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Classificação de Risco: superando o desafio da superlotação em uma emergência geral, por meio de uma ferramenta de gestão

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

Maria de Lourdes de Sá

Classificação de Risco: superando o desafio da superlotação em uma emergência geral, por meio de uma ferramenta de gestão.

FLORIANÓPOLIS (SC) 2014

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Maria de Lourdes de Sá

Classificação de Risco: superando o desafio da superlotação em uma emergência geral, por meio de uma ferramenta de gestão.

FLORIANÓPOLIS (SC) 2014

FOLHA DE APROVAÇÃO Monografia apresentada ao Curso de Especialização

em Linhas de Cuidado em Enfermagem – Urgência e Emergência do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista.

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O trabalho intitulado Classificação de risco de autoria do aluno Maria de Lourdes de Sá foi examinado e avaliado pela banca avaliadora, sendo considerado APROVADO no Curso de Especialização em Linhas de Cuidado em Enfermagem – Área Urgência e Emergência.

_____________________________________ Profa. Dra. Grace T M Dal Sasso

Orientadora da Monografia

_____________________________________ Profa. Dra. Vânia Marli Schubert Backes

Coordenadora do Curso

_____________________________________ Profa. Dra. Flávia Regina Souza Ramos

Coordenadora de Monografia

FLORIANÓPOLIS (SC) 2014

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1 INTRODUÇÃO... 01 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA... 03 3 MÉTODO... 07 4 RESULTADO E ANÁLISE... 10 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 14 REFERÊNCIAS... 15 RESUMO

Este trabalho refere-se ao relato de experiência da prática assistencial com a equipe de enfermagem, que atua na Classificação de Risco na emergência de trauma em um hospital geral, de alta complexidade, no Município de Recife, PE. O foco da proposta é apresentar e discutir as intervenções voltadas para solucionar e superar o desafio da superlotação na emergência por meio

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da classificação de risco, como ferramenta de gestão, utilizando o Sistema de Triagem Manchester para as queixas das pessoas acolhidas, pela escuta qualificada visando identificar os que necessitam de atendimento médico mediato e imediato e, possibilitar desta forma, a construção de fluxos de atendimentos ordenados por níveis de complexidade. Fizeram parte deste relato de experiência, quarenta e dois (42) enfermeiros, sendo vinte e seis (26) com certificação e entre estes, seis (06) possuem o curso de auditoria. O estudo caracterizou-se por um relato de experiência das principais intervenções voltadas para superar o desafio da superlotação na emergência por meio da classificação de risco, como ferramenta de gestão. Dos resultados mais relevantes, observou-se que o problema da superlotação vai desde o atendimento inicial até o mais agravante como a ambiência, a redução de especialistas - neurocirurgiões, tempo de espera e o fluxo interno. Os resultados obtidos indicam que a superlotação é um problema grave de saúde pública, e necessita de políticas de saúde de gestão da clínica que atuem de forma integrada nas linhas de atenção na rede de saúde através de arranjos, dispositivos e outras ferramentas que conectadas possam intervir como estratégias de ações que facilitem a redução do excesso de pessoas no serviço de emergência.

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1 INTRODUÇÃO

Na última década, os serviços de urgência e emergência têm sido uma das portas de entrada ao sistema de saúde, é por ela que passa os mais variados tipos de pessoas com os mais diversos tipos de patologia; com isso, houve uma redução importante do número de leitos hospitalares e aumento da expectativa de vida da população (com o aumento da inclinação ao desenvolvimento e agudização de doenças crônicas). As intervenções que influenciam positivamente no principal indicador, o tempo de permanência, apontam para melhoria do fluxo de saída das pessoas do serviço de emergência hospitalar- SEH através do desempenho organizacional (BITTENCOURT, 2009). Entre as áreas de produção do cuidado no hospital, o serviço de emergência se destaca como espaço particularmente importante e complexo. A demanda maior do que a capacidade de atendimento evidencia um cenário nacional e internacional de constante superlotação. O conhecimento das características da população que frequenta um serviço de emergência constitui ferramenta de planejamento de ações em saúde (OMAN, 2006).

A superlotação das emergências nos hospitais públicos brasileiros tem trazido preocupação crescente entre médicos, equipes de enfermagem, gestores e administradores. Nesse contexto, inúmeras medidas têm sido adotadas para minimizar os riscos para as pessoas que esperam pelo atendimento médico, entre elas a classificação de risco, uma das importantes ferramentas de gestão. No intuito de promover uma assistência humanizada, otimizar o tempo de espera, priorizar alguns casos de acordo com sua gravidade e ainda garantir atendimento a todas as pessoas que procuram o serviço, foi observado a necessidade e a importância da implantação desta ferramenta nesta emergência, obedecendo critérios e determinação do Ministério da Saúde. À frente do serviço de emergência estão os enfermeiros e a sua equipe na porta de entrada, sendo estes que realizam o primeiro atendimento hospitalar, na classificação de risco pelo Protocolo de Triagem de Manchester (JONES, et. al.2005).

Nessa perspectiva, justifica-se que, com a crescente demanda pela procura destes serviços, observou-se um enorme fluxo de circulação desordenada dos usuários nas portas das emergências, tornando-se necessário a reorganização do processo de trabalho de forma a atender os diferentes graus de especificidade e resolutividade na assistência realizada aos agravos agudos afim que, a assistência prestada fosse de acordo com diferentes graus de necessidades de sofrimento e não mais

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impessoal e por ordem de chegada (MENDES, 2011). A área de emergência, nesta lógica, foi pensada também por nível de complexidade, desta forma otimizando recursos tecnológicos e força de trabalho das equipes, atendendo ao usuário segundo sua necessidade específica. Este projeto de intervenção, além de seu impacto enquanto contribuição para a população por garantir as prioridades no atendimento pelo risco de gravidade, também contribuirá para a comunidade científica e servirá de estratégias para melhoria do atendimento nas emergências. È preciso criar novas formas de agir em saúde que levem a uma atenção resolutiva, humanizada e acolhedora a partir da inserção dos serviços de urgência na rede local (ANZILIENO,2011).

Portanto, o interesse deste relato de experiência, teve como foco principal apresentar e discutir as intervenções voltadas para solucionar o problema da superlotação do SEH, percebendo esse fenômeno como evidência, dentre outras, de baixa efetividade organizacional, tendo a classificação de risco como uma das ferramentas de grande relevância para melhorar as condições de trabalho na área da saúde, reduzir o problema, satisfazer as pessoas no atendimento e melhorar a sua qualidade de vida.

OBJETIVO:

GERAL:

Refletir e descrever por meio da classificação de risco como ferramenta de gestão, para diminuir a superlotação nos serviços de emergência e apontar caminhos para a sua implementação na Linha de Cuidado para a Rede de atenção às Urgências e Emergências.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Saúde é um direito humano, importante para o desenvolvimento, sendo pré-requisito a uma boa governabilidade, para estabilidade social e sustentabilidade, e considerada por muitos governos um bem público, além de estar na agenda do desenvolvimento. Os sistemas de saúde têm vários desafios a serem enfrentados, operacionais, estruturais e de gestão para garantir a proteção de todos, diminuírem as iniquidades e melhorar o acesso, sendo o nosso maior desafio às superlotações das emergências (GARLET, 2007).

Um sistema de saúde precisa cuidar das pessoas para que não adoeçam e não apenas cuidar das doenças. Foram organizados ao longo do tempo para atender as condições agudas, porém se vive uma nova realidade tanto do ponto de vista epidemiológico, quanto demográfico. Essa nova realidade se configura em uma nova situação de saúde, da tripla carga de doença (condições crônicas e agudas, e os eventos agudos causados pela violência interpessoal e os acidentes, principalmente de trânsito), com predomínio das condições crônicas, contudo o modelo de atenção permanece voltado para atender as condições agudas. (GIGLIO, 2009).

Os fatores contigenciais, as mudanças de estilo de vida das pessoas, o aumento de expectativas de vida, a urbanização, a diminuição das taxas de fecundidade tem ocorrido de uma forma acelerada, enquanto as respostas necessárias do sistema de saúde têm sido muito lentas para dar conta de todo processo. Isso exige uma mudança profunda no sistema de saúde, mudança do ponto de vista de organização dos serviços e do modelo de atuação. Portanto, apenas um governo com uma concepção de um estado que esteja a serviço do cidadão, atento aos seus interesses e às suas necessidades, organizado visando promover o bem estar e a justiça social, poderá levar a saúde ao século XXI (GIGLIO, 2009).

A superlotação em serviços de emergência é um fenômeno contemporâneo global, com causas e consequências impactando fortemente sobre a gestão clínica e a qualidade assistencial. (CALL, 2007). As evidências sugerem que esta superlotação pode causar retardo no atendimento de pessoas com doenças agudas e aumentar a mortalidade, bem como, representar uma ameaça aos direitos humanos tanto dos usuários quanto dos trabalhadores (AZEVEDO, 2007). Ainda, encontramos nos dias atuais, filas de pacientes aguardando atendimento, e as macas nos corredores dos pronto-socorros são constantemente denunciados nos meios de comunicação de

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massa, onde são evidenciados a real situação dos serviços de urgências públicas do país. Problemas socioeconômicos e de financiamento público somados ao elevado crescimento populacional e a alta demanda de vítimas na rede de urgências dos SUS tem ocasionado superlotação nas emergências, levando os governantes a tomar medidas para tentar minimizar o sofrimento da população. A alta demanda de pacientes em relação á oferta dos serviços de emergências no país, vem a cada dia, acrescentar à gestão novos mecanismos, decisões, ações e pactos que permitam garantir um atendimento hospitalar público mais eficaz, resolutivo, seguro, que proporcione uma assistência à saúde integral como está escrito na Constituição Federal de 1988 no que refere a Lei Orgânica da Saúde 8080 de 19 de Setembro de 1990. O acesso aos serviços de emergências deve estar baseados nos princípios e diretrizes do SUS: Equidade, Integralidade, Descentralização e Universalização do Acesso (M.S,2011).

Portanto, devemos rever processos, condutas, protocolos, fluxos assistenciais com plano de ação baseados nos nós críticos, utilizando assim as linhas de cuidado que aprimoram a gestão da clínica. O KANBAN (registro ou placa visível) como instrumento de monitorização, visa organizar e qualificar o gerenciamento dos serviços de saúde através do controle da permanência hospitalar (M.S, 2012).

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Por outro lado a classificação de risco constitui o acolhimento inicial humanizado, estratificado pela complexidade do agravo a saúde organizando o acesso e promovendo uma escuta qualificada das pessoas. A transferência do cuidado desde a admissão até o acolhimento, avaliando e valorizando as suas queixas priorizando os atendimentos por complexidade em tempo pré-determinado proporcionando maior resolutividade e resposta médica imediata para os casos mais graves, com risco de vida iminente (LOPES, 2011).

Oferecer acesso aos usuários com qualidade implica na necessidade de formular uma estratégia de trabalho que possibilite a resolução destes problemas, capacitando os profissionais e reorganizando o fluxo de acesso ao atendimento das portas de entrada do sistema de saúde para que não se comprometa a capacidade de atendimento dos serviços, readequando o processo de trabalho da equipe multiprofissional, com uso de ferramentas, como protocolos institucionais e linhas de cuidados específicos somados a um novo modelo da atenção á saúde baseado na atenção domiciliar, no melhor em casa, na clínica ampliada, no matriciamento e no projeto

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terapêutico singular que visam portanto, minimizar problemas hoje vivenciados nas grandes emergências do nosso país (PORTER, 2009).

Nessa linha, o Ministério da Saúde passou a elaborar políticas públicas para reorganizar a assistência das unidades de saúde em todos os níveis, buscando atender as reais necessidades da população. Destaca-se nesse plano no Programa SOS Emergência as: Política Nacional de Qualificação do SUS ( QualiSUS), a Política Nacional de Humanização (PNH) e a Política Nacional de Atenção à Urgência (CHRISTENSEN, 2009). A PNH cuja criação tem foco nos problemas e conflitos existentes nos pronto-socorros dos grandes hospitais, tem diversas ferramentas chaves para melhoria e apoio ao SOS como: o Acolhimento e Classificação de Risco, a Gestão Colegiada e Participativa, a Educação Permanente entre outros igualmente potentes, tendo como proposta produzir um diagnóstico sobre acolhimento nesses hospitais e, a partir dele, buscar estratégias para construir um plano de ação que fortaleça o trabalho do SOS Emergência e melhore o acesso dos usuários(M.S, 2004).

A Classificação de Risco é um instrumento que hierarquiza a prioridade do atendimento não sendo assim diagnosticado a doença ou exclusivo estratificador. Os agravos á saúde, o grau de sofrimento, o potencial de risco são identificados no paciente usando o processo de escuta qualificada, inspeção e mensuração dos sinais de riscos á vida como a obstrução das vias aéreas, choque, entre outros. Portanto o processo é decisório e baseado em protocolo que quando julgado pelo profissional experiente, analisa as queixas do paciente, classifica, estratifica e priorizando o tempo para atendimento médico, em cores pré-determinadas, avaliando assim o risco a saúde do paciente. Esse processo deve ser realizado pelo profissional de saúde de nível superior, preferencialmente o enfermeiro mediante treinamento específico e utilização de protocolos pré-estabelecidos e tem por objetivos avaliar a grande urgência das queixas das pessoas para o atendimento.Tendo como missões: Humanizar o atendimento; Garantir um atendimento rápido e efetivo; Acolher o paciente garantindo o acesso aos serviços de urgência e emergência. (NASCIMENTO, 2011).

Todas as pessoas serão acolhidas, classificadas e encaminhadas para o atendimento. Ao chegar á classificação de risco será preenchido um formulário com os dados da pessoa, nome,

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idade, endereço, histórico da doença atual, inspecionando e mensurando sinais de alerta tais como choque, obstrução de vias aéreas, régua de dor, pulso, escala de Glasgow, entre outros.O classificador irá usar um fluxograma de acordo com a história da doença atual utilizando um discriminador onde será permitido assim avaliar o tempo de espera para o atendimento

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3 MÉTODO

Trata-se de um relato de experiência da prática assistencial com as equipes de enfermagem que atuam na classificação de risco na emergência de trauma em um hospital geral, na cidade do Recife, estado de Pernambuco. Sendo uma entidade pública, de alta complexidade, Norte/Nordeste, 100% SUS, atendendo aos politraumatizados admitidos no serviço de referência em traumato-ortopedia, buco-maxilo, neurocirurgia, cirurgia geral, cirurgia vascular, queimaduras. Atendendo diariamente na classificação de risco oitenta (80) pessoas, que v êm encaminhadas da área de abrangência e região do interior, referenciado pela central de

regulação

do estado, e outros sem encaminhamento por demanda espontânea, trazidos pelo

Bombeiro, Polícia Militar, Policlínicas, UPA, SAMUR, Atenção Básica (UBS, ESF) e familiares. A capacidade instalada na emergência do trauma é de cento e quarenta (140) leitos, distribuídos nas áreas vermelha, laranja, amarela e verde na triagem, ficando com excesso de pessoas, que são admitidas e não conseguem leitos nas salas e necessitam de cuidados. Estes fatores geram superlotação no serviço de emergência. A população de estudo foi composta de quarenta e dois (42) enfermeiros, sendo vinte e seis (26) com certificação, destes, seis (06) são auditores, com uma jornada de trabalho diferenciada de 12/60, 12/36, plantões diurno e noturno, sendo funcionários efetivos, contratados e outros sem vínculo com a instituição.

Este relato de experiência corresponde ao período de Setembro a Abril de 2014.

O estudo se deu conforme as seguintes etapas:

ETAPA I. Identificação dos problemas da realidade local da emergência, desde a porta de entrada com a classificação de risco, através do protocolo de atendimento e do fluxo externo e interno. (Observação da realidade – Problema)

ETAPA II. Relacionar as informações prévias junto com os enfermeiros e refletir sobre as causas e determinantes, os pontos essenciais do problema em um círculo de conversa. (Identificação dos Pontos-Chaves)

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ETAPA III. Compreender as manifestações empíricas e os princípios teóricos do problema, através de conhecimentos científicos e informações fundamentais, realizando Capacitação Pedagógica. (Teorização)

ETAPA IV. Análise da viabilidade de aplicação das soluções estudadas para os problemas identificados, através da formação de grupo utilizando a educação em saúde. (Formulação de Hipóteses de Solução)

ETAPA V. Elaboração de estratégias eficazes de ações motivadoras para colocar na prática assistencial as soluções mais viáveis do projeto em estudo. (Aplicação da Realidade-Prática)

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4. RESULTADO E ANÁLISE

A experiência do trabalho na Emergência permitiu apontar conforme segue as principais causas da superlotação na emergência bem como, estabelecer as estratégias de implementação do sistema de triagem de Manchester como ferramenta de gestão para a Rede de Atenção às urgências e emergências.

A partir das 5 etapas propostas na metodologia, elaborou-se um quadro de planejamento das ações e responsáveis pelas mesmas, visando incorporar por meio de atividades educativas o Sistema de Classificação de Risco pela triagem de Manchester. Quadro I

Quadro I: Plano de ações e responsáveis para a Unidade de Emergência de trauma em um hospital geral, Recife, 2014.

AÇÕES RESPONSÁVEL

-Reforçar as orientações sobre classificação de risco X superlotação na emergência, para um atendimento acolhedor e humanizado;

-Coordenador -Enfermeiro

-Supervisor de Enfermagem -Identificar o recorte de realidade a ser

observado, elencando o problema, definindo critério para resolvê-lo;

-Enfermeiro -Supervisor de Enfermagem -Intensificar as ações educativas através de

atividades grupais, sobre os fatores associados do problema e possíveis determinantes sobre o tema abordado, elegendo os pontos- chaves;

-Enfermeiro -Supervisor de Enfermagem

-Criar estratégias de educação em saúde, afim de realizar ações para melhor priorizar e reorganizar o fluxo do serviço, reduzindo a superlotação;

-Enfermeiro

-Supervisor de Enfermagem

-Encaminhar para gestão a produção elaborada, para apreciação e aplicabilidade.

-Coordenador -Enfermeiro

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Após este conjunto de ações desenvolvidas, foi possível identificar os principais desafios e causas da superlotação na Unidade de emergência que são relatados conforme segue.

Os principais desafios na atenção às emergências no SUS relacionados á superlotação nestas unidades, são: a forma de acesso sem avaliação do risco/gravidade, o grande tempo de espera para atendimento e cirurgias, a falta de equipes qualificadas, a falta de médicos diaristas e especialistas, o insuficiente sistema de gestão e monitoramento, a falta de equipamentos e materiais para a assistência, a área física inadequada, a baixa integração com o sistema de saúde, com falta de leitos de retaguarda para a emergência, ausência normas, fluxos e rotinas estabelecidas, necessidades de capacitação, o déficit de recursos humanos, precarização de vínculo empregatício, jornada de trabalho excessiva, classificação de risco não adequado ao protocolo, realizado de forma incorreta tanto externo como os classificadores internos. Ainda, os internos, a maioria com dificuldade de realizar a reclassificação, enfermeiros sem o certificado por não ter sido aprovado no curso e outros por não terem tido oportunidade de fazê-lo, são os grandes desafios para melhoria da qualidade de atenção aos pacientes.

Outras causas relacionadas à superlotação nas emergências, são o atendimento a pacientes com problemas ambulatoriais; amigos e conhecidos dos médicos que entram sem passar na classificação e a falência da rede básica como determinante da superlotação. Em Recife existe os postos de saúde, as policlínicas, as UPA abertos 24 horas. A abrangência da origem geográfica das pessoas, a insuficiência da estrutura do hospital regional e problemas sociais.

Aparecem como causas isoladas o desenvolvimento da população sobre a missão da enfermagem e a confiança da população no hospital, a falta de divulgação da missão dos hospitais. Houve também referência de má gestão do SUS aos hospitais privados conveniados, e insuficiência de pagamento como causa da superlotação.

Chamou a atenção, como outra causa, a referência ao problema de gestão interna no hospital, onde existe leitos vagos e tempo de internação muito longo. Em relação à classificação de risco, observa-se uma inevitável resistência por parte dos profissionais que atuam no serviço de emergência e capacitação dos enfermeiros que realizam a recepção, acolhimento e classificação (RAC). Observa-se também que a satisfação do usuário está relacionada com as

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características facilitadoras do atendimento e qualidade do serviço prestado. Evidenciou-se que importantes mudanças aconteceram com a implantação da classificação de risco, priorizando as pessoas mais graves, diminuindo a superlotação e conferindo maior segurança, estabilidade e controle da situação para o enfermeiro.

Uma revisão da literatura sobre os fatores que contribuem para a superlotação, concluiu que o aumento do tempo de permanência no serviço de emergência hospitalar é o principal marcador da superlotação; a falta de leitos para internação a principal causa; e o atraso no diagnóstico e tratamento, a principal consequência, levando ao aumento da mortalidade

(SÁ, 2005).

De acordo com BITTENCOURT, et. al. (2009), são os seguintes indicadores de superlotação no sistema de emergência hospitalar: -100% de ocupação dos leitos; - pacientes nos corredores por causa da falta de leitos disponíveis; Sala de espera para consulta médica lotada; -Equipe do SEH encontra-se subjetivamente no limite da exaustão; - Não recebimento de ambulâncias em razão da saturação operacional; - Mais de uma hora de espera para o atendimento médico.

Considera-se que o enfermeiro é o profissional qualificado para realizar a classificação de risco na porta de entrada da emergência (externa) e interna junto com a equipe médica que faz o atendimento e a triagem final, desde que obedeça rigorosamente o protocolo de Manchester e os critérios de referencia para o atendimento neste serviço, como também, a entrada será com encaminhamento e senha da central de regulação de leito do estado, com exceção de demanda espontânea e as pessoas de acidentes na rua, trazidos pelo bombeiro, policia militar, familiares, SAMUR e outros.

BRASIL, (2001), refere que o trabalho de equipe divide-se entre atendimento aos casos com potencial de risco à vida, assistência às pessoas na sala de observação e atenção aos com demandas não urgentes Às pessoas que antes chegavam a um serviço e aguardavam seu atendimento por ordem de chegada, atualmente, por meio da utilização do acolhimento com avaliação e classificação de risco, passaram a ser avaliadas e classificadas dentro de parâmetros técnicos que irão definir a necessidade de atendimento desse usuário e a globalidade que este atendimento terá, considerando o quadro apresentado no momento da avaliação. Desta maneira, se exerce uma análise com relação às necessidades das pessoas e das melhorias que devem ser realizadas para que o tempo de atendimento seja rápido e a espera seja curta. A classificação de

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risco visa identificar a situação do paciente para determinar a melhor forma de tratá-lo, esse tratamento deve ser realizada em curto prazo quando a saúde do paciente estiver em risco.

A equipe de enfermagem da emergência entende que a classificação de risco, é uma estratégia para harmonizar a assistência, tornando o atendimento de acordo com diferentes graus de necessidade e não impessoal ou por ordem de chegada. Foi observada a importância de considerar habilidade para o profissional de enfermagem que realiza a classificação de risco como: compreensão, discrição, agilidade, comunicação, paciência e ética.

Atualmente, a emergência local de experiência relatado neste estudo, está funcionando de forma mais adequada, principalmente após a implantação do Programa de Humanização, o Acolhimento com Classificação de Risco e da gestão de Leitos pelo KANBAN, do Núcleo de Assistência da Qualidade Hospitalar – NAQH, do Núcleo interno de Regulação- NIR. Por meio destas ferramentas de gestão, os funcionários e a equipe de enfermagem conseguem visualizar facilmente as pessoas que se encontram internados por mais de 24 horas e à partir daí, começar a trabalhar os motivos que entravam a saída deles da emergência.

O NIR tem a função de transferir as pessoas para dentro do hospital, nas enfermarias e extramuros aos hospitais de convênios, são os leitos de retaguarda, como também facilitar com maior rapidez os exames de diagnósticos, radiológicos, laboratórios, hemotransfusão e os de alta complexidade, como: tomografia computadorizada, ressonância magnética, angiografia, embolização, ultrassonografia e outros no próprio hospital.

O NAQH por sua vez, fornece o suporte para monitorizar estes indicadores, ajudando a gestão da clínica e integrando os programas na atenção básica, tais como: Melhor em Casa, o Projeto Terapêutico Singular, a Referência e Contra referência, adequando o serviço nas linhas de cuidado na rede de atenção à saúde na atenção integral e com isso estamos aos poucos vencendo o nosso grande desafio a diminuição da superlotação nas emergências, em breve conseguiremos eliminar esta demanda. Isto também, só aconteceu devido a reforma, ampliação da emergência inaugurada na segunda quinzena de Abril/2014, com ajuda financeira do programa SOS Emergência do Ministério da Saúde, dando um salto de qualidade na assistência com aquisição das salas vermelha, laranja, amarela, verde na triagem,com uma central de diagnóstico, diminuindo custo com exames de alta complexidade,aumento do número de leitos de UTI, aumento do número de enfermeiros e outros profissionais de saúde com plantões extras com

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custos elevados para instituição, aumento da produtividade dos servidores como incentivo de valorização ao trabalhador.

Ainda temos como entrave, o tempo de atendimento médico é demorado, não obedece o critério que se encontra no protocolo, justamente pelo excesso de paciente que são admitidos.O plantão noturno é o mais agravante, por não funcionar de forma adequada a humanização , o acolhimento e recursos humanos insuficiente.

Portanto, toda pessoa que chega ao serviço com encaminhamento e senha da central de regulação são classificados e admitidos; os que chegam sem senha são avaliados e os que obedecem os critérios do protocolo e fluxo de atendimento, e sendo perfil desta emergência entram, e os outros são encaminhados para UPA, Policlinica 24hs, Atenção Básica ( USF, ESF), para isso temos a Central de Transporte que disponibiliza uma ambulância para o setor da classificação 24hs para atender e levar estas pessoas para o serviço de referência. No início do plantão telefonamos para referência para garantir o atendimento, sabendo se tem médico de plantão e as especialidades. O primeiro atendimento interno é realizado pelo Cirurgião Geral, solicitado todos os exames, e encaminhados após os exames para os especialistas. A superlotação acontece muito mais pelos neurocirurgiões que são poucos e o número de atendimento maior são pelos acidentes de moto e de carro, os politraumatizados, principalmente no plantão noturno que realizam as cirurgias de urgência, ficando as pessoas admitidas aguardando atendimento após término da cirurgia, para serem avaliados e reavaliados.

Portanto, ressalta-se a necessidade de estratégias de ações importantes e motivadoras que levem entre várias: a uma Capacitação Pedagógica dos enfermeiros que atuam na Classificação de Risco interna e externa, para atuarem em conformidade com o Protocolo de Manchester, a elaboração de fluxos de atendimento interno e externo ordenados por níveis de complexidade, para que as pessoas tenham maior satisfação no atendimento do SEH, compreenderem quando são bem acolhidos e/ou são transferidos, e tendo um atendimento integral, ágil, priorizando seu atendimento e classificando os usuários de acordo com o risco de agravo na saúde.

O resultado da avaliação, é realizado por meio de relatório que é discutido e avaliado na reunião mensal que acontece com a equipe e o relatório final com o grande grupo, incluindo os gestores e entregue para apreciação e aplicabilidade do projeto.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O grande desafio atual das instituições de saúde é o entendimento de que o ambiente hospitalar necessita ser analisado sob a perspectiva de um sistema seguro, e não somente composto de estrutura, processos ou pessoas de forma desarticulada com o resultado produzido na instituição.

Para superar os principais desafios nas portas das emergências e na superlotação das mesmas, se faz necessária uma maior articulação e comunicação da rede, mudanças do modelo onde o hospital é o centro da atenção à saúde, direcionar a atenção para o modelo preventivo e não curativo, implementar o cuidado pautado no modelo da linha de cuidado, uso de protocolos clínicos, assistenciais e administrativos, trabalho interdisciplinar efetivo, acolhimento e classificação de riscos, qualificação dos profissionais, sistema de articulação com a rede bem articulado voltado para a realidade local, gestão dos leitos com escore e critérios de priorização das pessoas para as transferências, reuniões clínicas multidisciplinar e um programa de desospitalização bem articulado, responsável e eficiente. Há uma necessidade de políticas públicas articuladas com intervenções mais efetivas já que as vigentes definem a configuração dos territórios sanitários com suas redes hierarquizadas e solitárias.

Precisamos conhecer as ferramentas de gestão de forma ampliada que possibilitem a existência de uma urgência capaz de promover o atendimento integrado, com as redes de atenção à saúde eficiente, resolutiva e em tempo mínimo, de maneira que priorize os casos mais graves, e diminua a superlotação no SEH, como: o Programa de Humanização, o Acolhimento com Classificação de Risco, o KANBAN, o NIR (núcleo interno de regulação) e o NAQH (Núcleo de atendimento da qualidade hospitalar), todos implantadas nesta emergência em estudo através das políticas ministeriais, e do Programa SOS Emergência.

Portanto, observa-se ser eficiente como meta prioritária neste enfoque a classificação de risco como a ferramenta de gestão escolhida para superar o desafio de diminuir a superlotação do serviço de emergência hospitalar. Contudo, esta precisa estar conectada com um conjunto de arranjos, dispositivos e outras ferramentas com soluções e intervenções efetivas para melhoria do atendimento nas emergências, diminuição da demanda e tendo as pessoas mais satisfeitas com os serviços de saúde.

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Este relato de experiência demonstra sobretudo a preocupação desta Unidade Hospitalar e sua equipe com a efetividade das ações em urgência e emergência que sejam integradas a Proposta da Rede de Atenção à Saúde e, sobretudo atendam as necessidades da população.

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Referências

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