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FORTALECIMENTO DAS ESCOLAS PÚBLICAS DO CAMPO DA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO DO CAMPO: REARTICULAÇÃO DA ESCOLA E REDE DE FORMAÇÃO DE EDUCADORES

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Academic year: 2021

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FORTALECIMENTO DAS ESCOLAS PÚBLICAS DO CAMPO DA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO DO CAMPO: REARTICULAÇÃO DA ESCOLA E REDE DE FORMAÇÃO DE EDUCADORES

Área Temática: Educação Coordenador da atividade: Cecília Maria GHEDINI1 Nome da Universidade: UNIOESTE Autores: Carlos Antonio BONAMIGO2; Franciele Soares dos SANTOS3

Resumo

Este trabalho apresenta as ações e as atividades desenvolvidas no projeto permanente de extensão: “Fortalecimento das Escolas Públicas do Campo da Região Sudoeste do Paraná na perspectiva da Educação do Campo: “Rearticulação da Escola e Rede de Formação de Educadores4”. O Projeto teve início no ano de 2015 e desenvolve-se atualmente, objetivando fortalecer as escolas públicas do campo frente às ofensivas de mercadologização da educação e do fechamento destas escolas. Articula-se em dois eixos principais: por um lado, a rearticulação das escolas públicas do campo da região Sudoeste do Paraná com um suporte pedagógico e organizativo às escolas no sentido de produzir conteúdo e forma à modalidade educacional da Educação do Campo e, por outro, um processo de formação continuada através de uma rede que se organiza em uma Plataforma Virtual com grupos permanentes de estudos nos locais onde estão os professores: “Rede de Formação de Professores das Escolas Públicas do Campo – Refocar”. Neste tempo houve avanços, como a ampliação da participação das escolas, a relação com o Núcleo Regional de Educação (NRE) que possibilitou incorporar o instrumental nos Projetos Político-Pedagógicos (PPPs), um Grupo de Trabalho (GT) para pensar e produzir mudanças institucionais às escolas em risco de fechamento, a criação do I Encontro Nacional das Escolas Públicas do Campo – I ENEPUC e, a consolidação da Refocar com a Plataforma de Estudos de formação continuada dos educadores. A ampliação deste projeto no período 2015-2019, junto às escolas, órgãos oficiais e educadores, consolida suas ações e fortalece o papel da Universidade e de sua comunidade acadêmica junto à Região Sudoeste do Paraná.

1 Cecília Maria Ghedini, professora adjunta, Curso de Pedagogia, Centro de Ciências Humanas, Campus de

Francisco Beltrão. E-mail: cemaghe@gmail.com

2 Carlos Antonio Bonamigo, professor adjunto, Curso de Pedagogia, Centro de Ciências Humanas, Campus

de Francisco Beltrão. E-mail: bonamigo1966@gmail.com

3 Franciele Soares dos Santos, professora adjunta, Curso de Pedagogia, Centro de Ciências Humanas,

Campus de Francisco Beltrão. E-mail: sfrancielesoares@gmail.com.

4 Neste caso, ao utilizarmos o termo “educadores” está referido aos professores, equipe diretiva, agentes

educacionais I e II e motoristas da escola, uma vez que todos se envolvem com o processo formativo-educativo da Educação do Campo na rede.

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Palavras-chave: Escolas Públicas do Campo; Formação de professores; Educação do

Campo.

Introdução

A região Sudoeste do Paraná é marcada por grande presença de agricultores familiares e, por isso por uma presença significativa de escolas públicas do campo, atualmente, são 42 municípios com 86 escolas do campo, distribuídas entre os núcleos regionais de educação – NRE de Francisco Beltrão (45), Dois Vizinhos (7) e Pato Branco (15), com 806 profissionais da educação, sendo 498 do Quadro Permanente do Magistério (QPM) e 308 contratados pelo Processo Seletivo Simplificado (PSS). Em relação aos estudantes, constituem 5.738, distribuídos entre o Ensino Fundamental (4.458), Ensino Médio (1.120) e Educação de Jovens e Adultos (160).

Ao se analisar Educação do Campo como produção histórica e política pública, na atualidade, reconhece-se um descompasso entre a legislação e sua implementação (FONEC,2018), portanto, há necessidade de se produzirem mediações, efetivando as garantias legais como a modalidade da educação do campo(BRASIL, 2010b).

Coloca-se ainda um cenário de desafios da situação do campo brasileiro como seu esvaziamento pelas questões agrárias, a supressão das políticas públicas às famílias que vivem deste trabalho e o crescimento do assalariamento no campo pelo aumento da tecnologização e uso de agroquímicos (FONEC, 2018). O foco do projeto está na iminência do fechamento das escolas públicas do campo, pois grande parte dos alunos que ali vive, estuda em escolas da cidade, situação que, por um lado lhes é imposta pela nucleação e, por outro, pela crença de que as escolas da cidade têm melhores resultados, quadro que é agravado pela rotatividade dos professores, o que preocupa as famílias e, chama à responsabilidade as universidades para estes vazios (BRASIL, 2010a). Neste sentido, articula-se com asArticulações Estadual e Regional de Educação do Campo, os NREs, asescolas públicas e comunidades, professores e equipes, instituições de ensino superior e organizações como o Centro de apoio e Promoção da Agroecologia (CAPA), a Associação de Estudos, Assistência e Orientação Rural (ASSESOAR) e o Fórum Regional de Entidades.

O projeto relaciona-se, também, com dois projetos de pesquisa: “Problematizando as Escolas Rurais/do Campo no Brasil na materialidade das formas de tratar o conhecimento escolar, a organização da escola e o projeto de desenvolvimento socioeconômico-cultural” e “Realidade das escolas públicas no/do campo no estado do

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Paraná: políticas de educação, fechamento de escolas e potencial da nucleação intracampo”, permitindo a participação de seis estudantes de iniciação científica voluntária, três bolsistas de extensão e estudantes voluntários conforme as demandas; oportunizam-se estágios curriculares do Curso de Pedagogia na prática de gestão nestas escolas.

Mesmo considerando o limite de atuar na perspectiva de uma política de estado, diante do quadro atual da política brasileira, compreende-se necessário produzir sustentações à fragilidade destas escolas, assim como solapar a lógica em curso, pela efetivação da legislação conquistada no período anterior. Neste sentido, tem-se como objetivo geral de rearticular as escolas públicas do campo com base nas garantias legais da Educação do Campo e aprofundar o conhecimento dos professores, assim como a especificidade do trabalho docente nestas escolas, criando conteúdo e forma à modalidade da Educação do Campo ancorando-se em uma Rede de Educadores. Este se desdobra em duas frentes de trabalho, cada qual com seus objetivos específicos.

A frente de ação que rearticula as Escolas Públicas do Campo na perspectiva da modalidade da Educação do Campo objetiva: desenvolver práticas e instrumentais para o planejamento coletivo interdisciplinar, a auto-organização dos estudantes, o inventário da realidade, o coletivo de educação da escola e a inserção da escola nas comunidades e seus entornos; participar das lutas pelo não-fechamento das escolas públicas do campo articuladas a espaços como a Articulação Sudoeste e Estadual de Educação do Campo, articular ações com vínculos entre escola e comunidades desde a cultura e o trabalho; produzir conhecimento e referências em Políticas Públicas de Educação do Campo.

A frente que se coloca a criar uma rede de formação continuada de professores do campo, por sua vez, busca priorizar ações de formação continuada dos professores; criar e estruturar uma rede de educadores; produzir referências à Educação do Campo; favorecer os vínculos e a identidade dos educadores pelo enraizamento nas escolas públicas do campo e participar de espaços coletivos regionais e estaduais; fomentar a formação em Educação do Campo com o favorecimento, promoção e/ou participação em Grupos de Estudos e eventos.

Metodologia

O trabalho se dá com escolas públicas do campo, preferentemente, as que estão em risco de fechamento, distantes da cidade e a maioria dos professores contratados PSS. Diretamente atua-se em seis escolas: uma no município de Francisco Beltrão, duas em Enéas Marques e três em Verê - PR. Pelo menos mais seis escolas do NRE de Francisco

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Beltrão e as escolas do NRE de Dois Vizinhos iniciaram, diretamente, o trabalho. Indiretamente, alcançam-se todas as escolas da região, seja pela plataforma de formação, pelo uso dos materiais ou pela apropriação de parte do instrumental metodológico.

De modo geral, a metodologia de trabalho se dá três dimensões consideradas fundamentais: a prática concreta de trabalho da escola, a realidade do lugar e das famílias em que está inserida e a formação permanente desde este contexto, a todos os educadores do processo. Parte-se da prática da escola, busca-se criar vínculos com as famílias e organizações locais e criam-se grupos de estudos.

Deste modo, uma frente atua na rearticulação da escola e desenvolve-se com uma metodologia própria: o Planejamento Coletivo Interdisciplinar constitui-se de instrumental que articula a prática à formação com movimentações “para dentro” e “para fora” da escola. As movimentações “para dentro” da escola se relacionam ao ensino e, as movimentações “para fora” da escola, à realidade e, a formação, às duas movimentações.

As movimentações “para dentro” da escola partem do planejamento coletivo interdisciplinar; auto-organização dos estudantes: oficinas e círculos de saberes e conhecimentos5. As movimentações “para fora” da escola se desenvolvem com as trilhas escola-família, as varandas de partilha, o inventário e o dossiê da realidade dos entornos da escola; os vínculos com o trabalho e a cultura - agroecologia; o coletivo de educação da escola e os jogos escolares do campo. A formação continuada de professores conta com a Plataforma Refocar e os grupo permanentes de estudos, a jornada de saberes e planejamento; eventos com produção de artigos; viagens de estudos; intercâmbios entre escolas e dias de campo. Busca-se, assim, reafirmar dimensões da escola pública: a função social da escola na relação com o conhecimento e seu viés de classe pela especificidade das ações por meio de vínculos com o trabalho e a agroecologia.

O trabalho conta também com registro das práticas, produzindo parte dos instrumentais e a nomenclatura, registrados num Caderno. De modo geral, a metodologia trabalha com parcerias: as escolas, a Plataforma e o GT são os que articulam instituições de ensino superior, cursos, NREs e organizações específicas dos trabalhadores do campo.

Desenvolvimento e processos avaliativos

A atuação em diferentes frentes de trabalho e coletivos deram rumo ao processo: conceber e planejar, produzir materiais e espaços passaram a aliar-se na prática social. A

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apropriação do instrumental metodológico nos PPPs conferiu autoridade e espaços efetivos. Dos registros de 2015 a 2017, produziu-se um Caderno com o instrumental metodológico e os Mapas de Conteúdos e Conceitos, como apoio trabalho do professor. Em 2019, a Refocar passou a organizar-se por uma Plataforma on line, disponível no site Unioeste, possibilitando se inscrever e organizar grupos em seus locais de trabalho, passando de 40 a 162 professores, em 12 grupos que funcionam na modalidade de autogestão, com 10 encontros ao ano e, ao final um Anais de Estudos de um ano letivo.

Destas movimentações, em 2018, realiza-se um evento para reunir escolas e suas experiências: I Encontro Nacional das Escolas Públicas do Campo – I Enepuc. Aprova-se um manifesto criando um GT que vai propor saídas para o fechamento das escolas. Estas ações em andamento, serão apresentadas ao Ministério Público Estadual e à Secretaria Estadual de Educação do Paraná (SEED) como propostas a serem efetivadas.

Estes processos instigaram a criar um grupo de estudos6 que reúne professores das escolas e estudantes, como espaços para aprofundar projetos de pesquisa da graduação e do mestrado. Mensalmente se encontram para refletir as práticas das escolas e regionais dos NREs.

Considerações Finais

Constata-se que este projeto permanente de extensão chega em 2019 com a realização de inúmeras ações e atividades combinadas, sobretudo em torno de seus eixos principais: a rearticulação das escolas públicas do campo da região Sudoeste do Paraná na perspectiva da modalidade educacional da Educação do Campo e o processo de formação continuada dos educadores do campo com a ampliação da Refocar.

Nesse período de vigência do projeto, verificou-se a ampliação da participação das escolas nas atividades, especialmente, na reorganização político-pedagógica com a construção dos Inventários e os Planejamentos, uma nova forma de ensino-aprendizagem na especificidade identitária destas escolas. Além disso, com a Plataforma Refocar, ampliou-se não apenas o número, mas também as temáticas que dão suporte aos grupos de estudos, o que consolida do projeto como referência na universidade e no estado.

Um importante momento a que se chega é a possibilidade de que as produções destes quatro anos sejam referência para a SEED assumir uma proposta específica para as escolas do campo que estão em risco de fechamento. Além disso, pela articulação com a

6 Isso se dá no âmbito do Grupo de Pesquisa a que se filiam os professores envolvidos na extensão: Grupo de

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pesquisa, constatar um dos “gargalos” do fechamento das escolas do campo, apontando possibilidades de expansão do projeto, para pensar a renucleação numa parceria com as organizações dos trabalhadores do campo, os municípios e a universidade.

Por todos os elementos acima expostos, acreditamos que este Projeto Permanente de Extensão consolida-se como uma das ferramentas de inserção da Unioeste – campus de Francisco Beltrão na temática “Educação do Campo”. Ao mesmo tempo, fortalece o compromisso da instituição e seus professores com a formação pela extensão de estudantes da graduação e pós-graduação, membros comunidade acadêmica e o público alvo em geral.

Referências

BRASIL. Decreto nº 7.352 de 4 de novembro de 2010a. Dispõe sobre a Política de educação do campo e o programa nacional de Educação na Reforma Agrária – PRONERA. 05 nov. 2010. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/decreto/d7352.htm>. Acesso em: 30 dez. 2012.

BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Resolução nº 4, de 13

de julho de 2010b. Define Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação

Básica. Brasília: MEC, 2010. Disponível em:

<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12992&Itemi d=866>. Acesso em: 31 dez. 2012.

BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Resolução nº 01, de

03 de abril de 2002. Institui Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas

do Campo. Diário Oficial da União, Brasília, 03 abr. 2002.

CALDART, Roseli Salete. Educação do Campo. In: CALDART, R. S.; PEREIRA, I. B.; ALENTEJANO, P.; FRIGOTTO, G. (Org.). Dicionário da educação do campo. Rio de Janeiro: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio; São Paulo: Expressão Popular, 2012.

FONEC. Notas para análise do momento atual da Educação do Campo, 2012.

Disponível em:

https://drive.google.com/file/d/0B07bZlN7afpJdUo2WXNtVTdUVWM/view?pli=1>Acess o em 10 set. 2018.

FREITAS, Luiz Carlos de; SAPELLI, Marlene Lucia Seibert; CALDART, Roseli Salete.

Plano de Estudos. Escola Itinerante. 1ª edição. Cascavel, Paraná, 2013.

GHEDINI, Cecília Maria. A produção da Educação do Campo no Brasil: das referências históricas à institucionalização. Jundiaí, SP, Paco Editorial: 2017.

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