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Diagnóstico da agricultura e projetos de desenvolvimento para duas unidades de produção típicas do município de Ajuricaba-RS

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DEAg – DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS AGRONOMIA

ANA PAULA TOSO

DIAGNÓSTICO DA AGRICULTURA E PROJETOS DE

DESENVOLVIMENTO PARA DUAS UNIDADES DE PRODUÇÃO

TÍPICAS DO MUNICÍPIO DE AJURICABA-RS

Ijuí, RS 2015.

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ANA PAULA TOSO

DIAGNÓSTICO DA AGRICULTURA E PROJETOS DE

DESENVOLVIMENTO PARA DUAS UNIDADES DE PRODUÇÃO

TÍPICAS DO MUNICÍPIO DE AJURICABA-RS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Agronomia, Departamento de Estudos Agrários da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, como requisito para obtenção do título de Engenheira Agrônoma.

Orientadora: Prof.ª. Msc. Angélica de Oliveira Henriques

Ijuí, 2015.

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ANA PAULA TOSO

DIAGNÓSTICO DA AGRICULTURA E PROJETOS DE

DESENVOLVIMENTO PARA DUAS UNIDADES DE PRODUÇÃO

TÍPICAS DO MUNICÍPIO DE AJURICABA-RS

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Agronomia, para obtenção do título de Engenheira Agrônoma pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Departamento de Estudos Agrários, aprovado pela banca abaixo subscrita.

Banca Examinadora.

Prof. Msc. Angélica de Oliveira Henriques – Orientadora – DEAg/UNIJUÍ

Prof. Msc. Nilvo Basso – DEAg/UNIJUÍ

IJUÍ, 2015.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus pela vida e pela força espiritual para a realização desse trabalho.

Agradeço os meus pais Joelson e Simone pelo apoio, compreensão, ajuda, incentivo e pelo grande amor e carinho que sempre me proporcionaram nessa caminhada.

Aos meus irmãos, Junior, João e Ana Maria, agradeço pelo companheirismo, entendimento e paciência em alguns momentos.

Aos meus tios, tias, primos, padrinhos e madrinhas pelo apoio, carinho e incentivo proporcionado em muitos momentos.

Agradecimento especial aos meus avós pelo imenso amor, incentivo e pela grande força em todos os momentos dessa caminhada. Agradeço ao meu namorado Daniel por ser meu companheiro, pela paciência e por ser compreensivo em todas as horas me dando força e consolo.

Agradecimento muito grande aos meus colegas, amigos e demais profissionais que me ajudaram e foram companheiros de todas as horas durante a minha caminhada, em especial ao Eng. Agrônomo Felipe Oliveski pela ajuda e paciência.

Agradeço também aos meus professores pelo aprendizado, por transferir conhecimentos para que fosse possível chegar até aqui, principalmente a minha orientadora professora Angélica de Oliveira Henriques pelo incentivo, paciência e dedicação para a realização e concretização desse trabalho.

(5)

Procure descobrir o seu caminho na

vida. Ninguém é responsável por

nosso destino, a não ser nós

mesmos!!

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DIAGNÓSTICO DA AGRICULTURA E PROJETOS DE

DESENVOLVIMENTO PARA DUAS UNIDADES DE PRODUÇÃO

TÍPICAS DO MUNICÍPIO DE AJURICABA-RS

Aluna: Ana Paula Toso Orientadora: Prof. Msc. Angélica de Oliveira Henriques

RESUMO

Este trabalho consiste na elaboração de projetos de desenvolvimento para agricultores que estão com dificuldades de se desenvolver no município de Ajuricaba – RS, para isso foi necessário conhecer a realidade agrária do município através do diagnóstico da agricultura desse município. Buscou-se construir uma síntese dos resultados do diagnóstico da agricultura do município para compreender a problemática do desenvolvimento dessa agricultura. O diagnóstico foi realizado durante a disciplina de Estágio II-Análise e Diagnóstico de Sistemas Agrários do curso de Agronomia da UNIJUÍ, ministrado em fevereiro de 2015, e, complementado com o projeto de extensão “Diagnóstico e Plano Estratégico de Desenvolvimento da Agricultura Municipal no Noroeste do Rio Grande do Sul” do Departamento de Estudos Agrários da UNIJUÍ. Foram identificados dois tipos de agricultores como sendo o público alvo para os projetos de desenvolvimento, um do tipo Familiar Pequeno Porte Grãos em Descapitalização que recebeu um projeto de diversificação da produção com introdução do cultivo de tomate, e o outro do tipo Familiar Pequeno Porte Grãos/Leite/Gado de Corte em Estagnação que recebeu um projeto de intensificação da atividade leiteira. Os resultados obtidos através da análise da viabilidade demonstraram que ambos os projetos propostos são viáveis e podem ser implantados, pois permitem um significativo acréscimo na renda dos agricultores, permitindo-os atingir o nível de reprodução social.

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LISTA DE SIGLAS, SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

% - porcentagem

ADSA – Análise Diagnóstico de Sistemas Agrários AM - Amortização CF – Custo Fixo CI – Consumo Intermediário CT – Custo Total CV – Custo Variável D - Depreciação

DEAg – Departamento de Estudos Agrários DVA – Distribuição do Valor Agregado FF – Fluxo Financeiro

Flec – Fluxo econômico

Flx Liq Cx – Fluxo Líquido de Caixa GP – Grande Porte

ha – hectare (s)

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística J – Juros kg - quilograma m² - metro quadrado MB – Margem Bruta MP – Médio Porte Nº - Número

NRS – Nível de Reprodução Social P - Prestação

PB – Produto Bruto PP – Pequeno Porte

PRK – Período de Retorno do Capital

PRONAF – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar RA – Renda Agrícola

RA/UTF – Renda Agrícola por Unidade de Trabalho Familiar RB – Receita Bruta

RL – Renda Líquida

RL/UTF – Renda Líquida por Unidade de Trabalho Familiar SAU – Superfície Agrícola Útil

SAU/UTF – Superfície Agrícola Útil por Unidade de Trabalho Familiar SD – Saldo Devedor

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ST – Superfície Total

TIR – Taxa Interna de Retorno TMC – Tração Mecanizada Completa TMI – Tração Mecanizada Incompleta

UNIJUÍ – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul UPL – Unidade de Produção de Leitões

UTF – Unidade de Trabalho Familiar UTT – Unidade de Trabalho Total VA – Valor Agregado

VA/UTF – Valor Agregado por Unidade de Trabalho Familiar VAB – Valor Agregado Bruto

VAB/ha – Valor Agregado Bruto por hectare VPL – Valor Presente Líquido

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Estrutura fundiária do município de Ajuricaba – RS. ... 26 Tabela 02: Potencial de renda por unidade de área (RA/ha), mínimo e máximo, das atividades analisadas e categorias sociais dos produtores. ... 35 Tabela 03: Capacidade de reprodução social dos tipos de agricultores alvos dos projetos. .... 36 Tabela 04: Resultados econômicos globais do sistema de produção Familiar Pequeno Porte Grãos em Descapitalização ... 39 Tabela 05: Composição dos resultados econômicos globais e por atividade ... 39 Tabela 06: Proposta técnica de diversificação da produção com a introdução de tomate cultivado em estufa para o tipo Familiar Pequeno Porte Grãos em Descapitalização. ... 40 Tabela 07: Indicadores econômicos do projeto de diversificação da produção, com a

implantação do tomate. ... 41 Tabela 08: Fluxo econômico e financeiro do projeto. ... 43 Tabela 09: Fluxo financeiro do projeto com financiamento. ... 43 Tabela 10: Resultados econômicos globais do sistema de produção do tipo Familiar Pequeno Porte Grãos/Leite/Gado de Corte em Estagnação ... 46 Tabela 11: Composição dos resultados econômicos globais e por atividade do tipo Familiar Pequeno Porte Grãos/Leite/Gado de Corte em Estagnação. ... 46 Tabela 12: Número de vacas em lactação e produção, em litros/vaca/dia, a cada ano da situação proposta. ... 47 Tabela 13: Proposta técnica de intensificação da atividade leiteira para o tipo Familiar

Pequeno Porte Grãos/Leite/Gado de Corte em Estagnação. ... 48 Tabela 14: Área utilizada para o leite com pastagens e milho para silagem em hectares (ha) e quantidade de ração em quilogramas (kg) por ano com a introdução do projeto. ... 49 Tabela 16: Fluxo econômico e financeiro do projeto. ... 51 Tabela 17: Fluxo financeiro do projeto com financiamento. ... 52

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Localização do município de Ajuricaba-RS ... 25 Figura 02: População residente urbana e rural ... 26 Figura 03: Vacas Ordenhadas e Produção de leite anual ... 27 Figura 04: Evolução da produção agrícola municipal das principais culturas de produção de grãos ... 28 Figura 05: Mapa do zoneamento agroecológico do município de Ajuricaba-RS com a

identificação das microrregiões.. ... 30 Figura 06: Unidades de produção familiares com área de até 14,0 hectares por unidade de trabalho familiar, nível de intensificação e remuneração do trabalho familiar, em Ajuricaba - RS ... 32 Figura 07: Unidades de produção familiares com área superior a 14,0 hectares por unidade de trabalho familiar, nível de intensificação e remuneração do trabalho familiar, em Ajuricaba - RS ... 33 Figura 08: Unidades de produção patronais, nível de intensificação e remuneração do trabalho familiar, em Ajuricaba - RS ... 34 Figura 09: Modelo da composição da renda agrícola do Tipo Familiar Pequeno Porte Grãos em Descapitalização. ... 38 Figura 10: Modelo da composição da renda agrícola do Tipo Familiar Pequeno Porte Grãos em Descapitalização com o projeto ... 42 Figura 11: Modelo da composição da renda agrícola do Tipo Familiar Pequeno Porte

Grãos/Leite/Gado de Corte em Estagnação ... 45 Figura 12: Modelo da composição da renda agrícola do Tipo Familiar Pequeno Porte

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO... 12

1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 14

1.1SISTEMAS AGRÁRIOS ... 14

1.2 SISTEMA DE PRODUÇÃO ... 14

1.3 ANÁLISE E DIAGNÓSTICO DE SISTEMAS AGRÁRIOS (ADSA) ... 15

1.4 PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO ... 19

1.5 PLANEJAMENTO E PROJETO ... 20

2. METODOLOGIA ... 21

2.1 TIPO DE PESQUISA DO ESTUDO ... 22

2.2 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA ... 22

2.3 AVALIAÇÃO E ANÁLISE DA VIABILIDADE DOS PROJETOS ... 22

2.4 COLETA DE DADOS ... 24

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 25

3.1 DESENVOLVIMENTO DA AGRICULTURA DO MUNICÍPIO ... 25

3.1.1 Caracterização da Agricultura do Município ... 25

3.1.2 Zoneamento Agroecológico ... 28

3.1.3 Tipos de Produtores e Sistemas de Produção ... 30

3.2 CARACTERIZAÇÃO DOS TIPOS DE AGRICULTORES ALVOS DOS PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO ... 34

3.3 PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO PARA OS TIPOS DE AGRICULTORES ... 36

3.3.1 Diversificação da Produção com Introdução do Cultivo de Tomate em Estufa em Unidades de Produção do Tipo Familiar Pequeno Porte Grãos. ... 36

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3.3.1.2 Proposta Técnica para Diversificação da Propriedade com Implantação do Cultivo de

Tomate... 39

3.3.1.3 Resultados econômicos e financeiros do projeto ... 42

3.3.2 Intensificação da Atividade Leiteira em Unidades de Produção do Tipo Familiar Pequeno Porte Grãos/Leite/Gado de Corte em Estagnação. ... 44

3.3.2.1 Situação atual do tipo Familiar Pequeno Porte Grãos/Leite/Gado de Corte em Estagnação ... 44

3.3.2.2 Proposta técnica para Intensificação da atividade leiteira ... 46

3.3.2.3 Resultados econômicos e financeiros do projeto ... 50

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 53

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 55

(13)

INTRODUÇÃO

O município de Ajuricaba localiza-se na mesorregião Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, conta com uma população atual de 7.255 habitantes e destes, 43% ainda residem na zona rural (IBGE, 2010). Além disso, no município existem 1.036 estabelecimentos agropecuários (IBGE, 2006), o que indica que um grande número de famílias depende do meio rural.

O estudo da agricultura para um município é de suma importância, pois serve para ter uma análise da dinâmica e da diversidade da agricultura, da organização e disposição das unidades de produção conforme a paisagem, dos processos, transformações e estruturação das propriedades e suas atividades, fornecendo subsídios para a elaboração de um diagnóstico da agricultura que servirá para a elaboração de linhas estratégicas e de projetos para o desenvolvimento do município e de suas unidades de produção.

Com uma boa análise da diversidade e complexidade da agricultura existente no município é possível perceber que possui um espaço no qual pode ser realizado um estudo das unidades de produção, a qual serve para mostrar onde estão os gargalos produtivos e as potencialidades.

A análise dos sistemas agrários de um município serve para a elaboração de linhas estratégicas de desenvolvimento para a agricultura deste, buscando analisar a heterogeneidade da agricultura, que visa a percepção dos processos que diferenciam os agricultores e dá uma ideia da diversidade e constituição das atividades realizadas pelos produtores nas unidades de produção.

Após a definição das linhas estratégicas para o desenvolvimento, podem ser realizados projetos de desenvolvimento voltados para os produtores que estão com dificuldades de se desenvolver. Esses projetos proporcionam inúmeros benefícios, entre eles a alteração das

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técnicas de produção, a implantação ou modificação nos sistemas de produção, sempre buscando melhorar a produtividade e aumentar a geração de riquezas na propriedade.

Para desenvolver a análise da agricultura foi utilizado o método da Análise e Diagnóstico de Sistemas Agrários (ADSA), o qual permite num curto período de tempo diagnosticar e identificar proposições de projetos. Esse método é o mesmo utilizado na disciplina de Estágio II- Análise e Diagnóstico de Sistemas Agrários, pertencente ao curso de Agronomia da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI). Com isso, o presente Trabalho de Conclusão de Curso teve como objetivo principal realizar a elaboração de projetos de desenvolvimento para agricultores do município de Ajuricaba/RS com dificuldades de reprodução social, considerados como público alvos. Os agricultores alvos foram definidos pelo diagnóstico da agricultura do município de Ajuricaba-RS.

Especificadamente buscou-se realizar uma análise da agricultura do município, identificar os tipos de produtores e seus sistemas de produção, caracterizar técnica e socioeconomicamente as unidades de produção alvos dos projetos de desenvolvimento e avaliar os seus sistemas de produção desenvolvidos, fornecer subsídios para a elaboração de linhas estratégicas para o desenvolvimento da agricultura do município e elaborar projetos que promovam o desenvolvimento de agricultores que estão com dificuldades de se reproduzir socioeconomicamente (agricultores alvos).

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1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1.1 SISTEMAS AGRÁRIOS

Para o entendimento do que é um sistema agrário é necessário esclarecer a teoria dos sistemas agrários, e analisar alguns conceitos. Silva Neto (2005) passa a ideia que para entender um sistema agrário são necessárias a observação e a análise para que se possa diferenciar a agricultura da maneira como ela está inserida na realidade.

A teoria da diferenciação dos sistemas agrários é um instrumento intelectual que nos permite analisar a agricultura de maneira geral, para que possamos entender a sua complexidade e diversidade ecológica e geográfica, e sempre analisando no tempo ou época (MAZOYER e ROUDART, 2001).

Dufumier (2010) diz que o conceito de sistema agrário deve permitir “a identificação e a caracterização das mudanças ou transformações na agricultura, as quais são da evolução histórica e da diferenciação geográfica e dos ecossistemas”.

Com estas informações, é possível analisar o sistema social produtivo, que consiste na análise técnica, econômica e social dos sistemas agrários. Munidos de todas essas informações é possível definir uma condição para este sistema agrário, ou seja, ver se ele está em desenvolvimento ou não. Para estar em desenvolvimento, um sistema deve estar com acumulação de capital nas unidades de produção, isso quer dizer que todos os tipos de unidades de produção devem estar com acumulação de capital para a melhoria da qualidade de vida (DUFUMIER, 2010).

O que, na maioria das vezes, percebe-se é que alguns agricultores estão com acumulação de capital e outros não, o que se verifica que há uma acumulação desigual de capital, que caracteriza o sistema agrário como desuniforme, ou seja, parte desenvolvida e parte em estagnação.

1.2 SISTEMA DE PRODUÇÃO

Os sistemas de produção correspondem à maneira como os agricultores se estruturam ou se organizam dentro das unidades de produção. Desta forma Silva Neto (2005, p.19-20) descreve o sistema de produção como,

a diversidade de situações ecológicas e sociais e a experiência específica acumulada por cada agricultor fazem com que jamais duas unidades de produção tenham sistemas de produção perfeitamente iguais, entretanto, é possível agrupar os sistemas de produção característicos de um sistema agrário segundo certos condicionantes e

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problemas comuns, de forma a tornar a sua diversidade inteligível, de acordo com os objetivos do estudo.

Dufumier (2010) explica que os sistemas de produção “podem ser definidos como uma combinação (no tempo e no espaço) dos recursos disponíveis para a obtenção das produções vegetais e animais”. E da mesma forma, este autor mostra os aspectos que abrangem a caracterização desses sistemas, que são:

- A identificação dos principais problemas técnicos e econômicos enfrentados pelos produtores;

- Definição das dificuldades exercidas pelos agricultores para melhor satisfazer seus interesses;

- Evidenciar a forma como os produtores associam as atividades e técnicas exercidas na propriedade;

- Compreensão da complexidade e do funcionamento dos seus sistemas de produção e avaliação dos resultados econômicos da gestão desses sistemas.

O sistema de produção tem uma relação direta com a disponibilidade dos recursos naturais, a utilização de recursos técnicos, incluindo mão-de-obra, e financeiros de exploração de um determinado espaço físico.

Desta forma Lima et al. (2005) mostra que os elementos que constituem um sistema de produção são os insumos, os produtos e serviços e os meios utilizados para a produção. E, estes elementos devem estar organizados e estruturados em função das finalidades estabelecidas pelo agente do sistema, que geralmente é o próprio produtor e a sua família.

Em linhas gerais podemos conceituar um sistema de produção como sendo o conjunto de cultivos e criação adotados pelo produtor e que englobam a maneira como os produtores organizam sua produção, os meios que são utilizados, as técnicas que são desenvolvidas, os consorciamentos utilizados, entre outros. Os sistemas de produção também podem ser definidos pelo processo que é utilizado para a produção de um bem ou serviço, ou seja, a forma como o produtor está utilizando seus fatores de produção para chegar ao produto final.

1.3 ANÁLISE E DIAGNÓSTICO DE SISTEMAS AGRÁRIOS (ADSA)

A Análise e Diagnóstico de Sistemas Agrários (ADSA) descrito por Garcia Filho (1999) é o instrumento básico para a construção do diagnóstico de situações de desenvolvimento rural. Como explicado a seguir.

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Essa análise segue passos progressivos, e a cada passo é feita uma análise e comparado os resultados com os resultados obtidos anteriormente, pois este, é um estudo em que uma etapa (passo) depende e complementa a outra.

Esse diagnóstico tem por objetivo auxiliar na elaboração de linhas estratégicas para o desenvolvimento rural do município em estudo, ou seja, busca fornecer subsídios para elaborar políticas públicas, programas e projetos para o seu desenvolvimento agrário, este diagnóstico permite fazer um levantamento da situação ecológica e socioeconômica dos agricultores, uma identificação e caracterização dos principais tipos de produtores e agentes que estão envolvidos no desenvolvimento rural do município e dos principais sistemas de produção adotados por esses diferentes produtores, bem como as suas práticas técnicas, sociais, econômicas e os seus principais problemas, além da sugestão de políticas, programas e projetos de desenvolvimento e ordenar as ações prioritárias.

Além disso, esse diagnóstico deve ser breve e funcional, para que tenha boa aplicabilidade no desenvolvimento rural, deve ter rigor científico, explicando e descrevendo a realidade.

Uma grande região dificilmente é homogênea, pois elas contêm espaços ecológicos com características particulares ou podem ter sido ocupadas de maneiras distintas. Essas diferenças históricas e ecológicas também influenciam na diferenciação das formas de atividades agrícolas.

Dessa forma, é necessária a realização de uma etapa inicial de trabalho, a qual faz uma análise geral da região a ser estudada, com a identificação e localização no espaço dos grandes modos de exploração do meio ambiente (diferentes cultivos e práticas agrícolas), e, a identificação dos elementos ecológicos, técnicos e sociais que determinaram a sua evolução recente e a sua localização atual. Isso nos permitiu fazer rapidamente algumas correlações entre as diferentes variáveis (clima, solos, relevo, cobertura vegetal, estrutura fundiária, dados demográficos e de produção, infraestrutura, entre outras).

A leitura das paisagens agrárias é o que nos fornece as primeiras, mais importantes e relevantes informações para o diagnóstico. Através da sua observação obteve-se informações sobre as diversas formas de exploração e de manejo do meio ambiente, também sobre as práticas agrícolas e suas condições ecológicas.

Com essa leitura de paisagem obtemos uma análise da homogeneidade da região, identificando e caracterizando onde estão as regiões heterogêneas, uma identificação dos diferentes tipos de agricultura existentes e os condicionantes ecológicos dessas atividades agrícolas, a realização de um levantamento de hipóteses que expliquem as heterogeneidades e

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a formação dessa paisagem (relações entre o homem e o ecossistema), e por fim, o mais importante, é que permite a elaboração de um zoneamento agroecológico preliminar da região. Essa leitura da paisagem foi realizada a campo através de percursos que permitiam a visualização de toda a extensão territorial do município para ser possível a visualização da heterogeneidade dos ecossistemas existentes. Na análise das paisagens agrárias, começou-se pelos aspectos mais gerais, onde se identificam os principais ecossistemas existentes, através das grandes formas de relevo, das principais formações vegetais, dos diferentes "territórios" agrícolas. Em seguida, analisou-se os aspectos que oferecem um maior detalhamento das diferentes formas de exploração do meio e da diversidade de práticas agrícolas. Durante esse percurso foi buscado observar os ecossistemas, os tipos de agricultura, as infraestruturas social e produtiva e os indicadores de nível e de condições de vida.

Com base nisso, obtemos como resultados: - Zoneamento agroecológico preliminar;

- Caracterização inicial das distintas agriculturas existentes e as primeiras hipóteses de suas restrições.

De um modo geral, os produtores realizam suas atividades de forma distinta quanto às condições ambientais e socioeconômicas, até mesmo nas pequenas regiões. Grandes diferenças podem existir no que se refere ao acesso a terra e aos demais recursos naturais, à informação e aos serviços públicos, aos mercados e ao crédito, quanto no que diz respeito ao nível de capitalização, recursos financeiros disponibilizados, conhecimentos adquiridos, disponibilidade de mão-de-obra, entre outros. Essas diferenças normalmente se traduzem em evoluções distintas e em níveis desiguais de capitalização e também em critérios que se distinguem quanto à decisão de aperfeiçoar os recursos disponíveis (GARCIA FILHO, 1999). Isso é referido à tipologia dos produtores que são identificados em tipos de unidades de produção:

-Capitalistas: extensas áreas para produção, geralmente de produção intensiva, mão-de-obra assalariada e elevado nível de exploração do Capital;

-Patronais: mão-de-obra familiar e assalariada, é um tipo intermediário;

-Familiares: mão-de-obra exclusivamente familiar, geralmente sistemas bem diversificados, pequenas áreas de terra com produção, na sua maioria, bem intensiva.

Com isso, buscou-se com a tipologia classificar as propriedades nestes grandes tipos para posterior aperfeiçoamento destas informações.

É possível afirmar que não há uma tipologia padrão que seja válida para qualquer situação, mas sim, que é a realidade estudada que mostram quais são os critérios para agrupar

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os agricultores. Pode dizer também que não existe uma fronteira rígida entre cada tipo de produtor, o que acontece na realidade, é que os produtores estão sempre em evolução e podem mudar seus sistemas de produção ou passar de uma categoria social a outra, caso apresentem uma trajetória de acumulação de capital ou, ao contrário, de descapitalização.

Com base nisso, afirma-se que o conhecimento das categorias ou tipo de produtores é fundamental, pois serve para a definição do público prioritário dos programas e projetos que serão propostos.

Além dos tipos de produtores, é feita a distinção destes pelos seus sistemas de produção, ou seja, pelos diferentes métodos como são agrupados os recursos disponíveis para a produção. Da mesma maneira certo tipo de produtor pode adotar sistemas de produção diferentes, em função dos recursos disponíveis que ele tem para produzir.

Na maior parte das vezes, as diferenças encontradas se dão pelas características socioeconômicas dos produtores. Mas também, podem se dar em relação ao ambiente ou ecossistema em que ele está inserido.

A caracterização dos sistemas de produção investiga mais a fundo as unidades de produção, ou seja, faz uma caracterização de como funciona cada propriedade e seu sistema de produção.

Para a realização da análise de cada um dos principais sistemas de produção, explicação da sua origem e da sua racionalidade foi feito um estudo aprofundado das práticas agrícolas e econômicas de cada grupo de agricultores, e isso se deu pela caracterização das técnicas de produção utilizadas, das variedades usadas para produção, das sucessões de culturas, entre outros, buscando relacionar com os recursos disponíveis e as condições socioeconômicas e ambientais à que estão submetidos os produtores. Também foi realizado nessa etapa a análise econômica da propriedade.

Essas análises nos permitem identificar e hierarquizar os problemas que os agricultores estão enfrentando, sejam ele de natureza técnica, econômica ou ambiental.

Com as informações coletadas até aqui é realizada a elaboração das propostas para o desenvolvimento rural do município. Essas propostas tem o propósito de promover o desenvolvimento do município, partindo do objetivo de elaborar linhas estratégicas para o desenvolvimento rural. Essa é considerada a etapa final do diagnóstico, e é onde se retoma todos os aspectos estudados anteriormente, os principais problemas analisados e os que são enfrentados pelos produtores. Com isso, o diagnóstico nos fornece os subsídios necessários para a elaboração de propostas que solucionem esses problemas.

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Do ponto de vista da sociedade, é importante maximizar a riqueza criada pelo processo produtivo sem comprometer a sustentabilidade do sistema produtivo. Esses sistemas, que permitirem isso, devem ser os privilegiados pelas políticas públicas de desenvolvimento.

No entanto, um agricultor só implanta um determinado sistema produtivo se este conseguir corresponder ao seu interesse ou às suas estratégias.

A implantação de projetos de desenvolvimento ou a introdução de modificações técnicas podem trazer consequências muito diferentes e opostas para cada tipo de produtor. Se for de interesse de toda a sociedade que todos os produtores introduzam essa modificação, está, deverá ter uma previsão de mecanismos de incentivo para isso, que seriam: crédito subsidiado, subsídios diretos, entre outros.

1.4 PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO

Basso (2010) baseado nas ideias de Buarque (1991) conceitua projetos de desenvolvimento como sendo “projetos voltados para a promoção de determinados segmentos da sociedade através de mecanismos de apoio a atividade produtiva, podendo envolver recursos tecnológicos, meios de produção, ações educacionais e recursos financeiros”.

Já Dufumier (2010) diz que um projeto de desenvolvimento agrícola deve se apresentar “como um conjunto coerente de intervenções destinadas a reorientar a evolução da agricultura de um país ou de uma região, conforme objetivos coletivos”. Em outras palavras os projetos de desenvolvimento devem ser caracterizados por ações que permitam e que favoreçam a implantação de novos sistemas de produção ou de melhorá-los, seguindo alguns objetivos econômicos e sociais, como a segurança alimentar, o fornecimento de matérias-primas, a criação de emprego, geração e distribuição de renda, organização do espaço, entre outros.

Os projetos de desenvolvimento tratam de redirecionar os sistemas de criação e de cultivos, com vistas a fornecer bens e serviços para a sociedade, modificar técnicas de produção para incrementar a produtividade do trabalho nas unidades de produção, fazer com que os agricultores fiquem mais competitivos e de aumentar as riquezas geradas pela agricultura pelo aperfeiçoamento das capacidades produtivas dos ecossistemas (DUFUMIER, 2010).

Com base no que foi apresentado pode-se afirmar que os projetos de desenvolvimento são voltados para os agricultores de um município que estão com dificuldades em seu sistema de produção e estão necessitando de intervenções que melhorem a sua condição socioeconômica e a maneira como conduzem a sua propriedade. De maneira geral, estes projetos fazem com que estes produtores consigam atingir o nível de reprodução

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socioeconômica da sua categoria e em pouco tempo consigam até melhorar seu desenvolvimento social e econômico, se tornando mais competitivos e produtivos.

1.5 PLANEJAMENTO E PROJETO

O planejamento é uma técnica usada nos projetos, que permite encontrar as diferentes maneiras de combinar os recursos de modo que os objetivos sejam alcançados, ou seja, é possível afirmar que as relações entre o planejamento e o projeto se complementam de forma a maximizar sua participação nos objetivos. As unidades de produção é que são as responsáveis pela execução dos objetivos definidos no planejamento (BUARQUE, 1991).

Segundo Robbins (2004) o planejamento faz com que seja reduzida a incerteza, de forma que impõe aos produtores que estes tenham uma perspectiva futura, em que devem olhar para frente, prever as mudanças e considerar seu impacto para preparar respostas adequadas. Esse planejamento, também vai evitar exageros e reduzir desperdícios de atividades, pois ele deve estabelecer objetivos claros e normas e padrões que facilitem o controle das atividades que serão propostas no projeto.

Através dos estudos de Hoffmann (1987), projeto pode ser definido como sendo uma forma racional de uma ação definida e organizada. Onde, segundo a sociedade, consideram-se os custos e os benefícios sociais do uso dos recursos públicos na produção de alguns bens e serviços. Já, segundo o do empresário privado, o projeto é considerado um instrumento que permite a avaliação de vantagens relativas da aplicação do seu capital em comparação às possibilidades alternativas de investimento.

Com isso, podemos, então, afirmar que o projeto é um instrumento de ação técnica e administrativa elaborado por meio de procedimentos lógicos e racionais que permitem a avaliação e a decisão das possibilidades de investimento e os seus efeitos na rentabilidade e eficiência econômica e financeira, além dos impactos do tipo social e ambiental (HOFFMANN, 1987).

Para a elaboração de projetos devemos seguir três fases, que são essenciais, começando pela preparação, seguindo para a elaboração e por fim realizar o acompanhamento da implantação e da execução.

Em estudos realizados por Buarque (1991), a preparação do projeto começa com a caracterização preliminar do produto numa macrolocalização provisória. Com isso, tem-se o início de um estudo superficial, com o qual se traçam tendências gerais de uma procura potencial. A partir destes dados provisórios, a engenharia pode iniciar os seus estudos que

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permitem ter um conhecimento ainda provisório do nível dos custos, da localização e do tamanho. Dessa forma é possível a determinação preliminar dos custos e receitas, da estrutura do financiamento a rentabilidade da empresa. Essa preparação é finalizada quando se conclui a pré-viabilidade do projeto, podendo ser suspensa caso o estudo não satisfazer os objetivos, caso satisfaça, passa-se para a próxima fase que consiste na real elaboração do projeto.

O processo de elaboração do projeto (BUARQUE, 1991) envolve a identificação da ideia, o estudo da previsibilidade e da viabilidade, o detalhamento da engenharia e a execução, sendo que as três primeiras devem ser bem analisadas, pois são as que decidirão se o projeto será implantado ou não. Essa etapa envolve alguns estudos mais aprofundados sobre cada uma das etapas de preparação, que são:

- Diagnóstico e justificativa com a caracterização do problema a ser solucionado; - Objetivos e metas;

- Estudo de mercado; - Localização e tamanho;

- Engenharia do projeto com os estudos da estrutura e do funcionamento; - Orçamento: previsão de custos, receitas e investimentos;

- Avaliação econômica e análise da viabilidade.

A fase de implantação e acompanhamento do projeto é a fase final, e se constitui na implantação e na operacionalização do projeto desenvolvido em si. Buscando atender aos objetivos e as metas estabelecidas, essa fase é imprescindível, pois se constitui em medidas que permitem a identificação de possíveis erros que se passaram despercebidos, procurando corrigi-los (BASSO, 2010).

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2. METODOLOGIA

2.1 TIPO DE PESQUISA DO ESTUDO

A pesquisa tem por objetivo buscar algumas respostas para a solução de problemas através do uso de métodos científicos. Portanto, através disso, é possível a definição de pesquisa social como sendo um procedimento que usa técnicas cientificas que permite buscar novos conhecimentos na prática da realidade social (GIL, 1999).

O presente estudo foi caracterizado como sendo uma pesquisa do tipo exploratória, que segundo Gil (1999) permite uma visão mais ampla de uma realidade, permitindo a formulação de problemas e hipóteses mais específicas, sobre as quais é possível um posterior estudo mais aprofundado e preciso.

Quanto aos procedimentos técnicos, o estudo pode ser classificado como pesquisa-ação, pois é uma estratégia de pesquisa na qual os pesquisadores se valem de técnicas grupais e para a investigação e resolução de problemas coletivos (THIOLLENT, 1996).

2.2 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA

O desenvolvimento da pesquisa nesse trabalho teve uma sequência de passos, a saber: - Pesquisa de campo para a análise da agricultura do município com a análise da paisagem (zoneamento agroecológico), identificação dos produtores e caracterização dos seus sistemas de produção;

- Avaliação técnica e econômica dos tipos de sistemas de produção e identificação do público alvo;

- Elaboração dos projetos de desenvolvimento para os produtores alvos com a elaboração do orçamento (previsão de custos, receitas e investimentos) desses projetos;

- Elaboração da avaliação e análise da viabilidade técnica, econômica e financeira dos projetos.

2.3 AVALIAÇÃO E ANÁLISE DA VIABILIDADE DOS PROJETOS

Os projetos de desenvolvimento agrícolas são realizados para atingir objetivos que são de interesse geral dos produtores. A avaliação desses projetos de desenvolvimento tem por objetivos avaliar e comparar as vantagens e os problemas de sua execução, avaliar os efeitos previsíveis e realizar o cálculo da rentabilidade do projeto para o produtor e a sociedade que ele está inserido (DUFUMIER, 2010).

(24)

A avaliação do desempenho econômico seguiu os procedimentos recomendados por Hoffmann (1978), os quais foram:

- Margem bruta (MB) que indica o grau de intensificação de um sistema de produção, representa a sobra e é obtida subtraindo-se do valor das receitas o valor dos custos variáveis: MB = RB – CV, onde RB (Receita Bruta) é o valor anual de tudo o que é produzido e comercializado multiplicado pelo preço de venda, e, o CV (Custo Variável) são os custos que variam de acordo com a escala de produção (insumos, pagamento de serviços, funrural, juros de custeio).

- Custo Total (CT) são os custos fixos somados os custos variáveis: CT = CF + CV, onde os CF (Custos Fixos) são aqueles que não variam com a quantidade produzida, são fixos (seguros, juros sobre o capital, impostos fixos).

- Renda líquida (RL) é o resultado econômico líquido, a parte do valor bruto a ser gerado que sobrará para remunerar o produtor: RL = MB – CF

- Fluxo econômico do projeto (Flec) é a contribuição anual do projeto em termos de disponibilidade monetária (saldo de caixa): Flec = RL + Depreciação

- Fluxo financeiro (FF), no primeiro ano é o valor total do investimento descontado do Fluxo Econômico. Nos anos próximos anos, é representado pelo valor do Fluxo Financeiro do ano anterior subtraído do Fluxo Econômico: 1º ano: FF = Flec – Investimento; Anos subsequentes: FF = Flec – FF (ano anterior).

Quanto a avaliação da capacidade de pagamento do capital investido, foram utilizadas as técnicas sugeridas por Buarque (1991):

- Capital é o montante a ser financiado ou o valor total do investimento. Nos anos seguintes é descontado do valor da Amortização.

- Amortização do capital (AM) é a devolução do montante de dinheiro financiado ao banco credor conforme as condições de pagamento pré-estabelecidas ou o valor do investimento dividido em parcelas ou nº de anos.

- Juros (J) é o custo financeiro cobrado pelo agente credor referente à remuneração do dinheiro tomado emprestado segundo uma taxa pré-estabelecida.

- Prestação (P) é a parcela que vai ser paga ao agente credor: P = AM + J

- Saldo devedor (SD) é o valor da dívida que resta a pagar após cada amortização do capital.

- Fluxo líquido de caixa (Flx Liq Cx) é o saldo final de caixa do projeto ou valor anual disponível em caixa após efetuar o pagamento de todos os encargos previstos na execução do orçamento do projeto.

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A rentabilidade do projeto mostra o retorno que o projeto promoverá sobre o capital que será investido. Segundo Buarque (1991) essa rentabilidade é medida através do:

- Valor Presente Líquido (VPL) que define a viabilidade do projeto. Sobre o fluxo econômico anual projetado será aplicada uma taxa de atualização (desconto) equivalente à remuneração do capital investido, essa taxa corresponderá ao custo de oportunidade do capital. - Taxa Interna de Retorno (TIR) que é a rentabilidade do capital investido evidenciando o ganho anual (taxa de juro) com a aplicação do capital no projeto e a taxa máxima de juros de um financiamento que o projeto suportaria.

- Período de Retorno do Capital (PRK) é o tempo (número de anos) necessário para que se recupere o Capital investido, ou quanto tempo vai levar para retornar o dinheiro investido no projeto.

2.4 COLETA DE DADOS

A coleta de dados é um fator fundamental e de grande importância para compreender as transformações e as ações em que se fundamentam as mudanças na agricultura. Para se obter os dados para elaborar este estudo foram realizadas a observação direta, através de entrevistas com agricultores, e, observação das operações e itinerários técnicos dos sistemas de cultivo e de criação, sendo possível, a identificação de uma grande variedade de sistemas de produção no mesmo sistema agrário.

Os dados e informações foram obtidos durante a disciplina de Estágio II-Analise e Diagnóstico de Sistemas Agrários do curso de Agronomia da UNIJUÍ que se fundamenta na Teoria dos Sistemas Agrários e foi ministrada em fevereiro de 2015 no município de Ajuricaba, para os alunos do curso. O estudo se desenvolveu ao longo do primeiro semestre de 2015, na disciplina de Estágio II e em atividades de extensão rural do projeto “Diagnóstico e Plano Estratégico de Desenvolvimento da Agricultura Municipal no Noroeste do Rio Grande do Sul” do Departamento de Estudos Agrários da UNIJUÍ, sendo complementado com dados secundários e estudos já existentes sobre o desenvolvimento local.

Os projetos de desenvolvimento elaborados para os tipos de agricultores, foram a partir das alternativas estratégicas identificadas no referido estudo, onde duas atividades foram recomendadas: a implantação do cultivo de tomate em estufa e a intensificação da atividade leiteira. Como público alvo foi identificado dois tipos de agricultores: Familiar Pequeno Porte Grãos em Descapitalização e Familiar Pequeno Porte Grãos/Leite/gado de Corte em Estagnação.

(26)

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 DESENVOLVIMENTO DA AGRICULTURA DO MUNICÍPIO

3.1.1 Caracterização da Agricultura do Município

O município de Ajuricaba teve sua emancipação oficial em 29 de maio de 1966, fica localizado na mesorregião Noroeste do estado e na microrregião de Ijuí, estado do Rio Grande do Sul, conforme figura 01 que segue. Possui como fronteiras os munícipios de Nova Ramada, ao norte, Panambi e Condor, ao leste, Bozano, ao sul, e, Ijuí, ao oeste, fica a uma distância de 430 km da capital do estado, Porto Alegre, e possui uma área de 423 km2 (IBGE, 2006).

Figura 01: Localização do município de Ajuricaba-RS.

Fonte: Wikipédia, 2015.

As informações do Censo Demográfico de 2010 (IBGE, 2010) mostram que a população do município é de 7.255 habitantes, sendo que destes 43% ou 3.147 habitantes ainda residem na zona rural e 57% ou 4.108 pertencem à zona urbana.

(27)

Figura 02: População residente urbana e rural.

Fonte: IBGE, 2010

Com relação à estrutura fundiária do município está é marcada pela presença da pequena e média propriedade, onde dos 1.036 estabelecimentos agrícolas existentes, 552 são de pequeno porte, possuem até 20 hectares e representam 53,3% das propriedades, propriedades estas que ocupam apenas 17,4% da área total do município, já 440 estabelecimentos agrícolas são de médio porte, possuem de 20 a 100 hectares, representam 42,5% dos estabelecimentos existentes e ocupam 60,5% da área total do município. Acima de 100 hectares são encontrados 33 estabelecimentos que juntos detêm 22% da área total, como pode ser observado na tabela 01.

Tabela 01: Estrutura fundiária do município de Ajuricaba – RS.

Área (ha) Nº estabelecimentos % estabelecimentos % acumulado Área total (ha) % área total % acumulado 0-5 141 13,6 13,6 350 1,2 1,2 5-10 145 14,0 27,6 1.042 3,6 4,8 10-20 266 25,7 53,3 3.644 12,6 17,4 20-50 342 33,0 86,3 10.744 37,3 54,7 50-100 98 9,5 95,8 6.687 23,2 77,9 100-200 26 2,5 98,3 3.214 11,1 89,1 200-500 4 0,4 98,6 977 3,4 92,5 > 500 3 0,3 98,9 2.175 7,5 100,0 Sem área 11 1,1 100,0 0 0,0 100,0 TOTAL 1.036 100,0 - 28.833 100,0 - Fonte: Adaptado IBGE, 2006.

As atividades agrícolas realizadas no município são de grande importância, e se destacam, tanto a produção de grãos, quanto a produção animal.

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Em relação às atividades de produção com origem animal, podem ser caracterizadas de forma que há produção de suínos com 12.132 cabeças, de aves com 25.409 cabeças, de ovinos com um plantel de 463 cabeças, e, de bovinos com um plantel atual de 9.646, sendo que destas 4.136 cabeças são ordenhadas para a produção leiteira, com total de 12.507.000 litros produzidos por ano (IBGE, 2006).

A produção leiteira pode ser observada na figura 03, que mostra a evolução da produção de leite e do número de vacas ordenhadas, onde é possível ver que a quantidade de animais ordenhados era, praticamente, constante até por volta do ano de 2008, onde teve um aumento considerável no número das vacas ordenhadas. Já em relação a produção de leite, esta começou a ter um aumento significativo a partir de 2005, o que se deu, principalmente, pela melhoria das condições de produção, pelo melhoramento da genética dos animais, mais controle da qualidade do leite produzido, controle de doenças, melhor qualidade do alimento fornecido aos animais, entre outros.

Figura 03: Vacas Ordenhadas e Produção de leite anual.

Fonte: Adaptado IBGE, 2006.

Já com relação à produção agrícola de origem vegetal, merecem destaque os cultivos de soja com produção de 43.860 toneladas ao ano, de trigo com 33.000 toneladas e de milho com 9.840 toneladas, além de outras produções, porém menos intensivas. O município tem área ocupada com lavouras temporárias de 23.771 ha e com lavouras permanentes 89 ha (IBGE, 2014).

Na figura 04 é possível ver que a produção de soja se destaca em relação ao milho e ao trigo, sendo que nos anos de 2005 e 2012 teve uma brusca queda na produção e isso foi em função de uma estiagem que afetou essa cultura. Já a cultura do trigo, percebe-se que a partir de 2002 começou a ter um aumento significativo na sua produção até 2013, pois em 2014, a

0,000 5.000,000 10.000,000 15.000,000 20.000,000 25.000,000 30.000,000 35.000,000 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 Nº c abeças/Pr odu ção Anos

Leite (mil litros)

(29)

produção teve uma queda bem significativa. E, em relação ao milho, começou com uma boa produção e foi caindo gradativamente com o tempo, tendo produção menor que o trigo.

Figura 04: Evolução da produção agrícola municipal das principais culturas de produção de grãos.

Fonte: Adaptado IBGE, 2014.

3.1.2 Zoneamento Agroecológico

As transformações que ocorreram nas condições e nas formas de produção ao longo da trajetória de evolução da agricultura do município de Ajuricaba configuraram-se em três microrregiões agrícolas distintas do ponto de vista do meio agroecológico, conforme indicado na figura 05.

A microrregião 1 é denominada de “agricultura familiar em capitalização com leite intensivo e grãos”, a sua localização abrange as localidades da linha 13 até a linha 27 Sul e da linha 13 até a linha 27 Sul-Centro, onde há divisa com Ijuí, Bozano e Panambi. Essa microrregião se caracteriza por apresentar um relevo ondulado a levemente acidentado, um solo vermelho característico do tipo latossolo, apresenta alguns pontos de afloramento de rocha e de solo profundo, áreas de preservação permanente e de vegetação de matas nativas, além de possuir grande capacidade de recursos hídricos.

As unidades de produção agropecuárias que predominam nessa microrregião são familiares de pequeno e médio porte que possuem um médio nível de capitalização, são propriedades que apresentam, na sua maioria, uma boa infraestrutura e tração mecanizada

0 8.000 16.000 24.000 32.000 40.000 48.000 56.000 64.000 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 Produção (ton) Anos

(30)

completa. A densidade demográfica dessa microrregião é média. Os sistemas de produção são, a maioria, voltados para a produção de grãos alguns consorciados e outros não, com a pecuária leiteira, sendo que essa apresenta, basicamente, o cultivo de milho para silagem e pastagens.

A microrregião 02, denominada de “agricultura capitalizada e especializada em grãos” se localiza entre as linhas 14 e 31 Norte, fazendo divisa com os municípios de Ijuí, Nova Ramada e Condor. Apresenta, predominantemente, um relevo levemente ondulado e a presença de solo vermelho característico de um latossolo. A vegetação possui pequena presença de matas nativas, pois possui uma transição para o campo, sendo uma região proveniente de área de campo nativo, além de apresentar baixa capacidade de recursos hídricos. Possui baixa densidade demográfica devido as propriedades serem de grande porte.

Nessa região a produção é baseada, principalmente, no cultivo de grãos em grande escala e as propriedades, na sua maioria, apresentam uma boa infraestrutura com tração mecanizada completa e um alto nível de capitalização.

A microrregião 03 foi denominada de “agricultura de pequena produção familiar menos capitalizada”. Ela abrange as localidades da linha 29, 30 e 31 Sul, fazendo divisa com os municípios de Condor e Panambi. Apresenta um relevo, em sua maioria, ondulado e muitas áreas com terrenos declivosos, o solo dessa região é mais pedregoso, possui uma grande presença de vegetação de áreas de mata nativa, além de grande quantidade de recursos hídricos, com presença de muitas sangas, córregos e nascentes. A densidade demográfica dessa microrregião é alta, as propriedades são de pequeno porte e com baixo/médio nível de capitalização.

Nessa região a principal produção é a de bovinocultura de leite, já nas áreas de mato que foram abertas, há a produção de grãos, além de ocorrer diversificação para melhor utilizar as áreas, com a produção de peixes, hortigranjeiros e frutíferas. Essas propriedades apresentam uma infraestrutura relativamente baixa com a presença de algumas instalações de madeira em condições precárias e, em geral, possuem tração mecanizada incompleta.

(31)

Figura 05: Mapa do zoneamento agroecológico do município de Ajuricaba-RS com a identificação das microrregiões.

Fonte: BASSO, Nilvo et al., 2015.

3.1.3 Tipos de Produtores e Sistemas de Produção

As transformações que ocorreram durante o processo de evolução da agricultura do município de Ajuricaba realçaram a diferenciação das condições e das formas de como se produzir na agricultura, aumentando, assim, a diversidade entre os agricultores e os sistemas de produção por eles praticados.

Para ser explicita a diversidade da agricultura, primeiramente foram identificados os agricultores e, estes, agrupados em categorias socioeconômicas, de acordo com as relações de produção (familiares, patronais), de propriedade (arrendatários, proprietários) e de troca (relação com o mercado) que sustentam.

A categoria de agricultores patronais é composta, em sua maioria, por agricultores que se localizam na microrregião de agricultura que possui um grau de capitalização mais elevado, as unidades de produção são relativamente maiores e possuem tração mecanizada completa, e

(32)

também, empregam mão-de-obra contratada. Já a categoria dos agricultores familiares, empregam exclusivamente mão-de-obra familiar e estão distribuídos por todo o território do município. Os agricultores familiares capitalizados possuem maiores extensões de terra e tração mecanizada completa, enquanto que os menos capitalizados possuem menores extensões de terras e tração mecanizada incompleta.

A análise realizada evidenciou que a grande maioria dos agricultores do município é do tipo familiar, e alguns são patronais. Ao todo foram identificados 14 (quatorze) tipos básicos de unidades de produção, os quais são:

- Tipo Patronal Grande Porte Grãos - Tipo Patronal Grãos e Leite Intensivo

- Tipo Familiar Grande Porte Grãos com Tração Mecanizada Completa (TMC) - Tipo Familiar Grande Porte Grãos

- Tipo Familiar Médio Porte Grãos - Tipo Familiar Médio Porte Leite e Grãos

- Tipo Familiar Médio Porte Soja e Leite Intensivo - Tipo Familiar Leite Intensivo e Grãos em Capitalização - Tipo Familiar Pequeno Porte Grãos e Peixe

- Tipo Familiar Pequeno Porte Leite e Soja com Tração Mecanizada Incompleta (TMI) - Tipo Familiar Pequeno Porte Leite Intensivo e Grãos

- Tipo Familiar Pequeno Porte Grãos/Leite/Gado de Corte em Estagnação - Tipo Familiar Pequeno Porte Leite e Arrendamento em Descapitalização - Tipo Familiar Pequeno Porte Grãos em Descapitalização

Nessa análise, também foram encontrados alguns sistemas “novos”, porém ainda não são considerados como tipos, são classificados como “casos emergentes”, os quais praticam atividades novas juntamente com as “tradicionais”. Esses sistemas de produção são de grande importância, pois as atividades que realizam podem servir de referência para uma estratégia de diversificação da agricultura. No estudo foram identificados três casos emergentes, os quais foram identificados:

- Caso 1: Patronal Grãos/Prestação de Serviço/Leite em Confinamento (Compost Bhar) - Caso 2: Patronal Grãos/Peixe/Uva/Unidade de Produção de Leitões (UPL)

- Caso 3: Familiar Grãos/Leite/Tomate

Para analisar a viabilidade das unidades de produção no longo prazo, é utilizada a renda gerada pelos sistemas de produção e que é necessária para que se assegure a reprodução socioeconômica das unidades de produção. Essa análise nos permitiu ver em qual medida os

(33)

sistemas de produção geram renda agrícola por unidade de trabalho familiar (RA/UTF) suficiente para garantir que os agricultores permaneçam nas atividades, no médio e longo prazo. Esse modelo permitiu comparar a remuneração média de um trabalhador (RA/UTF) com o custo de oportunidade da mão de obra, representado pelo Nível de Reprodução Social (NRS). Para as unidades de produção familiar, foi considerado um valor de R$ 788,00, equivalente a um salário mínimo mensal, que incluindo o décimo terceiro salário, corresponde a uma renda anual por unidade de trabalho familiar de R$ 10.244,00. Já para as unidades de produção de maior porte, tipo patronal, foi estabelecida uma renda por unidade de trabalho de 5,0 salários mínimos, totalizando R$ 51.220,00.

Na figura 06, foram reunidas as unidades de produção familiares com área inferior a 14,0 hectares (ha) por unidade de trabalho familiar (UTF), onde verificou-se que os sistemas de produção geram uma RA/UTF que permite alguns agricultores ultrapassar o NRS considerado, e outros que não conseguem atingir esse nível. Nota-se que, com exceção dos tipos Familiar Leite Intensivo Soja e Familiar Pequeno Porte Leite Intensivo e Grãos que produzem um valor de R$ 6.962,52 e R$ 3.517,95, respectivamente, de renda por ha útil, os demais tipos de unidades de produção analisadas atingem uma baixa renda agrícola por unidade de área, apresentando contribuição marginal variando de R$ 1.016,39 a R$ 1.828,14 de renda por ha.

Figura 06: Unidades de produção familiares com área de até 14,0 hectares por unidade de trabalho familiar, nível de intensificação e remuneração do trabalho familiar, em

Ajuricaba/RS.

Fonte: Adaptado de BASSO et al., 2015. (11.000,00) (1.000,00) 9.000,00 19.000,00 29.000,00 39.000,00 49.000,00 59.000,00 69.000,00 79.000,00 89.000,00 0 2 4 6 8 10 12 14 RA/UTF SAU/UTF

Familiar PP Leite Gr. Gd. Cort Estag (a=1.817,53) Familiar PP Grãos Descap (a=1.828,14) Familiar PP Leite Arrend Descap (a=1.016,39) Familiar PP Grãos Peixe (a=1.640,56) Familiar PP Leite Int Grãos (a=3.517,95) Familiar Leite Int. Soja (a=6.962,52) NRS=10.244

(34)

Na figura 07, pode ser visto que os tipos de unidades de produção familiares com área superior a 14,0 ha/UTF geram renda suficiente para remunerar a mão-de-obra familiar e obtêm valores de margem bruta/ha muito próximos dos tipos com menor área, variando de R$ 1.006,63 a R$ 6.174,06 de renda por hectare. Esses tipos conseguem reproduzir a mão-de-obra familiar porque possuem maior superfície agrícola disponível, mas, também, necessitam de maior área por unidade de trabalho familiar para cobrir os custos fixos.

Figura 07: Unidades de produção familiares com área superior a 14,0 hectares por unidade de trabalho familiar, nível de intensificação e remuneração do trabalho familiar, em Ajuricaba -

RS.

Fonte: Adaptado BASSO et al., 2015.

A figura 08, reúne os tipos de agricultores de grande porte, denominados patronais, possuem área até 262 ha por trabalhador, é verificado que o nível de intensificação dos tipos Patronal Leite Intensivo Grãos e Patronal Grãos são similares em relação aos tipos familiares, com valores de, respectivamente, R$ 1.572,97 e R$ 1.735,95 de RA/SAU. Esses produtores conseguem níveis de renda elevada por trabalhador familiar em função da alta escala de produção. Além disso, percebe-se no caso Patronal Diversificado RA/SAU de R$ 14.076,63, e no caso Patronal Grãos Prestação de Serviço Leite Confinado R$ 11.112,85 de RA/SAU. Todavia esses sistemas produtivos com larga escala de produção exigem grande volume de investimento em capital de exploração fixo e em pagamento de salários elevando o valor dos custos fixos. (50.000,00) (30.000,00) (10.000,00) 10.000,00 30.000,00 50.000,00 70.000,00 90.000,00 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 RA/UTF SAU/UTF

Caso Familiar Soja Leite Tomate (a=2.595,13) Familiar MP Leite Int. Grãos (a=6.174,06) Familiar PP Leite Soja TMI (a=1.400,66) Familiar MP Leite Grãos (a=1.530,15) Familiar MP Grãos (a=1.006,63) Familiar GP Grãos TMC (a=1.048,85) Familiar GP Grãos (a=1.597,62) NRS=10.244

(35)

Figura 08: Unidades de produção patronais, nível de intensificação e remuneração do trabalho familiar, em Ajuricaba - RS.

Fonte: Adaptado BASSO, Nilvo et al., 2015.

É importante destacar a capacidade de geração de renda por hectare das atividades que foram analisadas no município, bem como a variação que ocorre entre os índices de intensificação das atividades desenvolvidas, medida pela Renda Agrícola por hectare (RA/ha), conforme a tabela 02. Isso indica o grande potencial de intensificação da produção, através da conversão de determinados tipos de sistemas de produção ou, especificamente, pela melhoria da eficiência técnica e econômica das atividades produtivas.

De acordo com o diagnóstico realizado, destaca-se o alto grau de intensificação da atividade leiteira, onde nos sistemas de criação bem intensivos temos uma renda líquida que pode superar os R$ 6.000,00 por hectare. Já, entre as atividades mais tradicionais se destaca a produção de soja com uma renda líquida superior R$ 1.800,00 por hectare, e, por outro lado, culturas de inverno como trigo e aveia apresentam uma contribuição econômica relativamente baixa.

Outras atividades não tradicionais que foram estudadas revelaram um elevado potencial de geração de renda por hectare, e podem ser usadas como “modelos” para a proposição de projetos de desenvolvimento, como a uva, o peixe, o tomate, o gado de corte e os suínos.

(60.000,00) 60.000,00 120.000,00 180.000,00 240.000,00 300.000,00 360.000,00 420.000,00 480.000,00 540.000,00 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 RA/UTF SAU/UTF Caso Patronal Diversificado (a=14.076,63) Caso Patronal Grãos PS Leite Conf. (a=11.112,85) Patronal Leite Int Grãos (a=1.572,97)

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Tabela 02: Potencial de renda por unidade de área (RA/ha), mínimo e máximo, das atividades analisadas e categorias sociais dos produtores.

Atividades --- Patronal --- --- Familiar ---

Mínimo Máximo Mínimo Máximo

Soja Safra 586,33 1.491,10 905,40 2.106,68

Soja Safrinha - 916,08

Milho Safra Grãos 361,80 484,50 1.217,28

Milho Silagem 412,90 -

Trigo 8,70 102,42 -348,30 482,27

Aveia -117,29 433,23 9,20 103,99

Nabo - 548,03

Leite 2.779,59 6.764,84 605,29 6.035,34

Suínos (UPL – RL/UTT) 162.272,50 -

Gado de Corte - 2.253,98

Peixe 36.712,60 1.325,78

Uva 2.496,30 -

Tomate - 85.436,67

Arrendamento 800,00

Fonte: Dados de pesquisa, 2015.

Com base na tabela 02 é possível ver o potencial de renda por hectare gerado pela cultura do tomate, de R$ 85.436,67, sendo que essa cultura, possui uma boa contribuição e valores bem atrativos, sendo assim, uma das culturas que será usada para a proposição de um projeto. Outro potencial bem significativo é da contribuição na renda por hectare do leite, que pode atingir valores máximos de mais de R$ 6.000,00, sendo, portanto, outra alternativa de projeto.

3.2 CARACTERIZAÇÃO DOS TIPOS DE AGRICULTORES ALVOS DOS PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO

Os dois tipos de agricultores que foram identificados para serem enquadrados, nesse estudo, como alvos dos projetos de desenvolvimento, são os tipos que não conseguiram alcançar o NRS, pois possuem uma baixa RA/UTF, não conseguindo remunerar sua mão de obra familiar.

A tabela 03, a seguir, evidencia os tipos de agricultores alvos dos projetos, e também, nos permite realizar a comparação da remuneração dos trabalhadores familiares (RA/UTF) com o NRS desses tipos.

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Tabela 03: Capacidade de reprodução social dos tipos de agricultores alvos dos projetos.

Tipo de Agricultor RA/UTF NRS

Familiar Pequeno Porte Grãos em Descapitalização 8.047,76 10.244,00 Familiar Pequeno Porte Grãos/Leite/Gado de Corte em

Estagnação 9.211,58 10.244,00

Fonte: Dados de pesquisa, 2015.

Como pode ser visualizado, na tabela 03, os tipos de agricultores não conseguem remunerar a mão de obra familiar, pois sua renda agrícola não é suficiente para alcançar o NRS, que é de 13 salários mínimos nacionais de R$ 788,00. Estes tipos possuem uma área, relativamente pequena para a realização de suas atividades, portanto, são os tipos que merecem receber um projeto, para conseguir, então, elevar sua renda agrícola, remunerar seu trabalho familiar e, com isso, se manter na agricultura.

3.3 PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO PARA OS TIPOS DE AGRICULTORES A análise e o diagnóstico da agricultura do município de Ajuricaba permitiu a identificação de três situações diferentes. A primeira, é caracterizada por produtores capitalizados, patronais e familiares de grande porte, que possuem sistemas bem intensivos e são bem estruturados. A segunda, se constitui por agricultores familiares com menores áreas e maior diferenciação técnica, além de serem sistemas de produção que proporcionam bom potencial de agregação de renda por hectare e possibilita aos agricultores a reprodução socioeconômica, e, isso é possível, devido esses produtores combinarem diferentes formas de atividades e, em alguns casos, desenvolverem sistemas de produção alternativos, como a fruticultura (exemplo da uva) e a olericultura (exemplo do tomate).

Já a terceira situação, é representada por agricultores familiares menos capitalizados e com pequenas áreas de terra, além de seus sistemas serem marcados pela produção de grãos e/ou leite. Foi nessa situação que foram escolhidos os dois tipos de agricultores como público alvo para a elaboração dos projetos de desenvolvimento agrícola para o município de Ajuricaba, sendo eles, o tipo Familiar Pequeno Porte em Descapitalização, o qual é proposto um projeto de implantação de uma estufa para a produção de tomate, e o outro, o tipo Familiar Pequeno Porte Grãos/Leite/Gado de Corte em Estagnação que terá um projeto de intensificação da atividade leiteira, sendo que ambos estão localizados na microrregião 1.

O tomate foi uma das culturas escolhidas para ser uma alternativa de projeto, pois, de acordo com o diagnóstico realizado, é uma cultura que gera valores bem expressivos por

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unidade de área e tem grande rentabilidade, devido a produzir grandes quantidades em pequenas áreas. Já a atividade do leite, foi selecionado em uma propriedade para receber uma proposta de intensificação, pois esta é uma atividade que, segundo o diagnóstico, tem capacidade de gerar uma boa renda por hectare produzido, sendo capaz de garantir melhores condições para os produtores que estão com dificuldades.

3.3.1 Diversificação da Produção com Introdução do Cultivo de Tomate em Estufa em Unidades de Produção do Tipo Familiar Pequeno Porte Grãos

3.3.1.1 Situação atual do tipo Familiar Pequeno Porte Grãos em Descapitalização

Esse tipo de agricultor se localiza, prioritariamente, na microrregião 1, mas também pode ser encontrado na microrregião 3. Agrupa unidades de produção com produção em baixa área e escala, e, possuem mão de obra exclusivamente familiar.

O tipo Familiar Pequeno Porte Grãos em Descapitalização, para o desenvolvimento de suas atividades, possui, em sua maioria, uma Superfície Agrícola Útil (SAU) em torno de 13,5 hectares (ha) e contam, geralmente, com 2,0 Unidades de Trabalho Familiar (UTF). Dispõem de tração mecanizada completa para a realização de suas atividades. Dessa maneira, produzem grãos para o comércio, sendo soja, milho, trigo e aveia, além de produtos para a subsistência.

A produção desse tipo se dá, de forma que, no verão, são cultivados 8,0 ha de soja e 5,0 ha de milho para grão, e, no inverno, são cultivados 2,0 ha de trigo e 6,0 ha de aveia, também 5,0 ha, no inverno, é deixado com cobertura, normalmente, com nabo para o posterior plantio do milho no verão. Além disso, 0,5 ha da SAU é para o cultivo de subsistência.

Esse tipo de sistema de produção pode gerar anualmente R$ 27.593,21 de Valor Agregado Bruto (VAB), sendo que a soja contribui com 56,7%, o milho com 23,6%, a subsistência 13,3%, o trigo 3,8% e a aveia com 2,6%, também possui uma Renda Agrícola para cada Unidade de Trabalho Familiar (RA/UTF) de R$ 8.047,76. De acordo com a figura 09, a renda anual é composta, de forma que, a soja participa com R$ 1.881,11 de renda líquida por hectare produzido, o milho com R$ 1.217,28 por hectare, o trigo com R$ 482,24/ha e a aveia com R$ 103,99/ha produzido. A subsistência conta com R$ 6.051,03 por hectare cultivado.

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Figura 09: Modelo da composição da renda agrícola do Tipo Familiar Pequeno Porte Grãos em Descapitalização.

Fonte: Dados de pesquisa, 2015.

Os resultados econômicos globais desse tipo, especificados da tabela 04, são significativos e apresentam para o sistema uma renda agrícola global anual de R$ 16.095,52 e uma remuneração para o trabalho familiar de R$ 8.047,76, sendo assim, insuficiente para assegurar que os agricultores consigam atingir o nível de reprodução social, não remunerando as unidades de trabalho de acordo com o salário mínimo nacional, o que foi usado no estudo como sendo R$788,00 por mês e considerando o 13º salário, corresponde à R$ 10.244,00/UTF. Os resultados econômicos das atividades agropecuárias, apresentados na tabela 05, nos mostram que o cultivo de soja contribui com 56,7% do valor agregado bruto (VAB) global da unidade de produção e o milho com 23,6%, assim, pouco mais de 80% do VAB é proveniente das culturas de verão, demonstrando uma alta dependência destas duas culturas, sendo um problema, pois caso ocorra alguma intempérie, há muitos riscos de redução da produção. O trigo contribui com 3,8% e a aveia com 2,6% do VAB global anual da unidade de produção.

(6.000,00) (4.000,00) (2.000,00) 2.000,00 4.000,00 6.000,00 8.000,00 10.000,00 12.000,00 0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 RA/UTF SAU/UTF

Soja a=1.881,11 Milho a=1.217,28 Trigo a=482,24 Aveia a=103,99 Subsist. a=6.051,03 NRS= 10.244,00

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Tabela 04: Resultados econômicos globais do sistema de produção Familiar Pequeno Porte Grãos em Descapitalização

Indicadores Valores Indicadores Valores

Unidade de Trabalho Total (UTT) 2,0 Produção Bruta (PB) 47.900,00 Unidade de Trabalho Familiar

(UTF) 2,0 Consumo Intermediário (CI) 20.306,79

Superfície Agrícola Útil (SAU) 13,5 Valor Agregado Bruto (VAB) 27.593,21

Superfície Total (ST) 15,0 Depreciação (D) 9.189,52

Superfície Arrendada 0,0 Valor Agregado (VA) 18.403,68

RA/UTF 8.047,76 Distribuição do Valor Agregado

(DVA) 2.308,16

VA/UTF 9.201,84 Renda Agrícola (RA) 16.095,52

Fonte: Dados de pesquisa, 2015.

Tabela 05: Composição dos resultados econômicos globais e por atividade

Atividades Ha VAB/há VAB % Contribuição VAB

Soja 8 1.954,14 15.633,15 56,7 Milho 5 1.304,99 6.524,97 23,6 Trigo 2 519,62 1.039,24 3,8 Aveia 6 121,24 727,47 2,6 Subsistência 0,5 7.336,74 3.668,37 13,3 TOTAL 27.593,21 100,00

Fonte: Dados de pesquisa, 2015.

3.3.1.2 Proposta Técnica para Diversificação da Propriedade com Implantação do Cultivo de Tomate

A proposta de intervenção no sistema de produção tem por objetivo a redução da dependência dos agricultores das atividades de grãos que são muito instáveis, buscando diversificar a produção, introduzindo o cultivo de tomate em estufa nas propriedades, o qual evidencia um bom potencial de contribuição para a renda do produtor e de comercialização local. De acordo com o relato de produtores do município que já adotam a produção de tomate em seu sistema de produção, há um bom mercado para a comercialização da produção, com a presença de cooperativas (como a Cotripal e a Cotrijui) que compram a produção dos agricultores, além da possibilidade de grande quantidade em vendas avulsas para os vizinhos, para a merenda escolar, algumas vendas na feira do município, marcados, entre outros.

Para a introdução da proposta de intervenção, os produtores terão uma redução da área de verão e de inverno que é destinada à soja e ao trigo para ser implantado uma estufa para 2 cultivos anuais da cultura do tomate, visando aumentar a renda dos agricultores para

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