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EXMA. SRA. DRA. JUÍZA DE DIREITO DA VARA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE DA COMARCA DE CASTRO - PR

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2ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE CASTRO

EXMA. SRA. DRA. JUÍZA DE DIREITO DA VARA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE DA COMARCA DE CASTRO - PR

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ, por seu Promotor

Substituto adiante assinado, com fundamento nos artigos 127 e 129, inciso III e 227, caput, da Constituição Federal; artigos 5º, 98, 149, inciso I, 201, inciso VIII, 210 e 212, todos da Lei nº 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente), vem perante Vossa Excelência requerer a EXPEDIÇÃO DE PORTARIA JUDICIAL DESTINADA A

REGULAMENTAR O ACESSO E PERMANÊNCIA DE CRIANÇAS E

ADOLESCENTES NOS ESTABELECIMENTOS CONHECIDOS COMO “LAN

HOUSES”; “CIBERCAFÉS”, E CONGÊNERES, em razão dos seguintes fatos e

fundamentos:

I - DA LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA PROPOSITURA DA PRESENTE DEMANDA:

Por força do disposto nos artigos 127 e 129, inciso III, da Constituição Federal e 201, inciso VIII c/c 210, inciso I, da Lei nº 8.069/90 acima mencionados, ao Ministério Público foi conferida a legitimidade para pugnar judicialmente, por qualquer meio em direito admitido, a tomada de providências destinadas à defesa dos interesses individuais e coletivos relativos à infância e à adolescência.

Assim sendo, sempre que os direitos assegurados a crianças e adolescentes estiverem sendo ameaçados ou violados, o Ministério Público tem a

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prerrogativa legal e constitucional de propor as medidas judiciais que se mostrarem mais adequadas à sua defesa, não havendo a priori, por força do disposto no art. 212, da Lei nº 8.069/901, limitação para a via escolhida.

Na forma da Lei nº 8.069/90, ao contrário do que ocorria à época do revogado “Código de Menores”, a expedição de portarias judiciais não se trata de mero ato administrativo ou liberalidade da autoridade judiciária, mas sim decorre de seu poder jurisdicional e pressupõe a instauração de procedimento específico, que tramita da forma prevista no art. 153, caput, da Lei nº 8.069/90 e do qual resulta sentença passível de ser atacada por meio de apelação (cf. art. 199, do mesmo Diploma Legal).

O Ministério Público, na busca da melhor forma de prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos infanto-juvenis, portanto, tem legitimidade para requerer a expedição ou a revisão de portarias judiciais (cf. arts. 70 e 201, inciso VIII c/c art. 212, todos da Lei nº 8.069/90), seja quanto à limitação de horários, modo de utilização, seja quanto a faixas etárias às quais deverá ser restrito o acesso a determinados estabelecimentos comerciais.

II - DOS FATOS:

A Internet, como Rede de Comunicação mais utilizada no mundo, traz benefícios a seus usuários, mas, também, sérias preocupações a toda sociedade.

Todos os dias se ouve falar da segurança na Internet e, em particular, nos perigos a que crianças e adolescentes estão expostos enquanto navegam. Contudo, pais, educadores e a sociedade em geral, não estão conscientes o bastante dos perigos envolvidos.

Nesse sentido, está o termo de declaração em anexo, colhido no dia 14/08/2013 perante esta 2ª Promotoria de Justiça da Comarca de Castro, no qual o declarante Sr. Luiz Antônio Barreto, informa que tem constatado a presença de inúmeras crianças, desacompanhadas dos pais ou responsáveis, em “Lan Houses” jogando por inúmeras horas seguidas jogos violentos, constatando-se, assim, a

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Para defesa dos direitos e interesses protegidos por esta Lei, são admissíveis todas as

espécies de ações pertinentes.

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inobservância por parte dos proprietários de tais estabelecimentos da classificação etária indicativa, correspondente aos jogos disponibilizados em tais estabelecimentos.

As Lan Houses são consideradas casas de diversão e informação, portanto, os proprietários destes estabelecimentos devem estar atentos para as questões de segurança tanto física quanto psíquica das crianças e adolescentes frequentadores.

Do mesmo modo que é importante alertar crianças e adolescentes para a necessidade de seguir regras para uma navegação segura e para fazerem uso de jogos eletrônicos de forma moderada, também é importante conscientizar os donos de Lan Houses a oferecerem serviços que não tragam riscos à população infanto-juvenil.

Como qualquer outro espaço público, as Lan Houses precisam (e devem) ajustar-se às regras de proteção para resguardar a integridade física e psíquica de crianças e adolescentes.

Este setor é o maior meio de acesso à Internet, mas traz como consequência maior preocupação com a segurança e proteção das crianças e adolescentes que navegam pela rede. Se de um lado há o fenômeno da socialização, da inclusão digital, do desenvolvimento intelectual e cultural dos usuários, de outro lado, seu uso prolongado pode ser prejudicial, sem falar nos jogos que estimulam violência. Além disso, o anonimato dos clientes favorece a prática de vários delitos.

A possibilidade de que os menores de idade tenham acesso a conteúdos inadequados na Rede é uma preocupação justa de pais e educadores. No entanto, é necessário enfrentar o desafio de minimizar os danos que tais conteúdos possam causar em crianças e adolescentes.

Apesar das Lan Houses e dos Cibercafés constituírem em importantes instrumentos de inclusão digital, não se pode fechar os olhos para o prejuízo físico e psíquico que pode afetar seus usuários em geral e, principalmente às crianças e adolescentes, se não houver adequação aos padrões de funcionamento.

O uso da Internet, não é, em sua essência, ruim, mas é necessário ter bom senso e cautela para não causar prejuízos às crianças e adolescentes.

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Por isso regras devem ser observadas: - para evitar que más instalações

ponham riscos à integridade dos frequentadores; - para que haja controle de horários, evitando que crianças fiquem horas e horas na frente de computadores, fato sabidamente nocivo à saúde; - para que os horários de estudo sejam preservados; - para que os pais tenham conhecimento acerca das atividades de seus filhos;

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ratando-se de usuário menor de 18 (dezoito) anos que; - procure saber a escola onde estuda e em qual horário; solicite autorização dos pais para frequência de crianças e adolescentes com cópia do RG do responsável; - estabelecer procedimentos operacionais para a frequência de crianças e adolescentes; - expor em local visível lista de todos os serviços e jogos disponíveis com um breve resumo sobre os mesmos e classificação etária (segundo recomendação do Ministério da Justiça) e de acordo com a faixa etária já previamente aprovada pelo mesmo; - instalar filtro de conteúdo nos computadores ligados à internet para evitar que crianças e adolescentes tenha acesso à pornografia, cenas obscenas, jogos violentos e os impróprios para a idade; - expor em local de ampla visibilidade aviso relativo às proibições e regras de funcionamento; - não vender ou permitir bebidas alcoólicas e cigarros; - não permitir a entrada de crianças e adolescentes trajando uniforme escolar; - sempre verificar a classificação indicativa para cada jogo; - não promover jogos e campeonatos envolvendo prêmios em dinheiro; - comunicar os órgãos responsáveis no caso de atitude suspeita.

Em que pese a proibição legal, é também comum o consumo ou fornecimento de bebidas alcoólicas bem como outros produtos cuja composição possa causar malefícios à saúde das crianças e adolescentes, fazendo com que a freqüência de menores de 18 (dezoito) aos mencionados estabelecimentos, notadamente quando desacompanhados de seus pais ou responsável legal, deva sofrer restrições.

É bem verdade que, nesta Comarca, já foram expedidas algumas portarias judiciais disciplinando o acesso e a permanência de crianças e adolescentes desacompanhados de seus pais ou responsável em determinados estabelecimentos comerciais, porém a revisão de tais atos se mostra necessária e urgente, seja em razão de sua desconformidade com o disposto no art. 149, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.069/90 (o que pode levar ao questionamento de sua legalidade, com evidentes reflexos em sua eficácia), seja em função da necessidade de uma regulamentação especificamente destinada a esse novo tipo de comércio que possui, notadamente, como público alvo principal as crianças e adolescentes.

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A atuação preventiva da Justiça da Infância e da Juventude, além de estar em perfeita conformidade com o disposto no art. 70, da Lei nº 8.069/90 e com os princípios que norteiam a “Doutrina da Proteção Integral à Criança e ao Adolescente”, sem dúvida contribuirá para evitar ou minimizar o número de ocorrências, envolvendo crianças ou adolescentes na condição de vítimas ou mesmo de agentes, resultando assim em benefícios para toda população local.

Por fim, deve-se deixar certo que o que se espera é que as empresas que disponibilizam o acesso à rede mundial de computadores cumpram os preceitos legais e fomentem a inclusão digital com responsabilidade e segurança.

III - DO DIREITO:

A expedição de portarias judiciais para disciplinar o acesso e a permanência de crianças e adolescentes desacompanhados de seus pais em estabelecimentos públicos, é ato de competência da Justiça da Infância e da Juventude, ex. vi do disposto no art. 149, inciso I, da Lei nº 8.069/90.

Consoante acima ventilado, trata-se de ato jurisdicional, cuja expedição pode resultar de provocação do Ministério Público ou de outro legitimado/interessado, demandando a deflagração de procedimento específico, que segue a regra geral do art. 153, caput, da Lei nº 8.069/90, dando assim maior liberdade à autoridade judiciária para investigar os fatos e ordenar de ofício as providências necessárias à coleta dos elementos necessários à decisão respectiva, que deverá levar em conta o disposto no citado art. 149, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.069/90.

Vale dizer que as restrições estabelecidas pela portaria judiciais somam-se às normas relativas à prevenção definidas pelo art. 70 e seguintes, da Lei nº 8.069/90, sendo que, caso sejam descumpridas, restará caracterizada a infração administrativa tipificada no art. 258, da Lei nº 8.069/90, sem prejuízo da aplicação de outras sanções administrativas, civis e mesmo criminais, como decorrência da conduta ilícita praticada.

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Em face ao exposto, o Ministério Público do Estado do Paraná requer:

1. Que seja a presente recebida e autuada como procedimento destinado à

expedição de portaria judicial, nos moldes do disposto no art. 149, inciso I c/c art. 153, caput, da Lei nº 8.069/90;

2. Que sejam identificados todos os estabelecimentos comerciais

conhecidos como “Lan Houses; Cybercafés” e outros estabelecimentos comerciais congêneres sediados na Comarca que, através da expedição de ofícios às Prefeituras dos Municípios de Castro e Carambeí, bem como diretamente aos estabelecimentos respectivos;

3. Que os referidos estabelecimentos sejam vistoriados quanto às

condições de segurança, higiene e salubridade, através da requisição de fiscalização por parte do Corpo de Bombeiros/Polícia Militar e Vigilância Sanitária dos respectivos municípios, concedendo-se prazo para realização das diligências e fornecimento de suas conclusões a esse douto Juízo;

4. Que seja obtido junto aos estabelecimentos referidos, também mediante

a concessão de prazo certo (e reduzido), informações acerca das providências que estão sendo ou serão tomadas para garantir o controle de acesso e segurança dos seus freqüentadores;

5. Que, de posse das informações fornecidas, após ouvido o Ministério

Público, sejam expedidas as portarias judiciais que se fizerem necessárias, em observância do disposto no art. 149, inciso I e §§1º e 2º, da Lei nº 8.069/90, de modo que não seja permitido o acesso de crianças (idade inferior a 12 (doze) anos), desacompanhados de seus pais ou responsável, nos estabelecimentos respectivos, bem como a exigência de autorização dos responsáveis legais para a frequência de adolescentes (12 anos completos ou mais) em tais ambientes, sem prejuízo da possibilidade da total proibição de acesso ou permanência em tais locais, a depender das informações obtidas, bem como o estabelecimento de regras disciplinando o uso e acesso em tais ambientes, nos termos mencionados na presente petição.

6. Requer, por fim, que sejam as portarias expedidas devidamente afixadas

nos locais onde funcionem os mencionados estabelecimentos comerciais, assim como no Fórum local e outros locais públicos, sem prejuízo de sua comunicação ao

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Conselho Tutelar e à Polícia Militar local, para que seja fiscalizado o fiel cumprimento das determinações respectivas.

Dá-se à presente o valor de R$ 1.000,00 (um mil reais), de modo a cumprir determinação legal específica.

Castro, 14 de agosto de 2013.

ÉLDER TEODOROVICZ

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