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PERCEPÇÃO DE SUSTENTABILIDADE ENTRE OS

PRODUTORES DO PANTANAL DE AQUIDAUANA

-MS

SARA GEORGINA RAMOS - sara.georgina@hotmail.com UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO DO SUL - UFMS GERCINA GONÇALVES DA SILVA - gercina.goncalves@gmail.com UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO DO SUL - UFMS

Área: 11 - ENG. PROD., SUSTENTABILIDADE E RESP. SOCIAL

Sub-Área: 11.4 - SUSTENTABILIDADE E SISTEMAS DE INDICADORES

Resumo: A PESQUISA TEM COMO OBJETIVO VERIFICAR A PERCEPÇÃO ACERCA

DO SIGNIFICADO DO TERMO SUSTENTABILIDADE ENTRE OS PRODUTORES RURAIS DO PANTANAL DO MUNICÍPIO DE AQUIDAUANA - MS . O ARTIGO FOI DESENVOLVIDO TENDO COMO BASE E INSTRUMENTO DE COLETA, AA APLICAÇÃO DE QUESTIONÁRIOS AOS ENTREVISTADOS LIGADOS AO SINDICATO RURAL, NO PERÍODO DE JANEIRO A JUNHO. EM CONCLUSÃO SE VERIFICOU

QUE OS PRODUTORES MENCIONARAM SABER O SIGNIFICADO DE

SUSTENTABILIDADE E MEDIANTE OS DADOS COLETADOS TAMBÉM ADOTAM ALGUMAS PRATICAS EM SUAS PROPRIEDADES NO ÂMBITO SOCIAL, ECONÔMICO E AMBIENTAL.

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PERCEPTION OF SUSTAINABILITY AMONG THE

PRODUCERS PANTANAL

AQUIDAUANA-MS

Abstract: THE RESEARCH AIMS TO VERIFY THE PERCEPTION ABOUT THE MEANING OF THE TERM SUSTAINABILITY AMONG THE RURAL PRODUCERS OF THE PANTANAL OF THE MUNICIPALITY OF AQUIDAUANA - MS. THE ARTICLE

WAS DEVELOPED BASED ON THE COLLECTION INSTRUMENT, THE

APPLLICATION OF QUESTIONNAIRES TO INTERVIEWEES LINKED TO THE RURAL UNION, FROM JANUARY TO JUNE. IN CONCLUSION, IT WAS VERIFIED THAT THE PRODUCERS MENTIONED KNOW THE MEANING OF SUSTAINABILITY AND THROUGH THE DATA COLLECTED ALSO ADOPT SOME PRACTICES IN THEIR PROPERTIES IN THE SOCIAL, ECONOMIC AND ENVIRONMENTAL SCOPE.

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1 Introdução

No século XVIII, com o inicio da revolução industrial na Inglaterra, iniciam-se, também, as práticas extrativistas de recursos naturais, destacando a necessidade da renovação dos métodos que substitui o carvão vegetal pelo carvão mineral com o objetivo de operar as maquinas (RIOUX,1975). A partir de então se verifica na história revoluções industriais e revoluções tecnológicas que culminaram com o surgimento de novas técnicas produtivas (OLIVEIRA et al, 2012).

Aos combustíveis fósseis se deve grande parte do crescimento econômico desde a invenção da maquina a vapor alimentada por carvão na Inglaterra no século XVIII. (SACHS, 2015). Malthus (1798) fez uma previsão famosa ao afirmar que os ganhos de curto prazo nos padrões de vida, inevitavelmente seriam desestabilizados à medida que o crescimento da população mundial superasse a produção de alimentos. Com isso os padrões de vida voltariam aos níveis de subsistência já que a população estaria, então, condenada pela tendência de a população crescer em progressão geométrica e a produção de alimentos em progressão aritmética (SACHS, 2011).

Para Sachs (2008), os economistas afirmaram durante 200 anos que Malthus ignorou o avanço tecnológico, e que esse fato teria permitido que a curva de crescimento da população se mantivesse à frente da curva de alimentos. Todavia, conforme o autor, a tese de Malthus não se constitui, atualmente, em uma ameaça, mas em um aviso ou um resultado inevitável.

Atualmente enfrenta-se a tarefa urgente de adotar tecnologias e estilos de vida mais sustentáveis, e trabalhar ainda mais para alcançar uma população estável de cerca de 8 bilhões ou mais até meados do século (SACHS, 2008). Segundo Sachs (2015) é necessário preocupação com a produção limpa e sustentável, não apenas em produzir mais, extrair mais carvão, petróleo e gás e não pensar nos limites do planeta.

A ONU assumiu através do relatório Brundland (1987) que o ‘Desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades das gerações atuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atenderem a suas necessidades e aspirações’. Para Boff (2012) ‘a sustentabilidade se mede pela capacidade de conservar o capital natural, permitir que se refaça e ainda, através do gênio humano, possa ser enriquecido para as futuras gerações’.

Destaca-se que a população mundial alcançou em 2017 um total de 7,6 bilhões de habitantes, devendo alcançar o total de 8,6 bilhões em 2030 (ONU, 2017). Somente no Brasil, o total da população alcançou a soma 208,9 milhões de habitantes (IBGE, 2018), sendo que o

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estado de Mato Grosso do Sul, estado que abriga 65% do Pantanal brasileiro, a população foi somada em 2017 em 2,7 milhões de habitantes.

Considerando que o pantanal é a maior planície de inundação contínua do mundo e tem a atividade agropecuária como ‘grande responsável pela degradação intensa das águas, sejam superficiais ou subterrâneas’ (IRIGARAY; BRAUN; IRIGARAY, 2017), nessa região, as atividades mais desenvolvidas entre os produtores são: pecuária de corte e de leite, atividades garimpeiras e pesca (profissional e esportiva). A produção agropecuária é favorecida pelo avanço da tecnologia levando-a a ocupar espaço nesta região de características ambientais especiais (MORAIS, 2008)

Diante nesse cenário, esse artigo parte da seguinte problemática: Qual é a percepção acerca do tema sustentabilidade verificado entre os agricultores da região pantaneira do município de Aquidauana-MS? A pesquisa será realizada no pantanal de Aquidauana, considerada popularmente o portal do pantanal sulmatogrossense, localizado próximo a capital do Estado a 137 km, atualmente com 47.482 mil habitantes (IBGE, 2017).

O objetivo é verificar entre os produtores do município a percepção que estes possuem acerca do significado da sustentabilidade. Especificamente, pretende-se caracterizar os entrevistados e área produtiva, verificar se há, na propriedade, a implementação de projetos com algum viés de sustentabilidade, avaliar se o grau de escolaridade influencia na percepção acerca do tema e nas tomadas de decisões dos produtores.

Destaca-se ainda, que a preocupação com bioma e população local é o principal motivo para o desenvolvimento deste artigo. A pesquisa e o estudo do caso são relevantes para que futuras decisões sejam tomadas com base nos estudos elaborados e levantamentos de dados da atualidade. O mesmo deve, ainda, colaborar através de registros que oportunizam a analise de possíveis produtores agropecuários, bem como estudos acadêmicos para discussão acerca do tema. A existência de pesquisas envolvendo sustentabilidade nessa sub-região do pantanal Aquidauanense é escassa, o que torna essa pesquisa relevante.

2 Metodologia

Métodos científicos referem-se ao “conjunto de atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo” (LAKATOS; MARCONI, 2003, p 82). Esta pesquisa utiliza-se do método indutivo onde “partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não contida nas partes examinadas” (LAKATOS; MARCONI, 2003, p 84). Quanto à natureza,

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esta pesquisa classifica-se como uma pesquisa básica objetivando a geração de novos conhecimentos científicos úteis (PRODANOV, 2013).

Quanto aos procedimentos é um estudo de caso. Esse método consiste no uso intensivo de fontes primarias e secundarias, amostras não probabilísticas (intencionais) e entrevistas semi-estruturadas com pessoas chaves (proprietários, dirigentes de agronegócios, administradores rurais, produtores rurais, dirigentes de associações de produtores), todos de algum modo envolvidos na produção e nas ações agropecuárias.

De natureza qualitativa, esse estudo foi realizado entre os meses de janeiro e junho de 2018 no município de Aquidauana-MS. Collis e Hussey (2005) afirmam que uma abordagem qualitativa é mais subjetiva, envolvendo o exame e as reflexões sobre as percepções, de forma a obter um entendimento de atividades sociais e humanas.

A pesquisa expõe as características de sua população em comparação com a literatura existente, caracterizando-se, quanto aos fins, como uma pesquisa descritiva. Como pesquisa bibliográfica revisa assuntos como sustentabilidade, agronegócio, Pantanal e Pantanal aquidauanense em livros, periódicos, teses, dissertações. Os dados e informações para a pesquisa estão alicerçados em bibliografia sobre a temática em estudo que será o pantanal de Aquidauana, sustentabilidade e agronegócio. Como instrumento de coleta de dados foi utilizado um questionário estruturado, com o qual foi adotada a entrevista face a face (interrogatório direto) para 40 produtores ligados ao sindicato de produtores agropecuários da cidade de Aquidauana possibilitando o diagnóstico acerca da produção.

3 Referencial Teórico

Esse capítulo tem como objetivo desenvolver a teoria atual sobre os temas que darão suporte a pesquisa, servindo como referência na condução dos resultados e na discussão que tem objetivo dar solução ao problema e objetivos propostos no capítulo 1. Assim, as temáticas evidenciadas são: Sustentabilidade, Agronegócio e Pantanal sulmatogrossense.

3.1 Sustentabilidade

Os primórdios da sustentabilidade que se encontra em registro surgem em 1968, com a criação do Clube de Roma, uma organização não-governamental. Formada por um grupo de pessoas que integrava cientistas, economistas, humanistas, industriais, pedagogos e funcionários públicos nacionais e internacionais, intelectuais e estudiosos, cujo principal objetivo era discutir assuntos relacionados à política, economia, meio ambiente e

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desenvolvimento sustentável. Pode-se dizer que seu maior produto foi publicado na reunião de 1972, quando foi apresentado um relatório intitulado “Os Limites do Crescimento”.

Na mesma década acontece também a Conferência Intergovernamental para o Uso Racional e Conservação da Biosfera, organizada pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), onde a mesma realizou um estudo comparativo, respondido por 79 países, sobre o trabalho desenvolvido pelas escolas com relação ao meio ambiente. Outro marco importante acontece em 1972:

Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, estabeleceram-se o “Plano de Ação Mundial” e a “Declaração sobre o Ambiente Humano” (orientação aos governos). Foi nessa conferência que se definiu, pela primeira vez, a importância da ação educativa nas questões ambientais, o que gerou o primeiro “Programa Internacional de Educação Ambiental”, consolidado em 1975 pela Conferência de Belgrado. (fazer citação do artigo, meio ambiente, salvo dia 09).

O desenvolvimento das atividades sustentáveis levou em consideração não apenas a preocupação ambiental mas preocupou-se com o desenvolvimento social e econômico .

O principal desafio empresarial atualmente apontado é o gerenciamento balanceado dos negócios, atendendo às exigências de alta eficiência operacional, baixo custo e alto padrão de qualidade dos produtos, como também às demandas ambientais e sociais da sociedade civil. No plano estratégico empresarial, a competitividade das empresas passa a ser, cada vez mais, avaliada por sua sustentabilidade econômica, social e ambiental, dentro de uma visão de longo prazo do negócio. (Cotrim; Gouveia; Lima, 2006, p 3)

Portanto, uma organização sustentável “busca alcançar seus objetivos atendendo simultaneamente os seguintes critérios: equidade social, prudência ecológica e eficiência econômica” (BARBIERI e CAJAZEIRA, 2009, p. 69-70).

A sustentabilidade tem ganhado destaque devido a crescente conscientização da necessidade de melhoria nas condições ambientais, econômicas e sociais, de forma a aumentar qualidade de vida de toda a sociedade, preservando o meio ambiente, assim como ter organizações sustentáveis econômicas e indivíduos socialmente sustentáveis. (Silva, 2012, p. 24)

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A sustentabilidade com o passar do tempo ganha espaço e dimensões que focam além do meio ambiente, com visões mais complexas. De acordo com Barbieri e Cajazeira (2009), são várias as dimensões da sustentabilidade. Entretanto, o autor complementa que no âmbito das organizações consideram-se três dimensões, que são específicas da atuação organizacional. São elas: a econômica, a social e a ambiental.

Sachs (1986) trás as cinco dimensões da sustentabilidade, entre elas: social, econômica, ecológica, espacial e cultural. Em 2002 o mesmo autor, aborda mais três dimensões que são consideradas importantes, como a sustentabilidade ambiental, política nacional e política internacional. Os cinco primeiros vieses da sustentabilidade tratam do âmbito social, econômico e ecológico e buscam alcançar respectivamente, melhores condições de trabalho que forneçam uma sociedade mais justa e igualitária, possibilidade para atingir através da modernização tecnológica, um avanço nos mecanismos de produção que permitam o desenvolvimento sustentável de forma harmônica utilizando os recursos naturais compatíveis com a sua limitação e disponibilidade respeitando a “capacidade de autodepuração dos ecossistemas naturais” (SACHS, 2002, p. 86).

Nas dimensões cultural e territorial ou espacial referem a manter a identidade e a tradição das comunidades locais respeitando as heterogeneidades regionais com suas respectivas singularidades sociais e fragilidades socioambientais. No campo da sustentabilidade política tanto nacional quanto internacional baseia-se na garantia dos direitos humanos e da democracia de forma endógena e exógena. Para Gadotti (2008. p. 76) esses eixos da sustentabilidade, que aborda uma visão mais da sociedade e está “diretamente relacionada com a qualidade de vida das pessoas, da justiça distributiva e ao processo de construção da cidadania e da participação das pessoas no processo de desenvolvimento”.

Para a grande maioria dos autores, se torna mais fácil discutir sustentabilidade sob a visão de dois contextos: social e ambiental. Embora o conceito seja demasiado complexo, o ponto central esta relacionado com o “equilíbrio da biosfera e do bem estar da humanidade” (SICHE, AGOSTINHO, et al., 2007, p. 145). Embora essa divisão tenha direcionado o foco para as questões ambientais a partir da ascensão da crise ambiental devido a crescente modificação do meio ambiente surgiu a necessidade de se pensar na “importância de se adotar esquemas integradores” (JACOBI, 1999) que utilizem de maneira mais eficiente os recursos e que caminhe para o rumo do desenvolvimento sustentável da sociedade.

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3.2 Agronegócio

Inicialmente a agropecuária era conhecida como setor primário e envolvia todas as atividades que se relacionavam com a produção. Mais tarde, o termo passa a englobar todos os setores, porém esses elementos que a compõem, assumem funções próprias e cada vez mais especializadas, por isso surge um termo que contem mais propriedades e mais complexos, o termo “agribusiness”. (ARAUJO, 2007).

Dois professores em 1957, John Davis e Ray Goldberg Universidade Harvard, nos Estados Unidos da América, lançaram o conceito para entender a nova realidade da agropecuária e foram responsáveis pela criação do termo agribusiness, definindo-o como:

" ... o conjunto de todas as operações e transações envolvidas desde a fabricação dos insumos agropecuários, das operações de produção nas unidades agropecuárias, até o processamento e distribuição e consumo dos produtos agropecuários 'in natura' ou industrializados" (apud RUFINO, 1999).

Araújo (2007), trás o conceito de agronegócio sistêmico, que engloba três setores designados e explanados como:

 "antes da porteira”: são compostos basicamente por insumos agropecuários, inter-relações de produtores de insumos com agropecuarista e serviços agropecuários.

 “Dentro da porteira”: é o conjunto de todas as atividades desenvolvidas dentro das unidades produtivas agropecuárias, produção agrícola e produção pecuária, coeficientes técnicos na agropecuária, organização de segmento agropecuário, adoção de tecnologia no agronegócio, gestão dos custos na agropecuária.

 "Após a porteira": refere-se aos canais de comercialização, agentes comerciais e formação de preços, agroindústria, logística, comercialização em geral, instituições de apoio ate atuação do governo na comercialização.

Ressaltando a importância desse setor no Brasil, cabe destacar que o agronegócio representa 23% Produto Interno Bruto – PIB brasileiro. Em seguida a contribuição do mesmo no ano de 2017:

Após um ano turbulento na economia e na política, setor apresenta crescimento robusto de sua produção e amplia sua participação na economia, que deverá encerrar o ano com 23,5% do total do PIB. Enquanto a economia brasileira deva permanecer estável, a agropecuária (dentro da porteira) deverá encerrar 2017 com crescimento de 11% segundo os critérios do IBGE. Com esse resultado deverá ser o setor com maior crescimento na economia ao longo deste ano (CNA, 2018).

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Em 2017 o agronegócio brasileiro supera em 5,4% o resultado de 2016, nos primeiros sete meses do ano, obtendo um superávit de US$ 48,1 bilhões. O setor registrou alta de 6,8% nas exportações, e 15,4% nas importações, somando assim respectivamente US$ 56,4 bilhões e US$ 8,3 bilhões. Desde 2014 o agronegócio não registra resultados tão positivos como estes tanto nas exportações quanto importações (BRASIL, 2017).

No estado do Mato Grosso do Sul, as atividades agroindustriais estão diversificas, como: soja, arroz, café, trigo, milho, feijão, mandioca, algodão, amendoim, eucalipto e cana-de-açúcar. Conquanto, a pecuária, a soja, o eucalipto e a cana-de-açúcar se destacam, tendo em vista que a cana de açúcar, tem se expandido de uma forma significativa na região. (OLIVEIRA, 2012). O Estado na região do pantanal encontra-se projetos que viabilizam o agronegócio, por exemplo:

(...) em meados de 2005, a Embrapa Pantanal (Corumbá, MS), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, tendo como missão viabilizar soluções de pesquisa, desenvolvimento e inovação para a sustentabilidade do Pantanal com foco no agronegócio e no uso dos recursos naturais em benefício da sociedade brasileira, resolveu implementar projetos que contemplassem a exploração sustentável dessas espécies (JORGE EBORSATO, 2009, p. 1).

O agronegócio sulmatogrossense também se destaca pela contribuição com o PIB, tanto nacional como regional, bem como se destaca na geração de novos empregos. Agropecuária sobressai quanto ao número de contratações. O levantamento divulgado afirma que no mesmo período de janeiro de 2017 para janeiro de 2018 o numero de contratações triplicaram (FAMASUL, 2018).

3.3 O Pantanal Sulmatogrossense

O Pantanal é uma bacia sedimentar caracterizada pelas condições de alagamento em é submetida periodicamente devido ao seu relevo de planície. Localizado nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, região centro-oeste do Brasil e parte nos países da Bolívia e Paraguai.

Pantanal é a maior planície sedimentar inundável do planeta. Possui grande biodiversidade de recursos genéticos, animais e vegetais, ecossistemas e unidades de paisagem. Localizam-se na Bacia do Alto Paraguai, no Centro-Oeste brasileiro, a Leste da Bolívia e a Nordeste do Paraguai, cuja feição presente foi formada nos últimos 12 a 13 mil anos. A Bacia do Alto Paraguai possui área aproximada de 496.000 km², dos quais, 361.666 km² estão no Brasil, nos estados de Mato Grosso e

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No estado do Mato Grosso é composto por sete municípios: Barão de Melgaço, Cáceres, Curvelândia, Itiquira, Nossa Senhora do Livramento, Poconé e Santo Antônio do Leverger e no estado do Mato Grosso do Sul é composto por 15 municipios: Anastácio, Aquidauana, Bela Vista, Bodoquena, Bonito, Caracol, Corguinho, Corumbá, Coxim, Ladário, Miranda, Porto Murtinho, Rio Negro, Rio Verde de Mato Grosso e Sonora (BRASIL, 2018). Brito (2008) em suas pesquisas afirma:

Sobretudo a partir das duas últimas décadas do século XX, mudanças históricas e econômicas, com a incorporação de inovações científicas e tecnológicas no manejo do rebanho, com a intensificação da ocupação dos centros urbanos avançando para o campo, com a valorização da carne no mercado mundial, transformaram o espaço rural e as profissões junto à pecuária no Pantanal. Essas transformações implicaram também na introdução de diferentes relações sociais, econômicas e comerciais, que passaram a interferir nos hábitos e nas peculiaridadeslocais. (Brito, 2008, p.4)

O pantanal é uma imensa planície sedimentar, situada no sul do estado de Mato Grosso e noroeste do estado de Mato Grosso do Sul, encontra-se o pantanal em territórios da Bolívia e Paraguai. A área total da bacia do Alto Paraguai é de 361.666 km2 e, no Brasil, o Pantanal totaliza 138.183 km2, ou seja, 38,21% da área da bacia. São dezesseis municípios brasileiros que contem a planície pantaneira. Em consequência das diversidades climáticas, de solo e de espécies animais e vegetais, é reconhecida hoje a existência de onze sub-regiões no Pantanal, a saber: Cáceres, Poconé, Barão de Melgaço, Paraguai, Paiaguás, Nhecolândia, Abobral, Aquidauana, Miranda, Nabileque e Porto Murtinho. (SILVA E ABDON, 1998).

4 Resultados e Discussão

Buscando investigar a percepção dos produtores que possuem fazenda no pantanal de Aquidauana - MS foram aplicados questionários, através dos quais foi possível caracterizar a amostra, quando verificou-se que na amostra a composição do sexo masculino representou 80% dos entrevistados, 90% possuem entre 1 e 4 filhos, 70% dos respondentes possuem menos de 60 anos e, 67,5% são casados conforme verifica-se através da Tabela 1. Casimiro e Vilpoux (2015) afirmam que a faixa etária estabelecida entre 25 e 44 anos podem revelar maior nível de atividade quanto a mão de obra.

Além disso, quanto a escolaridade, 22,5% dos respondentes possuem o nível fundamental completo, 42,5% possuem o nível médio completo e 35% possuem o nível superior completo. Esse resultado se diferencia dos resultados verificados na literatura onde,

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entre os produtores rurais, onde há uma tendência para um baixo nível de escolaridade conforme se verifica nos trabalhos de Casimiro e Vilpoux (2015) e Brisola e Guimarães (2014). Esse fato pode ser conseqüência de transformações nas relações entre produtores e consumidores que ocorreram nos últimos anos, fato que influencia a busca por maior qualidade a ser obtida via nível informacional e inserção de tecnologia. Considera-se que quanto maior o nível educacional maior a facilidade para lhe dar com possíveis situações adversas.

Tabela 1 – Distribuição dos entrevistados quanto a idade e estado civil

Faixa Etária Estado Civil

% %

Até 40 15,0 Solteiro(a) 12,5

41 a 50 15,0 Casado(a) 67,5

51 a 60 40,0 Divorciado(a) 10,0

61 a 70 10,0 Viúvo(a) 10,0

Mais de 70 20,0 União estável 0,0

Fonte: Dados das autoras com base nas entrevistas.

Entre os entrevistados, 65% afirmaram terem participado no último ano, de palestras cujo tema ou assunto abordado eram referentes a sua área produtiva. No que se refere a área produtiva dos entrevistados, 95% se dedicam a atividades ligadas a pecuária bovina. Entre os produtores que se dedicam a agricultura, a produção está distribuída entre soja e mandioca.

Quanto a propriedade da área produtiva 12,5% possuem área arrendada, 10% possuem tanto área arrendada como própria e, ainda,77,5% responderam que a área produtiva é própria, o que indica que a maioria dos produtores são proprietários da terá, não precisando arcar com os custos de arrendamento. Com isso esses produtores conseguem obter mais dividendos com relação a analise do resultado final de cada propriedade.

Quanto a área da propriedade, 27,5% tem uma área inferior a 500 hectares, 17,5% tem uma área entre 500 e 1000 hectares e, 55% das propriedades possuem mais de 1000 hectares. A propriedade possui gestão própria para 77,5% produtores e gestão via administrador em 22,5%. Quanto ao número de funcionários, 67,5% possuem até 5 funcionários, 25% possuem entre 6 e 10 funcionários e 7,5% dos produtores possuem mais de 10 funcionários. A produção varia entre cria, recria e engorda no caso da pecuária bovina (com apenas um produtor relatando produção de leite) e, soja e mandioca no caso da agricultura. Apenas 5% dos produtores relataram que a produção é direcionada a exportação.

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Especificamente no que se refere a fatores que podem levar a uma conclusão quanto aos objetivos desse artigo, verificou-se que 72,5% dos produtores responderam que sabem o que significa o termo ‘sustentabilidade’. 80% dos respondentes afirmaram que a propriedade não possui barragem e, entre as propriedades que possuem, não há licença para a utilização. Quanto a participação em eventos que cuja abordagem fosse direcionada a sustentabilidade apenas 40% afirmaram que participaram de eventos direcionados no último ano.

As variáveis que indicam a presença ou percepção de sustentabilidade (ambiental, social e econômica) podem ser observadas através da Figura 1 em porcentagem (%):

Figura 1 – Variáveis que indicam práticas sustentáveis na propriedade. Fonte: Dados das autoras com base nas entrevistas.

As práticas que podem indicar a percepção dos produtores quanto a sustentabilidade que mais foram mencionadas pelos produtores foram: manejo integrado de pragas, programas de vacinação custeadas pela propriedade, treinamento para os funcionários, recuperação de pastagens, descarte correto de embalagens, unidades de conservação e áreas de preservação permanente.

Considerando a definição da ONU via relatório Brundland (1987) e considerando a definição de Boff (2012) quanto a sustentabilidade e, analisando a Figura 1, verifica-se que a propriedade, dispõe da implementação de alguns projetos com algum viés de sustentabilidade via implementação de atitudes que visam ‘atender às necessidades das gerações atuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atenderem a suas necessidades e aspirações’. Todavia esse resultado pode ser justificado pelo fato que 77,5% dos entrevistados possuem entre nível médio e superior e, maior grau de conhecimento pode incidir em melhorias no uso de técnicas, inovações que se traduza em melhorias produtivas.

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5 CONCLUSÃO

Verificou-se que os produtores não somente mencionaram saber o que é sustentabilidade ou ter a percepção sobre sustentabilidade, mas a partir dos dados coletados através do questionário, esses demonstraram que se utilizam de práticas que se enquadram nas dimensões sociais, ambientais e econômicas da sustentabilidade.

Um fator que possivelmente colabore pra esse resultado é o nível educacional verificado entre os produtores. Quanto maior o nível de escolaridade, maior a facilidade para acompanhar o desenvolvimento tecnológico, pesquisas do setor agropecuários ou descobertas em geral.

O artigo tem limitações a exemplo da quantidade de questionários aplicados devido a dificuldade de encontrar os produtores na cidade ou no sindicato quando muitos passam longos períodos em sua propriedades onde nem sempre é possível a comunicação seja por internet ou telefone. Sugere-se o prosseguimento da pesquisa, buscando ampliar o número de produtores bem como, se possível conhecendo a propriedade e as práticas ali desenvolvida.

6 – REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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