UMIDADE DO AR, SOBRE A
DIN ˆ
AMICA DE SECAGEM DE
GR ˜
AOS DE SOJA EM
CAMADA FINA
por
Anderson Luis Jeske Bihain
Disserta¸c˜
ao de Mestrado
Iju´ı, RS – Brasil 2011.
MATEM ´
ATICA DA
INFLUˆ
ENCIA DA
UMIDADE DO AR, SOBRE
A DIN ˆ
AMICA DE
SECAGEM DE GR ˜
AOS DE
SOJA EM CAMADA FINA
porAnderson Luis Jeske Bihain
Disserta¸c˜
ao apresentada ao Programa de P´
os-Gradua¸c˜
ao em Matem´
atica – ´
Area de
Concen-tra¸c˜
ao da Universidade Regional do Noroeste
do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI),
como requisito parcial para a obten¸c˜
ao do
t´ıtulo de Mestre em Modelagem Matem´
atica.
Iju´ı, RS – Brasil 2011.
A Comiss˜ao Examinadora, abaixo assinada, aprova a Disserta¸c˜ao
MODELAGEM MATEM ´
ATICA DA
INFLUˆ
ENCIA DA UMIDADE DO AR, SOBRE
A DIN ˆ
AMICA DE SECAGEM DE GR ˜
AOS DE
SOJA EM CAMADA FINA
elaborada porANDERSON LUIS JESKE BIHAIN
como requisito parcial para obten¸c˜ao do t´ıtulo de Mestre em Modelagem
Matem´atica
Comiss˜ao Examinadora
Prof. Dr. Oleg A. Khatchatourian (Orientador) – DeFEM - UNIJU
Prof. Dr. Luciano Pivot Spech – DeTEC - UNIJU
Prof. Dr. Vitor Jos Petry – UTFPR
A Deus, pela disposi¸c˜ao, sa´ude e coragem para enfrentar todos os mo-mentos desta caminhada.
Ao Professor Dr. Oleg Khatchatourian, pela amizade, dedica¸c˜ao e
em-penho na orienta¸c˜ao deste trabalho.
A minha noiva Andressa Rein, que sempre me deu incentivo, apoio e
teve muita compreens˜ao.
Aos meus pais, Elson e Carlete, pelo apoio e incentivo.
Ao Professor Ms. Nelson Toniazzo pela colabora¸c˜ao ao longo desta
pesquisa.
Ao colega Jotair Elio Kwiatkowski pela amizade e pelo apoio durante o mestrado.
Aos professores do Mestrado em Modelagem Matem´atica, pelo
conheci-mento transmitido, ajuda nos moconheci-mentos de necessidade e pelas amizades feitas.
Aos meus colegas e amigos C´assio Belusso, Leandro Blass e Peterson
Avi, pelo apoio e amizade.
Ao amigo e colega Jo˜ao Pedro Berltoldo Dorneles pela disponibilidade
em ajudar na parte experimental.
Ao professor, Pedro Schmidt que sempre emprestou ferramentas e
aju-dou na solu¸c˜ao de problemas relacionados ao laborat´orio.
Aos meus amigos e colegas, sempre prontos para dar seu valioso apoio e oferecer um ombro amigo.
E a todos que de alguma forma contribu´ıram para que este trabalho acontecesse.
LISTA DE TABELAS . . . xv
LISTA DE S´IMBOLOS . . . xvi
RESUMO . . . xviii
ABSTRACT . . . xix
INTRODUC¸ ˜AO . . . 2
1 REVIS ˜AO BIBLIOGR ´AFICA . . . 5
1.1 Breve Hist´orico do Cultivo da Soja . . . 5
1.2 Caracter´ısticas da Soja . . . 6
1.2.1 Caracter´ısticas da planta . . . 6
1.2.2 Est´agios reprodutivos da soja . . . 7
1.2.3 Composi¸c˜ao qu´ımica dos gr˜aos de soja . . . 8
1.2.4 A importˆancia econˆomica da soja . . . 8
1.3 Secagem de Gr˜aos . . . 9
1.3.1 Secagem natural . . . 12
1.3.2 Secagem artificial . . . 13
1.4 Tipos de Secadores de Gr˜aos . . . 14
1.4.1 Secadores de leito fixo . . . 15
1.5 Caracter´ısticas do Ar . . . 20
1.5.1 Umidade absoluta . . . 21
1.5.2 Umidade relativa . . . 21
1.5.3 Umidade relativa do ar de secagem . . . 22
1.6 Caracter´ısticas do Gr˜ao . . . 23 1.6.1 Teor de umidade . . . 23 1.6.2 Umidade de equil´ıbrio . . . 26 1.6.3 Porosidade . . . 28 1.6.4 Massa Especifica . . . 28 1.6.5 Calor Espec´ıfico . . . 29
1.6.6 Calor Latente de Vaporiza¸c˜ao . . . 30
1.6.7 Processo respirat´orio de gr˜aos . . . 30
1.6.8 Coeficiente de Difus˜ao . . . 31
1.6.9 Condutividade T´ermica . . . 32
1.6.10 Fluxo de Calor . . . 33
1.7 Modelos Matem´aticos para Secagem de Gr˜aos . . . 35
1.7.1 Modelos Emp´ıricos . . . 36
1.7.2 Modelos Semi-emp´ıricos . . . 36
1.7.3 Modelos para Camada fina . . . 36
1.7.4 Modelos de Camada Espessa . . . 44
2 ESTUDO EXPERIMENTAL . . . 53
2.1 Objetivos . . . 53
2.2 Equipamento Experimental . . . 53
2.2.1 Sistema de ventila¸c˜ao . . . 53
2.2.2 Medidor da Vaz˜ao . . . 55
2.2.3 Sistema de Umedecimento e aquecimento do ar . . . 58
2.2.4 Sistema de Secagem de Gr˜aos . . . 59
2.3 Mat´eria Prima . . . 59
2.3.1 Teor de umidade inicial . . . 59
2.3.2 Determina¸c˜ao de diferentes teores de umidade . . . 60
2.4 Experimentos de secagem . . . 61
2.4.1 Parˆametros . . . 61
2.4.2 Procedimentos Experimentais . . . 61
3 MODELO MATEM ´ATICO . . . 65
3.1 Justificativa . . . 65
3.2 Hip´oteses do Modelo . . . 66
3.3 Equa¸c˜oes do Modelo Matem´atico (Khatchatourian et al., 2009) 66 3.4 Modifica¸c˜ao do Modelo . . . 68
4 RESULTADOS E DISCUSS ˜OES . . . 71
4.2 Influˆencia da Umidade do Ar de Secagem . . . 72
4.3 Influˆencia do Teor de Umidade inicial dos gr˜aos . . . 78
4.4 Influˆencia da Velocidade do Ar de Secagem . . . 83
4.5 Taxa de Secagem . . . 87
CONCLUS ˜OES . . . 89
BIBLIOGRAFIA . . . 90
Figura 1.2 Curva de secagem (Fonte: Park, 1988 Apud Carneiro, 2003). . . 10
Figura 1.3 Secagem Natural da Soja. . . 12
Figura 1.4 Silo secador. . . 16
Figura 1.5 Secador Torre. Fonte: Cat´alogo Kepler Weber 2010 . . . 18
Figura 1.6 Tipos de secadores quanto ao fluxo. . . 20
Figura 2.1 Esquema do Equipamento Experimental . . . 54
Figura 2.2 Modelo do Ventilador Centr´ıfugo . . . 54
Figura 2.3 Esquema do Diafragma . . . 55
Figura 2.4 Gr˜aos armazenados na geladaira . . . 62
Figura 2.5 Redu¸c˜ao de massa em fun¸c˜ao do Tempo. . . 63
Figura 2.6 Raz˜ao de Umidade. . . 63
Figura 3.1 Dinˆamica de secagem de soja - Influˆencia da umidade do ar. T=45oC; Xg=0.22; V=0.9 m/s (Khatchatourian et al., 2009) . . . 68
Figura 3.2 Dinˆamica de secagem de soja - Influˆencia da umidade do ar. T=70oC; Xg=0.22; V=0.9 m/s (Khatchatourian et al., 2009) . . . 69
Figura 4.1 Dinˆamica de secagem de soja - Valida¸c˜ao dos dados experimentais. T=70oC; Xg=0.19; V=0.9 m/s; Uar=0,5% . . . 71
Figura 4.2 Dinˆamica de secagem de soja - Influˆencia da umidade do ar de secagem. T=70oC; Xg=0.13; V=0.9 m/s. . . . 72
Figura 4.3 Dinˆamica de secagem de soja - Influˆencia da umidade do ar de secagem. T=45oC; Xg=0.19; V=0.5 m/s. . . . 73
Figura 4.4 Dinˆamica de secagem de soja - Influˆencia da umidade do ar de secagem.
T=70oC; Xg=0.19; V=0.9 m/s. . . 74
Figura 4.5 Dinˆamica de secagem de soja - Influˆencia da umidade do ar de secagem.
T=45oC; Xg=0.22; V=0.5 m/s. . . . 74
Figura 4.6 Dinˆamica de secagem de soja - Influˆencia da umidade do ar de secagem.
T=45oC; Xg=0.22; V=0.9 m/s. . . 75
Figura 4.7 Dinˆamica de secagem de soja - Influˆencia da umidade do ar de secagem.
T=70oC; Xg=0.22; V=0.5 m/s. . . 75
Figura 4.8 Dinˆamica de secagem de soja - Influˆencia da umidade do ar de secagem.
T=70oC; Xg=0.22; V=0.9 m/s. . . . 76
Figura 4.9 Dinˆamica de secagem de soja - Influˆencia da umidade do ar de secagem.
T=45oC; Xg=0.28; V=0.5 m/s. . . 76
Figura 4.10 Dinˆamica de secagem de soja - Influˆencia da umidade do ar de secagem.
T=70oC; Xg=0.28; V=0.9 m/s. . . . 77
Figura 4.11 Dinˆamica de secagem de soja - Influˆencia do teor de umidade inicial
dos gr˜aos. T=45oC; Umar=19%; V=0.5 m/s . . . 78
Figura 4.12 Dinˆamica de secagem de soja - Influˆencia do teor de umidade inicial
dos gr˜aos. T=45oC; Umar=31%; V=0.5 m/s . . . . 79
Figura 4.13 Dinˆamica de secagem de soja - Influˆencia do teor de umidade inicial
dos gr˜aos. T=45oC; Umar=44%; V=0.5 m/s . . . 79
Figura 4.14 Dinˆamica de secagem de soja - Influˆencia do teor de umidade inicial
Figura 4.15 Dinˆamica de secagem de soja - Influˆencia do teor de umidade inicial dos gr˜aos. T=70oC; Umar=5%; V=0.9 m/s . . . . 80
Figura 4.16 Dinˆamica de secagem de soja - Influˆencia do teor de umidade inicial
dos gr˜aos. T=70oC; Umar=13%; V=0.9 m/s . . . 81
Figura 4.17 Dinˆamica de secagem de soja - Influˆencia do teor de umidade inicial
dos gr˜aos. T=70oC; Umar=21%; V=0.9 m/s . . . . 81
Figura 4.18 Dinˆamica de secagem de soja - Influˆencia do teor de umidade inicial
dos gr˜aos. T=70oC; Umar=1%; V=1.5 m/s . . . 82
Figura 4.19 Dinˆamica de secagem de soja - Influˆencia do teor de umidade inicial
dos gr˜aos. T=70oC; Umar=1%; V=2.5 m/s . . . 82
Figura 4.20 Dinˆamica de secagem de soja - Influˆencia da velocidade do ar de
secagem. T=70oC; Umar=13%; Xg=0.32 . . . . 83
Figura 4.21 Dinˆamica de secagem de soja - Influˆencia da velocidade do ar de
secagem. T=70oC; Umar=13%; Xg=0.28 . . . 84
Figura 4.22 Dinˆamica de secagem de soja - Influˆencia da velocidade do ar de
secagem. T=90oC; Umar=10%; Xg=0.22 . . . . 84
Figura 4.23 Dinˆamica de secagem de soja - Influˆencia da velocidade do ar de
secagem. T=70oC; Umar=13%; Xg=0.22 . . . 85
Figura 4.24 Dinˆamica de secagem de soja - Influˆencia da velocidade do ar de
secagem. T=45oC; Umar=19%; Xg=0.22 . . . . 85
Figura 4.25 Dinˆamica de secagem de soja - Influˆencia da velocidade do ar de
secagem. T=70oC; Umar=13%; Xg=0.19 . . . 86
Figura 4.26 Dinˆamica de secagem de soja - Influˆencia da velocidade do ar de
secagem. T=70oC; Umar=13%; Xg=0.13 . . . . 86
Tabela 1.2 Composi¸c˜ao m´edia da soja.. . . 8
Tabela 1.3 Classifica¸c˜ao dos secadores. Fonte: (Weber, 1995) . . . 15
Tabela 1.4 Composi¸c˜ao do ar. Fonte: (Weber, 1995) . . . 21
Tabela 1.5 Fonte: Coelho (2009). Teor de umidade para colheita e armazenagem em b.u. 24
Tabela 1.6 Fonte: PUZZI (1986). Umidade de gr˜aos em equil´ıbrio com diferentes n´ıveis
de umidade relativa `a temperatura de 25 o C. . . 27
As - ´area de transferˆencia de calor, m2;
A0 - ´area do orif´ıcio da placa, m2;
A - ´area, m2;
asv - raz˜ao entre a ´area da superf´ıcie e o volume do gr˜ao, m−1;
a1, a2 e a3 - parˆametros, %;
c - coeficiente de vaz˜ao da placa de orif´ıcio;
Cp - Calor espec´ıfico, j.kg−1.K−1;
Cpa - calor espec´ıfico do ar `a press˜ao constante, j.kg−1.K−1;
Cpg - calor espec´ıfico do gr˜ao, j.kg−1.K−1;
Cpv - calor espec´ıfico do vapor d’´agua `a press˜ao constante, j.kg−1.K−1;
Cpw - calor espec´ıfico da ´agua `a press˜ao constante, j.kg−1.K−1;
D - coeficiente de difus˜ao t´ermica, m2.h−1;
Dc - coeficiente de difus˜ao constante, m2.h−1;
h - coeficiente de transferˆencia de calor por convec¸c˜ao, j.kg−1.m2.K−1;
Hv - Calor latente de vaporiza¸c˜ao, J.kg−1;
k - condutividade t´ermica do material, W.moC−1;
ku - fun¸c˜ao da umidade relativa do ar de secagem;
K - constante de secagem, s−1;
k1, k2 e k3 - s˜ao fun¸c˜oes de temperatura, %;
m - massa dos gr˜aos, kg;
mg - massa total de gr˜aos, kg;
mgs - massa inicial dos gr˜aos, kg;
ms - massa de mat´eria seca, kg;
mu - massa de mat´eria ´umida, kg;
M v - Massa de Vapor, kg;
M w - massa de ´agua presente no gr˜ao, kg;
Mgs - massa inicial dos gr˜aos, kg;
P a - press˜ao parcial de vapor no ar, N.m−2;
ρag - massa espec´ıfica aparente, kg.m−3;
ρap - Massa espec´ıfica real, kg.m−3;
P atm - Press˜ao atmosf´erica, mmHg;
ρapi - massa espec´ıfica aparente instantˆanea do produto, kg.m−3;
ρap0 - Massa espec´ıfica aparente inicial do produto, kg.m−3;
ρt - Massa espec´ıfica global, kg.m−3;
P v - Press˜ao Parcial do Vapor, N.m−2;
P vs - press˜ao do vapor saturado, N.m−2;
P vss - press˜ao do vapor na superf´ıcie, N.m−2;
˙
p ´e o fluxo de calor por condu¸c˜ao, kcal.h−1;
˙
q ´e o fluxo de calor por convec¸c˜ao, kcal.h−1;
Q - vaz˜ao de ar;
q - fator de influˆencia da velocidade do ar de secagem;
Qg - parˆametro de avalia¸c˜ao da qualidade do gr˜ao;
RU - raz˜ao de umidade, adimensional;
t - tempo, s;
T - temperatura, oC;
T a - temperatura do ar ambiente, oC;
T e - temperatura de equil´ıbrio do ar, oC;
T g - temperatura do gr˜ao, oC;
T s - temperatura do ar de secagem, oC;
U A - umidade Absoluta, %; U R - umidade Relativa, %;
U m - umidade relativa do ar com adi¸c˜ao de vapor, %;
U m0 - umidade relativa do ar sem adi¸c˜ao de vapor, %;
U Rs - umidade relativa do ar de secagem, %;
V l - volume, m3;
V - velocidade, m.s−1;
V a - velocidade do ar, m.s−1;
V g - volume real, m3;
V T - volume total, m3;
X - teor de umidade m´edio, %;
X - teor de umidade instantˆanea, %;
Xbs - teor de umidade base seca, %;
Xbu - teor de umidade base ´umida, %;
Xe - teor de umidade de equil´ıbrio, %;
X0 - teor de umidade inicial do gr˜ao, %;
X1, X2 e X3 - teor de umidade em cada uma das trˆes camadas, %;
Y - teor de umidade do ar, %;
α - coeficiente de transferˆencia de calor, m.s;
ρ- Massa espec´ıfica, Kg.m−3;
Φh - densidade de fluxo de calor; Φm- Densidade de fluxo de massa; ε- Porosidade, adimensional; λ- peso espec´ıfico do flu´ıdo;
Com a intens˜ao de preservar a qualidade dos gr˜aos de soja, estes s˜ao
colhidos antecipadamente para que n˜ao sofram ataque de insetos e outras avarias
que podem ser causadas pela exposi¸c˜ao ao tempo. Com isso os gr˜aos s˜ao colhidos
com umidade acima da ideal para o seu armazenamento seguro, que mantenha a
sua dura¸c˜ao, qualidade biol´ogica, qu´ımica e f´ısica. Assim se faz necess´ario que os
mesmos passem pelo processo de secagem artificial, a fim de minimizar as perdas
p´os-colheitas. Os modelos matem´aticos mais utilizados para a simula¸c˜ao do processo
de secagem de gr˜aos consideram toda a camada espessa de gr˜aos no secador como
uma sequˆencia de camadas uniformes chamadas camadas finas.Foram realizados
experimentos de secagem de soja em camada fina com a varia¸c˜ao dos parˆametros que
influenciam o processo: a temperatura foi variada na faixa de 45−90oC, a velocidade
na faixa de 0.5− 2.5m/s, o teor de umidade dos gr˜aos entre 13 − 32%, e varia¸c˜ao de
umidade relativa do ar entre 10− 50%. Para gerar a umidade do ar necess´aria foi
injetado vapor d’´agua foi ap´os o aquecedor de ar. O modelo matem´atico desenvolvido
para descrever a secagem de soja em camada fina sob influˆencia da umidade do ar
de secagem ´e apresentado pelo sistema de duas equa¸c˜oes diferenciais ordin´arias. As
lected in advance that they suffer and insect attack other faults that may be caused by exposure to the weather. With that the grain is harvested with moisture above the ideal for your secure storage, while maintaining its length, quality biology, chemistry and physics. Thus it is necessary that the same pass through the artificial drying process in order to minimize post-harvest losses.The mathematical models used for more simulation of grain drying process consider the whole layer thick grain in the dryer as a sequence of uniform layers Call thin layers. Thin-layer drying tests were
conducted for soybean in the temperature range 45-90oC, velocity range 0.05-2.5
m/s, grain moisture content 13-32% with variation of air relative humidity (5-50%). To generate air of required humidity the water vapour was injected after the air heater. Rate of influence of these parameters on drying ratio is varied during dry-ing process. The mathematical model developed to describe the soybean drydry-ing in thin-layer under the influence of the humidity drying air is presented by system of two ordinary differential equations. The simulation and experimental data showed satisfactory concordance.
portˆancia fundamental no desenvolvimento econˆomico e sustent´avel do Brasil e do
mundo. Com a inclus˜ao de novas tecnologias na produ¸c˜ao de gr˜aos e a otimiza¸c˜ao
do uso da terra, a produ¸c˜ao de gr˜aos est´a crescendo a cada ano.
Entre os cereais produzidos no Brasil, segundo dados do IBGE a soja
´e o l´ıder com uma produ¸c˜ao de 65.255.407 Toneladas no ano de 2010, 14,4% a mais
que no ano de 2009, onde o Rio Grande do Sul ´e o 3o estado com maior produ¸c˜ao
deste gr˜ao.
Sabemos que n˜ao basta apenas aumentar a produ¸c˜ao de gr˜aos, tamb´em
´e necess´ario armazen´a-los com boas pr´aticas de conserva¸c˜ao, para que estes gr˜aos
mantenham sua qualidade.
Para preservar a qualidade e as caracter´ısticas dos gr˜aos de soja p´os
colheita, o processo comumente utilizado ´e a secagem artificial, que ´e a passagem
for¸cada de ar aquecido pela massa de gr˜aos. O processo de secagem permite
re-tirar uma parte da ´agua contida nos gr˜aos at´e um n´ıvel que permita realizar o
armazenamento dos mesmos, porque o baixo teor de umidade diminui a atividade f´ısico-qu´ımica destes e inibe as atividades microbianas associadas.
(Fonseca and Nogueira, 1984) afirmam que o alimento seco, quando
processado de maneira controlada e higiˆenica, traz diversas vantagens ao produtor e
ao consumidor, entre as quais se destacam: diminui¸c˜ao do peso e volume; facilidade
de transporte; permanˆencia das caracter´ısticas organol´epticas e nutritivas; restri¸c˜ao
`
a a¸c˜ao de microrganismos, devido `a retirada de ´agua livre; f´acil estocagem e per´ıodo
de conserva¸c˜ao mais longo.
Por´em quando realizada a secagem, devem ser tomados cuidados
princ´ıpio f´ısico segundo o qual a umidade do interior da semente necessita migrar para a periferia e a´ı ser transportada pelo ar para fora do ambiente de secagem.
Caso ocorra uma secagem muito r´apida, em que a periferia da semente tenha uma
umidade muito diferente de seu interior, haver´a danos internos, que afetar˜ao a
qual-idade da semente. Tamb´em devem ser tomados cuidados com a secagem excessiva,
pois est´a faz com que o gr˜ao perca algumas propriedades f´ısicas.
Para (Portellla and Eichelberger, 2001), a secagem ´e uma opera¸c˜ao
critica quando ap´os a colheita os gr˜aos ainda possuem uma elevada porcentagem de
umidade. A secagem feita de forma inadequada, ou a sua ausˆencia, ´e a principal
causa da perda de qualidade e deteriora¸c˜ao dos gr˜aos durante o armazenamento.
Conforme (Hall, 1980), o processo de secagem envolve simultaneamente,
transferˆencia de calor e massa, que podem alterar significativamente as propriedades
f´ısicas do produto e a sua qualidade.
Para tratar do assunto abordado nesta pesquisa, este trabalho se divide me quatro cap´ıtulos:
No primeiro cap´ıtulo ´e apresentado uma revis˜ao bibliogr´afica e a
abor-dagem geral do assunto que trata essa pesquisa.
No segundo cap´ıtulo ´e descrito o estudo experimental, no qual
investigou-se:
a) A influˆencia da umidade do ar de secagem no processo.
b) A dependˆencia entre o teor de umidade e o coeficiente de difus˜ao de
massa dos gr˜aos.
No terceiro cap´ıtulo ´e descrito o modelo matem´atico e os m´etodos
No quarto e ´ultimo cap´ıtulo s˜ao apresentados os resultados onde ´e
poss´ıvel avaliar diferentes configura¸c˜oes no sistema de secagem de soja em camada
1.1
Breve Hist´
orico do Cultivo da Soja
A soja ´e uma leguminosa domesticada pelos chineses h´a cerca de cinco
mil anos. Sua esp´ecie mais antiga, a soja selvagem, crescia principalmente nas terras
baixas e ´umidas, junto aos juncos nas proximidades dos lagos e rios da China Central.
H´a trˆes mil anos a soja se espalhou pela ´Asia, onde come¸cou a ser utilizada como
alimento. Foi no in´ıcio do s´eculo XX que passou a ser cultivada comercialmente nos
Estados Unidos. A partir de ent˜ao, houve um r´apido crescimento na produ¸c˜ao, com
o desenvolvimento das primeiras cultivares comerciais (Campos, 2003).
Aportou-se no Brasil em 1882, atrav´es da Bahia por Gustavo Dutra,
sem alcan¸car ˆexito. Em S˜ao Paulo, come¸cou a ser cultivada por imigrantes japoneses,
por volta de 1908, e foi introduzida oficialmente no Rio Grande do Sul em 1914 e
no Paran´a seu cultivo iniciou-se em 1954 (Mattos, 1986).
At´e os anos 40, foi cultivada principalmente em institui¸c˜oes de pesquisa,
com fins experimentais e por colonos japoneses, em pequena escala. A partir de
ent˜ao, come¸cou a ganhar certa importˆancia como alimento de animais e ocorreram
as primeiras exporta¸c˜oes, em 1949, no estado do Rio Grande do Sul. Em 1958, devido
ao aumento da produ¸c˜ao, nesse mesmo estado come¸cou a funcionar uma f´abrica
des-tinada a industrializa¸c˜ao da soja, com capacidade para 150 toneladas por dia. Nessa
´epoca, o Minist´erio da Agricultura realizou uma s´erie de experimentos, visando obter
esp´ecies melhoradas e adaptadas `as condi¸c˜oes brasileiras (Soja.tudosobre, 2007).
O grande impulso ao cultivo da soja, se originou na sucess˜ao
trigo-soja, adotada no Rio Grande do Sul na d´ecada de 60, ´epoca em que a pol´ıtica
governamental estimulou a expans˜ao da cultura do trigo. No Paran´a, come¸cou
a ser cultivada nas entre-ruas dos cafezais. A partir dos anos 70, com a quase
significativamente. A soja tamb´em foi introduzida nas ´areas centrais do Brasil, abrindo novas fronteiras no cerrado brasileiro (Soja.tudosobre, 2007).
A produ¸c˜ao de soja ´e uma das principais atividades econˆomicas da
Regi˜ao Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. ´E uma atividade agr´ıcola geradora
de recursos, da qual dependem outras ´areas, tais como a ind´ustria, o com´ercio e a
presta¸c˜ao de servi¸cos. A regi˜ao ´e visivelmente dependente da produ¸c˜ao deste cereal,
pois quando se tem quebra na safra ´e sentido uma queda dr´astica na economia local.
1.2
Caracter´ısticas da Soja
1.2.1 Caracter´ısticas da planta
A soja ´e uma planta herb´acea pertencente `a fam´ılia Leguminosae e
ao gˆenero Glycine, subfam´ılia das Papilion´aceas, tribo das Faseol´aceas, ramo das
faner´ogamas, divis˜ao das angiospermas, classe das dicotiledˆonias, ordem das rosales
e esp´ecie Glycine max (L) Merrill. Acredita-se que sua antecessora selvagem tenha
sido a Glycine ussuriensis, uma planta errante nativa, oriunda do nordeste asi´atico,
que atrav´es dos s´eculos sofreu e acumulou muta¸c˜oes gen´eticas (Mattos, 1987).
Entre as variedades de soja existentes, temos uma grande diversidade
quanto ao ciclo (n´umero de dias da emergˆencia `a matura¸c˜ao), variando de 70 dias
para as mais precoces a 200 dias para as mais tardias. De modo geral, as variedades
brasileiras tˆem ciclo entre 100 e 160 dias.
A planta ´e ereta ou vol´uvel, protuberante. O caule ´e ramoso, h´ıspido,
com 80 a 150cm de comprimento. As folhas s˜ao longopecioladas, com trˆes fol´ıolos
cordiformes, muito desenvolvidos e peludos na parte inferior. As flores reunidas
em cachos curtos, s˜ao axilares, s´esseis, brancas, viol´aceas ou amarelas, conforme a
variedade. As vagens levemente arqueadas, subcomprimidas, peludas, tˆem de 1 a 5
Figura 1.1: Gr˜aos de soja.
castanho e o comprimento variando entre 3 a 7mm. O peso de 100 gr˜aos varia entre
5 e 17 gramas, de acordo com a variedade (Gomes, 1975).
1.2.2 Est´agios reprodutivos da soja
Conforme (Costa et al., 2005) os est´agios de desenvolvimento dos
est´agios reprodutivos da soja podem ser assim descritos:
R1: In´ıcio do florescimento - uma flor aberta em qualquer n´o do caule.
R2: Florescimento completo - uma flor aberta em um dos ´ultimos n´os do caule com
folha desenvolvida.
R3: In´ıcio da forma¸c˜ao de legumes - um legume com 5mm num dos quatro ´ultimos
n´os do caule com folhas desenvolvidas.
R4: Forma¸c˜ao de legumes - um legume com 2cm dos quatro ´ultimos n´os do caule
com folha desenvolvida.
R5: In´ıcio do enchimento dos gr˜aos - gr˜aos com 3mm num legume dos quatro ´
R6: M´aximo volume de gr˜aos - legume contendo, ao menos um gr˜ao verde que
ocupa toda a sua cavidade, num dos quatro ´ultimos n´os do caule com
folha desenvolvida.
R7: Matura¸c˜ao fisiol´ogica - um legume normal, no caule, que atingiu a cor de legume maduro.
R8: Matura¸c˜ao - noventa e cinco por cento dos legumes atingiram a cor de legume maduro.
1.2.3 Composi¸c˜ao qu´ımica dos gr˜aos de soja
Rica em prote´ınas, vitaminas e minerais, a soja al´em de ser usada para
alimenta¸c˜ao humana e animal e ser uma grande aliada na manuten¸c˜ao da sa´ude,
tamb´em ´e muito utilizada na industria e j´a esta sendo usada em v´arios pa´ıses na
substitui¸c˜ao de solventes, derivados de petr´oleo e no desenvolvimento de v´arios
out-ros produtos. Conforme (Kagawa, 1995), a composi¸c˜ao m´edia da soja ´e vista nas
tabelas 1.1 e 1.2:
Minerais
Energia Umidade Prote´ınas Lip´ıdios Carboidratos A¸cucares Cinzas Ca P Fe Na K Mg Zn Cu
417 11 38 19 23 4 5 240 580 9,4 1 1900 220 3200 980
Kcal g/100g g/100g g/100g mg/100g ug/100g
Tabela 1.1: Composi¸c˜ao m´edia da soja.
Vitaminas Fibra Alimentar
A E B1 B2 Niacina Soluveis H2O N˜ao Soluveis H2O Totais
12 1.8 0.83 0.3 2.2 1.8 15.3 17.1
u/100g mg/100g g/100g
Tabela 1.2: Composi¸c˜ao m´edia da soja.
1.2.4 A importˆancia econˆomica da soja
A importˆancia econˆomica da soja no agroneg´ocio brasileiro se reflete na
participa¸c˜ao do Complexo Soja na composi¸c˜ao da balan¸ca de exporta¸c˜oes do pa´ıs.
Essa continua liderando o ranking dos principais ´ıtens da pauta de exporta¸c˜oes do
agroneg´ocio brasileiro. No ´ultimo ano, as exporta¸c˜oes dos gr˜aos, farelo e ´oleo
Complexo Soja tem sido superior a ´ıtens como carnes, produtos florestais e complexo sucroalcooleiro (Tramontina et al., 2008).
A colheita da soja no ano de 2009, segundo os dados da Embrapa atingiu
um ´ındice de 210,6 milh˜oes de toneladas em uma ´area plantada de 96,3 milh˜oes de
hectares, sendo que destes n´umeros 95,3 milh˜oes de toneladas foram produzidos em
41,5 milh˜oes de hectares pertencentes a Am´erica do Sul. No Brasil, a ´area plantada
foi de 21,7 milh˜oes de hectares rendendo uma safra de 51,7 toneladas.
Al´em da exporta¸c˜ao a soja ainda movimenta um boa parte da economia
interna do Brasil atrav´es das empresas de processamento, que produzem diversos
produtos obtidos atrav´es dessa.
1.3
Secagem de Gr˜
aos
No ramo de conserva¸c˜ao de produtos agr´ıcolas, se tem dado uma grande
importˆancia ao processo de secagem de gr˜aos, pois com a secagem ´e poss´ıvel
ante-cipar a colheita, disponibilizando a ´area para novos cultivos; diminuir a perda dos
gr˜aos ainda na lavoura, pelos ataques de insetos e doen¸cas com a colheita antecipada;
armazenar por maiores per´ıodos, sem o perigo de deteriora¸c˜ao do produto; manter o
poder germinativo por longos per´ıodos; e impedir o desenvolvimento de
microrgan-ismos e insetos. Por´em ela possui um custo elevado no processo de beneficiamento,
por causa da energia necess´aria para realiz´a-la.
Secagem ´e a opera¸c˜ao que tem por finalidade reduzir o teor de umidade
do produto a n´ıvel adequado `a sua estocagem por um per´ıodo prolongado (Puzzi,
1977).
Fisicamente a secagem ´e o processo simultˆaneo de transferˆencia de
ener-gia (calor) e massa (umidade) entre o produto e o ar de secagem feita at´e que ocorra
equil´ıbrio com o ar ambiente onde ser´a armazenado, mantendo preservada sua
• se Pg > Pa : ocorrer´a secagem do produto;
• se Pg < Pa : ocorrer´a umedecimento do produto;
• se Pg = Pa : ocorrer´a o equil´ıbrio higrosc´opico.
Onde:
Pg ´e a press˜ao de vapor nos gr˜aos;
Pa ´e a press˜ao de vapor no ar;
Segundo (Park et al., 2007), a evolu¸c˜ao destas transferˆencias simultˆaneas
de calor e de massa no decorrer da opera¸c˜ao de secagem, faz com que esta seja
di-vidida esquematicamente em trˆes per´ıodos descritos na figura 1.2.
Figura 1.2: Curva de secagem (Fonte: Park, 1988 Apud Carneiro, 2003).
A curva (a) representa a diminui¸c˜ao do teor de ´agua do produto durante
a secagem (conte´udo de umidade do produto, X = Xbs, em rela¸c˜ao a evolu¸c˜ao do
tempo de secagem t), isto ´e, a curva obtida pesando o produto durante a secagem
A curva (b) representa a velocidade (taxa) de secagem do produto
(varia¸c˜ao do conte´udo de umidade do produto por tempo, dX/dt em rela¸c˜ao a
evolu¸c˜ao do tempo t), isto ´e, a curva obtida diferenciando a curva (a).
A curva (c) representa a varia¸c˜ao da temperatura do produto durante
a secagem (varia¸c˜ao da temperatura do produto T em rela¸c˜ao `a evolu¸c˜ao do tempo
t), isto ´e, a curva obtida medindo a temperatura do produto durante a secagem.
Descrevendo os trˆes per´ıodos temos:
Per´ıodo 0
No inicio os gr˜aos est˜ao mais frios que o ar, a press˜ao parcial de vapor da
´
agua na superf´ıcie do produto ´e muito pequena e, conseq¨uentemente, a transferˆencia
de massa e a velocidade de secagem s˜ao lentas. Esse fenˆomeno ocorre at´e que a
transferˆencia de calor compense exatamente a transferˆencia de massa.
Per´ıodo 1
Nesse per´ıodo a taxa de secagem ´e constante. A ´agua que evapora-se
´e ´agua livre. A transferˆencia de calor e massa s˜ao equivalentes e a velocidade de
secagem constante.
Esse per´ıodo continua enquanto tiver ´agua livre na massa de gr˜aos.
Per´ıodo 2
Nesse per´ıodo a taxa de secagem ´e decrescente e a velocidade de secagem
diminui, por que a ´agua na superf´ıcie ´e escassa. No final desse per´ıodo o produto
estar´a em equil´ıbrio com o ar (X = Xeq) e a velocidade de secagem ´e nula.
1.3.1 Secagem natural
A secagem natural ´e feita em duas etapas. A primeira etapa do processo
de secagem natural ocorre logo ap´os a matura¸c˜ao fisiol´ogica do produto ainda no
campo, quando esse apresenta elevado teor de umidade. A movimenta¸c˜ao do ar ´e
feita pela a¸c˜ao do vento e a energia para evapora¸c˜ao de umidade prov´em do potencial
de secagem do ar e da incidˆencia direta da energia solar (Souza e Silva, 2011).
Figura 1.3: Secagem Natural da Soja.
A segunda etapa da secagem natural tamb´em utiliza energia solar e
e´olica para remover a umidade das sementes, por´em nessa os gr˜aos ap´os
colhi-dos est˜ao espalhados em uma camada uniforme sobre lonas. Devem ser tomados
cuidados especiais para que as sementes n˜ao sofram aquecimento excessivo e que a
secagem ocorra do modo mais uniforme poss´ıvel. Este m´etodo, em geral, ´e pouco
suscet´ıvel a riscos de danifica¸c˜ao mecˆanica e t´ermica sendo, no entanto, dependente
para a secagem das sementes. ´E um m´etodo adequado para pequenas quantidade de sementes.
A secagem natural ´e uma t´ecnica n˜ao aconselh´avel e pouco utilizada
na produ¸c˜ao comercial da maioria dos gr˜aos pois apresenta in´umeras desvantagens
como: ocupa¸c˜ao prolongada do campo; facilidade de desenvolvimento e ataque de
pragas, o trabalho de colheita fica dificultado e no caso de colheita mecˆanica, o baixo
teor de umidade do produto faz com que durante este processo se tenha uma grande
perda de gr˜aos, pois a planta estando muito seca as vagens se abrem derrubando os
gr˜aos no solo.
1.3.2 Secagem artificial
A secagem artificial, ´e realizada por meios mecˆanicos e admite uso de
tecnologias. Ela consiste em submeter o produto `a a¸c˜ao de uma corrente de ar quente
que atravessa a massa de gr˜aos. Esse ar ´e aquecido e movimentado artificialmente.
A secagem dos gr˜aos, quando usa-se ar aquecido mecanicamente, ´e uma
op¸c˜ao cara. Entretanto, apresenta uma s´erie de vantagens com rela¸c˜ao `a secagem
natural:
• A secagem pode ser processada, independentemente das condi¸c˜oes do tempo.
• Possibilidade de estabelecer um programa de opera¸c˜ao com mais facili-dade.
• Como o processo ´e mais r´apido do que o feito ao sol, h´a um menor espa¸co de tempo, o qual impede o desenvolvimento de fungos.
Na secagem mecˆanica de um produto o ar ambiente aquecido atinge
• A press˜ao do vapor da ´agua existente nos gr˜aos ´e aumentada pelo aque-cimento do produto, facilitando assim a sa´ıda da umidade. Parte do calor do ar secante proporciona um aumento de temperatura do produto
(calor sens´ıvel) e parte fornece o calor necess´ario para a vaporiza¸c˜ao da
´
agua contida nos gr˜aos (calor latente) (Albino, 2009).
• Aumentando-se a temperatura do ar ambiente a sua umidade relativa diminui consequentemente, e sua capacidade de absorver umidade au-menta.
A secagem artificial com ventila¸c˜ao for¸cada pode ser realizada com ar
natural, com ar a baixas e altas temperaturas, em sistemas combinados ou por
seca-aera¸c˜ao, com o emprego do silo secador-armazenador.
Os fatores que influenciam a secagem artificial de gr˜aos s˜ao a umidade,
velocidade e temperatura do ar de secagem; o teor de umidade inicial e a temperatura
da massa de gr˜aos.
Durante o processo de secagem um fator que deve ser bem avaliado, ´e a
temperatura do ar de secagem, pois o uso de temperaturas inapropriadas pode causar
perda da qualidade dos gr˜aos. Segundo (Puzzi, 1986), a secagem dos gr˜aos, num
per´ıodo maior de tempo e com temperaturas n˜ao muito altas, confere ao produto
melhores caracter´ısticas do que o aumento demasiado da temperatura que pode
provocar o cozimento dos gr˜aos.
1.4
Tipos de Secadores de Gr˜
aos
Atualmente, no mercado est˜ao dispon´ıveis diversos tipos de secadores
de gr˜aos prontos para atender todos os tipos de necessidades. Existem secadores
para atender, desde pequenos agricultores, at´e grandes latifundi´arios e unidades de
recebimento de gr˜aos. Tamb´em existem alguns secadores projetados para secagem
Os sistemas comerciais de secagem para gr˜aos s˜ao classificados quanto a diversas caracter´ısticas (Weber, 1995) expostas na tabela 1.3:
Classifica¸c˜ao Sistema de secagem Quanto ao sistema de carga Intermitente ou cont´ınuos Quanto ao tipo de fabrica¸c˜ao M´oveis ou fixos (silos secadores, de torre)
Quanto `a ventila¸c˜ao Insufla¸c˜ao de ar ou aspira¸c˜ao de ar Quanto ao fluxo de ar Concorrente, contracorrente, cruzado ou misto
Quanto `a torre de secagem Calhas paralelas, calhas cruzadas, de colunas e com cˆamara descanso Quanto ao sistema de descarga Descarga de bandeja mecˆanica, descarga pneum´atica, descarga de eclusas rotativas
Quanto ao combust´ıvel L´ıquido, s´olido ou gasoso Ar da fornalha Direto e indireto
Grau de automatiza¸c˜ao Secagem com controle manual e secagem automatizada
Tabela 1.3: Classifica¸c˜ao dos secadores. Fonte: (Weber, 1995)
1.4.1 Secadores de leito fixo
Os secadores de leito fixo s˜ao aqueles que a massa de gr˜aos sujeita ao
processo de secagem fica est´atica, enquanto o ar aquecido os atravessa realizando as
transferˆencias de energia e massa.
Os secadores de leito fixo s˜ao encontrados no sistema de silos secadores.
Este sistema, ´e muito utilizado por cooperativas para secagem de sementes, opera
com o produto est´atico, sem movimento. S˜ao constru´ıdos com estrutura met´alica
e madeira, instalados dentro de armaz´ens. Inicialmente o sistema de insufla¸c˜ao de
ar quente, proveniente de uma fornalha alimentava este silo pela parte inferior onde estava localizado um plenum sobre o qual se encontra o piso de chapa perfurada.
Modifica¸c˜oes foram efetuadas sendo acrescentado um duto central perfurado, para
a introdu¸c˜ao do ar aquecido, onde as paredes do silo s˜ao de chapas perfuradas
permitindo a sa´ıda do ar ´umido.
Existe tamb´em o silo secador m´ovel. Este tipo de secador j´a foi muito
utilizado no Brasil, principalmente nas fronteiras agr´ıcolas. Secam por carga,
pe-quenos volumes de gr˜aos. S˜ao silos adaptados para facilitar seu deslocamento. Nesse
caso, por ser um sistema que trabalha ao ambiente, utiliza-se estrutura met´alica em
sua constru¸c˜ao. A insufla¸c˜ao de ar ocorre pela parte inferior por interm´edio de um
plenum para distribui¸c˜ao do ar e a sa´ıda do ar ´umido ´e obtida pela parte superior,
Figura 1.4: Silo secador.
(Brooker et al., 1974), para o sistema de silo cheio, apontam como vantagens:
• a colheita pode ser feita a qualquer ritmo; • a opera¸c˜ao relativamente simples;
• manuseio m´ınimo dos gr˜aos; • alta eficiˆencia energ´etica;
• a n˜ao ocorrˆencia de secagem excessiva e o baixo ´ındice de quebra de
gr˜aos com baixas temperaturas
Descrevem como desvantagens:
• a impossibilidade do uso de gr˜aos com alto teor de umidade; • um per´ıodo longo de opera¸c˜ao;
Uma varia¸c˜ao no processo desse tipo de secador consiste em efetuar a
secagem por carga, na qual certa quantidade de gr˜aos j´a secos ´e transferida para o
1.4.2 Secadores de fluxo cont´ınuo
Os secadores de fluxo cont´ınuo est˜ao divididos em v´arios grupos, de
acordo com o modo de escoamento: secadores de fluxo concorrente, secadores de fluxo contracorrente, secadores de fluxo cruzado, secadores em cascata e secadores com promotores de mistura.
Em secadores de fluxo concorrente, ar e gr˜aos fluem na mesma dire¸c˜ao
ao longo do secador. Segundo (Walker and F.W., 1978), os secadores de fluxo
concorrente parecem ter as melhores condi¸c˜oes para realizar a secagem com altas
temperaturas, sem causar danos aos gr˜aos. (Bakker-Arkema et al., 1983) realizaram
testes simulados e experimentais de secagem de arroz, em um secador de fluxo
concorrente de 2 e 3 est´agios, com temperatura de secagem de 82oC a 176oC e
obtiveram a remo¸c˜ao de 6 por cento de umidade em cada passagem. A energia
consumida foi de 3,5 a 3, 6M J/kg vapor e os gr˜aos passaram por um per´ıodo de
repouso no pr´oprio secador a uma temperatura entre 40,5oC e 43,3oC.
Em secadores de fluxo contracorrente, ar e gr˜aos fluem em sentido
contr´ario ao longo secador. Segundo (Nellist, 1982), em um fluxo contracorrente,
operando em equil´ıbrio, os gr˜aos deixariam o secador `a mesma temperatura do ar
de entrada. A sua aplica¸c˜ao ´e limitada pela sensibilidade dos gr˜aos a altas
tem-peraturas. Assim, na ind´ustria, o mesmo ´e utilizado como resfriador ao inv´es de
secador.
Os secadores de fluxo cruzado caracterizam-se pela passagem do ar
perpendicularmente a uma camada de gr˜aos, os quais se movem entre chapas
per-furadas.
Os secadores de fluxo cruzado s˜ao muito populares pela simplicidade de
constru¸c˜ao e baixo custo (Stevens and Thompson, 1976). Sua maior desvantagem ´e
a falta de uniformidade no processo de secagem. (Morey, 1973) efetuaram simula¸c˜oes
de ar de 15, 2m3/min/m2. Os mesmos autores recomendam o uso de leitos de 20 a
40 cm de espessura, dependendo da posi¸c˜ao das colunas do secador.
O secador de torre sem d´uvida ´e o mais utilizado comercialmente, tanto
pela faixa de capacidade em que opera, quanto pelas suas caracter´ısticas t´ecnicas.
S˜ao secadores verticais, est´aticos, que operam de forma intermitente ou cont´ınua,
com os gr˜aos em movimento, conforme mostrado na Figura 1.5.
Figura 1.5: Secador Torre. Fonte: Cat´alogo Kepler Weber 2010
Este secador tem sua concep¸c˜ao nos dispositivos internos da torre,
ca-lhas ou dutos de ar montados de forma paralela, onde o ar entra pelo lado da fornalha e sai pelo lado do ventilador, que se encontra no lado oposto. As calhas cruzadas,
formando um ˆangulo de 90o entre si, fazendo com que o ar quente entre por um
lado e saia formando um ˆangulo reto. Nesse caso, a fornalha e o ventilador n˜ao se
compro-metendo o desempenho e colocando-o em risco de incˆendio, al´em de n˜ao oferecer
uma secagem uniforme em toda a se¸c˜ao.
O secador de coluna, n˜ao possui calhas, mas colunas de chapa perfurada.
Os gr˜aos descem entre chapas perfuradas atrav´es das quais o ar atravessa a massa de
gr˜aos, de forma cruzada. Alguns secadores de coluna possuem cˆamara de descanso,
dispositivo instalados em algumas torres que tem como objetivo homogeneizar a
massa de gr˜aos em secagem pelo sistema intermitente, s˜ao indicados principalmente
para o arroz.
Quanto ao sistema de carregamento de gr˜aos, podem ser intermitentes,
trabalhando por carga. N˜ao possuindo zonas de resfriamento, recebem uma carga
de gr˜aos que circula na torre at´e a completa secagem. ´E indicado para secagem de
arroz, pois evita o choque t´ermico e o surgimento de trincas. Os cont´ınuos s˜ao, por
sua vez, constitu´ıdos por zonas de aquecimento e de resfriamento.
O sistema de ventila¸c˜ao pode ser por insufla¸c˜ao de ar. Nesse caso o ar
quente passa pelo rotor do ventilador e ´e insuflado na massa de gr˜aos. Para esse
sistema s˜ao necess´arios dois ventiladores, o primeiro para a fornalha e o segundo
utilizado para a insufla¸c˜ao do ar de resfriamento. Outra forma ´e pela aspira¸c˜ao do
ar. Nesse caso a torre fica entre a fornalha e o ventilador, fazendo com que um ´unico
ventilador movimente o ar aquecido e o de resfriamento, sendo esse o mais utilizado.
Os secadores de torre podem ser de fluxo de ar concorrente, contra-corrente, cruzado ou misto. Na figura 1.6 podemos ver os esquemas de fluxo de ar.
O sistema de secagem em torre permite quatro possibilidades de
uti-liza¸c˜ao: a secagem cont´ınua, a secagem intermitente, a secagem do corpo inteiro e
a secagem em lotes.
Na secagem cont´ınua, a faixa recomendada de umidade para introdu¸c˜ao
recomenda-Figura 1.6: Tipos de secadores quanto ao fluxo.
se uma determinada temperatura do ar de aquecimento. Utilizaram-se faixas de
temperatura entre 55oC a 65oC para o arroz, de 80oC a 100oC para o milho e de
100oC a 110oC para soja e trigo. Torna-se importante frisar que essa ´e a temperatura
de entrada do ar aquecido, mas o controle ´e efetuado pela temperatura da massa de
gr˜ao, a qual no caso do arroz, fica ao redor dos 40oC, no milho em 55oC e na soja e
no trigo em 48oC, (Puzzi, 1986).
Os procedimentos para utiliza¸c˜ao da torre, tornam-se de fundamental
importˆancia para se obter a maior eficiˆencia na opera¸c˜ao, uma vez que se trata de
um volume de gr˜aos muito elevado.
Os fabricantes justificam como as principais vantagens deste sistema, a
umidade de sa´ıda praticamente constante. Nas ind´ustrias de ´oleo, o sistema oferece
gr˜aos com melhor qualidade, aumentando o rendimento do solvente na extra¸c˜ao. A
secagem ´e efetuada a m´ınimo custo, pois os gr˜aos n˜ao secam acima do necess´ario.
1.5
Caracter´ısticas do Ar
Sendo o ar o flu´ıdo utilizado para realizar a secagem de gr˜aos, ´e necess´ario
que suas caracter´ısticas sejam conhecidas, a fim de entender a sua influˆencia sobre
Segundo (Park et al., 2007), o ar ´e a mistura gasosa de maior
im-portˆancia na ind´ustria aliment´ıcia, sendo que sua utiliza¸c˜ao pode ser facilmente
visu-alizada nas opera¸c˜oes industriais que exigem o seu tratamento, tais como: secagem,
armazenamento, condicionamento, etc.
Podemos perceber analisando a tabela 1.4 da composi¸c˜ao do ar seco
que os gases de oxigˆenio e nitrogˆenio s˜ao a maior parte.
Componente Peso Molecular (PM) Fra¸c˜ao Molar PM Parcial Oxigˆenio (O2) 32.000 0,2095 6,704
Nitrogˆenio (N2) 28,016 0,7809 21,878
Argˆonio (A) 39,944 0,0093 0,371 Di´oxido de Carbono (CO2) 44,010 0,0003 0,013
TOTAL 1,0000 28,966
Tabela 1.4: Composi¸c˜ao do ar. Fonte: (Weber, 1995)
1.5.1 Umidade absoluta
A umidade absoluta ´e a rela¸c˜ao entre a massa de vapor de ´agua e a
massa de ar seco em um volume de ar a uma temperatura espec´ıfica. Quanto mais
aquecido o ar estiver, mais ´agua ele comporta.
A umidade absoluta est´a expressada na equa¸c˜ao 1.1, onde Mv´e a massa
de vapor de ´agua e V l ´e volume.
U A = Mv
V l (1.1)
1.5.2 Umidade relativa
A umidade relativa ´e a rela¸c˜ao entre a fra¸c˜ao molar do vapor de ´agua e
a fra¸c˜ao de vapor de ´agua numa mistura saturada sujeita a mesma press˜ao e mesma
temperatura.
Sabendo que a mistura ar-vapor de ´agua `a press˜ao atmosf´erica pode ser
a press˜ao parcial do vapor na mistura (Pv) e a press˜ao do vapor saturado (Pvs) `a
mesma temperatura, conforme expressa na equa¸c˜ao 1.2
U R = Pv
Pvs
.100 (1.2)
1.5.3 Umidade relativa do ar de secagem
(Lykov, 1956) propˆos a rela¸c˜ao 1.3 para calcular a umidade relativa do
ar de secagem: U Rs= 0, 622. Pv Pa (1.3) onde:
0, 622 ´e a raz˜ao entre a massa molar da ´agua e do ar;
Pv ´e a press˜ao parcial de vapor;
Pa ´e a press˜ao parcial do ar;
sendo:
Pa = Patm− Pv
A press˜ao parcial de vapor ´e determinada pela equa¸c˜ao 1.2, enquanto
a press˜ao parcial de vapor ´e determinada pela rela¸c˜ao 1.4.
log Pvs = 0, 622.
7, 5.Ta
238 + Ta
(1.4)
1.6
Caracter´ısticas do Gr˜
ao
Para trabalhar com secagem, ´e muito importante conhecer as
carac-ter´ısticas dos gr˜aos, j´a que eles s˜ao o produto da secagem e suas propriedades
inter-ferem diretamente na dinˆamica de secagem.
As caracter´ısticas dos gr˜aos podem ser classificadas em: f´ısicas, mecˆanicas,
t´ermicas, el´etricas e ´opticas (Silva, 2004).
(Silva, 2004) cita como caracter´ıstica dos gr˜aos teor de umidade,
umi-dade de equil´ıbrio, porosiumi-dade, massa espec´ıfica, peso hectol´ıtrico,ˆangulo de repouso,
coeficiente de atrito, esfericidade, ´area superficial, calor latente de vaporiza¸c˜ao e
calor espec´ıfico.
1.6.1 Teor de umidade
O teor de umidade dos gr˜aos, representa a quantidade de ´agua por
unidade de massa do gr˜ao ´umido ou seco e ´e um fator fundamental na conserva¸c˜ao
dos gr˜aos. O teor de umidade pode ser descrito de duas maneiras:
1 - Pela rela¸c˜ao entre a quantidade de ´agua e a massa seca (base seca)
visto na equa¸c˜ao 1.5 Xbs = mw ms .100 (1.5) onde:
mw ´e a massa de ´agua presente no gr˜ao;
ms ´e a massa de mat´eria seca;
2 - Pela rela¸c˜ao entre a quantidade de ´agua e massa total (base ´umida),
Xbu =
mw
mu
.100 (1.6)
onde:
mw ´e a massa de ´agua presente no gr˜ao;
mu ´e a massa de mat´eria ´umida;
Em alguns casos conhecemos a umidade em uma das bases acima,
por´em necessitamos conhece-l´a em outra, para tal tarefa ser poss´ıvel podemos usar
a rela¸c˜ao 1.7 e 1.8 abaixo: Xbs = Xbu 100− Xbu .100 (1.7) Xbu = Xbs 100− Xbs .100 (1.8)
O teor de umidade sem d´uvida ´e o fator mais importante na manuten¸c˜ao
da qualidade dos gr˜aos armazenados. Mantendo baixo o teor de umidade e a
res-pira¸c˜ao da massa de gr˜aos, o desenvolvimento de microorganismos ´e minimizado.
Na tabela 1.5, podemos observar quais s˜ao os teores de umidade
re-comendados para colheita e armazenagem de alguns tipos de gr˜aos.
Produto Colheita Ideal Armazenamento Seguro m´aximo ´otimo Ap´os Secagem 1 ano 5 anos Milho 23 20 - 22 11 11 9-10 Arroz 21 17-19 11 11-12 9-11
Soja - - - 11-12 9-10
Sorgo 26 23-26 9 11-12 9-10 trigo 23 15-17 8 12-13 10-11
Tabela 1.5: Fonte: Coelho (2009). Teor de umidade para colheita e armazenagem em b.u.
1.6.1.1 A umidade no gr˜ao
Dizemos que o gr˜ao pode dar e receber umidade, por que ele ´e um meio
A higroscopia estuda a capacidade de dos gr˜aos de receber ou ceder umidade, quando entra em contato com um fluido de umidade diferente da sua.
De acordo com (Borges, 2002), a ´agua est´a presente no gr˜ao de diversas
maneiras:
a) ´Agua liquida ou de constitui¸c˜ao: s˜ao mol´eculas individuais de ´agua ligadas a
gru-pos moleculares da mat´eria biol´ogica. S´o pode ser removida mediante
rigorosas condi¸c˜oes de temperatura e longo per´ıodo de tempo.
b) ´Agua adsorvida: s˜ao grupos de mol´eculas de ´agua que aderem sobre as camadas
de ´agua precedentes. ´E a ´agua n˜ao solvente, fortemente adsorvida;
c) ´Agua l´ıquida sob press˜ao osm´otica: ´e a ´agua que atua como solvente e ret´em
v´arias substˆancias dissolvidas. ´E retirada do gr˜ao com certa dificuldade;
d) ´Agua livre: ´e a ´agua livre mantida fracamente por capilaridade nos poros do
gr˜ao. Evapora-se facilmente.
Segundo (Cassini, 2004), em uma mistura de ar seco e vapor de ´agua,
cada um dos componentes exerce certa press˜ao sobre o outro, denominada de press˜ao
parcial. A diferen¸ca entre as press˜oes parciais de vapor de ´agua no ar e no gr˜ao ´e a
for¸ca motriz para o processo de secagem. Na secagem, remove-se a umidade e, por
consequˆencia, aumenta-se a concentra¸c˜ao de s´olidos, o que provoca uma queda na
press˜ao de vapor devido `as for¸cas osm´oticas. Se o produto continua exposto ao ar de
secagem, sua superf´ıcie torna-se seca e a ´agua passa a existir apenas no interior de
capilares muito pequenos, entre pequenas part´ıculas, entre mol´eculas e/ou ligadas a
elas.
1.6.1.2 Determina¸c˜ao do teor de umidade
Para determina¸c˜ao da umidade da massa de gr˜aos s˜ao propostos s˜ao
propostos dois tipos de m´etodos:
Nesse m´etodo a quantidade de ´agua removida atrav´es de aquecimento
´e medida e calculada pela diferen¸ca da massa antes e depois do processo.
Os m´etodos diretos s˜ao mais confi´aveis e por isso s˜ao empregados como
padr˜ao para a aferi¸c˜ao de outros procedimentos. Por´em, exigem um tempo longo
para sua execu¸c˜ao, caracterizando uma desvantagem quando necessita-se de uma
resposta imediata em um determinado procedimento. Como m´etodos diretos tˆ
em-se: estufa, infravermelho e destila¸c˜ao.
INDIRETOS:
Para opera¸c˜oes que s˜ao necess´arias respostas imediatas do valor da
umi-dade, foram desenvolvidos os m´etodos indiretos.
Nesse m´etodo o teor de umidade ´e aproximado baseando-se nas
pro-priedades el´etricas dos gr˜aos numa determinada condi¸c˜ao. Os dois princ´ıpios
uti-lizados s˜ao o da resistˆencia el´etrica e capacitˆancia. Esses m´etodos informam o valor
da umidade quase instantaneamente, por´em podem dar essas informa¸c˜oes com uma
margem de erro decorrentes da varia¸c˜ao das propriedades f´ısicas dos produtos, da
temperatura ou da distribui¸c˜ao da umidade no interior dos gr˜aos.
1.6.2 Umidade de equil´ıbrio
´
E importante conhecer o conceito de umidade de equil´ıbrio, por que
ele est´a ligado diretamente ao processo de secagem de gr˜aos, conhecendo o teor de
umidade do gr˜ao, do ar e o teor de umidade de equil´ıbrio, podemos descobrir se os
gr˜aos ir˜ao perder ou ganhar umidade, e se os gr˜aos estiverem em equil´ıbrio com o ar
n˜ao acontecer´a transferˆencia de massa. No ponto de equil´ıbrio a press˜ao de vapor
da ´agua dentro do gr˜ao ´e igual `a press˜ao de vapor da ´agua contida no ar.
A umidade de equil´ıbrio pode variar dependendo do tipo de gr˜ao, esp´ecie
e cultivar e das caracter´ısticas f´ısicas e qu´ımicas de cada um. Os gr˜aos ricos em ´oleo
expostos `as mesmas condi¸c˜oes de umidade relativa e temperatura, isso se deve ao
fato de que as mat´erias graxas n˜ao absorvem ´agua (Tabela 1.6).
Umidade relativa 15 30 45 60 75 90 100 Cevada 6,0 8,4 10,0 12,1 14,4 18,5 26,8 Milho 6,4 8,4 10,5 12,9 14,8 19,1 23,9 Milho - Pipoca 6,8 8,5 9,8 12,2 13,6 18,3 23,0 Aveia 5,7 8,0 9,6 11,8 13,8 18,9 24,1 Centeio 7,0 8,7 10,5 12,2 14,8 14,8 26,7 Sorgo 6,4 8,6 10,5 12,0 15,2 18,8 21,9 Trigo 6,6 8,5 10,0 11,5 14,1 19,3 26,6 Linha¸ca 4,4 5,6 6,3 7,9 10,0 15,2 21,4 Amendoim 2,6 4,2 5,6 7,2 9,8 13,0 -Soja 4,3 6,5 7,4 9,3 13,1 18,8 -Feij˜ao 5,6 7,7 9,2 11,1 14,5 -
-Tabela 1.6: Fonte: PUZZI (1986). Umidade de gr˜aos em equil´ıbrio com diferentes n´ıveis de
umidade relativa `a temperatura de 25 o C.
Na bibliografia encontramos diversas rela¸c˜oes emp´ıricas e semi-emp´ıricas
que foram desenvolvidas para a determina¸c˜ao da umidade de equil´ıbrio.
Nome
Equa¸c˜
ao
Henderson (1952)
X
e= [
ln (1−a−RU)1Ts
]
1 b1Chung - Pfost (1967)
X
e=
−1b 1ln [
(Ts+c1)ln(U R) −a1]
Henderson - Thompson (1968)
X
e= [
ln (1−RU)−a1(Ts+c1)
]
1 b1Clen - Clayton (1971)
X
e=
−1 c1Tsd1ln [
ln (U R) −a1Tsd1]
Halsey Modificada (1989)
X
e= [
exp(a1Ts+c1)ln (U R)
]
1 b1
Sabbah (2001)
X
e= [
a1(U R)(T b1s)c1
]
Tabela 1.7: Fonte: Oliveira J´unior (2003).
onde:
U Rs =umidade relativa do ar de secagem;
Ts =temperatura do ar de secagem;
Xe=teor de umidade de equil´ıbrio, b.s.;
Dalpasquale (1981), propˆos a equa¸c˜ao 1.9, para calcular o teor de umi-dade de equil´ıbrio da soja.
Xe =
3, 962.U R0,4919s 100.ln(Ts)
(1.9)
1.6.3 Porosidade
A porosidade de um produto agr´ıcola, s˜ao os espa¸cos vazios formados
aleatoriamente entre os gr˜aos.
Segundo (Puzzi, 1986), uma massa de cereais como o trigo, arroz ou
milho, apresenta um espa¸co intersticial de 40 at´e 45 por cento do volume ocupado
pelos gr˜aos.
´
E importante conhecer essa caracter´ıstica f´ısica para tratar da secagem
dos gr˜aos e pode ser representada pela equa¸c˜ao 1.10.
ε = 1− ρgg
ρag
(1.10)
onde:
ρgg: ´e a massa espec´ıfica global
ρag: ´e a massa espec´ıfica aparente.
1.6.4 Massa Especifica
O trabalho de secagem de gr˜aos envolve muitas caracter´ısticas f´ısicas
que influenciam no processo, entre elas est˜ao a massa espec´ıfica real e a massa
A massa espec´ıfica real (1.11) ´e a rela¸c˜ao existente entre a massa total
de gr˜aos e o volume ocupado somente pelos gr˜aos descontando o espa¸co ocupado
pelo ar: ρap = mg Vg (1.11) onde:
mg ´e a massa total de gr˜aos;
Vg ´e o volume real;
A massa espec´ıfica global 1.12 ´e a raz˜ao entre a massa de gr˜aos e o
volume total ocupado pelos gr˜aos e o espa¸co entre os mesmos:
ρT = mg VT (1.12) onde: VT ´e o volume total; 1.6.5 Calor Espec´ıfico
Calor espec´ıfico, ´e uma propriedade f´ısica de todos os materiais e ´e
uma grandeza que define a varia¸c˜ao t´ermica de determinada substˆancia ao receber
determinada quantidade de calor.
O calor espec´ıfico ´e uma propriedade que varia de material para
mate-rial e para cada um tem-se uma equa¸c˜ao particular, levando em conta suas
carac-ter´ısticas.
Para determinar o calor espec´ıfico de gr˜aos de soja, (Mata et al., 1999)
Cρ = 0, 391 + 0, 461.(
X
100 + X) (1.13)
1.6.6 Calor Latente de Vaporiza¸c˜ao
Calor latente de vaporiza¸c˜ao ´e a quantidade de calor que ´e cedida pela
´
agua quando ela esta no estado de gasoso.
Mata et al. (1999) utilizou a equa¸c˜ao 1.14 para determinar o calor
latente de vaporiza¸c˜ao da soja no processo de secagem:
Hv = (597, 6− 0, 57.t).(1 + 0, 7001.e(−0,1497.m)) (1.14)
onde: m ´e a massa dos gr˜aos;
1.6.7 Processo respirat´orio de gr˜aos
Ap´os secos e armazenados, os gr˜aos ainda continuam respirando e
con-sequentemente continuam sujeitos a cont´ınuas e pequenas transforma¸c˜oes.
A respira¸c˜ao sob condi¸c˜oes aer´obicas (em presen¸ca do oxigˆenio livre)
´e o processo pelo qual as c´elulas vivas do vegetal, atrav´es do oxigˆenio, oxidam os
carboidratos e gorduras, produzindo g´as carbˆonico, ´agua e liberam energia na forma
de calor (Puzzi, 1986).
Segundo (Puzzi, 1986), quando acaba o oxigˆenio livre, a massa de gr˜aos
passa a respirar de forma anaer´obica e o resultado desta respira¸c˜ao ´e: g´as carbˆonico
e ´alcool et´ılico. Durante a respira¸c˜ao anaer´obica podem ser encontrados fungos
unicelulares que aceleram a decomposi¸c˜ao.
Outro aspecto interessante ´e que quando a temperatura do silo se eleva
1.6.8 Coeficiente de Difus˜ao
O coeficiente de difus˜ao t´ermica ´e a grandeza que representa a
capaci-dade em que um soluto se move em um determinado solvente.
Essa teoria se ap´oia exclusivamente sobre a lei de Fick, expressando que
o fluxo de massa por unidade de ´area ´e proporcional ao gradiente de concentra¸c˜ao de
´
agua. Utilizando a lei de Fick na equa¸c˜ao de balan¸co de massa de ´agua no interior
do produto, temos a equa¸c˜ao 1.15:
∂X
∂t =∇.(Def.∇X) (1.15)
A lei de Fick encontrada em (Halliday and Resnick, 1989) possibilita
descrever os fenˆomenos de difus˜ao de mat´eria ou energia em um meio no qual
ini-cialmente n˜ao existe equil´ıbrio qu´ımico ou t´ermico. o coeficiente de difus˜ao pode ser
fixo ou vari´avel.
O coeficiente de difus˜ao para soja, foi determinado por (Misra and
Young, 1980), como pode ser encontrado na equa¸c˜ao 1.16
D = Dc( ρap0 ρap )n1exp[n 2(X − X0)] (1.16) onde:
Dc ´e o coeficiente de difus˜ao constante a determinada temperatura do
produto;
ρap0 ´e a massa espec´ıfica aparente inicial do produto;
X0 ´e o teor de umidade;
ρap ´e a massa espec´ıfica aparente instantˆanea do produto;
O coeficiente Dc ´e expresso atrav´es do modelo de Arrehenius visto na equa¸c˜ao 1.17: Dc = χexp(−ωTg−1) (1.17) onde: Tg ´e a temperatura do gr˜ao; χ e ω s˜ao parˆametros;
(Chu and Hustrulid, 1968), expressaram o coeficiente de difus˜ao em
fun¸c˜ao do teor de umidade e da temperatura do produto, obtendo a seguinte equa¸c˜ao
para a faixa de temperatura entre 49oC e 71oC:
D = 1, 513.10−4exp[(0, 045.θ− 5, 485)X − 2, 513.Tg−1] (1.18)
onde:
X ´e o teor de umidade m´edio do produto, base seca.
Tg ´e a temperatura do produto, oC.
1.6.9 Condutividade T´ermica
A condutividade t´ermica ´e uma propriedade termo-f´ısica do material,
que descreve a taxa na qual o fluxo de calor passa atrav´es do mesmo sob a influˆencia
de uma diferen¸ca de temperatura. O calor ´e transmitido no corpo s´olido pela
trans-ferˆencia f´ısica de el´etrons livres e pela vibra¸c˜ao de ´atomos e mol´eculas e cessa quando
a temperatura em todos os pontos do corpo for igual `a temperatura do meio em que
Devido a baixa condutividade t´ermica dos gr˜aos, podemos afirmar que
eles s˜ao um bom isolante t´ermico, e portanto ap´os a secagem as sementes
preser-vavam sua alta temperatura por longo tempo, fazendo-se necess´ario o uso da aera¸c˜ao
para retida do calor em excesso.
Com o aumento de conte´udo de umidade, a condutividade t´ermica dos
gr˜aos aumenta.
1.6.10 Fluxo de Calor
No processo de secagem o calor ´e transferidor por condu¸c˜ao, convec¸c˜ao
e radia¸c˜ao.
No livro de (Incropera and Dewitt, 2003) encontramos as defini¸c˜oes dos
trˆes meios de transferˆencia de calor.
O fluxo de calor por condu¸c˜ao, ´e caracterizado pela transferˆencia de
energia de mol´ecula para mol´ecula microsc´opicamente. A condu¸c˜ao ocorre em todas
as formas de mat´eria, s´olidos, l´ıquidos, gases e plasmas.
Para quantificar a quantidade de calor que ´e conduzido dentro de um
corpo, de uma regi˜ao at´e outra, Fourier prop˜oe a equa¸c˜ao 1.19, que ´e tamb´em
conhecida como Lei de Fourier.
˙ p =−k.As. dT dx (1.19) Onde: ˙
p ´e o fluxo de calor por condu¸c˜ao;
k ´e a condutividade t´ermica do material;
As ´e a ´area da se¸c˜ao atrav´es da qual o calor flui, medida
dT
dx ´e a taxa de varia¸c˜ao da temperatura na dire¸c˜ao do fluxo de calor.
Condutividade t´ermica ´e uma propriedade do material que depende da
fase do meio, temperatura, densidade e liga¸c˜ao molecular.
Outra forma de transferˆencia de calor que ocorre durante o processo de
secagem de gr˜aos ´e a transferˆencia de calor por convec¸c˜ao.
A convec¸c˜ao ´e o fluxo de energia entre uma superf´ıcie e um flu´ıdo em
movimento e ela s´o vai ocorrer quando existir diferen¸ca de energia entre eles. Isaac
Newton propˆos a equa¸c˜ao 1.20 para calcular o calor transferido por convec¸c˜ao na
unidade de tempo, entre o flu´ıdo e a superf´ıcie.
˙
q = h.As.∆T (1.20)
onde:
˙
q ´e o fluxo de calor por convec¸c˜ao;
As ´e a ´area de transferˆencia de calor;
∆T ´e a taxa de varia¸c˜ao da temperatura entre o flu´ıdo e a superf´ıcie;
h ´e o coeficiente de transferˆencia de calor por convec¸c˜ao.
A terceira forma de transferˆencia de calor ´e por radia¸c˜ao, que n˜ao
influencia significativamente o processo de secagem. A radia¸c˜ao frequentemente
chamamos de luz, vis´ıvel ou n˜ao. Esta ´e a maneira, por exemplo, do sol transferir
energia para a terra atrav´es do espa¸co vazio. Tal transferˆencia n˜ao pode ocorrer por
convec¸c˜ao ou condu¸c˜ao, ambos os quais implicam em um movimento de material
atrav´es do espa¸co de um lugar para outro.
Frequentemente, a energia de calor pode ser utilizada para fazer luz, tal como aquela proveniente de uma fogueira. A luz, sendo uma onda, carrega energia, e pode mover-se de um lugar para outro sem a necessidade de um meio material. Ela
pode estar na forma de luz vis´ıvel quando ela nos alcan¸ca e a vemos, mas tamb´em
pode estar na forma de infravermelho de um comprimento de onda maior, que ´e
observada somente com detectores especiais de infra-vermelho.
1.7
Modelos Matem´
aticos para Secagem de Gr˜
aos
Os modelos que descrevem o processo de secagem de gr˜aos podem ser
divididos em camada fina e leito profundo (camada espessa). O segundo leva em
considera¸c˜ao a vari´avel espacial, que n˜ao est´a presente no primeiro, e ambos tem a
vari´avel temporal. Os modelos de leito profundo s˜ao de uma, duas ou trˆes dimens˜oes
e os parˆametros mencionados acima variam conforme a posi¸c˜ao considerada.
Chamamos de secagem em camada fina a a secagem que ´e realizada com
espessura de somente um gr˜ao, suas equa¸c˜oes somadas a equa¸c˜oes representativas de
outras propriedades f´ısicas espec´ıficas do produto em estudo formam um conjunto
de rela¸c˜oes matem´aticas que possibilitam realizar os c´alculos e entender o processo
de secagem em camada espessa.
Nos modelos de camada fina toda a massa de gr˜aos a ser secada esta
sujeita a condi¸c˜oes uniformes, pois os parˆametros do gr˜ao (teor de umidade e
tempe-ratura) e do ar (teor de umidade e tempetempe-ratura) em toda a massa s˜ao considerados
iguais em cada intervalo de tempo.
Na literatura encontramos diversos modelos semi-emp´ıricos que
descre-vem a secagem de gr˜aos em camada fina, com o objetivo de identificar as
carac-ter´ısticas do produto agr´ıcola estudado por eles.
Os modelos matem´aticos para secagem de gr˜aos em camada fina est˜ao
1.7.1 Modelos Emp´ıricos
Os modelos emp´ıricos de secagem s˜ao equa¸c˜oes obtidas por meios de
ajustes num´ericos e estat´ısticos feitos em curvas experimentais obtidas em
labo-rat´orio.
(Boeri, 2007), afirma que os modelos emp´ıricos s˜ao baseados nas condi¸c˜oes
externas, como temperatura, umidade e velocidade do ar de secagem, n˜ao levando
em considera¸c˜ao a resistˆencia interna `a transferˆencia de massa e de calor, o que
permite considerar a umidade e a temperatura constante para todo o gr˜ao.
Os modelos emp´ıricos apresentam desvantagens, pois n˜ao nos d˜ao uma
vis˜ao clara e exata dos importantes processos que ocorrem durante a secagem.
1.7.2 Modelos Semi-emp´ıricos
Modelos semi-emp´ıricos s˜ao aqueles baseados na teoria, criados no caso
da secagem atrav´es de equa¸c˜oes de balan¸co de energia e alguns parˆametros existentes
no modelo s˜ao ajustados por meio dos dados obtidos experimentalmente.
Modelos semi-emp´ıricos oferecem um compromisso entre a teoria e a
aplica¸c˜ao, por´em n˜ao consideram toda a complexidade do fenˆomeno. S˜ao conhecidos
com leis exponenciais de secagem. Baseiam-se, de modo geral, na analogia com a lei de resfriamento de Newton (Boeri, 2007).
1.7.3 Modelos para Camada fina
No ´ultimo s´eculo foram realizadas muitas pesquisas sobre secagem de
gr˜aos e em decorrˆencia delas foram desenvolvidas teorias e consequentemente
mo-delos que descrevem a secagem de gr˜aos. Essas teorias contribu´ıram na cria¸c˜ao
dos modelos de secagem atuais, que levam em considera¸c˜ao diversos fatores que
Os modelos de camada fina tem tido ampla utiliza¸c˜ao, por que a partir
deles ´e poss´ıvel simular a secagem de camada espessa.
Apesar da ampla utiliza¸c˜ao, o conceito de camada fina requer algumas
especifica¸c˜oes. Por exemplo, (Jayas and Khangura, 1991) definiu uma camada fina
como ”uma espessura fina o suficiente para que a temperatura e a umidade relativa
do ar de secagem n˜ao mudem quando passarem atrav´es da camada de gr˜aos no
processo de secagem”. Mas, na verdade, os valores locais destes parˆametros variam
como resultado da transferˆencia de calor e massa entre os gr˜aos e o ar.
Por isso, ´e pertinente especificar a diferen¸ca entre os conceitos de
ca-mada fina, utilizados em modelos matem´aticos e em pesquisas experimentais. Os
modelos baseados no conceito de camada fina utilizam as fun¸c˜oes de distribui¸c˜ao
cont´ınua de parˆametros de gr˜aos e ar em uma camada, considerando a transferˆencia
de calor e massa entre os gr˜aos e do ar em termos fonte das equa¸c˜oes correspondentes.
Para modelos de 2 e 3 dimens˜oes o conceito de camada fina perde
sen-tido, pois n˜ao existem camadas com caracter´ısticas idˆenticas. Portanto, as equa¸c˜oes
de camada fina utilizados nestes modelos desempenham um papel de fonte de energia
local. Para obter equa¸c˜oes emp´ıricas de camada delgada, s˜ao necess´ario
experimen-tos para preencher as condi¸c˜oes a seguir:
1) a mudan¸ca de umidade relativa m´edia e a temperatura do ar na passagem atrav´es
de uma camada de gr˜aos deve ser infinitesimal;
2) a mudan¸ca do teor de umidade e temperatura do gr˜ao sobre a profundidade
da camada deve ser infinitesimal (em compara¸c˜ao com a varia¸c˜ao do
tempo).
Na literatura est˜ao presentes diversos modelos que descrevem o processo
de secagem de gr˜aos. Esses modelos geralmente s˜ao representados por um sistema de
equa¸c˜oes diferenciais que contemplam a transferˆencia de massa e energia para gr˜aos