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IMPACTOS NA SAÚDE E NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE BRASILEIRO DECORRENTES DE AGRAVOS RELACIONADOS A UM SANEAMENTO AMBIENTAL INADEQUADO

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IMPACTOS NA SAÚDE E NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE BRASILEIRO

DECORRENTES DE AGRAVOS RELACIONADOS A UM SANEAMENTO AMBIENTAL

INADEQUADO

Carlos Antonio Alves Pontes*

Engenheiro Civil, Mestre em Engenharia Sanitária e Ambiental (UFPB), Doutorando em Saúde Pública (ENSP / FIOCRUZ), Pesquisador Visitante (NESC, CPqAM/ FIOCRUZ). E-mail: cpontes@cpqam.fiocruz.br

André Monteiro Costa

Centro de pesquisas Aggeu Magalhães/ Fundação Oswaldo Cruz Carlos Henrique de Melo

Fundação Nacional de Saúde/ MS Regina Célia Borges de Lucena

Centro de pesquisas Aggeu Magalhães/ Fundação Oswaldo Cruz Fernando Ramos Gonçalves

Centro de pesquisas Aggeu Magalhães/ Fundação Oswaldo Cruz Evania Freires Galindo

Centro de pesquisas Aggeu Magalhães/ Fundação Oswaldo Cruz Claudia Cristina Lima de Castro

Centro de pesquisas Aggeu Magalhães/ Fundação Oswaldo Cruz

Endereço do autor principal (*): Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães – Departamento de Saúde Coletiva Av. Prof. Moraes Rego, s/n, Cidade Universitária – Recife – Pernambuco - CEP: 50.670-420 - Brasil. Fone: 0xx61 (81) 3302-6506; Fax: 0xx61 (81) 3302-6514. e-mail: cpontes@cpam.fiocruz.br

RESUMO

Foram estudados os impactos das Doenças Relacionadas ao Saneamento Ambiental Inadequado (DRSAI) sobre a saúde e Sistema Único de Saúde no Brasil, a partir de três aspectos: morbi-mortalidade, gastos hospitalares em saúde e ocupação da rede hospitalar.

Utilizou-se um desenho de estudo transversal, contemplando o Brasil, categorizado por regiões e as 27 unidades federativas no período de 1996 a 2000. Os dados foram obtidos a partir dos Sistemas de Informações em Saúde, disponibilizados pelo Ministério da Saúde, a partir dos quais foram construídos indicadores capazes de descrever a magnitude deste grupo de doenças no país.

Palavras-chave: saneamento; saúde ambiental; epidemiologia. INTRODUÇÃO

A intrínseca relação entre saneamento e saúde tem sido discutida e reiterada por diversos estudos, e é evidente o benefício que as políticas de saneamento exercem sobre as condições de saúde da população, especialmente no que diz respeito às doenças infecto-parasitárias (Heller, 1997; Moraes, 1995). A persistência desse grupo de doenças, continua sendo um grave problema nos países em desenvolvimento, onde grandes parcelas da população permanecem destituídas de serviços de saneamento adequados.

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METODOLOGIA/ ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Utilizou-se um desenho de estudo transversal, contemplando o Brasil, categorizado por regiões e as 27 unidades federativas no período de 1996 a 2000. O universo da pesquisa refere-se a três grandes aspectos do impacto dos agravos relacionados ao saneamento ambiental inadequado: perfil de morbi-mortalidade; quadro de gastos hospitalares e ocupação da rede de serviços de saúde do SUS com internações hospitalares.

A classificação de Doenças Relacionadas a um Saneamento Ambiental Inadequado (DRSAI) tomou por base a classificação ambiental para doenças infecciosas elaborada por Cairncross e Feachem (1993).

Os dados utilizados para construção dos indicadores selecionados foram obtidos dos Sistemas de Informações em Saúde, disponibilizados pelo Ministério da Saúde. Os dados populacionais para a construção de taxas foram obtidos a partir do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE.

RESULTADOS

4.1 – MORBI-MORTALIDADE

As Doenças Relacionadas ao Saneamento Ambiental Inadequado sofreram um declínio na taxa de mortalidade de cerca de 19% no período de 1996 a 1999. Este decréscimo foi menor na região Nordeste, onde a taxa passou de 12,66 em 1996 para 12,00 por 100.00 habitantes em 1999, reduzindo em cerca de 5%. Além disso, em todas as regiões ocorreu um aumento na taxa em 1998, embora tornando a declinar no ano seguinte (Tabela 1).

As maiores taxas referem-se às regiões Centro-Oeste e Nordeste, enquanto Norte, Sudeste e Sul possuem taxas menores. É importante observar que estes resultados estão estreitamente relacionados à qualidade dos dados disponibilizados pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade (Carvalho, 1997; Valongueiro e Aguiar, 1998).

TABELA 1: Distribuição das taxas de mortalidade por DRSAI. Brasil e regiões, 1996 a 1999.

Na análise da distribuição das taxas por estados observa-se que as maiores taxas são observadas em três estados do Nordeste: Alagoas (19,30), Pernambuco (18,05) e Ceará (18,03), onde as taxas chegam a ser duas vezes maior que a média nacional. Na região Norte, as maiores taxas pertencem aos estados de Roraima (10,86), Tocantins (10,22) e Rondônia (8,02), embora estejam mais próximos à média nacional (Figura 1).

1996 1997 1998 1999 REGIÃO No TM No TM No TM No TM BRASIL 16.234 10,34 14.385 9,01 15.699 9,70 13.661 8,33 NORTE 1.041 9,12 932 7,95 1.048 8,76 855 6,92 NORDESTE 5.683 12,66 4.953 10,89 6.619 13,41 5.574 12,00 SUDESTE 6.303 9,41 5.634 8,26 5.510 8,00 4.584 6,56 SUL 1.470 6,23 1.223 5,15 1.304 5,39 1.127 4,61 CENTRO-OESTE 1.737 16,82 1.643 15,56 1.668 15,45 1.519 13,86

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Figura 1 – Distribuição das taxas de mortalidade por DRSAI segundo estados. Brasil, 1999. A taxa de internação hospitalar por DRSAI declinou em cerca de 10% no país no período de 1996 a 2000. A menor redução ocorreu na região Nordeste, de cerca de 9%, enquanto as demais regiões tiveram reduções maiores que 20%, chegando a reduzir em 40% no Sudeste (Tabela 2).

TABELA 2 – Distribuição das taxas de internação por DRSAI. Brasil e regiões, 1996 a 2000.

1996 1997 1998 1999 2000 No TI No TI No TI No TI No TI BRASIL 585.173 372,56 662.207 414,82 585.173 361,69 592.329 361,29 565.561 333,49 NORTE 90.646 803,01 91.082 784,91 90.646 763,74 90.072 742,33 94.622 733,87 NORDESTE 309.825 692,09 293.930 648,36 292.669 638,86 299.405 646,82 261.754 548,83 SUDESTE 162.626 242,72 146.063 214,59 113.930 165,21 106.299 152,16 105.228 145,55 SUL 97.144 413,14 89.071 373,27 54.359 225,05 57.089 233,53 65.801 262,26 CENTRO-OESTE 43.237 411,76 42.061 390,57 33.569 305,32 39.464 351,71 38.156 328,46

As maiores taxas de internação por DRSAI no ano de 2000 encontram-se em estados da região Nordeste e Norte: Piauí e Rondônia. Todos os estados das duas regiões, com exceção de Amazonas e Roraima, na região Norte, possuem taxas superiores à média nacional. Por outro lado, as menores taxas do país neste ano pertencem a estados da região Sudeste, São Paulo e Rio de Janeiro (Figura 2).

NORTE NORDESTE SUDESTE SUL CENTRO-OESTE

0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00 BR AP AC AM PA RO TO RR MA PI PB RN BA SE CE PE AL RJ ES SP MG RS SC PR MT MS DF GO TM/100.000 HA B 195 245 497 614 1028 340388 467 523 543 586613 768 1035 194243 213 278 300 279 351 530 333 968 774 200 400 600 800 1000 1200 TI/ 100.000 HAB

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O grupo de diarréias representa o mais importante, correspondendo a mais de 90% das internações hospitalares por DRSAI no ano de 2000. Além deste, Malária e Dengue possuem os percentuais mais altos, enquanto que as demais doenças representam, juntas, menos de 5% do total do grupo (Tabela 3).

TABELA 3: Distribuição das internações por DRSAI segundo grupos de causa. Brasil, 2000. 2000 DRSAI No % TI Diarréias 515.469 91,14 303,95 Helmintíases 1.043 0,18 0,62 Febres Entéricas 3.424 0,61 2,02 Filariose Linfática 122 0,02 0,07 Esquistossomose 1.322 0,23 0,78 Malária 21.288 3,76 12,55 Febre Amarela 42 0,01 0,02 Dengue 10.260 1,81 6,05 Leishmanioses 5.290 0,94 3,12 Doença de Chagas 1.129 0,20 0,67 Leptospirose 3.662 0,65 2,16 Teníases 532 0,09 0,31 Hepatite A 891 0,16 0,53

Doenças dos Olhos 117 0,02 0,07 Doenças da Pele 969 0,17 0,57 TOTAL 565.560 100,00 333,49

4.2 – GASTOS HOSPITALARES

Para as Doenças Relacionadas ao Saneamento Ambiental Inadequado (DRSAI), os valores absolutos pagos pelas internações cresceram em cerca de 35%, passando de R$ 82.378.751,36 em 1996 para R$ 111.340.444, 52 em 2000, valores que correspondem a, respectivamente, 3,2 e 2,3% do gasto hospitalar com doenças, excluindo-se partos e prolongamento de internações psiquiátricas (Tabela 4). Embora haja tendência de declínio até 1999, em 2000 há um aumento das proporções de gastos por DRSAI em relação ao total em todas as regiões. As maiores proporções do período são encontradas nas regiões Norte (média de 7,1%) e Nordeste (média de 4,5%), e as menores nas regiões Sudeste (média de 1,2%), Sul (média de 1,6%) e Centro-Oeste (média de 2,3%).

TABELA 4 – Distribuição dos gastos hospitalares por DRSAI. Brasil e regiões, 1996 a 2000.

1996 1997 1998 1999 2000

Valor % Valor % Valor % Valor % Valor %

BRASIL 82.272.026,29 3,23 77.058.875,21 2,40 78.593.768,09 2,06 95.501.462,26 2,02 111.340.444,52 2,28 NORTE 10.270.327,01 9,98 9.583.950,79 6,92 10.969.822,53 6,34 13.239.221,63 5,81 17.551.655,19 6,84 NORDESTE 34.842.943,51 5,79 33.185.356,95 4,34 38.452.862,58 4,18 46.232.084,21 4,10 50.082.903,48 4,18 SUDESTE 19.588.482,98 1,67 17.667.624,35 1,19 17.030.908,04 0,98 20.153.860,01 0,93 22.499.536,21 1,03 SUL 12.440.486,62 2,48 11.734.210,65 1,96 7.454.448,50 1,05 9.508.577,11 1,07 12.884.363,37 1,44 CENTRO-OESTE 5.129.786,17 2,96 4.887.732,47 2,24 4.685.726,44 1,76 6.367.719,30 2,00 8.321.986,27 2,42

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4.3 – OCUPAÇÃO DA REDE HOSPITALAR

A distribuição da proporção de ocupação da rede hospitalar por DRSAI em relação às demais doenças, ou seja, excluindo-se partos e prolongamento das internações psiquiátricas, mostra maiores percentuais nas regiões Norte e Nordeste em relação às demais regiões. Na região Norte estas doenças chegam a representar mais de 10% do total de dias por internações devido a doenças (Figura 4).

Figura 4 – Distribuição da proporção de ocupação por DRSAI em relação às demais doenças.

Brasil, 1996 a 2000.

CONCLUSÕES

No período de 1996 a 1999 aconteceu um total de 59.979 óbitos, e de 1996 a 2000, 2.990.443 internações por DRSAI, correspondendo a um gasto hospitalar total da ordem de R$ 400 milhões. O principal grupo de causas é o de diarréias, responsável por mais de 50% dos óbitos e mais de 90% das internações por DRSAI.

Os resultados mostram que as DRSAI exercem um impacto importante no quadro de morbi-mortalidade e serviços de saúde no país, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, que formam um bloco distinto, apresentando, de um modo geral, indicadores mais precários em relação às demais regiões.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

HELLER, Léo (1997). Saneamento e Saúde. Brasília: OPAS.

CAIRNCROSS, Sandy; FEACHEM, Richard (1993). Environmental Health Engineering in the Tropics: an introductory text. Chichster (Inglaterra): Wiley.

CARVALHO, Déa Mara (1997). Grandes Sistemas Nacionais de Informações em Saúde: revisão e discussão da situação atual. Informe Epidemiológico do SUS, Vol 4.

MORAES, Luiz R. Santos (1995). Efeitos do destino dos excretas humanos/esgotos sanitários sobre a doença diarréica e o estado nutricional. 18o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental.

VALONGUEIRO, Sandra; AGUIAR, Marta Vaz (1998). Estimativa da cobertura do registro de óbitos através do SIM/ MS para os estados do Nordeste, 1991. Anais do XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP, pp. 2095-2106.

0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00

BRASIL NORTE NORDESTE SUDESTE SUL CENTRO-OESTE

% 1996 1997 1998 1999 2000

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