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Improbidade Administrativa

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Academic year: 2021

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Improbidade Administrativa

Fonte: Rafael Oliveira, Márcio Cavalcanti, STJ e STF.

Inicialmente, insta salientar que o termo improbidade administrativa tem viés constitucional. Vejamos como está previsto na Carta Magna:

Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

Para regulamentar o dispositivo constitucional, foi editada a Lei 8.429 que é aplicável em âmbito nacional. Para ficar mais didático, vamos dividir os principais aspectos da Lei em tópicos separados:

1) Legitimidade Ativa: É do Ministério Público ou da Pessoa Jurídica Lesada. De acordo com o Professor Rafael Oliveira: "O Ministério Público, quando não for autor da ação, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena de nulidade (art. 17, § 4.º, da Lei 8.429/1992). Nesse caso, se o autor desistir da ação, o Ministério Público poderá assumir o polo ativo (sucessão processual), tendo em vista a aplicação analógica (microssistema das ações coletivas) do art. 9.º da Lei 4.717/1965 (LAP) e no art. 5.º, § 3.º, da Lei 7.347/1985 (LACP) O Ministério Público, quando não for autor da ação, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena de nulidade (art. 17, § 4.º, da Lei 8.429/1992).

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Nesse caso, se o autor desistir da ação, o Ministério Público poderá assumir o polo ativo (sucessão processual), tendo em vista a aplicação analógica (microssistema das ações coletivas) do art. 9.º da Lei 4.717/1965 (LAP) e no art. 5.º, § 3.º, da Lei 7.347/1985 (LACP)".

2) Legitimidade Passiva: São os que cometem os atos de improbidade, podendo ser agentes públicos ou terceiros. De acordo com o Professor Rafael Oliveira:

A expressão “agentes públicos” possui conotação genérica e engloba todas as pessoas físicas que exercem funções estatais. Em síntese, os agentes públicos podem ser divididos nas seguintes categorias:

(i) agentes públicos de direito: a) agentes políticos; b) servidores públicos (estatutários, trabalhistas ou celetistas e temporários); e c) particulares em colaboração;

(ii) agentes públicos de fato: a) putativos; e b) necessários.

Atenção:Os empregados e dirigentes das concessionárias e permissionárias de serviços públicos ​não se enquadram no conceito de agente público para fins de improbidade.

Os árbitros também não podem ser considerados como agentes públicos para fins de improbidade. Ao revés, os notários e registradores exercem atividade pública delegada (art. 236 da CRFB e da Lei 8.935/1994) e ​se enquadram no conceito de agente público

Agentes Políticos: De acordo com o atual posicionamento do STF, os agentes políticos, ​com exceção do Presidente da República (art. 85, V, da

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CRFB), encontram-se sujeitos a um duplo regime sancionatório, de modo que se submetem tanto à responsabilização civil pelos atos de improbidade administrativa quanto à responsabilização político-administrativa por crimes de responsabilidade.

Sobre o tema, importante ressaltar que o foro por prerrogativa de função ​não existe nas ações de improbidade administrativa, que tem natureza civil. Em relação aos terceiros, o STJ tem exigido a presença do agente público no polo passivo da ação de improbidade administrativa como pressuposto para aplicação das sanções de improbidade aos particulares (terceiros), ou seja, não é viável a ação de improbidade administrativa apenas em face de particulares. Vejamos a tese divulgada pelo próprio tribunal:

É ​inviável a propositura de ação civil de improbidade administrativa exclusivamente contra o particular , sem a concomitante presença de agente público no polo passivo da demanda.

Em relação à pessoa jurídica se enquadrar como terceiro, o STJ (REsp 1.122.177/ MT) já acatou tal tema, sendo, possível que a P.J. figure no polo passivo.

3) Objeto: De acordo com a legislação, o objeto é a aplicação de penalidades e o reconhecimento da prática de ato improbo. De acordo com o Professor Rafael Oliveira, ato de improbidade pode ser considerado como:

"O termo pode ser compreendido como o ato ilícito, praticado por agente público ou terceiro, geralmente de forma dolosa, contra as entidades públicas e privadas, gestoras de recursos públicos, capaz de acarretar enriquecimento

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ilícito, lesão ao erário ou violação aos princípios que regem a Administração Pública".

Ainda sobre o tema, vejamos a explicação do Professor Márcio André, Dizer o Direito, sobre o tema:

"Vale ressaltar que ilegalidade não é sinônimo de improbidade. O art. 11, de fato, fala que a violação ao princípio da legalidade configura ato de improbidade administrativa. No entanto, para o STJ, não é possível fazer a aplicação cega e surda do art. 11 da Lei n.° 8.429/92 sob pena de toda ilegalidade ser considerada também como improbidade, o que seria absurdo (STJ. 1ª Turma. REsp 1414933/RJ, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 26/11/2013)".

4) Atos de improbidade administrativa: Os atos de improbidade administrativa encontram-se tipificados de maneira​exemplificativa na Lei de Improbidade Administrativa e também no Estatuto das Cidades (Aqui apenas para os Prefeitos).

4.1: Atos que geram enriquecimento ilícito: De acordo com o Professor Rafael Oliveira, são os seguintes requisitos necessários para ser reconhecido como ato que gera enriquecimento ilícito:

A configuração da prática de improbidade administrativa tipificada no art. 9.º da Lei 8.429/1992 depende da presença dos seguintes requisitos genéricos: a) recebimento da vantagem indevida, independentemente de prejuízo ao erário;

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c) nexo causal ou etiológico entre o recebimento da vantagem e a conduta daquele que ocupa cargo ou emprego, detém mandato, exerce função ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1.º da LIA.

Vejamos o rol exemplificativo previsto na legislação de regência:

Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente:

I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público;

II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades referidas no art. 1° por preço superior ao valor de mercado;

III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o fornecimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao valor de mercado;

IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidores públicos, empregados ou terceiros contratados por essas entidades;

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V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem;

VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre medição ou avaliação em obras públicas ou qualquer outro serviço, ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de mercadorias ou bens fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;

VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo, emprego ou função pública, bens de qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à renda do agente público;

VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público, durante a atividade;

IX - perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de verba pública de qualquer natureza;

X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou declaração a que esteja obrigado;

XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei;

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XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei.

4.2: Atos que geram prejuízo ao erário: De acordo com o Professor Rafael, são os seguintes requisitos para ocorrência de atos que geram prejuízo ao erário:

A prática de improbidade administrativa tipificada no art. 10 da Lei 8.429/1992 pressupõe:

a) lesão ao erário;

b) conduta ​dolosa ou culposa​; e

c) nexo de causalidade entre sua ação/omissão e o respectivo dano ao erário.

Agora vejamos o rol previsto na legislação de regência sobre o tema:

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:

I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;

II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;

III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda que de fins educativos ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do

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patrimônio de qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das formalidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie;

IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte delas, por preço inferior ao de mercado;

V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço superior ao de mercado;

VI - realizar operação financeira sem observância das normas legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou inidônea;

VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;

VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo seletivo para celebração de parcerias com entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevidamente; (Redação dada pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência)

IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento;

X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, bem como no que diz respeito à conservação do patrimônio público;

XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular;

XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente;

XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de

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qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor público, empregados ou terceiros contratados por essas entidades.

XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão associada sem observar as formalidades previstas na lei; (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005)

XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as formalidades previstas na lei. (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005)

XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a incorporação, ao patrimônio particular de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela administração pública a entidades privadas mediante celebração de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência)

XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela administração pública a entidade privada mediante celebração de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência)

XVIII - celebrar parcerias da administração pública com entidades privadas sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência)

XIX - agir negligentemente na celebração, fiscalização e análise das prestações de contas de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas; (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014, com a redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)

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XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular. (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014, com a redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)

XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular. (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência)

4.3: ​Ato que violam os princípios da Administração Pública: De acordo com o Professor Rafael Oliveira, para configurar tais atos é necessário:

A configuração da improbidade prevista no art. 11 da LIA pressupõe:

a) violação aos princípios da Administração Pública; b) ​conduta dolosa​; e

c) nexo de causalidade entre a ação/omissão e a respectiva violação ao princípio aplicável à Administração.

Vejamos os atos que estão previstos em lei para tal tema:

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:

I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de competência;

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III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que deva permanecer em segredo;

IV - negar publicidade aos atos oficiais; V - frustrar a licitude de concurso público;

VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;

VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.

VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fiscalização e aprovação de contas de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas. (Vide Medida Provisória nº 2.088-35, de 2000) (Redação dada pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência)

IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de acessibilidade previstos na legislação. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)

X - transferir recurso a entidade privada, em razão da prestação de serviços na área de saúde sem a prévia celebração de contrato, convênio ou instrumento congênere, nos termos do parágrafo único do art. 24 da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. (Incluído pela Lei nº 13.650, de 2018)

5) Prazos: De acordo com a Lei de Improbidade, os prazos variam de acordo com o sujeito ativo da improbidade. Vejamos como o Professor Rafael Oliveira trata do tema:

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comissão ou de função de confiança (inciso I);

b) prazo prescricional previsto em ​lei específica para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego (inciso II); e

c) ​cinco anos da data da apresentação à Administração da prestação de contas final pelas entidades referidas no parágrafo único do art. 1o da LIA. É importante ressaltar que o STJ entende que no caso de mandato e reeleição, o prazo prescricional começa a fluir somente após o término do último mandato. Em relação aos terceiros particulares, tem prevalecido o entendimento de que o prazo ​deve ser o mesmo previsto para o respectivo agente público que praticou, em conjunto, o ato de improbidade.

6) Competência e Julgamento: A competência para processamento e julgamento da ação de improbidade é do juízo de primeiro grau. Ainda é importante mencionar que nas ações propostas pelo Ministério Público Federal e nas ações com a presença (ativa ou passiva) das pessoas indicadas no art. 109, I, da CF, a competência será da Justiça Federal.

Nos demais casos, a competência será da Justiça Estadual.

7) Ação Judicial: De acordo com a Lei de Improbidade, a ação judicial seguirá o rito ordinário. No entanto, existem algumas peculiaridades no procedimento judicial desta ação. Vejamos a lição do Professor Rafael Oliveira:

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a) antes de ser recebida a petição inicial, o juiz ordenará a “notificação” do réu para que, no prazo de 15 dias, ​apresente uma defesa prévia que poderá levar ao indeferimento da petição inicial, nos termos do § 8.º do mesmo artigo (art. 17, § 7.º, da LIA);

b) Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de 30 dias, em decisão fundamentada, rejeitará a ação, se convencido da inexistência do ato de improbidade, da improcedência da ação ou da inadequação da via eleita, abrindo-se caminho para interposição de apelação (art. 17, § 8.º, da LIA);

c) por outro lado, recebida a petição inicial, será o réu citado para apresentar contestação (art. 17, § 9.º, da LIA), admitindo-se a interposição de ​agravo de instrumentocontra referida decisão (art. 17, § 10, da LIA);

d) o art. 17, § 1.º, da LIA vedava a realização de transação, acordo ou conciliação nas ações de improbidade administrativa. Sempre sustentamos a incompatibilidade da referida vedação, em razão da previsão de acordos no âmbito da tutela coletiva, inclusive na Lei Anticorrupção, e na legislação penal, além da possibilidade de mediação nas ações de improbidade, na forma do art. 36, § 4.º, da Lei 13.140/2015 (Lei de Mediação). Com a alteração promovida pela Lei 13.964/2019, o art. 17, § 1.º, da LIA passou a prever expressamente a possibilidade de celebração de " ​acordo de não persecução cível".

A sentença de procedência culminará nas aplicações das sanções previstas no Artigo 12 da LIA. No entanto, o STJ já se manifestou no sentido de que cabe ao juiz aplicar as penalidades que entende adequada, não sendo necessário a aplicação obrigatória de todas conjuntamente.

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O STJ também tem entendimento no sentido de que a sentença que concluir pela carência ou pela improcedência de ação de improbidade administrativa está sujeita ao reexame necessário, com base na aplicação subsidiária do art. 496 do CPC/2015 e por aplicação analógica do art. 19 da Lei 4.717/1965. Inclusive tal entendimento foi cobrado na segunda fase da PGE-SE.

Por fim, ​A improcedência do pedido por falta de provas não impede a propositura de nova ação (coisa julgada​secundum eventum probationis​). Bem como é importante mencionar dispositivo exaustivamente cobrado em provas de concurso: " ​A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença condenatória".

Agora, seguem dicas formuladas pelo CPGE para revisão do tema. Ressalto que foram feitas com base em questões das bancas Vunesp, FCC e CESPE, motivo pelo qual existe grande chances de serem cobradas em provas futuras.

#Dicas - Improbidade Administrativa

1. O ato de improbidade administrativa violador do princípio da moralidade não requer a demonstração específica de dano ao erário ou de enriquecimento ilícito, exigindo-se apenas a demonstração do dolo genérico. Alternativa considerada correta na prova da PGM-MANAUS, que tem por fundamento a jurisprudência do STJ.

2. Não é permitida a utilização de prova emprestada do processo penal nas ações de improbidade administrativa. Falso! Questão também de Manaus. A Jurisprudência do STJ é pacífica em aceitar a prova emprestada nas ações de improbidade.

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3. Atenção: Não existe cassação de direitos políticos na improbidade, mas suspensão. Isso caiu na prova de OJ do TJ/AL (2018). A Constituição, na parte dos direitos políticos, também não tem previsão de cassação, somente perda e suspensão!

4. (MPE/MG/2018): "Nos termos da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, o Ministério Público, a Defensoria Pública, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, suas autarquias, empresas públicas, fundações ou sociedades de economia mista, bem como a associação que esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil e inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público, têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar". Alternativa incorreta! A lei dispõe que somente a pessoa jurídica interessada e o MP tem legitimidade para propor a ação principal e a cautelar, vide Art. 17.

5. É possível tornar os bens de família indisponíveis na ação de improbidade administrativa (MPE/MG/2018). Vale ressaltar que o STJ já se manifestou sobre o tema: "A medida cautelar de indisponibilidade só não pode atingir os bens absolutamente impenhoráveis, sendo certa a possibilidade de sua decretação sobre bens de família (STF. 2ª TUrma. ED no AgRg no REsp 1.351.825/BA, rel. Min, Og Fernandes, j. 22.09.2015)".

6. O termo inicial da prescrição em improbidade administrativa em relação a particulares que se beneficiam de ato ímprobo é idêntico ao do agente público que praticou a ilicitude, a teor do disposto no art. 23, I e II, da Lei n. 8.429/92. Precedentes. (STJ. 2ª Turma. REsp 1.433.552/SP.

7. Os ocupantes de emprego público também podem cometer atos de improbidade administrativa (TRT6 - 2018). Vale ressaltar que o conceito de agente

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público previsto na LIA é bastante amplo, englobando até mesmo os estagiários (REsp 1.149.493).

7.1 (CESPE) "Estudante maior de vinte e um anos de idade que estagia sem remuneração em empresa pública estadual estará sujeito a responder por ato de improbidade administrativa caso se utilize de sua condição de estagiário para auferir vantagem econômica indevida". R: Correto! Vide tese acima do STJ.

8. Nos casos de contratação irregular decorrente de fraude à licitação, o prejuízo ao erário (art. 10, VIII, da LIA) é considerado presumido (in re ipsa) (MPE/MS/2018).

9. A decretação judicial da indisponibilidade e sequestro de bens é possível antes do recebimento da petição inicial da ação de improbidade administrativa (MPE/MS/2018).

10. Não é possível propor ação de improbidade exclusivamente em face de particular (MPE/MS/2018).

11. De acordo com o STJ, o elemento subjetivo, necessário para a configuração de improbidade administrativa censurada nos termos do art. 11 da LIA, é o dolo genérico de realizar conduta que atente contra os princípios da Administração Pública, não se exigindo a presença do dolo específico.

12. Para a configuração dos atos de improbidade administrativa que atentam contra os princípios da administração pública, é DISPENSÁVEL a comprovação de efetivo prejuízo aos cofres públicos (MPE/MS/2018).

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13. Os notários e os registradores estão abrangidos no conceito amplo de “agentes públicos”, razão pela qual se encontram fora do espectro de incidência da Lei n. 8.429/1992.

14. O Superior Tribunal de Justiça pode proceder a revisão da dosimetria das sanções aplicadas em ações de improbidade administrativa quando houver desproporcionalidade entre os fatos praticados e as sanções impostas.

15. O decreto de indisponibilidade de bens em ação civil pública por ato de improbidade administrativa constitui tutela de evidência e dispensa a comprovação de dilapidação iminente ou efetiva do patrimônio do legitimado passivo, uma vez que o periculum in mora está implícito no art. 7º da Lei nº 8.429/1992 (MPE/MS/2018). Vale ressaltar que item parecido foi cobrado na prova da PGE/TO/FCC.

15.1 (CESPE) "o STJ entende que a decretação de medida cautelar de indisponibilidade dos bens em razão da prática de ato de improbidade que cause dano ao erário não está condicionada à comprovação de que o réu esteja dilapidando seu patrimônio". R: Correto!

16. Os sucessores respondem até o limite da herança. Cuidado! Vunesp - PCBA - 2018

16.1 (CESPE) Situação hipotética: Lucas, no exercício de determinada função pública, cometeu ato de improbidade administrativa que lhe ensejou enriquecimento ilícito. Todavia, em uma viagem a serviço, ele faleceu, tendo deixado um filho, Paulo, seu único herdeiro. Assertiva: Paulo, sucessor de Lucas, estará sujeito às sanções previstas na lei em apreço até o limite do valor da herança.

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17. De acordo com o Superior Tribunal de Justiça, caso uma ação de improbidade administrativa seja julgada improcedente, a respectiva sentença deverá sujeitar-se à remessa necessária. Correto! Deve ser utilizado o micro-sistema de tutela coletiva, ocorrendo a remessa nos termos da lei da ação popular. Isso foi alvo de questão discursiva na prova da PGE/SE.

18. Deixar de prestar contas quando estiver obrigado viola os princípios da administração pública (PGE/PE/2018).

19. Atenção: Não se incluem na competência do Juizado Especial da Fazenda Pública: a) as ações de MANDADO DE SEGURANÇA, de desapropriação, de divisão e demarcação, populares, por IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA, execuções fiscais e as demandas sobre direitos ou interesses difusos e coletivos; b) as causas sobre bens imóveis dos Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios, autarquias e fundações públicas a eles vinculadas e c) as causas que tenham como objeto a impugnação da pena de demissão imposta a servidores públicos civis ou sanções disciplinares aplicadas a militares.

20. Dicas de Estudo para LIA: muita jurisprudência do STJ, indico o livro do Márcio e "decorar" a lei de improbidade, principalmente quem está se preparando para as provas da VUNESP.

21. Depois de ajuizada ação de improbidade administrativa, se o juiz tiver verificado que o processo está em ordem, será determinada a notificação do requerido para apresentar manifestação por escrito.

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22. De acordo com o entendimento jurisprudencial do STJ, eventual punição dos agentes de polícia no âmbito administrativo não impedirá a aplicação a eles das penas previstas na Lei de Improbidade Administrativa.

23. O Juiz não é obrigado a aplicar cumulativamente todas as penas da lei. 24. As sanções da LIA também podem ser aplicadas aos particulares (MP-PI).

25. Utilizar bens ou pessoal de serviço público em seu favor é improbidade por enriquecimento ilícito.

26. Quem recusa a fornecer declaração de bens está sujeito à pena de demissão.

27. Constatado indício de ato ímprobo, fica autorizado o recebimento fundamentado da petição inicial, devendo prevalecer, no juízo preliminar, o princípio do in dubio pro societate e cabendo, contra a decisão que receber a petição inicial, o agravo de instrumento.

27.1 (CESPE) "De acordo com o entendimento do STJ, para que seja determinado o possível processamento da ação civil pública por ato de improbidade administrativa supostamente praticado pelo sr. José Silva, em observância ao princípio do in dubio pro societate, é suficiente, na defesa do interesse público, a demonstração de indícios razoáveis da prática de atos de improbidade e da autoria". R: Correto! É a posição que mais resguarda o direito de toda a sociedade.

28. Embora não haja litisconsórcio passivo necessário entre o agente público e os terceiros beneficiados com o ato ímprobo, é inviável que a ação civil por

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improbidade seja proposta exclusivamente contra os particulares, sem concomitante presença do agente público no polo passivo da demanda.

28.1 Agora vejamos a tese do STJ sobre o tema: "Nas ações de improbidade administrativa, não há litisconsórcio passivo necessário entre o agente público e os terceiros beneficiados com o ato ímprobo. (Jurisprudência em Teses - STJ)".

29. São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato doloso tipificado na Lei de Improbidade Administrativa. STF. Plenário. RE 852475/SP

29.1 (DPDF) "De acordo com o STF, são imprescritíveis as ações de ressarcimento de danos ao erário decorrentes de ato doloso de improbidade administrativa".

29.2 (DPDF) "São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário relativas à prática de atos dolosos ou culposos tipificados como improbidade administrativa". R: FALSO! Vide tese STF do item 29.

30. A responsabilidade do servidor que pratica ato de improbidade é subjetiva, não objetiva. Cuidado!!

30.1 (UFPR) "É admissível a responsabilidade objetiva na aplicação da Lei 8.429/92". R: Falsa! É subjetiva.

31. As penas da LIA não tem natureza penal (MP-PB).

32. A medida extrema de afastamento cautelar do agente público do exercício do cargo, emprego ou função, durante a apuração dos atos de

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improbidade administrativa ocorrerá, sem prejuízo da remuneração, e diante da existência de risco à instrução processual.

33. Não há cassação de direitos políticos na LIA (ALE-RO).

34. Lembrar que a LIA também é, conforme entende o STJ, aplicável aos estagiários.

35. Conceder benefício fiscal ou administrativo sem cumprir os requisitos legais causa prejuízo ao erário.

36. Penalidades previstas na CRFB: 1) perda da função pública; 2) ressarcimento; 3) indisponibilidade dos bens e 4) suspensão dos direitos políticos.

36.1 Observe que não há o que se falar em cassação de direitos políticos (FGV - TJSC).

36.2 (UFPR) A aplicação das sanções previstas na Lei de Improbidade Administrativa independe da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo quanto à pena de ressarcimento.

37. Enriquecimento ilícito -> DOLO; Prejuízo ao erário -> DOLO ou CULPA; Violação aos princípios -> DOLO.

38. É possível fazer acordos na LIA, inclusive com interrupção de prazos. Vejamos a nova redação legal:

(22)

persecução cível, nos termos desta Lei.

§ 10-A. Havendo a possibilidade de solução consensual, poderão as partes requerer ao juiz a interrupção do prazo para a contestação, por prazo não superior a 90 (noventa) dias.

39. As penalidades só podem ser revistas em RESP ou RE se forem desproporcionais ou irrazoáveis.

40. Pessoa jurídica pode ser ré na LIA.

41. Atenção! Não se admite a prescrição intercorrente no processo de improbidade. Neste sentido (CESPE MPC)"Admite-se a decretação da prescrição intercorrente em ação de improbidade administrativa". R: FALSO!

42. Atenção! Não podem ser aplicadas às inquirições ou aos depoimentos realizados nos processos regidos pela referida lei as disposições do Código de Processo Civil.

43. O agente público que nega publicidade de atos administrativos oficiais comete ato ímprobo que atenta contra os princípios da administração pública (Analista da PGE/PE).

44. Comete ato de improbidade administrativa o agente público que, em razão do exercício de sua função, é beneficiado com a aquisição de imóvel cujo valor seja desproporcionalmente superior à evolução de sua renda ou patrimônio (Analista da PGE/PE).

(23)

45. No caso de agentes políticos reeleitos, o termo inicial do prazo prescricional nas ações de improbidade administrativa deve ser contado a partir do término do último mandato.

46. Atenção! A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença condenatória. Item cobrado na prova do TJ-PA, pela CESPE.

47. As omissões também podem caracterizar improbidade administrativa. Neste sentido, a CESPE considerou INCORRETO o seguinte item: "excetua os atos omissivos como possíveis caracterizadores do ato de improbidade".

47.1 (CESPE) Somente atos comissivos podem caracterizar uma situação como sendo de improbidade administrativa por violação dos princípios da administração pública. R: FALSO!

48. Atenção! No caso de reeleição: "Ainda que determinado ato ímprobo tenha ocorrido no primeiro mandato, a prescrição contra agente político reeleito inicia-se somente com o fim do segundo mandato". Trata-se de jurisprudência pacífica do STJ.

49. Os atos de improbidade também podem ser cometidos na modalidade CULPOSA. Neste sentido, a UFPR considerou INCORRETA: "Os atos de improbidade administrativa que causam prejuízo ao erário não admitem a modalidade culposa".

50. A aplicação da pena de demissão por improbidade administrativa não é exclusividade do Judiciário, sendo passível a sua incidência no ‚âmbito do processo administrativo disciplinar (MP-GO 2019).

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51. Cuidado! A atuação obrigatória do MP é como fiscal da lei, não como autor da Ação Civil por Improbidade (TJ/PA-CESPE-2019).

52. O Ministério Público estadual possui legitimidade recursal para atuar como parte no Superior Tribunal de Justiça nas ações de improbidade administrativa, reservando-se ao Ministério Público Federal a atuação como fiscal da lei (MP/MG-2019).

53. Atenção! A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça se firmou no sentido de que o Código de Processo Civil deve ser aplicado subsidiariamente à Lei de Improbidade Administrativa. Por esse motivo, é cabível o reexame necessário na ação de improbidade administrativa improcedente (...) (acórdão. EREsp 1.220.667)

53.1 (VUNESP) Aplica-se às ações de improbidade administrativa o reexame necessário.

54. As disposições da Lei n.º 8.429/1992 são aplicáveis àquele que induzir um agente a praticar ato ímprobo.

55. Atenção! “​o foro especial por prerrogativa de função previsto na

Constituição Federal em relação às infrações penais comuns​não é extensível às

ações de improbidade administrativa. STF. Pet 3240 AgR/DF, rel. Min. Teori

Zavascki, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 10/5/2018 (Info 901). 56. Atenção! A ação de improbidade é proposta pelo MP ou pela pessoa jurídica interessada, não pode ser ajuizada por terceiro interessado (CESPE).

(25)

57. O processo e julgamento de prefeito municipal por crime de        responsabilidade (Decreto-lei 201/67) não impede sua responsabilização por atos        de improbidade administrativa previstos na Lei nº 8.429/92, em virtude da        autonomia das instâncias. STF. Plenário. RE 976566. 

 

58. Não configura bis in idem a coexistência de título executivo extrajudicial        (acórdão do TCU) e sentença condenatória em ação civil pública de improbidade        administrativa que determinam o ressarcimento ao erário e se referem ao mesmo        fato, desde que seja observada a dedução do valor da obrigação que primeiramente        foi executada no momento da execução do título remanescente. STJ. 1ª Turma.        REsp 1413674-SE. 

 

59. É importante salientar que o STJ não admite a aplicação retroativa da LIA        (REsp 1129121/GO); 

 

60. Caso exista litisconsórcio com procuradores distintos, o prazo para        contestar deve ser contado em 2x (REsp 1221254/RJ). 

 

Ao final, fiquem sempre acompanhando os novos julgados do STJ, visto que        ocorrem vários sobre a LIA.  

 

Bons Estudos! Equipe CTPGE

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