Partindo do estudo do conceito de ato criminoso, com seus
elementos objetivos (tipicidade e antijuridicidade)
e
sub-jetivo (a culpabilidade),
o Autor, em linguagem clara e
fluente, discute as classificações criminológicas
-
funda-mentos, critérios e teorias a que estão filiadas
-
para, em
seguida, apresentar o roteiro do exame criminológico,
des-crevendo as delinqüência~ ocasional, sintomática,
neuró-tica, psicótica e essencj,Jt, o trato com o criminoso, seu
diagnóstico e seu tr~ínento
penitenciário.
Com didática e claréza exemplar, usando gráficos,
esque-mas e exemplos, é Autor consegue transmitir noções
ex-tremamente
complexas e especializadas
de forma a que
até mesmo o leigo possa compreender a matéria.
Oportu-na reedição desta obra, quando as discussões acerca da
criminalidade
e da exacerbação
das penas deixam"de
la-do o aspecto principal da questão, como acentua o Prof.
João Carvalhal Ribas: "o estudo de tal calamidade nas suas
raizes e suas manif.e~Jaçô'es, no ideal de combater o
cri-me em moldes etiológicos, para a felicidade, a saúde e
mesmo a própria sobrevivência da pobre humanidade nos
horizontes ainda obscuros do amanhã".
PSICOLOGIA
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MA1.HÊ-IROS
:::EDITORES
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VrG /cibluSjIUIô
ODON RAMOS MARANHÃO foi Professor
Titular da Faculdade de Direito da
Uni-versidade de São Paulo e Professor de
Criminologia no curso de pós-graduação
da mesma Faculdade.
Foi, também,
Professor Titular da
mesma cadeira na Faculdade de Direito
da Universidade
Mackenzie
(1968/
1970) e nas Faculdades Metropolitanas
Unidas-FMU
(1972/1985),
onde foi
coordenador do curso de pós-graduação
lato-sensu
da Faculdade de Direito(1990/1992).
Foi Presidente da Academia de
Me-dicina
de São Paulo
(1984/1985)
e
membro efetivo do Conselho
Peniten-ciário do Estado (1981/1994), além de
Vice-Presidente da Academia Paulista
de Psicologia (1994/1995).
Reuniu as qualidades de excelente
Professoràs de acatado
especialista,sem-pre atualizado com as mais recentes
ino-vações na matéria e sólido
conhecimen-to teórico e prático da Medicina Legal.
Publicou, também por esta Editora,
Curso Básico de Medicina Legal (8.1
edi-ção, 6>1
tiragem, 2002).
PSICOLOGIA DO CRIME
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@ OOON RAMOS MARANHÃO
2a edição, Ia tiragem, 1993; 2a tiragem, 1995; 3a tiragem, 1998.
ISBN 85-7420-061-1
Direitos reservados desta edição por
MALHElROS EDITORES LTDA.
Rua Paes de AraÚjo, 29, co/!iunto 171
CEP 04531-940 -
São Paulo -
SP
Tel.: (Oxxll) 3078-7205
Fax: (Oxxll) 3168-5495
URL:www.malheiroseditores.com.br
e-mail:malheiroseditores@zaz.com.br
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Impresso no Brasil
Printed in Brazil
03-2003
343.95
M311p
157151
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2 mod ed.
PREFÁCIO DA PRIMEIRA EDIÇÃO
Esta obra expõe e debate, em estilo fluente e claro, todos os
complexíssimosproblemas do mundo do crime, em ângulos
ab-solutamenteatuais, repartindo a vasta matéria em capítulos e itens
muito bem sistematizadose didáticos. Revelaum Autor que, afeito
ao trato dos temas notoriamente controvertidos, e ainda
obscu-ros, da conduta anti-social, chegou a assimilá-Ias e a criticá-Ios
tão bem a ponto de conseguir transmiti-Ias em moldes acessíveis
a toda sorte de interessados, inclusiveao público não
especializa-do, sem deixar de constituir um texto certamente, de elevado
ní-vel científico.
.Como preliminar, o Autor debate o conceito de ato
crimino-so, com dois elementosobjetivos - a sua tipicidade e sua
antiju-ridicidade
-
aliados a outro subjetivo
-
a sua culpabilidade.Em
gráficos elucidativosesquematiza e critica os fatores que
condu-zem à delinqüência. Depois, em obediênciaà imposiçãodidática,
discute as clássificaçõescriminológicas,os fundamentos, critérios
e teorias a que estão filiadas, detendo-se, muito acertadamente,
nas classificaçõesetiológicae "natural" dos
delinqüentes,empres-tando particular ênfase à classificação etiológica de Hilário
Vei-ga de Carvalho.
Em seguida, na aplicação dos dados da atual criminologia
a serviço da justiça social, o Autor apresenta o roteiro do exame
criminológico, salientando, particularmente, a eficiênciado
psi-codiagnósticode Rorschachna caracterizaçãodo delinqüente,com
as suas modificações no objetivo de facilitar e abreviar o
empre-go da prova projetiva. Como corolário, o Autor, em sucessivos
capítulos, discrimina e descrevea delinqüência ocasional,
sinto-4 PSICOLOGIA DO CRIME
mática, neurótica, psicótica, caracterológica,psicopática e
essen-cial, orientando, na rotina do trato com o criminoso, o seu
diag-nóstico e, como corolário, o seu tratamento penitenciário.
O texto se apresenta enriquecidocom gráficos que melhor
es-clarecem os temas expostos. Todos os conceitos em debate
sur-gem apoiados em abundante e excelentebibliografia,
demonstran-do a profundidade, o rigor e a atualização demonstran-do Autor no convívio
com matéria, sabidamente questionada, com opiniões veementes
e antagônicas.
Acima de tudo, como ponto de máximo registro, salta à
vis-ta a oportunidade com que vis-tal estudo ora é lançado ao público
brasileiro, quando atinge proporções exorbitantes a violênciaem
todas as suas faces tenebrosas, e se impõe, com urgência, o
estu-do de tal calamidadenas suas raízese suas manifestações,no ideal
de combater o crimeem moldes mais etiológicos, para a
felicida-de, a saúde e mesmoa própria sobrevivênciada pobre
humanida-de nos horizontes ainda obscuros humanida-de amanhã.
CI
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Prefácio da lI! edição
-
Prof. João Carvalhal Ribas ...
3
Nota Explicativa
...
9
Capitulo l-Classificações
criminológicas
11
ProL
Df. JOÃO CARVALHAL RIBAS
Capitulo 2
-
A Classificação "etiológica"
23
Capitulo 3
-
A dinâmica do ato e a classificação natural dos
criminosos
28
Capitulo 4
-
Delinqüência ocasional
39
Capitulo 5
-
Delinqüência sintomática
49
Capitulo 6 -
Delinqüência neurótica
63
Capitulo 7 - Delinqüência psicopática: o "anti-social"
78
Capitulo 8 - Delinqüência "essencial" ou "dissocial"
99
Capitula; 9
-
O neurótico, o psicopata e o "delinqüênte"
124
~.,
,--u.
C.
G.
HOMENAGEM
Aos Colegas psiquiatras e psicólogos que se
dedi-cam à árdua tarefa de procurar entender e ajudar os
infratores da nossa Lei Penal.
À Academia Paulista de Psicologia, que muito me
honra, por me abrigar entre seus Membros Titulares.
o AUTOR
NOTA EXPLICATlVA
Esta segunda edição da Psicologia do Crime difere da
pri-meira. As modificações do Código Penal e a vigência da Lei de
Execução Penal recomendaram a desvinculaçãodo livro ao texto
legal. Também conteúdos ligados à Criminologia Clínica e à
Psi-copatologia Forense foram reduzidos ao indispensável. Dois
tra-balhos que se apresentavamcomo "Apêndice" foram removidos:
"A Prova de Harrower-Steiner" (SociedadeRorschach, sessãode
27.9.63)e "O M.M.P.I. e suas aplicaçõesem Criminologia"
(Prê-mio "Oscar Freire", 1970).Por outro lado, foram feitosdois
acrés-cimos: ilustração casuística em todos os capítulos que a
compor-tam e uma análise dos principais diagnósticosdiferenciaisem
psi-cologia criminal.
Na expectativade melhor servir aos leitores, aqui está o
no-vo texto da Psicologia do Crime.
Capítulo 1
CLASSIFICAÇÕES
CRlMINOLÓGICAS
Os esforços para se obter uma conveniente sistemática
desti-nada ao estudo dos criminosos não tem sido uma tarefa coroada
de êxito. Pelo contrário, a extraordinária multiplicidade de
classi-ficação e tipologias atesta a indisfarçável insatisfação dos autores
e pesquisadoresneste específicocampo de estudos. Até o presente,
não dispomosde uma sistemáticaque tenha seimposto à aceitação
geral, ao uso rotineiro e ao abrigo de críticas de várias ordens. As
sessenta e sete, catalogadas por Veiga de Carvalho,I-*são apenas
pequena amostra das que surgiram nas últimas décadas.
Represen-tam, por certo, um esforçopara venceras dificuldadesque seopõem
à difícil tarefa de classificar.
Se cada ação criminosa, como qualquer ato humano, resulta
da combinaçãoparticular e singularde fatores individuaise sociais,
todo agrupamento de comportamentos anti-sociais será, até certo
ponto, artificial. Para formar grupos é preciso abstrair as
diferen-ças e realçar as semelhandiferen-ças, o que vai comprometer o caráter
na-tural da operação.
De outra parte é necessário ponderar que as atuações
crimi-nosas - essencialmentedíspares ent~e si
- só têm em comuma
sua ilegalidade, dentro do grupo social e no período histórico
con-siderados. Além disso, a comparação de grupos de agentes
crimi-nosos e de pessoas obedientes à Lei não identificou nem definiu
um fator causal da criminalidade.2
Por essesmotivos o classificador vê-se diante de tarefa
com-plexae poucogratificante,mas de grandealcancepráticoe científico,
.. As notas se encontram no final de cada capítulo.
lU. C. G.
12 PSICOLOGIA DO CRIME
pois facilitará a metodização do tratamento a ser ministrado ao
delinqüente(interessecriminiátrico),auxiliará na previsãoda
rein-cidência (prognósticocriminológico)e orientará nas
medidaspre-ventivas da criminalidade (profilaxia criminal).
Alguns autores estabelecem diferença entre as expressões
"classificação" e "tipologia". Reservam o nome de "sistema
de classificação" para designar um modo de agrupar pessoas
em classesque se definem ou se caracterizam por uma ou muitas
variáveis, comportando
-
no conjunto
-
todas as
combina-ções possíveisou efetivas desses fatores considerados. A
expres-são "tipologia", de outra parte, refere-se a um elenco de grupos
de tipos que se excluem mutuamente e se definem por diversos
critérios, sendo que as variáveis estudadas agrupam-se de modo
empírico.
Esta distinção parece menos importante do que o método
es-colhido e adotado pelo pesquisador.
Partindo da observação para construir uma doutrina, estará
seguindo um processo empírico e se, ao contrário, partir da
dou-trina à elaboração tipológica seguirá método teórico.
Quando, porém, se analisa apreciávelnúmero de tipologias,
chega-se à interessante e inesperada conclusão de que esses dois
métodos não são aplicados de modo puro, havendo sempre uma
espécie de compromisso híbrido.
Contudo há sempre necessidade da tipologia, qualquer que
seja, atender a uma sériede requisitos para poder ser aceita como
tendo base científica e significado útil na prática criminológica.
A) Deve ensejar pesquisas etiológicas
Tendo-se em vista que o delinqüenteprecisa ser tratado para
alcançar um nível de recuperação compatívelcom a livre agência
social é de primeira intuição a premência do estabelecimentoda
"causa" ou "causas" a serem removidas.
Não se argumente que até o presente essas "causas" não
fo-ram estabelecidas de modo irrefutável e indefectível. Não se
pro-cure, por inexeqüível,a causa primeira ou "causa das causas",
pois dessemodo abandona-se o campo prático científicoe voa-se
L
I
CLASSIFICAÇÕES CRIMINOLÓGICAS 13
para as mais teóricas especulações. O que se deseja aqui é saber
quais os fatores delitógenos que mais atuaram ou contribuíram
na gêneseda ação anti-social de um dado criminoso para se
ado-tarem medidas capazes de neutralizar seus efeitos maléficos. As
pesquisas etiológicasseguem cursos próprios em cada grupo
de-linqüencial considerado, mas têm de ser científicose não
envere-dar por caminhostortuosos de divagações,que se apresentam sob
belas formas, desprovidas do mais comezinho conteúdo. As
tipo-logias criminológicasterão de se assentar em base etiológicae
pro-criar pesquisas de igual natureza.
B) Deve ser tão ampla quanto possível
Desde que as combinaçõespossíveisentre os diferentes
fato-res de delinqüência são infindáveis, se a tipologia for muito fato-
res-trita não atenderá às eventualidades práticas. Em outros termos:
quando alguémfor se servirde uma tipologiarestrita, acabará não
dispondo de grupo onde possa incluir apreciávelnúmero de casos
reais.
Contudo, não é possível,também, adotar um
detalhismoexa-gerado a ponto de cada passo particular chegar a constituir um
item da classificação.É preciso, portanto, proceder
-
ainda que
sem preocupaçõesexageradamenteperfeccionistas
-
a uma
aná-lise das similitudese discrepânciaspara se formar grupos
razoa-velmente homogêneos. Estes, contudo, devem cobrir um campo
tão vasto quanto possível.
C) Deve estabelecer tipos que se excluam
mutuamente
Isto pode parecer um truísmo. Porém, não o é. Se cada
gru-po particular não for bem caracterizado, quando a tigru-pologia for
ser usada por terceiros, certamente ocorrerão erros de
classifica-ção e até conclusõesabsurdas poderão ser estabelecidas.É
indis-pensável que seja feita análise das variáveis em estudo e
conve-niente descrição de cada grupo, definido por elementos claros e
compreensíveis.A similitude intragrupal deve contrastar com as
diferenças entre as diversas categorias ou grupos.
14 PSICOLOGIA DO CRIME CLASSIFICAÇÕES CRIMINOLÓGICAS 15
D) Deve considerar as caracterlsticas
da personalidade
do agente
Critério
Autor
Também poderia parecer de primeira intuição. Pessoas
arentemente iguais ou semelhantes, diante de estímulo externo
pa-recido, podem reagir de modo completamente discrepante. Na
gênesedelinqüencial,como em qualquer comportamento, o meio
atua duplamente: ao tempo do fato e no período formativo da
personalidade. A experiência atual se relacionará a antigas e
es-tas certamente serão díspares. Daí a resposta diversificada,
ori-ginando comportamentos distintos em cada pessoa. Se a
estru-tura global da personalidade não for levada em conta na
orga-nização da tipologia, então o caráter "genético" ou "causal"
da mesma estará seriamente comprometido. Por esse motivo os
fatores que prejudicam ou comprometem a formação da
perso-nalidade terão de ser levados em conta no critério adotado pela
tipologia.
1. Manifestações exteriores2. Causal
3. Misto
4. PsicanalíticoA) Abrahamsen
B) Exner
C) Di TuIlio
D) Alexander & Staub
Com base em Veiga de Carvalho
E) Deve ensejar conclusões terapêuticase prognósticas
Ao se estudar um caso particular para concluir a que tipo
de-linqüencial pertence, procura-se fazer um diagnóstico. A partir
do conhecimentode quais os "fatores criminógenos" atuantes na
gênesedesseparticular comportamento anti-social, chega-seà
ta-refa de propor medidas corretivas. Isto é, propõem-se medidas
de caráter terapêutica, quer sejam de natureza médica,
peniten-ciária, pedagógica, psicológica, social, etc. Tais medidas podem
guardar conexão mais ou menos direta com cada grupo criminal
considerado; isto é, a partir de um dado diagnóstico, decorrem
certas providências terapêuticas.
Por outro lado, essas medidas visam a recuperação do
agen-te e a prevenção da reincidência. Também ensejam ensinamentos
para a prof1laxiade novoscasos. Logoos estudosde
naturezaprog-nóstica devem se relacionar aos grupos delinqüenciais descritos,
integrantes da tipologia ou classificação proposta.
Por certo, o critério adotado pelo pesquisador assume
pri-mordial importância, posto que constitui a linha mestra do
pen-samento sistematizador.É evidente,também, que a natureza desse
critério enseja agrupamentos de classificações como ocorre no
exemplo seguinte:
Vejamosas característicasdessasclassificaçõesem separado:
A) Abrahamsen3estabelecedois grupos: criminosos agudos
ou momentâneos e crônicos ou habituais. É curioso observar que
antes dessaconclusão final, lembra existiremduas
motivaçõesbá-sicas na atuação anti-social: agressão à coletividade (delinqüente
manifesto) e expressãode conflito interior
(delin~üênciasintomá-tica). Percebe-se, assim, que embora essa classificação seja
basi-camente formal, não conseguefugir aos conceitos causais, a
pon-to de seu aupon-tor afirmar: "uma classificação de criminosos só é
válida em bases etiológicas".
B) Exner,4 citado entre os autores que adotam critério
cau-sal, oferece, na realidade, uma sistemática pluridimensional. Os
"tipos" que enumera aparecemantes sob a consignaçãode
"clas-sificações". São os seguintes:
I
-
Tipos caracterológicos:
a) de estado "ativo"
b) de estado "passivo"
c) ocasional ativo
d) ocasional passivo
II
-
Tipos sociológico-criminais:
a) especialistas; mistos; de transição
b) anti-sociais e associais
c) precoces e tardios
111
-
Tipos psicológico-criminais:
a) por cobiça
b) por avidez sexual
c) por vingança
r
16 PSICOLOGIA DO CRIME
d) por paixão
e) por política
IV
-
Tipos legais
O próprio autor acrescenta o seguinte comentário: "As seis
classificaçõestipológicasaqui fornecidas, com os seussubgrupos,
partem de pontos de vista diferentes e se situam em planos
distin-tos." É, igualmente, de se ponderar que um mesmo caso prático
se enquadra simultaneamenteem vários itens dessa classificação.
C) Di Tulli05 adota critério misto. É a seguinte a sua
siste-mática:
I -
Delinqüentes ocasionais:
a) puro (pseudodelinqüente)
b) comum
c) extraviado
d) por estados emotivos e passionais
II -
Delinqüentes constitucionais:
a) constitucional comum
b) com orientação hipoevolutiva
c) com orientação neuropsicopática:
cI. epileptiforme
c2. histeriforme
c3. neurasteniforme
\
d) com orientação psicopática:
dI. deficitário
d2. subobsessivo
d3. paranóide
d4. esquizóide
d5. ciclóide
d6. instável
e) com orientação mista
III
-
Delinqüentes enfermos mentais:
a) alienação criminal
b) loucosdelinqüentes(anormaispsíquicos,
neuropa-tas, psicopaneuropa-tas, enfermos mentais)
D) Alexander & Staub6 estabelecemque "o grau de
partici-pação do ego na criminalidade de uma dada pessoa pode servir
l
f
I
CLASSIFICAÇÕES CRIMINOLÓGICAS 17
de base para uma classificação criminológica"
.
A escala seguinte
pode ser esquematicamenteorganizada, tomando por base o grau
crescente de participação do ego no ato criminoso:
1. criminalidade fantástica
sonhos, sintomas
neuróti-cos, fantasias
2. descuidosou enganos
re-sultando em crime atos
compulsivos
transição para o ato
crimi-noso manifesto
3. atos
impulsivos,acompa-nhados de conflito
in-terior
criminalidade neurótica
4. crime resultante de
esta-do emocional ou
situa-ções especiais
agentes normais
5.
criminalidadesemconfli-to interno
delinqüente normal
"Excluem-seda classificaçãoacima os demaiscasosresultantes
de doença orgânica ou estados tóxicos, em que a participação do
ego é limitada ou está ausente."
Esta sistemática é apresentada como fundamento ou
toma-da de posição dos autores, pois em outro capítulo do seu livro
firmam outra classificação.
"Reconhecemos a existênciade (I) crimes praticados
por'in-divíduos que são afetados por certo número de tendências
crimi-nais (delinqüência crônica); são pessoas cujo aparelho psíquico
é construído de forma a impulsioná-Iasà criminalidade.E
(11)cri-mes cometidos por pessoas não criminosas
(delinqüênciaaciden-tal)"
.
I
-
Criminalidadecrônica:
a) comportamentocriminosode pessoascom seu ego
danificadopor processostóxicosou
organodestru-tivos
,.
18 PSICOLOGIA DO CRIME
c) comportamento criminoso de não neuróticos, cujo
superego é criminoso
d) criminosos genuínos
II
-
Criminalidadeacidental:
a) criminalidade resultante de atos falhos
b) crimes situacionais
Outra forma de agrupar as classificaçõesé fazê-Iode acordo
com a natureza das teorias em que se baseiam.
Por exemplo:
Teorias
Comportamentais
Tipologias
Hewitt e Jenkins (e)
Roebuck (O
Gibbons (g)
Clinard e Quinney (h)
Andersen (i)
Mucchielli (j)
Datas
1944
1965
1965
1967
1963
1965
Sociológicas
Psicogenéticas
Com base em Hood e Sparks
E) Hewitt & Jenkins7estudam e classificamos
comportamen-tos criminais, analisando "sintomas".
I -Comportamento
agressivoanti-social:
Neste grupo encontraram as
seguintesparticula-ridades:
a) tendências agressivas
650/0
b) crueldade
620/0
c) sentimento inadequado de culpa
55%
d) comportamento
perturbador
.
51%
e) promoção de motim
35%
f) desafio aberto à autoridade
24%
II -Delinqüência "socializada":
As principais manifestações deste grupo são as
seguintes:
a) roubo em grupo
74%
b) integração de gang
70%
l
CLASSIFICAÇÕESCRIMINOLÓGlCAS 19
c) freqüência a companhias indesejáveis.. 56%
d) fuga do convívio familiar
55%
e) roubo
530/0
f) ausência habitual da escola
51%
g) entradas tardias noturnas
42%
1// -Comportamento
usuperinibido":
Integrado por portadores dos seguintes sinais:
a) inquietude
60%
b) timidez e apatia
59%
c) submissão
570/0
d) temperamento solitário
51%
e) sensibilidade
40%
F) Roebuck8também adota critério comportamental e
esta-belece grupos de aparência simplista:
I
-
Tipos com motivo único:
a) uso ou tráfico de estupefacientes
b) roubo qualificado
c) jogo de azar
d) assalto
e) atentado aos costumes
f) fraude
g) roubo de automóveis
h) falsificação e contrafacção
/I -Tipos
com motivo duplo:
a) roubo simples e assalto
b) embriaguez e agressão
111-Tipos
com motivo triplo:
a) embriaguez, agressão e roubo
IV
-
Tipos com motivos múltiplos
V
-
Sem motivos
20 PSICOLOGIA DO CRIME
Seu estudo se baseou em 400 observações, que forneceram
estes resultados:
Casos
Grupos
I grupo
11grupo
111grupo
IV grupo
V grupo
Totais
150
104
043
071
032
400
%
37.6
26.0
10.7
17.7
08.0
100.0
G) Gibbons9se baseia "num certo número de afirmações e
hipótesesimportantesda teoria sociológicacontemporânea" e
enu-mera quinze grupos:
1. ladrão profissional
2. criminoso perigoso profissional
3. semiprofissional de atentados à propriedade
4. autor de delito contra a propriedade (1? delito)
5. ladrão de automóveis (roubo de carros)
6. falsificador ingênuo de cheques
7. empregado desonesto
8. delinqüente profissional "marginal"
9. autor de desvio de fundos
10. autor de delito contra pessoa (1? delito)
11. psicopata autor de agressão
12. culpado de delito sexual violento
13. autor de estupro
14. autor de estupro "no sentido da Lei"
15. toxicômano (heroína)
__H) Clinard & QuinneylOtambém com orientação
sociológi-ca estabelecemoito grupos, utilizando-sede interessante critério.
A sua tipologia adota três níveis (alto, médio, baixo) para cada
variável estudada e considera quatro características:
a) carreiracriminaldo delinqüente;
.b) medida em que o seu comportamento é recomendado pelo
grupo~
.
CLASSIFICAÇÕES CRIMINOLÓGICAS 21
c) relação entre o comportamento criminoso e os
comporta-mentos legais;
d) a relação da sociedade.
São estes os oito grupos:
1. violência pessoal
2. atentado ocasional à propriedade
3. crime no exercício do trabalho
4. crime político
5. atentado à ordem pública
6. crime convencional
7. crime organizado
8. crime profissional
I) Andersen11faz uma classificaçãobaseada no estudo da
personalidade do agente criminal e propõe estes grupos:
1. Personalidades não delinqüentes
2. Personalidades delinqüentes temporais
3. Personalidades pseudodelinqüentes
4. Personalidades delinqüentes
J) Mucchielli12distingueas seguintesclassesde delinqüentes:
I
-
Falsos delinqüentes:
a) doentes mentais
b) epiléticos
c) orgânicos
d) débeis
e) pervertidos sexuais
11
-
Delinqüentes verdadeiros.
Notas e referências1. Veiga de Carvalho, H. Os Criminosos e suas Classes, 2~ ed., São Paulo, Coletâ-nea Acácio Nogueira, 1964, pp. 38-59.
2. Hood, R. e Sparks, R., La Delinquance, Ed. Hachette, 1970, pp. 111-113. 3. Abrahamsen, D., The Psychology o/Crime, Nova York, S. Wiley & Sons, 1960, "The Classification of Criminais", capo VII, pp. 117-122.
4. Exner, F., Biologia Criminal en sus Rasgos Fundamentales, Barcelona, Ed. Bosch, 1957, pp. 340-356.
5. Di Tullio, B., Tratado de Antropologia Criminal, Buenos Aires, Inst. Panam.
de Cultura, 1950, pp. 389-606.
U.
S.
G.
L'BLIOTECA
22 PSICOLOGIA DO CRIME
6. AIexander, F. & Staub, H., The Criminal, the Judge & the Pub/ie
-
APsyeho-10giealAnalysys (trad. do alemão), Nova York, Ed. MaeMilIan, 1931, pp. 84-98 e 145-152.
7. Hewitt, L. & Jenkins R.L., Fundamental Patterns of Maladjustment
-
TheDyna-mies of their Origin, Springfield, State Printer, 1944, apud Hood, R. e Sparks, R., ob.,
loe. cito
8. Roebuck, J., Criminal Typology, Springfield, C
.
Thomas, 1965, apud Hood, R. e Sparks, ob., loc. cito9. Gibbons, D., Changing the Lawbreaker, Nova Jersey, Prentice Hall, 1965, apud Hood, R. e Sparks, R., ob., loco eit.
10. Clinard, M.B. & Quinney, E.T., Criminal Behaviour Systems: a Typology, No-va York, Pinehart & e Winston, 1967, apud Hood, R. e Sparks, R., ob., loc. cito
11. Pinatel, J., "Les concepts de personalité crimminelle et de personalité anorma-le dans l'oeuvre de Charanorma-les Andersen", Rev. Se. Crim., 1963, p. 583.
. 12. Mucchielli, R., Comment ils Deviennent De/inquants, Paris, Ed. Sociales, 1965.
Capítulo 2
A CLASSIFICAÇÃO "ETIOLÓGICA"
o capítuloanterior procuroumostrar a existênciade um elenco
apreciável de classificaçõese demonstrar que cada autor parte de
uma determinada "teoria do crime". Essa atitude tem sido
criti-cada, pois de acordo com a posição aprioristicamente adotada,
cada pesquisador chegará a uma conclusão, até certo ponto,
in-dividualista. Para alguns isso parece altamente artificial.
A classificação "etiológica", elaborada e aprimorada pelo
eminente Prof. Veiga de Carvalho" apresentou-secomo um
pro-testo a essa atitude preconcebida. Pretendeu mesmo adotar uma
atitude "natural" diante do fenômeno criminal e considerá-Io,de
certa forma, comparável ao comportamento socialmente
ajusta-do.
o ponto de partida da "classificação etiológica" é o
seguin-te: quando se dá a produção de um ato criminoso, o agente
res-ponde a estímulos que procedem de seu meio interno (biologia)
ou do ambiente circundante (mesológicos).
O processo de integração psíquica atenderá, em última
aná-lise, a um dinamismo do tipo descrito por Abrahamsen.2 Isto é,
as solicitaçõesexternas ou internas terão de vencer os meios
con-tensores (resistência)para chegar a levar alguém à prática
crimi-nosa. Estabelece, mesmo, que a vontade do agente é o elemento
central no processo decisório.
(
Dessa forma, a classificação fundamenta-se em um preciso
elemento: saber se as forças que venceram a contenção do agente
criminal procederam do seu meio interno ou do ambiente
exter-no. Aliás, argumenta seu autor: "se existemdois grupos de
fato-res criminógenos- e apenas dois - ter-se-á aí, nessa dupla
ori-24 PSICOLOGIA DO CRIME
gem, a base mais científica e, portanto, mais verdadeira e mais
singela da classificação de criminosos".3
Trata-se de um verdadeiro "corte transversal" na
interpre-tação do ato criminoso. Em outros termos a
classificaçãoetioló-gica se atém a uma interpretação que pode ser considerada
"está-tica". Na realidade procura descreverum "dinamismo" restrito
a um "desequilíbrio de forças" verificado num dado momento.
Assim, a resistência oferecida aos fatores solicitantes é vencida
(e tudo faz crer que momentaneamente)por forças mais potentes
e provenientesseja do meio interno (biológicas)seja do ambiente
social (mesológicas).
É claro que esse rompimento do equilíbrio pode se atribuir
a uma excessivaforça solicitante, como a uma fraqueza dos meios
contensores dos impulsos. Cada eventualidadehá de ser
analisa-da em particular. O binômio "fator interno" versus "fator ex..
terno" não é matéria pacífica, mas deixaremosde lado essa
inter-minável controvérsia.
MEIO
EXTERNO
MEIO
INTERNO
RI
R2
j0~
...--_ ...--_...--_
s~c
_.:~
I
MEIOIINTERNOI
I
MEIO
EE
EE
EXTERNO
R
(Adaptado de Sertain et ai., Psychology:understandinghuman behaviour) SNC
=
Sistemanervosocentral. - EE = estímulo externo. _EI = estímulointerno. - RI e R2 = receptores. - R = resposta.
A "cl~ssificaçãoetiológica", inicialmente,mostra que os
fa-tores causais podem ser de um só tipo: biológico ou mesológico.
Os primeiros "provêm do próprio indivíduo, em obediência
à sua especialcondição de ser" e os segundos "do ambiente,
cós-mico ou social".
"
A CLASSIFICAÇÃO "ETIOLÓGICA" 25
Conseqüentemente,foram estabelecidosinicialmente,três
gru-pos: dois puros e um intermediário. Daí surgiram:
a) mesocriminoso
b) mesobiocriminoso
c) biocriminoso
Posteriormenteapareceua conveniênciade seestabelecergraus
intermediários e assim apareceu a classificação completa, assim
enumerada:
I?) mesocriminoso puro
2?) mesocriminoso preponderante
3?) mesobiocriminoso
4?) biocriminoso preponderante
5?) biocriminoso puro
O mesocriminosopuro é aqueleque atua anti-socialmentepor
força de injunções do próprio meio exterior. Tudo se passa como
se ele fosse mero "agente passivo", quase uma "vítima de
cir-cunstânciasexteriores".O autor da classificaçãocita como exemplo
típico o do silvícolaque, no meio civilizado,pratica ato
conside-rado criminoso, tido por aceitável no seu meio de origem.4
O biocriminosopuro é o agente criminal que atua em
virtu-de virtu-de incitaçõesendógenas,como ocorre com os perturbados
men-tais. Aqui é dado como exemplocaracterístico o epilético, em
es-tado de crise de furor, a fazer disparos de arma de fogo.5
Estes casos extremos, porém, não apresentam elementos de
completacaracterizaçãode açõescriminosas;ao primeirofalta
ani-mus delinquendie ao segundoa "capacidade de imputação"
.
De-vem, por essesmotivos, ser considerados como
"pseudocrimino-sos". Às outras três classespertencem, então, os "criminosos
ver-dadeiros"
.
O mesocriminosopreponderante é aquele de cuja ação
deli-tuosa participaram mais evidentementeos fatores ambientais, em
detrimento dos sociais, contudo, também, partícipes.
A prática delituosa do mesobiocriminoso responde, de
mo-do equânime, ou quase, a determinantes tanto ambientais
quan-to biológicos.
O biocriminosopreponderante é aquele que, portador de
al-guma anomalia biológica insuficiente para levá-Ioao crime,
tor-na-se vulnerável a uma solicitação exterior e a ela responde
facil-mente.
26
PSICOLOGIA DO CRIME
o enquadramentode um casoconcretoem determinadogrupo
desta classificaçãoimplicaráum estudoanalítico-sintético,que será
analisado mais adiante. Contud9, como é evidente, uma
compa-ração "quantitativa", ainda que em base empírica e não
mensu-rável, entre os dois grupos de fatores, se faz imprescindível.
É possível uma representação diagramática das idéias
bási-cas desta classificação. Ei-Ia:
1 234 5
Representação esquemática da quantidade respectiva dos fatores criminógenos (meso e biológico) nas 5 classes de criminosos. Em branco, o fator mesológico e, em negro, o fator biológico. Legenda:
1 - mesocriminoso(puro); 2
-
mesocriminoso preponderante; 3-
mesobiocriminoso; 4-
biocriminoso preponderante; 5_
biocriminoso (puro).
A tarefa classificatória(que gera conseqüênciasna execução
da pena) não pode ser realizada de modo aleatório ou arbitrário.
O Prof. Veigade Carvalho propõe um método analítico-sintético.
A observação do infrator deve ser minuciosa e abrangente.
Al-guns textos de Criminologia clínica apresentam "roteiros". 6
Em consonânciacom os demaisMestresda
Criminologia,re-conhecea importância capital do estudo da personalidade do
de-linqüente e se expressaem termos que vale a pena serem
transcri-tos:
"Assim, necessáriose faz determinar a personalidade do
de-linqüente. Para tal fim, Oswaldo Loudet traçou magistralmente
as seguintes normas: 1) O estudo científico do delinqüente
me-diante o método experimental (antropológico-clínico) deve
objetivar-seem uma história de clínica criminológica;2) A
histó-ria de clínica criminológica é uma investigaçã,ocronológica dos
A CLASSIFICAÇÃO "ETIOLÓGlCA" 27
/
fatores endógenose exógenosque levam um indivíduo ao delito,
considerado este último como um fenômeno biológico-social; 3)
As fases da dita história devem ser, em suas grandes linhas, as
de uma história de clínica médica, no sentido de integrar uma
"anamnese" antropológica e social; um "estado atual"
-
a
per-sonalidadefisiopsíquicado delinqüentee a sua
sintomatologiaanti-jurídica: o delito; e a "evolução" ulterior do indivíduo,sob a ação
do tratamento penitenciário; 4) O levantamento da dita história,
em suas primeiras fases, devem efetuá-Io peritos médicos legistas
e ser prévio ao julgamento criminal; depois da sentença, a
histó-ria devecompletar-seem estabelecimentosde reforma, para a
me-lhor individualizaçãodo tratamento; 5) Todos os
estabelecimen-tos penais devem adotar o mesmo modelo de história
criminoló-gica para o efeito de organizar uma estatística científica e
unifor-me da criminalidade". 7
Finalmente convém anotar que, por simplificaçãoou
desco-nhecimento, não faltou quem optasse pela inclusão apressada da
maioria dos casos entre os "mesobiocriminosos". Muitos casos
precisaram de "revisão", para que se fizesseadequada avaliação.
Notas e referências
1. Veiga de Carvalho, Os Criminosos e suas Classes, 2~ ed., São Paulo, 1964, e
Manual de Introdução ao Estudo da Criminologia, 2~ ed., São Paulo, 1964, capo VI.
2. Abrahamsen, D., The Psychology 01 Crime, Nova York, Science Ed., 1960, p.37.
3. Veiga de Carvalho, H., Criminologia, São Paulo, Bushatsky, 1973, p. 142. 4. Idem, ibidem, p. 164.
5. Idem, ibidem, p. 164.
6. Cf. capo IX - Compêndio de Criminologia.
A DINÂMICA DO ATO 29
C=
T+S
R
Capítulo 3
A DINÂMICA
DO Aro E A CLASSIFICAÇÃO
NATURAL DOS CRIMINOSOS
"As tendências criminosas de uma pessoa e suas resistências
a elas podem resultar numa ação criminosa (anti-social) ou em
ato socialmente aceitável, na dependência de qual dessas forças
venha a predominar." Apesar da simplicidade, essa formulação
é extremamenteclara e judiciosa, pois coloca em evidênciao fato
das disposições (tendências) se aliarem a solicitações
momentâ-neas (situação) para levar alguém a um ato, que poderá ser
conti-do pelos meios repressores (resistência).
Esse processo dinâmico se faz sempre presente, sem
depen-der primária ou obrigatoriamente da natureza jurídica da ação.
Tanto assim, que determinadascondutas, situadas na faixa do
so-cialmenteaceitávele fora da punibilidadejurídica, provocam
sen-timentos de culpa em seus autores. Isso indica terem sido
venci-das lacunarmente suas resistências,o que posteriormente recebeu
reprovação da censura individual, apesar de não ocorrer o
mes-mo no plano social.
A fórmulaproposta oferecea vantagemde lembrar que o
pro-cessoevolutivode estruturação do caráter é o que
-
pela
introje-ção de valores - promove a formaintroje-ção da crítica e desenvolveos
meios capazes de conter os impulsos ou as respostas às
solicita-ções (situação) de variadas origens.
Haverá sempre uma integração de fatores causais, por meio
de um processo de natureza intrapsíquica, do que resulta a
mani-festação final: o ato.
Poderíamos, com propriedade, nos expressar de outra
for-ma: o ato exigeo concurso de duas ordens de condições: de um
lado as solicitadoras (desencadeantes)e de outro a personalidade
do agente (predispondo e resistindo).
FATORESDO A TO CRIMINOSO
5
~
IC
B
FM
~CRIME
FGS
FIC
=
fatoresindividuaiscorporais
FGS
=
fatores gerais sociais FM=
fatores mentais"A ação humana, para ser criminosa, há de responder
obje-tivamente à conduta descrita pela lei, contrariando a ordem
jurí-dica e incorrendo seu autor no juízo de censura ou reprovação
social.
Considera-se, então, o delito como a ação típica, antijurídiJ
ca e culpável".1Assimconceituada, caracterizar-se-iapor dois
ele-mentos objetivos: sua tipicidade e sua antijuridicidade, aliados a
outro de natureza subjetiva: a culpabilidade.Este, contudo,
pres-supõe seja o autor imputável, pois "não poderá ser objeto de
re-provação quem não tenha capacidadepara tanto".2 Assim,
atual-mente, aceita-se que "a culpabilidade não é requisito do crime,
funcionando como condição da pena".3 Se o delito se
caracteriza, então, por sua tipicidade e sua antijuridicidade, podese
-desde logo - adiantar que a sua motivação, em última análise,
é absolutamente superponível à do ato considerado socialmente
ajustado. Aliás, é de se lembrar que determinado ato pode ser
ob-jeto de criminalizaçãoou descriminalização,segundoa
conveniên-cia e o interesse soconveniên-ciais, que são mutáveis no tempo e no espaço.
Assim, um paralelo pode ser estabelecido entre a motivação do
delito (ato criminoso)e a do ato socialmenteaceito (ato ajustado).
Abrahamsen4descreveo que denominou "fórmula do
com-portamento criminoso". "Ao explicar a origem de um ato
crimi-noso precisamosconsiderar três fatores: tendências criminais(T),
a situaçãoglobal (S)e as resistênciasmentaise emocionaisda
pes-soa à solicitação(R)." "O ato criminosoé a soma das tendências
criminaisde um indivíduo com sua situação global, divididapelo
acervo de suas resistências."
30 PSICOLOGIA DO CRIME A DINÂMICA DO ATO 31
Se substituirmos nos esquemasanteriores o termo crime por
ato, estaremos diante de conceitos superponíveis.Aliás, até aqui
estamos vendo que os processos dinâmicos geradores do ato
cri-minoso e do ato socialmenteajustado não diferem.
Sempreocor-rerá uma somaçãode tendênciase solicitaçõesque enfrentará uma
contenção: os fatores individuais e sociais associam-separa
pas-sar por uma integração psíquica, que levará ou não à prática do
ato; a personalidadeglobal num dado momento será levadaa
exe-cutar certa ação, ou freará os impulsos.
As características do produto final
-
o ato
-
é que dirão
se chega a configurar crime.
Assim, diante de uma inimputabilidadenão se cogitaráde
pu-nição do agente, mas de tratamento de uma situação anormal.
Ocorrendo imputabilidade há de se cogitar da antijuridicidade,
só estabelecíveldiante de uma norma jurídica vigente. Por isso
toda tentativa de compreensão dinâmica do ato criminoso há de
se socorrer dos mesmoselementos presentesna gênesedo ato
so-cialmente ajustado.
DINÂMICA DO ATO
G
P=
personalidade do agenteFS = fator solicitante
INIMPUT Á VEL AJUSTADO CRIMINOSO
o substrato biopsíquico, constituído pelas disposiçõese
ap-tidões recebidashereditariamente, é trabalhado pelas experiências
adquiridas e progressivamenteincorporadas, de modo que cada
pessoa adquire, pela integraçãode todos esseselementos,uma
con-figuração própria e unitária.13Esta "síntese de todos os
elemen-tos que concorrem para a conformação mental de uma pessoa,
de modo a comunicar-lhe fisionomia própria" chamamos
perso-nalidade.14São incontáveis os fatores que participam ~esse
pro-cesso evolutivo desde os primórdios da vida até o momento em
que observamos o produto final: uma dada estrutura de
persona-lidade.
A natureza dos fatores constitucionais e evolutivos é
certa-mente polimorfa: alguns são biológicos,outros psicológicose
ou-tros ainda sociais. Contudo, numa primeira fase, estão
partici-pando da estruturação de uma personalidade e por esse motivo
devem ser considerados primários.
Usando-se essa terminologia estaremos pondo em evidência
a importância formativa dessesfatores, mais do que nos
ocupan-do de suas características de ordem estática.
Dessa forma podemos nos reportar a uma constituição
bio-psíquica e a um processopsico-evolutivo para chegar àquela
con-figuração individual e unitária a que se fez menção inicialmente.
De outra parte, num dado momento ocorre uma solicitação
que leva alguém a agir. Este fator (ou fatores) agora atua sobre
uma estrutura já pronta e acabada. Pode e deve ser considerado,
por isso, secundário. Também este poderá pertencer a variadas
categorias, da mesma forma que os fatores "primários". A
ca-racterística básica, que nos interessa neste momento, é a de ser
desencadeador de uma ação.
Dispostas as coisas desta forma, é possíveldeixar-sede lado
duas controvérsias intermináveis: de uma parte a complexidade
da motivação humana em termos de "fatores causais" 6-7e, de
outra parte, as "teorias criminogenéticas". 8-9-10-11
Não se trata de uma posição simplista, mas basicamente
"compreensível", pois permite a explicaçãodo ato (e
conseqüen-temente do comportamento) em condiçõesnormais ou
patológi-cas, de ajuste social ou de atividade criminosa.
É evidente que essa compreensão requer adequado
conheci-mento da estrutura global da personalidade do agente ao tempo
do fato considerado12bem como de sua "circunstância".
Portanto interessamaqui as condiçõesparticulares
extrínse-cas e intrínseextrínse-cas, dentro das quais o agente chegou a praticar
de-terminada ação.
Em síntese,qualquerato implicauma personalidade,com suas
disposiçõese seusmeioscontensoresa par de fator ou fatores
pre-cipitantes ou desencadeantes.
32 PSICOLOGIA DO CRIME A DINÂMICA DO ATO 33
É óbvio que ao tempo do ato (ou mesmo antes) essesfatores
primários e secundários passam por uma integração
intrapsíqui-ca. Não importa, em termos dinâmicos, a categoria (biológica,
psicológicaou social)a que pertençam, nem se procedemdo meio
interno ou do ambiente exterior: é mais importante saber se
in-terferiram na formação da personalidade do agente ou no
desen-cadeamento da ação.
{~
Como parece ter ficado claro, os chamados "fatores causais
do crime" (ou outra denominação equivalente que se possa
em-pregar), na realidade, interferem duas vezes: na estruturação da
personalidade (1~ tempo) e no desencadeamento do ato
(2~tem-po). Esseresultado final-
o ato - só é possívelapós um
proces-so de integração intrapsíquica. É aí que as disposições
(tendên-cias) se associam à solicitação (fatores situacionais) e enfrentam
os mecanismos contensores (resistência).
Assim, a pessoa poderá chegar ou não à ação. Tudo vai
de-pender de um equilíbrioou desequilíbriode forças (confira a
"fór-mula de Abrahamsen").
A par do ato ajustado, aqui, nos interessa a ação criminosa.
Uma pessoa bem formada e bem constituída poderá ter
rom-pido lacunarmente o seu equilíbrio e praticar um crime, por
rea-ção. Conquanto seja uma conduta judicialmenteprevista (típica),
difere do teor geral do comportamento desta pessoa
(psicologica-mente é atípico): trata-se de crime eventual (o agente é uma
per-sonalidade normal).
Chega a ser sintoma da perturbação: trata-se de
delinqüên-cia sintomática.
Pode ocorrer defeito da personalidade, por má constituição
ou por má formação, e o ato criminoso chega a ser expressão de
caráter. É o que sedá com as "personalidadespsicopáticas"e
"per-sonalidades delinqüentes".
Como não é difícil de perceber, os "fatores causais" podem
ser enfocadosde várias formas. Para uma
simplificaçãocompreen-siva, vejamos o quadro seguinte:
FATORES PRIMÁRIOS
E SECUNDÁRIOS
I
F. PRIM.
II
F. SECo
I~G
Compreendidoo complexo"constituição
-
formação
-
so=-licitação
- ato",
nãoseráimpossível,numsegundotempo,apre-ciar as características de cada fator ou grupo de fatores.
Em síntese, os fatores constitucionaise
psico-evolutivos(pri-mários) estruturam uma personalidade, enquanto outros
(secun-dários) desencadeiam a ação.
FATORES PRIMÁRIOS E SECUNDÁRIOS DO CRIME
I
F. PRIM.
II
F. SEC
IF. PRIM. = Fatores primários
F. SECo
=
Fatores secundários-
Esses mesmos conceitos podem ser enfocados de outra
ma-neira. Em Criminologia distingue-sea dinâmica do ato agudo da
responsável pelo comportamento delinqüencialcrônico.ls
(a) Ato agudo (ato grave)
-
O agente tem personalidade bem
formada: integrou os valoresbásicos de sua cultura; aceitou
ajus-Modo
Geral
Individual
Tempo
Primário
Secundário
Natureza
Constitucional
Psico-evolutivo
Social
I CRIME I P=
Personalidade FS= Fatorsolicitante
34 PSICOLOGIA DO CRIME A DINÂMICA DO ATO 35
De tudo isto resulta uma diferenciação simples e clara entre
ato delitivo (agudo) e comportamento
criminoso (crônico).
Christiano de Souza16reuniu elementos para estabelecer os
"fundamentos da classificação natural dos delinqüentes".
Esta classificaçãoprocura se abster de uma posição
precon-cebida ou "artificial". O ponto de partida está na comparação
do ato criminoso com o ato ajustado. Considerando que o
con-ceito de crimeé variável no tempo e no espaço, admite que a
mo-tivação independeda natureza jurídica do ato. Lembre-se,de
pas-sagem, o que ocorreu com menores franceses durante a Segunda
Guerra: treinados a burlar a vigilância das forças invasoras e
sa-quear víveresalém do cerco militar, foram tidos por verdadeiros
heróis até o armistício e, a partir daí, converteram-seem objeto
de repressão policial. Se é verdade que a situação social se
modi-ficou e, com ela, os valores, não é menos certo que o ato
ante-riormente louvávelconverteu-seem prática delituosa. É de se
con-siderar que a "motivação" afetada pelas circunstâncias de
guer-ra, agora deveria atender aos ditames de uma sociedadepacífica.
Muitos, porém, não se adaptaram às novas circunstâncias, que
modificaram a natureza jurídica de um mesmo ato.
Ora, conforme se esclareceuna dinâmica do ato criminoso,
o processo gerador da ação é idêntico nas atuações ajustadas,
cri-minosas e até mesmo inimputáveis. Esse dinamismo, pois, é a
ba-se da "classificaçãonatural", que, aliás, é assimdenominada
exa-tamente por atentar para esse processo psicodinâmico.
"Para que um crime seja possível, é necessário o concurso
de duas ordens de condições: de um lado o ambiente no
momen-to do crimee de outro a personalidadedo criminoso" (p. 29). Ora,
se levarmos em conta o princípio da causalidade,17teremosque
aceitar um infinito encadeamento de "causas", desde as
"ime-diatas" até as mais "remotas". A última, na realidade mais
pró-xima, funcionaria como um denotador de um processo
pregres-samente iniciado.
"A maioria das condições (mesológicasou constitucionais)
apontadas como criminógenas são, na verdade, fatores que
con-tribuem para modelar a personalidade dos sujeitos que, um dia,
poderão tornar-se delinqüentes. São causas mais ou menos
remo-tas da criminalidade." 18
Assim,teremosde consideraros "fatores primários", que
par-ticipam do processo formativo ou psico-evolutivo, como sendo
"causas remotas", enquanto os precipitantes de uma dada ação
devem ser tidos como "secundários".
tar-se à sociedade, à família e ao trabalho; é tido e havido como
obediente à lei. Um ato delituoso não combina com o feitio de
sua personalidade, cujos traços básicos se conservam para além
da ação criminosa. Somenteum rompimento lacunar de seu
equi-líbrio interior explicao crime. Essa ação se apresenta como
sen-dojuridicamentetípicaepsicologicamenteatípica.Manifestamente
os fatores circunstanciais venceram lacunarmente as resistências
e dominaram o funcionamento global da personalidade do
agen-te. A "circunstância" se apresenta como "situação específica"
e geradora do ato criminoso. Usualmenteesseato é
percebidoco-mo uma violência, desencadeiasentimento de culpa e pode até
si-nalizar arrependimento.
As reações súbitas de ira, as ações explosivas' 'em curto
cir-cuito", algumas violências sexuais, podem indicar agente
anor-mal ou limítrofe e, assim, essescasosmerecemestudo
especial(po-de tratar-se especial(po-de "especial(po-delito sintomático", inserido no campo da
psi-copatologia forense).
(b) Comportamento delinqüencialcrônico("processo de
ma-turação criminal") - Aqui as coisas são bem diferentes: o
agen-te não inagen-tegrou ou até rejeitou os valores comuns da sua cultura;
passou a aceitar com naturalidade a prática delituosa; tem
com-prometimento da crítica e do senso ético; a recidiva é usual; o
ar-rependimento é questionável; os delitos são
cuidadosamentepre-parados individual ou coletivamente(conforme o caso). A
perso-nalidade domina a circunstância e o crime se converte em "estilo
de vida". As condiçõespara delinqüir são procuradas ou
prepa-radas.
Ato delitivo Circunstância Dinâmica
Agudo Específica Circunstância Grave "sui generis" predomina e vence
Eventual resistências pessoais
Praticado por Inespecífica Personalidade maturação cri- procurada ou domina a circuns-minal preparada tância
-
resistência36 PSICOLOGIA DO CRIME
Dessa forma, fica fácil estabelecer uma sistemática, válida não
só para o ato criminoso, como para o ato ajustado:
a) 1~ hipótese
-
os fatores secundários predominam, de modo
exagerado, sobre os primários e os dominam no processo
gera-dor da ação;
b) 2~ hipótese
-
as condiçõesprecipitantessão de pequena
monta e as causasremotas, quasepor si sós, levama pessoaao ato.
Poderíamos, então, cogitar de ações de "motivação
primá-ria" e de "motivação secundáprimá-ria" e, assim, chegarmos aos
dife-rentes grupos da classificação "natural".
As consideraçõesanteriores permitem que se estabeleçamos
seguintes grupos naturais:
1~)delito ocasional- Trata-se da personalidadebem
consti-tuída e bem formada, socialmenteajustada que, mediante
solici-tação particularmente forte, rompe lacunarmente o seu equilíbrio
e chega à prática anti-social. É evidenteque os fatores primários
tiveram pouca ou nenhuma participação na dinâmica do ato.
2~) delito secundário ou sintomático
-
Atribuível
~
estado
mórbido, convertendo-senum verdadeirosintomada doençae com
o mesmo valor que os demais, guarda nexo causal com a
pertur-bação referida, seja esta permanente ou transitória.
3~) delito primário ou essencial- Agora estamos diante de
uma "manifestação fundamental do delito pessoal" (p. 30).
Po-demos dizer que se trata de agente portador de "defeito do caráter"
.
CLASSIFICAÇÃO NATURAL DOS CRIMINOSOSTipo
Ocasional
Caracter{sticas
a) personalidade normal b) poderoso fator desencadeante
c) ato conseqüente do rompimento transitório dos meios contensores dos impulsos
a) personalidade com perturbação transitória ou permanente
b) mínimo ou nulo fator desencadeante c) ato vinculado à sintomatologia da doença a) personalidade com defeito constitucional ou
for-mativo do caráter
b) mínimo ou eventual fator desencadeante c) ato ligado à natureza do caráter do agente *Estes casos são da alçada da PsicopatologiaForense
Sintomático.
Caracterológico
I
A DINÂMICA DO ATO 37
Como sepercebe,as característicasda personalidadedo
agen-te, ao tempo do crime e sua participação na dinâmica do ato é
o que define a que grupo natural ele pertence.
No primeiro caso trata-se de personalidade normal; no
se-gundo, de uma personalidade mórbida e no terceiro, de um
por-tador de defeito.
Trata-se de um tríptico bastante abrangente, de fácil
com-preensão e imediata aplicabilidade.
Contudo, parececonvenienteuma especificaçãodo que sedeve
aqui entender por personalidade "normal", "mórbida" ou
"de-feituosa"
.
Considera-se "normal" o indivíduo que, apesar de
seuspro-blemas, traumas e conflitos, apresenta-se como "ajustado" até
o tempo da prática anti-social considerada. É claro que no
pro-cesso formativo passou por incontáveisexperiências,tanto
cons-trutivas como conflitantes, mas que não o impediram de se
adap-tar às normas sociaisvigentes.Não setrata de uma abstração, nem
se pretende entrar na controvérsia do que seria o "normal",
fa-lar em "pessoa socialmenteajustada" , mas esta expressãocriaria
confusões com as atenuações ou períodos intercríticos de certas
anomalias.Na realidadeo "normal" aqui é o indivíduo"comum" ,
que permanece obediente à lei até uma infração de certo modo
imprevista e inesperada.
A personalidadeserá considerada "mórbida" ,
q1,landoapre-sentar perturbações das funções psíquicas, de qualquer natureza.
Inicialmente não interessa a causa ou o curso evolutivo da
per-turbação, mas a sua vigência ao tempo do fato criminoso. Estes
últimos dados (causa e curso) poderão servir para uma nova
sis-temática dentro destegrupo. Mesmonas perturbaçõescíclicas,nos
períodos intercríticos, poderemos encontrar nexo entre o fato e
a anomalia, o que será suficientepara o enquadramentp do caso
no grupo da delinqüência sintomática.
Finalmente, falamos em "defeito", quando, apesar da
pre-servação das funções psíquicas superiores, está comprometida a
capacidade de jugamento. Esta leva o agente a uma atitude
"anti-social" ou "paras"anti-social", pelo que se torna um candidato à
rein-cidência na prática criminal, na dependência direta da
estrutura-ção do referido "defeito".
38 PSICOLOGIA DO CRIME
Notas e referências
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6. Sargent, S.S., Basic Teachings ofGreat Psychologists, Nova York, Barnes & Noble, 1947, capo VIII.
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17. Gregory, L, Fundamentais of Psychiatry, Ed. Saunders, 1968,capo 4~, pp. 46-80. Na realidade existem outros "princlpios", como o "teleológico".
18. Christiano de Souza, C., ob., loc. cits.