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Efeito de Doses de N em Cobertura na Cultura da Beterraba.

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Academic year: 2021

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Efeito de Doses de N em Cobertura na Cultura da Beterraba.

Paulo E. Trani1; Heitor Cantarella2; Sebastião W. Tivelli3 1Instituto Agronômico - Centro de

Horticultura, C. Postal 28, 13.001-970 Campinas-SP; E-mail: petrani@iac.sp.gov.br; 2E-mail:

cantarella@iac.sp.gov.br; 3Rua José Aparecido Pavan, 615, 13.086-080 Campinas-SP; E-mail:

wilson.tivelli@terra.com.br .

RESUMO

Três experimentos de campo com a beterraba (Beta vulgaris L.) cv “Top Tall Early Wonder” foram conduzidos em diferentes anos e em duas localidades no estado de São Paulo com o objetivo de avaliar a produção total de raízes e folhas de beterraba sobre diferente doses de N aplicada em cobertura. O primeiro experimento foi realizado em Monte Alegre do Sul/SP em um Argissolo Vermelho Amarelo distrófico e os demais experimentos foram instalados em Campinas/SP em um Latossolo Vermelho Amarelo distrófico. As doses de nitrogênio aplicadas, na forma de sulfato de amônio, variaram de zero a 200 kg.ha-1. No primeiro

experimento a produtividade máxima de raízes de beterraba foi atingida com 92 kg de N.ha-1

em cobertura, enquanto no segundo experimento a resposta a adubação de cobertura com N foi linear e positiva para a produtividade de raízes. No último experimento a máxima

produtividade total de raízes foi alcançada com 143 kg N.ha-1. A produtividade de folhas em

todos os experimentos foi linear e positiva. As maiores produtividades de beterraba para a comercialização em maços (raízes e folhas) foram obtidas ao se aplicar a maior dose de N

em cobertura, ou seja, 200 kg N.ha-1. Em todos os experimentos não se verificou o efeito de

doses de N sobre o diâmetro das raízes (qualidade comercial). Foi encontrada uma relação linear e positiva entre o teor de N das raízes e folhas com as doses de N aplicadas em cobertura.

Palavras-chave: Beta vulgaris L., adubação nitrogenada em cobertura, teor de N. ABSTRACT Effect of nitrogen’s ratios applied on side dressing on table beets.

Three field experiments with the objective of evaluated the total roots and leaves yield of table beets under different nitrogen’s ratios applied on side dressing were conducted in different years at two locations in São Paulo state. One experiment were carried out in Monte Alegre do Sul, SP on Typic Kandaudult and the others in Campinas, SP on Typic Hapludox. The nitrogen rates applied, as on ammonium sulphate, varied from zero to 200 kg.ha-1. On the first field trial the maximum roots yield of table beets were reached with 92 kg

de N.ha-1, whereas on the second experiment a linear and positive relationship between N

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reached with 143 kg de N.ha-1. The response of leaf yield to N application on all experiments

was linear and positive. The highest yield of table beet for sale on bunches (roots and leaves) was obtained when the maximum rate of N was applied (200 kg N.ha-1). The

diameter of roots (commercial quality) was not affected by the rates of N applied on all experiments. In all three experiments a linear and positive relationship between N content on roots and rates of N applied was found.

Keywords: Beta vulgaris L., side dressing nitrogen rates, N content in table beets.

Das 100.500 propriedades produtoras de beterraba existentes no Brasil, 42% estão na Região Sudeste e 35% na Região Sul. No estado de São Paulo são cultivados 5.000 hectares em média por ano (Camargo Filho & Mazzei, 2002).

A área cultivada de beterraba no estado de São Paulo praticamente dobrou desde 1994. No quinqüênio 1998-2002, 91% da beterraba comercializada pela Ceagesp-SP foi na forma de raízes (caixa K de 20 kg) e os restantes 9% foram comercializados com folha (engradados de 20 kg). Em média, a Ceagesp-SP comercializou 24.662 toneladas de beterraba por ano durante o quinqüênio, o que representa apenas 21,45% da beterraba produzida no estado de São Paulo.

Em um diagnóstico da produção de hortaliças no estado de São Paulo constatou-se que o cultivo de beterraba estava entre as 15 principais hortaliças em área plantada em 1994 (Trani et al., 1997a). Estes autores constataram através dos extensionistas entrevistados das Casas de Agricultura a necessidade de pesquisas para a adubação na cultura da beterraba.

Laske (1962) encontrou uma grande diferença na recomendação de adubação de plantio e cobertura para a beterraba de mesa quando revisou este assunto. Especificamente para as adubações de cobertura nitrogenada, este autor verificou que nos Estados Unidos as recomendações mudam de um estado para outro, as quais variavam de

zero a 225 kg.ha-1 de nitrato de sódio (NaNO

3). Na Inglaterra, as adubações de cobertura

nitrogenada era feitas somente se necessário enquanto na África do Sul se utilizava 100 a 150 kg.ha-1 de adubo nitrogenado. Finalmente, o autor encontrou que na Alemanha, a

beterraba de mesa recebe de 300 a 400 kg.ha-1 de nitrocálcio em cobertura.

Pereira et al. (1995) não obtiveram resposta à adubação de cobertura de beterraba com nitrocálcio em um solo com alto teor de nitrogênio. Estes autores avaliaram cinco

doses de N (20, 80, 160, 240, e 320 kg de N.ha-1) no cultivo de beterraba cv. Top Tall Early

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A recomendação oficial para o estado de São Paulo preconiza a aplicação de 60 a

120 kg.ha-1 de N em cobertura para a cultura da beterraba (Trani et al., 1997b). Este total

deve ser parcelado em três aplicações, aos 15, 30 e 50 dias após a germinação.

Diante da variabilidade de resultados observados na literatura ainda persistem dúvidas sobre as doses mais adequadas de N para essa cultura no estado de São Paulo tanto para a produção de raízes quanto de folhas. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a produção total de raízes e folhas de beterraba em função da dosagem de N aplicada em cobertura.

MATERIAL E MÉTODOS

Três experimentos de campo foram conduzidos em anos diferentes e em duas localidades no estado de São Paulo para avaliação de dosagens de nitrogênio (N) em cobertura na cultura da beterraba cv. “Top Tall Early Wonder”. O primeiro experimento foi realizado em 1990 na Estação Experimental de Monte Alegre do Sul do Instituto Agronômico de Campinas – IAC. Os demais experimentos foram realizados em 1991 e 1992 na Fazenda Santa Elisa do Instituto Agronômico de Campinas – IAC em Campinas/SP. Na primeira localidade, o solo é um Argissolo Vermelho Amarelo distrófico de textura média, enquanto nos dois experimentos conduzidos em Campinas foram realizados em um solo Latossolo Vermelho Amarelo distrófico de textura argilosa.

Em todos os locais as quantidades aplicadas de fósforo e potássio foram baseadas em Trani et al. (1997b). O fósforo foi aplicado na forma de superfosfato simples e o potássio

na forma de cloreto de potássio nas doses de 1500 kg.ha-1 e 100 kg.ha-1, respectivamente.

Com base na quantidade e na fonte de fósforo aplicado, a necessidade de enxofre da

cultura foi plenamente atendida. Foi ainda aplicado no sulco de plantio 3 kg.ha-1 de boro na

forma de bórax.

Independentemente do ano e do local, os experimentos foram conduzidos em canteiros com 1,2 metro de largura, e a semeadura realizada em linhas longitudinais num total de 4 linhas por canteiro. O delineamento estatístico foi o de blocos ao acaso com seis

repetições. Cada parcela tinha 3 m2 de área total e 1,5 m2 de área útil, onde apenas as duas

linhas centrais foram utilizadas para as avaliações. A fonte de nitrogênio foi o sulfato de amônio.

No experimento em Monte Alegre do Sul/SP avaliou-se o peso fresco de raízes e folhas, e o peso seco de folhas para quatro doses de N em cobertura (0, 40, 80, e 120 kg de N.ha-1). Os resultados para peso fresco de raízes e folhas foram transformados para

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produção/ha (produtividade) e expressos em t.ha-1. Para a analise do peso seco de folhas

foram colhidas 15 plantas ao acaso por parcela.

Nos experimentos realizados em Campinas/SP foram avaliados seis doses de N em cobertura (0, 40, 80, 120, 160 e 200 kg de N.ha-1). No primeiro experimento em

Campinas/SP foram avaliados o peso fresco de raízes e folhas, enquanto que no segundo experimento foram avaliados peso fresco de raízes e folhas, peso seco de raízes e folhas, teor de N nas raízes e folhas conforme metodologia descrita em Bataglia et al (1983). Os resultados para peso fresco de raízes e folhas foram transformados para produção/ha (produtividade) e expressos em t.ha-1.

Os resultados foram submetidos à análise de variância através do programa estatístico Sanest. A análise de variância para o efeito da regressão polinomial mostrou-se significativa pelo teste F para os parâmetros avaliados. A curva de resposta de cada variável foi obtida pela regressão polinomial para os níveis de doses.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados do experimento em Monte Alegre do Sul/SP indicaram que a

produtividade máxima de raízes de beterraba foi atingida com 92 kg de N.ha-1 em cobertura.

A resposta da cultura a adubação nitrogenada de cobertura para a produção de raízes foi

quadrática e negativa, sendo descrita pela equação produtividade de raízes (t.ha-1) = 11,108

+ 0,351*kg N.ha-1 – 0,002*(kg N.ha-1)2. Esta equação explica 99,6% da variação na

produtividade de raízes atribuída a dose de N em cobertura.

Por um outro lado, a produtividade da parte aérea da beterraba apresentou-se diretamente proporcional a dose de N utilizada em cobertura. No experimento de 1990 esta relação linear e positiva teve 97,5% da variação na produtividade de folhas atribuída a dose

de N em cobertura. A equação que descreveu esta relação é: produtividade de folhas (t.ha-1)

= 11,832 + 0,280*kg N.ha-1.

Os resultados do experimento de 1991 em Campinas/SP apresentaram respostas lineares e positivas para a produtividade de raízes e folhas. A resposta obtida para a produtividade total de raízes de beterraba foi descrita pela seguinte equação: produtividade

total de raízes (t.ha-1) = 22,459 + 0,110*kg N.ha-1. Para esta equação, a dose de N em

cobertura correspondeu a 86,6% no aumento da produtividade total de raízes.

No primeiro experimento em Campinas/SP os resultados da produtividade de folhas foram semelhantes aos obtidos no experimento em Monte Alegre do Sul/SP, ou seja, uma relação direta e positiva entre a produtividade e a dose de N em cobertura. A resposta a

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0,107*kg N.ha-1. Para esta equação, a dose de N em cobertura contribuiu com 97,8% no

aumento da produtividade de folhas.

A produtividade total de raízes no experimento de 1992 em Campinas/SP apresentou uma resposta quadrática e negativa semelhante ao que havia ocorrido no experimento de 1990 em Monte Alegre do Sul/SP. A equação que melhor descreveu os resultados foi a seguinte: produtividade total de raízes (t.ha-1) = 13,078 + 0,121*kg N.ha-1 – 0,001*(kg N.ha-1)

2. Para esta equação, a dose de N explicou 93,9% da produtividade total de raízes, e a

máxima produtividade total de raízes foi alcançada com 143 kg N.ha-1. Assim como havia

ocorrido nos experimentos anteriores a qualidade das raízes não foi influenciada pela dose de N.ha-1.

A produtividade da parte aérea por sua vez foi linear e positiva no experimento de 1992 em Campinas/SP semelhantemente ao que ocorreu no dois anos anteriores. A

resposta da dose de N.ha-1 em cobertura para a produtividade de folha foi descrita pela

seguinte equação: produtividade de folhas (t.ha-1) = 18,341 + 0,066*kg N.ha-1. A dose de

N.ha-1 por si só representou 82,0% da produtividade de folhas nesta equação.

A análise do teor de N nas raízes e folhas confirmou o que outros autores já havia constatado. Em ambos os casos há uma relação linear e positiva entre o teor de N das raízes e folhas com a dose de N aplicada em cobertura. A resposta ao teor de N das raízes foi descrita pela seguinte equação: teor de N raiz (g.kg-1) = 18,402 + 0,043*kg N.ha-1,

enquanto o teor de N das folhas foi representado por teor de N folha (g.kg-1) = 27,646 +

0,049*kg N.ha-1. A variação do teor de N foi explicado em 85,6% e 90,4% pela dose de N

em cobertura, respectivamente para o teor de N nas raízes e nas folhas.

A produção de matéria seca (MS) por hectare das raízes e da parte aérea em relação ao teor de N nas raízes e folhas foram linear e positivo. A relação entre o teor de N nas

raízes e a matéria seca das raízes é calculado pela equação: teor de N raiz (g.kg-1) = 3,70 +

10,79*t MSraízes.ha-1, e o teor de N nas folhas e a matéria seca das raízes é expressa na

equação: teor de N folha (g.kg-1) = 11,00 + 12,22*t MS

raízes.ha-1. Em ambas as situações, as

variações do teor de N estão 66,9% relacionadas a variação da matéria seca das raízes. Por sua vez, a relação entre o teor de N nas raízes e a matéria seca das folhas foi descrita pela equação: teor de N raiz (g.kg-1) = 6,50 + 9,42*t MS

folhas.ha-1, e o teor de N nas folhas e a

matéria seca das folhas foi representado por teor de N folha (g.kg-1) = 14,16 + 10,66*t

MSfolhas.ha-1. Nas duas últimas equações, a variação do teor de N, tanto nas raízes quanto

nas folhas, foram explicadas em 94,9% pela produção de matéria seca em t. ha-1.

Em resumo, dose de N em cobertura para a cultura da beterraba deve considerar se a produção será vendida em caixas K (apenas raízes) ou engradado (raízes e folhas). Para a comercialização das raízes em caixa K, a dose de N em cobertura maior do que a

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recomendada por Trani et al. (1997b) pode ou não aumentar a produtividade da cultura. Isto parece depender muito mais das condições edafoclimáticas do local de cultivo do que da adubação de cobertura. Isto explicaria as informações contraditórias presentes na literatura.

As maiores produtividades de beterraba para a comercialização em maços (raízes e

folhas) foram obtidas ao se aplicar a maior dose de N em cobertura, ou seja, 200 kg N.ha-1.

Em todos os experimentos não se verificou o efeito de doses de N sobre o diâmetro das raízes (qualidade comercial). Para os anos de 1990 e 1992, considera-se como satisfatória

as doses de nitrogênio de 92 e 143 kg.ha-1, para as melhores produtividades de raízes de

beterraba.

LITERATURA CITADA

BATAGLIA, O. C. ;FURLANI,A.M.C.; TEIXEIRA, J.P.F.; FURLANI, P. R. & GALLO, J. R. Métodos de análise química de plantas. Campinas: Instituto Agronômico, 1983. 48 p. (Boletim Técnico, 78)

CAMARGO FILHO, W.P.; MAZZEI, A.R. Mercado de beterraba em São Paulo. Informações Econômicas, v. 32, n. 4, p. 54-56, Abr. 2002.

LASKE, P. Abonamiento de las hortalizas. Hannover: Verlagsgesellschaft für Ackerbau mbH., 1962. 51 p.

PEREIRA, P.R.G.; SILVA, D.H.J.; FONTES, P.C.R.; MARTINEZ, H.E.P; BARACAT-PEREIRA, M.C. Teores de nitrato, composição mineral e produção de raízes de beterraba em solo com alto nitrogênio. Horticultura Brasileira, v. 13, n. 1, p. 104, Maio 1995. (resumo 226)

TRANI, P.E.; GROPPO, G.A.; SILVA, M.C.P. e; MINAMI, K; BURKE, T.J. Diagnóstico sobre a produção de hortaliças no estado de São Paulo. Horticultura Brasileira, v. 15, n. 1, p. 19-24, Maio 1997.

TRANI, P.E.; PASSOS, F.A.; TAVARES, M.; AZEVEDO FILHO, J.A. Beterraba, cenoura, nabo, rabanete e salsa. In: RAIJ, B. van; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J.A.; FURLANI, A.M.C. Recomendações de adubação e calagem para o estado de São Paulo (Boletim

técnico No. 100, 2.ed.ver.atual.). Campinas: Instituto Agronômico & Fundação IAC, 1997. p.

Referências

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