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Vista do Jogos teatrais na escola. Uma possibilidade de auxílio no desenvolvimento biopsicossocial e cognitivo da criança

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Academic year: 2021

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Jogos teatrais na escola: uma possibilidade de auxílio no

desenvolvimento biopsicossocial e cognitivo da criança

Polyana Zappa Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Especialista em Teoria e Prática em Arte Contemporânea pela UNIFATEA, Centro Universitário Teresa DAvila. Professora Titular, Coordenadora do Centro Cultural Teresa DÁvila e do Núcleo de Arte UNIFATEA. Professora de Artes no Ensino Fundamental II. Aluna especial para o doutoramento no (PGEHA) Programa de Pós Graduação Interunidades Estética e História da Arte da Universidade de São Paulo. Atua também como cenógrafa em peças teatrais. Bruna Luiza Dias dos Santos Especialista em Arte, Alfabetização e Inclusão Social pelo Centro Universitário Teresa D’Ávila.

Resumo

O presente artigo trata sobre os jogos teatrais como possibilidade de auxílio no desenvolvimento biopsicossocial e cognitivo da criança no ambiente escolar. Em uma sociedade globalizada é notória a necessidade de formação de um cidadão integral que além de possuir saberes científicos sabe transformar o meio em que vive pela sua ação participativa e efetiva com valores, desenvoltura e gestor de suas próprias emoções. Com jogos teatrais a criança se desenvolve fisicamente, biologicamente, cognitivamente e socialmente. Na interação com o outro e com o meio há uma educação intrínseca voltada à construção de uma nova sociedade que visa qualidade de vida e sentimento de interdependência. Com um caráter transdisciplinar, os jogos perpassam por todas as disciplinas e todas as faixas etárias podendo se adequar a diferentes temas e contextos sociais, inclusive os de vulnerabilidade. Jogos em si já são muito atrativos às crianças e a ligação direta com a tecnologia garante o sucesso dessa concepção ideológica de educação na escola, pois trazem o educando como protagonista efetivo no seu processo de ensino-aprendizagem.

Palavras-chave

Jogos; teatro; Criança; Desenvolvimento; Biopsicossocial; Tecnologia.

Abstract

This article deals with the theatrical games as a possibility of aid in the biopsychosocial and cognitive development of the child in the school environment. In a globalized society, the need for the formation of an integral citizen is notorious. In addition to possessing scientific knowledge, it knows how to transform the environment in which it lives by its participatory and effective action with values, resourcefulness and manager of its own emotions. With theatrical games the child develops physically, biologically, cognitively and socially. In the interaction with the other and with the environment there is an intrinsic education aimed at building a new society that aims at quality of life and a sense of interdependence. With a transdisciplinary character, the games run through all disciplines and all age groups, being able to adapt to different themes and social contexts, including those of vulnerability. Games themselves are already very appealing to children and the direct link with technology ensures the success of this ideological conception of education in school, as they bring the learner as an effective protagonist in their teaching-learning process.

Keywords

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Introdução

O presente artigo trata de pesquisa teórica acerca do uso dos jogos teatrais para o desenvolvimento biopsicossocial e cognitivo da criança no ambiente escolar. Desde o movimento Escola Nova (1932), a educação artística em geral tem garantido o seu espaço como disciplina no ensino regular. Antes com caráter meramente produtor de comemorações de datas cívicas, hoje o ensino da Arte vem caminhando passos para o desenvolvimento integral do ser, abrangendo desde os aspectos biológicos e motores à gestão das emoções.

Num mundo rodeado de tecnologias e informações de fácil acesso nota-se a necessidade da formação do ser em sua integralidade. Entendendo o ser humano e educando-o integralmente é possível formar uma sociedade crítica e protagonista no processo evolucionista.

Jogos teatrais trazem essa possibilidade formadora por tratar o educando como protagonista no seu processo de ensino-aprendizagem de modo contextualizado, além de produzir grande interação entre os pares. No jogo, os educandos estimulam-se entre si e aprendem a lidar com frustrações, assim como ampliam sua visão global sobre interdependência. Somente percebendo o outro, interagindo com o outro e trocando com o meio é possível criar cidadãos participativos e efetivos pautados em valores éticos.

Por sua transdisciplinaridade, o jogo teatral se adequa a qualquer disciplina, nível de ensino e faixa etária podendo tratar de diversos assuntos inerentes à realidade do educando, ou seja, uma ferramenta contextualizada, versátil e, com metodologia acessível.

Sendo assim, este artigo visou também integrar os jogos teatrais com tecnologia, a fim de demonstrar como tais ferramentas auxiliam no processo de ensino-aprendizagem, sua evolução ao longo do tempo, sua valorização e reconhecimento como prática pedagógica. Um novo olhar a uma nova educação integral, pois um jogo, por si só, já é um grande atrativo e diferencial num ensino de qualidade por conta da promoção e construção de saberes muito além dos científicos.

Referencial teórico

O teatro como prática pedagógica no Brasil

No período colonial brasileiro, apenas a elite possuía acesso aos bens culturais e artísticos no país, para o restante da população, o teatro era utilizado pelos jesuítas como instrumento de catequese; a missão dos colonizadores era ocupar as terras e extrair as riquezas.

Com a República, os direitos educacionais começaram a se expandir, contudo a visão tradicional de ensino baseava-se numa concepção centrada nos saberes científicos e na produção de mão de obra para a sociedade. Nesse cenário, as questões culturais e artísticas limitavam-se apenas as solenidades, datas cívicas e momentos de lazer. A presença da arte como parte integrante no processo de aprendizagem escolar ocorreu devido a pressões sociais, a legislação passou a tornar obrigatório o seu estudo em 1971, inicialmente na forma de atividade e posteriormente como disciplina em 1996.

De acordo com Koudela (2006), o ensino do teatro e/ou educação artística na escola começou a ser revolucionado a partir do movimento da Escola Nova (1932), onde a criança passou a ser vista por sua natureza própria e considerada em suas especificidades e

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necessidades para seu desenvolvimento, entendendo que o processo de aprendizagem se relaciona diretamente às experiências ofertadas. O objetivo desse ensino passou a ser a expressão da imaginação criativa, e não somente a preparação de um espetáculo como produto final. A preocupação então se voltou no processo de formação integral do indivíduo.

A educação progressista acreditava no desenvolvimento natural da criança, sendo que o professor atuava como guia. Isto significa, na prática, que o professor não devia ensinar teatro, mas libertar a criatividade da criança, fornecendo um ambiente propiciador de iniciativas. A incorporação do modelo da Escola Nova trouxe para o primeiro plano a expressividade da criança e levou a uma compreensão e a um respeito pelo seu processo de desenvolvimento. Mas ao mesmo tempo em que ela abriu a possibilidade para a inclusão das áreas artísticas no currículo escolar, verificamos que objetivos educacionais amplos se transformam em justificativa para o ensino do teatro. (KOUDELA, 2006, p. 19)

Com uma nova abordagem, a educação brasileira passou a ter a ideia de que o desenvolvimento infantil não é meramente uma condição transitória para a vida adulta, tal fato possibilitou a inclusão da atividade lúdica como componente curricular nas bases de ensino.

Ao encontro disso, as artes cênicas ou a ação de representar demonstra ter caráter formativo, pois é um meio de liberação da mente humana e valorização do espontâneo. A função simbólica do teatro expressa um processo intrínseco da linguagem.

É preciso ver o teatro e os jogos teatrais não somente como atividades artísticas meramente recreativas, mas sim, como uma possiblidade de ensino que promove o pensamento e constitui criações a partir dele, abrangendo todos os aspectos formativos do ser humano.

A função simbólica e o desenvolvimento da criança segundo

Piaget

A imaginação dramática relaciona-se diretamente com a criatividade humana e a capacidade mental do homem construir símbolos.

Quando tratamos de aprendizagem humana e construção do conhecimento, assim como desenvolvimento da criança é preciso destacar três elementos básicos: o objeto (suposta realidade a ser conhecida); a representação do objeto (como o objeto se faz conhecido em diferentes formas) e não menos importante; o sujeito que conhece.

Piaget apud Barone (2011) conceitua a inteligência como uma realização sintética entre pensamento e meio baseada em dois processos: o de assimilação (incorporação da realidade exterior à organização do sujeito) e; o de acomodação (transformação do sujeito em função da realidade exterior), onde através da equilibração desses processos, o sujeito cognoscente (sujeito do conhecimento) se constitui a partir das experiências vividas.

Em primeiro momento na constituição do sujeito que conhece é preciso que haja uma diferenciação do seu eu com o meio externo, ou seja, a partir da percepção do corpo é permitida a criação da lógica, onde a ação é voltada aos problemas práticos.

Assim como na constituição do sujeito que conhece é preciso à percepção do eu corporal, também é importante destacar que para que a inteligência seja ampliada há

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necessidade de observação dos objetos de conhecimento. Para Piaget apud Barone (2011), no período sensório-motor o objeto da ação é empírico e representado por imagens, ocorrendo internalização e conservação do objeto. Conforme a criança se desenvolve tal representação é expandida, ou seja, a representação por imagem se transforma em conceito, que passa a ser um objeto lógico e com isso, socialmente compartilhado.

Partindo desse pressuposto, o trabalho com jogos teatrais auxilia na percepção do eu corporal e na criação de um sistema lógico que permite que ação e pensamento voltem-se a resolução de problemas reais no dia-a-dia, o que garante ao sujeito o protagonismo necessário e eficaz como agente transformador do meio em que vive observando a sua integralidade.

Jogos teatrais – o que são?

Os jogos teatrais são atividades que propiciam uma experiência em pensar criativamente, de maneira independente, autônoma e divertida, além de ser uma prática de cooperação social que desenvolve a sensibilidade crítica e estética, os aspectos biológicos do corpo, e os aspectos cognitivos e psicológicos do indivíduo em formação.

Koudela (2006) com base na teoria Piagetina destaca a importância do jogo no processo de desenvolvimento integral do ser.

Com qualquer estrutura cognitiva (esquema) há dois processos associados: o jogo assimila a nova experiência e, então, prossegue pelo mero prazer do domínio; a imitação relaciona-se com a experiência de modo a acomodá-la dentro da estrutura cognitiva – jogo para assimilar, imitação para acomodar. Embora a imitação e o jogo estejam diretamente relacionados com o processo de pensamento e com o desenvolvimento da cognição, a imaginação dramática é um fator –chave – é ela que interioriza os objetos e lhes confere significado. (KOUDELA, 2006, p. 28).

Jogos teatrais são, sobretudo próprios do simbolismo lúdico da criança, o que faz com que sua elaboração parta do sujeito para seu próprio uso. Uma nova visão, diferente da educação tradicional que, por sua vez, considera somente o que é expresso por meio da linguagem (discurso verbal) pode ser pensado.

Ressignificação dos jogos teatrais na contemporaneidade – uso

dos recursos tecnológicos

O uso de recursos tecnológicos no fazer teatral ressignifica a arte e traz uma nova visão para o conceito no âmbito educacional. Diretamente relacionados com o mundo, sabemos que tais recursos interferem no dia-a-dia da sociedade e tem consequências visíveis na formação cidadã das crianças. Não se trata somente da utilização de aparelhos eletrônicos para complementação do estudo (ainda que estes abram possibilidades de criações teatrais), mas de entender como a tecnologia afeta as cenas e produções artísticas.

Desde o final do século XX, a relação entre arte e recursos tecnológicos vem sendo analisada com propriedade e interesse cada vez maior, onde os conceitos de interação, entretenimento e expressão comunicativa são visados e apresentados como manifestações autênticas que misturam linguagem e diversidade.

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É perceber que, no teatro, o uso de recursos tecnológicos incide na estrutura dramatúrgica, nos fundamentos regentes da encenação e, nos parâmetros de representação, jogo e atuação. Entretanto, grande parte das reflexões sobre o assunto limita-se a tratar o aparato tecnológico como suporte, um erro, já que há também as transformações que o uso tecnológico proporciona na formação do artista cênico.

É importante perceber que assim como a tecnologia muda a nossa maneira de lidar com o mundo, o teatro, visto como expressão da realidade humana, também necessita de um novo olhar e ampliação de suas fronteiras.

Em toda prática pedagógica é preciso que haja intencionalidade, planejamento e direcionamento e segundo Maria Lúcia Pupo (2006, p. 109-115), “quando falamos em pedagogia teatral estamos nos referindo a uma reflexão sobre as finalidades, as condições, os métodos e os procedimentos relativos a processos de ensino/aprendizagem em teatro...”.

De acordo com CABRAL (2006), o teatro na contemporaneidade e o teatro da contemporaneidade equilibra-se entre fazer, conhecer e apreciar, o que faz com que a abordagem com jogos teatrais na escola seja um meio de aceitação das diversidades, assim como, metodologia para desenvolvimento de habilidades e competências inerentes ao ser humano, conforme percebemos a seguir:

O fazer teatral contemporâneo coloca em questão o cruzamento das diversas situações, vivências, circunstâncias e oportunidades no desenvolvimento de habilidades e ampliação do conhecimento. O equilíbrio entre o fazer e o apreciar, entre a formação do ator e do espectador é enfatizado por distintas abordagens pedagógicas. A ampliação da percepção crítica requer vivências diferenciadas. Assim, a variedade de abordagens, no percurso das experiências de teatro na escola, como canal para perceber e aceitar a diferença pode ser uma meta, além de evitar a reprodução cultural e social de um modelo específico. O risco de um modelo, no contexto do ensino de teatro na escola, é o seu gradual distanciamento do fazer teatral contemporâneo. Este risco pode se acentuar se o professor não se precaver contra a rigidez e a rotina na adesão a uma metodologia específica. (CABRAL, 2006)

A congruência da linguagem teatral com a tecnologia leva os educandos a resultados que revelam práticas sem fronteiras de acepção. É com relação a essa nova atitude que as formações com jogos teatrais na escola podem contribuir, oferecendo disciplinas e espaços de experimentação, onde o indivíduo possa preparar-se para o diálogo e auto apropriação.

FERREIRA (2012) em seu livro “Teatro e Dança nos anos iniciais” traz uma proposta de sequência didática, de possível aplicação e com ênfase no âmbito escolar, que exemplifica tais questões, conforme tabela1 a seguir:

Tabela- Sequência didática “Vamos fazer e conhecer teatro jogando?”.

Começar os trabalhos com uma conversa envolvendo a turma, com os seguintes questionamentos: O que vocês acham que é teatro?; Já assistiram peças teatrais?; Já fizeram teatro em algum lugar?; O que conhecem sobre teatro?; Quais as expectativas com essas aulas?.

1 A tabela foi criada para este artigo, a fim de facilitar a visualização da sequência didática proposta por FERREIRA (2012). A sequência descritiva e completa pode ser encontrada em : FERREIRA, Taís. FALKEMBACH, Maria Fonseca. Teatro e Dança nos anos iniciais. Porto Alegre, Mediação,2012, p. 34 a 46.**

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Primeiro encontro: O que é teatro? Orientação didática

Posteriormente a captação de conhecimentos prévios, iniciar com jogos simples, tais como: jogo do sério, jogo do cego e condutor e, jogo da hipnose.

Descrição dos jogos teatrais

No primeiro encontro podem ser trabalhados jogos de concentração e disponibilidade.

Jogo do sério: Um jogador de pé ou sentado diante do outro, olhando nos olhos, não pode rir ou conversar. Conforme andamento, duplas vão sendo eliminadas até restar uma vencedora.

Jogo do cego e do condutor: Um jogador de olhos vendados ou fechados é conduzido pelo espaço apenas pelo toque nos ombros e nas costas feitos pelo seu condutor.

Jogo da hipnose: Jogadores em duplas, um é o condutor e o outro o hipnotizado (conduzido) que deve acompanhar a palma da mão do hipnotizador em diferentes níveis, velocidades, etc.

Recursos tecnológicos

Pode-se fazer o uso de microfone e instrumentos de pesquisa.

Notas Atividades específicas podem ser inseridas na sequência, de acordo com cada grupo e necessidade do professor;

É importante que o professor exponha a metodologia a ser seguida nos encontros, ressaltando que a prática será baseada em jogos.

Segundo encontro: O jogo com o outro Orientação didática

Demostrar a importância da colaboração nos processos teatrais, assim como a compreensão de que o teatro é uma atividade grupal em que cada um deve participar ativamente, mas também aceitar receber as propostas do outro generosamente, através dos jogos: Jogo das bolinhas em grupo e Espelho em duplas.

Num segundo momento, introduzir improvisações e dramatizações, através do “Jogo do quem?”

Descrição

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dos jogos teatrais

Jogo das bolinhas em grupo: Inicia com os jogadores em círculo, jogando a bolinha, com uma mão apenas e recebendo-a, contando em voz , alta, até alcançar o número 20 ou 30, por exemplo. Depois, pode ser introduzida uma segunda bolinha no círculo, que seguirá outra contagem simultaneamente. Os jogadores também podem se deslocar no espaço, lembrando sempre de jogar a bolinha de forma leve na mão do colega e olhando quem vai receber a bolinha.

Jogo do quem? : Cada dupla de jogadores decide quem são, que relação tem os personagens, e deve se deslocar em diagonal pelo espaço. Os colegas que são a plateia deverão adivinhar quem são, pelos deslocamentos e pela relação que demonstraram entre si.

Recursos tecnológicos

Pode-se introduzir uma música a fim de exercitar a concentração nos jogos;

Possibilidade de utilização de recursos sonoros onomatopeicos. Notas

O jogo das bolinhas pode ser realizado aumentando, gradualmente o nível das dificuldades colocadas pelo professor ao grupo;

Pode-se propor também uma dramatização livre com diferentes personagens: animais na selva, pessoas e animais em uma feira livre, furacões, enchentes, etc. É importante que a dramatização livre tenha tempo hábil pra ser elaborada.

Terceiro encontro: O corpo fala e conta Orientação didática

Abordar de forma direta a linguagem corporal com o Jogo da estátua em duplas e Jogo do quadro.

Descrição dos jogos teatrais

Trabalho com jogos de criatividade e espontaneidade.

Jogo da estátua em duplas: Um jogador é a estátua e o outro o escultor. Pelo toque, o escultor vai modelar uma estátua de forma livre com o corpo do colega. Após todos os escultores tiverem modelado as suas respectivas estátuas, parte-se para um passeio no jardim de estátuas, em que os escultores deverão analisar a proposta de cada estátua. A finalidade é discutir acerca da eloquência das imagens e do corpo como potencial construtor de

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sentidos, ideias e mensagens. Posteriormente, inverte-se a posição dos participantes.

Jogo do quadro: dando sequência ao Jogo de estátua e escultor, os “escultores” produzirão quadros com os colegas, afim, também, de analisar os sentimentos transmitidos por aquelas imagens.

Recursos tecnológicos

Ao final da atividade, podem-se utilizar recursos com câmeras fotográficas afim de análise posterior das produções realizadas como forma de externalização dos sentimentos alcançados.

Notas

O teatro é ação e é por meio da ação e do corpo do jogador que podemos resolver problemas pressupostos em cenas, assim como nos comunicarmos com os espectadores.

Quarto encontro: Oralidade: ouvir, dialogar, contar e narrar Orientação didática

Desenvolver a oralidade e a imaginação pela contação e criação de histórias pelas crianças, através dos jogos: Telefone sem fio, Contação de uma história inventada pelo grupo e Improvisação com blablação.

Descrição dos jogos teatrais

Trabalho com jogos de criatividade e concentração.

Telefone sem fio: Em círculo, os participantes deverão repassar uma informação ou código recebido, um de cada vez, no ouvido do colega. O último participante deverá transmitir com exatidão o que lhe foi repassado.

Contação de história inventada em grupo: Em círculo, uma criança inicia uma contação de história e, ao comando de “troca”, o próximo participante deverá dar continuidade à história.

Improvisação com blabação: Individualmente o jogador deverá vender um produto através de uma língua inventada.

Recursos tecnológicos

Objetos e materiais diversos para composição de cenário de acordo com a imaginação da criança.

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Até este momento, a fala e a oralidade não foram trabalhadas nos jogos. Isso é importante, pois evita que os jogadores resolvam as situações propostas apenas com a fala, conversando, e passem a usar a ação e os movimentos como forma de comunicação;

O jogo telefone sem fio é produtivo ao demonstrar as dificuldades de escuta e atenção para com os colegas e informações recebidas;

A blablação é uma língua inventada, na qual o sentido se dá pela corporeidade dos jogadores e pela entonação das palavras e sons emitidos. Quinto encontro: Espaços cênicos Orientação didática

Apresentar às crianças diferentes possibilidades de uso do espaço na cena, mostrando-lhes alguns espaços cênicos no decorrer da história do teatro;

Possibilitar aos alunos a visualização de imagens dos diferentes espaços cênicos da história do teatro: palco italiano, plateia frontal, arena, espaço corredor, teatro de rua e performances contemporâneas;

Compreender que a linguagem teatral é espaço-temporal;

Após contextualização teórica, dividir as crianças em grupos para que possam elaborar pequenas cenas (improvisações, definindo: quem, o quê e onde, começo, meio e fim).

Descrição dos jogos

teatrais Trabalho com improvisação. Recursos

tecnológicos

Apresentação com uso de data show e slides.

Notas O desejável é que os alunos possam escolher utilizar diferentes espaços da escola: pátio, banheiro, corredor, refeitório, etc.

Orientação

Compreender que o fazer teatral pode utilizar-se de objetos reais e imaginários e que é possível criar

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Sexto encontro:

Elementos cênicos

didática absolutamente tudo por meio do corpo e da imaginação.

Descrição dos jogos teatrais

Trabalho com jogos com objetos imaginários:

Manipular uma bola imaginária no grupo ou objetos variados;

Transformação de objetos reais em outros por meio do jogo simbólico.

Recursos tecnológicos

Diferentes materiais e objetos trazidos pelos educandos.

Notas Viola Spolin traz grandes e importantes contribuições acerca do trabalho com jogos teatrais.

Sétimo encontro: Sonoridades e música de cena Orientação didática

Criar um ambiente específico somente através de sons.

Descrição dos jogos teatrais

Trabalho com jogos de criatividade e espontaneidade:

Criação de ambiente específico só por meio de sons: divide-se a turma em grupos e sugere-se a criação de tais ambientes apenas com os corpos dos participantes, enquanto executam, a plateia está de costas e deverá adivinhar o local reproduzido;

Sonoplastia com sucata: através de diferentes materiais trazidos pelos alunos, enquanto alguns participantes improvisam uma cena, outros devem fazer a sonoplastia da encenação com os materiais disponíveis;

Música cria cena: a partir de uma música instrumental qualquer, os alunos serão instigados a produzirem uma cena de acordo com os sentimentos advindos da música.

Recursos tecnológicos

Pode-se fazer a utilização de instrumentos musicais, CD’s e objetos variados.

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Notas

Assim como o mínimo gesto quer dizer algo em cena, não está lá gratuitamente, do mesmo modo acontece com os sons: eles falam, mesmo que não sejam articuladas palavras;

Explorar as possibilidades de criação sonora e musical do próprio corpo, com objetos comuns e instrumentos musicais, é uma experiência importante para quem faz teatro.

Oitavo encontro: Iluminação e teatro de sombras Orientação didática

Desenvolver o interesse pela iluminação cênica para ampliar a percepção estética dos educandos;

Propor que cada criança leve para a escola objetos que produzem luzes diferentes;

Conhecer o teatro de sombras.

Descrição dos jogos teatrais

Trabalho com criatividade, espontaneidade e improvisação.

Climas: criar improvisações em que a iluminação, os efeitos cênicos de luz são importantes para o desenvolvimento da cena- um apagão, uma floresta ao anoitecer, uma tempestade, um dia de sol na praia, enfim, situações em que a iluminação seja significativa.

Recursos tecnológicos

Lanternas a pilhas de diversos tamanhos e intensidades, celulares, lanterninhas de chaveiros, etc. Materiais que produzem focos de luz diferenciados.

Notas

Por ser perigoso, não se trabalha com fontes luminosas como velas;

Deve ser levado papel celofane e/ou papel de seda de diferentes cores para cumprirem a função de filtros coloridos, como nos teatros profissionais.

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Nono encontro: Figurinos e personagens Orientação didática

Incentivar na escola a montagem de um guarda-roupa teatral com auxílio da comunidade em doações de roupas, objetos e acessórios.

Descrição dos jogos teatrais

Trabalho com criatividade e espontaneidade.

Desfile de personagens: a partir da coleta de roupas doadas pela comunidade escolar e montagem do guarda-roupa teatral, os educandos farão um desfile de personagens criados por eles.

Recursos tecnológicos

Iluminação para desfile. Notas

A autora Marina Marcondes Machado, em seu livro “O brinquedo-sucata e a criança” (2007), traz várias ideias de materiais e procedimentos para o trabalho lúdico com sucata;

Perguntas sobre os personagens podem nortear também o desfile: como ele anda? Como ele corre, salta, se esconde? O que ele come? Etc. Pode se sugerir que cada figurino seja elaborado já se pensando previamente em um personagem ou o contrário. O processo ser colaborativo com os colegas na criação é importante na atividade cênica e deve ser explorado. Décimo encontro: Que histórias queremos contar por meio do Orientação didática Culminância:

Disponibilizar os materiais produzidos;

Roda de conversa;

Encenação.

Descrição dos jogos

Os materiais produzidos e desenvolvidos no decorrer dos encontros anteriores (cenas, personagens, situações,

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teatro? teatrais figurinos, objetos, cenários, músicas, sons, entre outros) possam ser colocados e disponibilizados para as crianças em uma oficina.

Recursos tecnológicos

Possibilidade de utilização de todos os materiais produzidos. Notas

É importante que o professor fique atento ao desejo das crianças de darem continuidade ao trabalho.

Fonte: A autora.

Em todas as atividades descritas, os jogos são notórios e integrantes essenciais no fazer teatral na escola. Podemos perceber que a partir deles, os educandos estabelecem relações e percebem no outro e no meio a ponte para a construção do saber repleto de sentido e significados; um aprendizado pautado na integralidade.

Os recursos tecnológicos utilizados demonstram e garantem a consolidação do pensamento criativo de forma lúdica e prazerosa, assim como agregam, na prática, um valor imensurável às produções dos educandos/atores/protagonistas.

Considerações finais

No decorrer do desenvolvimento da pesquisa teórica acerca do uso dos jogos teatrais como possibilidade de auxílio no desenvolvimento biopsicossocial e cognitivo da criança foi notória a necessidade de refletir que o trabalho pedagógico da atualidade precisa buscar novas estratégias de ensino que coloquem o educando no centro de seu processo de aprendizagem, estimulando o seu protagonismo para o mais eficiente exercício cidadania, assim como a superação da visão conteudista de que somente os saberes científicos são necessários à sociedade.

Uma das competências necessárias ao mundo contemporâneo é a formação de cidadãos aptos a relacionarem-se com as mais diferentes linguagens e o ver abstrativo, assim como a ludicidade no ensino abrangem e atingem o íntimo desses seres, pois são fundamentos essenciais da racionalidade.

Também com caráter formativo, os jogos ressignificam o ensino da arte nas escolas e constroem relações dialógicas com a realidade, onde o resultado da interação da criança com o meio e com os pares é a estruturação dos conhecimentos adquiridos.

Nota-se que no trabalho com jogos são perceptíveis características intrínsecas e essenciais do ser humano como a subjetividade, espontaneidade, racionalização, internalização, improvisação e externalização, promovendo a dicotomia criança/adulto, onde a criança que joga teatralmente será um agente transformador no seu futuro.

Com isso, percebemos que os jogos teatrais são estratégias possíveis, reais, de fácil acesso e eficiente no desenvolvimento da cognição e biopsicossociabilidade.

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Referências

BARONE, Leda Maria Codeço. MARTINS, Lilian Cassia Bacich. Castanho, Marisa Irene Siqueira. Psicopedagogia: teorias da aprendizagem. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2011. CABRAL, Beatriz. Drama como método de ensino. São Paulo: Hucitec, 2006.

_______________. Pedagogia do Teatro e Teatro como Pedagogia.

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FERREIRA, Taís. FALKEMBACH, Maria Fonseca. Teatro e dança nos anos iniciais. Porto Alegre: Mediação, 2012.

FERREIRA, Tais. OLIVEIRA, Mariana. Artes cênicas: teoria e prática no Ensino

Fundamental e Médio. Porto Alegre: Mediação, 2016.

GLOBO TEATRO. http://redeglobo.globo.com/artigos/noticia/2013/11/artigo-leandro-romano-analisa-relacao-entre-teatro-e-tecnologia.html. Consultado em: 15/07/2018

KOUDELA, Ingrid Dormien. Jogos teatrais. São Paulo: Perspectiva, 2006.

PUPO, Maria Lúcia. “Sinais de teatro-escola”. In: Humanidades, Edição Especial Teatro Pós-Dramático, Editora UNB, No 52, Nov. 2006, pp 109-115.

Referências

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