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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO GABINETE DO CONSELHEIRO RODRIGO MELO DO NASCIMENTO

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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

GABINETE DO CONSELHEIRO RODRIGO MELO DO NASCIMENTO

DECISÃO MONOCRÁTICA GC-7

PROCESSO:

TCE-RJ n° 102.806-5/20

ORIGEM:

SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE

ASSUNTO:

REPRESENTAÇÃO

Cuidam os autos de Representação interposta pela Secretaria-Geral de

Controle Externo, em face de supostas irregularidades cometidas pela Secretaria de

Estado de Saúde (SES), no processo administrativo SEI-RJ 0800020003432020,

tendo por objeto a construção de hospitais para o enfrentamento à pandemia do

Covid 19.

O presente processo foi distribuído à minha relatoria contendo pedido de

tutela provisória, sem ter havido prévia manifestação do Ministério Público de

Contas.

Em sua análise técnica, a Coordenadoria de Análise de Consultas e Recursos

(CAR) assim se pronuncia, por meio da instrução constante da peça eletrônica

“02/06/2020 – Informação da CAR”:

5. PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO 5.1. Por todo o exposto, requer-se:

5.1.1. O CONHECIMENTO desta representação por estarem presentes os requisitos legais;

5.1.2. A adoção de TUTELA PROVISÓRIA, sem a prévia oitiva das partes, nos termos do Art. 84-A do RITCERJ, fim de que a Secretaria de Estado de Saúde, órgão pelo qual o Estado do Rio de Janeiro opera e atua concretamente (art.6º, XII, da Lei 8.666/93), na figura do Secretário de Estado de Saúde e do Subsecretário Executivo da Secretaria de Estado de Saúde não celebre contrato de gestão referente ao SEI 0800020003432020 enquanto penderem as ilegalidades apontadas no termo de referência correlato.

5.1.3. A COMUNICAÇÃO à Secretaria de Estado de Saúde, órgão pelo qual o Estado do Rio de Janeiro opera e atua concretamente (art.6º, XII, da Lei 8.666/93), na figura do Secretário de Estado de Saúde e do Subsecretário Executivo da Secretaria de Estado de Saúde, nos termos do § 1º do art. 6º da Deliberação TCE-RJ nº 204/96, a ser efetivada nos termos dos incisos do art.26, do RITCERJ, para que:

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a) Tomem ciência da adoção da tutela provisória acima pleiteada, nos termos do art.84-A, §3º, do RITCERJ, cumprindo-a no prazo designado, sob pena de multa em caso de descumprimento;

b) Justifique os valores contratados mediante estimativa de preços baseada em 3 (três) fontes de referência, nos termos do art.1º, §2º, do Decreto Estadual 46.991/2020, ou, subsidiariamente e mediante justificativa, por meio de um dos parâmetros previstos no art.4º-E, §1º, VI, da Lei 13.979/2020, salientando-se que, neste último caso, a pesquisa já acostada aos autos não cumpriu o requisito legal em tela; c) Justifique os preços unitários mensais de cada categoria profissional alocada na rubrica “RH”, preferencialmente com o preenchimento da planilha de custos e formação de preços nos moldes do modelo do Anexo VII-D da Instrução Normativa 05/2017; d) Apresente a relação de todos os itens de custo que integram a rubrica “Contrato e Consumo”, acompanhada da planilha de quantitativos e preços unitários que demonstre como foi realizado o seu orçamento;

e) Uma vez saneado termo de referência, nos termos dos itens 5.1.3.b a 5.1.3.d supra, caso persista na contratação direta mediante dispensa de processo seletivo, adote e comprove a esta Corte de Contas as seguintes medidas:

• Não aproveite o despacho apócrifo exarado no SEI 0800020003432020, devendo elaborar nova fundamentação capaz de abarcar os requisitos insculpidos no art.11, §1º, da Lei Estadual 6.043/2011, e no art.41, caput, do Decreto Estadual 43.261/2011, demonstrando também, sem a menção genérica à pandemia de coronavírus, que a situação demanda, de fato, a dispensa de preliminar processo seletivo;

• Instaure, incontinenti, processo administrativo destinado a apurar quem deu causa à dispensa de processo seletivo, vez que tal decorreu de evidente desídia da Administração

f) Uma vez saneado termo de referência, nos termos dos itens 5.1.3.b a 5.1.3.d supra, caso não persista na contratação direta, realize o processo seletivo para a escolha da OSS, inclusive com a redução dos prazos preconizada no art.5º, do Decreto Estadual 46.991/2020, sendo certo que, nesse caso, deve-se observar o prazo mínimo de 7 (sete) dias entre a divulgação do Edital de Seleção de OSS e o recebimento dos documentos e do plano de trabalho pelas interessadas.

5.1.4. Seja, por fim, julgada PROCEDENTE esta representação, nos termos e pela adoção das providências acima alinhavadas.

É o Relatório. Passo a decidir.

Preliminarmente, ressalto que a concessão, ou não, de tutela provisória, de

natureza cautelar, exercido em sede de cognição sumária, tem por base a existência

de elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo do dano,

conforme dispõe o art. 300 do Código de Processo Civil (Lei Federal nº 13.105/15).

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No caso em tela, o Corpo Técnico desta Corte alega supostas irregularidades

no processo administrativo SEI-RJ 0800020003432020, a exemplo de ausência de

justificativa para a economicidade da contratação e para a própria dispensa de

processo seletivo para a escolha de Organização Social, destacando-se os

seguintes trechos da proposta instrutiva:

2. DA INSUFICIENTE JUSTIFICATIVA QUANTO À

ECONOMICIDADE E DO TERMO DE REFERÊNCIA [...]

2.2. Como se vê, a economicidade teria sido alcançada mediante uma comparação entre os valores consignados no termo de referência com os praticados por outras OSS contratadas pela Secretaria de Estado de Saúde.

2.3. Entretanto, não há no SEI 0800020003432020 qualquer comprovação nesse sentido, sendo certo que a mera alegação, exarada em despacho apócrifo, não tem o condão de ratificar que o princípio da economicidade foi observado.

2.4. Ademais, tanto o aludido despacho apócrifo, quanto o próprio termo de referência incluídos no SEI 0800020003432020 foram confeccionados (pelo menos segundo se depreende das datas em que juntados ao SEI) após a edição do Decreto Estadual 46.991/2020. Logo, deveriam cumprir o disposto no seu art.1º, §2º, que estipula seja a estimativa de preços realizada, sempre que possível, mediante três fontes de referência (...)

[...]

2.6. Nada disso foi observado no SEI 0800020003432020, sendo certo que, conforme exposto no tópico 2 desta peça, a Secretaria de Estado de Saúde há muito tinha ciência da construção do nosocômio, além de ter sido alertada da data provável de conclusão das obras, razão por que tinha ampla margem de tempo para realizar a estimativa de preços preconizada na legislação.

[...]

2.19. Contudo, excluindo os custos de mão de obra para os quais se apresenta uma relação de profissionais necessários ao funcionamento da unidade com os respectivos salários sugeridos, o Termo de Referência não discrimina valores para os outros investimentos necessários à estruturação e funcionamento do hospital.

[...]

2.22. Conforme acentuado alhures, não encontramos informações mais detalhadas que permitam a minuciosa análise dos preços sugeridos, já que no Termo de Referência, além dos preços mostrados na tabela anterior, temos apenas os salários sugeridos para cada categoria profissional.

[...]

2.24. Para tornar viável a análise, é necessário que o jurisdicionado apresente os preços unitários mensais de cada categoria

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profissional, preferencialmente com o preenchimento da planilha de custos e formação de preços nos moldes do modelo do Anexo VII-D da Instrução Normativa 05/2017.

[...]

2.27. Mutatis mutandis, as inconsistências destacadas em linhas acima em muito se assemelham às identificadas no Contrato de Gestão 027/2020, celebrado entre o Estado do Rio de Janeiro e o Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde – Iabas. A avença em questão foi tratada na representação objeto do Processo TCE-RJ n.º102.696-8/2020, feito em que foi adotada tutela provisória, consoante se depreende da decisão monocrática de 27/05/2020. [...]

3. DA INIDONEIDADE DA JUSTIFICATIVA PARA DISPENSA DE PROCESSO SELETIVO

3.2. Como se vê, a Secretaria de Estado de Saúde, mais uma vez, utilizou como justificativa para a ausência do regular processo público de seleção de OSS a genérica menção à pandemia hodiernamente vivenciada em todo o mundo.

[...]

3.5. Deveras, desde a instauração do SEI 0800020003432020 (17/03/2020 – quase dois meses e meio atrás), a SES tinha expectativa de que os hospitais modulares entrariam em operação. Ora, se a situação de enfrentamento da pandemia de coronavírus demanda medidas urgentes por parte da Administração, desde àquela época a Secretaria de Estado de Saúde deveria ter tomado as providências pertinentes à seleção de OSS.

[...]

3.9. O panorama até o momento delineado no

SEI 0800020003432020 revela a patente utilização irregular do disposto no art.11, §1º, da Lei Estadual 6.043/2011, e do art.41, caput, do Decreto Estadual 43.261/2011.

Entendo, em análise perfunctória, que as irregularidades relacionadas à

economicidade e à justificativa para a contratação de Organização Social sem

processo seletivo podem resultar em restrições à competitividade e em iminentes

prejuízos aos cofres públicos estaduais – o que atende, ao meu juízo, aos requisitos

do periculum in mora e do fumus boni iuris –, razão pela qual concedo a tutela

provisória, de natureza cautelar, com fundamento no art. 84-A do Regimento

Interno, com vistas à suspensão da celebração de contrato de gestão, referente

ao processo administrativo SEI 0800020003432020, até o julgamento de mérito

desta Representação, devendo o jurisdicionado se abster de adjudicar o objeto,

homologar o resultado ou celebrar o contrato de gestão com eventual Organização

Social, bem como de efetuar pagamentos a esta.

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Considerando a concessão de tutela provisória inaudita altera parte, entendo

que o jurisdicionado deva ser instado a apresentar seus esclarecimentos referentes

aos questionamentos veiculados na Representação por meio da peça eletrônica

“02/06/2020 – Informação da CAR”, nos termos do art. 84-A, § 3º, do Regimento

Interno – para o que fixo o prazo de 10 (dez) dias –, antes do aprofundamento do

exame de mérito, o que será realizado na etapa processual subsequente pela

Secretaria-Geral de Controle Externo (SGE), ouvido posteriormente o Ministério

Público Especial.

Ex positis, com fundamento no art. 84-A do Regimento Interno, profiro

DECISÃO MONOCRÁTICA:

I - Pela CONCESSÃO DE TUTELA PROVISÓRIA, inaudita altera parte,

determinando-se cautelarmente, ao atual Secretário de Estado de

Saúde, a suspensão da celebração de contrato de gestão referente ao

processo administrativo SEI 0800020003432020, até o julgamento de

mérito desta Representação, devendo o jurisdicionado se abster de

adjudicar o objeto, homologar o resultado ou celebrar o contrato de

gestão com eventual Organização Social, estando impedido ainda, por

ora, de efetuar pagamentos a esta;

II - Pela COMUNICAÇÃO ao atual Secretário de Estado de Saúde e ao

atual Subsecretário Executivo da Secretaria de Estado de Saúde, nos

termos do art. 84-A, § 2º, do Regimento Interno, para que, no prazo de

10 (dez) dias, manifestem-se acerca dos questionamentos constantes

da peça eletrônica “02/06/2020 – Informação da CAR”, bem como

atendam às seguintes DETERMINAÇÕES

1. Encaminhem a comprovação de cumprimento da tutela provisória

concedida, informando em que fase se encontra a referida contratação;

2. Justifiquem os valores contratados mediante pesquisa de preços,

ressaltando que a pesquisa já acostada aos autos não cumpriu o

requisito de diversificação de fontes de consulta exigido pela Súmula

nº 2 desta Corte de Contas;

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3. Justifiquem os preços unitários mensais de cada categoria profissional

alocada na rubrica “RH”, preferencialmente com o preenchimento da

planilha de custos e formação de preços nos moldes do modelo do

Anexo VII-D da Instrução Normativa 05/2017;

4. Apresentem a relação de todos os itens de custo que integram a

rubrica “Contrato e Consumo”, acompanhada da planilha de

quantitativos e preços unitários que demonstre como foi realizado o seu

orçamento.

III - Pelo ENCAMINHAMENTO À SECRETARIA-GERAL DE CONTROLE

EXTERNO deste Tribunal, imediatamente após o prazo fixado no item II

desta Decisão Monocrática, para que, por meio da Coordenadoria

competente, proceda à análise técnica desta Representação, ouvido

posteriormente o Ministério Público Especial;

IV - Pela CIÊNCIA AO JURISDICIONADO de que a proposta do Corpo

Instrutivo e o parecer do Ministério Público Especial podem ser

consultados eletronicamente no Portal do TCE-RJ.

GC-7, em 08 / 06 / 2020.

RODRIGO MELO DO NASCIMENTO

Relator

Assinado Digitalmente por: RODRIGO MELO DO NASCIMENTO:05447371724

Data: 2020.06.08 16:32:57 -03:00

Razão: Processo 102806-5/2020. Para verificar a autenticidade acesse http://www.tcerj.tc.br/valida/. Código: 33B0-75C5-331F-4020-941F-A22C-23CA-E877

Referências

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