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ESTADO DE SANTA CATARINA PODER JUDICIÁRIO Comarca de Brusque Vara Comercial

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Academic year: 2021

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Autos n° 0000442-56.2001.8.24.0011

Ação: Falência de Empresários, Sociedades Empresáriais, Microempresas e Empresas de Pequeno Porte/PROC

Autor: Ribeiro Chaves S/A Indústrias

Falido: Revan Comércio de Tecidos e Confecções Ltda.

Vistos etc...

Ribeiro Chaves S/A. Indústrias, em 7/2/2001, distribuiu requerimento de falência perante este Juízo contra Revan Comércio de Tecidos e Confecções Ltda., pelo inadimplemento de diversas duplicatas devidamente protestadas, o que culminou com a decretação de sua falência (fls. 71/81), em 11/7/2002, instaurando-se as fases e procedimentos inerentes ao disposto na Lei de Quebras vigente (Decreto-lei 7.661/45).

Pois bem.

1. Inicialmente, considerando que as partes interessadas estão de acordo com as contas apresentadas pelo Síndico às fls. 730/4, sendo favorável o parecer do Ministério Público a respeito (fl. 789), aliado ao fato de que não há qualquer indício de irregularidade, HOMOLOGO-AS, incluindo os documentos comprobatórios de fls. 735/782.

2. Nos moldes do artigo 69 c/c 131, ambos do Dec.Lei n. 7661/45, restou apresentado o relatório circunstanciado, pelo Síndico, às fls. 873/9, que contou com manifestação favorável Ministério Público.

Analisando o relatório e os documentos apresentados, observo que inexistem irregularidades aparentes. Não há, ainda, impugnações da massa falida ou dos credores em desfavor, daí porque HOMOLOGO-O, JULGANDO adequadas as contas prestadas pelo Síndico, nestes autos (porque protocoladas como petição, e não em apartado - art. 69, §1º, do Dec. Lei n. 7661/45), para atendimento dos ditames da legislação aplicável à espécie.

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3. Por ocasião da petição de fls. 721/3 e 783/4, instaurou-se discussão entre os sócios a respeito do recebimento do saldo credor existente, se dividido entre eles ou a ser percebido apenas pelo sócio-administrador.

Trata-se de objeto do pedido formulado nos autos n. 0005047-88.2014, em trâmite nesta Unidade Jurisdicional, nos quais deverão ser analisadas as questões de mérito a respeito de eventual divisão dos valores entre os sócios.

A propósito, a reserva dos valores a serem restituídos à falida operou-se por força da decisão de fl. 311 daqueles autos, que concedeu antecipação da tutela para obstar a liberação de valores nos moldes do artigo 129 do Dec. Lei n. 7661/45.

Portanto, eventual saldo a ser restituído à massa com o encerramento da presente falência deverá ser remetido aos autos n. 0005047-88.2014, em razão da discussão aludida, permitindo a ultimação deste procedimento.

4. Os advogados da falida, por sua vez, postulam a reserva de valores da massa para pagamento de seu crédito, decorrente de contrato de prestação de serviços advocatícios em período posterior ao decreto falimentar (fls. 907/9), acostando os contratos firmados.

Este juízo já firmou entendimento anterior de que, sem embargo à eventual inadequação procedimental do pedido sob análise, e nada obstante os evidentes trabalhos desenvolvidos pela sociedade advocatícia postulante em favor da empresa falida (e sua necessária remuneração para tanto), seu pedido não encontra guarida na ação falimentar.

Isto porque o crédito que ora postula não se destina aos pagamentos permitidos pelo procedimento de falência, ou seja, conforme a própria postulante indica, foi constituída pelos falidos para defender seus direitos; seu crédito, portanto, não possui caráter falimentar na medida em que não comporta obrigação de

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saldo pela massa.

Tratando-se de questão específica deste caso em concreto, observo que situação análoga estampou os anais da jurisprudência pátria, nos autos da Apelação Cível n. 1230894-6, julgada recentemente (11/02/2015), pela 17ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Paraná.

Referido acórdão, apesar de reconhecer a ausência de obrigação de a massa arcar com os honorários do procurador contratado pela empresa falida, igualmente admitiu a possibilidade de sua quitação nos próprios autos da falência, desde que enquadrados como crédito com privilégio geral e condicionados à aceitação pela massa:

"FALÊNCIA. HABILITAÇÃO DE CRÉDITO. HONORÁRIOS DO ADVOGADO CONTRATADO PELO FALIDO. NATUREZA. CLASSIFICAÇÃO. CASUÍSTICA DO CASO CONCRETO. RECURSO DESPROVIDO. A massa falida não tem a obrigação de liquidar os honorários do advogado contratado pelo falido para defender os seus interesses. Na hipótese da massa falida, através do administrador judicial, resolver liquidar os honorários do advogado contratado pelo falido, o crédito deve ser incluído no quadro geral na classe de credores com privilégio geral" (TJPR - 17ª C.Cível - AC - 1230894-6 - Fazenda Rio Grande - Rel.: Lauri Caetano da Silva - Unânime - - J. 11.02.2015) (TJ-PR, Relator: Lauri Caetano da Silva, Data de Julgamento: 11/02/2015, 17ª Câmara Cível).

Registro, para que a discussão não ultrapasse os liames do necessário, que não se olvida da natureza alimentar dos créditos de honorários advocatícios sucumbenciais e sua equiparação aos de natureza trabalhista para fins falimentares, situação esta pacificada pelo Superior Tribunal de Justiça.

O que está em pauta, nestes autos, são os créditos decorrentes de honorários advocatícios contratados pela empresa falida, os quais, segundo o

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mesmo acórdão acima referido, "não ostentam a mesma natureza e não podem ser

classificados como crédito com privilégio especial, devendo ser enquadrados como créditos da classe com privilégio geral", no caso de a massa falida concordar com o

pagamento.

Esta, por sua vez, não concorda com o pagamento de tais valores porquanto não se trata de dívida pertencente à "massa falida", mas à própria "empresa falida" (até porque a massa contratou outro procurador – fls. 215/6).

Tanto os próprios peticionantes eram conhecedores da situação de sua representação da "empresa" e não da "massa" que peticionaram, às fls. 200/1, oferecendo seus serviços a esta última. Com a contratação de outro profissional, consoante afirmaram os patronos da empresa, tratou-se de contrato de risco, obviamente porque não incluído em qualquer classe dos credores falimentares.

Apesar da anuência da empresa constituinte falida (fl. 909), observo que há discussão entre os sócios a respeito do pagamento do saldo existente e, ainda, tutela antecipada deferida nos autos n. 5047-88.2014, para reserva de valores, o que torna a anuência referida, no mínimo, questionável.

Desta forma, considerando que a sobra havida nestes autos de falência pertencem à massa e deverão ser partilhados entre os sócios desta (art. 129, Dec. Lei n. 7.661/45), e considerando, também, que o ônus referente ao contrato de prestação de serviços advocatícios é de incumbência da empresa falida, escapando à alçada da presente, deverão os valores ser remetidos, na totalidade, para aqueles autos, que fundamentarão discussão posterior a respeito.

Não havendo concordância para pagamento, pela falida, dos valores entendidos como devidos aos procuradores peticionantes, é fato que esta deverá postular em autos próprios as medidas que entender cabíveis para assegurar a reserva, para si, dos valores que entende devidos, discutidos nos autos da ação suso referida.

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Registro, ademais, que acaso existisse procedimento de cobrança de tais honorários em trâmite, a reserva poderia ser realizada diretamente pelos autos respectivos. Ausente, não há falar em legitimidade do procedimento pretendido, ao menos não na presente ação falimentar.

Assim, considerando que não há justificativa para reserva dos valores nestes autos, notadamente pela necessidade de encerramento da falência, sob pena de perpetuar a jurisdição em procedimento que sequer será capaz de solucionar a pendência, indefiro o pedido de reserva, sem embargo à nova apreciação, em autos próprios.

5. Relatados os autos e decididas as únicas questões pendentes, em se tratando a presente falência de feito distribuído em 7/2/2001, ao caso, aplica-se o Decreto-lei n. 7.661/1945, à medida que segundo a redação da atual Lei de Falências (Lei n. 11.101/2005), no seu artigo 192, "Esta Lei não se aplica aos processos de

falência ou concordata ajuizados anteriormente ao início de sua vigência, que serão concluídos nos termos do Decreto-Lei 7.661, de 21 de junho de 1945".

Apresentado o relatório final pelo síndico da massa e devidamente homologadas e julgadas suas contas, em situação ímpar, observa-se que os créditos arrecadados foram suficientes para quitar o passivo, restando sobra a devolver.

Isso recomenda o encerramento da falência, pois, verificadas as condições para o emprego do disposto no artigo 132 da antiga Lei de Quebras (Decreto-lei 7.661/45).

Grifa-se, ainda, que não restou comprovada qualquer prática de crime falimentar, não há pedido de restituição ou reserva de crédito que não aquelas situações já deliberadas na presente, daí porque percebe-se que todas as circunstâncias fáticas permitem o encerramento da execução concursal.

Ante ao exposto, diante da fundamentação supra, DECLARO ENCERRADA A FALÊNCIA de Revan Comércio de Tecidos e Confecções Ltda.,

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com fulcro no artigo 132 do Decreto-lei n. 7.661/45, e julgo extinto o presente feito.

Oficie-se à Junta Comercial informando o teor da presente sentença para fins de levantamento da anotação de falência no registro de Revan Comércio de Tecidos e Confecções Ltda.

Condeno a massa falida ao pagamento das custas processuais.

Expeça-se alvará para levantamento do valor restante a título de remuneração do Síndico.

Publique-se por edital (Dec-lei 7.661/45, art. 132, § 2º, observados os requisitos do artigo 205 do mesmo Decreto-lei). Registre-se. Intimem-se, inclusive o Ministério Público.

Saliento, outrossim, que encerrada a falência, não poderá ser esta reaberta nos mesmos autos, embora nada impeça que novo pedido de falência seja conhecido, apreciado e decidido.

Considerando que os livros da falida restaram sinistrados no incêndio que atingiu a empresa, situação devidamente registrada e relatada nos autos, dispenso o cumprimento da primeira parte do parágrafo 3º do artigo 132 da antiga Lei de Quebras.

Com o presente encerramento, após recolhidas as custas e quitados os valores devidos ao Síndico, a sobra a ser restituída na forma do artigo 129 do Dec. Lei n. 7661/45, deverá ser transferida para os autos n. 0005047-88.2014, nos termos da fundamentação.

Oportunamente, arquivem-se.

Brusque (SC), 29 de junho de 2015.

Clarice Ana Lanzarini Juíza de Direito

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