Proc. nº. 632.617/12-0 – SLPS Página 1 de 6 Agência Nacional de Aviação Civil
Brasil
DECISÃO
JR
AI nº. 00244/2012/SSO Data: 13/01/2012 Processo nº. 632.617/12-0 Interessado: STARFLIGHT ACADEMIA DE AVIAÇÃO LTDA.
Infração: Composição de Tripulação Sem Habilitação. Enq.: alínea “b” do inciso III do art. 302
do CBA.
Relator: Sr. Sérgio Luís Pereira Santos – Especialista em Regulação – Mat. SIAPE 2438309
RELATÓRIO
RECURSO TEMPESTIVO. DIÁRIO DE BORDO DA AERONAVE PT-DZR. PILOTO PORTADOR DE LICENÇA DE PILOTO PRIVADO.
INSTRUÇÃO PRÁTICA DE VOO NA
STARFLIGHT ESCOLA DE AVIAÇÃO CIVIL LTDA., PERMISSÃO DE COMPOSIÇÃO DE
TRIPULAÇÃO POR AERONAUTA SEM
HABILITAÇÃO OU QUE HABILITADO NÃO
ESTEJA COM A DOCUMENTAÇÃO
REGULAR. ALÍNEA “B” DO INCISO III DO ARTIGO 302 DO CBA. FISCALIZAÇÃO MOTIVADA POR DENÚNCIA. AÇÃO FISCAL
COMPROVANDO DENÚNCIAS. PROVAS
DOCUMENTAIS E TESTEMUNHAIS.
PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE E CERTEZA
DA FISCALIZAÇÃO. ALEGAÇÃO DE
EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA. AUSÊNCIA DE PROVAS
DAS ALEGAÇÕES. ALEGAÇÃO DE
ARQUIVAMENTO DE PROCESSO SIMILAR. IMPROCEDÊNCIA DAS ALEGAÇÕES DA EMPRESA RECORRENTE. AUSÊNCIA DE
CONDIÇÕES ATENUANTES. RECURSO
CONHECIDO E IMPROVIDO.
1. Da Introdução:
Trata-se de Recurso interposto pela empresa STARFLIGHT ACADEMIA DE AVIAÇÃO LTDA., contra decisão proferida no Processo Administrativo nº. 00065.005483/2012-26, originado do AI nº. 00244/2012/SSO, lavrado em 13/01/2012 (fls. 02), tendo em vista, por constatação por meio
do diário de bordo da aeronave PT-DZR que Felipe Nogueira de Feitas Código ANAC 125373, portador de licença de Piloto privado de Avião, ministrou instrução prática de voo na STARFLIGHT ESCOLA DE AVIAÇÃO CIVIL LTDA., tendo esta permitido a composição de tripulação por aeronauta sem habilitação, ou que habilitado não esteja com a documentação regular, infração capitulada na alínea “b” do inciso III do artigo 302 CBA.
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2. Do Relatório de Fiscalização:
A fiscalização constatou (fls. 01), através do diário de bordo da aeronave PT-DZR, que o Sr. Felipe Nogueira de Freitas (Cód. ANAC 125373), portador de licença de Piloto Privado de Avião, ministrou instrução prática de voo, compondo tripulação por aeronauta sem habilitação, ou que habilitado não estivesse com a documentação regular.
3. Da Defesa do Interessado:
A empresa, cientificada (fls. 75), ofereceu Defesa (fls. 76 a 78), oportunidade na qual alega que o voo citado no AI não integrou a grade curricular dos envolvidos, uma vez que não houve registro em caderneta individual de voo de aluno. Acrescenta que mantém documentado todos os registros a que a legislação obriga, pelo prazo legal, não existindo Caderneta Individual de Voo ou Fichas de Avaliação do Piloto-Aluno, assinadas pelo Sr. Felipe de Freitas. Alega, ainda, que o fato do referido piloto ter promovido voo local, por si só não caracteriza instrução de voo. Ao final, alega que o piloto não realizou voo de instrução.
4. Da Decisão de Primeira Instância:
O setor competente (fls.86 e 87) confirmou o ato infracional, enquadrando a referida infração na alínea “b” do inciso III do artigo 302 do CBA, aplicando, sem atenuante ou agravante, ao final, multa no valor de R$ 4.200,00 (quatro mil e duzentos reais).
5. Das Razões do Recurso:
Em grau recursal (fls. 91 a 93), a empresa recorrente a empresa requer o “arquivamento do
presente processo”, reiterando suas alegações em Defesa, acrescentando que o auto de infração foi
lavrado baseado em presunções não sendo fundamentado nos pré-requisitos exigidos pela regulamentação que comprovem voo de instrução. Ao final, alega que consta decisão no processo administrativo nº. 00065.005491/2012-72 arquivando os autos por ausência de elementos.
6. Dos Outros Atos Processuais:
Consta do processamento a Nota Técnica nº 87/2012/ESC/GPEL/GGAG/SSO (fls. 03 e 04). O recurso apresentado pelo interessado foi declarado tempestivo pela Secretaria desta Junta Recursal, através do despacho de fls. 94.
É o breve Relatório.
VOTO DO RELATOR – Sr. Sérgio Luís Pereira Santos – Mat. SIAPE 2438309
1. PRELIMINARMENTE
Da Regularidade Processual:
O interessado foi regularmente notificado quanto à infração imputada em 07/03/2012 (fls. 75), apresentando a sua Defesa (fls. 76 a 78). Foi, ainda, regularmente notificado (fls. 90), quanto à decisão de primeira instância (fls. 86 e 87), apresentando o seu tempestivo Recurso em 08/06/2012 (fls. 91 a 93).
Desta forma, aponto a regularidade processual do presente processo, a qual preservou todos os direitos constitucionais inerentes ao interessado, bem como respeitou, também, aos princípios da Administração Pública, estando, assim, pronto para, agora, receber uma decisão de segunda instância administrativa por parte desta Junta Recursal.
2. DO MÉRITO – Composição de Tripulação sem Habilitação
A empresa foi autuada devido a fiscalização ter constatado, por meio do diário de bordo da aeronave PT-DZR, que Felipe Nogueira de Feitas Código ANAC 125373, portador de licença de Piloto privado de Avião, ministrou, no dia 20/09/2007, instrução prática de voo na STARFLIGHT ESCOLA DE AVIAÇÃO CIVIL LTDA., tendo esta permitido a composição de tripulação por
Proc. nº. 632.617/12-0 – SLPS Página 3 de 6 aeronauta sem habilitação, ou que habilitado não esteja com a documentação regular, infração capitulada na alínea “b” do inciso III do artigo 302 CBA, a qual assim dispõe in verbis:
CBA
Art. 302. A multa será aplicada pela prática das seguintes infrações:
(...)
III – Infrações imputáveis à concessionária ou permissionária de serviços aéreos:
(...)
b) permitir a composição de tripulação por aeronauta sem habilitação ou que, habilitado, não esteja com a documentação
regular;
(...)
(grifos nossos)
Importante ressaltar que, segundo a fiscalização, a empresa autuada permitiu que o voo fosse realizado por um tripulante com a sua documentação não regular, após análise dos dados retirados do diário de bordo da aeronave PT-DZR.
Aponto no processamento, ale de farta documentação, os seguintes trechos:
“Entretanto, segundo os registros que compõe o processo, por 3 vezes o senhor Felipe Nogueira de Freitas, portador da licença de Piloto Privado de Avião, assina como instrutor de voo e para cada uma destas infrações deve ser lavrado um auto de acordo com o Despacho nº. 002/2012/SEPIR/SSO-RJ”. (fls. 03)
“Há evidências de que o Felipe utilizava o CODANAC do Clebissom, para realizar seus diversos vôos (vôos de instrução e de avaliação de instrutores)” (fls. 06)
“Às 1913P, ao fiscalizar (acompanhado do Suboficial MATAA) a aeronave PT-DZR, que acabara de pousar neste aeroporto; comandada pelo Sr. FELIPE NOGUEIRA DE FREITAS (CANAC 12537-3, PP 61189), que fora aluno da mencionada escola, acompanhado do Sr. CRISTIANO GORI (ALUNO PILOTO PRIVADO DA ESCOLA STARFLIGHT), procedente de SNPA – Pará de Minas/MG – que, segundo informações, estava dando instrução ao Sr. CRISTIANO e, também, constatei as seguintes irregularidades:” (fls. 22)
“É pertinente alertar, a quem de direito, que temos recebido inúmeras informações sobre o piloto privado Felipe, no tocante a dar instrução em voo (sem ser habilitado para tal, com anuência da escola) em vários aviões, e pelas péssimas condições estruturais das aeronaves desta escola.” (fls. 23)
Importante ressaltar, ainda, que a denúncia oferecida foi, devidamente, investigada pela fiscalização desta ANAC, bem como comprovada por farta documentação e testemunhas, conforme relatório de fls. 05 a 07.
A empresa, cientificada (fls. 75), ofereceu Defesa (fls. 76 a 78), oportunidade na qual alega que o voo citado no AI não integrou a grade curricular dos envolvidos, uma vez que não houve registro em
Proc. nº. 632.617/12-0 – SLPS Página 4 de 6 caderneta individual de voo de aluno, não apresentando, contudo, qualquer documentação que viesse a comprovar as suas alegações.
A empresa acrescenta, ainda, que mantém documentado todos os registros a que a legislação obriga, pelo prazo legal, não existindo Caderneta Individual de Voo ou Fichas de Avaliação do Piloto-Aluno, assinadas pelo Sr. Felipe de Freitas. Alega, ainda, que o fato do referido piloto ter promovido voo local, por si só não caracteriza instrução de voo. Ao final, alega que o piloto não realizou voo de instrução. No entanto, conforme vimos acima a ação fiscal não deixa dúvidas de que, após verificação da denúncia oferecida, o ato infracional ficou, devidamente, caracterizado.
Importante ressaltar que a fiscalização desta ANAC, no pleno exercício de seu poder de polícia, possui presunção de certeza e legitimidade de seus atos, os quais podem ser desconstituídos com fortes argumentações e provas do contrário, o que, neste caso, não ocorreu.
Reporto-me à motivação da decisão de primeira instância desta ANAC, a qual assim dispôs in
verbis:
“A folha 65 demonstra cópia do Diário de Bordo da Aeronave PT-DZR onde consta, no dia 20/09/2007, voo de natureza „IN‟ sendo o piloto Filipe o comandante e Cristiano Co-piloto/Aluno. Conforme pode ser constado no item 17.4 – o) as IAC 3151, a descrição „IN‟ faz referência a voo de instrução para INSPAC, por semântica e grafia similares, é de se entender que tratou-se de „Instrução‟, genericamente, que, segundo o rol de siglas da IAC 3151, deveria ser registrado como „TN‟, Voo de Treinamento. Caso tivesse tratado de voo alheio a instrução, deveria ter sido registrada a sigla „PV‟, voo de caráter privado” (fls. 86).
Da mesma forma, a alegação da empresa de que o Processo Administrativo nº. 00065.005491/2012-72, referente ao AI nº. 00245/2012/SSO, foi arquivado, também, não deve prosperar, na medida em que o referido processo teve decisão pelo arquivamento, tendo em vista, naquele processo a fiscalização não ter conseguido configurar a materialidade do ato infracional, conforme apontado na folha nº. 92 daquele processo administrativo, abaixo descrito in verbis:
Sendo assim, as alegações da empresa não podem servir como excludente de sua responsabilidade administrativa, quanto ao ato infracional, recebido por denúncia, e confirmado por nossa fiscalização, com farta documentação.
Regular a ação fiscal, devemos passar à dosimetria da sanção aplicada.
3. DA DOSIMETRIA DA SANÇÃO
Verificada a regularidade da ação fiscal, temos que verificar a correção do valor da multa aplicada como sanção administrativa ao ato infracional imputado.
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a. Das Condições Atenuantes:
No caso em tela, não poderemos aplicar quaisquer das condições atenuantes, previstas nos
diversos incisos do §1º do artigo 22 da Resolução nº. 25/08.
b. Da Sanção a Ser Aplicada em Definitivo:
Quanto ao valor da multa aplicada pela decisão de primeira instância administrativa (R$ 4.200,00), temos que apontar a sua regularidade quanto à norma vigente por ocasião do ato infracional (Resolução nº. 25/08), estando, assim, dentro da margem prevista.
Importante observarmos que não há qualquer benefício trazido pela, hoje vigente, Resolução nº. 25, de 25/04/2008 (alterada pela Resolução nº. 58/08), tendo em vista não existir qualquer condição atenuante das previstas nos incisos do §1º do artigo 22 da referida norma,
4. DO VOTO
Desta forma, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso, MANTENDO, assim, todos os efeitos da decisão prolatada pelo competente setor de primeira instância administrativa
É o voto deste Relator.
Rio de Janeiro, 23 de agosto de 2012.
SÉRGIO LUÍS PEREIRA SANTOS
Membro Julgador da Junta Recursal da ANAC
Especialista em Regulação de Aviação Civil Matrícula SIAPE nº. 2438309
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Brasil
CERTIDÃO
DE JULGAMENTO
JR
AUTUAÇÃO
AI nº. 00244/2012/SSO Data: 13/01/2012 Processo nº. 632.617/12-0 Interessado: STARFLIGHT ACADEMIA DE AVIAÇÃO LTDA.
Infração: Composição de Tripulação Sem Habilitação. Enq.: alínea “b” do inciso III do art. 302
do CBA.
Relator: Sr. Sérgio Luís Pereira Santos – Especialista em Regulação – Mat. SIAPE 2438309 Presidente da Sessão: Sr. Sérgio Luís Pereira Santos – Matrícula SIAPE nº. 2438309
CERTIDÃO
Certifico que a Junta Recursal da AGÊNCIA NACIONAL DE AVIAÇÃO CIVIL – ANAC, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Junta, por unanimidade, NEGOU PROVIMENTO ao recurso, MANTENDO, assim, todos os efeitos da decisão prolatada pelo competente setor de primeira instância administrativa, nos termos do voto do Relator.
Os Membros Julgadores, Sra. Renata de Albuquerque e o Sr. Edmilson José de Carvalho, votaram com o Relator.
Encaminhe-se à Secretaria desta Junta Recursal para as providências de praxe.
Rio de Janeiro, 23 de agosto de 2012.
SÉRGIO LUÍS PEREIRA SANTOS