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RESULTADO DA CONSULTA PÚBLICA

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Academic year: 2021

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1 RESULTADO DA CONSULTA PÚBLICA REDE ESTADUAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA DO PIAUÍ SOBRE O TRABALHO REMOTO DIANTE DA PANDEMIA DE COVID-19 PARA DOCENTES (AS) DA REDE ESTADUAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA DO PIAUÍ

Lucineide Barros Medeiros1 Lucineide Maria dos S. Soares2 Lucine R. V. B. de Almeida3

Marina Gleika Felipe Soares4

Samara de Oliveira Silva5

O Comitê Piauí da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Políticas e Gestão da Educação (UFPI) e o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Piauí (SINTE-PI) publica os resultados da Consulta Pública “Consulta Pública para Docentes (as) da Rede Estadual de Educação Básica do Piauí sobre o trabalho remoto diante da Pandemia de Covid-19”. Realizada entre os dias 08/06/2020 e 28/06/2020, que teve como objetivo conhecer os limites e possiblidades que os docentes da Rede Estadual do Piauí estão enfrentando no exercício docente com a adoção do ensino Remoto implementado pela SEDUC-PI, verificando as condições cotidianas de trabalho docente no contexto da crise provocada pela pandemia, após a suspensão das aulas presenciais da rede estadual de educação do Estado do Piauí.

Os dados coletados através de um questionário, com 26 perguntas de múltipla escolha (via formulário online no Google) na Consulta Pública, foram analisados por uma Comissão de Sistematização composta por membros do Comitê Piauí da Campanha Nacional pelo Direito à Educação. Os resultados da análise estão sendo disponibilizados em forma de Relatório e Gráficos, que apresentamos no site e redes sociais do SINTE-PI e nas redes sociais do Comitê Piauí e NUPPEGE/UFPI.

No Estado do Piauí as escolas da rede estadual e universidades públicas e privadas mantém as atividades suspensas desde o dia 16 de março de 2020, conforme Decreto Estadual nº 18.884, posteriormente ocorreu nova publicação da prorrogação da suspensão das aulas até 30 de abril de 2020, conforme o Decreto nº 18.913 de 30 de março de 2020. Também se ressalta que em 26 de março de 2020 o Conselho Estadual de Educação do Piauí (CEE/PI) publicou a

1 Membro do Comitê Piauí da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, docente da Universidade Estadual do Piauí, e membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Políticas e Gestão da Educação (UFPI); Coordenadora do Núcleo de Estudos em Educação Popular e Educação do Campo/UESPI.

2 Membro do Comitê Piauí da Campanha Nacional pelo Direito à Educação e do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Políticas e Gestão da Educação (UFPI) e Docente da Universidade Estadual do Piauí. 3 Membro do Comitê Piauí da Campanha Nacional pelo Direito à Educação e do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Políticas e Gestão da Educação (UFPI); Docente da Rede Estadual de Educação do Piauí e membro do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Piauí (SINTE-PI).

4 Membro do Comitê Piauí da Campanha Nacional pelo Direito à Educação e do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Políticas e Gestão da Educação (UFPI) e Docente da Universidade Estadual do Piauí. 5 Membro do Comitê Piauí da Campanha Nacional pelo Direito à Educação e do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Políticas e Gestão da Educação (UFPI) e Docente da Universidade Estadual do Piauí.

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2 Resolução nº 061/2020 que dispõe sobre o regime especial de aulas não presenciais para Instituições integrantes do Sistema Estadual de Ensino do Piauí, em caráter de excepcionalidade e temporalidade, enquanto permanecerem as medidas de isolamento previstas pelas autoridades sanitárias na prevenção e combate ao novo Coronavírus (CARTA AO CNE/CCE,2020). Logo após a Secretaria de Educação do Estado do Piauí (SEDUC/PI), editou em 06 de abril de 2020 estratégias e diretrizes sobre o regime especial de aulas da Rede Pública Estadual de Ensino do Piauí, com vigência durante o decreto que suspende as aulas no ambiente escolar. E, em 30 de abril de 2020, publicou o Decreto nº 18.966, que determinou a prorrogação da suspensão de aulas presenciais até 31 de julho de 2020.

Caracterização dos Docentes respondentes a Consulta Pública

Participaram da pesquisa 386 docentes, de 66 municípios piauienses, localizados nas quatro mesorregiões do Estado em que ocorre o atendimento educacional na rede estadual de educação do Piauí, conforme o gráfico 1 a seguir:

Gráfico 1: Número de Docentes respondentes por Mesorregião Piauiense

Fonte: Consulta Pública/ Comitê Piauí da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, 2020.

Dentre os 386 docentes respondentes, a partir do Gráfico 1, tem-se a participação destes nas quatro Mesorregiões do Piauí, a Sudeste com 39% tendo as cidades com maior participação Oeiras, Picos e Floriano, o segundo maior percentual é a região Centro-Norte representa 35%, onde está localizada a capital Teresina. A mesorregião Norte com 18% destacando-se a participação das cidades de Parnaíba, Luís Correia e Luzilândia e do Sudoeste Piauiense com 8% com a participação de São Raimundo Nonato e Santo Inácio do Piauí.

As mesorregiões mais distantes da capital Teresina, como as do Sudoeste e norte foram as que menos responderam a Consulta Pública, podendo-se inferir também nesse resultado as dificuldades socioeconômicas e de acesso à internet e diversidade no sinal de linha telefônica.

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3 Evidencia a necessidade de investigar como o ensino remoto está acontecendo nessas cidades das mesorregiões mais distantes e que apresentam pouco abrangência de sinal rede telefônica e internet.

Informaram fazer parte do grupo de risco, em relação à Covid-19, 57,3% dos docentes que participaram da Consulta Pública portadores de comorbidades relacionadas aos problemas de hipertensão, doenças respiratórias crônicas e diabetes e 42,7% afirmaram não fazer parte do grupo de risco. Além disso, 59,4% informaram que residem com pessoas do grupo de risco. Os que afirmaram ter casos confirmados ou suspeitos de Covid-19 em sua residência totalizou 6,1%. Esse perfil, além de reforçar a necessidade para que os docentes da educação básica permaneçam em isolamento social, até que se reestabeleçam as condições necessárias ao retorno seguro ao trabalho presencial, evidencia a necessidade de se discutir e avaliar em que condições o trabalho remoto está se desenvolvendo.

Dentre os docentes na faixa etária entre 31 e 40 anos é de 27,4%, os que tem entre 41 a 50 anos representam 39,1%, e de 19,9 % aos que têm de 51 a 60 anos de idade. Conforme gráfico 1:

Gráfico 2: Faixa Etária dos 386 Docentes (as) da Rede Estadual do Piauí

Fonte: Consulta Pública/ Comitê Piauí da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, 2020. Nota: Os docentes na faixa etária de 61 a 70 anos representa, 2,2%; Na faixa etária de mais de 70 anos não teve respondente.

Observa-se que a maior faixa etária de 41 a 60 anos somadas equivale a 60% dos docentes nesta Consulta Pública, portanto, pertencem ao grupo etário que os coloca em condição de maior risco às implicações causadas pela Covid/19. O componente desta faixa etária requer maior atenção por parte da gestão da SEDUC para fins de oferecer uma formação continuada com vistas a uma melhor qualificação para o trabalho com as tecnologias e mídias digitais.

Sobre essa realidade as questões 18 e 19 da Consulta Pública evidenciaram quais as dificuldades para realização das atividades de Ensino Remoto, dentre as maiores, destacaram-se a falta de formação, dificuldade na preparação das aulas e atividades, problemas no sinal de

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4 29%

50% 19% 2%

Fundamental Médio EJA Educ Especial

internet, adaptações metodológicas para trabalhar com o ensino remoto e a falta de habilidades com as ferramentas.

Condições de Trabalho docente no Ensino Remoto

Quando questionados sobre a localização da escola em que atuam, 97,2% dos respondentes atuam na zona urbana e apenas 2,8% na zona rural. Já a condição funcional dos docentes expressas nesta Consulta Pública é retratada por 88,9% que fazem parte do quadro efetivo da Rede Estadual de Educação e 10,2% do quadro provisório.

Quanto a Etapa ou modalidade de ensino em que os docentes atuam, verifica-se que estes atuam em mais de uma etapa, com maior frequência no Ensino Fundamental e Ensino Médio, conforme Gráfico 2:

Gráfico 3: Etapa ou Modalidade de Ensino de atuação dos Docentes

Fonte: Consulta Pública/ Comitê Piauí da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, 2020. Nota: Fez parte da Consulta 386 docentes, o resultado deste gráfico retrata o número de 528 docentes por estes atuarem em mais de uma etapa e ou modalidade.

No Gráfico 3 apresenta-se o percentual por etapas e modalidades de ensino em que os docentes da rede estadual respondentes atuam. Ressalta-se que, 50% atuam no Ensino Médio, 29% no Ensino Fundamental, 19% na Educação de Jovens e Adultos (EJA) e 2% nas Salas de Atendimento Educacional Especializado (AEE). Destaca-se que esses docentes tem uma jornada de 20h a 40h que para ser cumprida necessita, por vezes que sejam lotados em mais de uma escola e/ou várias turmas e alunos diferentes. O que implica num planejamento e preparação de aulas para diversas turmas, etapas e/ou modalidades diferentes. Portanto, deve-se considerar que este professor se divide, dependendo da sua carga horária, em um grande número de turmas e em escolas diferentes, o que irá demandar em um atendimento maior de estudantes.

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5 Essa especificidade de atuação implica que o professor dependo da carga horária da disciplina no componente curricular, poderá ter contato com uma grande quantidade de estudantes, fato este que dificulta a qualidade da educação remota e requer um planejamento adequado com as medidas de biossegurança para a educação presencial com maior aporte de investimento financeiro para garantir o distanciamento social e medidas preventivas no ambiente escolar.

Por sua vez, o ensino remoto não é viável, principalmente diante da realidade da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e no Atendimento Educacional Especializado (AEE), tendo em vista que são estudantes de modalidades de ensino que requerem um planejamento adequado, dada as especificidades inerentes a estas duas modalidades. O que pode vir a causar uma exclusão ainda maior nesta oferta de ensino, devido às possíveis consequências de um processo de evasão escolar já existentes nestas modalidades e os obstáculos postos a estes estudantes no ensino remoto.

Quando foi questionado aos docentes sobre a realização ou não de atividades de ensino por meio de trabalho remoto, 75,9% dos respondentes afirmaram que sim, estão realizando trabalho remoto e 24,1% que não.

Quanto as condições dos docentes para o desenvolvimento do trabalho remoto na educação, quando perguntados sobre o acesso à internet em sua casa, 97,3% afirma ter internet em casa e 2,7% informa não ter.

Sobre a via de acesso à internet que utilizam em casa, 25,9% utiliza 4G com Dados Móveis, 3G com Dados Móveis (13,7%), internet via Rádio (7,8%), internet por Cabo ou Fibra Ótica (70,7%) ou não sei responder (2,8%), sendo que nessa questão, poderia ser marcada mais de uma opção.

Vale considerar que os docentes estão trabalhando com uma estrutura viabilizada para ensinar e provida por eles mesmos. A maior parte utilizando fibra ótica em razão da maioria dos docentes respondentes residirem na área urbana das cidades, o uso de via 3G ou 4G com seus dados móveis tem limitação dado ao pacote de dados. O uso de internet 4G define a qualidade da terceira geração da telefonia móvel para a transmissão de dados. O estado do Piauí, em abril de 2017, dos 224 municípios em apenas 10 havia cobertura 4G (PORTAL 180GRAUS). Considerando que o trabalho remoto dos docentes implica lidar com plataformas e dados de diferentes tipos, podemos inferir que trata-se de uma situação que limita a qualidade do seu trabalho.

Quanto a qualidade da internet que dispõem, o fato de terem acesso via fibra ótica não necessariamente significa que a qualidade é satisfatória. Conforme o gráfico 4 que dispõe sobre a qualidade da internet:

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6 Gráfico 4: Sobre a qualidade da internet que os docentes dispõem

Fonte: Consulta Pública/ Comitê Piauí da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, 2020. Nota: Para 7,9%(verde) a internet é Ruim e para 3,4%(lilás) consideram Péssima.

Na opinião dos docentes, 41,7% afirmam que sua internet é regular, 36,6% consideram Boa e 10,4% Muito Boa. Os que avaliam o seu sinal de internet de Ruim a Péssimo totaliza 11,3%.

Quando se perguntou sobre por meio de qual equipamento os docentes têm acesso à internet, nesta questão se admitiu múltipla escolha, os que acessam pelo computador (27,7%), notebook (58,3%), Tablet (4,4%), pelo celular (91,2%) e os que utilizam mais de um equipamento (8,0%).

Quanto a estrutura no espaço doméstico para a realização do trabalho remoto. 48,2% dos docentes respondentes avaliam como parcialmente, 37,8% afirmam que não tem as condições, 14% afirmam que possuem estrutura no espaço doméstico. Entre os que afirmaram parcialmente e os que não tem condições totalizam 86%. Que além das condições estruturais corre-se o risco de ampliar os problemas domésticos e familiares, comprometendo esse espaço com atividades profissionais, para as quais não houve planejamento e preparação do ambiente doméstico dos docentes para desenvolver atividades de ensino.

Além das dificuldades estruturais, há também as dificuldades relacionadas as atividades de ensino remoto. Os itens abaixo relacionados admitiram múltipla escolha: 59,6% dos docentes informam que sim que têm dificuldades no ensino remoto, 28,2% parcialmente e 12,2% afirmaram que não têm dificuldades. As razões para as dificuldades estão relacionadas a má qualidade da conexão da internet 33,9%, indisponibilidade de aparelhos tecnológicos 35,5%, falta de habilidades com as ferramentas de ensino a distância 52,6%, problemas de saúde que dificulta o trabalho no computador 10,4%,

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dificuldades metodológicas 47,2%, não se aplica 6% e outros 15,5%. As dificuldades metodológicas se sobressaem em relação as demais, porém a indisponibilidade de aparelhos tecnológicos e má qualidade da internet também são dificuldades bastante representativas. Esses dois grupos representam os grandes problemas do ensino remoto, relacionadas as dificuldades nas questões pedagógicas e estruturais.

Para ministrar aulas com mediação tecnológica, os recursos mais utilizados pelos docentes respondentes da Consulta foram as vídeos aulas gravadas 35,8%, videoaulas ao vivo ou lives 9,8%, ebook e bibliotecas virtuais 11,4%, textos digitais 50,8%, podcast 4,4%, mensagens privadas 41,2%, chats e fóruns 11,4%, formulários de exercícios 50%, Canal Educação (youtube ou TV Antares) 29%, material impresso entregue pela escola 50,8% e Outros 18,9%. É essencial no desenvolvimento da prática pedagógica a

relação-professor-aluno para o processo de ensino-aprendizagem e os dados evidenciam que não

está ocorrendo esse contato interativo entre os docentes e discentes, dado os maiores índices apontados são envio de textos digitais e material impresso entregue pela escola.

Essa prática expõe os docentes e discentes ao contágio, porque o tempo de vida do vírus no papel é de até cinco dias (TELESSAÚDERS, ADAPTADO DE KAMPF E VAN DOREMALEN, 2020). O que faz com essa estratégia utilizadas pela SEDUC/PI orientada as escolas seja vetora de transmissão, se não for utilizada as medidas de proteção e higiene adequadas.

Para além das questões acima expostas, é necessário verificar o investimento financeiro realizado pela SEDUC-PI, no tocante ao desenvolvimento das ações direcionadas para a mediação tecnológica. No portal da Transparência do Governo do Estado do Piauí, consta que foi investido de janeiro a maio de 2020, cerca de R$ 7.694.065,14 em despesas com mediação tecnológica (GOVERNO DO PIAUÍ, PORTAL DA TRANSPARÊNCIA,2020).

Condições de Trabalho Docente

Considerando a relação entre satisfação com as condições de uso dos equipamentos, verifica-se que a maior parte dos docentes acessa através de equipamentos com campo visual reduzido, por meio da tela do smartphone o que causa fadiga e amplia o cansaço e além disso o celular não tem funcionalidades que podem ser encontradas no computador/notebook. Em muitos casos, o uso da internet no celular (91,2%) ocorre através de pacotes de dados pré-pagos, que tem reduzida capacidade transferência de

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dados. E esta situação limitada tem relação direta com o poder aquisitivo dos docentes. Portanto, é possível afirmar que os docentes não dispõem das condições necessárias para realizarem o trabalho docente.

A natureza do trabalho docente implica em diversos tipos de atividades, 70,9% estão elaborando atividades a serem enviadas aos estudantes, 54,6% tirando dúvidas dos estudantes, 53,3% corrigindo atividades, 30,8% preparação de vídeo aulas,7,7% atividades administrativas, 16,8% não se aplica, 15,2% outras. Os percentuais em alguns casos expressam atividades simultâneas.

Na avaliação das atividades de forma remota com a mediação tecnológica, 71,2% avaliam negativamente, 20,5% positivamente e 8,3% não soube opinar. Os dados apresentados ao longo da Consulta Pública podem ser indicações sobre o posicionamento apresentado pelos docentes. Considerando que a satisfação do trabalho docente tem relação direta com as condições para sua viabilização. Não se tem observado processos de escuta aos professores para o grau de satisfação dos professores para realizarem o trabalho docente, ao contrário disso, identifica-se um conjunto de ações prescritas pelos órgãos de gestão da educação estadual, sem a participação da comunidade escolar, com amplo comprometimento do tempo, do espaço do doméstico e das condições de saúde mental dos docentes, além dos riscos quanto ao uso inadequado das suas imagens, expressão do seu pensamento e liberdade de cátedra.

Vale ressaltar que os professores consultados são vinculados à rede Estadual de Educação – SEDUC/PI que deve viabilizar as condições para o trabalho docente. Sobre esse quesito 80,3% se posicionaram negativamente às condições que a SEDUC/PI oferece para a realização do ensino remoto, apenas 10,6% avalia como positivo e 9,1% não souberam opinar. As condições de trabalho são questões que compõem a valorização profissional, neste caso, é possível afirmar que o ensino remoto está agravando as precárias condições de trabalho dos docentes da rede estadual que já estavam em curso.

No tocante às ferramentas mais utilizadas no ensino remoto em substituição as aulas presenciais que os docentes têm utilizando durante a pandemia. O uso do WhatsApp é de 71,2%, Youtube 47,2%, Canal Educação (Youtube ou TV Antares) 15,5%, Material impresso entregue pela escola 49,5%, Instagram 3,4%, Facebook 2,1%, Skype 2,1%, Zoom 10,9%, Google Class Room 19,9%, Google Hangout Meet 7%, Moodle 0,8%, E-mail 30,1%, Chat 4,9% e Outros 11,7%. Observa-se que o maior uso de recursos é feito através das redes sociais, destacando-se o WhatsApp, recurso tecnológico não planejado

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para ser um ambiente virtual de aprendizagem (AVA), seguido da opção de material impresso entregue pela escola e o Youtube 47,2%, Canal Educação (Youtube ou TV Antares) 15,5% - recursos utilizados que tornam o trabalho docente conteudista e ação didática docente reduzida ao mero papel de mediador e não de gestor do processo de ensino-aprendizagem com autonomia e liberdade de ensinar.

O uso de redes sociais para trabalho remoto sobrecarrega a jornada de trabalho dos docentes, além das consequências ocasionadas pela invasão de privacidade, relacionadas a utilização do contato pessoal de uso privado dos docentes para o desenvolvimento das atividades de ensino remoto, acarretando desgastes físicos e mentais.

Quando consultados quanto as afirmativas seguintes: “Os alunos têm dificuldades em acompanhar as aulas à distância” - concordo totalmente 64%, concordo 29%, indeciso 1,3%, discordo 2,6% e discordo totalmente 1%. Em relação a segunda afirmativa “Eu tenho dificuldades pedagógicas em conduzir uma aula à distância” - concordo totalmente 34,5%, concordo 38,6%, indeciso 7,8%, discordo 14,8% e discordo totalmente 3,1%. Sobre o manuseio das tecnologias a afirmativa “Eu sei operar a tecnologia necessária para conduzir uma aula à distância com qualidade” - concordo totalmente 11,9% concordo 23,8%, indeciso 15,8%, discordo 28% e discordo totalmente 18,9%. Avaliando a atuação da SEDUC/PI no oferecimento de todo o suporte necessário para o exercício docente remoto, os professores - concordo totalmente 1,8%, concordo 5,2%, indeciso 8,3%, discordo 34,7% e discordo totalmente 47,9%. Sobre o grau de satisfação com as medidas tomadas pela SEDUC/PI diante da pandemia de Covid-19, têm-se o gráfico 5:

Gráfico 5: Grau de satisfação dos Docentes com as medidas tomadas pela SEDUC/PI diante da pandemia

Fonte: Consulta Pública/ Comitê Piauí da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, 2020. Nota: Para 1,6 %9 (Azul) muito satisfeito.

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O grau de satisfação positiva indica como os professores estão motivados ou não para o desenvolvimento do trabalho docente. O grau de insatisfeito a muito insatisfeito totalizam 70,3%, de satisfeito 13,2%, de indiferente 15% e de muito satisfeito 1,6%. As medidas tomadas pela SEDUC/PI não foram dialogadas com a comunidade escolar e a categoria dos trabalhadores/as em educação, resultaram em um alto grau de insatisfação por parte dos docentes como demonstra os dados acima. O que poderá refletir na qualidade do ensino e ocasionar implicações no descumprimento das mediada sanitárias, atenção ao grupo de risco.

Os professores foram consultados, também, a respeito da devolutiva/retorno das atividades ou eventuais dúvidas dos estudantes que tem acesso à internet. Conforme o gráfico 6 que dispõe sobre:

Gráfico 6: Devolutiva/retorno das atividades ou eventuais dúvidas dos estudantes que tem acesso à internet

Fonte: Consulta Pública/ Comitê Piauí da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, 2020.

A devolutiva das atividades enviadas aos estudantes que fazer uso da internet evidencia as dificuldades do discentes com uso das tecnologias, cumprimento de prazos para entrega das atividades, a falta de adesão ao modelo metodológico de ensino adotado pela SEDUC-PI para com a realização das atividades escolares, cujo percentual de 39,4% abrange os que não ter retorno e afirmam ser insuficiente essa devolutiva. Ressalta-se ainda que 45,6% afirmam ter devolutiva das atividades escolares apenas parcial. Somente 15% afirma receber as atividades enviadas aos estudantes que tem acesso à internet.

Os professores e a escola têm o retorno das atividades ou eventuais dúvidas dos estudantes que não tem acesso à internet e que receberam o material impresso. Conforme o gráfico 7 que dispõe sobre:

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Gráfico 7: Devolutiva/retorno das atividades ou eventuais dúvidas dos estudantes que não tem acesso à internet

Fonte: Consulta Pública/ Comitê Piauí da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, 2020.

Os docentes informam ainda que com relação a devolutiva do material impresso enviados aos estudantes que não tem acesso à internet a realidade também é crítica. Considerando que os dados revelaram que 56,2% responderam que não há retorno das atividades enviadas impressa ou estas ocorreram de forma insuficiente. Para 33,4% dos professores consultados esse retorno do material impresso foi realizado de forma parcial e somente 10,4% afirmam ter retorno desse material.

Quanto a opinião dos docentes sobre as maiores dificuldades que os estudantes estão tendo que lidar no período da Pandemia no que se refere ao acesso aos meios digitais 91,7%, sobrecarga emocional 49,5%, falta de tempo 8,8%, ausência de condições materiais 62,7%, responder às especificidades das demandas dos estudantes alvo da educação especial 18,1%, responder às especificidades das demandas dos estudantes alvo da Educação de Jovens e Adultos 17,9% e Outras 18,9%.

REFERÊNCIAS

TELESSAÚDERS, ADAPTADO DE KAMPF E VAN DOREMALEN, 2020. Acesso em 28 de jun de 2020. < Disponível em

https://www.ufrgs.br/telessauders/posts_coronavirus/quanto-tempo-o-virus-que-causa-o-covid-19-sobrevive-em-superficies/>.

PIAUÍ, GOVERNO DO ESTADO. PORTAL DA TRANSPARÊNCIA,2020. Acesso em 23 de junho de 2020. < Disponível em

http://transparencia.pi.gov.br/apex/f?p=101:37:13138822550710 >.

PIAUÍ, PORTAL 180GRAUS.< Disponível em https://180graus.com/geral/apenas-10-cidades-no-piaui-tem-4g-e-usuarios-carecem-de-informacoes>.

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