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Zero, 2014, ano 33, n.2, maio

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(1)

HABITAÇÃO

Décadas de

espera

pela

moradia

.

e

7

PRECONCEITO

Mercado

de

trabalho

exclui

transexuais

.5

(2)

A

missão

é

tirar

o

leitor da

zona

de

conforto

Na

edição

de

abril,

oleitor

pôde

conferira

cobertura da

ação

policial

na UFSC e os desdobramentos do conflito que fez da universidade pauta nacional.

Naquele

momento,nãohavia espaçoparatratardoassunto

que desencadeouo enfrentamento: amaconha.

É

esteotema

principal

que,agora,fizemos

questão

de discutireexpor diferentes leiturasa

respeito

deum

mesmotema.

Nasentrevistas,fomos

longe:

entramosem con­

tatocom a Secretariade

Comunicação

dogoverno de

Mujica,

presidente

do

Uruguai,

e aassessoriade do

ex-presidente

Fernando

Henrique

Cardoso

(FHC).

Nãofoi

possível

que atendessemo

pedido

deentre­

vista.

Paralelamente,

conseguimos

aentrevistacom

o

deputado

federalJean

Wyllys,

quefalou sobreseu

projeto

de

legalização

do consumo e

regulamenta­

ção

da

produção

da maconha.Foiali que ele nos

contouqueumadasmaioresdificuldadesdotemaé

tiraraspessoasdazonade

conforto,

oulevar elasa

"pensarem

nas suas

próprias contradições".

As reportagenstêm

objetivo

parecido

e/ou

cor­

relato:mostrar

situações

contraditórias,

que

façam

comqueosleitoresnãotenhamemmãosrespostas

prontas,esimumpontodevistaamais. Comisso,

poderão

confrontarasvisõesque trazemoscom as

que tinhamanteseassimformarsua

opinião.

No que

diz

respeito

à

maconha,

tivemos ocui­ dado denãocolocar todousuáriosoba mesmade­

finição.

OMBUDSMAN

NILSON LAGE

Que

bom,

se

não

gostaram.

Ou

se

não

gostaram

A

primeira

observação

afazer é que, fosse

qual

fosseacobertura deumeventocomo esse

-ain­

tervenção

policial

na Ufsc e os conflitos internos queasucederam

-não

agradaria

anenhum dos

envolvidos.

Oresultado

alcançado

foi ótimo:

desagradou

a

todos,

masnãoradicalmente.Etodossesurpreen­

deram.

O

episódio poderia

seranalisadoem

camadas,

cada

qual

maisdura de descascar do queaoutra:

1.o

tráfico;

2.as

drogas;

3.olado de láe olado de

cádo

"rio";

4.aUfsce

Florianópolis.

O tráficoéomaisnovo

pai

adotivo de todos oscrimes e,portanto,fonte derecursos,diretosou

indiretos,

de todasas

polícias.

A

droga,

ou travessura

inconsequente

ou

desgraça

tão

grande

que condenou aChinaa um

séculode escravidão à

Inglaterra,

madrinhaepa­

droeira dostraficantes.

Olado de láeolado de cá toleram-seaté

que

umdeles radicaliza

-como seviu agorae como se

viu

quando

aAndes das mil greves foi substituída

pela Apufsc

dos mil

bocejos.

AUfsc ficanomiolo de

Florianópolis,

que é

uma

espécie

deRiode

Janeiro

em

construção (uma

pena!),

eistofaz todaa

diferença.

É

difícilterárea aberta livre demalfeitores e

policiais

no meiode

umacidade

grande.

Diantede

situações

como aqueonúmero espe­

cial doZero

abordou,

a

orientação

tradicional das

reitoriasé

contemporizar.

Negociar,

esperar baixar

a

poeira (e

osalunosmais

agitados

pegaremo ca­

nudo que os transforma embons pequenos bur­

gueses)

eesquecer.

Serhonestoinclui entenderabananosa darei­

tora,nessebate-boca dePF, PM,PSTU,

Psol,

Sonia Malufetc.Acho que

foimuito,muito mesmo,ela

terconcordadoemdizer

alguma

coisaquenão via

advogado

ounotaoficial.

O

jornal

ficou bonito.Gosteida ideia do info­

gráfico:

faltouumaversão

dinâmica,

internética. Tirando uma

bobaginha

ou outra

-já

vi até

noNewYorkTimes-, otextoestácorretoe avelo­

cidade da cobertura

espetacular,

considerando as

condições objetivas.

Serombudsman não

significa

serdedo-duro.

Fazer

jornalismo

vivo,

atuante

-e honesto

- naUfsc

não é

fácil,

mas agentesempretenta.

Tentou,

por

exemplo,

emremotaseras

geológicas,

com oUnabertae arádioponto-com,

experiências

pioneiras,

queassustarammetade do povo locale

foram

estranguladas

porqueunstemiama concor­

rência,

outrosainconfidênciaeterceiros- atur­

mado "não

pode"

-costumamseguraros

galhos

da lei para

impedir

que deles brotem florese

frutos,

bonsou maus.

Como disse no

inicio,

vocês

desagradaram

moderadamente a todos e assim

ganharam

ere­

dibilidade. Insistam. A universidade é o mundo

compactado

e

problematizado:

nãosó espaço onde

acontecem coisas mas

lugar

de

concentração

de

gente que pensasobre todasascoisas

-artes,ci­ ênciase futilidades. Sendo abundanteamatéria­

-prima,

cabe selecionare

explorar.

É

esse o nosso

negócio.

Que

não me esqueça:

obrigado

a vocês

pelo

conviteparaserombudsman.Estousó

começando.

Coma

prática,

eu

aprendo.

Nasdemaisreportagens,mantêm-seocuidado:

falando sobreas

ocupações,

mostramososmorado­ res em

cotidiano,

com

problemas

reais. Parafalar de

transgêneros,

retratamosadificuldade da discrimi­

nação

nahora de

conseguir

emprego,e o confina­

mentode indivíduosaos

lugares

(não

somentefísi­

cos)

quelhessão

impostos

pela

sociedade.

É importante

sempreteremmente:sobre todos

osassuntoso

preconceito

e a

generalização

podem

ser

prejudiciais.

Prestamos

atenção

para quenosso

trabalhomais

ajude

do que

atrapalhe,

nessesentido.

A Diretoria-Geral de Comunica­

ção

gostaria

de esclarecer, a res­

peito

do

jornal

Zero

(04/14),

que: 1. Foi

procurada

pelos

estudantes,

em

função

dediferentespautas,esem­

preos

atendeu

de forma

respeitosa,

éti­

ca e

profissional;

2. A entrevistacom a reitora Rosela­

ne Neckel não ocorreu porque, em 08 de

abril,

hoUve

ocupação

do Reitoria 11

pelos

téctiicos:-administrativosque ade­ riram ii

greve

nacional'

da

categoria,

o

quelevou à

cQnvocação

dereunião de

em -1'eitorese

secretâ-Reitprcf fez>q."f:)$�O

as.eor

e$critQ1

p�rguntas

.

publicadas

não

sãoigttais

às

encaminhadas;

.

4. A

diret()f8

TaWana Teixeira

jamais

se ofereceu para fazer a entrevista no

lugar

dos

estudantes,

como relatado. Diante da

informação

quea

equipe

ina

publicar

uma

página

só com as per­

guntas

porque a Reitora não os havia

recebido, foi informado que, caso não

pudessem VQItê)r

·nq dia

seguinte,

se­

ria

possível

solicitar que as respostas

às

perguntas

encaminhadas fossem ditadas ou,

ainda,

gravá-Ias,

enviando

o

arquivo

com o áudio bruto para os

repórteres,

a fim de que usassem as

declarações

da maneira que achas­

sem mais conveniente.

Colegas

costu­

mam nos solicitareste

tipo

de

serviço,

quando

não

podem

estarpresentes no

campus. Este

procedimento

é muito di­ ferente de;realizaruma entrevista,ten­ doemvistaas

especifiCidades

que este

gênero

encerra.

OPINIÃO

ONDEO LEITOR TEM VOZ

"Quero

parabenizar

à

equipe

do Zero

pela edição

de

abril,

cujos

textosdemonstram

equiUbrio,

boa

apuração,

atualidadee

coragemparatratardeassuntos tãodelicadosnaUFSC.

Aliás,

o

Zerotemuma

função

cadavez

mais

importante

nacobertura

da

universidade,

queaatual reitoriaacaboucom o

jornal

Universitário."

Rogério Christofoletti, professo

do

Departamento

de

jornalismr

"Transmitaos

cumprimentos

pela

bela

edição

rioZero.

Reportagens

comoasquevisão

preciosos

documentos históricos.E

registram

comdetalhesumacerta

patologia

de conduta queconsistenesse

goste

policial

porinvadir universidades.

Desperdício

de

tropas

que,se o

propósito

écombatero

tráfico

de

drogas,

deveriamestaremoutras áreas urbanaserurais."

Luiz Martinsda

Silva,

professor

da Faculdade de

Comunicação

daUnE

ERRATA

NamatériaRose/ane:"é

hora de evitaratritos",na

ediçãode Abril doZero,

faltou clareza sobreo

motivo da Reitora cancelar

entrevista aojornal (ela

estavamediando reunião

sobrea interdiçãodo

prédioda Reitoria por

STAEs).Asperguntas

foram publicadas sem

mencionara PF.

PARTICIPE!

Mandecríticas,sugestõese

comentários E-mail-zeroufsc@gmail.com Telefone -(48)3721-4833 Facebook -jjornalzero Departamentode Jornalismo - Centro de Comunicaçãoe Expressão UFSC -Trindade, Florianópolis (SC) CEP: 88040-900 nnnn

O

JORNAL ZEROAnoXXXIII- N°

t<+

�aio

de 2014

REPO�

���ª

Simeone,Caio

Spechot?,

Beatriz Nedel,Gabrial

$hio�,

Gab!'íélª Damaceno, Géssica Silva, Fer

...

rê�,

JanineSilva,Júlia SÇhUtz.luan Martendal, luciana

�Ula

Bonetti,luísaTavares,

tvisteus

Boaventura,Mateus

Vargas,

MarianaPetry, Murici Balbinot,

Poliana Dallabôda, �afssaIurcl, RafaelGomes,Rafael Venuto,TarnaraRosa,

Thaís

FerrazFOIOCRAFIABeatriz Nedel,Bianca Bertoli,FernandaFerretti, MateusVargas, Rafael veneto,

lufsaTaVare$;

RoSângela

Menezes

EDlÇAo

BeatrzAguiar,Bianca

Ber'toti,.Çaio

specnoto,JanineSilva,

Gabriel

Shiozawa,luciana Paula

Bonetti,

MarianneTernes,Mateus Boaventura,Mateus

Vargas,

Poliana Dallabrida, Rafssa Turei,Rosângela

Menezes,

StefaníeDamazio,Thaís

Ferraz,

IsadoraR!Jschel

DIMRAMAÇÃO

CaioSpechoto,AávioCrispim,

JanineSilva,JúliaSchutz, RoSângelaMenezes, TulioKruse INFOGRAFIABeatriz

�I,

RosângelaMenezesAPOIOCarlosAugusto Locatelli

PIlOFESSOR·RESPONSÃVEL

Marcelo Barcelos

MTb/SP

25041MONRORIATulioKruse

IMPR£$SÃO

Gráfica Graflnorte

tIRAGEM

5 milexemplares

OISIRIBUIÇÃO

Nacional

FECHAMEffIO

19 de maio

...

Melhor JornalLaboratório- t

Sindicato dosJornalistasde

...

3°melhorJornal-laboratório doBrasil EXPOCOM 1994

...

Melhor

Peça�táfica

Set UniversitárioI PUC-RS 1988..

1���

1990, 1991, 1992e 1998

(3)

UFSC

abre

campus

sem

estrutura

Alunos

de

Blumenau

revelam

problemas

de

locomoção

e

infraestrutura

Era

lOde abril

quando

os

estudantes de

Engenharia

de Materiais

publicaram

uma carta no Facebook

com uma lista de nove

problemas

encontradosnocampus da Univer­ sidade Federal de Santa Catarina

(UFSC)

emBlumenau. Inexistência

de

faxineiros,

a distância entre a

universidade e restaurantes, mu­

dança

no horário das aulase a au­

sência de

alguns professores

devido àgreveforam

apontados.

Deacordo

com o grupo de

alunos,

quemnão

estava

disposto

a andar lkme pa­

gar cerca de

R$

14

pela refeição,

encomendava marmitas no valor

de

R$

9,mas não tinha local

pró-falta de bancos para sentar tam­

bém gera desconforto. "O tempo ocioso entre ofim da aula dama-

<Z

acordode

cooperação

passaavaler

no

segundo

semestrede 2014etem

duração

de

três

anos,

podendo

ser

Algunsestudantes ainda passam por rodovia parachegaraocampus

renovado. Além do espaço cedido

pelos

centrosde

ensino,

um

prédio

nobairro Salto doNortefoi

alugado

para

abrigar

asede administrativa.

Ubirajara

Franco Moreno,dire­

tordaUFSCem

Blumenau,

admite os

problemas

e diz que as falhas

são comuns na

implantação

de novos

campi

e que nos

próximos

quatro anos o campusvai receber

uminvestimentodecercade

R$

50 milhões do Governo Federal para

manutenção

e

R$

8 milhões para assistência estudantil. Esse valor não será

aplicado

nas

instituições

parceiras.

Para o Pró-Reitor Ad­

junto

de

Graduação, Rogério

Luiz deSouza, "o estudopara

aquisição

da sede

própria

daUFSCseráfinali­ zadoembrevee a

partir

daí,

serão elaborados

projetos

de

construção

dos

prédios

no

segundo

semestre."

Outro

tópico

nas

reivindicações

é a melhoria dos ônibus que pas­ sam

próximo

àuniversidade.Até o

começo de

abril,

uma única linha

trafegava pelo

local em três horá­

rios. A

condução

paravanaBR-470 e era

preciso

atravessar a rodovia sem

sinalização

de trânsitooufaixa

de

pedestres

para

chegar

ao cam­

pus. Partedo

problema

foi resolvi­ doe

algumas

linhaspassaramapa­ rar emfrenteaoIFC,

após

reuniões

entre aUFSCe o

Departamento

de

Transportes

deBlumenau

(Seterb).

Sérgio Voltolini,

gerente opera­ cional do

orgão,

informou que no

dia 13 de março foi enviado um

oficio ao

Departamento

Nacional

de Infra-Estrutura de

Transportes

(DNIT)

solicitando

reforço

nasina­

lização

daBRemfrenteaocampus.

Arespostaencaminhada

pelo

DNIT 25 dias

depois

confirma que melho­ rias serãofeitasno localviaopro­

gramaBR

Legal.

Luan Martendal

luanmartendalcsgmarl.com nhã e o início do curso a tarde é

grande

(2h30min)

e não existem muitos locais onde se possa sen­

tar ou descansar. Não

exigimos

algo sofisticado,

mas um pouco

melhor",

comenta Victor Missfeld.

Após

a

divulgação

da carta,aUFSC

improvisou

umasalacom mesas e

cadeiras para atenderaosestudan­

tesnahora do

almoço,

enquanto a

licitação

para terceirizara

refeição

nãoéconcluída.

Segundo

alunos,

apoucaestru­ turada unidadeé

herança

doInsti­

tutoFederalCatarinense

(IFC).

Sem

prio

paracomer. sede

própria,

a

Ao

longo

de

Dois

meses

de

UFSCoptoupor

dois meses, c abrirocampus

campus de Blu-

aulas

sem

certfna,

aindaem 2014 menau

apresen-Ii

�. e firmou um

tou vários pro-

:\TOS,

laxuta,

termo de

coo-blemas e

alguns

laboratórios

e

peração

com o

ainda estão sem IFC e o

Instí-solução:

falta de

nem

restaurante

tutoFederal de cortina nas

janelas,

banheiros em Santa Catarina

(IFSC)

da cidade de

situação

precária

e o preço pago

Gaspar.

Procurada

pela

reportagem

pela alimentação

são

alguns

dos do Zero, a assessoriado IFC disse obstáculos enfrentados

pela

co- que emprestou salas à UFSC, mas

munidade acadêmica.

João

Rafael não iriafalar sobreaestrutura.

Balkoski,

estudante de

engenharia

O IFSC vai

disponibilizar

uma

têxtil,

diz que "a bibliotecacontém sala com

capacidade

para 50 alu­ apenas duas

prateleiras

de

livros,

nos e um laboratório de

química

não há Restaurante Universitário para atender à

UFSC,

mas

segundo

e cada aluno desembolsa cerca de a chefe do

Departamento

de Ensí­

R$

13,50 para

almoçar".

Josiane

no,

Pesquisa

e Extensão AnaPaula Schneider endossa as

palavras

do

Kuczmynda,

a universidade aín­

colega.

"Para falar a

verdade,

só da não ministra aulas no local. O

temosassalas de aula, Falta biblio­

teca, laboratórios de informáticae

não há convênio para

almoço".

A

Ao mesmo tempo em

quesanouafalta deen­

sino

público

e

gratuito

noVale do

ltajaí,

o novo

campusdaUFSC esfriou

os

planos

de federali­

zação

da Universidade

Regional

de Siumenau

(FURS).

Desde sua cria­

ção

em

1964,

a institui­

ção municipal

tenta. se

t�r

Com

dois

anos

de

atraso,

CT

Olímpico

sai

do

papel

O internautaque confereosCen­

tros deTreinamentos para os

Jogos

Olímpicos

de

2016,

no

portal

das

Olimpíadas

doRio,encontraaUFSC

comolocal de

preparação

paracom­

petidores

do atletismo.A

página

vir­ tual foi criadaem 2012 etraztodas

as

informações

sobrea

pista

de atle­

tismo - ela "está sendo reformada

paraa

colocação

de

piso

sintético ho­

mologado

eestaráprontaatéofinal de2012". Aordem de

serviço

paraa

construção,

noentanto,foi

expedida

maisdeumano

depois,

nodia28de

abril de 2014.

A obravai custar, ao

todo,

mais de

R$

7

milhões,

sendo o terceiro maior investimento em universida­ des feito

pelo

Ministériodos

Esportes

(ME)

paraa

preparação

dos atletas.

Anova

pista

será construídanolocal da atual feita decarvãonocampode

futebol daUFSCesegueos

padrões

de

qualidade

da

Associação

Internacio­ nal das

Federações

de Atletismo.

O prazo de

execução

é de 180

dias,

comtérminoem24 de

outubro,

e ocontratocom aempresa

paulista

Playpiso

Pisos

Esportivos,

vencedora da

licitação,

vaiatéfevereiro de 2015. O campo de futebol da UFSCficará interditado até

dezembro,

e as aulas que eram realizadas no local agora

acontecemem

ginásios

e

quadras

ex­

ternasdecimento.

Segundo

o autordo

projeto

e di­

retordoCentrode

Desportos (CDS),

EdisondeSouza,aideiaé

garantir

as

obras da

pista

de

atletismo,

eapenas

futuramentepensarna

possibilidade

de

construção

de

arquibancadas.

A

primeira parcela

doinvestimen­

to,cercade

R$

2,8

milhões,

enviada

pelo

ME em dezembro de 2012, foi

gastana

aquisição

demateriais para aobra.O

piso

da

pista

éo

Sportflex

Super

X,utilizado em

pistas

de atle­ tismo de alto

rendimento,

e o ma­

terial foi

importado

da

Itália,

com

auxílio da

Fundação

de

Amparo

à

Pesquisa

e Extensão Universitária

(FAPEU).

Ossetecontêineres

chega­

ramao portode

Itajaí

em

julho

de

2013,e otransporteatéaUniversida­

decustoumaisde

R$

186mil. Desde

então,estãoestocadosnoGinásio1. A

licitação

para fornecer material

emão-de-obrafoi feitaemdezembro de 2013 como

Regime

Diferenciado

de

Contratação

(RDC),

modalidade mais

ágil

do processo.O RDCcontou

comquatroempresasque

disputaram

pelo

maiordescontocom

relação

ao

valor

global

de

aproximadamente

R$

4,2

milhões.As empresas quederam

os três menores lances

(Eva

Cons-Obracustarámais deR$7milhõesedeve ficar prontaem1.80 dias

truções

e

Incorporações,

Concretil

Construções

e Recoma

Construções

Comércioe

Indústria)

foram desclas­

sificadas por não apresentarem do­

cumentação

autenticadaouestarem

emdesacordocomdocumentos rela­ tivosà

qualificação

de

profissionais.

A empresa que apresentou o maior

valor foiaúnicahabilitada

pela

Co­

ordenação

deProcessosLicitatóriose

Pregoeiros.

A

Playpiso,

a mesmaque

vendeuos

equipamentos,

faráa cons­

trução

por

R$

4,2

milhões.

MateusBoaventura

mateusbboaventura@gmail.com

(4)

D

Assédio

no

trabalho

atinge

quase metade

des

técnicos

da

UFSC

Estudo

tem

base

em

1.490 servidores entrevistados

Levar

roupasdo chefe na cos­ tureira,

despachar

suas enco­

mendas nocorreio,atualizar

currículo Lattes de terceiros

ou pagar contas de

superiores

no

banconão estãoentreas

atribuições

de servidores técnicos em

educação

(TAEs),

mascasos como essesforam

identificados na UFSC num estudo

feito em 2012.

Segundo ele,

cerca

de40% dosTAEs da Universidade

passaram por

situações

que

podem

sercaracterizadascomoassédiomo­

ralnolocal de trabalho

--em

geral,

casosbemmenoscaricatosdo queos

citadosacima.

Quase

umano

depois

da

publicação

sair, ocombatea esse

tipo

deviolência dentro da Universi­

dadeentrou na pautada greve dos

servidorese

ganhou

alguma

atenção

dacomunidade universitária. O assédio moral no trabalho é uma

situação

em queoindivíduo é exposto continuamente a humilha­

ções, constrangimentos

ou

desqua­

lificações, seja

de

chefes,

colegas

ou

subordinados.Emcasosmais graves, apessoa passaaassociaressaviolên­

cia ao emprego,

odiá-lo,

encarar a

ida ao local de trabalho como uma

visitacotidiana ao

inferno,

causan­

do,

por

exemplo, depressão

esíndro­

medo

pânico.

É

muitocomumquea

vítima nãosaibaquesetratade assé­ dio

moral,

apesardeidentificar

algo

erradoem suavida.

O

estudo,

desenvolvido por um

Grupo

de Trabalho instituído

pelo

Conselho Universitário e

denomi-nado

"Reorganiza

UFSC",

tem um

capítulo

dedicado exclusivamenteao

tema.Foram

tipificadas

i3

situações

que caracterizam essa

violência,

e

1490

TAEs de 85 setoresda Univer­

sidade,

inclusive fora do

Campus

da

Trindade, responderam

se,e comque

frequência,

passarampor ela.Essa ti­

pificação

buscavaevitaras

situações

emqueavítimanãoidentificaoque

está acontecendo.

Normalmenteaviolênciasedá de maneira

vertical,

dechefes com su­

bordinados,

mas esse

problema

tam­

bém é bastantecomumentre

colegas.

A

professora

do

departamento

de

psi­

cologia

Suzana

Tolfo,

que

pesquisa

o

assunto,

participou

do

Reorganiza

e

foi diretora

adjunta

daSecretariade Gestão dePessoas daUFSC de 2012 atéfevereiro desseano.

Segundo ela,

oassédio horizontal

pode

ser omais

agressivo

à

vítima,

que "o vertical émaisfácil deserentendido"econ­

funde menos quem sofre.

Segundo

ela,

essamodalidade também é bas­

tantecomumentredocentes.

A

pesquisadora

ainda comenta

quenãoháum

perfil

dosenvolvidos

nesse

tipo

de

relação.

"Atéumtempo

atrás se pensava que oagressor era um sádico e o

agredido

um maso­

quista".

Voltando aos números do

Reorganiza:

aos 15% dos

responden­

tesque dizem

ter

passado

porsitu­

ações

de assédio

moral,

perguntou-se quem

praticava

essa violência. Por

167vezesela foi atribuídaa um su­

perior,

104a um

colega,

alémde19

Os

números

da

pesquisa

De acordocom orelatório

final dogrupode trabalho

Reorganiza UFSC,

dos 1490 TAEs entrevistados:

46%

sentem que

tiveramoutêmseu ponto

de vista

ignorado

dentro da Universidade

40%

foram expostosà

cargade trabalhoexces­

siva

29%

julgam

quejá

passaramou passam por

situações

de

sub-utilização

23%

foram humi­ lhados ousentiram-se

contrangidos

noambiente de trabalho

Apenas

15

%

dosentre­ vistados disseram

ter

sofridoassédio moral

a umsubordinado-- foram

puxados

paraestetextoosdadosmaisilustra­

tivos,as

tabulações completas podem

servistasem

reorganiza.ufsc.br.

Roberto*,

por

exemplo,

foitrans­

ferido

temporariamente

de sua

ocupação

usual para realizar outro

trabalho dentro da

Universidade,

tudo de acordocom ostrâmites bu­

rocráticos,

sob a

condição

de voltar à

lotação original após

aconclusão

do

serviço.

Apromessanãofoi cum­

prida.

Aocobrar deseus

superiores

o

retomoà

antiga função,

deu-se iní­

cio uma

disputa

tãoestressanteque

terminou com Roberto

procurando

ajuda

psicológica

profissional

e sen­

do transferidonovamenteparaoutro

setordaUFSC. O TAE

chegou

aouvir

queera um

"guri

mimado" por fazer

questão

de voltaraocargo

antigo.

Não há

setor

na

Universidade

que

reúna

denúncias,

o

que

dificulta

a

procura de

ajuda

Em março de 2013, num docu­

mento de

resposta

a uma carta de

reivindicações

do SINTUFSC, a Ad­

ministração

Central da Universidade

se comprometeu a tomar medidas de combateao assédio moral. De lá pra

cá,

cartilhas foram elaboradas

e seminários

realizados,

mas, além

do campo da

conscientização,

apo­

lítica da Universidadeem

relação

ao

assuntocontinuareativa,comoreco­

nheceoChefe de Gabinete daReito­

ria,

professor

CarlosVieira. "Agente àsvezesnãotemperna mesmo".

Não

há,

por

exemplo,

um setor

que centralize eventuais denúncias.

Quando

umavítima desse

tipo

devio­

lência procura assistência

pelo

cami­ nhomais

óbvio,

a

Ouvidoria,

o caso

éencaminhado à Chefia de Gabinete da Reitoria. As

informações

de de­ nunciante edenunciado são apura­

das,

aProcuradoria da Universidade

éconsultadaeentãoseabreumasin­

dicânciaouprocesso administrativo.

Ainda

segundo

o

professor

Carlos Vieira,

cogita-se

na

Administração

Centrala

criação

deuma Comissão

Disciplinar

Permanente.

Hoje,

em

cada processo uma comissão dife­

rente é nomeada para

apurá-lo.

A

Comissão Permanente,nas

palavras

do Chefe de

Gabinete,

deve servir para

"julgar

Chico e

quando

for

julgar

Francisco

teromesmopesoea mesma

medida",

o que seria mais difícil com arota­ tividade de membros

nascomissões

julgadoras.

Ele tambémcomentouquea

gestão

está tentando instituir uma

Corregedoria,

mas que isso

depende

doaceite do Conselho Universitário.

Um outro caminho para o

acolhimento deste

tipo

de denúncia é a Secretaria deGestão de Pessoas

(SEGESP),

da Universidade. Lidar

com essas demandas é uma das

atribuições

daTAE Rosana

Prazeres,

quetem

formação

em

Serviço

Social

e trabalhana área desde 2001. Se­

gundo

sua

análise,

ocombatea essa

condutanuncafoi

prioridade

dentro daUFSCporque "mexecom

relações

de

poder".

Contaqueno ano

passado

apenas quatro denúncias

chegaram

atéseusetor,e

interpreta

queonú­ meroé pequeno porque

após

orelato

se abre um processo administrativo

disciplinar,

procedimento

do

qual

a

vítima normalmentenão quer

parti­

cipar

paranãoseexpor.

Humilhações e constrangimentos vindos dechefes oucolegas podem desencadeardoenças comodepressãoe síndromedopânico

*Nome

fictício

para preservar a identidadedo entrevistado

CaloSpechoto

caio.spechoto@gmail.com

(5)

Procura-se

forma

de

ganhar

a

vida

Mesmo

com

qualificação,

transexuais encontram

resistência

na

hora

de

arrumar

emprego

19uém

vai querer contratar

umatravesti,aindaque gra­ duada?"

questiona Joana*,

]

studante daUFSCemulher 6l

transexual.Aperguntaé

pertinente:

em

pesquisa

realizada

pelo

projeto

TRANSpondo'

Barreirascom

663

mu­

lheres transexuais de 35 diferentes

municípios

do

país,

apenas 5,73% declarou trabalharcom carteiraas­

sinada.

Marginalizadas,

transexuais,

principalmente mulheres,

parecem

nãoencontrarempregofora do

lugar

considerado normal

pela

maioriada sociedade: a

"pista"

de

prostituição,

onde,

segundo

estimativadaAssocia­

ção

Nacional deTravestiseTransexu­ aisdo Brasil

(ANTRA),

90%dastrans

brasileiras trabalham.

A

inserção

no mercado de traba­

lho esbarra em

dificuldades,

todas com caráter discriminatório. Cris Stefanny,

presidenta

daANTRA, ex­

plica

que "ésempre a mesmaques­

tão: como astransexuais

geralmen­

te saem de casa muito novas, não

conseguem se formar

pelos

meios

legais.

Sem

formação,

não

alcançam

a

qualificação

cobrada

pelas

empre­ sas, e não

podem disputar

o merca­

do de trabalho". Além

disso,

mesmo

quando

são

qualificados,

ou se can­

didatamaempregos

informais,

tran­

sexuais continuamsendo

rejeitados

e

rejeitadas

--e,ainda que

consigam

a

vaga,enfrentam

problemas

paraper­

manecernela.

Um curso

superior,

símbolo de

boa

qualificação profissional,

está

longe

de

garantir

a

aceitação

dos

transexuais

pelo

mercado. Afalta de

políticas públicas

nas

instituições

deensino, inclu­

sive entreas que

adotam o uso do nome

social,

dificultao acesso de transexuais a

estágios.

"Se eu for procurar um

estágio,

chegar

edizer 'soutravesti',

elesvãodizer

'desculpa, querida,

não

temos

política

pra travestistrabalha­

rem como

estagiárias'.

E por mais que eles tentem

incorporar

isso e

respeitem

meunome,euseiquevou

estar

sujeita

a

qualquer

tipo

de ridi­

cularização,

de ameaça, de violên­

cia.", afirmaJoana."AUniversidade deveriaser o

lugar

demais

inclusão,

e não é. Sai a

aprovação

do nome

social etodo mundo pensa

'ah,

que

lindo,

astravestis

podem

entrar'. Mas

entrar de que forma?E sair de que

forma?", completa.

Laura

Martendal,

outraestudante daUFSC,atesta:"transvãotrabalhar

no

salão,

na

cozinha,

no banheiro.

David Zimmermanlogoteráo nomesocialem seusdocumentos. Elegastoucerca deR$ 2 milcom oprocesso, queestá próximodofinal

Nuncanuma

sapataria,

numacafe- Em

Florianópolis,

a

Associação

de suasvagas. identidade de

gênero,

além de iden­

teria, comocaixa". Muitas vezes, as Direitos Humanoscom

Enfoque

em O

projeto

de leiJoãoW.

Nery

--tificação

etratamentode acordocom

próprias

travestis e transexuais têm Sexualidade

(Adeh),

oferece assesso- número

5002/2013

--,de

Jean

Wyllys

ela. Se

aprovado,

o

projeto

ajudará

receio deassumir certasvagas.

Joa-

ria

jurídica

e atualmente promove

(PSOL-RJ)

eErika

Kokay

(PT-DF)

é a

preencher

a lacuna de

legislação

na

explica:

"Tu étãohostilizada na uma

força-tarefa

para a

retificação

oque há demais

avançado

emrela- e

políticas públicas específicas

vol­

sociedade,

que sempre pensa:

'quero

do nome civil.De iniciativa

própria,

ção

aidentidade de

gênero

noBrasil. tadas à transexuais e

transgêneros.

umemprego que nãotrabalhe com trêstransexuaisbrasileiroscriaramo Atualmente em

tramitação,

o texto

público,

que as pessoas não me ve-

portal

Transempregos-

onde empre- visaestabelecerodireito de todasas "Nome

fictício

para preservar a

jam,

nãoriam,nãomeinferiorizem". sas de todo o

país

podem

cadastrar pessoas ao reconhecimento de sua identidade tWS entreuistados.

Umavez

contratados,

muitostranse­

xuaistêmumdosseusdireitosmais

básicos,

como o uso do nome

social, negados.

David Zimmer­ man, consultor de

negócios,

conta:"Emum emprego ante­ rior,

expliquei

como funcio­ nava a

questão

donomesocial.Mas sempreque fazia

algo errado,

minha

ex-supervisora

me

castigava

mecha­

mando

pelo

nome de

registro.

Era

umaforma de

punição,

eaté

hoje

eu

penso que deveria ter

processado

a

empresa."

Travestisetransexuaisencontram

pouco

respaldo

na

Legislação

e nas

políticas

públicas.

Demodo

geral,

o

que existe são decretos

municipais,

atuação

de secretariase ONG's

liga­

dasaosDireitos Humanosouinicia­ tivastomadasporpartedas

próprias

pessoas transexuais. Em São

Paulo,

o

Programa Operação

Trabalho,

da Prefeitura

Municipal,

oferece cur­ sos

profissionalizantes

para LGBTs.

Violência

no

trabalho

é

constante

Excluídas do mercado de traba­

lho,

travestise

transexuais,

majori­

tariamente

mulheres,

encontramna

prostituição

umaforma de sustento,

autoafirmação

da nova identidade

de

gênero

e

aceitação

social. Joanaestuda naUFSC,trabalha

como

prostituta

e

frequentou

pontos de travestis em muitas ci­ dades deSanta Catarina.

Começa

a

trabalhar só

depois

da meia-noite para evitar ser ridicularizada na rua. Aestudante conta que o pro­

grama, em

Florianópolis,

costuma

custar

R$ 50,00

na

"pista"

e sobe

para

R$

100,00

quando

ela

precisa

pagar o motel. "Não vou dizer que

é um

sofrimento,

até porque na

prostituição

tu

aprende

realmentea sertravesti,

aprende

a

performance,

ganha

dinheiro para construir teu

corpo. Se eu tivesse uma

condição

em que não

precisasse

me

prosti­

tuir, não me

prostituiria.

Mas esse

éo único mercado de trabalho que

restaparatravestis".

Joana conta que em Florianó­

polis

oclima é mais

tranquilo

que

em outras cidades do

estado,

como

Joinville,

onde sofreu mais precon­ ceito. "Atéo pontoé mais escondi­

do da

população

para eles não se

chocarem

tanto",

conta, emmeioa

gargalhadas.

Deacordocom

Joana,

arotatividade de

profissionais

éalta

porqueser nova nacidadeaumenta

o preço do programa. Ela

chegava

a fazer

R$

600,00

por dia

quando

tinha recém

chegado

na

capital,

há doisanos.

Hoje,

faznomáximo

R$

100,00.Está

procurando estágio

nauniversidadee

enviou

alguns

currículos.Porenquanto,aindanão foi chamada. "Achoquevou

ganhar

mais com um

estágio

aqui

do que

na

prostituição",

conta.

Travestis e transexuais sofrem violência física e verbal

frequente­

mentee ficam maisexpostas aisso

quando

trabalham à noite na rua.

Deacordocom a

pesquisa

doTRANS­

pondo

Barreiras,

mais de 70% das

transexuais e travestis afirmaram

tersofrido violência

verbal,

mais de 50% dizem tersofrido violência físicaemaisde45%afirmamterem

sido

agredidas

por

policiais.

Joana

confirma as estatísticas:

"sempre

tem um cara armado que quer te

obrigar

afazer favores sexuaisque

tu não quer. Ede

graça".

Ela conta

também que aviolência morale o

desrespeito

são constantes.

"Já

tive

amigas

que

apanharam

das

pró­

prias

travestis

cafetinas,

dos clien­ tes, de homens que passamna rua

para

agredir. Algumas já

foram atébaleadas."

Apesar

de reconhecer quea

profissão

é

perigosa

ede ficar

sujeita

à

violência,

Joana

encara a

prostituição

como umamaneirade "sobrevivernesse mundo tãotrans­

fóbico,

machistae

misógino".

RaíssaJurei raissa.turci@gmail.com lhaís Ferraz thais.ferrazrf@gmail.com

"Quando

eu

fazia

algo

de

errado,

a

ex-supervisora

me

thamava

pelo

nome

de

registro"

ZERO,

maiode2014

(6)

Mais de 15

mil esperam

por moradia

Políticas

públicas

e

verbas são

insuficientes,

levando

famílias

a

optar

pela

informalidade

O

terrenoescondido àsmar­

gens da estrada que cor­

ta o

Maciço

do Morro da Cruzétão

íngreme

queas casasparecem estarumassobreas outras,apontode

crianças

brinca­ rem

equilibrando-se

em

pedras

e

raízesno chão de terrabatida. No espaço está a

Ocupação

Palmares,

criada no início de 2013

quando

Valdir dosSantos, o

Neninho,

deci­

diu entrarna matapara construir

o

barraco,

sustentadopor

galhos

e

coberto por lona.A

ocupação

cres­ ceu.

Hoje

é formada por casas de madeira firme no

solo,

onde mo­

ram,

principalmente,

trabalhado­

resda

construção

civile

limpeza,

a

maioriamembros damesmafamí­

liae

migrantes

de Maceió

(AL).

Assimcomo a

Palmares,

as ocu­

pações

AmarildoeContestadoatra­

íram

atenção

da mídiaemotivaram debates sobre

habitação

naGrande

Florianópolis.

Apesar

de evidente

nestes casos, o déficit de moradia

vai além dascercade 750 famílias das três

ocupações:

apenasna

capi­

tal,

são15.800inscritosnocadastro à espera de residência

própria.

Parao diretor da Secretariade

Habitação

eSaneamentode Floria­

nópolis,

Américo

Pescador,

ocupa­

ções

como aPalmaresexistem por

falhana

fiscalização.

"Essas famí­

liasvieramde

fora,

não

podem

pas­

sar sobre o cadastro habitacional.

Ocasodevesertratado com opro­

prietário,

na

justiça.

Nossa

política

é para quem

estava em

algum

local, agindo pacificamente".

Odi­

retor traça como caminho correto

para famílias o

ingresso

nafila de

espera pormoradia.

A Prefeitura adota dois meios para

aplicar

o dinheiro da habita­

ção:

um para demanda

específica

e outro para a difusa. A

primeira

é

resquício

de

políticas

anteriores

ao Minha Casa Minha Vida e não

atende

específicamente aqueles

que estão no cadastro habitacional. O focosãomoradores deáreas

írregu­

lares,

comoChico

Mendes,

Mocotóe

VilaUnião,que serãourbanizadas. Eles recebem subsídiototal danova

moradia. Em

janeiro

deste ano, o

prefeito

Cesar Souza

Júnior

partici­

pou daentregade casas noMorro

"Venter

o

défitit

total

sem

verbas

é

uma

utopia"

do 25, construídas em programas

de demanda

específica.

Naocasião,

aproveitou

para criticar morado­

res da

Ocupação

Amarildo: "Tem gentehá 30 anos

esperando

casa e

não consegue. Esse

pessoal

chegou

recentemente em

Florianópolis,

in­

vadiuoNorte da Ilhaequer que a gente

resolva", disparou.

Cinco anos

depois

do início do

MinhaCasaMinha Vida

(demanda

difusa),

saiu do

papel

a

primeira

moradia para famílias da faixa mais

necessitada,

que recebemen­

tre zero a três salários mínimos. Cercade80% da fila por

moradia,

12mil

inscritos,

estánestafaixasa­

larial.A

demora, segundo

Américo

Pescador,

ocorreudevidoa

questões

institucionais, como anecessidade de alterarzoneamentos

pelo

Plano Diretor. A

construção

do condomí­ nio

Jardim

Atlântico iniciou em

maio desteano. Prevê 78 unidades e em doisanosdeobras. Háoutros

quatro

projetos

em

execução

ou

fase de

aprovação,

quedevembene­ ficiar726famílias.

Segundo

Améri­

co

Pescador,

ametadaSecretaria é

zerar o déficit habitacional em 15 anos,

prevendo

orçamentoanual de

80milhões para

construção

deresi­ dênciase

urbanização.

Por

questões

como a revoga­

ção

do aumentodoIPTU efalta de

meios para

captação

de recurso, a

Secretaria opera com verbas abai­ xodo

previsto,

e ametaanualnão será

alcançada.

"O recurso está

emBrasília e temos deentrarnos

programas

federais,

que lidamcom

burocracias. Fica

difícil",

explica

AméricoPescador. "Vencerodéficit

totalsemverbas éuma

utopia."

Antes do

Jardim Atlântico,

ape­

nasmoradias para quem recebeen­

tre quatro e dez salários mínimos

foram construídas

pelo

programa MinhaCasaMinha VidaemFloria­

nópolis.

Estasmoradiassãoobtidas

com

capital

privado

e

dependem

de

parcerias

entre mercado imobili­ ário e

prefeitura,

que captarecur­ sos edá

condições

fiscais.

Segundo

Américo

Pescador,

as construtoras

não têm interesse em moradias

para famílias da faixamais baixa de rendae,nestescasos,o

poder pú­

blico équemdeve resolverodéficit.

Paraconcorrerà

moradia,

oin­

teressado devesecadastrar

pela

in­

ternetetorcerparaseencaixarnos

critériosda

seleção.

Osbeneficiados querecebem até três salários míni­

mos pagam

aluguel

entre 25 e 75

reais,

equivalente

a 5% do

salário,

durante dezanos.

Em

média,

ovalor de cadacasa

é64milreais. AverbavemdeBra­ sília e a Prefeitura a utiliza para

compra doterrenoe

constução

das

moradias. As

condições

de paga­

mentodo imóvelparaoutrasfaixas

salariais variam conforme o con­

vênio.

Algumas

famílias

aguardam

há quase três décadas.

ZERO,

maiode2014

(7)

o

lar

de

quem

ainda

não

tem

CEP

Moradora da

Ocupação

Palma­

res,Maria", 30anos,se

debruça

na

fachada da casa de dois

cômodos,

umadas melhores doterreno,com

direito abanheiro com

paredes

de

concreto e

alguns

móveis novos

-comprados

com dinheiro queso­

brou por não pagar

aluguel.

Ela acabara de

chegar

da Universidade Federal de Santa

Catarina,

onde trabalha na

limpeza,

contratada

pela

empresa

Ondrepsb.

Maria não

quis

se identificarpara a reporta­

gemdoZero,

queteme

represália

na Universidade.

"Já

ouço de tudo

defilhinhas demamãeporquelim­ po

banheiro,

ainda vão ficar me

julgando

pormorar em

ocupação."

Opouco maisde umsalário míni­ mo que

recebe,

somado ao rendi­

mento do

marido, pedreiro,

antes

não dava contadosgastos do lare

aluguel.

Afamíliagastavaentre

R$

300e

R$

500por mêspara morar em kitinetesna

região

daSerrinha e mais

R$

200 para pagar

alguém

que cuidasse dos

filhos,

que não

conseguiam

vagaemcreches dare­

gião.

"Nosmesesdeaperto,a

gente

sócomiaporcausado dinheiro do Bolsa Família."

Casos como ode Maria existem

Sem

pagar

aluguel,

casal

investe

em

,/. .;'.

negocio proprio

Um dos locais mais movimen­ tados da

Ocupação

Contestado é o

bardo casal

Índio

eSaulitaCardo­ so.

Às

18hdeum

domingo,

olocal

está

cheio,

entre pessoas

jogando

sinuca, tomando

cerveja

ou sim­

plesmente

conversando e ouvindo

músicacom o somdocarro.Sónão

pode

exagerar no volume: "Tem

muita gente que chama a

polícia

por causa do barulho. Outro

dia,

vieram

aqui

porque aconteceram

16

ligações,

e eram20h ainda" re­

clama

Índio. Quem

nãomanera no

volume,

poroutro

lado,

sãoasdeze­ nasde

crianças

que passamcorren­

do,

gritando

ebrincando.

Presença

garantida

na merce­ aria, os pequenos

compõem

uma

parcela

significativa

dos consumi­ dores:sóemcincominutosdecon­ versa com o Zero, Saulita vendeu

dois

pirulitos,

duas

rapaduras,

três chocolates Batom e

algumas

ba­

las. Tudo

registrado

no caderninho

do

fiado,

inteligível

apenas para a

dona do

negócio.

Conta que

co­

nhece "todas as

crianças,

sempre

anotoe

depois

os

pais

vêmpagar.

Às

vezes meus filhos ficam atendendo e aí me chamam

'mãe,

é filho de

quem esse?'

seitodos."

Vender fiado é umdos motivos do sucesso do bar e também uma

dasrazões que levaram àsua

cria-aos milhares. Sem

condições

de comprar uma moradia

própria

ou

seguir

pagando aluguel,

recorremà chamada "cidade informal"- ocu­

pações,

casas em zonas de risco,

comunidadese favelas. Pode pare­ certotal ausência de

política

de ha­

bitação

do

estado,

mas para Elson Pereira,

professor

de

Planejamento

Urbano do curso de

Geografia

da

UFSC,

é

justamente

ocontrário. "As favelassãoa

própria

política

habi­ tacional. O estado não deu conta

destas famílias e assumiu a favela como saída. Em

Floripa,

há uma a cidade

formalizada,

onde existe

zoneamento e se

pode

construir.

Comoparteda

população

nãoéas­

similada

pelo

mercado

imobiliário,

ocupa espaços não edificantes. Há

umaordemnisso."

Quando chegou

em

Florianópo­

lis,

maisde dezanos

atrás, "Keka,"

como querser

chamada,

foimorar no Morro da

Penitenciária,

com parentes de Maceió. De

lá,

foram

retirados, pois

estariam em área

de risco.

"Hoje

tem gente na casa

de novo, não entendo." Keka mo­ rou de

aluguel

em vários bairros

da Ilha atéque o irmãoNeninhoa

convidouparainvadiroterrenoda

Palmares. Nos dias

seguintes,

ela o

voltava do

trabalho,

colocavarou­

pas

compridas

e ia mata adentro

com facão. "Eu tavatão necessita­ daque dormi os

primeiros

dias na casa sem porta. Precisava sair do

aluguel."

Depois,

carregou as ma­

deiras morro acima para finalizar

o barraco. O

próximo

passo seráo

banheiro. "Minha mãe tá

doente,

tenho de dar banho com ela sen­

tada na cadeira." Keka sequerco­

gita

trocar Palmares por moradia

formal. "O queeles dão pra gente Palmares é formada por 16 casas de madeira no morro da Serrinha

eunãoconsiderocomominhacasa,

ouminha vida. Maltem

lugar

para

crianças

brincarem,

étudo aperta­

do,

pareceuma

favela",

reclama.

A

Ocupação

Palmares ficanuma

altura do morro em que, àdireita de quem

sobe,

vê-se bairros doen­

torno do

Itacorubi,

UFSC e Beira­

-Mar.

À

esquerda,

háumaFlorianó­

polis

distinta: favelas do

Maciço

do MorrodaCruz.

À

margem da cida­ de

formal, Palmares,

Contestado e

Amarildo recebemo

apoio

de enti­

dades,

formada

principalmente

por

estudantes,

que prestam

apoio ju­

rídico e assistência social. Existem assembleiaseleis

internas,

como a

proibição

do tráfico de

drogas.

ÚltimarefeiçãoantesdeaocupaçãoArnarlldo deixaraestradaSC-401

Bar de Saulita é muitoprocuradodentro daContestado por vender fiado

ção.

Índio,

que também trabalha

na

construção civil,

contaquealém de

complementar

a

renda,

o casal tinha outro

desejo

quando

criou o

bar:

queriam

ajudar

acomunidade.

O

negócio

ficanocentroda

Ocupa­

ção

efacilitaascomprasdosmora­

dores,

além deservircomopontode

encontro e local pra cafés da ma­

nhã, almoços

e

jantares.

Com pre­

ços semelhantes aos de mercados

formais,

o método de pagamentoé atrativo:ofiado é acertado deacor­

do com o recebimento do salário.

Podeser

semanal,

quinzenal,

men­

sal.

Índio

considera que está con­

tribuindocom acomunidadeevêo reflexodisso: "todomundo

percebe,

ajuda

epaga certo,sematraso."

Ocasode Saulitae

Índio,

embo­

rachamea

atenção,

não é

exceção.

Para famílias que

comprometiam,

na

média,

entre um quarto e dois terços do orçamento mensal com

locação

de

moradia,

deixar de pa­ gar

aluguel

representa um incre­

mentoconsiderávelnarenda.

Diversosmoradorescontam que

tinham de fazer uma escolha: pa­ garo

aluguel

ou comer.

Incapazes

de lidar todo mês com o

dilema,

sair da moradia formal torna-se

uma alternativa. As necessidades financeiras superam as inconveni­

ências,

como falta de saneamento

básico,

espaços pequenose

insegu­

rança

jurídica

sobrea

propriedade

da

própria

casa.

*Nomes

fictícios

pam preservar

aidentidade dos entrevistados

Gabriel Shlozawa

gabrielscoelho@gmail.com

MateusVargas

mateusbandeiravargaswgrnaít.com

ZERO,

maiode2014

Todososmoradores de

ocupações

receiam

expulsão

violenta.

Na

Palmares, diversos barracos

foram der­ rubados

pela

polícia.

Aúltima

ação

ocorreu na

segunda

de

Carnaval,

quando

pollctaís

militarescomsprayde

pi­

menta e baías de borracha derrubaram uma moradia. Moradores

reagiram

indo à Prefeitura e

conseguiram

umtermoque

impede

a entrada da

polícia.

Já a Contestado

surgiu

a

partir

da promessa decam­

panha

do

ex-prefeito

de São José

Djalma

Berger,

que,

em

2012,

autorizou 120 famílias a ocuparem terreno do bairro José Nitro em troca de votos.

Após

a derrota

nas urnas, as famílias receberam prazo de uma hora para retirarospertencesdascasaseforam

despejadas

pela

PM. Pela falsa promessa,

Berger

foi condenado

pela

Justiça

Eleitoral eestá

inelegível

por oitoanos. Os

desalojados

foram para um

ginásio

e, porfim, aoterre­

no que ocupam atualmente no bairro Serraria. A atual

gestão

garante

a

permanência

dos moradores no ter­

reno

enquanto

busca espaço para construir moradias.

A Amarildo é a de maior

repercussão-

De dezembro

a abril, 750famílias ocuparam o terreno à margem da SC-401. Osmoradoresforam transferidos para Maciam­

bu, em

Palhoça.

Tentaram ocupar outra

área,

no bair­

ro do RioVermelho, masforam

expulsos

em menosde 24h. Podem

seguir

paraCanoínhas. "Amesmasocieda­ de que atrai a

constução

civil

[função'

da maioria dos

ocupantes]

como área da economia que seria benéfica

à

cidade,

nega a forma da

profissão

se

reproduzir:

a

força

de trabalho.

É

das

contradições

mais terríveis. O

ganho

da

construção

civil é

privado,

oônus é do Es­

tado", diz Elson Pereira sobre a

reação

às

ocupações.

"O ideal para muitosseria queostrabalhadores existis­

sem durante as 8h de trabalho,

depois

evaporassem.

Só serve enquanto fornecedor de mão-de-obra. Como

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