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OFICINAS DE LÍNGUA PORTUGUESA COMO L2: EXPERIÊNCIAS COM ALUNOS SURDOS

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OFICINAS DE LÍNGUA PORTUGUESA COMO L2: EXPERIÊNCIAS COM ALUNOS SURDOS

Ivan Jeferson Kappaun1 Reinaldo Valdez Rodrigues Oliveira2 Helena Jungblut3 Daiane Kipper4 Neoli Paulina da Silva Gabe5 Patrícia Pinho Storch6

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo problematizar as experiências nas oficinas de Língua Portuguesa como L2, com alunos surdos na Escola Estadual de Ensino Médio Nossa Senhora do Rosário – educandário referência em educação de surdos – localizado no Vale do Rio Pardo no estado do Rio Grande do Sul. Para a realização desse trabalho, apoiamo-nos nos Estudos Surdos, embasados em Skliar (2010), Quadros (2003) e Karnopp (2012). O atendimento dos alunos surdos do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental (EF) se dá em classes especiais de alunos surdos, com professores, em sua maioria, bilíngues. E dos alunos surdos do Ensino Médio (EM) se dá por meio da inclusão em classes de ouvintes do EM, com presença de uma professora intérprete de Língua Portuguesa/Língua Brasileira de Sinais (Libras). A partir de 2012, a escola foi contemplada com o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid), por intermédio da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), com os objetivos de promover ações pedagógicas destinadas ao público surdo, qualificar o processo de construção de conhecimento, propor trocas entre alunos surdos e ouvintes e desenvolver nos bolsistas a consciência da importância de interação e inclusão dos alunos surdos. Inicialmente, as atividades desenvolvidas na escola através do Pibid não previam a participação dos alunos surdos, que ficavam excluídos nesse processo. Com o passar do tempo e com a importância que o Pibid assumiu na escola, os surdos começaram a participar das atividades promovidas. A primeira dificuldade encontrada para a efetivação desse trabalho foi a falta de intérpretes para assessorar os alunos surdos nas oficinas do Pibid. Solucionar tal problema foi o imperativo para a participação efetiva dos surdos nas atividades disponibilizadas pelo crescente número de bolsistas pibidianos na escola. Uma vez superado tal impasse foi possível ofertar a oficina de Língua Portuguesa - uma oportunidade importante para o aluno surdo - auxiliando-o nas especificidades linguísticas e na comunicação. Os alunos surdos participantes das oficinas se mostram assíduos e consideram as oficinas como

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Especialista em Educação Especial – UNIASSELVI; Especialista em Arte e Educação – UNIASSELVI; Licenciado e Bacharel em Artes Visuais - UFSM; E-mail: ivankappaun@yahoo.com.br.

2 Graduando em Letras- Língua Portuguesa-UNISC. 3 Graduanda em Letras- Língua Portuguesa-UNISC.

4 Mestra em Educação – UNISC; Especialista em Educação Especial - UNIASSELVI; Licenciada em Matemática - ULBRA. E-mail: daianekipper@hotmail.com.

5 Especialista em Educação Especial - UNIASSELVI. Graduada em Matemática - FTC; Graduada em Pedagogia - ULBRA; E-mail:neoligabe_ead@yahoo.com.br.

6 Especialista em Psicopedagogia Institucional e Clínica – Uninter; Graduada em Educação Artística - Habilitação Artes Plásticas - UFRJ; E-mail: patriciabps77@gmail.com.

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parte integrante de seus compromissos escolares. Durante a realização das atividades, o enfoque foi dado para a ampliação do vocabulário, aliado a importância dos aspectos visuais e da utilização da língua portuguesa como segunda língua (L2), visto que a primeira é a Libras. O interesse pela escrita aumentou, sendo evidenciado nas relações sociais, enquanto instrumento de comunicação, registro de ideias e informações, dentro e fora da sala de aula. Considerando que a formação docente é o objetivo maior do programa, as contribuições aos bolsistas que atuaram diretamente com os alunos surdos foram imensas, pois permitiram aos mesmos vivenciarem experiências pedagógicas singulares, que proporcionaram uma desconstrução de verdades preestabelecidas e um desacomodar do professor. Pode-se apontar também a prática em Libras que, - uma vez conhecida por meio de disciplina do curso de formação - encontrou nas oficinas uma oportunidade de aprimorar o seu conhecimento da Libras.

Palavras-chave: Pibid. Surdos. Formação docente. Interdisciplinariedade. Língua Portuguesa/Libras.

Introdução

A Educação de surdos inicialmente esteve inserida na educação especial, em que as práticas pedagógicas pautavam-se na materialidade do corpo, ou seja, na falta da audição. No entanto, movimentos oriundos da década de noventa constituem uma nova perspectiva para a educação de surdos, em que a Língua Brasileira de Sinais (Libras) é percebida como constituidora do indivíduo surdo, no que diz respeito a sua condição e experiência visual (LOPES, 2007).

E essa perspectiva vem se ampliando com a oficialização da Libras como segunda língua oficial do país. Entretanto, isso não garante o acesso dessas pessoas aos espaços públicos.

Se a Língua Brasileira de Sinais é oficialmente reconhecida então sua presença deve ser efetiva em qualquer espaço. Como se sabe, isso não vem acontecendo; os surdos têm de constantemente solicitar a presença de uma intérprete para os espaços em que estão. Por motivos preponderantemente financeiros, nem sempre os intérpretes são disponibilizados; e, para piorar a situação, nem sempre tais intérpretes – quando esses existem... – são competentes naquilo que fazem. (LOPES, 2007, p. 76).

E foi repensando nessas questões, que os acadêmicos bolsistas do Subprojeto Letras-Língua Portuguesa organizaram oficinas em turno oposto com a presença de um supervisor7 intérprete para os alunos surdos dos anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio. As oficinas são realizadas desde 2013 até o presente momento. Durante esses três anos de

7 Neste trabalho, o termo supervisor está sendo utilizado para nomear os supervisores que trabalham como bolsistas do Pibid/Unisc na E.E.E.M. Nossa Senhora do Rosário.

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experiência dos acadêmicos bolsistas com os alunos surdos, houve uma rotatividade no quadro de bolsistas. Outros pibidianos demonstraram interesse em ter contato com surdos, sendo que, no ano de 2015, dois novos bolsistas foram inseridos no projeto. Nessa perspectiva, o presente estudo tem por objetivo problematizar as experiências8 nas oficinas de Língua Portuguesa como segunda língua (L2), com alunos surdos na Escola Estadual de Ensino Médio Nossa Senhora do Rosário – educandário referência em educação de surdos – localizado Vale do Rio Pardo no estado do Rio Grande do Sul. Nesse trabalho, iremos abordar apenas as experiências das oficinas de Língua Portuguesa/Libras no corrente ano, devido ao formato que este trabalho comporta. Com base nas oficinas e relatos de experiência de uma acadêmica bolsista – do Subprojeto de Letras-Língua Portuguesa do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) – organizamos esse estudo, que se inicia com a presente seção e divide-se em outras quatro, intituladas: Oficinas de Língua Portuguesa/Libras; Das Oficinas…; Algumas sinalizações

escritas ....; Referências.

Oficinas de Língua Portuguesa/Libras

O interesse em organizar oficinas de Língua Portuguesa/Libras pelos acadêmicos bolsistas do Pibid a alunos surdos emergiu da necessidade de complementar o currículo escolar dos mesmos no que remete a aprendizagem da Língua Portuguesa como segunda língua. A disciplina de Língua Portuguesa é distribuída em quatro aulas semanais para os alunos surdos das séries finais do Ensino Fundamental, já a disciplina de Libras, primeira língua (L1) dos alunos surdos, é distribuída em três aulas semanais.

A E.E.E.M. Nossa Senhora do Rosário, que atende alunos surdos em classes especiais até o 9º ano do Ensino Fundamental e incluídos em turmas comuns no Ensino Médio, busca em sua Proposta Política Pedagógica uma educação bilíngue para surdos organizando a grade curricular com professores fluentes em Libras e professores intérpretes para os alunos em situação de inclusão. E disponibiliza na grade curricular dos estudantes ouvintes das séries finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, uma aula de Libras semanal. A educação

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Neste estudo estamos conceituando a experiência a partir de Larrosa (2004, p. 154), para o qual essa se constitui como aquilo “que nos passa, ou o que nos acontece, ou o que nos toca. Não o que passa ou o que acontece, ou o que toca, mas o que nos passa, o que nos acontece ou nos toca. A cada dia passam muitas coisas, porém, ao mesmo tempo quase nada nos passa, dir-se-ia que tudo que passa está organizado para que nada nos passe.”

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bilíngue para surdos apresenta-se como resultado de movimentos e lutas pelo reconhecimento e valorização da Libras como língua oficial. De acordo com Müller et al. (2013, p. 2):

[...] a implementação da educação bilíngue para surdos está vinculada às políticas no campo da Linguística e da Educação, que, por sua vez, são movidas principalmente através das lutas do movimento surdo. Este, constituído por surdos e ouvintes, acadêmicos ou não, que lutam pelos direitos da comunidade surda, tem importante papel articulador, que propiciou – e continua mobilizando – mudanças de perspectivas linguísticas e educacionais no que se refere à educação de surdos. Muitas conquistas estão ligadas à aprovação da Lei 10.436 e do Decreto 5.626, favorecendo a regulamentação da Libras como uma língua oficial em nosso País.

A educação bilíngue para surdos ainda está sendo constantemente discutida nas escolas por acadêmicos e por professores, pois ainda estamos em fase de implantação dessa proposta que se constituí também como uma filosofia. De acordo com Thoma et al. (2014, p. 6):

A Educação Bilíngue de surdos envolve a criação de ambientes linguísticos para aquisição da Libras como primeira língua (L1) por crianças surdas, no tempo de desenvolvimento linguístico esperado e similar ao das crianças ouvintes, e a aquisição do português como segunda língua (L2). A Educação Bilíngue é regular, em Libras, integra as línguas envolvidas em seu currículo e não faz parte do atendimento educacional especializado. O objetivo é garantir a aquisição e a aprendizagem das línguas envolvidas como condição necessária à educação do surdo, construindo a sua identidade linguística e cultural em Libras e concluir a educação básica em situação de igualdade com as crianças ouvintes e falantes do português.

Nessa perspectiva, o Pibid corroborou com a proposta pedagógica da escola, contribuindo e complementando a grade curricular dos alunos surdos. Entretanto, quando o programa iniciou na referida escola, em 2012, apenas os alunos ouvintes participaram das oficinas oferecidas, visto a não disponibilidade de intérpretes para as atividades. Já no ano de 2013, os alunos surdos demonstraram interesse em participar das oficinas, diante dessa perspectiva, os supervisores do Pibid, que atuavam na escola naquele ano, entraram em contato com a coordenação do Pibid/Unisc. Como o programa não disponibiliza bolsas para intérprete, a solução foi realizar uma nova seleção de supervisores para a contratação de um supervisor com domínio na tradução e interpretação da Língua Portuguesa/Libras para atuar nas oficinas oferecidas pelo programa.

Desde o ano de 2012, as oficinas de Língua Portuguesa/Libras são realizadas na escola. Como dissemos anteriormente, no ano de 2015, houve troca de bolsistas, sendo esses dois coautores desse trabalho. Durante o ano, os acadêmicos bolsistas planejaram e organizaram diversas atividades que contemplavam a Língua Portuguesa escrita, bem como a

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sua tradução e interpretação para Libras e vice-versa, tendo como objetivo aprender a Libras com os alunos surdos e ao mesmo tempo ensinar a língua portuguesa (L2) na modalidade escrita, bem como a tradução e interpretação de sentimentos e emoções através da segunda língua.

Das Oficinas…

As oficinas de Língua Portuguesa/Libras contemplaram a experiência visual dos alunos, bem como o aprendizado da L2 com base na forma como eles se relacionavam com a L1. Ao compreender que, “[...] a surdez é uma experiência visual [...] e isso significa que todos os mecanismos de processamento da informação, e todas as formas de compreender o universo em seu entorno, se constroem como experiência visual”. (SKLIAR, 2010, p. 28).

Com as observações realizadas em torno da utilização da L1 pelos alunos surdos, os acadêmicos bolsistas planejavam as suas atividades em cada oficina. A valorização da experiência visual dos surdos, bem como da L1 é apresentado em um relato de experiência escrito por uma bolsista que atuou na escola e é coautora desse trabalho.

Em estudos e pesquisas, aprendi que o desenvolvimento da escrita, para um aluno que tem a Libras como sua língua materna, não se limita somente a aprender um novo código, mas a assimilar as diferenças dos sistemas fônico, fonológico, morfológico e lexical desse novo código, a L2, e também o modo como relações semânticas se estabelecem. Logo, desenvolvemos metodologias tradicionalmente diferentes, buscando atividades que fizessem sentido para os estudantes surdos e que procurasse abarcar as diferenças e similaridades entre Libras e L2, com recursos visuais e sendo-lhes útil, sobressaindo à interação entre nós todos. (Relato de experiência de uma bolsista acadêmica do Subprojeto Letras-Língua Portuguesa) [grifos nossos]9.

Como podemos observar, a aprendizagem da L2 não se limita a aprendizagem de um novo código, mas na sua relação com a língua materna que é gesto-visual. A busca de um sentido para o que era aprendido em cada oficina também é uma caraterística marcante do projeto. No quadro abaixo, apresentamos as atividades realizadas no ano 2015, onde são expostos conteúdos e metodologias utilizadas nas oficinas e que corroboram com o relato de experiência citado anteriormente.

9 Neste estudo, optamos por separar os reatos de experiência em caixa de texto para diferenciá-los das referências.

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Quadro 1- Atividades desenvolvidas nas Oficinas de Língua Portuguesa/Libras

Data Atividades

26/03/2015 Oficina de português com alunos surdos das series finais. Foi realizada uma leitura de uma fabula de Esopo interpretada em Libras por uma supervisora, logo após, uma conversa para perceber o entendimento dos alunos frente a fábula, também foi realizado um jogo de vocabulários e maneira a entender as palavras desconhecidas pelos alunos.

09/04/2015 Continuidade a Oficina de Língua Portuguesa com alunos surdos das series finais do Ensino Fundamental. Na oficina foi trabalhado o texto A menina dos olhos verdes, o texto foi inicialmente lido pelos alunos e posteriormente interpretado por uma supervisora. A atividade foi realizada no pátio da escola, a fim de explorar nos alunos a sensibilidade quanto as cores que os rodeiam bem como os sentimentos que as mesmas provocam nos alunos. Após a interpretação e observação das cores no pátio da escola, os alunos foram levados para a sala de aula para responderem alguns questionamentos quanto ao texto.

16/04/2015 Deram continuidade a oficina realizando atividades onde cada aluno ira buscar em sua memória momentos importantes de sua vida, fariam um pequeno texto descrevendo o acontecimento e depois escolheriam uma cor que representasse esse momento especial, num segundo momento os alunos exploraram a cor usando tintas guache sobre o papel.

30/04/2015 Realizaram atividades para estimular o conhecimento do vocabulário de língua portuguesa, foi aplicado palavras cruzadas e leitura do poema O Bicho de Manuel Bandeira.

07/05/2015 Foi realizado gravação de vídeos com alunos surdos, onde cada um expressava em Libras suas produções textuais e depois realizaram a tradução para a língua portuguesa escrita. Os alunos recearam um pouco, mas depois participaram e apresentaram também um trecho de um ensaio teatral.

14/05/2015 Aplicaram atividades para estimular os alunos a formarem frases partindo e palavras escondidas numa caixa, foi feito junto aos alunos uma leitura do poema de Mario Quintana interpretado em Libras.

21/05/2015 Realização de uma dinâmica, onde cada aluno escolhia um objeto de uma sacola e relacionava-os para depois produzir uma frase contextualizada, partindo da ideia do objeto. Os alunos gostaram da experiência lúdica, muitos desconheciam a escrita dos objetos, e perceberam por experiência as diferenças e semelhanças da composição de frases em L2 e a Libras.

28/05/2015 Foram aplicadas atividades de produção textual com recortes de revista, se apropriando de imagens e produção de pequenos textos, foi usado poemas de Mario Quintana para sensibilização da atividade.

11/06/2015 Os acadêmicos bolsistas trabalharam os pronomes possessivos e conectores, por meio de jogo da memória e texto lido e interpretado.

18/06/2015 A atividade contou com a participação de todos os alunos, onde cada um escolhia duas fichas: uma com a parte inicial de uma frase e outra que tinha a parte que seria o final da frase, depois do reconhecimento de cada palavra da frase, verificava se a mesma combinasse ou não. O objetivo era achar as duas partes que completasse a frase, sendo que cada ficha estava virada para baixo, como um jogo de memoria, os alunos além de exercitar seu vocabulário, contextualizavam as palavras nas frases, desenvolviam o senso de concentração e memorização.

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Fonte: quadro elaborado pelos autores a partir dos relatórios das atividades do Pibid/Unisc na E.E.E.M. Nossa Senhora do Rosário.

Como poder observar no quadro, as oficinas contemplavam os conteúdos como:

vocabulário, produção textual, pronomes possessivos, conectores, singular e plural, uso dos porquês, tradução da L1 para L2 e interpretação. E como metodologias, eram utilizados: jogos de memória, construção de frases, imagens, vídeos, escrita de cartas, leitura e interpretação de textos.

No decorrer nas oficinas, a L1 foi abordada em cada atividade no intuito de explorar os sentimentos, emoções e saberes dos sujeitos surdos, bem como na tradução e interpretação de frases e textos escritos em L2. Em cada atividade, sempre esteve presente a relação entre as línguas e as diferenças e semelhanças na composição de texto em L2 e a Libras.

O que vai ao encontro de Quadros (2003), que considera a língua como uma das formas mais expressivas das culturas surdas e apresenta um papel fundamental nas lutas da comunidade surda. Muitas pessoas consideram a língua de sinais como „gestos‟, por 25/06/2015 Os acadêmicos bolsistas deram continuidade com os jogos da semana anterior. Foi

realizado o sorteio de uma frase e os mesmos deveriam dar continuidade a essa frase. E ao fim da atividade, foi realizado um texto em conjunto, onde cada aluno deveria dar continuidade a frase do colega até compor um texto.

02/07/2015 Foram desenvolvidas atividades sobre estruturas linguísticas (comparação entre Libras e língua portuguesa), que teve como objetivo fazer com que os alunos percebessem a diferença entre as estruturas linguísticas.

09/07/2015 Foram desenvolvidas atividades com os alunos surdos, onde foi aplicado jogos pedagógicos utilizando imagens demonstrativas, construção de palavras e frases. A oficina contou com a interpretação de Libras

06/08/2015 Foram desenvolvidas atividades com uso da regra dos “Porquês”.

13/08/2015 Foi realizada a oficina com os surdos, utilizando atividades com o uso dos porquês. 27/08/2015 Foram desenvolvidas atividades com os alunos surdos que tiveram com o tema “OS

PORQUÊS”, para isso, cada aluno fazia uma pergunta por escrito ao colega, que respondia e realizava outra pergunta a outro aluno também por escrito e assim sucessivamente.

17/09/2015 Foram realizadas atividades que versaram em jogos da memória, singular e plural e dominó sobre os coletivos, com os alunos surdos.

24/09/2015 Atividades de leitura e interpretação, com o objetivo de fazer com que os alunos, através da leitura desenvolvam criticidade. Tiveram como foco os textos de Sergio Faraco.

01/10/2015 Exibiram um vídeo do Mr. Bean e pediram para que os alunos fizessem uma transcrição do filme. O objetivo era que eles escrevessem as percepções, de forma livre e que trabalhassem com diferentes linguagens.

29/10/2015 Foram realizadas atividades sobre o tema “O chapeuzinho vermelho”, para isso utilizaram o texto para fazer os alunos perceberam a coerência textual.

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desconhecerem a sua riqueza gramatical e a importância do seu papel na consolidação das identidades e culturas surdas. Para a referida autora, as línguas de sinais e dentre elas a Libras apresentam uma forma completa da comunicação das histórias surdas.

Do ponto de vista linguístico, são línguas como quaisquer outras línguas estudadas, pois apresentam todos os níveis de analises que constituem as línguas, isto é, o nível fonológico, morfológico, sintático, semântico e pragmático. Em cada país há pelo menos uma língua de sinais com suas peculiaridades gramaticais. A língua brasileira de sinais apresenta uma estrutura gramatical rica e é usada pelos surdos brasileiros para expressar ideias, pensamentos, sonhos, arte e estórias e reproduzem discursos, assim como qualquer outra língua (QUADROS, 2003, p. 92).

O reconhecimento linguístico da Libras faz parte da luta dos surdos, mas não se esgota apenas no reconhecimento da mesma enquanto língua oficial deste país. A luta se estende também por uma educação bilíngue nas escolas de surdos. Karnopp (2012) chama a atenção para o uso da expressão „ser bilíngue‟, e considera que „estar sendo bilíngue‟ parece ser a forma mais adequada, explicando que a „expressão estar sendo bilíngue‟ remete o bilinguismo a uma condição de uso ou de contextos de uso de duas ou mais línguas, não sendo assim determinado como uma condição inerente e permanente do sujeito. Para a referida autora, estar sendo bilíngue se refere ao uso e contato de duas ou mais línguas.

Nessa perspectiva, as oficinas de Língua Portuguesa/Libras estiveram sempre inclinadas a proporcionar aos alunos surdos participantes o contato com ambas as línguas em todas as atividades. No quadro abaixo, podemos observar, no relato de experiência da bolsista acadêmica atuante nas referidas oficinas, a preocupação em aproximar o uso das duas línguas, bem como em demonstrar as similaridades e diferenças das duas línguas.

Tendo como base que Libras é, para o estudante surdo, a língua materna, adquirida naturalmente, a utilização da Língua Portuguesa na modalidade escrita e como uma segunda língua propõe a ampliação de vocabulário e comunhão a uma mesma sociedade – ou seja, não se trata de uma questão de preferência, mas sim de um sujeito ativo em duas comunidades linguísticas, princípio transformador num meio escolar. O uso e aprendizado das duas línguas permite uma gama de reflexões acerca das formas de se relacionar, se identificar, se distanciar e se comunicar com sujeitos linguisticamente diferentes. Durante meu percurso nas oficinas, houve momentos de reflexões para o preparo das atividades, buscando modos que os alunos compreendessem com clareza as similaridades e diferenças das duas línguas. (Relato de experiência de uma bolsista acadêmica do Subprojeto Letras-Língua Portuguesa) [grifos nosso]

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Diante do mesmo relato, ainda é possível perceber o quanto a experiência de trabalhar em oficinas com alunos surdos possibilita novas aprendizagens para os acadêmicos bolsistas, tendo em vista o planejamento e preparo para a realização das atividades. Assim como o contato linguístico com os sujeitos surdos, pois o planejamento não fica apenas no plano teórico, sendo que a execução do mesmo permite a compreensão por parte dos acadêmicos bolsistas no que tange as diferenças entre as duas línguas em questão, bem como a forma como os sujeitos surdam lindam com as mesmas no contexto escolar. O que vai ao encontro dos objetivos10 do Pibid, tendo em vista que as atividades realizadas contribuem para elevar a qualidade da formação dos acadêmicos bolsistas, assim como complementam o processo de ensino e aprendizagem dos alunos surdos no que tange o currículo escolar.

Entretanto a Língua Portuguesa ainda é considerada o principal meio para a ampliação do vocabulário do sujeito surdo, diante disso o vocabulário linguístico em Libras não é levado em consideração pela bolsista, como podemos observar no relato: a utilização da Língua

Portuguesa na modalidade escrita e como uma segunda língua propõe a ampliação de vocabulário e comunhão a uma mesma sociedade [...]. Queremos lembrar que não estamos

escrevendo esse trabalho como um julgamento do conhecimento e entendimento por parte dos acadêmicos bolsistas em relação a Libras. No entanto, tal reflexão nos remete a pensar o quanto nós sujeitos ouvintes e falantes da língua portuguesa, ainda estamos „amarrados‟ a palavra escrita enquanto conceito de vocabulário.

Algumas sinalizações escritas ....

Organizar e escrever esse trabalho nos proporcionou uma reflexão sobre o trabalho que vem sendo desenvolvido pelos acadêmicos bolsitas do curso de Letras-Língua Portuguesa do Pibid/Unisc em parceria com os supervisores pibidianos na referida escola. Diante dos relatos e das atividades desenvolvidas no decorrer do ano de 2015, foi possível perceber as implicações dessas oficinas para os pibidianos envolvidos bem como para os alunos surdos participantes. Tendo em vista que o fato das atividades serem realizadas em turno oposto contribuem significativamente para a apropriação de ambas as línguas pelos sujeitos surdos. E

10 “elevar a qualidade da formação inicial de professores nos cursos de licenciatura, promovendo a integração entre educação superior e educação básica; inserir os licenciandos no cotidiano de escolas da rede pública de educação, proporcionando-lhes oportunidades de criação e participação em experiências metodológicas, tecnológicas e práticas docentes de caráter inovador e interdisciplinar que busquem a superação de problemas identificados no processo de ensino-aprendizagem” (CAPES, 2015, p. 1).

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as atividades realizadas nas oficinas proporcionam e continuam proporcionaram aos alunos a compreensão da similaridade e diferença das mesmas. Quando nos referimos ao contato com ambas as línguas, não estamos nos referindo somente às oficinas, mas também ao contato com os pares, ou seja, com sujeitos usuários da língua de sinais. Visto que, a maior parte dos alunos são oriundos de famílias de ouvintes, em que a Libras é pouco utilizada por falta de conhecimento dos familiares.

Também queremos sinalizar a aprendizagem dos acadêmicos bolsistas no que remete ao uso da Libras, bem como as questões teóricas implicadas no contexto em que alunos e professores „estão sendo bilíngues‟ como aponta Karnopp (2012). E esse contato linguístico proporciona uma difusão e conhecimento da Libras e das questões teóricas implicadas em um contexto bilíngue pelos bolsistas acadêmicos, bem como a própria publicação e apresentação de trabalhos em eventos proporciona o debate dessas questões nas universidades, proporcionando o conhecimento das mesmas por professores e por acadêmicos das diferentes licenciaturas de outras universidades.

Referências

CAPES. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Disponível em: <http://www.capes.gov.br/images/stories/download/bolsas/DEB_Pibid_Relatorio-

2009_2011.pdf>. Acesso em: 7 out. 2015.

KARNOPP, Lodenir B. Educação bilíngue para surdos: ao que estamos sinalizando? In: FREITAS, Débora; CARDOZO, Sandra (Org.). (In)formando e (re)construindo redes de conhecimento. Boa Vista: UFRR, 2012. v. 1.

LARROSA, Jorge. Linguagem e educação depois de Babel. Belo Horizonte: Autêntica, 2004. 360 p.

LOPES, Maura Corcini. Surdez & educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2007. 104 p.

MÜLLER, Janete Inês et al. Educação bilíngue para surdos: interlocução entre políticas linguísticas e educacionais. Nonada: Letras em Revista, Porto Alegre, v. 2, n. 21, p.1-15, ago. 2013.

QUADROS, Ronice M. de. Situando as diferenças implicadas na educação de surdos: inclusão/exclusão. Ponto de Vista (UFSC), Florianópolis, n. 5, p. 81-111, 2003.

SKLIAR, Carlos. Os estudos surdos em educação: problematizando a normalidade. In: ______ (Org.). A surdez: um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre: Mediação, 2010. p. 7-32.

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THOMA, Adriana da Silva et al. Relatório sobre a Política Linguística de Educação

Bilíngue - Língua Brasileira de Sinais e Língua Portuguesa. 2014. Elaborado por Grupo de Trabalho, designado pelas Portarias nº 1.060 e nº 91/2013 do MEC/SECADI. Disponível em: <www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?down=56513>. Acesso em: 13 set. 2014.

Referências

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