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REDES E TECNOLOGIA POR UMA BREVE ANÁLISE DO TERRITÓRIO PAULISTA 1

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Academic year: 2021

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REDES E TECNOLOGIA – POR UMA BREVE ANÁLISE DO TERRITÓRIO PAULISTA1

Alex Marighetti alex_marighetti@ig.com.br Mestrando em Geografia UNESP – Faculdade de Ciências e Tecnologia Presidente Prudente Situação: FAPESP – em análise

INTRODUÇÃO

Diante do avanço de novas tecnologias aplicadas nos mais variados segmentos da sociedade capitalista, a simultaneidade e rapidez com que se dão as relações sociais e os processos de produção chamam atenção na medida em que conceitos e categorias se tornam limitadas para explicar nosso período.

A realidade nos impõe novos estudos e a necessidade de revisão de alguns conceitos para interpretar uma sociedade dialética e conflituosa. Pretendemos ao longo deste trabalho dar algumas pistas para compreensão de que maneira o território paulista é afetado pela difusão de novas tecnologias e como as redes sociais contribuem para isso.

Diversos autores como Benko, Lipietz e Verna, dentre outros se debruçam sobre a transformação do setor produtivo anteriormente marcado pelo fordismo e conseqüentemente, maior rigidez da produção frente aos impactos da ampliação e difusão de novas tecnologias nos mais variados setores da economia, desde o setor primário, passando pela indústria até o setor de comércio e serviços avançados.

Outros autores contemporâneos como Harvey, Milton Santos e Rogério Haesbaert vão nos direcionar para além da discussão acerca das redes e tecnologia, ou seja, vão espacializar esta discussão diretamente para o território, evidenciando assim o papel da geografia.

Território este, amplamente questionado e discutido acerca de suas limitações. O discurso neste sentido norteia a instantaneidade e simultaneidade das relações políticas e principalmente econômicas, cada vez menos dependentes de um substrato material.

Questiona-se o fim do território e conseqüentemente o fim da Geografia, esta sendo entendida limitadamente apenas ao estudo do espaço, portanto algumas prerrogativas nos ascendem para interpretar não somente a realidade paulista, mas para todas as realidades em que a era da informação vislumbra um cenário ideal para compactuar.

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Até que ponto as redes sociais e a tecnologia aplicada nos mais variados setores da economia nos induzem a pensar no fim do território? Elas conseguem de fato limitá-las sua ação? Como se dão às relações entre o local e global? Estas e mais outras questões serão debatidas ao longo do presente trabalho.

DESENVOLVIMENTO

As redes constituem-se como uma das categorias-chave para interpretação do que chamamos de globalização ou mundialização econômica. Além disso, tem sido objeto de estudo de diversos geógrafos, que atribuem a ela várias conotações e diferenciações.

As redes ganham importância na atualidade ao passo que, grandes avanços relacionados ao progresso técnico e científico aproximam cada vez mais as pessoas, serviços e empresas através dos fixos.

Por fixos, Milton Santos (2004) entende como sendo a base territorial para a formação das redes, ou também compreendido como o sistema de objetos, enquanto que os fluxos correspondem ao sistema de ações.

Os fixos (casa, porto, armazém, plantação, fábrica) emitem fluxos ou recebem fluxos que são os movimentos entre os fixos. As relações sociais comandam os fluxos que precisam dos fixos para se realizar. Os fixos são modificados pêlos fluxos, mas os fluxos também se modificam ao encontro dos fixos (SANTOS, 2004, p. 83).

As redes sociais também se apresentam como uma nova ferramenta para explicar o desenvolvimento no setor produtivo atrelado à tecnologia aplicada, pois o conhecimento adquirido nas grandes empresas se expande através destas redes ampliando os laços de cooperação entre elas. Sobre isso, Méndez (2002) aponta:

Para intensificar los processos de aprendizaje colectivo es necessario que los múltiples integrantes de los sistemas territoriales de innovacíon establezcan ciertas relaciones de cooperacíon para reforzar su capacidad de acción, lo que resulta especialmente cierto em espacios que padecem déficit estructurales en este sentido (MÉNDEZ, 2002, p. 79).

Sobre a tecnologia, esta surge no momento em que a ciência moderna entra em cena, procurando teorias e métodos para transformação destas técnicas, no entanto vale frisar que nos defrontamos muito mais com uma técnica moderna do que efetivamente tecnologia.

No Brasil, poucos estudiosos na área da geografia trabalham com a questão da tecnologia aplicada, uma vez que a produção ainda concentrada na região Centro-Sul sob a constatação de apenas alguns estudos de caso, como os estudos de Scheneider (1997) e Huckert (2004).

As redes e a tecnologia, do ponto de vista geográfico são de suma importância para compreender a dinâmica territorial do estado de São Paulo, frente a expansão da malha viária,

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além do processo de reestruturação produtiva em alguns municípios associado a formação destes dois fatores.

Existem inúmeros exemplos de como a tecnologia está associada às redes, como no caso da telefonia fixa, em que a comunicação é feita através de cabos que estão articulados em redes. No mapa abaixo, observamos o acesso da população paulista a este serviço.

Mapa: Acesso à telefonia fixa segundo o número de habitantes.

Fonte: Seade, 2006.

O território paulista é historicamente conhecido como o estado mais rico do país, ganhando notoriedade não somente pelo seu alto grau de desenvolvimento econômico comparado aos outros estados, mas também por sua integração territorial amplamente difundida pelas redes.

A criação de núcleos urbanos no interior do estado evidencia ainda mais a formação destas redes. A malha ferroviária responsável pelo escoamento da produção de café no final do século XIX e nas primeiras décadas do século XX estão intimamente ligadas com esta noção de integração territorial.

É evidente que, esta integração territorial é objetivada pelo desenvolvimento econômico associado à cafeicultura. A capital paulistana neste período já desfrutava do status de referência no estado no que tange aos fluxos econômicos e comerciais, no entanto ao analisarmos o interior do estado, as redes contribuíram e muito para o início das primeiras aglomerações urbanas e conseqüentemente, expansão territorial da malha paulista.

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Em seguida, não podemos dissociar a idéia de urbanização ao processo de industrialização, visto que as primeiras indústrias surgem para dar o suporte necessário para o setor cafeeiro.

Vale frisar que algumas cidades do interior paulista já dispunham de pequenas indústrias mesmo antes do complexo cafeeiro, mas agora através das redes ferroviárias e conseqüente declínio da economia cafeeira foram de uma certa forma obrigada a dinamizar suas economias. Importante elemento constitutivo do território, as redes ferroviárias ao longo deste século XX foram lentamente substituídas pelas redes rodoviárias. Esta última sendo atualmente a principal forma de circulação do estado de São Paulo.

Não podemos nos esquecer do papel do Estado brasileiro frente à criação dos primeiros eixos de expansão rodoviária. A figura do estado keynesiano se fez presente a partir da década de 20 até meados da década de 70.

Neste breve ensaio notamos que o conceito de redes e tecnologia se altera na medida em que há a própria evolução da sociedade. O território paulista é um exemplo claro disto, visto que o papel dos mais variados atores fez com que a posição de integração territorial mediada pela tecnologia se confirmasse neste século XXI.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O território paulista no início do século XXI é marcado pela complexidade das redes técnicas e sociais que se expandem na medida em que a urbanização associada à industrialização reestrutura o espaço urbano.

A fluidez e integração territorial são notórias ao passo que observamos o desenvolvimento dos transportes e das infra-estruturas para circulação de capital, pessoas, mercadorias, informações etc.

A importância do ciclo do café no final do século XIX através da criação das ferrovias e posteriormente, com os primeiros complexos industriais na criação das rodovias fizeram com que de certa forma minimizasse a forte concentração de riquezas na capital paulista.

O interior do estado de São Paulo desponta não somente através da consolidação do processo de urbanização recente, mas também em trabalhos teóricos acerca das cidades médias e sua polarização regional além do próprio processo de desconcentração industrial.

Portanto, para se fazer uma análise acerca da fluidez não devemos ter em mente apenas uma visão hierárquica de desenvolvimento da metrópole em direção aos municípios do interior, mas também uma visão complementar, no qual processos e fenômenos distintos

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ocorrem em diferentes momentos da história, mas que de alguma forma nos ajudam a entender o território paulista como uma unidade.

Além disso, pensar no fim do território na medida em que as redes aproximam o local do global e conseqüentemente, a tecnologia comprime o tempo e o espaço é uma falácia visto que a geografia tem provado em seus trabalhos como o território foi, é e sempre será um conceito de suma importância para estudar redes, fluxos, tecnologia, etc.

REFERÊNCIAS

BENKO, G. Economia, espaço e globalização na aurora do século XXI. São Paulo, Hucitec, 1996.

BENKO, G.,A. Lipietz(orgs.). As Regiões Ganhadoras — Distritos e Redes: os Novos Paradigmas da Geografia Econômica. Oeiras, Celta Editora, 1994.

GUIMARÃES,R. et al. A pesquisa no Brasil. Parte I - Organização. CIÊNCIA HOJE, v.19,n.109, p.72-90, maio de 1995.

HAESBAERT, Rogério. O mito da desterritorialização: do ‘fim dos territórios’ à multiterritorialidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004.

LEGNA, Carlos. Tecnologías dominantes difusión de innovaciones y espacios tecnológicos. EURE. 1996 vol. XXII, no. 65, pp. 65-79. Disponible en Internet: http://www.eure.cl//articulos/335/tecnologias-dominantes-difusion-de-innovaciones-y-espacios-tecnologicos/. ISNN 0717-6236

MÉNDEZ, Ricardo. Innovación y desarrollo territorial: algunos debates teóricos recientes. Revista Eure, Madrid, nº84, p.62-83, set. 2002.

RÜCKERT, A. Aldomar. Políticas territoriais, ciência & tecnologia e a ação de atores locais e regionais: o caso do Pólo de Modernização Tecnológica da Serra, Rio Grande do Sul, Brasil. Sociologias (UFRGS), Porto Alegre, v. 11, p. 148-183, 2004.

SANTOS, Milton. Técnica espaço tempo – Globalização e meio técnico científico - informacional. São Paulo, Hucitec, 1994.

SCHENEIDER, Hermes. Pólo de Modernização Tecnológica: o caso do programa regional de cooperação científica e tecnológica da região noroeste do estado do Rio Grande do Sul. (Dissertação de Mestrado) Escola de Administração - Ufrgs Porto Alegre, 1997.

Referências

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