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AVALIAÇÃO DA PRESENÇA DE OVOS DE HELMINTOS INTESTINAIS EM ÔNIBUS DO TRANSPORTE PÚBLICO DE CONTAGEM, MINAS GERAIS

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Academic year: 2021

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AVALIAÇÃO DA PRESENÇA DE OVOS DE HELMINTOS INTESTINAIS EM

ÔNIBUS DO TRANSPORTE PÚBLICO DE CONTAGEM, MINAS GERAIS

EVALUATION OF THE PRESENCE OF EGGS OF INTESTINAL HELMINTHS IN PUBLIC TRANSPORT BUSIS OF CONTAGEM, MINAS GERAIS

Tália Santana Machado de Assis Pós-doutorado em Saúde Pública Docente do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais taliamachado@contagem.cefetmg.br Isabela Cristina Menezes de Freitas Curso Técnico em Controle Ambiental bela.cmfreitas@gmail.com Fabiano Duarte Carvalho Doutorado em Entomologia Pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz no Instituto René Rachou (IRR-FIOCRUZ-MG) fabiano.carvalho@cpqrr.fiocruz.br

RESUMO

O objetivo geral deste estudo foi realizar levantamento parasitológico de ovos de helmintos em ônibus do sistema de transporte coletivo urbano do município de Contagem, Minas Gerais. A coleta de amostras foi realizada em 17 ônibus em maio de 2016. O interior de cada veículo foi dividido em sete locais de coleta, e esta foi realizada utilizando o método de Graham. Do total de ônibus analisados, constatou-se a contaminação por ovos de helmintos em 71% deles (12/17). Ovos de Oxyuridae foram os mais frequentes (9/18), seguido pelos ovos de Hymenolepis(5/18) e de Ascaris (4/18).

Palavras-chave: Helmintos, Saúde Pública, Educação em Saúde.

ABSTRACT

The objective of this study was to perform a parasitological survey of helminth eggs on buses of the urban collective transport system of the city of Contagem, Minas Gerais. The collection of samples was performed on 17 buses in May 2016. The interior of each vehicle was divided into seven collection sites, and this was done using Graham’s method. Of the total buses analyzed, contamination by helminth eggs was found in 71% of them (12/17). Oxyuridae eggs were the most frequent (9/18), followed by eggs of Hymenolepis (5/18) and Ascaris (4/18).

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INTRODUÇÃO

As doenças tropicais negligenciadas (DTN) afetam mais de um bilhão de pessoas em 149 países e constituem causa importante de morbimortalidade. Estas contribuem significativamente para a perpetuação do ciclo de pobreza e desigualdade observado na maioria dos países endêmicos (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2017). No Brasil, as helmintíases intestinais destacam-se como as mais comuns DTN. Estas são causadas por uma grande variedade de parasitos, sendo os mais frequentes aqueles pertencentes aos gêneros: Ascaris, Trichuris, Ancylostoma e Shistosoma (HOTEZ; FUJIWARA, 2014). No geral, os modos de ocorrência e a frequência com que parasitoses são encontradas em determinadas localidades dependem de interações complexas entre hospedeiros, parasitas e ambiente. Entretanto, sabe-se que indivíduos vivendo em condições precárias de saneamento básico são os mais propensos à aquisição de parasitoses (CAMPOS DE ANDRADE et al., 2010). A maneira como os helmintos se disseminam no ambiente é fator determinante de criação e manutenção dos focos endêmicos e deve ser investigada. Neste contexto, os ônibus representam espaços físicos com alto potencial para a transmissão destes agentes patogênicos, pois são lugares onde os passageiros estão em constante e múltiplo contato com suas partes.

OBJETIVO

O objetivo do presente estudo foi realizar um levantamento parasitológico de ovos de helmintos em ônibus do sistema de transporte coletivo urbano de Contagem, Minas Gerais.

REFERÊNCIAL TEÓRICO

A presença de ovos de helmintos já foi descrita em moedas e cédulas de dinheiro (SUDRÉ et al., 2012), vegetais vendidos em feiras (FREITAS et al., 2004), chupetas de crianças (PEDROSO & SIQUEIRA, 1997), sanitários (COELHO et al., 1999) e caixas de areia (ARAUJO et al., 2008). Além destes, a presença de ovos de helmintos também tem sido descrita em ônibus do transporte público de cidades brasileiras, tal como, Belo Horizonte (MURTA & MASSARA, 2009) e Uberlândia (BORGES et al., 2009), no estado de Minas Gerais; Curitiba (RODRIGUES et al., 2006) e Cascavel (GARCIA DOS SANTOS, 2015), no estado do Paraná.

METODOLOGIA

O município de Contagem possui 653.800 habitantes, representando a terceira maior população do estado de Minas Gerais. Cinquenta linhas de ônibus percorrem o município, ligando diversos pontos e incluindo linhas que fazem integração com a linha do metrô de Belo Horizonte, na Estação Eldorado. Estima-se que por esta estação passam 40 mil pessoas diariamente (PREFEITURA MUNICIPAL DE CONTAGEM, 2015).

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ônibus. A coleta foi realizada pelos pesquisadores e acompanhada por um funcionário da Transcon em maio de 2016, em uma das garagens da empresa, no período da tarde, momento em que os veículos já haviam transportado um grande número de pessoas. O processo de amostragem foi aleatório, com a inclusão dos veículos à medida que o funcionário da empresa autorizava.

O interior de cada veículo foi dividido em sete locais de coleta (corrimão superior, corrimão de bancos, corrimão da porta de embarque, hastes verticais, roleta, mesa do cobrador e bancos), levando em consideração a metodologia descrita por Murta e Massara (2009). A coleta do material foi realizada utilizando o método de Graham (1941), uma técnica que consiste em colar uma fita adesiva transparente de 6 cm por cinco ou seis vezes sobre o local de coleta e, posteriormente, fixá-la longitudinalmente sobre uma lâmina de vidro devidamente identificada.

RESULTADOS

No total, 119 lâminas foram examinadas em microscopia óptica e os ovos identificados e contados com aumento de 100x e confirmação em 400x. Dos 17 ônibus analisados, constatou-se a contaminação por ovos de helmintos em 12 deles (71%), sendo que, alguns estavam contaminados por mais de uma espécie de helminto e das 119 lâminas analisadas, 18 apresentaram-se positivas (15,1%). Ovos de Oxyuridae, provavelmente Enterobius vermiculares foram os mais frequentes (9/18 ovos observados), seguido pelos ovos de Hymenolepis (5/18 ovos observados) e de Ascaris (4/18 ovos observados). O corrimão dos bancos foi o que apresentou maior taxa de positividade (5/18 ovos), seguido pelas hastes verticais, corrimão superior e bancos, com 4/18 ovos cada. Outras estruturas observadas foram células epiteliais, materiais de origem de plantas, partes de insetos, detritos e outros ovos não identificados (Tabela 1).

Tabela 1 - Número de ovos de helmintos identificados por local de coleta no interior de ônibus de Con-tagem, Minas Gerais, 2017.

Áreas de coleta Tipo e quantidade de ovos identificados

Hymenolepis Ascaris Oxyuridae Total

Corrimão superior 0 1 3 4

Corrimãos de bancos 0 0 0 0

Suporte de porta de embarque 2 2 1 5

Hastes verticais 1 0 3 4

Roleta 0 0 0 0

Mesa do trocador 1 0 0 1

Bancos 1 1 2 4

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DISCUSSÃO

Considerando a presença de ovos de helmintos em ônibus, os resultados do presente estudo corroboram aos resultados de Murta & Massara (2009) em Belo Horizonte, Minas Gerais, onde foi observada positividade de 17,3% (ovos de Hymenolepis sp., Oxyuridae e Ascaridae) em 330 lâminas analisadas; aos resultados de Borges et al. (2009) em Uberlândia, Minas Gerais, onde foi observada positividade de 18,7% (ovos de E. vermiculares) em 16 diferentes linhas de ônibus pesquisadas; aos resultados de Rodrigues et al.(2006) que observaram presença de Taenia sp., S. mansoni e larva de nematódeo em ônibus de Curitiba, Paraná e aos resultados de Garcia dos Santos (2013) em Cascavel, também no Paraná, onde foi observada positividade de 16,3% (ovos de Ascaris lumbricoides) em 208 lâminas analisadas. Apesar dos estudos mencionados acima, os resultados observados discordam daqueles relatados por Gomes et al. (2016), em Patos de Minas, Minas Gerais, onde não foram observados helmintos em 300 amostras analisadas. Os autores ressaltaram que o fato de não ter sido detectado nenhum ovo de helminto pode estar relacionado à limpeza diária dos veículos realizada pela empresa de transporte, aliado às boas condições de saneamento básico disponível à população. Apesar disso, neste estudo, foram relatadas quatro amostras contaminadas por cistos do protozoário Giardialamblia.

CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo mostra que transportes coletivos também podem atuar como reservatórios de ovos de helmintos e as pessoas que utilizam este serviço constituem grupo de risco para a aquisição destas parasitoses nestes ambientes. Estes resultados apontam para a necessidade de limpeza mais intensa e adequada dos veículos. Além disso, sugere-se a disponibilização de álcool em gel nas estações e cartazes educativos com informações sobre higienização pessoal, saúde coletiva e saneamento básico.

REFERÊNCIAS

ARAUJO, N.S.; RODRIGUES, C.T.; CURY, M.C.; Helmintos em caixas de areia em creches da cidade de Uberlândia, Minas Gerais. Revista Saúde Pública, 2008, 42(1): p. 150-153.

BORGES, C.A.; COSTA-CRUZ, J.M.; PAULA, F.M.; Intestinal parasites inside public restrooms and busis from the city of Uberlândia, Minas Gerais, Brazil. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, 2009, 51(4): p. 223-225.

CAMPOS DE ANDRADE, E; LEITE, I.C.G.; RODRIGUES, V.O.; CESCA, M.G.; Parasitoses intestinais: uma revisão sobre seus aspectos sociais, epidemiológicos, clínicos e terapêuticos. Revista da Atenção Primária a Saúde, 2010, 13(2): p. 231-240.

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FREITAS, A.A.; KWIATKOWSKI, A; NUNES, S.C.; SIMONELLI, S.M.; SANGIONI, L.A.; Avaliação parasitológica de alfaces (Lactuca sativa) comercializadas em freiras livres e supermercados do município de Campo Mourão, Estado do Paraná. Acta Scientiarum Biological Sciensis, 2004, 26(4): p. 381-384.

GOMES, T.M.; ROSA DA SILVA, J.O.; AFONSO-CARDOSO, S.R.; Pesquisa de enteroparasitas em meios de transporte público urbano da cidade de Patos de Minas-MG. Psicologia e saúde em debate, 2016, 2(1): p. 74-99.

GRAHAM, C.F. A device for the diagnosis of Enterobius infection. American journal tropical medicine, 1941, 21(1): p. 159-161.

HOTEZ, P.J; FUJIWARA, R.T; Brazil’s neglected tropical diseases: an overview and a report card. MicrobesInfect, 2014; 16(8): p. 601-606.

MILENA GARCIA DOS SANTOS. Parasitos em transportes coletivos urbanos da cidade de Cascavel, Paraná. Faculdade Assis Gurgacz, Cascavel, 2015.

MURTA, F.L.; MASSARA, C.L. Presença de ovos de helmintos intestinais em ônibus do transporte público em Belo Horizonte - Minas Gerais, Brasil. Revista de Patologia Tropical, 2009, 38(3): p. 207-212.

PEDROSO, R.S.; SIQUEIRA, R.V. Pesquisa de cistos de protozoários, larvas e ovos de helmintos em chupetas. Journal Pediatry, 1997, 73(1): p. 21-25.

PREFEITURA DE CONTAGEM, 2015. Disponível em: http://www.contagem.mg.gov.br/. Acesso em 15 Set. 2015.

RODRIGUES, A.P.C.; NISHI, C.Y.M.; GUIMARÃES, A.T.B. Levantamento de bactérias, fungos e formas de resistência de parasitos em duas rotas de ônibus do transporte coletivo de Curitiba, Paraná. RUBS, 2006; 2(2): p. 24-31.

SUDRÉ, A.P.; FRANCO, B.O.P.; ZANIBONI, B.; GONÇALVES, D.S.; SANTOS, F.L.A.A.; BRANCO, L.G. et al. Estudo da contaminação de moedas e cédulas de dinheiro circulantes na cidade de Niterói-RJ. Revista de Patologia Tropical, 2012, 41(4): p. 465-470.

WORLD HEALTH ORGANIZATION - WHO. Disponível em: http://www.who.int/tdr/diseases-topics/

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