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O PRECOCE PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO COM CRIANÇAS DE 4 e 5 ANOS DE UMA ESCOLA PARTICULAR.

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Academic year: 2021

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O PRECOCE PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO COM CRIANÇAS DE 4 e 5 ANOS DE UMA ESCOLA PARTICULAR.

Pamella Evangelista Santana1

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul-UFMS Eixo Temático: 9- Infância e Alfabetização

RESUMO

O presente artigo relata a experiência vivida em uma determinada instituição escolar particular, na cidade de Campo Grande- Mato Grosso do Sul para a realização da disciplina Estágio Obrigatório na Educação Infantil III, perante o precoce processo de alfabetização com crianças de 4 anos de idade, tratando da questão da prontidão para a alfabetização, lidando com os anseios paternos.

PALAVRAS-CHAVES: 1. Alfabetização 2. Precocidade 3. Escolas Particulares. INTRODUÇÃO

Impulsionados por ensino fundamental de nove anos e tendo como lema “o quanto mais cedo começar a alfabetização melhor o desempenho no futuro” os pais e por consequência as escolas, em especial as particulares, tem antecipado o início da alfabetização formal de crianças de 6 e 7 anos para 3 e 4 anos, essa alfabetização precoce é mais comuns em instituições escolares de classe média e alta.

De acordo com Soares (2004), em 1940 era alfabetizado quem soubesse escrever seu próprio nome. A partir do censo de 1950, era alfabetizado aquele capaz de ler e escrever um bilhete simples. A partir da década de 1990, conforme Ribeiro (2001), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) passou a tomar como base o número de séries escolares

1 Acadêmica do curso de graduação em Pedagogia-Licenciatura na Universidade Federal de Mato

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concluídas com aprovação: considera-se então, alfabetizado quem concluiu as quatro primeiras séries do ensino fundamental.

Um fator importante para a alfabetização tão precoce dessas crianças, é o fato de que as mesmas ao longo das décadas se tornaram depositárias dos anseios e desejos reprimidos de seus pais:

No mundo das expectativas e competições, os adultos pensam haver sempre um meio de pressionar uma criança a produzir, assim como são pressionados em seu trabalho e vida social. Se o aprender por aprender não tem sentido para a criança, não quer dizer que o adulto não possa coagi-lo a integrar informações ou conhecimento, utilizando o método do condicionamento operante, por exemplo. (VAYER, 1990, p. 122) Assim, antes mesmo de começar a ir para a escola, os pais precisam se preocupar com a alfabetização dos filhos pequenos. Contar histórias, motivar a criança a rabiscar e promover brincadeiras que desenvolvam a coordenação motora são atividades que a família pode fazer em casa.

Esse entre outros fatores delineiam uma talvez exagerada expectativa dos pais e da escola, pois os pais, projetam em seus filhos seus maiores desejos de sucesso e realização além de procurar neles seus recônditos sonhos, então da parte da escola, cabe atender esses anseios é por que muitas vezes, para se precaver de frustações dos pais para com suas crianças/alunos alfabetizam essas crianças o mais rápido.

Jean Piaget ao descrever sobre o desenvolvimento cognitivo infantil, nos deu uma margem na idade cronológica para se suceder um determinado quadro de características em cada criança, assim, o desenvolvimento cognitivo não está aprisionado à data de aniversário da criança, mais sim do seu cognitivo, por tanto, podemos citar Gesell (1992) que nos lembra:

[...]descrições das várias idades esboçam simplesmente o trilho e a direção do desenvolvimento. Cada criança é um indivíduo e uma parte de sua individualidade exprime-se na maneira pela qual, e no ritmo a que, irá percorrer as diversas fases. (GESELL, p. 367).

Por tanto, argumentar os critérios que têm sido utilizado para o ingressos das crianças cada vez mais precoce no processo de alfabetização, como leis que antecipam a idade de início

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da criança nas instituições escolares, perpassando pelos anseios e desejos dos pais para o ingresso dessa criança na escola, torna cada vez mais rápida a alfabetização principalmente nas crianças das instituições particulares que tendem a atender a expectativas da sua clientela, ou seja, os pais.

1 TÓPICO

Para a realização do estágio, fizemos dois dias de observação, e sete dias corridos de regência. Na regência tivemos em torno de 45 minutos com atividades a serem realizadas com as crianças, trabalhando como tema central: Chapeuzinho Vermelho: brincando e aprendendo, e foi nosso objetivo fazer uso de diferentes linguagens (corporal e musical), além de levar a criança a desenvolver a oralidade, preservar o prazer pela leitura e a criação de histórias, de forma onde ela possa expor suas preferências, ideias e sentimentos.

2 TÓPICO

Cabe ressaltar, a metodologia usada, que até o momento, tentamos achar explicações para a precoce alfabetização nas instituições escolares, principalmente nas particulares, que tivemos uma experiência rápida, de dois dias de observação e sete dias de regência, em uma determinada escolar particular na cidade de Campo Grande no estado de Mato Grosso do Sul, nos meses de março e abril, outro fato importante é que esse estágio foi realizado para a disciplina Estágio Obrigatório na Educação Infantil III, sob orientação da Professora Doutora

Jucimara Rojas1.

O estágio foi realizado em uma sala de crianças com idades de 4 anos completos a 5 anos a serem completados até o final do ano, a série correspondente para essa idade segundo a instituição é a de Nível 4.

A sala observada para a regência, era composta por uma professora de “atividades”, língua portuguesa, matemática e ciências naturais/sociais, onde era responsável pela

1 Profissional da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Titular, com graduação em Pedagogia pela

Universidade Federal do Paraná (1974), Mestrado em Educação, Supervisão e Currículo: pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1991). Doutorado em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1997). Pós- Doutorado pela Universidade de Aveiro -Portugal em Formação, Desenvolvimento Humano e Ludicidade em Educação de Infância (2004). Atualmente como Professora Titular da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul com experiência na área de Educação, ênfase em Educação, Formação Lúdica, Cultura e Prática Docente Interdisciplinar, atua principalmente nos seguintes temas: Fenomenologia, Interdisciplinaridade, Filosofia da Infância, Cultura e Linguagem Simbólica, Jogos, Brinquedos e Brincadeiras da Infância, Formação, Prática Docente e Ludicidade Infantil em ações de efetividade teórica e prática...

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alfabetização de 13 crianças matriculadas porém 11 são frequentes. Além das “atividades” as crianças têm uma professora e uma sala somente para a disciplina curricular de Arte, uma para Educação Física, aula de Música e por fim uma para Inglês.

É importante relatar que nas aulas de inglês, as crianças são a todo o momento estimulado a fala e a escrita da língua inglesa, já nas “atividades” todas observadas tanto nos dias de observação quando nos dias de regência são atividades relacionadas a tentativa de escrita, com palavras simples, como: BOLA, CASA, ÁRVORE, entre outras, de matemática atividades relacionadas a dezenas e meia dezenas, soma e subtração. No entanto fica claro o processo de alfabetização.

Outro fator importante a ser mencionado, é que as crianças são realmente emersas em processo de alfabetização, porém é respeitada nessa determinada escola, que a criança tenha seu espaço, o espaço de brincadeiras e da ludicidade, para simplificar, todos os dias, de segunda a sexta-feira, as crianças tem uma hora meia, na chamada Área Verde, espaço na escola, no qual as crianças são livres, elas brincam do que querem, neste espaço há um parquinho, uma casa de bonecas, e a visita de araras em uma das árvores.

RESULTADOS PARCIAIS

Para então, realizamos atividades que possibilitava colocar as crianças em seu real espaço de crianças, não deixando para trás que a aprendizagem era necessária para esse contexto já descrito a cima de alfabetização, levamos para as crianças, atividades em que podiam expor sua criatividade, como pintar a chapeuzinho vermelho da cor que mais gostam fazer a chapeuzinho vermelho de massinha de modelar, brincadeiras com bambolê, pular, lateralidade, entre outros, além de interpretação do filme do chapeuzinho vermelho e a leitura do livro.

Ficou claro nas atividades descridas que as crianças sentiam um pouco de recusa, pois a todo o momento estimulávamos sua liberdade de expressão, algumas crianças nos falavam que não sabiam com que cor pintar, pois a maioria das vezes a professora os direcionavam a qual cor usar, então nós como acadêmicos falávamos que podiam pintar da cor que desejassem. A instituição escolar na qual foi feito o estágio, preza pela autonomia, e oferece as crianças atividades extracurriculares como, judô, ballet e futsal.

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Então podemos considerar que as crianças são atores, de um mundo maravilhosamente mágico, criativo, porém pequeno inseguro e delicado, convivendo e sendo objeto das expectativas de uma sociedade, estes pequenos vivem seus primeiro anos de vida em um mundo muito particular, egocêntrico e fantasioso.

Segunda a Doutora em psicologia pela USP, Sueli Pecci Passerini, é possível alfabetizar uma criança com menos de 6 anos de idade, pois é possível alfabetizar desde muito cedo, porém sabemos o quanto é delicado discutir esse assunto, por tanto queremos esclarecer que não se trata das escolas em questão as particulares assumirem o ônus porém também não se trata de trancar as crianças em casa e só leva-las para a escola após os sete anos completo, somos favoráveis de deixar as crianças em uma creche/escola onde possam se relacionar com outras crianças da mesma idade e possam ser estimuladas, do que deixa-las com as babás muitas vezes despreparadas.

Ao contrário do que estamos discutindo durante esse resumo expandido, nem todo pai e toda mãe ou responsável escolheu o caminho da alfabetização preocupado com o futuro profissional de suas crianças.

Não negamos, em hipótese alguma, a necessidade da criança subir em árvores, ter contato com a natureza, interagir de forma criativa com o mundo. Mas a aquisição da linguagem escrita também não nega isso, pois a linguagem é natural, tampouco torna a criança um pequeno adulto.

Não podemos concordar que o mundo da leitura/escrita é um mundo adulto uma vez que há um universo infantil pulsante na leitura e escrita, basta levar os pequenos a uma boa biblioteca ou livraria infantil para observar isso.

Por fim, concordamos plenamente com a importância do brincar nessa segunda infância, até por que nos dias de hoje, existem infinitas técnicas pedagógicas para inserir as letras e os números, ou qualquer outro conteúdo através de brincadeiras, não obtendo foco no conteúdo em si, mais por meio de um processo afetivo e oferecendo um ambiente aonde o contado com os signos seja algo natural, até por que a linguagem é natural e assim esse o processo de alfabetizar se torna simples e natural.

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PASSERINI, Sueli Pecci. Alfabetizar precocemente: estamos empurrando a criança para o mundo adulto antes da hora? Blog: Minha mãe que disse! São Paulo, 2013.

Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/alfabetizacao-inicial/alfabetizar-educacao-infantil-pode-424823.shtml Acesso em: 02 abr. 2015

GESELL, Arnold. A Criança dos 0 aos 05 anos. 3ª ed., SP, Martins Fontes. 1992 VAYER, Pierre. Psicologia Atual e Desenvolvimento da Criança. SP, Manole 1990.

Disponível em: http://www.estadao.com.br/noticias/geral,escolas-particulares-comecam-a-alfabetizar-alunos-a-partir-dos-3-anos,487331 acesso em: 02 abr. 2015.

Disponível em: http://www.letras.ufscar.br/linguasagem/edicao13/ref_01.pdf acesso em: 02 abr. 2015

RIBEIRO, Vera M. Questões em torno da construção de indicadores de analfabetismo e letramento. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 27, n. 2, p. 283-300, jul/dez, 2001.

Disponível em: http://www.infoescola.com/educacao/teoria-cognitiva/ acesso em: 02 abr. 2015

Referências

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