• Nenhum resultado encontrado

Astrologia e Artes Adivinhatorias v2b o Taro Didier Colin

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Astrologia e Artes Adivinhatorias v2b o Taro Didier Colin"

Copied!
133
0
0

Texto

(1)

Para ajudá-lo a encontrar

respostas claras

e concretas

às suas perguntas

(2)

ARTES

ADIVINHATÓRIAS

(3)

Os arcanos maiores e a roda da vida

O Louco,

do Mago à Imperatriz

Em seu conjunto, os 22 arcanos maiores do Tarô formam um todo e contam uma história.

É a história de nossa vida.

A

qui nós nos propomos esquecer o aspecto adivinhatório do jogo do Tarô e enfocá-lo sob o ponto de vista da reflexão e da meditação.

Os 22 arcanos maiores constituem um alfabeto. Trata-se do alfabeto da alma. Cada um deles possui uma força, uma forma, esconde um arquétipo e con-tém uma mensagem de vida. Cada um deles é único, porém todos estão re-lacionados entre si graças ao princí-pio representado pelo Louco que, em seu papel de intermediário, é o ser en-carnado que tem por destino não es-tabelecer-se nunca e passar cons-tantemente de um estado a outro.

Da mesma forma como acontece co-nosco, o Louco está condenado a evo-luir. Tira sua força evolutiva e sua dinâ-mica de suas falhas e suas limitações. Passa continuamente de um arcano para outro e assim segue seu caminho de vida sobre a roda do Tarô, saindo de uma ex-periência para entrar em outra. A morte é uma delas.

Mas é apenas uma etapa, uma expe-riência que é preciso viver como tantas outras e não um fim em si. A prova é que

o arcano da morte não se concentra nem no começo nem no fim, mas sim no centro do jogo dos 22 arcanos maiores. Deste princípio nasceram os jogos, pri-meiro iniciáticos, depois adivinhatórios, por fim de diversão: o jogo da amare-linha e o jogo da glória.

Nenhuma etapa, nenhuma experiência é um fim em si. Somos nós que deseja-mos que "isto" dure eternamente e que queremos nos instalar em um estado per-manente. Tudo que nos ata a este mundo é atado e fixado por nós mesmos. Ao nos identificar por uns momentos com o Louco e ao entrar na roda da vida,

po-demos compreender o sentido sim-bólico essencial do labirinto.

(4)

QUEM É O LOUCO? O arco 0 de antes do cumprimento

ou o arcano XXII depois do cumprimento?

O Louco somos nós, são vocês, são eles. É o viajante, o que passa, a alma do errante, a entrada e a saída do labirinto, que é a roda da vida representada pela união dos 21 arcanos maiores.

O Louco é o louco. Como tal, conhece tudo, mas o ignora. Ou se prefere, tem todos os dons, todas as verdades, todas as alegrias, todas as maravilhas do mundo visível e invisível, mas não tem consciência disto. Tem que submeter-se a todas as provas da existência para desenvolver suas faculdades e transfor-mar-se no ser iluminado que poten-cialmente é e que todos os elementos e forças da natureza reconhecem nele. Tem que servi-los para ser o mesmo e não para apoderar-se deles, como indica sua

tendência.

O Louco é como o homem dos

Evan-gelhos: não tem ne-nhum lugar onde descansar.

É também como este personagem de

histórias que, para salvar a vida de seu rei e casar-se com a princesa prometida, parte em busca de uma flor milagrosa. Mas no ca-minho encontra numerosos obstácu-los, supera múltiplas provas, todo tipo de tentações, cumpre certas tarefas, converte-se em herói, casa-se, funda uma família, esquece totalmente a causa e a razão de sua viagem; desviou-se de sua meta.

N o crepúsculo de sua vida, volta a lem-brar e parte, recomeça, retoma sua meta c sua grande viagem a partir de zero. E assim que nasce e renasce sem ces-sar, passando de uma etapa a outra até que compreende que papel tem que de-sempenhar e quem é.

Como poderemos ver, cada etapa de sua vida, representada por um arcano que nos interroga e nos enfrenta a um

enigma, coincide com uma experiên-cia humana e uma tomada de cons-ciência. E este o caminho que vamos tentar percorrer juntos.

PRIMEIRA PORTA

O despertar da vontade ou o encontro com o Mago

Aquele que busca a si mesmo encontra o Mago. É um mago ou um ilusionista. Qual é a dife-rença entre os dois? É uma diferença fundamental. O mago exerce o poder de sua von-tade sobre o mundo da natureza e da vida, enquanto que o ilusionista nos cria ilusões, nos engana sobre a realidade das coisas.

Os homens são culpáveis de tantos dra-mas, crimes, horrores no mundo, que nos custa imaginar que a magia está em nós pelo poder da vontade que atua sobre tudo aquilo que é. Ao haver su-perado a prova da ilusão e ter tomado consciência do poder mágico de sua vontade, o Louco pode tentar ultrapas-sar a segunda etapa.

SEGUNDA PORTA

Encontro com a Papisa ou a busca da verdade

Para que a vontade tenha efeitos e seja frutífera, é preciso utilizá-la

corretamen-te. A vontade de-senfreada corre o risco de disper-sar-se ou de ser desprestigiada. Será estéril, sem sentido ou irreal. Precisa de um mol-de para tomar uma forma distinta, li-mites para poder obter todo seu poten-cial e o melhor dela mesma.

Necessita um objetivo. Os limites são definidos tomando-se as medidas, pe-sando, avaliando, estimando e classifi-cando.

Estamos no universo da razão que res-tringe, retém, fixa e concentra. Se concentramos nossa atenção em algo, então esta coisa existe.

De outro modo, podemos passar ao seu lado sem vê-la.

Enquanto uma coisa não tiver valor para nós, não existirá.

O que quer dizer que se não vemos uma coisa, não existe. É desta maneira como definimos os limites do mundo do vi-sível e do invivi-sível.

Trata-se de ciência, e a vontade unida à ciência engendra a sabedoria.

O Louco que atua sabiamente ou que exerce sua vontade com sabedoria su-perou a segunda prova da loucura e da ignorância. Pode apresentar-se à terceira porta.

TERCEIRA PORTA

A alegria de atuar ou o encontro com a Imperatriz

Se a sabedoria se bas-ta a si mesma, se a razão ganha sistema-ticamente, se nos de-temos definiti-vamente em um estado de recuo, se tomamos cons-tantemente medi-das e nos impo-mos limites muito severos, nos torna-mos estéreis.

A vontade unida à sabedoria tem que re-encontrar a alegria e franquear a porta da expansão para ser fecunda.

Para que isto aconteça, tem que atuar, semear, produzir, dar à luz e criar. Tem que reproduzir-se até alcançar o infi-nito.

Tem que ser igual à semente ou ao germe. Tem que desejar tornar-se planta, árvore ou fruto e abrir-se plenamente. Tem que sentir a alegria de atuar. Sentindo esta alegria de atuar, o Loco pode dirigir-se até a quarta porta.

(5)

Os arcanos maiores e a roda da vida

Do Imperador ao Enforcado

QUARTA PORTA

A capacidade de ação ou o reencontro com o Imperador

Que maravilha que a vida possa gerar e re-produzir-se a si mes-ma infinitamente,

pois desta manei-ra o homem dis-põe de um gran-de jardim e gran-de uma grande ri-queza, que pare-cem inesgotáveis. N o entanto, pode também acontecer que isto intervenha no curso normal da reprodução, que exerça sua força e sua autoridade para evitar que tudo se reproduza de uma forma anárquica. Ao afirmar-se a si mesmo, distingue-se do caos, sai do im-perfeito e impõe-se como um ser com-pleto no mundo das aparências. Desta maneira, a alegria de agir necessita ser bem dirigida. Seu regente é a capacidade de ação que o orienta para um caminho que lhe dá um objetivo, uma finalidade. A capacidade de ação nunca pára, nunca se estagna. Segue sempre seu rumo. O Louco, ao encontrar assim uma razão para viver e avançar sempre, pode apre-sentar-se na quinta porta.

QUINTA PORTA O alento da vida

ou o reencontro com o Papa

Para seguir seu rumo sem fraquejar, pre-cisa de um bafejo, um ânimo, uma

res-piração lenta, profunda e um coração em re-pouso. E neste contexto que a respiração se

ma-nifesta. Justamente, a projeção para o fu-turo, o nascimento da semente, o es-talar do rebento são expressões que estão no homem, um espírito de vida que se encontra em tudo que vive aqui em baixo, tudo que respira na superfície das águas e da terra, o espírito que respira no homem e que lhe dá uma alma, uma inteligência, algo de divindade; algo que é um pouco mais que o homem, mas que ele mesmo produz. Ao perceber, re-ceber e conhecer esse alento, o Louco pode dirigir-se para a sexta porta.

SEXTA PORTA

A união ou o reencontro com o Namorado

É o amor que per-mite que os seres se unam, se juntem. O amor é o canto que envolve a terra e flutua no ar da Primavera. E também ele que impele o grande princípio mascu-lino para o grande princípio femini-no para que, neste encontro, se pro-duza uma conjunção, para que tudo que seja dois não possa ser mais que um e que, desta nova unidade, nasça algo novo, inédito, nunca visto, des-conhecido: uma existência provida de alento, de espírito. Mas, para que dois se j u n t e m com esta fmalidade, é ne-cessário que haja um desejo. O Louco, ao ter a experiência do desejo, está agora em condições de bater à sétima porta.

SÉTIMA PORTA

A busca do guerreiro ou o reencontro com o Carro

Este Carro é um carro de guerra. O príncipe que o guia vai para a batalha,

tal-vez para a mor-te. Vai até o fim do desejo, da es-colha, do cami-nho, que é seu destino. Luta con-tra tudo que o faça suscetível de voltar atrás, de desviar-se de sua rota. Está ab-solutamente convencido de sua vitó-ria, já que sabe que sua arma é a agili-dade, a habilidade do seu espírito; confia em seus desejos, nos pensamentos e idéias que possa expressar, que são úni-cas, embora provisórias; mas tem de levá-las até o fim. Deve conhecer e acre-ditar, e ao mesmo tampo sonhar e estar consciente. Ao levar seu carro até os li-mites de seu sonho e de sua consciên-cia, o Louco pode apresentar-se na oi-tava porta.

OITAVA PORTA

Os limites da vida ou o reencontro com a Justiça

Uma vez na fronteira da vida, onde se en-contram suas ori-gens, o homem não

tem outro cami-nho possível que não seja o eterno retorno, um eter-no recomeçar, uma imensa har-monia na qual tudo se encontra perfei-tamente em seu lugar, imutável. Mas é uma ordem tão perfeita que tem algo de

(6)

aterrador, de inevitável. Deve haver, por-tanto, outra saída, c esta não pode ser senão a morte, que não é essa saída, em um sacrifício último que tem o nome de ressurreição. Trata-se de um novo nas-cimento. Através do percurso até a oitava porta, o Louco descobriu o amor e o de-sejo escondidos em seu seio, em seu alento. O amor e o desejo são a sua sal-vação. Ao nascer em outra vida, pode dis-por-se a franquear a nona porta.

NONA PORTA

A consciência revelada ou o reencontro com o Ermitão

O sopro é o espírito. É um pouco como uma serpente que ondula e produz

energia, pensa-mentos, desejos, atos. Mas aquele que segue a ser-pente, ou o que se deixa seduzir ou capturar por ela, é I um produto dos pensamentos, desejos, atos que ele mesmo gera sem saber. O espírito deve dar-se conta de que existe. O espírito que se vê no espelho, e se admira, vê sua identidade. E aquele que se identifica

consigo mesmo poderá ter a revelação de sua consciência. A identidade é a plena posse de si mesmo e dos seus meios. Mas a consciência produz o ato refletido, que já não é gratuito, eviden-temente, mas responsável, lúcido, ciente. O Louco, ao ter tomado cons-ciência de seu espírito, pode bater à décima porta.

DÉCIMA PORTA

O conhecimento do destino ou o reencontro com a Roda da Fortuna

Desta maneira, cada pensamento se con-verte em ato; cada causa se transforma em efeito; a roda ' da vida gira

so-bre seu eixo e o sopro, a serpente, a vida e o espírito são arrastados por ela. Mas quem faz girar a roda, a imensa roda da Terra, os astros e o uni-verso? A mão, já que esta roda tem uma manivela que uma mão — ou seja, uma consciência — segura e faz girar. Se a consciência dirige a mão, então a mão pode ser o espírito dominado. Se o es-pírito é dono da mão, então o homem conhece seu destino. Ao ter

compreen-dido o sentido de seu destino, que não í outro senão o de fazer girar a roda da vida, o Louco pode abrir uma décima primeira porta.

DÉCIMA PRIMEIRA PORTA

A riqueza das riquezas ou o reencontro com a Força

Tendo um espírito, uma consciência e um destino, o ho-mem é rico de si

mesmo. Este co-nhecimento, a que pode ter acesso no que lhe diz respeito, auto-riza-o a ser dono de si e do seu

des-tino. Em conseqüência, pode escolher entre intervir de uma maneira ativa e enérgica no mundo exterior, para mo-delar o mundo à sua imagem ou de acordo com seu desejo, e adotar uma ati-tude receptiva, doce, compreensiva, ex-plorando assim sua força e riqueza in-teriores, para nunca mais ser vítima das mudanças incessantes, ilusórias e imu-táveis, resultantes da roda da vida, da lei de causa e efeito, onde as mesmas causas produzem sempre os mesmos efeitos de forma infalível. Está, portanto, em con-dições de omitir esta fatalidade e de se converter cm dono do seu destino, graças à riqueza das riquezas que tem consigo, isto é, a força do amor. Ao ter medido essa força, o Louco pode, a partir de agora, ficar no umbral da décima segunda porta.

DÉCIMA SEGUNDA PORTA

O guia do destino ou o reencontro com o Enforcado

Neste caso, a roda da vida' parece ter parado. O tempo está suspenso.

Espe-ramos alguma coisa. O ho-mem, ao ignorar seu destino e ao saber o papel que tem no jogo da vida, já não pode participar como antes. Precisa de uma outra razão para viver, de outra motivação. Precisa de um guia. A partir de agora, pôs-se de alguma maneira contra a corrente da vida. Está suspenso no vazio do desejo, que para ele já não tem razão de ser, pois já teve a experiência dele e co-nhece seu sentido e poder limitado. N o entanto, ainda espera este guia. Daí que tudo esteja paralisado à sua volta. Não compreendeu que esse guia é ele mesmo, já que para que se aproxime dele tem que morrer. E neste estado de espírito, em suspense, que o Louco se apresenta diante da décima terceira porta.

(7)

Os arcanos maiores e a roda da vida

Da Morte ao Mundo

DÉCIMA TERCEIRA PORTA

A grande passagem ou o encontro com a Morte

Tudo tem um fim. É assim que a natureza e o mundo se rege-neram sem cessar.

Tudo aqui em baixo pára, desa-parece ou morre, mais cedo ou mais tarde, para que outra coisa nasça, surja ou se manifeste. Esta é a lei da vida. Da mesma forma, tudo que se semeia se colhe. Se isto é verdade com relação aos grãos e às sementes, é tam-bém verdade em relação aos pensa-mentos dos homens, que são a origem de seus atos. Como podemos constatar, a Morte — que durante muito tempo foi chamada o arcano sem nome —, de-vido ao medo que suscitava — está no centro da roda do Tarô. Considerando a maneira como se encara a morte em nossa sociedade moderna, ou seja, fora da vida, deveríamos antes imaginar este arcano no fim do caminho, no final deste jogo. Se não for assim, é porque a morte não é entendida neste caso como a última fase da vida, mas como um princípio de regeneração, uma pas-sagem entre duas visões da realidade, uma exterior e outra interior. Não se trata, portanto, de uma destruição nem de um fim em si mesmo, sem saída, mas de uma nova forma, uma gestação.

Até alcançar este estado, o Louco, em seu périplo pela roda da vida, não se dará conta de que está livre da con-denação de nascer, viver, morrer e re-nascer sob sua própria forma, para che-gar sempre ao mesmo ponto de retorno. Portanto, agora, pode entrar em uma

nova formação, adotar novas formas, pe-netrar em outro mundo, morrer e nas-cer em si mesmo. Convertido em um novo ser, poderá situar-se então diante da décima quarta porta.

DÉCIMA QUARTA PORTA

A revelação

ou o encontro com a Temperança

Maravilha das ma-ravilhas! Ao ser li-bertado de todas as correntes que o

amarravam à vida e os encerravam nos ciclos sem fim do eterno retorno, nosso Louco, nosso se-dento de alma e de vida, pode fi-nalmente tomar consciência de que vive sendo ele mesmo uma das fon-tes de vida, das quais no entanto pen-sava que dependia ou que era seu pro-duto. Converte-se então em uma estrela, como um sol gerando sua pria energia, sua própria vida, sua

pró-pria luz, que se espalha generosamente à sua volta. Nele, para ele, as corren-tes da vida circulam deste modo sem fim, regeneram-se inesgotáveis, imor-tais, eternas. Tendo esta revelação das fontes de vida fecundas e renovadas sem cessar, que nascem e circulam nele, o Louco poderá bater à décima quinta porta.

DÉCIMA QUINTA PORTA

A experiência do poder ou o encontro com o Diabo

O Louco é, portanto, portador de uma es-sência de vida pouco comum, visto que está na origem de toda a existência. Neste ponto, po-deríamos dizer que superamos nosso nível de consciência e falta-nos imaginação pa-ra compreender o que o Louco é. Imagine que tem o poder da vida e da morte sobre todas as coisas aqui em baixo, incluindo você mesmo, eviden-temente. Seria um pouco como um deus na Terra. Mas que faria com este poder? Não correria o risco de se voltar contra si, mais cedo ou mais tarde, e

de destrui-lo, destroçando tudo? Podemos imaginar um ser, um mundo, um universo em constante

expansão e sem nenhuma trava, nenhum limite exterior que consiga pará-lo, já que se acharia igual a um deus? Esta é a tentação do Diabo, o anjo caído do Tarô, portador de uma força, uma força da qual o Louco teve a revelação quando atravessou a porta precedente. Ao ter tido a men-cionada tentação e não ter sido vítima dela, pode apresentar-se à décima sexta porta.

(8)

DÉCIMA SEXTA PORTA

A catástrofe ou o encontro com a Torre

Seja qual for o privi-légio do Louco, nos-so representante que nos situa neste ciclo da roda da vida do Tarô, nunca se deve esquecer de onde vem nem de onde tira sua essência, sua força, sua origem, sua vida eterna. Desta forma, se persistir em fazer mau uso dos seus dons, regressará ao ponto de partida mais baixo onde jamais es-teve. Por outro lado, se ultrapassou a prova da tentação do Diabo, então terá acesso a seu estado original, puro, divino, do qual já não se lembra. E n -contrará sua consciência livre de ser livre. Este é o sentido da catástrofe, uma revolução, um retorno ao ponto de partida. Tendo regressado dela, o Louco pode atravessar a décima sétima porta.

DÉCIMA SÉTIMA PORTA

A inspiração do coração ou o encontro com a Estrela

O imenso campo ce-leste de constelações representado neste arcano não é outro

senão a represen-tação do vasto campo de possi-bilidades que nos oferece a acertada inspiração do nos-so coração. Quem tem um coração li-vre não tenta exercer nenhuma in-fluência. Vive com naturalidade em os-mose com tudo que está longe dele, embora o agarre se vier até ele. A inspiração sabe sempre o que deve

fazer no momento oportuno e apro-priado. Deste modo, ao ter adquirido esta liberdade, o Louco pode bater à dé-cima oitava porta.

DÉCIMA OITAVA PORTA

A sede de liberdade ou o encontro com a Lua

Não são os laços ex-teriores que aprisio-nam o ser, mas os sentimentos, os

de-sejos, as necessida-des. Não se pode ser livre sem amar, mas não se consegue amar sendo livre. Este é seu grande para-doxo. E é justa-mente isto que deve resolver, chegado a este ponto onde corre o risco de ser vítima das auto-ilusões e das cadeias dos cinco sentidos, através dos quais percebe o mundo e a realidade. Tudo acontece então como se seu espírito tivesse em-preendido um percurso para cima, que sua alma aprisionava seu corpo — es-tando ambos em um começo ligados — não tinha conseguido sobreviver. Ora, os sentidos estabelecem um ponto de ancoragem na realidade do mundo fí-sico. Têm uma razão de ser. Nosso Lou-co deve criar suas próprias raízes pela força do seu espírito e utilizando sua ins-piração para se converter em um ser livre. Sendo ele uma luz, poderá lançar-se para a luz da décima nona porta.

DÉCIMA NONA PORTA

A procura da unidade ou o encontro com o Sol

É bom ter raízes só-lidas. É assim que uma árvore cresce, se desenvolve, se

ex-pande. Se compa-rarmos nosso Louco com uma árvore, sabemos que, chegado a este ponto, está bem implantado na realidade pro-funda, essencial, absoluta da vida. Porém, o coração pensa e se inquieta constantemente. Ora, os pensamentos do coração geram emoções.

Desta forma, aparentemente imóvel, nossa árvore-Louco é suscetível de pro-duzir verdadeiros maremotos emocio-nais, se se deixar levar pelas folhas de seus sentimentos. Por outro lado, se as dirigir para ele, se aspirar à fusão, à união, se o exterior e o interior se juntarem nele, poderá atravessar a penúltima porta.

VIGÉSIMA PORTA

O sentido da medida

ou o encontro com o Julgamento

O ser, uma vez uni-do, unificauni-do, uma vez que encontrou seus estado original,

pode julgar-se pelo que é, e não em termos de bem e mal. Então estima-se em seu justo valor. O ver-bo "estimar" neste caso significa, eti-mologicamente, "amar e medir". Trata-se de medir Trata-seu amor, de adquirir um sexto sentido: o da medida feita com amor. A que calibra, pesa e julga, mas não condena. Por outro lado, não se lhe pode esconder nada, já que é a medida da ver-dade. Uma vez encontrada, o Louco po-derá aceder ao estado último da roda da vida.

VIGÉSIMA PRIMEIRA PORTA

A realização ou o encontro com o Mundo

Eis aqui um nível de consciência que não admite definições: as palavras o tornariam a p r o x i m a t i v o , e s q u e m á t i c o , ilusório. Então, devemos confor-mar-nos em per-ceber que, além desta porta, já não há fim, nem co-meço, nem nascimento, nem morte, e tudo se cumpre permanentemente. A busca do Louco, a nossa busca, ultra-passa nosso entendimento.

(9)

Alguns conselhos práticos

para realizar os lances

Vejamos agora três perguntas relacionadas, evidentemente, com três conselhos práticos,

que serão de grande utilidade para realizar seus lances.

C

ada arcano do Tarô adivinhatório tem seu próprio significado que, logicamente, é o mesmo para todo mundo e que poderíamos chamar aca-dêmico ou canônico, para empregar grandes adjetivos. Mas, dependendo do momento, da pergunta levantada, das circunstâncias nas quais nos encontra-mos e também do estado de espírito no qual nos achamos, podemos dar-lhe uma interpretação particular, pessoal, que nos permitirá ver a situação com nova luz.

Sem dúvida alguma, para isso é preciso ter certa prática no Tarô adivinhatório e ter assimilado perfeitamente os signi-ficados básicos atribuídos a cada arcano. O que nos leva a introduzir a primeira pergunta.

PRIMEIRA PERGUNTA

É preciso aprender de memória os significados dos 22 arcanos maiores

e dos 56 arcanos menores?

A melhor técnica para aprender e com-preender é sempre não precipitar-se. Memorizar muitos textos implica mais uma proeza técnica que inteligência. Por outro lado, aí reside a diferença entre a cultura e a inteligência. Algu-mas pessoas sabem muitas coisas, aprenderam, assimilaram c memori-zaram uma grande quantidade de co-nhecimentos, mas não os utilizam para nada, ou então não dispõem de imagi-nação ou espírito de síntese, tanto assim que todo seu saber não lhe serve de grande coisa.

O que aqui recomendamos não é, por-tanto, aprender de memória os signifi-cados dos 78 arcanos como uma má-quina, mas sim ir-se familiarizando com

eles, lendo-os, relendo-os à medida que vão aparecendo em seus lances, for-mando grupos com vários lances. Fi-nalmente, para aqueles que tiverem tempo de pô-lo em prática, há um mé-todo ainda mais eficaz e muito simples para aprender os significados, familia-rizar-se com eles e inclusive chegar a compreender toda a sutileza simbólica: consiste simplesmente cm copiar cm um caderno, destinado unicamente a este uso, todos os significados dos ar-canos propostos em nossas fichas de in-terpretações. Finalmente, apesar de nossa experiência com o Tarô

adivinhatório, chega o m o -mento nos lances e suas

in-terpretações em que os significados dos arcanos já não representam nenhum problema, mas ainda temos dúvidas ou temos a impressão de que uma espé-cie de véu nos impede de ver as coisas claras a respeito dos arcanos que for-mam um lance.

Significa que somos incapazes de in-terpretá-lo e que, consequentemente, devemos decidir realizar outro lance? Esta é a segunda pergunta que devemos fazer.

(10)

SEGUNDA PERGUNTA

Podemos voltar a realizar um lance ou fazer vários lances sucessivos

sobre uma mesma pergunta?

É bastante desaconselhável. De fato, não caia na mesma tentação da-queles que querem saber, compre-ender, encontrar, ter ou dar res-postas a todas as coisas.

Leve em conta que nem sempre es-tamos em condições de ver, com-preender, encontrar e interpretar. Além disso — e isto é especial-mente certo quando se trata de in-terpretar um lance para você, feito por uma terceira pessoa —, pode ser que simplesmente sejamos in-capazes de interpretar um lance porque não estamos em sintonia com a pessoa afetada, ou talvez por-que esta mesma pessoa não deseja realmente obter a resposta, ou que inconscientemente percebemos isso, ou por último, porque, sem querer, podemos às vezes interfe-rir na resposta e, ao fazê-lo, a es-tamos ocultando.

Neste tipo de circunstâncias, não devemos forçar as coisas.

E, sobretudo, não pense que fazendo um novo lance você verá tudo com cla-reza. Em nossa opinião, acontece

to-talmente o contrário: quanto maior o número de lances, levantando sempre a mesma pergunta, mais obscura e con-fusa será nossa interpretação. Tam-pouco somos destes que pensam que é preciso acrescentar arcanos a um lance, como talvez você terá visto algumas pi-tonisas fazer, presumindo assim poder conseguir mais informações comple-mentares à sua evidência dedutiva. Os

arcanos que constituem o lance que você escolheu realizar, em função da natureza da

per-gunta levantada, bastam de sobra para fornecer todas as informações de que você precisa. Por fim,

às vezes por descuido, alguns arcanos

apa-recem dispostos em posição in-versa em seu lance, por e-xemplo, a Im-peratriz ou a Força

aparecem ao contrário. Este é o ob-jeto de nossa terceira pergunta.

TERCEIRA PERGUNTA

O fato de aparecer um arcano maior ou menor ao contrário, tem algum

significado especial?

Quando temos algum interesse pelas artes adivinhatórias, assim como pela astrologia, tendemos a pensar sistematicamente que nada pertence ao acaso. Assim, dizemos comumente "não c por acaso que...". Daí a considerar que o mí-nimo detalhe, a informação mais in-significante, o fato mais estranho que saia do normal, sejam dignos de primeira importância, c só um passo, que aquelas pessoas supers-ticiosas realizam facilmente, pessoas com sede e necessidade de signos que lhes dêem segurança e que vêem coisas onde elas não existem. Assim, para alguns especialistas e intérpretes do Tarô, os arcanos que aparecem normais e os que apare-cem ao contrário não têm os mes-mos significados. De nossa parte, não temos muita fé neste tipo de ar-gumentos, pela simples razão de que cada arcano, os normais e os ao con-trário, possui sempre o mesmo signi-ficado, e este é mais ou menos posi-tivo ou negaposi-tivo em si mesmo, em função dos arcanos que o cercam. Por tanto, em nossa opinião, o fato de que esteja ao contrário não muda nada.

(11)

Os arcanos maiores

Através das épocas e das civilizações, os 22 arcanos maiores compõem,

com 56 arcanos menores, que abordaremos mais adiante,

o jogo do Tarô adivinhatório que conhecemos atualmente.

O

jogo do Tarô nasceu em plena civilização indo-semita européia. Primeiro foi, ao mesmo tempo, uma enciclopédia viva e um jogo de adivi-nhação, o Desavatara, criado na Índia há aproximadamente 3.000 anos e com-posto de mil cartas redondas.

Foi importado para a Europa por uma casta de intocáveis expulsa da Índia por volta do século X d. C , que seguiu durante séculos a rota da seda, atra-vessando a Europa Central (os zínga¬ ros), outros o Norte da África, Orien-te Médio e Espanha (os ciganos). Nos séculos XV e XVI, os cabalistas e os al-quimistas, perseguidos pela Inquisi-ção, basearam-se nas cartas do Tarô dos Boêmios e criaram os 22 arcanos maiores inspirando-se nas 22 letras-números do alfabeto hebraico.

Desde essa altura, o jogo do Tarô conta com 22 arcanos maiores, que contêm os símbolos dos cabalistas e dos alquimistas do Renascimento, e com os 56 arcanos menores, pro-venientes do Tarô dos Boêmios: as es-padas, os paus, os ouros e as copas. A partir destes arcanos menores, foi criado no século XVII o jogo de cartas tradicional utilizado atualmente em alguns países. Os nomes dos naipes usados no Brasil não estão, todavia, de

acordo com a grafia, porque as cartas que hoje se usam entre nós são do tipo francês: coeur (copas), carreau (ouros),

pique (espadas), trèfle (paus).

Porém, uma vez que se aprenda a in-terpretar os arcanos menores do Tarô adivinhatório, podemos utilizar tam-bém como jogo de adivinhação as car-tas tradicionais.

Significado geral

dos 22 arcanos maiores

1 0 MAGO

Iniciativa, livre arbítrio, muitas possibilidades, juventude, habilidade,

ori-ginalidade, aprendizagem, poder de convicção.

2 A PAPISA

Prudência, discrição, sabedoria, lucidez e objetividade, saber oculto, mulher de idade madura ou experiente.

3 A IMPERATRIZ

Sentimentos generosos e positivos, fecundidade, bem-estar material, mãe de família, esposa, mulher apaixonada.

4 O IMPERADOR

Autoridade, segurança, poder material e moral, força de caráter, pai de família, chefe.

5 O PAPA .

Poder intelectual, moral, social, político ou religio-so, benevolência, rigor, estabilidade, maturidade, sabedoria, experiência.

6 O NAMORADO

Escolha, decisão, amor, afinidades, tentações, acordo, aliança, contrato.

(12)

7 O CARRO Esforços positivos e frutuosos, progresso, audácia, fé, ardor combativo, deslocação, viagem, notícia. 8 A JUSTIÇA Rigor, imparcialidade, retidão, equilíbrio, mora-lidade, decisão, justiça.

9 0 ERMITÃO

Tomada de consciência, solidão, procura, evolução lenta e profunda, lucidez, prudência, descoberta.

10 A RODA DA FORTUNA

Mudança, situação em via de evolução, destino, sorte ou azar, desenlace.

11 A FORÇA

Valor, vontade, energia, autoconfiança, domínio da situação, força moral e física, triunfo.

12 O ENFORCADO

Abandono, indolência, inconsciência, inércia, situação bloqueada e sem saída que resulta dos seus atos equivocados.

13 A MORTE

Mudança radical, conclusão lógica, ganhos ou perdas, detenção, final que anuncia começo.

14 A TEMPERANÇA Reflexão, regeneração, moderação, relações agradáveis, negociações, compromissos, oportunidades. 15 0 DIABO Impulso, desejo de satisfazer a todo o custo, desordem material e moral, apego aos bens mundanos, lucros.

16 A CASA DE DEUS

Perturbação, controvérsia, conflito, liberação, alívio, acontecimento

imprevisível e inevitável.

17 A ESTRELA

Inspiração, esperança, criação, nascimento, sorte, prazeres, felicidade, situação nova e positiva.

18 A LUA

Sensibilidade, popularida-de, sonhos, ilusão e desengano, traição, más influências, saúde má.

19 0 SOL

União, associação, êxito, felicidade partilhada, clarificação, abnegação sincera, pureza de sentimentos. 20 0 JULGAMENTO Renascimento, reabilita-ção, cura, proposta, pro-moção, gratificação, boa notícia, "mea culpa".

21 O MUNDO

Concretização dos desejos, alegria, ambição, expansão, aspirações, idealismo, êxito total, viagem longínqua.

22 (OU 0) 0 LOUCO

Saída, chegada, procura, instabilidade, período de transição, impulsos, entusiasmo, passo em frente, mudança.

(13)

Símbolos e interpretações dos arcanos maiores

1. O Mago

N

ão é por acaso que o primeiro arcano do Tarô é um jogador, um malabarista, um ilusionista, um cria-dor, um artista, um pintor ou um poe-ta. É para insistir no aspecto lúdico da vida, e da realidade temporal e existen-cial. C o m efeito, o Mago revela que o universo é um formidável jogo cós-mico; a realidade, uma ilusão, uma projeção da nossa consciência que não devemos levar a sério, portanto, não devemos confiar nas aparências e, ao mesmo tempo, exercer o nosso livre arbítrio, a nossa vontade e a nossa cria-tividade. Abordar a vida, olhar o mun-do como uma criança e, com seus olhos, sermos capazes de nos deslum-brar a cada instante, criar, inventar, inovar, reinventar o m u n d o à nossa imagem... são as mensagens trans-mitidas pelo Mago.

Na mão esquerda tem um pau. Na direita, um ouro. Na mesa à sua frente estão dois copos de jogo que repre-sentam as copas. Finalmente, as facas colocadas nessa mesma mesa repre-sentam as espadas. Os paus, os ouros, as copas e as espadas são os símbolos dos 56 arcanos menores do Tarô adivinhatório.

O s p a u s , em analogia com o elemento Terra, simbolizam a força, o poder, o realismo, o tra-balho, a sabedoria.

O s o u r o s , em analogia com o elemento Ar, sim-bolizam as idéias, as rela-ções, os intercâmbios, o comércio, o dinheiro. As c o p a s , em analogia com o elemento Água, simbolizam a alma, o amor, o sensual, a imaginação, a inspiração..

As espadas, em analogia com o elemento Fogo, simbolizam a ação, a luta, a criatividade, a justiça, a auto-afirmação, a vontade. Com estes símbolos, o Mago exercerá seus po-deres, manifestará o seu livre arbítrio, cumprirá seu destino, será um indivíduo total.

primeiro

arcano maior

do Tarô

(14)

NO JOGO DE CARTAS

O Mago representa uma criança, um adolescente, um rapaz, uma garota, um estudante, uma pessoa de espírito jovem, dinâmico, aberto, curioso, com

um caráter ou comportamento juvenil qualquer que seja a sua idade, u m indivíduo empreendedor ou criador, ou que dá início a um período de sua vida em que poderá exercer seu livre arbítrio e a sua vontade...

AS INTERPRETAÇÕES

DO MAGO

Significados positivos

• Iniciativa • Livre arbítrio • Inteligência • Aprendizagem • Princípio

• Talento e qualidades potenciais, ainda ocultos

• Habilidade manual e/ou intelectual • Poder de convicção • Espontaneidade • Originalidade • Flexibilidade Significados negativos • Confusão • Dispersão • Mentira • Astúcia • Futilidade ( • Burla

• Tendência para ser influenciável • Falta de vontade

• Infantilidade, irresponsabilidade...

Primeiro arcano do Tarô adivinhatório.

• Outros nomes:

Malabarista, mágico.

Letra:

A.

Número:

1.

• Significado:

A iniciativa.

Verbos:

Agir, executar, interpretar, criar,

querer.

Personalidade:

Uma criança ou uma pessoa

de caráter ou aspecto jovem,

empreendedora, dinâmica.

CORRESPONDÊNCIAS

ASTROLÓGICAS

Analogias com Mercúrio e os signos de Gêmeos e Virgem.

Arcanos ou lâminas? Mistérios...

Arcano, em Latim arcanas, significa tanto "segredo" como

"mistério". Antigamente, as cartas do Tarô adivinhatório eram chamadas "mistério". Utilizava-se este jogo tanto para desvendar os segredos da alma ou da vida de um indivíduo, como para descobrir seu futuro.

Com efeito, os símbolos contidos nas cartas do Tarô constituem no seu conjunto uma linguagem misteriosa que apenas os iniciados conseguem interpretar. Por isso, foi necessário aprender e compreender a linguagem dos símbolos para descobrir os

"mis-térios" ocultos nas cartas do Tarô e as mensagens que revelam suas combinações. Hoje, admite-se o nome do Tarô para os arcanos. Do mesmo modo, destaca-se o caráter secreto e misterioso do Tarô adivinhatório e a prudência no momento de o interpretar. Também se costuma denominar os 22 arcanos maiores e os 56 arcanos menores como "lâminas de Tarô".

Na sua origem, as cartas ou "mistérios" eram feitas com tabuinhas de madeira planas e muito finas chamadas "lâminas", vocábulo que provém do latim lamina.

(15)

Símbolos e interpretação dos arcanos maiores

2. A Papisa

A

vida é um jogo, diz o Mago. Mas tem as suas regras, revela a Papisa. Para ilustrar as suas palavras, ela tem um livro aberto nas mãos. O livro é o símbolo do conhecimento revelado, do saber transmitido, transcrito, pro-tegido, que está ao alcance de cada um de nós, por pouco que se queira con-sultá-lo.

Não se trata aqui de cultura no sen-tido em que hoje se entende. A Papisa é seletiva no seu afã de conhecimen-to. Aspira a penetrar e a possuir as chaves dos mistérios da vida, dos princípios primordiais, essenciais, dos segredos de toda a manifestação, que dão à vida na Terra o seu caráter único e sagrado.

A Papisa, silenciosa, secreta, clarividente, dotada de grandes conhecimentos, li-mita-se a cumprir o que outros cum-priram antes dela e que outros ainda cumprirão depois. Inscreve-se numa tradição, numa continuidade do saber e da consciência de onde ela extrai a sua sabedoria.

A Papisa é uma mulher de ciências. Exerce as ciências da vida, as ciências humanas, as da alma. É uma feiticeira, uma parteira de almas. Ou seja, ajuda a pessoa que a consulta a nascer ou a re-nascer, a revelar-se, a realizar-se.

A PAPISA A SIBILA E 0 LIVRO

A Papisa representa uma das Sibilas, evocadas com rolos de papel, perga¬ minhos ou livros nas mãos. Por exem-plo, a Sibila, à maneira da famosa pito¬ nisa de Delfos, possuía o dom de interpretar os presságios, o livro dos ar-canos do destino, o livro de ouro, o livro da vida, como se fosse o Livro dos Orá-culos da Sibila, obra sagrada que se con-sultava em Roma sempre que a capital do Império corria perigo.

A Bíblia é o livro dos livros, o seu nome vem do grego biblión, que significa livro, o qual deriva do nome da capital fenícia Byblos, onde se praticava o co-mércio do papiro. Portanto, a Papisa com um livro aberto diante de si, tem as chaves do passado, do presente e do futuro. É a que consulta, a consulente, a que interroga e se interroga.

NO JOGO DE CARTAS

A Papisa representa freqüentemente uma mulher com experiência ou uma mulher madura, com um conhecimento da vida ao mesmo tempo inato e ad-quirido. Pode deste modo evocar uma mãe, uma empreendedora, uma mulher com um papel social importante ou que exerce uma certa influência pela sua

des-segundo

arcano maior

do Tarô

adivinhatório

(16)

destreza, as suas qualidades humanas ou as suas funções: uma enfermeira, uma fei-ticeira, uma advogada, uma médica, uma juíza, uma religiosa, uma diretora, uma

empresária, etc.

A Papisa pode também aludir a uma si-tuação que implica reflexão antes de se assumir qualquer compromisso, situa-ção essa que poderia ainda tornar-se muito útil.

AS INTERPRETAÇÕES

DA PAPISA

Significados positivos • Conhecimento • Sabedoria • Revelação • Previsão • Clarividência • Intuição • Memória

• Reflexão inteligente e concentrada • Dedução

• Experiência • Serenidade

• Pureza de intenções e de sentimentos • Pudor • Virtude Significados negativos • Simulação • Ignorância • Egoísmo • Inibição • Passividade • Incomunicação

FICHA DESCRITIVA DA PAPISA

Segundo arcano do Tarô adivinhatório.

• Outros nomes:

Sacerdotisa, Maga, Sibila.

• Letra:

B.

• Número:

2.

• Significado:

A sabedoria.

• Verbos:

Saber, refletir, conhecer, revelar,

cumprir.

• Personalidade:

Mulher madura, com experiência,

sábia, sensata, sagaz, de caráter

secreto ou reservado.

CORRESPONDÊNCIAS ASTROLÓGICAS

Analogias com a Lua e o signo de Câncer.

A Papisa e o mito de Ísis

Ísis, a figura lunar mítica egípcia, estava em relação com o

desti-no, em particular com o destino da alma e com o seu renascimento. Era a deusa da vida e da morte, e possuía as chaves do passado e do futuro; a deusa do conhecimento, da natureza, a Grande Mãe Fecunda. Ísis nasceu da união de Geb, a Terra (que era princípio masculino no Egito) e de Nout, o Céu (princípio feminino no Egito). De essência divina e sobrenatural, Ísis foi a deusa suprema e univer-sal do antigo Egito, mas também do Oriente Médio, da Grécia e de Roma. Foi iniciadora, com poder de vida e de morte. Plutarco,

escritor grego do século I d. C, disse que em Sais — uma das mais velhas cidades do Egito, situada no Delta do Nilo, e que foi uma residên-cia faraônica durante a primeira metade do pri-meiro milênio antes de nossa era —, na está-tua de Ísis estavam gravadas estas palavras: "Sou tudo o que foi, tudo o que é e tudo o que será, e o meu véu nenhum mortal jamais o levou de mim".

(17)

Símbolos e interpretação dos arcanos maiores

3. A Imperatriz

G

uardo os segredos da vida", dizia a Papisa. "Sou a emoção, a que outorga o espírito da vida, a que a anima, a põe em movimento", diz a imperatriz. Esta representa a inteligên-cia, a inteligência no poder, o instinto natural, tão fecundo quanto fértil, a arte de viver com inteligência, de saber impor sua força e sua lei sendo ao mesmo tempo receptiva às forças e às leis da natureza.

O poder da Imperatriz é o poder dos sentimentos: é capaz de explorar as riquezas do coração tão bem como as do espírito. Porém, é ela também que dá à mãe natureza o seu caráter generoso, semeia e transmite o germe da vida para que prolifere c abunde. Os mitos da terra-mãe relacionam-se com a Imperatriz já que está nela a origem de toda a manifestação de vida. Repre-senta o princípio feminino por exce-lência.

N o entanto, o maior poder da Impera-triz concentra-se nos sentimentos, nas atrações e repulsas que estão na origem de toda a ação. Sua potência é afetiva. Sua compreensão é claramente instintiva e espontânea. A Imperatriz é uma mulher realista, mas é também uma mulher de coração, cu-jas três palavras de ordem são: amor,

emoção e motivação.

terceiro

arcano maior

do Tarô

/

adivinhatório

A IMPERATRIZ A ÁGUIA E 0 CETRO

A Imperatriz tem a força, a coragem, o fogo sagrado da águia imperial, repre-sentada no escudo que traz na mão di-reita. A águia, a ave mágica, solar, rainha das aves, também chamada pássaro-trono, dado que é o atributo de Zeus-Júpiter, simboliza a realidade, mas

também a força da inteligência, os pode-res do espírito, a rapidez dos reflexos cerebrais.

O cetro, que usa na mão esquerda, simboliza o poder temporário que exerce sobre a matéria, no mundo físico e na natureza. N o Egito, o cetro que as grandes deusas usavam ilustravam a alegria que sentiam ao exercer a sua vontade. A alegria de viver, de querer, de produzir, de criar, de executar a sua vontade, são também atributos da Im-peratriz.

NO JOGO DE CARTAS

A Imperatriz representa, comumente, uma mulher do nosso meio: uma mãe, uma esposa, uma companheira, uma irmã, uma mulher apaixonada ou uma mulher que exerce um poder em um campo concreto, uma produção ou uma realização material. Quando aparece dentro de uma situação, indica que a situação é potencialmente rica, fecunda,

(18)

frutífera, ou que terá um desenlace notável.

Às vezes, o aparecimento da Imperatriz anuncia simplesmente uma notícia: boa ou má, conforme a natureza dos arca-nos que a rodeiam.

Finalmente, certos lances podem que-rer informar acerca das motivações profundas e reais de uma pessoa, ho-mem ou mulher.

AS INTERPRETAÇÕES

DA IMPERATRIZ

Significados positivos • Criação • Produção • Riqueza • Bem-estar • Energia natural • Natureza sentimental • Caráter pragmático • Inteligência vital • Estímulo • Boas notícias • Senso comum Significados negativos • Esterilidade • Avidez • Dependência afetiva • Sentimentalismo • Ciúmes

• Perda de bens materiais

• Poder de sedução empregado para fins duvidosos

FICHA DESCRITIVA DA IMPERATRIZ

Terceiro arcano do Tarô adivinhatório.

• Letra:

G.

• Número:

3.

• Significado:

A criação.

• Verbos:

Criar, produzir, desenvolver,

cumprir, explorar, transmitir,

frutificar.

• Personalidade:

Mulher de meia idade,

apaixonada ou sentimental,

ou uma mulher íntegra,

realista e produtiva.

CORRESPONDÊNCIAS ASTROLÓGICAS

Analogias com Vênus e com os signos de Touro e Libra.

A Imperatriz e o mito de Hera-Juno

Filha de Crono-Saturno e irmã de Zeus-Júpiter,

Hera-Juno for a terceira esposa do seu irmão. Do seu ca-samento nasceram quatro filhos, entre os quais fi-gura Ares-Marte, o deus da Guerra. Segundo a mais antiga tradição, o casamento de Zeus e Hera — ou seja, de Júpiter e de Juno — teve lugar no jardim das Hespérides, símbolo da eterna Primavera e mito que se vincula com o do Paraíso. Gaea, a Terra, en-tregou a Hera uma maçã de ouro, símbolo de fe-cundidade. Para festejar este mito, os casais de jo-vens atenienses recém-casados costumavam dividir uma maçã no dia do seu casamento, antes de de-saparecerem no quarto nupcial.

Hera foi a protetora das esposas e a deusa da fe-cundidade. 0 pássaro sagrado do santuário de Hera em Atenas, e depois de Juno em Roma, era o pavão real, ave solar, imperial, que podemos relacionar com a águia.

As plantas de Hera eram a romãzeira, símbolo da fe-cundidade, da riqueza e da prosperidade (em Roma e na Grécia, os noivos usavam no cabelo ramos de romãzeira) e o lírio, outro símbolo da realeza — que às vezes encontramos em lugar da águia, em algu-mas representações antigas do arcano maior da Imperatriz —, e também da vida eterna e do amor puro.

(19)

Símbolos e interpretação dos arcanos maiores

4. O Imperador

S

ou a emoção criadora", dizia a Im-peratriz, "Sou a realidade, poder, a potência e a ação", declara por sua vez o Imperador.

O poder do Imperador é um poder temporário, uma vontade firme para impor sua lei e exercer seu império sobre a realidade material, concreta, tangível deste mundo. Foi eleito entre todos para defender as leis instituídas, explorar e fazer prosperar as riquezas adquiridas antes dele; e, ao mesmo tempo, proteger, conservar, consolidar, até alargar, o seu reino ou o seu império. O rei e o imperador são sím-bolos solares. Reinam sobre o mundo e sobre os povos. Como aconteceu com os faraós do Egito, os imperadores fo-ram às vezes a encarnação de um deus na Terra. Os poderes que lhes são con-feridos permitem-lhes aceder à imor-talidade.

Os que conseguiram cumprir as tarefas estabelecidas, ou realizar obras notáveis, deixaram uma recordação indelével, para além dos séculos. Sempre presentes em nossa memória, podemos dizer que são imortais.

N o entanto, se bem que o poder do Imperador se vincule com o poder

divi-no, não está apto a encarnar os deuses na Terra, nem sequer para ser o seu mensageiro (como o Papa, que o sucede na hierarquia dos arcanos maiores do Tarô). O Imperador é uma força da natureza, um caráter potente dominado por certezas e convicções, um realizador, um produtor e também um protetor. Sua inteligência é soberana. Tem a inteligência prática e metódica de quem exerce sua autoridade nos seus domí-nios, representando o senso comum e a razão.

0 IMPERADOR, A ÁGUIA E O CETRO

Se a Imperatriz representa a força, o valor e o fogo sagrado criador da águia imperial que ornamenta seu brasão, o Imperador o encarna. Seguro de si mesmo e das suas prerrogativas, aparece de perfil e usa seu cetro na mão direita, símbolo de poder e autoridade, adquiridos e indiscutíveis, que exibe com naturalidade e firmeza.

O escudo representa a águia solar — o único ser vivo capaz de olhar o Sol sem ficar cego — e aparece de frente para nós, colocado contra seu trono e apoiado displicentemente sobre seu pé direito.

quarto

arcano maior

do Tarô

adivinhatório

(20)

Suas pernas estão cruzadas (no seu

Tratado sobre o Decoro das Crianças,

publi-cado cm 1623, Erasmo revela que "colo-car a perna direita por cima da esquerda era um antigo privilégio dos reis"), indicando deste modo que encarna plenamente o poder que a águia lhe con-fere.

A Imperatriz usa o escudo na mão direita e o cetro na esquerda. A mão direita associa-se com o Sol, pólo mas-culino, e, em termos psicoanalíticos, com o consciente. A mão esquerda associa-se com a Lua, pólo feminino, e com o inconsciente. Ainda hoje costuma-se considerar que a mulher tem que se sentar à esquerda do homem. Esta convenção tem sua ori-gem no fato de, em tempos remotos, os homens usarem a arma ou a espada do lado esquerdo c brandirem-nas com a mão direita. Se a mulher estivesse do lado esquerdo era mais fácil desembai¬ nhar a espada em qualquer momento, protegendo assim sua companheira. O cetro do Imperador representa aqui uma espada que esgrime erguida na sua mão direita, para sublinhar seu papel protetor.

NO JOGO DE CARTAS

O Imperador revela freqüentemente a presença de um marido, de um irmão ou de um pai de família com um comportamento protetor e realista, com um caráter forte e corajoso. Pode tratar-se também de um chefe, um homem de negócios que exerce uma atividade comercial ou agrícola. A situação revela-da pelo aparecimento do Imperador é com freqüência sólida, duradoura, concreta, e pode oferecer numerosas vantagens, sobretudo materiais. Não obstante, dado o papel simbólico que o Imperador desempenha, este arcano adverte acerca da necessidade de exercer algum domínio sobre esta situação; através de esforços constantes e prudên-cia. Finalmente, o Imperador só costu-ma confircostu-mar, autenticar ou certificar um fato, uma circunstância, um aconte-cimento, uma verdade ou um sentimen-to, que serão revelados por outros arca-nos no mesmo lance.

FICHA DESCRITIVA DO IMPERADOR

Quarto arcano do Tarô adivinhatório.

• Letra:

D.

• Número:

4.

• Significado:

Poder, certeza.

• Verbos:

Realizar, concretizar, poder,

dominar, produzir, proteger, vencer.

• Personalidade:

Pai, marido, chefe,

homem de meia idade,

realista e produtivo,

consciente do seu valor.

CORRESPONDÊNCIAS ASTROLÓGICAS

Analogias com Júpiter e com o signo de Touro. Júpiter dentro

de Touro apresenta características próximas às do Imperador.

AS INTERPRETAÇÕES DO IMPERADOR

Significados positivos • Realização • Confiança em si mesmo • Realismo • Poder de convicção • Capacidade de trabalho • Força de caráter • Autoridade • Espírito prático

• Controle sobre si mesmo • Estabilidade • Senso comum • Organização Significados negativos • Severidade • Abuso de poder • Oposição tenaz • Despotismo • Intolerância • Egocentrismo

(21)

Símbolos e interpretação dos arcanos maiores

5. O Papa

S

ou o poder temporal", dizia o Im-perador. "Sou o poder intemporal, o mensageiro dos deuses cujo verbo transmito aos homens. O que é unido por mim, ou perante mim, o é pelos deuses e perante eles, e não pode ser desunido pelos homens", responde o Papa.

Etimologicamente, o médico, o que en-contra e prescreve o remédio, é um re¬ mediador. Este nome deriva do latim médium; o intermediário, o mensageiro, o mediador. É este o papel que desem-penha o Papa, o grande sacerdote do conhecimento cuja ciência e sabedoria aliviam, libertam ou fortalecem nossos corpos e nossas almas.

Consulta-se o Papa por importantes questões relacionadas com a alma que, às vezes, atormentam o corpo e o espí-rito. Pedimo-lhe que nos dê a sua bên-ção. Em hebraico, berekh, joelho, e ba¬

roukh, bênção, têm uma origem

comum. Encontramos esta mesma ori-gem na palavra árabe baraka, que tam-bém significa bênção, favor do céu. Assim, portanto, compreendemos por-que o homem se põe de joelhos para re-ceber a bênção do enviado do céu. O Papa é o mestre das leis que regem as relações entre os homens, o mestre es-piritual, o representante dos deuses que,

pela sua função e pela sua presença, re-corda aos homens que não são eternos mas mortais, falíveis, que têm de con-tar com ele como com eles próprios pe-rante os deuses.

Ajoelhar-se perante o Papa é o sinal de respeito e de humildade, mas é sobretu-do um ato simbólico que nos ensina que o respeito pelos outros eqüivale ao res-peito por si mesmo.

0 PAPA, A MITRA E A TRIPLA CRUZ

Símbolo da fé, da esperança e da ca-ridade (as três virtudes teológicas e os três estados de graça do Papa), a mitra, ou coroa tripla, representa também os três poderes que este exerce no mun-do: o poder espiritual, o poder tem-poral e o poder sobre os soberanos da Terra.

O deus persa e iraniano Mithra, cujo nome foi aplicado mais tarde à toga dos bispos, e que como divindade tem mui-tos ponmui-tos em comum com o Urano grego, e cujo culto exerceu uma grande influência sobre os primeiros cristãos, usava uma mitra adornada com pregos e estrelas, símbolo de sua realeza no cosmo, no céu, na Terra Superior e na Terra Inferior, ou seja, no paraíso e nos infernos.

quinto

arcano maior

do Tarô

adivinhatório

(22)

Os servidores de Cibele, a deusa frígia da fertilidade, chamada a "Mãe dos deu-ses", usavam também uma tiara. Os ho-mens da Revolução Francesa inspira-ram-se neste barrete frígio para sua indumentária.

A tripla cruz ou cruz dos três travessões, chamada também cruz papal, reproduz mais ou menos o símbolo da mitra; o número 3, além de ser uma das repre-sentações da trindade cristã, simbolizava os três níveis do mundo: 1, número do Céu; 2, número da Terra; e 3, número do Cosmo.

A tripla cruz do Papa é o acabamento, o completo, ao qual já nada se pode acrescentar.

De fato, ao prolongar os três travessões da cruz mediante linhas curvas e orien-tadas para cima, obtém-se a Sephora, o candelabro judeu de sete braços, re-presentação da árvore de Sephirot, que simboliza a hierarquia da vida na Terra, os seres celestes e Deus.

O braço situado no extremo esquerdo representa a pedra; o segundo a contar da esquerda, o animal. O primeiro braço a contar da direita do eixo central simbo-liza o anjo, o segundo, sempre a partir da direita, o arcanjo, e o terceiro repre-senta Deus.

O eixo central, em volta do qual os seis braços se articulam, simboliza o homem de pé sobre a Terra.

NO JOGO DE CARTAS

O Papa representa, com freqüência, um homem em idade madura, com alguma experiência de vida, um conhecimento ou um saber; um h o m e m em quem podemos depositar nossa confiança, que é bom conselheiro e que fornece sua lúcida ajuda, seu apoio; um homem a quem nos dirigimos para obter uma recomendação, um conselho, um di-reito, uma autorização; ou seja, uma bênção.

Pode tratar-se de um juiz, de um advo-gado, de um médico, de um homem instruído e culto, que exerce um alto cargo ou uma missão importante; de um homem da Igreja ou do Estado, de um eclesiástico ou de um político.

FICHA DESCRITIVA DO PAPA

Quinto arcano do Tarô adivinhatório.

• Outros nomes:

Sumo Sacerdote, Sumo Pontífice.

• Letra:

E.

• Número:

5.

• Significado:

A fé e o dever.

• Verbos:

Crer, aliar, unir, cumprir, bendizer

• Personalidade:

Um homem maduro, experiente,

dignitário, um personagem

influente e que assume altas

responsabilidades.

CORRESPONDÊNCIAS ASTROLÓGICAS

Associações com Áries, sobretudo com o terceiro decanato deste

signo, governado por Vênus. Este é o decanato das paixões, da

fé, da propaganda e do apostolado.

AS INTERPRETAÇÕES DO PAPA

Significados positivos

• Sentido moral, do dever, da respon-sabilidade • Experiência • Conhecimento • Sabedoria • Influência intelectual • Bondade • Benevolência • Perdão • Aliança • União • Fé • Vocação • Fidelidade • Alívio Significados negativos • Parcialidade • Sectarismo

• Falta de rigor e de integridade • Fraqueza moral

• Usurpação • Problemas

(23)

Símbolos e interpretação dos arcanos maiores

6. O Namorado

O

s cinco primeiros arcanos maio-res do Tarô adivinhatório (o Ma-go, a Papisa, a Imperatriz, o Imperador e o Papa) são figuras que desempenham um papel de primeira ordem nos sím-bolos e nas interpretações que se atri-buem a estas cartas. A partir do sexto arcano, o Namorado, os arcanos, mais do que figuras, são personagens repre-sentados em circunstâncias particulares, carregados de significado. Assim, o Na-morado encontra-se na situação do divíduo que se abandona às suas in-clinações naturais, que escolhe e é escolhido — por outra pessoa, pelas circunstâncias, pelo destino —, que ama e que é amado.

A carta do Namorado, que está em ana-logia com Waw, a sexta das letras-núme¬ ro do alfabeto hebraico, equivalente à conjunção copulativa "e", estabelece uma união, um vínculo entre o jovem que está de pé no centro e a jovem que se encontra à sua esquerda.

O anjo do amor, Eros, que está sobre es-te casal com uma flecha orientada para suas mãos entrelaçadas, escolheu-os para que se encontrem e se unam. A letra-número Waw-6 contém uma grande força simbólica neste arcano.

De fato, o casal que se une perante nós é uma representação simbólica da união dos contrários, sem a qual o ser e o mundo não encontrariam nunca o des-canso. Trata-se da associação de duas po-laridades, positiva e negativa, do bem e do mal, do Céu e da Terra, do alto e do baixo, do dia e da noite, do calor e do frio, da vida e da morte, de todas as ener-gias criativas e regeneradoras, opostas mas complementares, do mundo visí-vel e invisívisí-vel. O personagem central do Namorado é o marido, isto é, o que ca-sa com o mundo, com a natureza, com a vida. Ao unir-se com sua polaridade, abandonando-se e submetendo-se ao seu destino, ao deixar-se seduzir, ele também seduz. Assim, irá transforman-do-se em um ser vivo, vitorioso (como veremos no arcano seguinte, o Carro); um ser unificado que nunca mais se sentirá infeliz, destroçado, traído por sentimentos, desejos, pensamentos ou atos contraditórios.

Esse é o verdadeiro sentido da escolha: escolher uma direção e mantê-la, impe-dir os elementos ou os acontecimen-tos exteriores, que influem em nossas decisões e podem induzir-nos a disper-sar-nos, dividir-nos, perder-nos.

sexto

arcano maior

do Tarô

adivinhatório

(24)

O NAMORADO, CUPIDO, EROS

"Vê a onde teu coração te leva! Segue os seus impulsos", diz o Namorado. O coração tem as suas razões. Cupido é o deus do amor c do desejo. Do seu no-me deriva a palavra cupidez, desejo vio-lento, paixão. O desejo amoroso está na origem da união dos contrários, da conjunção dos opostos, de uma coorde-nação. N o absoluto, a união dos con-trários simboliza-se através da união do masculino e feminino. É nessa união que se baseia o Namorado, e é Eros, o deus grego do amor e do desejo — Cupido para os Romanos — quem a torna possível. Segundo a mitologia grega, Eros era filho de Hermes ou de Ares e de Afrodite. Mas, conta outra lenda que Eros nasceu do Ovo original engendrado pela Noite que, ao dividir-se em duas metades, deu lugar à Terra e ao Céu. De qualquer forma, desem-penha um papel essencial na união dos elementos opostos: a inteligência e o amor, a razão e os sentimentos (Her-mes e Afrodite), o masculino e o femi-nino, o homem e a mulher (Ares e Afrodite), a Terra e o Céu, o humano e o divino (o Ovo original). De fato, é o desejo que sentem um pelo outro que atrai as polaridades e que os obriga a unir-se.

NO JOGO DE CARTAS

O Namorado revela com freqüência a necessidade de fazer uma escolha, tomar uma decisão ou, então, uma circunstân-cia que obriga o indivíduo a exercer seu livre arbítrio. Portanto, este arcano não está nem sistemática nem necessaria-mente relacionado com o mundo dos sentimentos.

Em contrapartida, tem a ver com as mo-tivações profundas do indivíduo, com seus desejos, com sua capacidade para escolher uma só via. Apenas a pessoa que escolhe não cede à tentação. Aquele que "está tentado" vive inquieto, in-deciso. As vezes, a presença do Na-morado, evidentemente, pode referir-se à vida amorosa. Anuncia, então, um desejo, uma atração irreprimível entre dois seres, uma possível união.

FICHA DESCRITIVA DO NAMORADO

Sexto arcano do Tarô adivinhatório

• Outros nomes:

Os Amantes, os Dois Caminhos.

• Letra:

U e V.

• 0 Número:

6.

• Significado:

Escolha, desejo, união.

• Verbos:

Escolher, desejar, reunir, unir.

• Situação:

Uma circunstância perante a qual

cabe fazer uma escolha, tomar uma

decisão, chegar a um acordo,

unir-se, aliar-se ou comprometer-se.

CORRESPONDÊNCIAS ASTROLÓGICAS

Associações com Touro e Vênus, seu regente, e em particular com

o primeiro decanato de Touro, cujo regente é Mercúrio.

AS INTERPRETAÇÕES DO NAMORADO

Significados positivos • Escolha • Decisão • Resolução • Acordo • Determinação • União • Compromisso • Atração mútua • Inclinação • Desejo • Motivação Significados negativos • Indecisão • Confusão

• Tendência para se deixar influenciar • Dispersão

• Instabilidade afetiva • Avidez

(25)

Símbolos e interpretação dos arcanos maiores

7. O Carro

O

Namorado escolheu. Tomou

uma decisão, uma orientação. O Carro poderá então demonstrar seu valor e a força do seu caráter dando-se meios para alcançar seu objetivo, in-dependentemente dos obstáculos que encontre no seu caminho. É um Carro triunfante. Espera-o a vitória. Mas esta só será obtida com esforço e força de vontade. Trata-se de u m êxito adqui-rido graças aos méritos próprios. A imagem do Carro representa um prín-cipe de pé sobre um carro puxado por dois cavalos: u m encarnado, à direita, e outro azul, à esquerda. O príncipe leva um cetro na mão direita e uma coroa na cabeça, símbolos de seu poder. O cavalo da direita está ligei-ramente virado nesta direção, para onde também vira a cabeça de forma evidente, enquanto o cavalo da esquer-da segue reto o seu caminho como se tivesse uma viseira ou recusasse qual-quer mudança. Q u a n t o ao príncipe, não é por acaso que leva seu cetro na mão direita e as rédeas na esquerda. De fato, as noções de direita e esquerda são muito importantes, pois revelam que se escolhe uma direção, que se to-ma uto-ma decisão, que não se avança ao acaso, que se sabe por onde se vai. A vontade está firmada. Simbolicamente, a direita é a direção do paraíso; a es-querda, a do inferno. Segundo a Bíblia,

no dia do Juízo Final, os escolhidos es-tarão à direita de Deus e os condena-dos à sua esquerda. Em tocondena-dos os tem-pos (em u m nível não material), a direita simbolizou a força, a habilidade, a inteligência, a luz, a vitória. Ir para a direita significa ir em direção ao futu-ro e ir para a esquerda, dirigir-se ao passado. Assim, nosso príncipe, com seu cetro na mão direita, é dono do seu futuro. O fato de segurar as rédeas com a mão esquerda, sem parecer esforçar-se, demonstra que através do poder de sua vontade e do seu espírito conduz seu carro, seu destino e sua vida, sem necessidade de empregar a força física. Deste modo, toma a direção do cavalo encarnado, cor que é símbolo da vida, do fogo e do sangue, enquanto a cor azul simboliza a natureza imaterial e o vazio que tudo absorve.

APOLO E 0 CARRO DO SOL

O carro é um símbolo solar: representa o trajeto do Sol no céu. É o atributo de Apolo, deus grego do Sol, irmão gê-meo de Ártemis, a deusa da Lua. Deus da adivinhação, da inspiração das artes e principalmente da poesia e da músi-ca, seu número é o 7, ou seja, o das 7 notas de nossa escala musical, mas também, e sobretudo, o da perfeição que une o céu e a terra. O 7 é também o número do arcano do Carro.

sétimo

arcano maior

do Tarô

adivinhatório

(26)

A viagem do carro de Apolo através do céu descreve o teto do mundo. Em seu périplo diário percorre a "estrutura so-bre a qual" se sustenta a esfera celeste. Basta mencionar que no idioma francês, este termo "estrutura" se traduz por

charpent, um termo derivado do latim carpentum com que se aludia a um

deter-minado carro de duas rodas. O termo português "carpinteiro" também deriva daquele termo latino. Recordemos que José, pai de Jesus, era carpinteiro e que Jesus, cujo mito se relacionou

freqüen-temente com o de Apolo, também teve esse ofício.

JANO

O principe do Carro usa dragonas pre-sas aos ombros que representam duas caras: uma está virada para a direita e a outra para a esquerda.

Trata-se de uma alegoria de Jano, cha-mado o deus das portas, das transições, das passagens de um estado para outro, de um mundo para outro.

O mês de janeiro, primeiro mês do ano, januarius mensis em latim, january em inglês, janvier em francês, é o mês de Jano que anuncia a passagem de um ano para outro. O Carro fran-queia, assim, uma porta, uma etapa importante, ou seja, o personagem re-presentado por este arcano prepara-se para empreender com muita vontade e firmeza uma ação pessoal e fazer triunfar sua inteligência.

NO JOGO DE CARTAS

O Carro anuncia uma situação em de-senvolvimento ou na qual convém ir para a frente, demonstrar valor, von-tade, determinação, tendo a certeza de alcançar um propósito. Deste modo, o aparecimento deste arcano anima a ir até o final de suas escolhas, decisões, objetivos.

É um apelo à sua capacidade, a todos os recursos de seu espírito para obter os meios de chegar ao êxito ou à vitória. Por outro lado, o Carro indica às vezes um movimento, uma mudança, uma deslocação, uma viagem, uma notícia iminente que está para chegar.

FICHA DESCRITIVA DO CARRO

Sétimo arcano do Tarô adivinhatório.

Letra

Z.

7.

A vontade.

• Verbos

Querer, progredir, evoluir,

perseverar, triunfar.

• Personalidade

Uma pessoa determinada, disposta

a fazer esforços, com muita

vontade, com um objetivo a atingir.

• Situação

Uma situação em vias de evolução,

em andamento, uma mudança

benéfica.

CORRESPONDÊNCIAS ASTROLÓGICAS

Associações com o Sol e com o signo de Gêmeos, cujo regente

é Mercúrio.

AS INTERPRETAÇÕES DO CARRO

Significados positivos • Vontade • Coragem • Determinação • Força • Esforço • Perseverança • Êxito • Fortuna • Vitória • Popularidade • Boa notícia • Mudança • Progresso • Viagem Significados negativos • Falta de vontade • Desânimo • Dispersão • Incerteza • Pusilanimidade • Vaidade • Fracasso

Referências

Documentos relacionados

O papel da Enfermagem Verso - Folha Futura... Segurança Transfusional O papel

O uso de energia solar para desidratação dos frutos foi empregada por radiação indireta, convergida por meio do vidro que retinha o calor sob forma de energia térmica

O processo seletivo será iniciado através de publicação de Diretriz quando houver no mínimo um claro de 120 (cento e vinte) vagas na graduação de 3º Sargento no âmbito

A finalidade deste projeto foi o desenvolvimento de um Sistema de Informação para Avaliação da Qualidade da Água que propõe uma forma de auxílio nos cálculos

• Buscar uma solução para Campus Inteligente capaz de oferecer opções para minimizar os problemas apontados: financeiro, interoperabilidade

A prova do ENADE/2011, aplicada aos estudantes da Área de Tecnologia em Redes de Computadores, com duração total de 4 horas, apresentou questões discursivas e de múltipla

17 CORTE IDH. Caso Castañeda Gutman vs.. restrição ao lançamento de uma candidatura a cargo político pode demandar o enfrentamento de temas de ordem histórica, social e política

O enfermeiro, como integrante da equipe multidisciplinar em saúde, possui respaldo ético legal e técnico cientifico para atuar junto ao paciente portador de feridas, da avaliação