HABITAÇÃO
Décadas de
espera
pela
moradia
.e
7
PRECONCEITO
Mercado
de
trabalho
exclui
transexuais
.5
A
missão
é
tirar
o
leitor da
zona
de
conforto
Na
edição
deabril,
oleitorpôde
conferiracobertura da
ação
policial
na UFSC e os desdobramentos do conflito que fez da universidade pauta nacional.Naquele
momento,nãohavia espaçoparatratardoassuntoque desencadeouo enfrentamento: amaconha.
É
esteotema
principal
que,agora,fizemosquestão
de discutireexpor diferentes leiturasarespeito
deummesmotema.
Nasentrevistas,fomos
longe:
entramosem contatocom a Secretariade
Comunicação
dogoverno deMujica,
presidente
doUruguai,
e aassessoriade doex-presidente
FernandoHenrique
Cardoso(FHC).
Nãofoipossível
que atendessemopedido
deentrevista.
Paralelamente,
conseguimos
aentrevistacomo
deputado
federalJeanWyllys,
quefalou sobreseuprojeto
delegalização
do consumo eregulamenta
ção
daprodução
da maconha.Foiali que ele noscontouqueumadasmaioresdificuldadesdotemaé
tiraraspessoasdazonade
conforto,
oulevar elasa"pensarem
nas suaspróprias contradições".
As reportagenstêm
objetivo
parecido
e/ou
correlato:mostrar
situações
contraditórias,
quefaçam
comqueosleitoresnãotenhamemmãosrespostas
prontas,esimumpontodevistaamais. Comisso,
poderão
confrontarasvisõesque trazemoscom asque tinhamanteseassimformarsua
opinião.
No que
diz
respeito
àmaconha,
tivemos ocui dado denãocolocar todousuáriosoba mesmadefinição.
OMBUDSMAN
NILSON LAGE
Que
bom,
se
não
gostaram.
Ou
se
não
gostaram
A
primeira
observação
afazer é que, fossequal
fosseacobertura deumeventocomo esse
-ain
tervenção
policial
na Ufsc e os conflitos internos queasucederam-não
agradaria
anenhum dosenvolvidos.
Oresultado
alcançado
foi ótimo:desagradou
atodos,
masnãoradicalmente.Etodossesurpreenderam.
O
episódio poderia
seranalisadoemcamadas,
cada
qual
maisdura de descascar do queaoutra:1.o
tráfico;
2.asdrogas;
3.olado de láe olado decádo
"rio";
4.aUfsceFlorianópolis.
•
O tráficoéomaisnovo
pai
adotivo de todos oscrimes e,portanto,fonte derecursos,diretosouindiretos,
de todasaspolícias.
• A
droga,
ou travessurainconsequente
oudesgraça
tãogrande
que condenou aChinaa umséculode escravidão à
Inglaterra,
madrinhaepadroeira dostraficantes.
• Olado de láeolado de cá toleram-seaté
que
umdeles radicaliza
-como seviu agorae como se
viu
quando
aAndes das mil greves foi substituídapela Apufsc
dos milbocejos.
• AUfsc ficanomiolo de
Florianópolis,
que éuma
espécie
deRiodeJaneiro
emconstrução (uma
pena!),
eistofaz todaadiferença.
É
difícilterárea aberta livre demalfeitores epoliciais
no meiodeumacidade
grande.
Diantede
situações
como aqueonúmero especial doZero
abordou,
aorientação
tradicional dasreitoriasé
contemporizar.
Negociar,
esperar baixara
poeira (e
osalunosmaisagitados
pegaremo canudo que os transforma embons pequenos bur
gueses)
eesquecer.Serhonestoinclui entenderabananosa darei
tora,nessebate-boca dePF, PM,PSTU,
Psol,
Sonia Malufetc.Acho quejá
foimuito,muito mesmo,elaterconcordadoemdizer
alguma
coisaquenão viaadvogado
ounotaoficial.O
jornal
ficou bonito.Gosteida ideia do infográfico:
faltouumaversãodinâmica,
internética. Tirando umabobaginha
ou outra-já
vi aténoNewYorkTimes-, otextoestácorretoe avelo
cidade da cobertura
espetacular,
considerando ascondições objetivas.
Serombudsman nãosignifica
serdedo-duro.
Fazer
jornalismo
vivo,
atuante-e honesto
- naUfsc
não é
fácil,
mas agentesempretenta.Tentou,
porexemplo,
emremotaserasgeológicas,
com oUnabertae arádioponto-com,experiências
pioneiras,
queassustarammetade do povo localeforam
estranguladas
porqueunstemiama concorrência,
outrosainconfidênciaeterceiros- aturmado "não
pode"
-costumamseguraros
galhos
da lei para
impedir
que deles brotem floresefrutos,
bonsou maus.
Como disse no
inicio,
vocêsdesagradaram
moderadamente a todos e assim
ganharam
eredibilidade. Insistam. A universidade é o mundo
compactado
eproblematizado:
nãosó espaço ondeacontecem coisas mas
lugar
deconcentração
degente que pensasobre todasascoisas
-artes,ci ênciase futilidades. Sendo abundanteamatéria
-prima,
cabe selecionareexplorar.
É
esse o nossonegócio.
Que
não me esqueça:obrigado
a vocêspelo
conviteparaserombudsman.Estousócomeçando.
Comaprática,
euaprendo.
Nasdemaisreportagens,mantêm-seocuidado:
falando sobreas
ocupações,
mostramososmorado res emcotidiano,
comproblemas
reais. Parafalar detransgêneros,
retratamosadificuldade da discriminação
nahora deconseguir
emprego,e o confinamentode indivíduosaos
lugares
(não
somentefísicos)
quelhessãoimpostos
pela
sociedade.É importante
sempreteremmente:sobre todososassuntoso
preconceito
e ageneralização
podem
ser
prejudiciais.
Prestamosatenção
para quenossotrabalhomais
ajude
do queatrapalhe,
nessesentido.A Diretoria-Geral de Comunica
ção
gostaria
de esclarecer, a respeito
dojornal
Zero(04/14),
que: 1. Foiprocurada
pelos
estudantes,em
função
dediferentespautas,esempreos
atendeu
de formarespeitosa,
ética e
profissional;
2. A entrevistacom a reitora Rosela
ne Neckel não ocorreu porque, em 08 de
abril,
hoUveocupação
do Reitoria 11pelos
téctiicos:-administrativosque ade riram iigreve
nacional'
dacategoria,
oquelevou à
cQnvocação
dereunião deem -1'eitorese
secretâ-Reitprcf fez>q."f:)$�O
as.eor
e$critQ1
p�rguntas
.publicadas
não
sãoigttais
àsencaminhadas;
.
4. A
diret()f8
TaWana Teixeirajamais
se ofereceu para fazer a entrevista no
lugar
dosestudantes,
como relatado. Diante dainformação
queaequipe
inapublicar
umapágina
só com as perguntas
porque a Reitora não os haviarecebido, foi informado que, caso não
pudessem VQItê)r
·nq diaseguinte,
seria
possível
solicitar que as respostasàs
perguntas
encaminhadas fossem ditadas ou,ainda,
gravá-Ias,
enviandoo
arquivo
com o áudio bruto para osrepórteres,
a fim de que usassem asdeclarações
da maneira que achassem mais conveniente.
Colegas
costumam nos solicitareste
tipo
deserviço,
quando
nãopodem
estarpresentes nocampus. Este
procedimento
é muito di ferente de;realizaruma entrevista,ten doemvistaasespecifiCidades
que estegênero
encerra.OPINIÃO
ONDEO LEITOR TEM VOZ
"Quero
parabenizar
àequipe
do Zeropela edição
deabril,
cujos
textosdemonstramequiUbrio,
boaapuração,
atualidadeecoragemparatratardeassuntos tãodelicadosnaUFSC.
Aliás,
oZerotemuma
função
cadavezmais
importante
nacoberturada
universidade,
já
queaatual reitoriaacaboucom ojornal
Universitário."
Rogério Christofoletti, professo
do
Departamento
dejornalismr
"Transmitaos
cumprimentos
pela
bela
edição
rioZero.Reportagens
comoasquevisão
preciosos
documentos históricos.Eregistram
comdetalhesumacerta
patologia
de conduta queconsistenesse
goste
policial
porinvadir universidades.Desperdício
detropas
que,se opropósito
écombaterotráfico
dedrogas,
deveriamestaremoutras áreas urbanaserurais."Luiz Martinsda
Silva,
professor
da Faculdade deComunicação
daUnEERRATA
NamatériaRose/ane:"é
hora de evitaratritos",na
ediçãode Abril doZero,
faltou clareza sobreo
motivo da Reitora cancelar
entrevista aojornal (ela
estavamediando reunião
sobrea interdiçãodo
prédioda Reitoria por
STAEs).Asperguntas
foram publicadas sem
mencionara PF.
PARTICIPE!
Mandecríticas,sugestõese
comentários E-mail-zeroufsc@gmail.com Telefone -(48)3721-4833 Facebook -jjornalzero Departamentode Jornalismo - Centro de Comunicaçãoe Expressão UFSC -Trindade, Florianópolis (SC) CEP: 88040-900 nnnn
O
JORNAL ZEROAnoXXXIII- N°
t<+
�aio
de 2014REPO�
���ª
Simeone,CaioSpechot?,
Beatriz Nedel,Gabrial$hio�,
Gab!'íélª Damaceno, Géssica Silva, Fer...
rê�,
JanineSilva,Júlia SÇhUtz.luan Martendal, luciana
�Ula
Bonetti,luísaTavares,tvisteus
Boaventura,MateusVargas,
MarianaPetry, Murici Balbinot,Poliana Dallabôda, �afssaIurcl, RafaelGomes,Rafael Venuto,TarnaraRosa,
Thaís
FerrazFOIOCRAFIABeatriz Nedel,Bianca Bertoli,FernandaFerretti, MateusVargas, Rafael veneto,lufsaTaVare$;
RoSângela
MenezesEDlÇAo
BeatrzAguiar,BiancaBer'toti,.Çaio
specnoto,JanineSilva,Gabriel
Shiozawa,luciana PaulaBonetti,
MarianneTernes,Mateus Boaventura,MateusVargas,
Poliana Dallabrida, Rafssa Turei,RosângelaMenezes,
StefaníeDamazio,ThaísFerraz,
IsadoraR!JschelDIMRAMAÇÃO
CaioSpechoto,AávioCrispim,JanineSilva,JúliaSchutz, RoSângelaMenezes, TulioKruse INFOGRAFIABeatriz
�I,
RosângelaMenezesAPOIOCarlosAugusto LocatelliPIlOFESSOR·RESPONSÃVEL
Marcelo BarcelosMTb/SP
25041MONRORIATulioKruseIMPR£$SÃO
Gráfica GraflnortetIRAGEM
5 milexemplaresOISIRIBUIÇÃO
NacionalFECHAMEffIO
19 de maio...
Melhor JornalLaboratório- t
Sindicato dosJornalistasde
...
3°melhorJornal-laboratório doBrasil EXPOCOM 1994
...
Melhor
Peça�táfica
Set UniversitárioI PUC-RS 1988..1���
1990, 1991, 1992e 1998UFSC
abre
campus
sem
estrutura
Alunos
de
Blumenau
revelam
problemas
de
locomoção
e
infraestrutura
Era
lOde abril
quando
osestudantes de
Engenharia
de Materiaispublicaram
uma carta no Facebook
com uma lista de nove
problemas
encontradosnocampus da Univer sidade Federal de Santa Catarina
(UFSC)
emBlumenau. Inexistênciade
faxineiros,
a distância entre auniversidade e restaurantes, mu
dança
no horário das aulase a ausência de
alguns professores
devido àgreveforamapontados.
Deacordocom o grupo de
alunos,
quemnãoestava
disposto
a andar lkme pagar cerca de
R$
14pela refeição,
encomendava marmitas no valor
de
R$
9,mas não tinha localpró-falta de bancos para sentar tam
bém gera desconforto. "O tempo ocioso entre ofim da aula dama-
�
<Z
acordode
cooperação
passaavalerno
segundo
semestrede 2014etemduração
detrês
anos,podendo
serAlgunsestudantes ainda passam por rodovia parachegaraocampus
renovado. Além do espaço cedido
pelos
centrosdeensino,
umprédio
nobairro Salto doNortefoialugado
paraabrigar
asede administrativa.Ubirajara
Franco Moreno,diretordaUFSCem
Blumenau,
admite osproblemas
e diz que as falhassão comuns na
implantação
de novoscampi
e que nospróximos
quatro anos o campusvai receberuminvestimentodecercade
R$
50 milhões do Governo Federal paramanutenção
eR$
8 milhões para assistência estudantil. Esse valor não seráaplicado
nasinstituições
parceiras.
Para o Pró-Reitor Adjunto
deGraduação, Rogério
Luiz deSouza, "o estudoparaaquisição
da sedeprópria
daUFSCseráfinali zadoembrevee apartir
daí,
serão elaboradosprojetos
deconstrução
dosprédios
nosegundo
semestre."Outro
tópico
nasreivindicações
é a melhoria dos ônibus que pas sam
próximo
àuniversidade.Até ocomeço de
abril,
uma única linhatrafegava pelo
local em três horários. A
condução
paravanaBR-470 e erapreciso
atravessar a rodovia semsinalização
de trânsitooufaixade
pedestres
parachegar
ao campus. Partedo
problema
foi resolvi doealgumas
linhaspassaramapa rar emfrenteaoIFC,após
reuniõesentre aUFSCe o
Departamento
deTransportes
deBlumenau(Seterb).
Sérgio Voltolini,
gerente opera cional doorgão,
informou que nodia 13 de março foi enviado um
oficio ao
Departamento
Nacionalde Infra-Estrutura de
Transportes
(DNIT)
solicitandoreforço
nasinalização
daBRemfrenteaocampus.Arespostaencaminhada
pelo
DNIT 25 diasdepois
confirma que melho rias serãofeitasno localviaoprogramaBR
Legal.
Luan Martendal
luanmartendalcsgmarl.com nhã e o início do curso a tarde é
grande
(2h30min)
e não existem muitos locais onde se possa sentar ou descansar. Não
exigimos
algo sofisticado,
mas um poucomelhor",
comenta Victor Missfeld.Após
adivulgação
da carta,aUFSCimprovisou
umasalacom mesas ecadeiras para atenderaosestudan
tesnahora do
almoço,
enquanto alicitação
para terceirizararefeição
nãoéconcluída.
Segundo
alunos,
apoucaestru turada unidadeéherança
doInstitutoFederalCatarinense
(IFC).
Semprio
paracomer. sedeprópria,
aAo
longo
deDois
meses
de
UFSCoptoupordois meses, c abrirocampus
campus de Blu-
aulas
sem
certfna,
aindaem 2014 menauapresen-Ii
�. e firmou umtou vários pro-
:\TOS,
laxuta,
termo decoo-blemas e
alguns
laboratórios
e
peração
com oainda estão sem IFC e o
Instí-solução:
falta denem
restaurante
tutoFederal de cortina nasjanelas,
banheiros em Santa Catarina(IFSC)
da cidade desituação
precária
e o preço pagoGaspar.
Procuradapela
reportagempela alimentação
sãoalguns
dos do Zero, a assessoriado IFC disse obstáculos enfrentadospela
co- que emprestou salas à UFSC, masmunidade acadêmica.
João
Rafael não iriafalar sobreaestrutura.Balkoski,
estudante deengenharia
O IFSC vaidisponibilizar
umatêxtil,
diz que "a bibliotecacontém sala comcapacidade
para 50 alu apenas duasprateleiras
delivros,
nos e um laboratório dequímica
não há Restaurante Universitário para atender à
UFSC,
massegundo
e cada aluno desembolsa cerca de a chefe doDepartamento
de EnsíR$
13,50 paraalmoçar".
Josiane
no,Pesquisa
e Extensão AnaPaula Schneider endossa aspalavras
doKuczmynda,
a universidade aíncolega.
"Para falar averdade,
só da não ministra aulas no local. Otemosassalas de aula, Falta biblio
teca, laboratórios de informáticae
não há convênio para
almoço".
AAo mesmo tempo em
quesanouafalta deen
sino
público
egratuito
noVale do
ltajaí,
o novocampusdaUFSC esfriou
os
planos
de federalização
da UniversidadeRegional
de Siumenau(FURS).
Desde sua criação
em1964,
a instituição municipal
tenta. set�r
Com
dois
anos
de
atraso,
CT
Olímpico
sai
do
papel
O internautaque confereosCen
tros deTreinamentos para os
Jogos
Olímpicos
de2016,
noportal
dasOlimpíadas
doRio,encontraaUFSCcomolocal de
preparação
paracompetidores
do atletismo.Apágina
vir tual foi criadaem 2012 etraztodasas
informações
sobreapista
de atletismo - ela "está sendo reformada
paraa
colocação
depiso
sintético homologado
eestaráprontaatéofinal de2012". Aordem deserviço
paraaconstrução,
noentanto,foiexpedida
maisdeumano
depois,
nodia28deabril de 2014.
A obravai custar, ao
todo,
mais deR$
7milhões,
sendo o terceiro maior investimento em universida des feitopelo
MinistériodosEsportes
(ME)
paraapreparação
dos atletas.Anova
pista
será construídanolocal da atual feita decarvãonocampodefutebol daUFSCesegueos
padrões
dequalidade
daAssociação
Internacio nal dasFederações
de Atletismo.O prazo de
execução
é de 180dias,
comtérminoem24 deoutubro,
e ocontratocom aempresa
paulista
Playpiso
PisosEsportivos,
vencedora dalicitação,
vaiatéfevereiro de 2015. O campo de futebol da UFSCficará interditado atédezembro,
e as aulas que eram realizadas no local agoraacontecemem
ginásios
equadras
externasdecimento.
Segundo
o autordoprojeto
e diretordoCentrode
Desportos (CDS),
EdisondeSouza,aideiaé
garantir
asobras da
pista
deatletismo,
eapenasfuturamentepensarna
possibilidade
de
construção
dearquibancadas.
Aprimeira parcela
doinvestimento,cercade
R$
2,8milhões,
enviadapelo
ME em dezembro de 2012, foigastana
aquisição
demateriais para aobra.Opiso
dapista
éoSportflex
Super
X,utilizado empistas
de atle tismo de altorendimento,
e o material foi
importado
daItália,
comauxílio da
Fundação
deAmparo
àPesquisa
e Extensão Universitária(FAPEU).
Ossetecontêinereschega
ramao portode
Itajaí
emjulho
de2013,e otransporteatéaUniversida
decustoumaisde
R$
186mil. Desdeentão,estãoestocadosnoGinásio1. A
licitação
para fornecer materialemão-de-obrafoi feitaemdezembro de 2013 como
Regime
Diferenciadode
Contratação
(RDC),
modalidade maiságil
do processo.O RDCcontoucomquatroempresasque
disputaram
pelo
maiordescontocomrelação
aovalor
global
deaproximadamente
R$
4,2
milhões.As empresas quederamos três menores lances
(Eva
Cons-Obracustarámais deR$7milhõesedeve ficar prontaem1.80 dias
truções
eIncorporações,
ConcretilConstruções
e RecomaConstruções
ComércioeIndústria)
foram desclassificadas por não apresentarem do
cumentação
autenticadaouestarememdesacordocomdocumentos rela tivosà
qualificação
deprofissionais.
A empresa que apresentou o maiorvalor foiaúnicahabilitada
pela
Coordenação
deProcessosLicitatóriosePregoeiros.
APlaypiso,
a mesmaquevendeuos
equipamentos,
faráa construção
porR$
4,2
milhões.MateusBoaventura
mateusbboaventura@gmail.com
D
Assédio
no
trabalho
atinge
quase metade
des
técnicos
da
UFSC
Estudo
tem
base
em
1.490 servidores entrevistados
Levar
roupasdo chefe na cos tureira,
despachar
suas encomendas nocorreio,atualizar
currículo Lattes de terceiros
ou pagar contas de
superiores
nobanconão estãoentreas
atribuições
de servidores técnicos em
educação
(TAEs),
mascasos como essesforamidentificados na UFSC num estudo
feito em 2012.
Segundo ele,
cercade40% dosTAEs da Universidade
já
passaram porsituações
quepodem
sercaracterizadascomoassédiomo
ralnolocal de trabalho
--em
geral,
casosbemmenoscaricatosdo queoscitadosacima.
Quase
umanodepois
da
publicação
sair, ocombatea essetipo
deviolência dentro da Universidadeentrou na pautada greve dos
servidorese
ganhou
alguma
atenção
dacomunidade universitária. O assédio moral no trabalho é uma
situação
em queoindivíduo é exposto continuamente a humilhações, constrangimentos
oudesqua
lificações, seja
dechefes,
colegas
ousubordinados.Emcasosmais graves, apessoa passaaassociaressaviolên
cia ao emprego,
odiá-lo,
encarar aida ao local de trabalho como uma
visitacotidiana ao
inferno,
causando,
porexemplo, depressão
esíndromedo
pânico.
É
muitocomumqueavítima nãosaibaquesetratade assé dio
moral,
apesardeidentificaralgo
erradoem suavida.O
estudo,
desenvolvido por umGrupo
de Trabalho instituídopelo
Conselho Universitário edenomi-nado
"Reorganiza
UFSC",
tem umcapítulo
dedicado exclusivamenteaotema.Foram
tipificadas
i3situações
que caracterizam essa
violência,
e1490
TAEs de 85 setoresda Universidade,
inclusive fora doCampus
daTrindade, responderam
se,e comquefrequência,
passarampor ela.Essa tipificação
buscavaevitarassituações
emqueavítimanãoidentificaoqueestá acontecendo.
Normalmenteaviolênciasedá de maneira
vertical,
dechefes com subordinados,
mas esseproblema
também é bastantecomumentre
colegas.
A
professora
dodepartamento
depsi
cologia
SuzanaTolfo,
quepesquisa
oassunto,
participou
doReorganiza
efoi diretora
adjunta
daSecretariade Gestão dePessoas daUFSC de 2012 atéfevereiro desseano.Segundo ela,
oassédio horizontalpode
ser omaisagressivo
àvítima,
já
que "o vertical émaisfácil deserentendido"econfunde menos quem sofre.
Segundo
ela,
essamodalidade também é bastantecomumentredocentes.
A
pesquisadora
ainda comentaquenãoháum
perfil
dosenvolvidosnesse
tipo
derelação.
"Atéumtempoatrás se pensava que oagressor era um sádico e o
agredido
um masoquista".
Voltando aos números doReorganiza:
aos 15% dosresponden
tesque dizem
já
terpassado
porsituações
de assédiomoral,
perguntou-se quempraticava
essa violência. Por167vezesela foi atribuídaa um su
perior,
104a umcolega,
alémde19Os
números
da
pesquisa
De acordocom orelatório
final dogrupode trabalho
Reorganiza UFSC,
dos 1490 TAEs entrevistados:46%
sentem quejá
tiveramoutêmseu ponto
de vista
ignorado
dentro da Universidade40%
foram expostosàcargade trabalhoexces
siva
29%
julgam
quejá
passaramou passam por
situações
desub-utilização
23%
já
foram humi lhados ousentiram-secontrangidos
noambiente de trabalhoApenas
15
%
dosentre vistados disseramjá
tersofridoassédio moral
a umsubordinado-- foram
puxados
paraestetextoosdadosmaisilustra
tivos,as
tabulações completas podem
servistasemreorganiza.ufsc.br.
Roberto*,
porexemplo,
foitransferido
temporariamente
de suaocupação
usual para realizar outrotrabalho dentro da
Universidade,
tudo de acordocom ostrâmites burocráticos,
sob acondição
de voltar àlotação original após
aconclusãodo
serviço.
Apromessanãofoi cumprida.
Aocobrar deseussuperiores
oretomoà
antiga função,
deu-se início uma
disputa
tãoestressantequeterminou com Roberto
procurando
ajuda
psicológica
profissional
e sendo transferidonovamenteparaoutro
setordaUFSC. O TAE
chegou
aouvirqueera um
"guri
mimado" por fazerquestão
de voltaraocargoantigo.
Não há
setor
na
Universidade
que
reúna
denúncias,
o
que
dificulta
a
procura de
ajuda
Em março de 2013, num docu
mento de
resposta
a uma carta dereivindicações
do SINTUFSC, a Administração
Central da Universidadese comprometeu a tomar medidas de combateao assédio moral. De lá pra
cá,
cartilhas foram elaboradase seminários
realizados,
mas, alémdo campo da
conscientização,
apolítica da Universidadeem
relação
aoassuntocontinuareativa,comoreco
nheceoChefe de Gabinete daReito
ria,
professor
CarlosVieira. "Agente àsvezesnãotemperna mesmo".Não
há,
porexemplo,
um setorque centralize eventuais denúncias.
Quando
umavítima dessetipo
deviolência procura assistência
pelo
cami nhomaisóbvio,
aOuvidoria,
o casoéencaminhado à Chefia de Gabinete da Reitoria. As
informações
de de nunciante edenunciado são apuradas,
aProcuradoria da Universidadeéconsultadaeentãoseabreumasin
dicânciaouprocesso administrativo.
Ainda
segundo
oprofessor
Carlos Vieira,cogita-se
naAdministração
Centrala
criação
deuma ComissãoDisciplinar
Permanente.Hoje,
emcada processo uma comissão dife
rente é nomeada para
apurá-lo.
AComissão Permanente,nas
palavras
do Chefe de
Gabinete,
deve servir para"julgar
Chico equando
for
julgar
Franciscoteromesmopesoea mesma
medida",
o que seria mais difícil com arota tividade de membrosnascomissões
julgadoras.
Ele tambémcomentouqueagestão
está tentando instituir uma
Corregedoria,
mas que issodepende
doaceite do Conselho Universitário.Um outro caminho para o
acolhimento deste
tipo
de denúncia é a Secretaria deGestão de Pessoas(SEGESP),
da Universidade. Lidarcom essas demandas é uma das
atribuições
daTAE RosanaPrazeres,
quetemformação
emServiço
Sociale trabalhana área desde 2001. Se
gundo
suaanálise,
ocombatea essacondutanuncafoi
prioridade
dentro daUFSCporque "mexecomrelações
de
poder".
Contaqueno anopassado
apenas quatro denúncias
chegaram
atéseusetor,einterpreta
queonú meroé pequeno porqueapós
orelatose abre um processo administrativo
disciplinar,
procedimento
doqual
avítima normalmentenão quer
parti
cipar
paranãoseexpor.Humilhações e constrangimentos vindos dechefes oucolegas podem desencadeardoenças comodepressãoe síndromedopânico
*Nome
fictício
para preservar a identidadedo entrevistadoCaloSpechoto
caio.spechoto@gmail.com
Procura-se
forma
de
ganhar
a
vida
Mesmo
com
qualificação,
transexuais encontram
resistência
na
hora
de
arrumar
emprego
19uém
vai querer contratarumatravesti,aindaque gra duada?"
questiona Joana*,
]studante daUFSCemulher 6l
transexual.Aperguntaé
pertinente:
em
pesquisa
realizadapelo
projeto
TRANSpondo'
Barreirascom663
mulheres transexuais de 35 diferentes
municípios
dopaís,
apenas 5,73% declarou trabalharcom carteiraassinada.
Marginalizadas,
transexuais,principalmente mulheres,
parecemnãoencontrarempregofora do
lugar
considerado normal
pela
maioriada sociedade: a"pista"
deprostituição,
onde,
segundo
estimativadaAssociação
Nacional deTravestiseTransexu aisdo Brasil(ANTRA),
90%dastransbrasileiras trabalham.
A
inserção
no mercado de trabalho esbarra em
dificuldades,
todas com caráter discriminatório. Cris Stefanny,presidenta
daANTRA, explica
que "ésempre a mesmaquestão: como astransexuais
geralmen
te saem de casa muito novas, não
conseguem se formar
pelos
meioslegais.
Semformação,
nãoalcançam
a
qualificação
cobradapelas
empre sas, e nãopodem disputar
o mercado de trabalho". Além
disso,
mesmoquando
sãoqualificados,
ou se candidatamaempregos
informais,
transexuais continuamsendo
rejeitados
erejeitadas
--e,ainda que
consigam
avaga,enfrentam
problemas
parapermanecernela.
Um curso
superior,
símbolo deboa
qualificação profissional,
estálonge
degarantir
aaceitação
dostransexuais
pelo
mercado. Afalta depolíticas públicas
nas
instituições
deensino, inclu
sive entreas que
já
adotam o uso do nomesocial,
dificultao acesso de transexuais aestágios.
"Se eu for procurar umestágio,
chegar
edizer 'soutravesti',elesvãodizer
'desculpa, querida,
nãotemos
política
pra travestistrabalharem como
estagiárias'.
E por mais que eles tentemincorporar
isso erespeitem
meunome,euseiquevouestar
sujeita
aqualquer
tipo
de ridicularização,
de ameaça, de violência.", afirmaJoana."AUniversidade deveriaser o
lugar
demaisinclusão,
e não é. Sai a
aprovação
do nomesocial etodo mundo pensa
'ah,
quelindo,
astravestispodem
entrar'. Masentrar de que forma?E sair de que
forma?", completa.
Laura
Martendal,
outraestudante daUFSC,atesta:"transvãotrabalharno
salão,
nacozinha,
no banheiro.David Zimmermanlogoteráo nomesocialem seusdocumentos. Elegastoucerca deR$ 2 milcom oprocesso, quejáestá próximodofinal
Nuncanuma
sapataria,
numacafe- EmFlorianópolis,
aAssociação
de suasvagas. identidade degênero,
além de identeria, comocaixa". Muitas vezes, as Direitos Humanoscom
Enfoque
em Oprojeto
de leiJoãoW.Nery
--tificação
etratamentode acordocompróprias
travestis e transexuais têm Sexualidade(Adeh),
oferece assesso- número5002/2013
--,deJean
Wyllys
ela. Seaprovado,
oprojeto
ajudará
receio deassumir certasvagas.
Joa-
riajurídica
e atualmente promove(PSOL-RJ)
eErikaKokay
(PT-DF)
é apreencher
a lacuna delegislação
naexplica:
"Tu étãohostilizada na umaforça-tarefa
para aretificação
oque há demaisavançado
emrela- epolíticas públicas específicas
volsociedade,
que sempre pensa:'quero
do nome civil.De iniciativaprópria,
ção
aidentidade degênero
noBrasil. tadas à transexuais etransgêneros.
umemprego que nãotrabalhe com trêstransexuaisbrasileiroscriaramo Atualmente emtramitação,
o textopúblico,
que as pessoas não me ve-portal
Transempregos-
onde empre- visaestabelecerodireito de todasas "Nomefictício
para preservar ajam,
nãoriam,nãomeinferiorizem". sas de todo opaís
podem
cadastrar pessoas ao reconhecimento de sua identidade tWS entreuistados.Umavez
contratados,
muitostransexuaistêmumdosseusdireitosmais
básicos,
como o uso do nomesocial, negados.
David Zimmer man, consultor denegócios,
conta:"Emum emprego ante rior,expliquei
como funcio nava aquestão
donomesocial.Mas sempreque faziaalgo errado,
minhaex-supervisora
mecastigava
mechamando
pelo
nome deregistro.
Eraumaforma de
punição,
eatéhoje
eupenso que deveria ter
processado
aempresa."
Travestisetransexuaisencontram
pouco
respaldo
naLegislação
e naspolíticas
públicas.
Demodogeral,
oque existe são decretos
municipais,
atuação
de secretariase ONG'sliga
dasaosDireitos Humanosouinicia tivastomadasporpartedaspróprias
pessoas transexuais. Em SãoPaulo,
o
Programa Operação
Trabalho,
da PrefeituraMunicipal,
oferece cur sosprofissionalizantes
para LGBTs.Violência
no
trabalho
é
constante
Excluídas do mercado de traba
lho,
travestisetransexuais,
majori
tariamente
mulheres,
encontramnaprostituição
umaforma de sustento,autoafirmação
da nova identidadede
gênero
eaceitação
social. Joanaestuda naUFSC,trabalhacomo
prostituta
ejá
frequentou
pontos de travestis em muitas ci dades deSanta Catarina.Começa
atrabalhar só
depois
da meia-noite para evitar ser ridicularizada na rua. Aestudante conta que o programa, em
Florianópolis,
costumacustar
R$ 50,00
na"pista"
e sobepara
R$
100,00quando
elaprecisa
pagar o motel. "Não vou dizer queé um
sofrimento,
até porque naprostituição
tuaprende
realmentea sertravesti,aprende
aperformance,
ganha
dinheiro para construir teucorpo. Se eu tivesse uma
condição
em que nãoprecisasse
meprosti
tuir, não meprostituiria.
Mas esseéo único mercado de trabalho que
restaparatravestis".
Joana conta que em Florianó
polis
oclima é maistranquilo
queem outras cidades do
estado,
comoJoinville,
onde sofreu mais precon ceito. "Atéo pontoé mais escondido da
população
para eles não sechocarem
tanto",
conta, emmeioagargalhadas.
DeacordocomJoana,
arotatividade deprofissionais
éaltaporqueser nova nacidadeaumenta
o preço do programa. Ela
chegava
a fazerR$
600,00
por diaquando
tinha recém
chegado
nacapital,
há doisanos.
Hoje,
faznomáximoR$
100,00.Estáprocurando estágio
nauniversidadee
já
envioualguns
currículos.Porenquanto,aindanão foi chamada. "Achoquevouganhar
mais com um
estágio
aqui
do quena
prostituição",
conta.Travestis e transexuais sofrem violência física e verbal
frequente
mentee ficam maisexpostas aisso
quando
trabalham à noite na rua.Deacordocom a
pesquisa
doTRANSpondo
Barreiras,
mais de 70% dastransexuais e travestis afirmaram
já
tersofrido violênciaverbal,
mais de 50% dizem tersofrido violência físicaemaisde45%afirmamteremsido
agredidas
porpoliciais.
Joana
confirma as estatísticas:"sempre
tem um cara armado que quer te
obrigar
afazer favores sexuaisquetu não quer. Ede
graça".
Ela contatambém que aviolência morale o
desrespeito
são constantes."Já
tiveamigas
queapanharam
daspró
prias
travestiscafetinas,
dos clien tes, de homens que passamna ruasópara
agredir. Algumas já
foram atébaleadas."Apesar
de reconhecer queaprofissão
éperigosa
ede ficarsujeita
àviolência,
Joana
encara aprostituição
como umamaneirade "sobrevivernesse mundo tãotransfóbico,
machistaemisógino".
RaíssaJurei raissa.turci@gmail.com lhaís Ferraz thais.ferrazrf@gmail.com
"Quando
eu
fazia
algo
de
errado,
•a
ex-supervisora
me
thamava
pelo
nome
de
registro"
ZERO,
maiode2014Mais de 15
mil esperam
por moradia
Políticas
públicas
e
verbas são
insuficientes,
levando
famílias
a
optar
pela
informalidade
O
terrenoescondido àsmar
gens da estrada que cor
ta o
Maciço
do Morro da Cruzétãoíngreme
queas casasparecem estarumassobreas outras,apontodecrianças
brinca remequilibrando-se
empedras
eraízesno chão de terrabatida. No espaço está a
Ocupação
Palmares,
criada no início de 2013
quando
Valdir dosSantos, oNeninho,
decidiu entrarna matapara construir
o
barraco,
sustentadoporgalhos
ecoberto por lona.A
ocupação
cres ceu.Hoje
é formada por casas de madeira firme nosolo,
onde moram,
principalmente,
trabalhadoresda
construção
civilelimpeza,
amaioriamembros damesmafamí
liae
migrantes
de Maceió(AL).
Assimcomo aPalmares,
as ocupações
AmarildoeContestadoatraíram
atenção
da mídiaemotivaram debates sobrehabitação
naGrandeFlorianópolis.
Apesar
de evidentenestes casos, o déficit de moradia
vai além dascercade 750 famílias das três
ocupações:
apenasnacapi
tal,
são15.800inscritosnocadastro à espera de residênciaprópria.
Parao diretor da Secretariade
Habitação
eSaneamentode Florianópolis,
AméricoPescador,
ocupações
como aPalmaresexistem porfalhana
fiscalização.
"Essas famíliasvieramde
fora,
nãopodem
passar sobre o cadastro habitacional.
Ocasodevesertratado com opro
prietário,
najustiça.
Nossapolítica
é para quem
já
estava emalgum
local, agindo pacificamente".
Odiretor traça como caminho correto
para famílias o
ingresso
nafila deespera pormoradia.
A Prefeitura adota dois meios para
aplicar
o dinheiro da habitação:
um para demandaespecífica
e outro para a difusa. A
primeira
é
resquício
depolíticas
anterioresao Minha Casa Minha Vida e não
atende
específicamente aqueles
que estão no cadastro habitacional. O focosãomoradores deáreasírregu
lares,
comoChicoMendes,
MocotóeVilaUnião,que serãourbanizadas. Eles recebem subsídiototal danova
moradia. Em
janeiro
deste ano, oprefeito
Cesar SouzaJúnior
partici
pou daentregade casas noMorro"Venter
o
défitit
total
sem
verbas
é
uma
utopia"
do 25, construídas em programas
de demanda
específica.
Naocasião,aproveitou
para criticar moradores da
Ocupação
Amarildo: "Tem gentehá 30 anosesperando
casa enão consegue. Esse
pessoal
chegou
recentemente em
Florianópolis,
invadiuoNorte da Ilhaequer que a gente
resolva", disparou.
Cinco anos
depois
do início doMinhaCasaMinha Vida
(demanda
difusa),
saiu dopapel
aprimeira
moradia para famílias da faixa mais
necessitada,
que recebementre zero a três salários mínimos. Cercade80% da fila por
moradia,
12milinscritos,
estánestafaixasalarial.A
demora, segundo
AméricoPescador,
ocorreudevidoaquestões
institucionais, como anecessidade de alterarzoneamentospelo
Plano Diretor. Aconstrução
do condomí nioJardim
Atlântico iniciou emmaio desteano. Prevê 78 unidades e em doisanosdeobras. Háoutros
quatro
projetos
emexecução
oufase de
aprovação,
quedevembene ficiar726famílias.Segundo
Américo
Pescador,
ametadaSecretaria ézerar o déficit habitacional em 15 anos,
prevendo
orçamentoanual de80milhões para
construção
deresi dênciaseurbanização.
Por
questões
como a revogação
do aumentodoIPTU efalta demeios para
captação
de recurso, aSecretaria opera com verbas abai xodo
previsto,
e ametaanualnão seráalcançada.
"O recurso estáemBrasília e temos deentrarnos
programas
federais,
que lidamcomburocracias. Fica
difícil",
explica
AméricoPescador. "Vencerodéficittotalsemverbas éuma
utopia."
Antes do
Jardim Atlântico,
apenasmoradias para quem recebeen
tre quatro e dez salários mínimos
foram construídas
pelo
programa MinhaCasaMinha VidaemFlorianópolis.
Estasmoradiassãoobtidascom
capital
privado
edependem
deparcerias
entre mercado imobili ário eprefeitura,
que captarecur sos edácondições
fiscais.Segundo
Américo
Pescador,
as construtorasnão têm interesse em moradias
para famílias da faixamais baixa de rendae,nestescasos,o
poder pú
blico équemdeve resolverodéficit.
Paraconcorrerà
moradia,
ointeressado devesecadastrar
pela
internetetorcerparaseencaixarnos
critériosda
seleção.
Osbeneficiados querecebem até três salários mínimos pagam
aluguel
entre 25 e 75reais,
equivalente
a 5% dosalário,
durante dezanos.
Em
média,
ovalor de cadacasaé64milreais. AverbavemdeBra sília e a Prefeitura a utiliza para
compra doterrenoe
constução
dasmoradias. As
condições
de pagamentodo imóvelparaoutrasfaixas
salariais variam conforme o con
vênio.
Algumas
famíliasaguardam
há quase três décadas.ZERO,
maiode2014o
lar
de
quem
ainda
não
tem
CEP
Moradora daOcupação
Palmares,Maria", 30anos,se
debruça
nafachada da casa de dois
cômodos,
umadas melhores doterreno,com
direito abanheiro com
paredes
deconcreto e
alguns
móveis novos
-comprados
com dinheiro quesobrou por não pagar
aluguel.
Ela acabara dechegar
da Universidade Federal de SantaCatarina,
onde trabalha nalimpeza,
contratadapela
empresaOndrepsb.
Maria nãoquis
se identificarpara a reportagemdoZero,
já
quetemerepresália
na Universidade.
"Já
ouço de tudodefilhinhas demamãeporquelim po
banheiro,
ainda vão ficar mejulgando
pormorar emocupação."
Opouco maisde umsalário míni mo que
recebe,
somado ao rendimento do
marido, pedreiro,
antesnão dava contadosgastos do lare
aluguel.
AfamíliagastavaentreR$
300e
R$
500por mêspara morar em kitinetesnaregião
daSerrinha e maisR$
200 para pagaralguém
que cuidasse dosfilhos,
que nãoconseguiam
vagaemcreches daregião.
"Nosmesesdeaperto,agente
sócomiaporcausado dinheiro do Bolsa Família."
Casos como ode Maria existem
Sem
pagar
aluguel,
casal
investe
em
,/. .;'.
negocio proprio
Um dos locais mais movimen tados da
Ocupação
Contestado é obardo casal
Índio
eSaulitaCardo so.Às
18hdeumdomingo,
olocalestá
cheio,
entre pessoasjogando
sinuca, tomando
cerveja
ou simplesmente
conversando e ouvindomúsicacom o somdocarro.Sónão
pode
exagerar no volume: "Temmuita gente que chama a
polícia
por causa do barulho. Outro
dia,
vieramaqui
porque aconteceram16
ligações,
e eram20h ainda" reclama
Índio. Quem
nãomanera novolume,
poroutrolado,
sãoasdeze nasdecrianças
que passamcorrendo,
gritando
ebrincando.Presença
garantida
na merce aria, os pequenoscompõem
umaparcela
significativa
dos consumi dores:sóemcincominutosdecon versa com o Zero, Saulita vendeudois
pirulitos,
duasrapaduras,
três chocolates Batom ealgumas
balas. Tudo
registrado
no caderninhodo
fiado,
inteligível
apenas para adona do
negócio.
Conta quejá
conhece "todas as
crianças,
sempreanotoe
depois
ospais
vêmpagar.Às
vezes meus filhos ficam atendendo e aí me chamam
'mãe,
é filho dequem esse?'
Já
seitodos."Vender fiado é umdos motivos do sucesso do bar e também uma
dasrazões que levaram àsua
cria-aos milhares. Sem
condições
de comprar uma moradiaprópria
ouseguir
pagando aluguel,
recorremà chamada "cidade informal"- ocupações,
casas em zonas de risco,comunidadese favelas. Pode pare certotal ausência de
política
de habitação
doestado,
mas para Elson Pereira,professor
dePlanejamento
Urbano do curso deGeografia
daUFSC,
éjustamente
ocontrário. "As favelassãoaprópria
política
habi tacional. O estado não deu contadestas famílias e assumiu a favela como saída. Em
Floripa,
há uma a cidadeformalizada,
onde existezoneamento e se
pode
construir.Comoparteda
população
nãoéassimilada
pelo
mercadoimobiliário,
ocupa espaços não edificantes. Háumaordemnisso."
Quando chegou
emFlorianópo
lis,
maisde dezanosatrás, "Keka,"
como querserchamada,
foimorar no Morro daPenitenciária,
com parentes de Maceió. Delá,
foramretirados, pois
estariam em áreade risco.
"Hoje
tem gente na casade novo, não entendo." Keka mo rou de
aluguel
em vários bairrosda Ilha atéque o irmãoNeninhoa
convidouparainvadiroterrenoda
Palmares. Nos dias
seguintes,
ela ovoltava do
trabalho,
colocavaroupas
compridas
e ia mata adentrocom facão. "Eu tavatão necessita daque dormi os
primeiros
dias na casa sem porta. Precisava sair doaluguel."
Depois,
carregou as madeiras morro acima para finalizar
o barraco. O
próximo
passo seráobanheiro. "Minha mãe tá
doente,
tenho de dar banho com ela sentada na cadeira." Keka sequerco
gita
trocar Palmares por moradiaformal. "O queeles dão pra gente Palmares é formada por 16 casas de madeira no morro da Serrinha
eunãoconsiderocomominhacasa,
ouminha vida. Maltem
lugar
paracrianças
brincarem,
étudo apertado,
pareceumafavela",
reclama.A
Ocupação
Palmares ficanumaaltura do morro em que, àdireita de quem
sobe,
vê-se bairros doentorno do
Itacorubi,
UFSC e Beira-Mar.
À
esquerda,
háumaFlorianópolis
distinta: favelas doMaciço
do MorrodaCruz.À
margem da cida deformal, Palmares,
Contestado eAmarildo recebemo
apoio
de entidades,
formadaprincipalmente
porestudantes,
que prestamapoio ju
rídico e assistência social. Existem assembleiaseleis
internas,
como aproibição
do tráfico dedrogas.
ÚltimarefeiçãoantesdeaocupaçãoArnarlldo deixaraestradaSC-401Bar de Saulita é muitoprocuradodentro daContestado por vender fiado
ção.
Índio,
que também trabalhana
construção civil,
contaquealém decomplementar
arenda,
o casal tinha outrodesejo
quando
criou obar:
queriam
ajudar
acomunidade.O
negócio
ficanocentrodaOcupa
ção
efacilitaascomprasdosmoradores,
além deservircomopontodeencontro e local pra cafés da ma
nhã, almoços
ejantares.
Com preços semelhantes aos de mercados
formais,
o método de pagamentoé atrativo:ofiado é acertado deacordo com o recebimento do salário.
Podeser
semanal,
quinzenal,
mensal.
Índio
considera que está contribuindocom acomunidadeevêo reflexodisso: "todomundo
percebe,
aíajuda
epaga certo,sematraso."Ocasode Saulitae
Índio,
emborachamea
atenção,
não éexceção.
Para famílias que
comprometiam,
na
média,
entre um quarto e dois terços do orçamento mensal comlocação
demoradia,
deixar de pa garaluguel
representa um incrementoconsiderávelnarenda.
Diversosmoradorescontam que
tinham de fazer uma escolha: pa garo
aluguel
ou comer.Incapazes
de lidar todo mês com o
dilema,
sair da moradia formal torna-se
uma alternativa. As necessidades financeiras superam as inconveni
ências,
como falta de saneamentobásico,
espaços pequenoseinsegu
rança
jurídica
sobreapropriedade
da
própria
casa.*Nomes
fictícios
pam preservaraidentidade dos entrevistados
Gabriel Shlozawa
gabrielscoelho@gmail.com
MateusVargas
mateusbandeiravargaswgrnaít.com
ZERO,
maiode2014Todososmoradores de
ocupações
receiamexpulsão
violenta.Na
Palmares, diversos barracosjá
foram der rubadospela
polícia.
Aúltimaação
ocorreu nasegunda
de
Carnaval,
quando
pollctaís
militarescomspraydepi
menta e baías de borracha derrubaram uma moradia. Moradoresreagiram
indo à Prefeitura econseguiram
umtermoqueimpede
a entrada dapolícia.
Já a Contestado
surgiu
apartir
da promessa decampanha
doex-prefeito
de São JoséDjalma
Berger,
que,em
2012,
autorizou 120 famílias a ocuparem terreno do bairro José Nitro em troca de votos.Após
a derrotanas urnas, as famílias receberam prazo de uma hora para retirarospertencesdascasaseforam
despejadas
pela
PM. Pela falsa promessa,Berger
foi condenadopela
Justiça
Eleitoral eestáinelegível
por oitoanos. Osdesalojados
foram para umginásio
e, porfim, aoterreno que ocupam atualmente no bairro Serraria. A atual
gestão
garante
apermanência
dos moradores no terreno
enquanto
busca espaço para construir moradias.A Amarildo é a de maior
repercussão-
De dezembroa abril, 750famílias ocuparam o terreno à margem da SC-401. Osmoradoresforam transferidos para Maciam
bu, em
Palhoça.
Tentaram ocupar outraárea,
no bairro do RioVermelho, masforam
expulsos
em menosde 24h. Podemseguir
paraCanoínhas. "Amesmasocieda de que atrai aconstução
civil[função'
da maioria dosocupantes]
como área da economia que seria benéficaà
cidade,
nega a forma daprofissão
sereproduzir:
aforça
de trabalho.É
dascontradições
mais terríveis. Oganho
daconstrução
civil éprivado,
já
oônus é do Estado", diz Elson Pereira sobre a
reação
àsocupações.
"O ideal para muitosseria queostrabalhadores existissem durante as 8h de trabalho,
depois
evaporassem.Só serve enquanto fornecedor de mão-de-obra. Como