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Classe hospitalar: outro olhar sobre a prática pedagógica

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Academic year: 2021

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE ANGRA DOS REIS CURSO DE PEDAGOGIA

DANIELLE DE SOUSA SILVA

CLASSE HOSPITALAR:

OUTRO OLHAR SOBRE A PRÁTICA PEDAGÓGICA

ANGRA DOS REIS 2014

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2 DANIELLE DE SOUSA SILVA

CLASSE HOSPITALAR:

OUTRO OLHAR SOBRE A PRÁTICA PEDAGÓGICA

Trabalho apresentado como requisito para a obtenção da Licenciatura em Pedagogia do Instituto de Educação da Universidade Federal Fluminense de Angra dos Reis, Estado do Rio de Janeiro, sob a orientação do Prof° Anderson Tibau.

Angra dos Reis 2014

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3 DANIELLE DE SOUSA SILVA

CLASSE HOSPITALAR:

OUTRO OLHAR SOBRE A PRÁTICA PEDAGÓGICA

Trabalho apresentado como requisito para a obtenção da Licenciatura em Pedagogia do Instituto de Educação da Universidade Federal Fluminense de Angra dos Reis, Estado do Rio de Janeiro, sob a orientação do Prof° Anderson Tibau

Aprovada em ___ de __________ de 2014

COMISSÃO EXAMINADORA

__________________________________________________________ Prof° Anderson Tibau (orientador)

UFF - Universidade Federal Fluminense

__________________________________________________________ Profª Renata Bergo

UFF - Universidade Federal Fluminense

__________________________________________________________ Profª Luciana Requião

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4 AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, o autor da minha fé, sem ele eu não sou nada e não teria terminado este meu trabalho, a Ele toda a honra e glória.

Aos meus pais e meus irmãos por todo amor, carinho, apoio e dedicação em todos esses anos em minha jornada de estudo.

Aos meus amigos pelo apoio e carinho, aqueles que conquistei durante essa caminhada, amigos de sala que levarei para sempre em meu coração e principalmente a minha amiga – irmã Suelen, pelo apoio na reta final e que me incentivou a fazer o curso de Pedagogia.

Ao professor e orientador Anderson Tibau, que confiou em mim, respeitando minhas ideias e me mostrou que sou capaz, que posso ir muito mais além do que imagino.

A todos, meu muito obrigado! Jamais me esquecerei de momentos tão preciosos que vivi durante toda minha caminhada acadêmica.

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5 RESUMO

As classes hospitalares foram criadas para assegurar a continuidade dos conteúdos escolares a crianças e adolescentes hospitalizados, possibilitando um retorno sem prejuízo à escola de origem após a alta. Pretendo, ao escrever este trabalho, mostrar como funciona esta prática pedagógica e a importância que esta modalidade de ensino tem para vida de crianças que, por circunstâncias da vida estão impossibilitadas de ir à escola, em qual lugar se ocupa essa modalidade de ensino na prática pedagógica nos sistemas de educação da Angra dos Reis. Para isso apresento, de forma clara, relato sobre a classe hospitalar bem como sua história e desafios que encontramos até hoje, e em cidade que não dispõe deste atendimento especializado. Acredito que se deveria dar mais atenção a esta modalidade, para que fossem criadas classes hospitalares em todos os locais da saúde.

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6 ABSTRACT

The hospital classes were created to ensure continuity of educational contents to hospitalized children and adolescents, allowing a return without prejudice to the school of origin after discharge. I intend to write this work, show better how this pedagogical practice and importance of this type of education has to lives of children who, by circumstances of life are unable to attend school functions, in which it takes place this type of education in pedagogical practice in the education systems of Angra dos Reis. To present it clearly, reporting on hospital class as well as its history and challenges we encounter today, and city that does not have this specialized care. I believe that we should give more attention to this circumstance, for they were created hospital classes in all health sites.

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7 SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO………...………...…8

2. E POR FALAR EM CLASSE HOSPITALAR...10

3. EDUCAÇÃO NO HOSPITAL E PRÁXIS DO EDUCADOR HOSPITALAR...14

4. O CAMPO: NOTAS...17

5. CONCLUSÃO...20

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8 Introdução

“A escola precisa aprender a mover-se em outros espaços, sem fazer da sala de aula a única passarela em que desfila o conhecimento”. (Ronca, Revista Nova Escola, n° 148, edição 2001).

Há uma relação entre a alegria necessária à atividade educativa e a esperança. A esperança de que o professor e o aluno juntos podemos aprender, ensinar, inquietar-nos produzir e juntos igualmente resistir aos obstáculos a nossa alegria... A esperança faz parte da natureza humana. (Freire, 1996, p.72)

Este texto busca abordar a classe hospitalar enquanto prática pedagógica. Por que esse tema? A escolha se justifica pela curiosidade em saber um pouco mais sobre esse campo de atuação da pedagogia, que até o momento era desconhecido para mim, assim como é para muitas pessoas, acredito.

Tudo começou ao assistir uma reportagem que explicava todo o funcionamento de uma classe especializada fora do ambiente escolar, assim como estamos acostumados, onde crianças em tratamento tinham a oportunidade de estudar, sem precisar se desvincular de sua escola, pois os conteúdos eram trabalhados no hospital. Até então, não sabia dessa outra modalidade de prática pedagógica. Por isso a decisão de estudar e investigar a prática desse atendimento e sua importância para as crianças/alunos/internadas.

A partir de então desenvolvemos um projeto de pesquisa com o objetivo de contribuir para a divulgação e para o conhecimento dessa prática pedagógica desenvolvida fora dos “muros” da escola e também como objetivo investigar em qual lugar se ocupa essa modalidade de ensino na prática pedagógica nos sistemas de educação da Angra dos Reis Compreendo assim que dentre os diversos aspectos da pedagogia como Ciência da Educação a classe hospitalar seja um deles.

De acordo com alguns relatos lidos, muito se tem discutido no Brasil, acerca da existência de várias classes hospitalares e sobre esse atendimento pedagógico que, infelizmente é pouco conhecido e estudado nas universidades, mas que é de suma importância, pois atende as necessidades da criança neste período de internação, em que ela se

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9 encontra afastada da escola. De encontro a esta informação, a questão que tangencia este trabalho é o indício de que o atendimento pedagógico especializado no ambiente hospitalar, ou classe hospitalar, assegure a manutenção dos vínculos escolares e a reintegração da criança à sua escola de origem, ao currículo e aos colegas, sem prejuízo devido ao seu afastamento.

A metodologia utilizada baseia-se na pesquisa bibliográfica, com leituras de textos e artigos sobre o assunto e na pesquisa de campo; a investigação foi realizada e na Secretaria de Educação de Angra dos Reis, para um conhecimento sobre a situação da cidade com relação a esse atendimento, e se houver possibilidade, a hospitais que ofereçam esse atendimento especializado.

Neste trabalho, farei um breve histórico sobre as classes hospitalares, o início dela na Europa, o seu surgimento no Brasil e sobre algumas leis que regulamenta essa prática pedagógica. Em seguida falarei sobre a visão da educação continuada no hospital e a práxis do professor hospitalar. Para finalizar, falarei especificamente da pesquisa de campo e, com isso, da atual situação das classes hospitalares em Angra dos Reis.

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10 E por falar em classe hospitalar

O que podemos afirmar quando falamos em classe hospitalar? Genericamente se trata da modalidade de atendimento pedagógico especializado para crianças e adolescentes internados em hospitais e que, por isso, se encontram temporariamente impossibilitados de assistir aulas nas escolas em que estão regularmente matriculados. Do ponto de vista legal a Resolução CNE/CEB Nº 2 de 11 de fevereiro de 2001 do CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO/CÂMARA DE EDUCAÇÃO BÁSICA:

Art. 13 diz que os sistemas de ensino, mediante ação integrada com os sistemas de saúde, devem organizar o atendimento educacional especializado a alunos impossibilitados de frequentar as aulas em razão de tratamento de saúde que implique internação hospitalar, atendimento ambulatorial ou permanência prolongada em domicílio.

De acordo com informações do Instituto Nacional do Câncer – INCA – classe hospitalar se caracteriza enquanto atendimento pedagógico-educacional ocorrido em ambientes de tratamento de saúde, na circunstância de internação como tradicionalmente conhecida, ou ainda na circunstância do atendimento em hospital-dia e hospital-semana ou em serviços de atenção integral à saúde mental. A exposição do lugar ocupado por essa representação da prática pedagógica nos sistemas de educação de Angra dos Reis é o objetivo principal deste texto.

Tendo por base o texto da autora Cláudia Esteves “Pedagogia Hospitalar – Um breve Histórico” e pesquisa em alguns sites, a Classe Hospitalar tem seu início em 1935, quando Henri Sellier, nascido em 22 de dezembro 1883, inaugura a primeira escola para crianças inadaptadas, nos arredores de Paris. Segundo relatos ele foi prefeito de Suresnes por 22 anos, de 1919-1941, mesma cidade aonde veio a falecer dois anos mais tarde. Seu governo concentrou-se em aspectos da vida cotidiana dos seus cidadãos, “Proteção da saúde” desde a infância foi uma das suas principais características. Para tanto, inaugurou lugares e meios de educação para todas as idades por meio de instalações inovadoras.

Seu exemplo foi seguido na Alemanha, em toda a França e nos Estados Unidos, com o objetivo de suprir as dificuldades escolares de crianças tuberculosas. Mas, pode-se considerar

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11 como marco decisório das escolas em hospital a Segunda Guerra Mundial, em virtude do grande número de crianças e adolescentes atingidos, mutilados e impossibilitados de ir à escola. Nesse sentido, criou-se uma cultura do engajamento médico em defesa desse tipo de atividade escolar no ambiente hospitalar.

Em 1939 é criado na França o C.N.E.F.E.I. – Centro Nacional de Estudos e de Formação para as crianças inadaptadas de Suresnes, tendo como objetivo formação de professores para o trabalho em institutos especiais e em hospitais. O centro promove estágios em regime de internato dirigido a professores e diretores de escolas; médicos de saúde escolar e assistentes sociais. A Formação de Professores para atendimento escolar hospitalar no C.N.E.F.E.I. tem duração de dois anos e desde a sua criação já formou 1.000 professores para atuarem em classes hospitalares. Ainda na França e também no ano de 1939 é criado o cargo de professor hospitalar junto ao Ministério da Educação daquele país.

No Brasil nos anos 1950, na cidade do Rio de Janeiro – pioneira e referência nesse tipo de atendimento – o Hospital Municipal Jesus, em Vila Isabel, foi o primeiro a desenvolver atividades de classe hospitalar, em funcionamento até os dias de hoje. Possui 11 salas especiais para o atendimento escolar e recebe, em média, 150 pessoas por mês.

Entretanto, se com a publicação do Estatuto da Criança e do Adolescente em 1990 houve o reconhecimento oficial e o aumento significativo dessa modalidade de atendimento pedagógico especializado dentro das instituições de saúde pública em nosso país, somente com a resolução nº41 de 31 de outubro de 1995 do Conselho Nacional da Criança e do Adolescente a legislação Brasileira reconheceu efetivamente os Direitos da Criança e do Adolescente Hospitalizado. O item 9 dessa resolução diz: “Direito de desfrutar de alguma forma de recreação, programas de educação para a saúde, acompanhamento do currículo escolar durante sua permanência no hospital.”

Segundo Claudia Esteves (2005), em 2002 o Ministério da Educação, por meio de sua Secretaria de Educação Especial, elaborou um documento de estratégias e orientações para o atendimento nas classes hospitalares, assegurando o acesso à educação básica. De acordo com o parágrafo 2º, art. 58 na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB nº9. 394/96: "O atendimento será feito em classes, escolas, ou serviços especializados sempre que, em função das condições específicas do aluno não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular".

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12 Considerando-se o perfil de compromisso que a educação assume com a proposta de resgatar a possibilidade dos alunos em dar continuidade aos seus estudos para o Ministério da Saúde, o hospital é também considerado um centro de Educação.

Hospital é a parte integrante de uma organização médica e social, cuja função básica consiste em proporcionar a população assistência médica integral, curativa e preventiva, sob quaisquer regimes de atendimento, inclusive domiciliar, constituindo-se também em centro de educação, capacitação de recursos humanos e de pesquisas em saúde, bem como de encaminhamento de pacientes, cabendo-lhe supervisionar e orientar os estabelecimentos de saúde a ele vinculados tecnicamente. (Brasil, 1977, p. 3.929)

No Brasil, nos últimos anos o interesse pelas classes hospitalares tem crescido entre educadores e médicos. Há registros de que aqui há mais de 37 mil pessoas estudando em hospitais. Porém, estão registradas apenas 66 classes hospitalares, sendo que o próprio governo estima ter muito mais, pois, há instituições públicas e também instituições particulares que provavelmente não foram ainda registradas, pois tem hospitais com mais de uma classe hospitalar, de acordo com o Ministério da Educação – MEC. Segundo o MEC:

Cumpre as classes hospitalares e ao atendimento pedagógico domiciliar elaborar estratégias e orientações para possibilitar o acompanhamento pedagógico-educacional do processo de desenvolvimento e construção do conhecimento de crianças, jovens e adultos matriculados ou não, nos sistemas de ensino regular, no âmbito da educação básica e que se encontram impossibilitados de frequentar escola, temporária ou permanente e, garantir a manutenção do vínculo com as escolas por meio de um currículo flexibilizado e/ou adaptado, favorecendo seu ingresso, retorno ou adequada integração ao seu grupo escolar correspondente como parte do direito de atenção integral.(MEC-Classe hospitalar e atendimento pedagógico domiciliar: estratégias e orientações. Secretaria de Educação Especial. p.13)

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13 Geralmente a classe hospitalar trabalha com crianças de 0 a15 anos. Sendo que, no máximo o atendimento chega até aos 18 anos. Seu alcance prevê inclusive intervenção pedagógico-educacional auxiliando nas necessidades do desenvolvimento psíquico e cognitivo da criança e do adolescente.

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14 Educação no hospital e práxis do educador hospitalar

O campo da Pedagogia tem se estendido por várias áreas de atuação, não está mais restrita somente as instituições escolares, mas sim a diferentes cenários educativos que estão constituindo a educação escolar atual que vem sendo alterada em função das transformações sociais.

Num sentido mais amplo, a educação abrange o conjunto das influências do meio natural e social que afetam o desenvolvimento do homem... Os valores, costumes, as ideias, a religião, a organização social, as leis, o sistema de governo, os movimentos sociais, as práticas de criação de filhos, os meios de comunicação social são forças que operam e condicionam a prática educativa.(LIBÂNEO, 2010, p.87)

Compreendemos a educação de forma ampla e envolve os muitos campos do conhecimento que de algum modo se preocupam com as práticas educativas. Educação é um processo onde o ser humano precisa se desenvolver de forma crítica para se tornar “sujeito” desta prática. “A prática docente crítica, implicante do pensar certo, envolve o movimento dinâmico, dialético, entre o fazer e pensar sobre o fazer.” (FREIRE,1996, p.38)

Fundamentalmente a prática pedagógica na classe hospitalar se torna um desafio para os educadores, muitas vezes acomodados às estratégias e práticas emolduradas no espaço escolar. Geralmente os educadores em atuação na classe hospitalar são ligados às secretarias municipal e estadual de educação. Em cerca de 63% das classes hospitalares implementadas há convênio entre as secretarias de educação com a secretaria de saúde, o restante se divide entre parcerias da secretaria de educação com o setor privado, entidades filantrópicas ou universidades.

No entanto, o suporte pedagógico, material e corpo docente são de responsabilidades da área de educação. A área de saúde é responsável por oferecer espaço físico no hospital para a atuação pedagógico-educacional e suporte psicológico para os educadores.

Devido ao atendimento pedagógico-educacional a classe hospitalar deve se apoiar em proposta educativa-escolar, o que significa outra prática pedagógica. E ela se apresenta como

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15 um novo caminho. Um dos seus objetivos é a continuidade do ensino dos conteúdos dados na escola.

Geralmente, ou de forma ideal, o primeiro contato se dá através do pedagogo ou da pessoa responsável pelas classes hospitalares junto à família para conversar sobre o cotidiano dessa criança e sua relação de aluno com a escola de origem. Todavia são três instâncias implicadas no processo: o próprio hospital, a escola de origem e a família. A relação de aproximação e troca de informações entre ambos é muito importante para a manutenção do curso escolar e também para a eficácia do tratamento médico.

As práticas pedagógicas da escola não diferem daquelas implantadas nos hospitais, o objetivo é o mesmo. Cabe ao educador que opera com os processos afetivos da construção da aprendizagem compreender que cada dia numa classe hospitalar é totalmente diferente do outro e que a situação de internação demanda paciência, dedicação e amor, além de competência técnica. No hospital há possibilidade da criança ter sua hora de recreação, pois não se pode tirar este momento dela, e os méritos que o ato de brincar desenvolve. Por isso cabe ao professor utilizar-se de jogos que aprimorem o raciocínio, a coordenação motora, a afetividade, a imaginação. Com essa mistura do conhecimento o professor concilia a brincadeira com o lúdico, ajudando no processo de aprendizagem.

A pedagogia hospitalar vem mostrar ao aluno-paciente que o hospital não é só um lugar que provoca dor e sofrimento, mas sim um local onde se pode aprender, trocar informações, saberes, e que ele poderá dar continuidade as suas tarefas escolares.

Muitas aulas e atividades são realizadas no leito devido à doença e estágio do tratamento. O ritmo e a duração são definidos em diálogo com o aluno-paciente e mediante a percepção mútua do desenvolvimento da aula. Entretanto, o educador precisa ter a consciência que seu planejamento, por mais que o currículo seja flexível do que na escola, deverá ser voltado para um grupo de alunos debilitados fisicamente, emocionalmente, com atividades que precisam ser finalizadas no mesmo dia, com início, meio e fim.

A criança hospitalizada, assim como qualquer criança, apresenta o desenvolvimento que lhe é possível de acordo com uma diversidade de fatores com os quais interage e, dentre eles, as limitações que o diagnóstico clínico possa lhe impor. De forma alguma podemos considerar que a hospitalização seja, de fato, incapacitante para a

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16 criança. Um ser em desenvolvimento tem sempre possibilidades de usar e expressar, de uma forma ou de outra, o seu potencial.(FONSECA, 2008, p. 17)

As práticas pedagógicas desenvolvidas no espaço hospitalar tem como objetivo oferecer continuidade ao processo de aprendizagem interrompido. Segundo Ricardo Burg Ceccim (1999) “o contato com o professor e com uma “escola no hospital” funciona, de modo importante, como uma oportunidade de ligação com os padrões da vida cotidiana do comum das crianças, como ligação da vida em casa e na escola.”.

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17 O campo: notas

Para escrever sobre classe hospitalar seria imprescindível conhecer de perto essa prática pedagógica. Assim, o projeto de pesquisa foi idealizado. Infelizmente isso não foi possível devido a problemas do próprio hospital onde eu iria pesquisar. Mas, o que se pode fazer quando as coisas não saem como o planejado? Relatar a impossibilidade e problematizá-la. É o que tentarei fazer agora.

Fui à Secretaria de Educação de Angra dos Reis com esperança de que encontraria alguém para conversar sobre classe hospitalar. O esclarecimento do lugar ocupado por essa representação da prática pedagógica nos sistemas de educação de Angra dos Reis foi bastante frustrante. Minha intenção era conversar com um representante do Centro de Apoio à Família – CAF para sondar a questão das classes hospitalares. Desejava saber se em Angra dos Reis havia essa prática pedagógica e, em caso positivo, como se dava seu funcionamento.

O departamento ao qual me dirigi não era o responsável pelo tipo de prática pedagógica em questão. Aliás, ninguém da Secretaria de Educação com quem tive contato sabia do que se tratava ao ouvir a expressão “classe hospitalar”. Para mim um absurdo completo; tive que explicar do que se tratava para que minimamente eu obtivesse alguma resposta satisfatória.

Foi então que uma pessoa relatou que em Angra dos Reis não havia esse tipo de atendimento e que não havia a mínima estrutura física e política para isso. Minhas suspeitas se confirmaram. De acordo com depoimentos espontâneos constatamos tal precariedade: “Não temos professor nem para o ensino regular em nossas escolas, quanto mais disponibilizarmos professor para realizar atendimento hospitalar ou domiciliar que seja”. Entretanto se o modelo de classe hospitalar não existia e isso parecia se justificar pela carência de professor – mas não só, o atendimento domiciliar ocorria e era a prática pedagógica que mais se aproximava, apesar de bastante precário. Apesar de haver pleno conhecimento a respeito da lei que assegura esse direito ao aluno impossibilitado de frequentar as aulas normalmente, o que ocorre por aqui é completamente fora dos padrões estabelecidos. Mas, por quê?

Em Angra dos Reis quando é feito o atendimento domiciliar isso fica a cargo da escola de origem do aluno. Seu papel passa a ser o de oferecer “ao seu jeito” algum tipo de auxílio ao aluno impossibilitado de frequentar com regularidade as aulas na escola. Não há parceria entre as secretarias de educação e saúde e fica tudo sob a responsabilidade da escola mesmo.

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18 Nesse sentido, as atividades são realizadas em casa, alguém da família ou conhecido leva para o atendido aquilo que seriam os conteúdos de aula. Na época das avaliações, se tudo está bem, procura-se alguém da secretaria da escola (coordenação) para ir até o domicílio do aluno e aplicar o instrumento avaliativo. Ou então é o aluno quem se desloca mesmo até à escola para realizar sua avaliação, mesmo que suas condições físicas ou de saúde não sejam as mais adequadas. Ainda há os casos em que simplesmente “uma nota é dada” ao aluno para que ele não seja reprovado, independente de ter sido realizado qualquer tipo de atendimento domiciliar. Cruel mas, em muitos casos, vantajoso para todos, exceto para o aluno.

De acordo com a Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação é necessário:

Providenciar em parceria com os serviços de saúde e de assistência social, mobiliário e/ou equipamentos adaptados de acordo com as necessidades do educando, como: cama especial, cadeira e mesa adaptadas, cadeira de rodas, eliminação de barreiras para favorecer o acesso a outros ambientes da casa e ao espaço externo, etc.” (MEC – Classe hospitalar e atendimento pedagógico domiciliar: estratégias e orientações. Secretaria de Educação Especial. p.17)

Mas as coisas podem até piorar. Há, ainda, os casos em que o aluno fica reprovado mesmo, sem chance de acesso aos conteúdos e as avaliações. Foi o que aconteceu com um conhecido. Ele sofreu acidente grave que resultou em uma cirurgia na perna que o impossibilitou de frequentar a escola. Ficou um tempo no hospital, mas ao retornar para sua casa, precisaria ficar um bom período sem se locomover. Estava cursando o quinto ano e no quarto bimestre. Sua mãe preocupada procurou saber na escola como ficariam seus estudos. A escola garantiu que ele receberia suas atividades através da sua irmã que também estudava na escola, ela levaria, ele faria as atividades que seriam entregues à professora. Neste período ele ficou o restante do ano letivo sem frequentar a escola, ou tendo qualquer subsidio da mesma para concluir o ano letivo. Em virtude dessa situação acabou sendo retido na série que cursava. Na época, falaram que não teria como ele ser aprovado.

Se tudo em relação a esse tipo de atendimento é tão precário e sem rigor, como garantir que o aluno realize uma avaliação de conteúdo? Não se pode sequer depender de uma

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19 explicação “de casa”, pois na maioria das vezes a mãe não possui a instrução necessária para atender ao seu filho. Não é raro que isso aconteça.

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20 Conclusão

Dupla frustração. Este é o sentimento que me ajuda a concluir esta etapa da formação. A primeira diz respeito à impossibilidade de realizar a pesquisa como planejado. Não ter um local onde eu pudesse ver de perto como ocorre a classe hospitalar deixou um vazio. Reconhecer que em Angra dos Reis não há esse tipo de prática pedagógica foi pior ainda. Saber que o que se realiza em lugar disso foi, igualmente, desconcertante. Diante de tantas constatações como acreditar na educação? Como garantir que todos se conscientizem da importância da classe hospitalar nos nossos dias, principalmente os que trabalham com a educação? O presente estudo teve a finalidade de mostrar e conhecer mais sobre a classe hospitalar como prática pedagógica, vislumbrando os benefícios da práxis do professor nos hospitais para os alunos lá internados. A aula no ambiente hospitalar auxilia no desenvolvimento educacional do aluno internado e auxilia na recuperação da sua doença.

A classe hospitalar é uma desconhecida da sociedade de mundo acadêmico; em Angra dos Reis é uma virtualidade. Nem o governo, nem os órgãos, nem o curso de pedagogia dedicam espaço para o desenvolvimento dessa prática pedagógica. Porém, acredito que ela crie laços afetivos entre os alunos-pacientes (como são chamados os que estudam em um ambiente hospitalar). Além de ser uma prática importante no processo de aprendizagem do aluno, ela também auxilia na recuperação deste aluno.

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21 Referências bibliográficas

BRASIL, Ministério da Educação. Classe hospitalar e atendimento pedagógico domiciliar: estratégias e orientações. / Secretaria de Educação Especial. – Brasília : MEC ; SEESP, 2002. 35 p.

CECCIM, Ricardo Burg Classe Hospitalar: encontros da educação e da saúde no ambiente hospitalar – Ponto de Vista. Pátio, Ano 3 n° 10 Agosto/ outubro 1999

CECCIM, R. B. & CARVALHO, P. R. A. (Org.). Criança Hospitalizada. Editora da Universidade, RS, 1997.

Classe Hospitalar: Atendimento Escolar em Ambiente Hospitalar. Classe Hospitalar do

Hospital Municipal Jesus. Disponível em:

http://www.sms.rio.rj.gov.br/servidor/cgi/piblic/cgilua.exe/web/templates/htm/v2/view.htm?i nfoid=1561&editionsectionid=137. Acesso em 19 de setembro de 20013.

CNDCA (1995). Resolução nº 41, de 13 de outubro de 1995, Direitos da criança e adolescente hospitalizados.

ESTEVES, Cláudia R. Pedagogia Hospitalar: Um breve Histórico; especialista em Psicopedagogia, Pedagogia Educacional e Hospitalar. 2005

EDUCAÇÃO, Classes hospitalares. Publicado em 24 de Outubro de 2010. Disponível em:

<http://noticias.r7.com/educacao/noticias/hospitais-fazem-parceria-com-escolas-para-pacientes-continuarem-os-estudos-20100410.html>. Acesso em Julho de 2013

FONSECA, Eneida Simões da. Atendimento pedagógico-educacional para crianças e jovens hospitalizados: realidade nacional / Eneida Simões da Fonseca. – Brasília: Instituto Nacional de Estudo e Pesquisas Educacionais, 1999

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22 FONSECA, Eneida Simões da, Atendimento escolar no ambiente hospitalar. São Paulo: Memnon, 2003 e 2008.

FONTES, Rejane de S. A escuta pedagógica à criança hospitalizada: discutindo o papel da educação no hospital. 2005. 21 f. Universidade Federal Fluminense, 2005

FONSECA, Eneida Simões da. A situação brasileira do atendimento pedagógico-educacional hospitalar. Educação e Pesquisa, São Paulo, v.25, n.1, p. 117 – 129, jan. / jun. 1999

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FREIRE, Paulo Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa/ Paulo Freire. – São Paulo: Paz e Terra, 1996 (coleção Leitura)

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OLIVEIRA, Alana Raquel de; FERREIRA, Helena Perpetua de Aguiar; CALDAS, Iandra Fernandes Pereira; Pedagogia Hospitalar: Relatos da vivência das práticas pedagógicas no espaço não escolar. VI Colóquio Internacional “Educação e Contemporaneidade”. São Cristovão – SE / Brasil 20 a 22 de Setembro de 2012. p.14

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23 RIBEIRO, Karina Rafaela. Pedagogia Hospitalar: A Escolarização do aluno no atendimento pedagógico domiciliar. 2002.32f. Trabalho (Graduação) – Universidade Estadual de Maringá, 2002

Referências

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