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CENTRO UNIVERSITÁRIO LUTERANO DE MANAUS - CEULM ENGENHARIA AMBIENTAL KEITIANNE FIGUEIREDO BEZERRA

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- V ER ITA S IBER AB IT -A .D . MCMLXXX V III

CENTRO UNIVERSITÁRIO LUTERANO DE MANAUS - CEULM Comunidade Evangélica Luterana “São Paulo”

Credenciado pelo Decreto Presidencial de 26/03/2001-DOU 27/03/2001

ENGENHARIA AMBIENTAL

KEITIANNE FIGUEIREDO BEZERRA

AVALIAÇÃO DA FERTILIDADE DO SOLO SOB SISTEMA DE MANEJO DA CAIÇARA EM COMUNIDADE INDÍGENA NAS SAVANAS DE RORAIMA

Manaus 2015

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KEITIANNE FIGUEIREDO BEZERRA

AVALIAÇÃO DA FERTILIDADE DO SOLO SOB SISTEMA DE MANEJO DA CAIÇARA EM COMUNIDADE INDÍGENA NAS SAVANAS DE RORAIMA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Ambiental no Centro Universitário Luterano de Manaus/ULBRA

Orientador: Alan Ferreira dos Santos

Manaus 2015

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KEITIANNE FIGUEIREDO BEZERRA

AVALIAÇÃO DA FERTILIDADE DO SOLO SOB SISTEMA DE MANEJO DA CAIÇARA EM COMUNIDADE INDÍGENA NAS SAVANAS DE RORAIMA.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Ambiental no Centro Universitário Luterano de Manaus/ULBRA.

Banca Examinadora:

_______________________________________________________ Prof. Alan dos Santos Ferreira (Orientador)

CEULM/ULBRA

_______________________________________________________ Prof. Graciélio Queiroz de Magalhães

CEULM/ULBRA

_______________________________________________________ Prof. Newton Silva de Lima

CEULM/ULBRA

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais: América Figueiredo Bezerra e Francisco Alves Bezerra.

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AGRADECIMENTO

Agradeço a Deus pela vida;

Agradeço a Minha mãe por todo o incentivo, carinho e cuidado;

Agradeço ao meu orientador Alan por todo o apoio, confiança, motivação, dedicação e paciência.

Agradeço as amigas Katrine e Ana Paula pela amizade e auxílio inestimável;

Agradeço a minha irmã Katiana por todo o amparo;

Agradeço aos amigos Silvano e Ludimilla por todo o auxilio em campo e os bons momentos; Agradeço a Marta pelo apoio na análise laboratorial e interpretação dos resultados; Agradeço aos moradores da comunidade Aningal pelo consentimento e hospitalidade;

Agradeço aos colegas, professores e Instituição que me apoiaram nesta caminhada de estudos e descobertas.

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RESUMO

Em Roraima, encontra-se a maior área contínua de savanas da Amazônia, denominada localmente como “Lavrado”, onde vivem povos indígenas de diversas etnias, manejando e alterando o ambiente. Excepcionalmente algumas roças são instaladas sobre o solo do Lavrado, após um processo de fertilização conhecido como “Caiçara”. A caiçara é uma área cercada onde o gado dorme durante um determinado período, fertilizando o solo com seu esterco. Considerando esses aspectos este o presente trabalho teve como objetivo avaliar o sistema de manejo da terra, conhecido como Caiçara em área de Lavrado de Roraima e sua influência sobre a fertilidade do solo. O estudo foi conduzido na comunidade indígena Aningal, localizada na Terra Indígena (T.I.) Aningal no município de Amajari, em Roraima. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso, com três tratamentos (Plantio, Caiçara e Lavrado) e três repetições. Para comparação dos três sistemas uma parcela de 10 x 15 m foi alocada no centro da Caiçara e da área de Plantio. Na área de Lavrado, a parcela foi alocada a 7 m de distância da cerca da Caiçara. Cada parcela foi subdividida em 3 subparcelas de 10 x 5 m. Nas subparcelas foram coletadas 5 sub amostras de solo nas profundidades de 0-10, 10-20 e 3 sub amostras na de 20-30 cm. As amostras compostas de solo foram secas ao ar, destorroadas e passadas em peneira de 2 mm, onde obteve-se a terra fina seca ao ar nas quais foram realizadas as análises granulométricas e químicas. Foram determinados o valores de pH (H2O) e os teores de Ca, Mg, Al, P , K e C orgânico. A composição granulométrica

apresentou textura média nos três sistemas. Os valores de pH e teores de alumínio demonstram que há uma baixa acidez no solo avaliado. Observou-se uma melhoria significativa na fertilidade do solo no sistema Plantio, pois de maneira geral os teores de cálcio, magnésio, potássio, fósforo e carbono orgânico foram significativamente superiores aos demais sistemas, nas três profundidades estudadas. Assim, o manejo da Caiçara realizado pela comunidade indígena Aningal, promove melhorias nas características químicas do solo nas áreas de Plantio, demonstrando ser este um sistema tradicional bem sucedido, pois a diversificação do Plantio e sua melhoria na fertilidade do solo com o incremento de nutrientes vindos das áreas das Caiçaras possibilitam o cultivo nas áreas pobres do Lavrado de Roraima.

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ABSTRACT

In Roraima, is the largest continuous area of savannas of the Amazon, known locally as "Lavrado", inhabited by indigenous peoples of different ethnic groups, managing and changing the environment. Exceptionally some fields are installed on the ground of Lavrado after a fertilization process known as "Rascal". The caiçara is a fenced area where cattle sleeps during a certain period, fertilizing the soil with their manure. Considering these aspects the present study was to evaluate the management system of the earth, known as Caiçara in Lavrado area of Roraima and its influence on soil fertility. The study was conducted in the indigenous community Aningal, located in the Indigenous Land (TI) Aningal in the municipality of Amajari in Roraima. The experimental design was randomized blocks with three treatments (planting, Rascal and Lavrado) and three repetitions. To compare the three systems a piece of 10 x 15 m was allocated in the center of Caicara and planting area. In Lavrado area, the plot was allocated to 7 m away from the fence Caiçara. Each plot was divided into three subplots of 10 x 5 m. In the subplots were collected 5 sub samples of soil in 0-10, 10-20 and 3 sub samples in 20-30 cm. The composite soil samples were air dried, destorroadas and passed through a 2 mm sieve, where there was obtained air dried fine soil in which the particle size and chemical analyzes were performed. It was determined the pH (H2O), Ca, Mg, Al, P, K and organic carbon. The particle size distribution showed an average texture in the three systems. The pH and aluminum levels demonstrate that there is a low acidity in the soil assessed. A significant improvement in soil fertility in planting system because generally the calcium was observed, magnesium, potassium, phosphorus and organic carbon were significantly superior to other systems in the three studied depths. Thus, the management of Caiçara conducted by Aningal indigenous community, promotes improvements in the chemical characteristics of the soil in the areas of planting, showing that this is a successful traditional system because the diversification of Planting and its improved soil fertility with increasing nutrient coming from areas of Caiçaras allow cultivation in poor areas of Lavrado of Roraima.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Área das Savanas de Roraima com agrupamentos arbóreos e áreas abertas...17 Figura 2: Caiçara na comunidade Aningal , Terra Indígena Aningal de Roraima...20 Figua 3: Plantio na comunidade Aningal...21 Figura 4: Mapa das Terras Indígenas do Lavrado de Roraima, com detaque na Terra indigena Aningal...31 Figura 5: Fluxograma dos procedimentos metodológicos...32 Figura 6: Área de Lavrado, Caiçara e plantio da comunidade Aningal, na Terra Indígena Aningal de Roraima...32 Figura 7: Croqui da unidade amostral, mostrando os pontos de coleta aleatórios...33

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1:Valores de pH (H2O) dos três sistemas de uso da terra avaliados, em três

profundidades...36 Gráfico 2: Teores Alumínio dos três sistemas de uso daterra avaliados, em três profundidades...37 Gráfico 3: Teores cálcio dos três sistemas de uso da terra avaliados, em três profundidades...38 Gráfico 4: Teores Magnésio dos três sistemas de uso da terra avaliados, em três profundidades...39 Gráfico 5: Teores potássio dos três sistemas de uso da terra avaliados, em três profundidades...40 Gráfico 6: Teores Fósforo dos três sistemas de uso da terra avaliados, em três profundidades...41 Gráfico 7: Teores Carbono orgânico dos três sistemas de uso da terra avaliados, em três profundidades...42

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LISTA DE TABELA

Tabela 1: Composição granulométrica dos três sistemas de uso da terra estudado, na Terra Indígena Aningal, de Roraima, em três profundidades...35 Tabela 2: Características do solo que apresentaram relação significativa nos sistemas e profundidades estudadas...43

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...13

1. REFERENCIAL TEÓRICO...15

1.1 ESTADO DE RORAIMA...15

1.2 SAVANAS DE RORAIMA...16

1.3 TERRAS INDÍGENAS DO LAVRADO...18

1.4 SISTEMAS AGRÍCOLAS INDÍGENAS DO LAVRADO...18

1.4.1 Caiçara...19

1.4.2 Plantio ...20

2. DEGRADAÇÃO AMBIENTAL...22

2.1 ÁREAS DEGRADADAS...22

3. IMPACTO NO ESTADO DE RORAIMA...23

3.1 IMPACTO DA AGRICULTURA INDÍGENA NO LAVRADO DE RORAIMA...24

4. SOLO E FERTILIDADE...25

4.1 TEXTURA OU GRANOLUMETRIA...26

4.2 VALORES DE PH (H2O) E ALUMÍNIO (AL)...27

4.3 CÁLCIO (CA)...27 4.4 MAGNÉSIO (Mg)...28 4.5 POTÁSSIO (K)...28 4.6 FÓSFORO (P)...29 4.7 CARBONO ORGÂNICO...29 5. METODOLOGIA...30

5.1 CARACTERÍSTICAS DA ÁREA DE ESTUDO...30

5.2 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL...31

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO...35

6.1 CARACTERIZAÇÃO DO SOLO QUANTO À TEXTURA...35

6.2 CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DO SOLO...36

6.3 VALORES DE PH (H2O) E TEORES DE ALUMÍNIO (AL)...36

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6.5 TEORES POTÁSSIO (K) E FÓSFORO (P) ...40

6.6 TEORES CARBONO ORGÂNICO...42

CONCLUSÃO ...46

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INTRODUÇÃO

O estado de Roraima possui a maior área contínua de savanas da Amazônia, ocupando uma superfície de 43.197 Km², correspondendo a 19% do estado (BARBOSA ET AL., 2007). As savanas de Roraima, denominadas localmente como “Lavrado”, apresentam um ecossistema em forma de mosaico, com áreas de vegetação aberta com agrupamentos arbóreos, conhecidas como ilhas de mata, buritizais e matas ciliares (BARBOSA & MIRANDA 2005).

O estado de Roraima é classificado como o estado brasileiro com o maior percentual indígena, 10% de sua população total (IBGE 2012; ISA 2012). O estado possui 32 áreas delimitadas como Terras Indígenas, e 28 ocupam mais da metade da área total do Lavrado exercendo um importante papel para a conservação do ecossistema local já que o manejo praticado pelos indígenas é de baixo impacto sobre os recursos ambientais.

O principal manejo agrícola praticado pelos indígenas que habitam as Terras Indígenas do Lavrado de Roraima é a agricultura de corte e queima, popularmente conhecida como “Coivara” que consiste em abrir roças por meio do corte e queima nas ilhas de mata, que possuem melhores características químicas que os solos das savanas adjacentes. A Coivara é um sistema sustentável desde que o tempo de pousio seja suficiente para recuperar a produtividade da terra (ROCHA, 2009). No entanto, os agricultores indígenas têm percebido o problema da diminuição das ilhas de mata disponíveis para a agricultura, diminuição da produtividade da roça, aliado a queda de fertilidade do solo e associada a ciclos de pousio cada vez mais curtos.

Ocorre também o Plantio no solo do Lavrado, embora não seja comum, pois a baixa fertilidade dos solos dificulta o desenvolvimento de culturas agrícolas fazendo com que os agricultores façam uso de insumos externos como calcários e fertilizantes químicos que visam melhorar as características do solo (PINHO, 2008).

Nas áreas abertas, do Lavrado, é realizada a criação de animais como bois e cavalos. Excepcionalmente algumas roças são instaladas sobre o solo do Lavrado, após um processo de fertilização do solo conhecido como “Caiçara”. A Caiçara é uma área cercada onde o gado dorme durante um determinado período, fertilizando o solo com seu esterco (PINHO, 2008). Após esse período, geralmente coincidindo

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com o início do inverno (época das chuvas), inicia-se o Plantio de variedades de macaxeira, mandioca e banana nessas áreas. Essa atividade é comum em comunidades que possuem poucas áreas de mata em seu território. A prática da Caiçara também possibilita a produção de esterco para uso em outras áreas na comunidade ou para comercialização, significando também uma fonte de renda para a família indígena (PINHO, 2008; ROCHA, 2009).

O emprego do fogo para limpeza da área, a criação extensiva de gado e outros animais domésticos, o uso insustentável dos recursos disponíveis da fauna e flora e projetos recentes com políticas públicas para desenvolvimento das savanas, podem vir a alterar a paisagem natural e quebrar as interações entre os ecossistemas, com risco de afetar suas funções ecológicas (BARBOSA ET AL., 2007).

Considerando-se esses aspectos, este trabalho teve como objetivo avaliar o sistema de manejo da terra, conhecido como Caiçara em área de Lavrado de Roraima e sua influência sobre a fertilidade do solo.

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1. REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 O Estado de roraima

O estado de Roraima está localizado a Sul e a Sudeste com o Estado do Amazonas, ao Norte e a Nordeste com a Venezuela (MELO ET ALL., 2003) com uma superfície de 224.472,187 Km² e com uma população de aproximadamente 496,936 habitantes, e com uma altitude que varia de 90 a 2.875 m, situado na região periférica da Amazônia legal. Roraima é classificado como o estado brasileiro com o maior percentual populacional indígena, 10% de sua população total e possui 32 áreas delimitadas como Terras Indígenas (IBGE, 2012; ISA, 2012).

O relevo do estado, de uma maneira geral é bastante variado, com uma predominância plana, cerca de 60% de sua área possui altitudes inferiores a 200 metros, 25% se eleva para uma média entre 200 e 300 metros, 14% de 300 a 900 metros e apenas 1% detêm elevações da superfície superiores a 900 metros acima do nível do mar (MELO ET ALL.,2003). O estado está cercado ao norte pelas Serras Parima e Pacaraima, com altitudes que variam de 1.000 e 1.800 tendo como o seu ponto mais elevado o Monte Roraima, com 2.875 metros de altitude. O estado tem sua hidrografia inserida na bacia do rio amazonas e no rio Branco, que possui uma extensão de 45.530 km² e é o maior e mais importante rio do estado, sendo um dos afluentes do rio Negro.

O clima da região é classificado segundo a classificação climática de Köppen e apresenta três tipos climáticos com temperaturas elevadas que estão associadas aos tipos característicos de vegetação, as médias mensais apresentam uma amplitude anual que não ultrapassa a 5º C (MELO ET ALL., 2003).

Os tipos climáticos da região são caractetizados, de acordo com classificação climática de Köppen como: Af que possui uma predominância úmida e acontece nas regiões de florestas tropicais. Aw que possui um regime hídrico bem caracterizado, com uma estação seca e uma estação chuvosa de aproximadamente seis meses, compreendendo as savanas tropicais, conforme destaca (SARMIENTO, 1990), nesse período ocorrem dois tipos opostos de estresse hídrico (acúmulo de água na estação chuvosa e déficit na estação seca), inibindo o estabelecimento da maior parte das espécies arbóreas. Ocorre entre os tipos Af e Aw, uma faixa de

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floresta de transição que estão associadas ao tipo climático Am que tem umidade suficiente para sustentação de florestas de características tropicais chuvosas, apesar de apresentar uma estação seca de pequena duração (BRASIL, 1975; BARBOSA, 1997).

O estado possui uma vegetação bastante diversificada, em uma mesma latitude podem-se encontrar montanhas, áreas de florestas e áreas abertas das Savanas (BARBOSA ET ALL., 1997, PG. 403).

Por distantes períodos de tempo, as atuações do clima, da vegetação e outros organismos vivos, sobre sedimentos distribuídos em diferentes condições de relevo, deram origem a classes de solos que se distinguem por características morfológicas, físicas, químicas e mineralógicas (MELO ET ALL., 2003). Os solos do Estado, são classificados de uma maneira geral como “ARGISSOLOS AMARELOS e ARGISSOLOS VERMELHO AMARELOS, PLINTOSSOLOS, LANOSSOLOS e NEOSSOLOS QUATZARÊNICOS Hidromórficos” (BRASIL, 1975; EMBRAPA, 1982A, 1982B, 1983, 1990A E 1990B).

Em Roraima encontra-se a maior área contínua de savanas da Amazônia, ocupando uma superfície de 43.197 Km², correspondendo a 19% do estado (BARBOSA ET AL., 2007). As savanas de Roraima, são denominadas localmente como “Lavrado”, e localizam-se a nordeste do estado. O Lavrado de Roraima possui um ecossistema em forma de mosaico, com áreas de vegetação aberta com agrupamentos arbóreos, conhecidas como ilhas de mata, buritizais e matas ciliares (BARBOSA & MIRANDA 2005).

1.2 Savanas de roraima

Os lavrados, savanas de Roraima, estão localizadas ao norte-nordeste do Estado, totalizando aproximadamente 39.000 km².

Podem-se encontrar tipos distintos de vegetação em meio ao Lavrado de Roraima (FIGURA 1). A região possui sistemas de baixa densidade arbórea (não florestais) com cobertura herbácea predominante, têm-se ainda os agrupamentos arbóreos em forma de ilhas, que regionalmente são conhecidas como “ilhas de mata” (ROCHA, 2009). As ilhas de mata são assim designadas por abrigarem um conjunto denso de espécies arbóreas diferentes daquelas encontradas no Lavrado,

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e geralmente são associadas a solos com maiores teores de nutrientes e matéria orgânica (LUIZÃO E LUIZÃO, 1997; OLIVEIRA JR. ET AL., 2005). Além dessas ilhas, em meio ao Lavrado encontram-se outros tipos de formação vegetal como matas de galeria e buritizais ao longo de cursos d’água (BARBOSA E MIRANDA, 2005; BARBOSA ET AL., 2007).

Figura 1: Área das Savanas de Roraima com agrupamentos arbóreos e áreasabertas.

Fonte: Keitianne Figueiredo Bezerra.

O solo do Lavrado de Roraima é comumente pobre em matéria orgânica e nutrientes, caracterizando uma baixa fertilidade natural. Geralmente possui acidez elevada, baixa saturação por bases e baixa capacidade de troca catiônica. Algumas áreas possuem elevada saturação por alumínio, sendo caracterizados como solos tipicamente distróficos e álicos Além disso, os Latossolos e Argissolos, que são mais comuns na região e possuem um baixo estoque de carbono, sendo necessárias práticas de manejo que aumentem esses valores (MELO ET AL., 2003; VALE JUNIOR & SOUZA, 2005).

Das 32 terras indígenas de Roraima, 28 ocupam mais da metade da área total do Lavrado exercendo um importante papel para a conservação do

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ecossistema local, já que o manejo praticado pelos indígenas é de baixo impacto sobre os recursos ambientais (PINHO, 2008).

1.3 Terras indígenas do lavrado

A área do lavrado é ocupada por aproximadamente (57,3%) de Terras Indígenas, totalizando 28, que equivale a uma extensão de aproximadamente 24,864 km² (ISA, 2012).

Os indígenas que habitam as terras do lavrado de Roraima exercem um importante papel na conservação do ecossistema local. Segundo Pinho, Barbosa et al., (2008, 2007), o uso e manejo praticado por eles são de baixo impacto sobre os recursos ambientais, porém a biodiversidade do Lavrado é pouco protegida, pois apenas (5%) são Unidades de Conservação (UC) e não é o suficiente para protegerem o ecossistema.

A maioria das terras indígenas do lavrado de Roraima estão situadas em pequenas áreas (a maioria com menos de 20.000 ha). Estas Terras não possuem conectividade entre si, pois foram demarcadas em forma de ilhas, e encontram-se rodeadas por fazendas de gado, arroz e soja (CAMPOS, 2011; SANTILLI, 1997). O restante da área do lavrado é dividido em (33,2%) de propriedades rurais e (4,4%) de assentamentos de reforma agrária.

1.4 Sistemas agrícolas indígenas do lavrado

A agricultura de corte e queima conhecida localmente como “Coivara” é o principal manejo agrícola praticado pelos indígenas que habitam as Terras Indígenas do Lavrado de Roraima. A coivara incide em abrir roças nas ilhas de mata onde os solos possuem melhores características químicas que os solos do lavrado adjacente. Este sistema é sustentável desde que o tempo de pousio, que varia de 10 a 60 anos dependendo da área, seja o suficiente para recuperar a produtividade da Terra (ROCHA, 2009

Além da formação das roças, utiliza-se as ilhas de mata para atividades da caça e extrativismo, extração de madeiras diversas e de espécies que são utilizadas para fins medicinais. Nas margens dos cursos d’água, onde ocorrem matas de

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galeria, é comumente realizada a coleta da palha do buritizeiro para confecção das coberturas das casas e utilização das ripas nas paredes, o seu fruto também é extraído tornando-se assim uma importante fonte alimentar (RIBEIRO ET AL., 2011; OLIVEIRA JR. ET AL., 2005; PPTAL, 2007).

Ocorre também o plantio no solo do Lavrado, embora seja menos comum, pois a baixa fertilidade impede o desenvolvimento de culturas agrícolas fazendo com que os agricultores façam uso de insumos externos e fertilizantes químicos. O fogo ainda é abundantemente utilizado pelos indígenas tendo com finalidade o manejo das pastagens naturais e atividades de caça, porem seu emprego para limpeza da área, criação extensiva de gado e outros usos tem alterando a paisagem natural e quebrado as interações entre os ecossistemas (BARBOSA ET AL. , 2007; PPTAL, 2007).

Têm-se também os quintais agroflorestais que são uma importante fonte de renda e alimentos para a população indígena. Pinho (2008) destaca que os teores de nutrientes do solo dos quintais, comparados ao Lavrado adjacente são superiores devido à deposição e queima de resíduos orgânicos. A maioria das espécies produzidas nos quintais é designada para consumo próprio, sendo comercializados ocasionalmente.

Nas áreas abertas do Lavrado de Roraima realiza-se a criação de pequenos rebanhos de gado que foram adquiridos através de projetos iniciados pela Diocese de Roraima, CIR, FUNAI e Governo do Estado e são criados comunitariamente pelos indígenas (SANTILLI, 1997). Geralmente, após um processo de fertilização natural conhecido como “Caiçara” é realizado um plantio de variedades nessas áreas.

1.4.1 Caiçara

As comunidades indígenas possuem áreas de “fazendas”, conhecidas localmente como Retiros, nestas áreas são criados animais como bois e cavalos. As áreas cercadas onde o gado permanece parte do ano (FIGURA 2), são denominadas localmente como “Caiçara”. Após um processo de fertilização natural do solo com esterco, excepcionalmente nesse local são instaladas roças, sendo manejados tipos diversos de cultivos. (ROCHA, 2009).

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Após receberem a quantidade de esterco adequada, o que geralmente coincide com o início do inverno (época das chuvas), tornam-se áreas de plantio de variedades de macaxeira, mandioca, banana, etc. Essa atividade é comum em comunidades que possuem poucas áreas de mata em seu território (PINHO, 2008).

A prática da Caiçara também possibilita a produção de esterco para uso em outras áreas na comunidade ou para comercialização, podendo gerar mais uma fonte de renda para os indígenas.

Figura 2: Caiçara na comunidade Aningal, Terra Indígena Aningal de Roraima.

Fonte: Keitianne Figueiredo Bezerra

1.4.2 Plantio

Muitas sociedades indígenas possuíam e ainda possuem o hábito de inserir árvores em meio a cultivos agrícolas, realizar consórcios de plantas, executar plantios com base na sucessão natural de espécies, cultivar espécies frutíferas ao redor das moradias.

Algumas comunidades indígenas realizam o manejo da Caiçara devido à impossibilidade de cultivo nas áreas de baixa fertilidade do solo na região do

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Lavrado. Geralmente coincidindo com o início do inverno (época das chuvas), é implantado um plantio de variedades (FIGURA 3) como: macaxeira, mandioca, pimenta, banana, dentre outras culturas nessas áreas. Pinho (2008) destaca que existe potencial para a inserção de árvores nesse sistema.

O manejo do Plantio nas áreas de Caiçara pode ser encontrado em muitas comunidades criadoras de gado. As comunidades podem realizar o manejo do plantio nas áreas de caiçara de maneira diferente de uma para outra, Henfrey (2002), também destaca o plantio de mandioca e outras culturas em currais após a retirada do gado na época de reprodução pelos Wapishana da aldeia Maruranau, na Guiana.

Figura 3: Plantio na comunidade Aningal

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2. DEGRADAÇÃO AMBIENTAL

A degradação Ambiental é geralmente uma perda ou deterioração da qualidade ambiental. O ser humano é o agente causador de degradação ambiental "processos naturais não degradam ambientes, apenas causam mudanças" (JOHNSON ET AL., 1997, P. 548).

Em termos gerais, a degradação ambiental pode ser conceituada como qualquer alteração adversa dos processos, funções ou componentes ambientais, ou como uma alteração adversa da qualidade ambiental. Em outras palavras, a degradação ambiental corresponde a um impacto ambiental negativo (SÁNCHEZ, 2008, p. 27).

A degradação ambiental ocorre quando há perda de adaptação às características físicas, químicas e biológicas e é inviabilizado o desenvolvimento sócio econômico. Se um ambiente pode ser degradado de diferentes formas presume-se que está relacionado aos vários componentes principais de uma unidade de terra; atmosfera, vegetação, solo, geologia e hidrologia, sintetizando a expressão área degradada (DIAS & MELO, 1998, p. 4).

2.1 Áreas degradadas

O conceito de áreas degradadas pode ser descrito por uma vasta fonte de conhecimentos distintos, unindo-se em um único objetivo. Para Noffs, “ Área degradada é toda área que por ação natural ou antrópica teve suas características originais alteradas além do limite de recuperação natural dos solos, exigindo, assim, a intervenção do homem para sua recuperação” (2000). Para a determinação de uma área degrada se faz necessária a identificação dos fatores da degradação. Estes fatores de degradação são responsáveis pelas áreas degradadas, que por sua vez devem ser avaliadas pela sua extensão e intensidade. Tem-se como fatores da degradação :

O desmatamento ou remoção da vegetação natural para fins de agricultura, florestas comerciais, construção de estradas e urbanização;

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superpastejo da vegetação; atividades agrícolas, incluindo ampla variedade de práticas agrícolas, comouso insuficiente ou excessivo de fertilizantes, uso de água de irrigação debaixa qualidade, uso inapropriado de máquinas agrícolas e ausência depráticas conservacionistas de solo; exploração intensa da vegetação para fins domésticos, como combustível cercas, etc., expondo o solo à ação dos agentes de erosão; e atividades industriais ou bioindustriais que causam a poluição do solo Dias & Melo (1998, p. 1).

O Brasil possui 140 milhões de hectares de áreas degradadas (MMA, 2012). Conforme Yared (1990), cerca de 30 milhões de hectares de áreas foram transformadas em pastagens e aproximadamente metade dessas áreas encontra-se em algum estágio de degradação. Tem-se o desmatamento pelas atividades agrícolas como um dos principais causadores da degradação do solo, também existe o impacto causado por obras de engenharia (ferrovias, estradas, barragens e etc.) e os resultantes das minerações realizadas a céu aberto, que por sua vez podem proporcionar a degradação dos recursos hídricos (DIAS & MELO, 1998, p. 2).

3. IMPACTO NO ESTADO DE RORAIMA

O desmatamento na Amazônia cresce em taxas alarmantes, tem-se como principal causador a exploração madeireira e o avanço da pecuária. No estado de Roraima, esse cenário não é diferente nas regiões de floresta.

O agronegócio é considerado como o principal vetor de impacto ambiental em áreas do Lavrado, tendo como principal conseqüência o impacto sobre os recursos hídricos e a perda de biodiversidade. Outra constante preocupação é com o crescimento urbano desordenado pois este ambiente abriga mais de 80% da população em menos de 20% da área física do Estado (CIRO ET AL., 2008).

O Instituto Brasileiro de Geografia e estatística IBGE (2009), realizou um estudo que estabeleceu uma análise dos impactos sobre os recursos naturais nos quais foram analisados ambientes degradados pelos diferentes processos produtivos e a interferência da população.

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Com a avaliação de impacto ambiental constatou-se que no sudoeste do estado, situam-se as áreas com atividades de impacto muito baixo (nível 5), nestas áreas existe uma predominância de unidades de conservação de proteção integral e de uso sustentável. Nas áreas localizadas a sul, sudeste, noroeste e nordeste do estado as atividades são de baixo impacto (nível 4), essas áreas são compostas por terras indígenas, unidades de conservação de uso sustentável e as áreas militares. Na região central do estado, próximo da capital e nas áreas de assentamento no sudeste do estado, as atividades foram de médio impacto (nível 3), onde estão concentradas as atividades ligadas à pecuária que são responsáveis pela classificação.

As áreas com atividades de alto impacto (nível 2) estão localizadas nos espaços urbanizadas de Boa Vista. Na região central e nordeste do estado estão localizadas as áreas com atividades alto impacto (nível 1) sendo a lavoura irrigada e de sequeiro de arroz a principal responsável pela classificação (IBGE, 2009).

3.1 Impacto da agricultura indígena no lavrado de Roraima

Nota-se que com o aumento da demanda sobre os recursos naturais, há uma expressiva redução no período de pousio e, por conseguinte, esgotamento das ilhas de mata (ROCHA, 2009). Além disso, na medida em que se intensifica o contato das populações nativas com os não índios e que há uma fixação das comunidades, os modos de produção tradicionais vêm sofrendo mudanças de tal forma que não são mais capazes de atender a todas as necessidades básicas das populações indígenas aglomeradas em crescimento. O resultado desta pressão de expansão é que muitas comunidades estão atualmente com poucas áreas disponíveis para instalação de roças.

O fogo ainda é amplamente utilizado pelos indígenas com objetivo de manejo das pastagens naturais e atividades de caça (PPTAL, 2007). Seu emprego para limpeza da área, criação extensiva de gado e outros usos estão alterando a paisagem natural e quebrando as interações entre os ecossistemas (BARBOSA ET AL., 2007).

A região do Lavrado foi considerada por muitos como uma região naturalmente adaptada para a pecuária (SANTOS, 2010). A difusão da pecuária

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entre os povos indígenas do Lavrado trouxe inúmeras mudanças no modo de vida, alimentação e uso da terra (SANTILLI, 1989; 2011; CAMPOS, 2011).

Com a introdução do gado nas comunidades indígenas, tem-se como consequência a compactação do solo causada pelo pisoteio do gado, que repetidamente no mesmo local, pode promover alterações nas condições físicas do solo. A compactação do solo tem efeitos ambientais e é capaz de afetar o crescimento e desenvolvimento das plantas, diminuir a taxa de infiltração e aumentar o escoamento (COLLARES, 2005).

Os solos do Lavrado, de maneira geral, possuem baixos teores de nutrientes e matéria orgânica, elevada acidez e alta saturação por alumínio (VALE JR. &SOUSA, 2005). A baixa fertilidade natural é um fator que dificulta algumas atividades agrícolas, como a instalação de roças, fazendo com que os agricultores locais façam uso de isumos externos como calcário e fertilizantes químicos.Tem-se também o uso de tratores para trabalhos em roças nas ilhas de mata em algumas comunidades, porém este modelo de produção mecanizada promove um rápido desgaste e erosão do solo (PINHO, 2008).

4. SOLO E FERTILIDADE

O solo é constituído de um sistema composto por três fases: sólida, líquida e gasosa, que matém entre si um equilíbrio podendo ser afetada por variações de temperatura, pressão, luz, atividades dos microrganismos, adições de água, absorçãos de iônios pelas raízes das plantas, além de outros fatores (BRAGA ET AL., 2005).

A fase sólida é predominante, e é composta por matéria orgânica e inorgânica, chamadas de “matrix” do solo. A matéria orgânica tem origem no acúmulo de resíduos vegetais e animais, ocorrendo no solo em diferentes estágios de decomposição, contando ainda com organismos vivos e em atividades. A parte inorgânica tem-se a porção mineral que consiste em partículas de diversos tamanhos, resultantes da decomposição das rochas que deram origem ao solo, e após um processo de imtemperização podem ceder elementos químicos que são

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considerados nutrientes para as plantas tais como os potássio (K), fósforo (P), cálcio (Ca), magnésio (Mg), etc. (KIEHL, 1979, p. 15).

Os nutrientes disponíveis para as plantas estão nas formas solúveis na solução do solo. Para diagnosticar a fertilidade de um solo é necessário conhecer a disponibilidade de nutrientes e a relação entre eles, saber quem são os cátions e os ânions, e as condições de acidez do meio. Quando o estudo do solo este relacionado aos nutrientes disponíveis para as plantas, são necessários métodos especiais de coleta de solo e análises para que se obtenha tais informações (SENGIK, 2003).

4.1 Textura ou Granolumetria

No solo, em sua fase sólida, podem-se encontrar partículas de diversos tamanhos e das mais variadas formas. As análises granulométricas são realizadas para classificar os componentes sólidos presentes no solo em classes, de acordo com os seus diâmetros (KIEHL, 1979, p. 112).

A textura ou granolumetria é a base da classificação mais conhecida do solo, sendo suas partículas denominadas como: areia, limo ou silte e argila. A granolumetria também explica algumas das principais propriedades físicas e químicas dos solo. Se as dimensões das partículas de solo forem maiores podem apresentar uma drenabilidade, permeabilidade e aereação mais acentuadas, se menores favorecem à resistência a erosão, à retenção de água e de nutrientes, pelas propriedades coloidais que lhe são associadas (BRAGA ET AL., 2005, p. 130).

A determinação da granulometria de um solo pode ser realizada por peneiramento ou por peneiramento e sedimentação, se necessário. O peneiramento é empregado para a obtenção do esqueleto do solo, da terra fina e para a separação das diferentes classes de areia, e a sedimentação determina os teores de silte ou limo e argila. Existem vários métodos que são utilizados para a realização das análises granulométricas. Uma vez obtido os resultados, a determinação da textura pode ser interpretada através de um triângulo, onde estão delimitadas as diferentes classes textuais, segundo a proporção de areia, silte e argila, ou por gráficos feitos em papel semilogarítimos, conhecidos como curva de composição granulométrica (KIEHL, 1979, p. 112).

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4.2 Valores de PH (H2O) E Teores DE Alumínio (AL)

O pH é uma das propriedades químicas mais importantes do solo, uma vez que afeta a solubilidade de muitos dos nutrientes essenciais para as plantas e também de substâncias tóxicas para elas. Incide nas propriedades de troca de cátions e ânions e afeta a atividade dos microrganismos do solo. É de suma importância que em uma amostra de solo determine primeiramentoe o seu valor, pois uma vez obtido várias deduções podem ser feitas (KIEHL, 1979, p. 253).

Os solos, de uma maneira geral, possuem um Ph que varia de 4,0 para solos fortemente ácidos a 10 para solos alcalinos, com uma amplitude média de variação que vai de 4,5 a 8,5. A faixa ideal de pH para o crescimento e desenvolvimento das plantas varia de 5,6 a 6,1 (MALAVOLTA, 1997).

Os solos que apresentam o Ph extremamente baixo, possuem acidez elevada, promovendo o aparecimento do Alumínio (Al) em solução, que passa a ser um cátion trocável (AL³+), que em altos teores no solo é tóxico as plantas (RAIJ, 1981). Além disso, a acidez elevada reduz a atividade de bactérias decompositoras da matéria orgânica, diminuindo a quantidade de fósforo, nitrogênio e enxofre contido nos solos, pode afetar também a atividade microbiana de decomposição e produção de humos (BRAGA ET AL., 2005, p. 131).

4.3 Cálcio (CA)

É um dos chamados macronutrientes secundários e é absorvido como íon Ca++, estando a maior parte dele localizada nas paredes celulares.

Nas plantas ele é fundamental, pois estimula o desenvolvimento das raízes, aumentando a absorção e armazenamento de outros nutrientes que são transportados pelas raízes para outras partes das plantas, (caule, ramos, folhas e frutos). O cálcio contribui com o aumento da resistência às doenças das plantas, e seus teores variam de 3 a 24 g kg-1 em função do período de crescimento (SENGIK, 2003).

Nos solos ele auxilia na fixação simbiótica de nitrogênio. Devendo estar fixado aos colóides, absorvidos pelas plantas e organismos do solo, estar na solução do solo, ou ser lixiviado. Seus teores nos solos se dão em função do material de

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origem (rocha), estando influenciado pela sua textura, teor de matéria orgânica e pela remoção das culturas, seus teores variam entre 2,0 a 4,0 cmolc kg

-1

(LIU ET AL., 1997).

4.4 Magnésio (Mg)

O Magnésio é um macronutriente secundário e é fornecido sob a forma de íons Mg++ pelo sistema de troca do solo. O Mg Compõe a molécula de clorofila que é responsável por dar a cor verde às planta, e é o nutriente que mais ativa os sistemas enzimáticos e auxilia na fotossíntese e respiração das plantas, seus teores variam de 2 a 4 g kg

-1

.

No solo o magnésio possui um comportamento parecido ao do cálcio, ambos possuem funções essenciais na regulação e controle das reações biogeoquímicos relacionadas ao crescimento das plantas (LIU ET AL., 1997). O teor de magnésio trocável que pode ser considerado como médio é de 0,4 a 0,8 cmolc dm -3 de solo (SENGIK, 2003).

4.5 Potássio (K)

O Potássio (K) é um macronutrienete primário. O K é um elemento essencial ao desenvolvimento das plantas, além de ser um dos principias constituinte das bases trocáveis do solo e seus teores normalmente são menores quando comparado ao Ca e Mg (FREITAS, 2008).

As plantas, em geral, exigem mais K do que qualquer outro nutriente, exceto o nitrogênio (N). Em sua forma catiônica (K

+

), ele regula e participa livremente de vários processos importantes, como fotossíntese, abertura e fechamento de estômatos, transporte de açúcares, água e movimento de nutrientes, atividades enzimáticas, formação de amido e síntese de proteínas (SERRAT, 2002)

Nos solos, o potássio pode ser facilmente lixiviado, absorvido, fixado, adsorvido as argilas ou permanecer na solução do solo e seu teor trocável nos solos, considerado como médio, é de 0,1 a 0,3 cmolc dm-3. (SENGIK, 2003)

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4.6 Fósforo (P)

O Fósforo (P) é um dos macronutrientes principais e é absorvido em menores quantidades que os demais. O P não é encontrado na natureza na forma elementar e só se torna disponível quando os microrganismos do solo "quebram" a matéria orgânica em formas simples, liberando os íons fosfatos inorgânicos que possuem grande importância na formação do ATP (trifosfato de adenosina) que será a principal fonte energética da planta. Os teores de 3 g kg-1 de matéria seca de gramíneas podem ser considerados como suficientes. (Nutri-Fatos, 1996).

Geralmente o P não é lixiviado, o que explica seu acúmulo na camada superficial do solo e passam a ser adsorvidos por hidróxidos de Fe e Al. As formas e a dinâmica do P no solo, podem ser afetadas pelas mudanças do uso da terra, pelo pH, a modificação da cobertura vegetal e conseqüentemente a ciclagem de nutrientes (SOLOMON, 2002; GALLARDO-ORDINOLA, 2004).

4.7 Carbono orgânico

A matéria orgânica do solo possui grande importância na ciclagem de nutrientes, indica o grau de fertilidade do solo, interfere no fornecimento do carbono orgânico (C) ao solo pelas reações com outros nutrientes e ainda, a quantidade fornecida dependerá da variação do pH e do tipo de vegetação encontrada no solo. A matéria orgânica presente exerce importante papel, pois também fornece grande parte das cargas responsáveis pela manutenção dos nutrientes no solo (CERRI ET AL.,1996).

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5. METODOLOGIA

5.1 Características da área de estudo

O estudo foi realizado na Terra Indígena Aningal (FIGURA 4), localizada no município de Amajari, na região de savana a noroeste do estado de Roraima, situada a aproximadamente 250 km de Boa Vista. A Terra Indígena Aningal possui 7.627 hectares, localizada nas coordenadas 61,40°W e 3,46°N (FUNAI, 2012), e uma população de 212 habitantes da etnia Macuxi, Wapishana e Sapará (ISA, 2012). A mesma possui duas comunidades: Aningal e Vida Nova, porém o trabalho foi realizado somente na comunidade Aningal.

O clima da região é Awi (tropical úmido, com ausência de estação fria) na Classificação Climática de Köppen, a umidade relativa média mensal do ar varia de 66-82 %. Os meses mais secos são entre dezembro e março (± 10 % precipitação anual), e os meses mais chuvosos são entre maio e agosto (± 70 % precipitação anual) (BARBOSA, 1997).

O solo da região é classificado como Argissolo Vermelho distrófico com textura média arenosa, sobre relevo suave ondulado. Os solos da Terra indígena Aningal, frequentemente apresentam problemas por toxidez de Al, e possuem baixos teores de Ca2+, Mg2+ e K+ (VALE JUNIOR, ET AL., 2010; VALE JUNIOR E SOUZA, 2005).

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Figura 4: Mapa das Terras Indígenas do Lavrado de Roraima, com destaque para a Terra Indígena Aningal.

Fonte: Adaptado de: Wazaka’ye, 2011

5.2 Delineamento experimental

Segue abaixo o resumo do fluxo dos procedimentos metodológicos, adotado para o melhor entendimento das etapas descritas na elaboração do refirido trabalho.

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Figura 5: Fluxograma dos procedimentos metodológicos.

Fonte: Keitianne Figueiredo Bezerra.

O delineamento experimental foi de blocos ao acaso, com três tratamentose três repetições. Os tratamentos foram os sistemas de manejo: Plantio, Caiçara e Lavrado (testemunha), selecionados dentro das áreas de fazenda denominadas pelos indígenas como retiro (FIGURA 6). As áreas de Caiçaras, da comunidade estudada, são geralmente instaladas no ponto mais alto da região, com o Plantio numa área adjacente mais a baixo, pois a mesma recebe a influência do material depositado na Caiçara na época chuvosa.

Figura 6: Aréa de Lavrado, Caiçara e Plantio da comunidade Aningal, na Terra Indígena Aningal de Roraima.

Fonte: Keitianne Figueiredo Bezerra DELINEAMENTO EXPERIMENTAL COLETA DE SOLOS DETERMINAÇÕES QUÍMICAS E GRANULOMÉTRICAS ANÁLISE DE RESULTADO

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A Caiçara da comunidade Aningal, possui cerca de 5 anos, sendo manejada em média 46 cabeças de gado, que são criados comunitariamente e alimentados somente com o pasto natural e sal. De acordo com a percepção dos indígenas há um melhor aproveitamento do esterco e dos nutrientes contido nele, os quais são levados com a chuva e depositados na área mais baixa, onde é feito o Plantio. O sistema Plantio era composto basicamente por: banana, pimenta, goiaba, limoeiro, acerola e jerimum, entre outras e nas entre linha havia muitas espécies espontâneas. O trato cultural na área de plantio é feito somente capina, esporadicamente, e o material é deixado na área. A área de Lavrado, não cultivada, adjacente a Caiçara (testemunha), foi selecionada, de modo a não receber influência do material depositado na Caiçara.

A primeira etapa ocorreu em janeiro de 2013, quando foram realizadas as coletas de solo na estação seca do Lavrado de Roraima. Em cada sistema de uso da terra (tratamento) foi demarcada 1 área de 10 x 15 m, que foi subdividida em 3 parcelas de 10 x 5 m, de onde foram coletadas as amostras de solo (FIGURA 7). Nas áreas de Lavrado, as parcelas foram alocadas a 10 m de distância da cerca da Caiçara, no lado de menor declividade. Cada parcela foi percorrida em zigue-zague, coletando-se 5 amostras simples para as profundidades de 0-10 cm e de 10-20 cm visando compor uma amostra composta para cada intervalo de profundidade. Na profundidade de 20-30 cm foram coletadas apenas três amostras simples para formar a amostra composta, tendo em vista que nesta profundidade as características do solo são mais uniformes.

Figura 7: Croqui da unidade amostral, mostrando os pontos de coleta aleatórios.

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Cerca de 300 g das amostras compostas de solo foram secas ao ar, destorroadas e passadas na peneira de 2 mm, obtendo-se a terra fina seca ao ar (TFSA) nas quais foram realizadas as análises granulométricas e químicas no Laboratório Temático de Solo e Planta (LTSP) do INPA.

Na segunda etapa foram realizadas as análises químicas e granulométricas, que foram determinadas segundo as metodologias descritas pela Embrapa (1997). Nas análises químicas foram determinados o pH em H2O, os teores trocáveis de Ca,

Mg, K, Al, P disponível, C orgânico total. O pH foi determinado em uma relação solo: água de 1:2,5. Os cátions trocáveis Ca+2, Mg+2 e Al+3 foram extraídos com solução deKCl 1N. Enquanto o P, K, foram extraídos com solução de Mehlich1 (0,0125M H2SO4 + 0,05M HCl). A concentração de P foi determinada no espectrofotômetro por colorimetria com molibdato de amônia e ácido ascórbico e o Al por titulação. Enquanto que os teores de Ca, Mg e K foram determinados por espectrofotometria de absorção atômica e o C orgânico foi determinado pelo método Walkley-Black.

A análise granulométrica foi realizada determinando-se a textura dos solos pelo método da dispersão rápida,e utilizando-se o Triângulo Textural Americano adaptado pela Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (LEMOS E SANTOS, 1996), sendo usado oSistema Computadorizado de Classificação Textural dos Solos, Versão Beta (1997) – SCCLAT/LAGESOLOS, que classifica os solos a partir das proporções de areia, silte e argila, conforme o diâmetro:

 Areia - Partículas do solo com diâmetro entre 2 e 0,06 mm  Silte - Partículas do solo com diâmetro entre 0,06 e 0,002 mm  Argila - Partículas do solo com diâmetro menor que 0,002 mm.

Na terceira etapa realizou-se as análises dos dados. A significância dos dados foi determinada pela análise de variância (ANOVA), e a comparações entre as médias das variáveis avaliadas foram realizadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Os resultados foram analisados pelo programa estatístico ESTAT, versão 2.0, sendo comparadas as variáveis entre os diferentes sistemas de manejo para cada profundidade separadamente.

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6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1 Caracterização do solo quanto à textura

Tabela 1. Composição granulométrica dos três sistemas de uso da terra estudado, na Terra Indígena Aningal, de Roraima, em três profundidades.

Sistema de Profundidade s

Argila Silte Areia Classe Textural

uso da terra

(cm) --- g kg ---

Plantio 0-10 240 230 530 Franco argilo arenoso Plantio 10-20 255 244 501 Franco argilo arenoso Plantio 20-30 250 279 471 Franco argilo arenoso Caiçara 0-10 270 196 534 Franco argilo arenoso

Caiçara 10-20 270 296 434 Franco argilosa

Caiçara 20-30 325 261 414 Franco argilosa

Lavrado 0-10 105 432 463 Franca

Lavrado 10-20 330 238 432 Franco argilosa

Lavrado 20-30 345 226 429 Franco argilosa

Fonte: Keitianne Figueiredo Bezerra

A análise granulométrica é empregada para determinação das partículas de diferentes tamanhos encontrados no solo, bem como com que frequência ocorre numa determinada classe ou faixa de solo. A composição granulométrica nos três sistemas de uso apresenta textura média, nas três profundidades estudadas, sendo os teores de areia mais elevados que o silte e argila (Tabela 1). Segundo, (VALE JÚNIOR, 2000) e (MELO ET AL., 2003) os maiores teores de areia encontrados na região de Roraima, deve-se ao fato que a região possui clima seco e propriedades

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físicas alteradas, como a coesão das partículas no solo o que favorece este tipo de solo mais arenoso na região.

6.2 Características químicas do solo

Observa-se a partir dos gráficos como os nutrientes se comportam nos três sistemas de uso de Terra avaliado na Terra Indígena Aningal, de Roraima. Os resultados obtidos foram comparados à classificação de solos tropicais de (COCHRANE ET AL., 1985; MOREIRA ET AL.,2005).

6.3 Valores de PH (H2O) E Teores DE Alumínio (AL)

Gráfico 1: Valores de pH (H2O) dos três sistemas de uso da terra avaliadoem três profundidades.

Fonte: Keitianne Figueiredo Bezerra

Os valores médios a de pH encontrados nesse trabalho variaram de 5.40 a 5.95 dentro dos três sistemas e nas três profundidades estudadas. No entanto, observa-se que somente houve uma diferença significativamente superior para o Plantio na camada de 20-30 cm em relação aos demais sistemas (TABELA 2 E GRÁFICO 1). De acordo com (MITCHELL & TU, 2006), a adição de esterco

5,1 5,2 5,3 5,4 5,5 5,6 5,7 5,8 5,9 6 0-10 10-20. 20-30 Profundidades (cm) Valores de pH (H₂O)

Plantio Caiçara Lavrado

a a a a a b b a

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geralmente não modifica o pH do solo, mas com a aplicação contínua do adubo orgânico essa alteração pode ocorrer.

Gráfico 2: Teores Alumínio dos três sistemas de uso da terra avaliados em três profundidades.

Fonte: Keitianne Figueiredo Bezerra

Os teores de Al trocável no solo nos três sistemas foram relativamente baixos. No entanto, o Plantio apresentou teores de Al significativamente menores nas camadas de 0-10 cm e 10-20 cm em relação aos demais sistemas (TABELA 2 E GRÁFICO 2). Não foram encontrados teores de Al nos solos do sistema Plantio, nas três profundidades estudadas. Enquanto que para os demais sistemas os teores de Al trocável variaram de 0,08 a 0,17 cmolckg-1, valores estes também considerados

baixos (COCHRANE ET AL., 1985; MOREIRA ET AL., 2005).

Os teores de pH e alumínio nesse estudo, de maneira geral, são considerados satisfatório e baixo, respectivamente, de acordo com a classificação de solos tropicais de (COCHRANE ET AL., 1985; MOREIRA ET AL.,2005), demonstrando que há uma baixa acidez no solo dos três sistemas estudados.

A baixa acidez é uma característica marcante desses solos, já que a maioria dos solos da Amazônia possui problemas de toxidez por alumínio (MOREIRA ET AL., 2005). Pinho (2008), em um estudo nos solos da T.I. Araçá de Roraima,

0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14 0,16 0,18 0-10 10-20. 20-30 c m o lc kg -1 Profundidades (cm) Teores de Alumínio

Plantio Caiçara Lavrado

a a b a a a a b a

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também observou baixos teores de alumínio trocável em quintais agroflorestais e em áreas de Lavrados adjacentes aos quintais, sugerindo que naturalmente algumas áreas de T.I. do Lavrado de Roraima possuem pouca toxidez por alumínio, contrariamente à maior parte dos solos do Lavrado de Roraima (Vale Jr. & Souza, 2005). Segundo Melo et al. (2003) apenas pequenas faixas de solos na região de Roraima compreendem solos com teores baixos de Al.

6.4 Teores Cálcio (CA) e Magnésio (MG).

Gráfico 3: Teores cálcio dos três sistemas de uso da terra avaliados, em três profundidades.

Fonte: Keitianne Figueiredeo Bezerra

Os teores de Ca foram significativamente superiores no Plantio, nas três profundidades, em relação aos demais sistemas avaliados (TABELA 2 E GRÁFICO 3). No solo do sistema Plantio, os teores de Ca nas três profundidades estudadas são considerados satisfatório, porém nos sistema Caiçara e Lavrado os teores de Ca encontrados são considerados baixos (COCHRANE ET AL., 1985; MOREIRA ET AL., 2005). 0 0,5 1 1,5 2 2,5 0-10 10-20. 20-30 c m o lc kg -1 Profundidades (cm) Teores de Cálcio

Plantio Caiçara Lavrado

b b

a a

b b b b

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Gráfico 4: Teores de Magnésio dos três sistemas de uso da terra avaliados, em três profundidades.

Fonte: Keitianne Figueiredo Bezerra

Os teores de Mg na profundidade de 0-10 cm são considerados altos, e nas demais camadas é satisfatório (COCHRANE ET AL., 1985; MOREIRA ET AL., 2005).

Em relação ao Mg, houve um aumento significativo no Plantio em relação à Caiçara e Lavrado, sendo a Caiçara também superior ao Lavrado na profundidade de 0-10 cm (Tabela 2). Porém, nas camadas de 10-20 e 20-30 cm, o Plantio foi significativamente superior aos demais sistemas (TABELA 2 E GRÁFICO 4).

Esses resultados demonstram que houve uma melhoria na disponibilidade Ca e Mg no solo do Plantio, demonstrando que o incremento orgânico com a deposição das fezes dos animais vindo da Caiçara, na época chuvosa. Outro fator importante é que a prática de manejo dentro desse sistema, além de receber a deposição de folhas, também recebe contribuição das espécies arbóreas na ciclagem de nutrientes colaborando para elevar os teores desses nutrientes.

O Ca e Mg normalmente apresentam baixos teores nos solos do Lavrado, conforme mostrado por Melo (2003), além disso, os solos arenosos são altamente susceptíveis à lixiviação dos nutrientes (Tomé Jr., 1997).

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 0-10 10-20. 20-30 c m olc kg -1 Profundidades (cm) Teores de Magnésio

Plantio Caiçara Lavrado

a b c a b b a b b

(40)

6.5 Teores Potássio (K) e Fósforo (P)

Gráfico 5: Teores potássio dos três sistemas de uso da terra avaliados, em três profundidades.

Fonte: Keitianne Figueiredo Bezerra

Os teores médios de K foram significativamente superiores no Plantio em relação ao Lavrado, porém não diferiu da Caiçara, a qual não difere do Lavrado, na profundidade de 0-10 cm (TABELA 2 E GRÁFICO 5). No entanto, na camada de 10-20 cm o Plantio e Caiçara foram significativamente superiores ao Lavrado. Na camada de 20-30 cm, o Plantio e superior aos demais tratamentos (TABELA 2 E GRÁFICO 5).

Nesse estudo, os teores de K no sistema Plantio, são considerados alto, na camada de 0-10 cm e satisfatórios, nas demais camadas. No sistema Caiçara é considerado satisfatório, nas três profundidades, e no Lavrado é baixo nas três profundidades (COCHRANE ET AL., 1985; MOREIRA ET AL., 2005). Esses resultados demonstram a escassez de K no solo do Lavrado e que a prática de manejo da Caiçara melhorou o teor desse nutriente no solo dos sistemas Plantio e Caiçaras. Pinho (2008), também encontrou teores baixos de potássio nos solos de quintais agroflorestais indígenas do Lavrado de Roraima.

0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45 0,5 0-10 10-20. 20-30 c m o lc kg -1 Profundidades (cm) Teores de Potássio

Plantio Caiçara Lavrado

a a b a b b a ab b

(41)

Os baixos teores K nesses solos podem estar relacionados com as suas características físicas, por ser um solo mais arenoso (TABELA 2) e este tende a diminuir a concentração de K nessas condições. Tomé Jr., (1997) afirma que essa redução possui uma relação direta com a quantidade de matéria orgânica disponibilizada no solo, pois no sistema Lavrado há pouca matéria orgânica, já que o mesmo não recebe influência do esterco bovino e também a vegetação do mesmo é um pasto natural rasteiro.

Gráfico 6: Teores Fósforo dos três sistemas de uso da terra avaliados, em três profundidades.

Fonte: Keitianne Figueiredo Bezerra

Os teores de P foram significativamente superiores no Plantio, em relação aos demais sistemas, nas três profundidades (TABELA 2 E GRÁFICO 6). Os teores de P encontrados no sistema Plantio foram considerados alto, na profundidade de 0-10 cm e nas outras camadas satisfatório. Porém nos sistemas Caiçara e Lavrado são considerados baixos (COCHRANE ET AL., 1985; MOREIRA ET AL., 2005). Esses resultados demonstram também, escassez desse nutriente nos sistemas Caiçara e Lavrado. Pinho (2008) também observou valores muito baixos de P na região de Lavrado na Terra Indígena Araçá e alta concentração desse nutriente nos solos dos quintais agroflorestais implantados na mesma região de Lavrado e

0 2 4 6 8 10 12 14 16 0-10 10-20. 20-30 m g /k g -1 Profundidades (cm) Teores de Fósforo

Plantio Caiçara Lavrado

a b b a b b a b b

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enfatiza a importância das práticas do manejo do resíduo orgânico no enriquecimento em P nessas áreas.

Geralmente o P não é lixiviado, o que explica seu acúmulo na camada superficial do solo e passam a ser adsorvidos por hidróxidos de Fe e Al. As formas e a dinâmica do P no solo, podem ser afetadas pelas mudanças do uso da terra, pelo o pH, a modificação da cobertura vegetal e consequentemente a ciclagem de nutrientes (SOLOMON, 2002; GALLARDO-ORDINOLA, 2004).

Os teores de P no Plantio devem estar relacionados com a prática de manejo desse sistema de uso da terra praticada pela comunidade indígena da T.I. Aningal, no Lavrado de Roraima. Segundo Woods (2003), o fósforo é um elemento-chave indicador da ação antrópica no solo, por ser parte da composição de muitos materiais relacionados a ocupações humanas, e por possuir grande estabilidade no solo ao longo dos anos. Um trabalho de Galvão et al., (2008) mostrou um aumento do teor de P de 20 a 25 vezes em solos arenosos adubados por até 40 anos com esterco bovino em comparação com solos não adubados.

6.6 Teores carbono orgânico

Gráfico 7: Teores Carbono orgânico dos três sistemas de uso da terra avaliados, em três profundidades.

Fonte: Keitianne Figueiredo Bezerra

0 5 10 15 20 25 30 0-10 10-20. 20-30 g /k g -1 Profundidades (cm) Teores de Carbono

Plantio Caiçara Lavrado

a b b a b b a b c

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Os teores de C orgânico foram significativamente superiores no sistema Plantio, nas três profundidades estudadas. No entanto, o sistema Caiçara é superior ao Lavrado na profundidade de 20-30 cm. Observa-se que há uma redução no teor de C à medida que aumenta a profundidade nos três sistemas estudados. Houve um aumento no teor de C orgânico no sistema Plantio de 35,5 % e 24,6% em relação à Caiçara e Lavrado respectivamente, na profundidade de 0-10 cm (TABELA 2 E GRÁFICO 7). Os teores de matéria orgânica encontradas nesse estudo no sistema Plantio são considerados satisfatórios na profundidade de 0-10 e 10-20 cm. Enquanto que para o sistema Lavrado e Caiçara os teores encontrados são considerados baixos nas três profundidades avaliadas (COCHRANE ET AL., 1985; MOREIRA ET AL., 2005).

Esses resultados demonstram uma melhoria nas características do solo no sistema Plantio, já que a matéria orgânica do solo tem maior influência na camada superficial. O sistema Plantio além de receber o esterco bovino vindo da Caiçara, há também um acúmulo de outros resíduos vegetais (folhas galhos, raízes, etc) que aumentam a disponibilidade de matéria orgânica do solo e consequentemente melhoram a disponibilidade de nutrientes às plantas, acelerando a atividade microbiana, a ciclagem de nutrientes, bem como também maior proteção ao solo entre outros fatores.

Tabela 2. Características do solo que apresentaram relação significativa nos sistemas e profundidades estudadas.

Elementos Profundidades (cm) F pH (H2O) 20-30 39.96** Alumínio 0-10 54.56** 10-20 24.93** Cálcio 0-10 185.73** 10-20 80.50** 20-30 182.23**

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Magnésio 0-10 229.13** 10-20 729.53** 20-30 1389.13** Potássio 0-10 11.22* 10-20 58.38** 20-30 27.94** Fósforo 0-10 15.68* 10-20 82.74** 20-30 50.56** 0-10 195.05** Carbono 10-20 22.75 ** 20-30 78.82**

Significância ** (P<0,01) e * (P<0,05), pelo teste de Tukey.

Fonte: Keitianne Figueiredo Bezerra

De maneira geral observa-se uma melhoria significativa na fertilidade do solo no sistema Plantio que está relacionada não somente com a deposição do material que vem da Caiçara, como também, pelo manejo dados pelos indígenas da T.I. Aningal, dentro desse sistema. O sistema Plantio além de ser diversificado, retém os nutrientes, mantém uma cobertura adequada do solo, melhorando tanto as características químicas, físicas e biológicas desse solo. No sistema Lavrado, o solo somente tem a cobertura do pasto natural e na Caiçara apesar da deposição do esterco bovino, há também o pisoteio dos animais causando a compactação do solo e a retirado do esterco para ser utilizado em outras áreas. Na comunidade Aningal o Plantio é feito na área adjacente que recebe o escorrimento superficial da Caiçara e não dentro Caiçara.

Segundo, (TOMÉ JR., 1997) os solos arenosos são altamente susceptíveis à lixiviação. No entanto, os solos dos Plantios da Terra Indígena Aningal que apresentam textura franco argilo arenoso (Tabela 1), os teores de Ca, Mg, K e P

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foram considerados altos na profundidade de 0-10 cm e satisfatórios nas camadas de 10-20 e 20-30, segundo a classificação proposta por (COCHRANE ET AL., 1985) e (MOREIRA ET AL., 2005), para solos tropicais. Enquanto, nos sistema Caiçara, com textura franco argilosa (Tabela 1), somente o Mg e K foram considerados satisfatórios na camada de 0-10 cm, porém nas demais profundidades e no sistema Lavrado, de textura franca a franca argilosa, em todas as profundidades, os teores de Ca, Mg, K e P foram baixos, evidenciando escassez desses nutrientes no solo.desses dois sistemas. Como os três sistemas são implantados na mesma região de Lavrado em áreas adjacentes, os resultados desse estudo mostram a importância das práticas de manejo de resíduos orgânicos e dos cultivos dados pelos indígenas da Terra Indígena Aningal, em Roraima, na melhoria da fertilidade do solo.

Galvão et al. (2008), em um estudo com objetivos de quantificar as concentrações de carbono e nutrientes em solos de áreas adubadas e não adubadas com esterco, em solos de textura arenosa a franco-arenosa e relevo ondulado a suave-ondulado, verificou que nas áreas adubadas a aplicação contínua de esterco proporcionou aumento significativos no pH e nos teores de todos os elementos na camada de 0-20 cm.

Esses resultados demonstram que a prática de manejo da Caiçara da comunidade indígena da Terra Indígena Aningal, em Roraima, instaladas no local de maior declive da região e o aproveitamento da área mais abaixo que recebe o material vindo da Caiçara, na época chuvosa, que são aproveitadas para a instalação do Plantio, como também, o manejo da área de Plantio contribuem para o incremento de Ca, Mg, K, P e C orgânico do solo, principalmente nas camadas superficiais. Assim desenvolvida com poucos recursos, o manejo da Caiçara promove o enriquecimento do solo, possibilitando o cultivo nas áreas de Lavrado que são enriquecidas com o esterco bovino. Assim, as Caiçaras têm o potencial de diminuir a pressão sobre as áreas florestais ao poupar a abertura de novas áreas de roça e também possibilita a produção de esterco para uso em outras áreas na comunidade ou para comercialização.

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CONCLUSÃO

Os resultados obtidos neste trabalho demonstram que a prática de manejo da Caiçara instaladas no local de maior declive da região, com o Plantio em uma área adjacente mais abaixo que recebe o material vindo da Caiçara, na época chuvosa, promoveu melhorias nas características químicas do solo nas áreas de Plantio, aumentando significativamente os teores de cálcio, magnésio, potássio, fósforo e carbono orgânico, principalmente na camada superficial, promovendo assim o enriquecimento do solo.

A Caiçara mostrou-se um sistema tradicional bem sucedido vindo a permitir o cultivo em áreas onde os solos possuem baixa fertilidade natural. Este sistema tem o potencial de diminuir a pressão sobre as áreas florestais e pode vir a conciliar a produção, recuperação e conservação de uma área, e consequentemente, o retorno econômico.

O sistema tradicional caiçara, mesmo não sendo objeto de estudo desta pesquisa, mostra ainda uma minimização e controle das pequenas áreas em processo de degradação ambiental como as erosões e processo de lixiviação trazendo assim uma preocupação para os quesitos e diretrizes ambientais.

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