrificar Angola e atingir a agenda de 2030 como se pretende, precisamos ge-rar energia de forma independente, diversifi-cando as fontes de geração em escalas mas-sivas. Todavia, a implementação de novas políticas para apoiar as energias renováveis, especialmente fotovoltaica, integração de sistemas solares em grande escala nos siste-mas existentes e inserção de redes inteli-gentes (smart grids) são necessárias para electrificação sustentável de Angola”.

Figura 5 – Velocidade media anual de angola (50m)[2].

Em África, países como Quénia, Marrocos e África do Sul têm aumentado a participação de geração de energias renováveis usando mecanismos de incentivo que poderiam ser implementados no nosso país para acelerar a inserção de fontes limpas, como por exem-plo:

• Subsídios, créditos de investimento e benefícios fiscais.

• Incentivos à produção (redução de tarifas

feed-in e acordos de pagamento).

• Concessões.

• Créditos de redução de emissão de gases de efeito estufa (GHG).

• Portfólio de reserva ou standard renová-vel.

(34)

Carros Eléctricos

Uma projecção para o contexto angolano

Charmen Kupessa

Estudante de Engenharia Industrial e Sistemas Eléctricos Secretário-Geral da Disrupttion

locomoção sempre foi uma necessidade bem presente na vida do ser humano, levando-o a utilizar vários meios para suprir esta necessidade, meios esses que mesmo acompanhando as tendências de inovação tecnológicas mantêm sempre o mesmo princípio: “tirar o homem de um lugar para outro.”

Em Angola, o meio de transporte mais uti-lizado é o veículo automóvel, basta andar-mos pelas artérias das várias cidades do país para podermos constatar como as estradas são dominadas por veículos automóveis de portes e cores diversos, de titularidade par-ticular ou colectiva, destinados ao transporte de pessoas ou de mercadorias.

Mas o suprimento da necessidade de loco-moção humana por meio de carros acaba por levantar uma situação menos agradável e que tem tido um impacto forte sobre o ambiente - A emissão do Dióxido de Carbono (CO2).

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Com o passar do tempo e o avanço da tecnologia de motores, o consumo de combustíveis se reduz paulatinamente, ao passo que o desempenho dos motores melhora. A partir dessa constatação de fácil percepção, podemos observar a melhoria na quantidade de gás carbônico emitido [1]. A figura abaixo apresenta uma estimativa de gramas por quilômetros percorrido ao longo do tempo: 1500 500 300 100 0 < 5000 4000 2000 1000 500 400 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 1940 1970 1980 1990 2000 2010 gC O 2/ km Mínimo Máximo

eléctricos para a locomoção. Diferentemente dos automóveis com motores a combustão interna, os eléctricos não emitem poluentes em seu uso e são totalmente silenciosos.

Os automóveis eléctricos possuem menos peças móveis em relação aos de motores de combustão interna, fazendo com que não seja necessário o uso de óleos lubrificantes, reduzindo assim também a questão da manutenção dos mesmos e aumentando a sua eficiência.

Mas como tudo, os veículos eléctricos possuem desvantagens associadas à sua utilização, embora maior parte delas estejam mais inclinadas para a vertente financeira do que funcional, acabam por ser um factor importante no que diz questão à sua viabilidade.

Uma das desvantagens mais gritantes é o seu elevado custo de aquisição. O facto dos veículos serem produzidos ainda em peque-na escala acaba por se refletir significativa-mente no seu custo de aquisição quando comparado a um veículo à combustão in-terna de modelo semelhante.

Mas estima-se que daqui a uma década haverá um aumento na produção de veículos eléctricos devido o aumento na aposta em fontes alternativas de energia e a redução da importância do petróleo.

Segundo o relatório da Conferência da ONU sobre Comércio e Desenvolvimento (Un-ctad), os esforços para redução das emissões de CO2 deverão estimular mais investimen-tos na geração de Energia Verde, fazendo com que, até 2030, a produção de veículos eléctricos seja quase 5 vezes maior que ago-ra, fazendo com que o número passe

de 5

milhões para 23 milhões de

unidades. [3]

Figura 1- estimativa da emissão de CO2 de cada período, em gCO2/ km.

Segundo a Direcção Nacional de Viação e Trânsito (DNVT), a estimativa de veículos automóveis que estiveram em circulação, no ano de 2012 na cidade de Luanda era de mais de 2 milhões de veículos, apresen-tando a referida cidade uma capacidade para suportar apenas seiscentos mil veículos. [2]

Uma alternativa para se reduzir considera-velmente os níveis de emissão de CO2 sem ter que se abrir mão dos veículos de 4 rodas é o uso dos famosos Automóveis eléctricos.

Os automóveis eléctricos são veículos que utilizam a propulsão gerada por motores

Referências

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