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PROPOSTA DE MÉTODO DE ANÁLISE DA TAREFA PARA ENSINO EM CURSOS DE GRADUAÇÃO EM DESIGN GRÁFICO

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PROPOSTA DE MÉTODO DE ANÁLISE DA TAREFA PARA ENSINO EM

CURSOS DE GRADUAÇÃO EM DESIGN GRÁFICO

Stephania Padovani

1

Kelli Cristine Assis Silva Smythe

2

Resumo

Este estudo tem como objetivo desenvolver uma nova versão de método de análise da tarefa para ensino em cursos de graduação em Design Gráfico. A intenção é que o método seja o mais abrangente possível para que o aluno possa praticar todas as atividades existentes nos diversos enfoques de análise da tarefa (e.g., identificação de atividades, requisitos funcionais/informacionais e erros potenciais). De modo a atingir tal propósito, o desenvolvimento estruturou-se em quatro fases: identificação de dificuldades na aprendizagem de análise da tarefa; estudo analítico de métodos de análise da tarefa; proposta de método de análise da tarefa e validação do método (junto a 106 estudantes de graduação em Design Gráfico).

Palavras-chave: método; análise da tarefa; ensino; design gráfico.

Abstract

This study aims do develop a new task analysis version to be taught in undergraduate Design courses. Our intention is that the method be as thorough as possible so that the student may practice all the activities comprised by different task analysis approaches (e.g., activity identification, functional and information requirements and potential errors). In order to achieve such purpose, development was structured in four phases: identification of task analysis learning difficulties; analytical study of task analysis methods; method proposal and validation (with 106 undergraduate Graphic Design students).

Keywords: method; task analysis; teaching; graphic design.

1 Professora Doutora, PPGDesign - UFPR, s_padovani2@yahoo.co.uk 2 Mestranda, PPGDesign - UFPR, kellicas@gmail.com

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1. Introdução

O método de análise da tarefa é usualmente mencionado na literatura de Design Centrado no Usuário (UCD) como um dos passos fundamentais no design de sistemas. Diaper & Stanton (2004), por exemplo, qualificam-no como “potencialmente o mais poderoso de todos os métodos disponíveis para a área de interação humano-computador, pois tem aplicações em todos os estágios do desenvolvimento de sistemas, desde a especificação de requisitos até a avaliação final do sistema”. Benefícios do método também são ressaltados por Stuart & Penn (2004), incluindo: possibilidade em sumariar interação usuário-sistema e atributos do usuário; melhoria na comunicação entre membros do grupo de projeto; e múltipla utilidade dos resultados do método – design, treinamento, manuais de instruções, análise de riscos.

Apesar dos benefícios citados na literatura, ocorrem dificuldades na seleção e aplicação da análise da tarefa principalmente por analistas menos experientes. No que tange à seleção, a multiplicidade de versões e de enfoques (e.g., descrição das atividades, demandas cognitivas, prevenção de erros, requisitos informacionais) torna difícil escolher uma versão específica do método para aplicar em dado projeto. Mais ainda, a seleção equivocada de uma versão do método pode trazer resultados pouco aproveitáveis para o desenvolvimento do referido projeto. No que se refere à aplicação do método, Arnowitz et al. (2000) citam dentre as principais dificuldades: esforço para sincronizar a hierarquia de tarefas com as representações textuais da mesma informação, além da necessidade de vasta experiência na aplicação do método para que os resultados da análise da tarefa se tornem compreensíveis.

Além das dificuldades citadas na literatura, a primeira autora do presente artigo, havendo lecionado o referido método em quatro instituições de ensino (UniCarioca, PUC-Rio, UFPE e UFPR) a aproximadamente 15 turmas, observou uma série de problemas durante o processo de aprendizagem do método de análise da tarefa por estudantes de Design. As dificuldades variam desde a transferência de comportamento observado para uma representação diagramática até a transformação dos resultados da análise da tarefa em requisitos para o desenvolvimento de um sistema de informação.

Diante do exposto, este estudo tem como objetivo desenvolver uma nova versão de método de análise da tarefa para ensino em cursos de Design Gráfico. A intenção é que este método seja o mais abrangente possível para que o aluno possa praticar todas as atividades existentes nos diversos enfoques de análise da tarefa, passando pela identificação de atividades, requisitos funcionais e informacionais e erros potencias.

2. Fundamentação Teórica

A análise da tarefa é um dos métodos empregados na fase inicial do processo de design para entender os objetivos e atividades envolvidas na realização das atividades a serem executadas utilizando determinado sistema. De acordo com Crystal e Ellington (2004), a análise da tarefa inclui uma série de técnicas visando à obtenção de descrições do que as pessoas fazer usando um sistema, representação dessas descrições, estimativa de dificuldades e demandas, além da avaliação de sistemas com base em requisitos funcionais. O método pode ser utilizado tanto no design de sistemas novos, quanto na avaliação (e re-design) de sistemas já implementados. O processo de aplicação deste

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método envolve um conjunto de atividades auxiliadas por uma série de técnicas de prospecção e representação de dados (vide figura 01).

A maior diferenciação entre as versões de método de análise da tarefa ocorre nas fases de decomposição e análise. A forma de decomposição pode variar entre hierárquica e sequencial, sendo representada de forma diagramática, tabular ou mesmo textual. Já na fase de análise, o método pode ter caráter estimativo ou verificatório e enfocar desde o desempenho do usuário, erros cometidos ou previstos, necessidades funcionais ou informacionais e demandas físicas ou cognitivas. Neste contexto, podemos identificar quatro principais vertentes de análise da tarefa: a análise funcional da tarefa, a análise cognitiva da tarefa, a análise informacional da tarefa e a análise da tarefa para identificação de erros.

Figura 1: Processo de Aplicação do Método de Análise da Tarefa.

Fonte: Crystal e Ellington (2004) 2.1. Análise Funcional da Tarefa

A análise da tarefa, quando realizada sob uma perspectiva exclusivamente funcional, divide a tarefa em subaéreas, operações e/ou ações que interagem com várias entradas e saídas e são representadas através de uma estrutura gráfica (hierárquica ou sequencial). É bastante útil para a decomposição de tarefas complexas, porém possui uma visão mais abstrata (focando nas metas da tarefa e não nos artefatos utilizados para cumpri-las). Descreve-se apenas a parte observável da tarefa, desconsiderando, portanto, o processo cognitivo do usuário. O resultado de uma análise funcional da tarefa serve mais como um quadro analítico da estrutura da tarefa do que como um instrumento prático para os designers.

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2.2. Análise Cognitiva da Tarefa

Em contraste com a análise funcional da tarefa, cujo foco é totalmente operacional, a Análise Cognitiva da Tarefa (CTA) busca identificar as demandas mentais envolvidas na realização das atividades da tarefa. Em ACTA (Applied Cognitive Task Analysis, Militello e Hutton, 1998), por exemplo, constrói-se inicialmente um diagrama de visão geral da tarefa e identificam-se partes difíceis a serem elucidadas posteriormente. Em seguida, busca-se identificar a expertise necessária para a realização de cada uma das sub-tarefas, assim como estratégias e desafios enfrentados por usuários inexperientes. Em um terceiro estágio, analisam-se cenários reais onde a tarefa esteja sendo realizada. Por fim, produz-se uma tabela síntese de demandas cognitivas, a qual serve para orientar decisões de projeto.

2.3. Análise Informacional da Tarefa

A abordagem de análise informacional da tarefa visa extrair requisitos informacionais diretamente associados a cada atividade da tarefa, podendo ainda sugerir formatos de representação para cada uma das informações identificadas. Em SGT (Sub-goal template, Richardson et al., 1998), por exemplo, os autores buscam uniformizar os tipos de informação necessários à realização de cada tipo de atividade (vide exemplo no quadro 01). Já em TRIA (Task-related information analysis, Sutcliffe, 1997), utiliza-se uma única representação que engloba todas as informações, ou seja, associa diretamente atividades, agentes e informações envolvidos na realização da tarefa.

Tabela 1: Exemplos de Atividades e Requisitos Informacionais Associados em SGT

Código Atividade Requisito Informacional

A1 Ação (preparar) Indicação de estados alternativos de operação A2 Ação (ativar) Feedback de que a ação foi efetiva A3 Ação (ajustar) Feedback confirmando estado atual do sistema C1 Comunicar (ler) Sugestão de item a ser consultado

C2 Comunicar

(escrever) Indicação de local para armazenar registros

C3 Comunicar

(instrução) Indicação de canal para recebimento

Fonte: Richardson et al. 1998 2.4. Análise da Tarefa para Identificação de Erros

Nesta perspectiva, as versões de análise da tarefa visam identificar e caracterizar os erros passíveis de ocorrência durante a realização da tarefa, com vistas à implementação de mecanismos de prevenção de erros. Em TAFEI (Task analysis for error identification – Stanton & Young, 1999), por exemplo, considera-se a interação como uma sequência de transições entre estados do sistema e assume-se que o sistema deve

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prover informações sobre cada um de seus estados e funcionalidades disponíveis. A partir de uma matriz de transição, identificam-se transições indesejáveis entre estados do sistema, as quais são desabilitadas para prevenir a ocorrência de erros. Em PHEA (Predictive human error analysis), as atividades são classificadas em uma taxonomia predefinida (ação, busca, verificação, seleção e comunicação) e possíveis erros são identificados para cada atividade (exemplo na Tabela 2). Para cada erro previsto, o analista deve propor correção e mecanismos de prevenção no próprio sistema.

Tabela 2: Possibilidades de erro de verificação

Tipo de Erro Código Descrição

C1 verificação omitida C2 verificação incompleta

verificação C3 verificação correta no objeto errado C4 verificação errada no objeto certo C5 verificação no tempo errado

Fonte: Stanton & Young, 1999.

Conforme mencionado anteriormente, o método proposto considera as atividades da tarefa, seus aspectos funcionais, informacionais e erros associados, ou seja, caracteriza-se como um híbrido das quatro vertentes descritas anteriormente. Cumpre ressaltar que aspectos cognitivos restringem-se à identificação de atividades de maior nível de dificuldade, mas não à carga cognitiva e detalhamento de demanda (e.g., orientação espacial, velocidade perceptual, memória, atenção dividida). Tal decisão deve-se ao fato de considerarmos que tal detalhamento não é função do designer.

3. Desenvolvimento do Método

O desenvolvimento do método de análise da tarefa compôs-se de 4 fases, as quais são listadas e brevemente descritas a seguir:

 Identificação de dificuldades na aprendizagem de análise da tarefa;

 Estudo analítico de métodos de análise da tarefa;

 Proposta de método de análise da tarefa;

 Validação do método proposto junto a alunos de Design Gráfico.

3.1. Identificação de Dificuldades na Aprendizagem de Análise da Tarefa

A identificação das dificuldades na aprendizagem de análise da tarefa foi realizada pela primeira autora deste trabalho, no decorrer de aulas específicas sobre o método em disciplinas de Interação Humano-Computador (IHC), Ergonomia Informacional e Web Design em cursos de Design Gráfico. Todos os alunos realizaram exercício de aplicação do método de análise em grupo. Durante o exercício e após sua conclusão, a professora realizou anotações acerca das principais dúvidas e dificuldades encontradas pelos

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estudantes. A seguir, detalham-se os procedimentos de ensino do método de análise da tarefa pela professora.

Inicialmente, a professora realizou uma exposição visual-oral sobre o método de análise da tarefa (e.g., objetivos, procedimentos, diferenciação em relação a outros métodos de análise) e algumas de suas versões (as mesmas citadas na parte 2 deste artigo). Em seguida, propôs-se aos estudantes que, trabalhando em grupo, observassem a realização de uma tarefa e/ou entrevistassem a pessoa que realizava a tarefa e transferissem os dados diretamente para um diagrama de atividades (seqüencial ou hierárquico). Este estágio se mostrou dificultoso para a maioria dos estudantes, os quais optaram por listar linearmente as atividades (na forma de uma lista de tópicos ou palavras e setas) para então conferir se todas as atividades estavam incluídas e se a seqüência estava correta. Apenas após essa verificação, os estudantes passaram à construção do diagrama.

Durante a construção do diagrama, a maioria dos estudantes preferiu a modalidade sequencial, ao invés da hierárquica (resultados na íntegra em Padovani & Smythe, 2012). Grande parte dos estudantes não conseguiu entender como construir o diagrama hierárquico, acabando por produzir uma árvore de sequências. Mesmo no diagrama sequencial houve dúvidas na notação utilizada, no nível de especificidade das atividades e na forma de redação do enunciado das atividades.

Após a construção do diagrama, solicitou-se que os estudantes associassem a cada uma das atividades as necessidades informacionais, funções/ferramentas, feedback do sistema e potenciais desvios ou erros. Este estágio também se mostrou dificultoso, com sucessivas tentativas abandonadas de integração das informações em um único diagrama.

Em resumo, os principais problemas identificados junto aos estudantes durante o processo de aprendizagem de análise da tarefa foram:

 Dificuldade em transcrever o comportamento observado ou relatado diretamente para um diagrama de atividades da tarefa;

 Dificuldade em entender a lógica de construção e a notação a utilizar nos diagramas de atividades da tarefa;

 Dificuldade de associação entre as atividades da tarefa e seus requisitos funcionais, informacionais e potenciais erros.

3.2. Estudo Analítico de Métodos de Análise da Tarefa

Neste estágio, buscou-se conhecer as versões de métodos de análise da tarefa publicadas na literatura. Para tal, realizou-se uma análise pormenorizada de 20 métodos, de acordo com os seguintes parâmetros:

 Relação do método com o processo de design;

 Fase do processo de análise da tarefa que o método contempla;

 Decomposição da tarefa (forma, especificidade, nível de abstração);

 Parâmetros de análise da tarefa;

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 Aplicabilidade ao design de sistemas de informação.

Como síntese dos resultados (na íntegra em Padovani, 2007), pudemos verificar que a grande maioria dos métodos de análise da tarefa analisados se direciona à concepção de novos sistemas de informação e não à avaliação dos mesmos. Dezessete incluem a fase de decomposição da tarefa, mas apenas onze se preocupam em produzir uma síntese dos resultados, visando facilitar sua aplicação ao sistema em questão. Isso requer um re-trabalho dos resultados, para que realmente possam ser utilizados no (re)design de um sistema de informação.

A forma mais frequente de decomposição da tarefa foi o a sequencial, utilizando-se de atividades bastante específicas, cujo enunciado inclui os artefatos utilizados para realizá-las. Por fim, a maioria dos métodos não apresenta regras para finalizar a decomposição, ficando a critério do analista o nível de especificidade / detalhamento da estrutura da tarefa gerada pelo processo de decomposição.

A maioria dos métodos utiliza mais de uma forma de representação, sendo a combinação mais frequente o uso de representação esquemática aliada a texto estruturado e/ou códigos. Representações tabulares são utilizadas com menor frequência, seguidas das representações pictóricas, cujo uso se mostrou extremamente raro entre os métodos analisados.

Uma avaliação específica das representações gráficas revelou deficiências tanto de conteúdo informacional, quanto na organização e apresentação das informações. No conteúdo informacional, as maiores deficiências observadas foram a falta de indicação de início e final da tarefa e falta de clareza no uso de siglas e legendas. Na organização das informações, os principais problemas estão relacionados à não indicação da ordem de leitura, hierarquia pouco evidente e quantidade excessiva de níveis hierárquicos. Na apresentação das informações, as falhas mais recorrentes dizem respeito à falta de destaque para informações importantes, diferenciação tipográfica e falta de legendas para explicar as figuras.

No que se refere à aplicabilidade, dentre os métodos analisados, a maioria se direciona apenas ao plano da estratégia do sistema, fornecendo geralmente informações sobre as necessidades dos usuários. No plano do escopo, apenas cinco fornecem especificações de conteúdo informacional e oito geram especificações de funções para o sistema. Com relação ao plano da estrutura, a aplicabilidade diminui ainda mais, tendo apenas cinco dos vinte métodos analisados proposto recomendações para a arquitetura da informação do sistema.

3.3. Proposta de Método de Análise da Tarefa

Com base no estudo sobre aprendizagem de análise da tarefa e na análise de métodos publicados na literatura, foi possível estabelecer o seguinte conjunto de requisitos para a proposta do novo método:

 Possibilidade de aplicação à concepção e avaliação de sistemas;

 Transição gradual entre observação do comportamento e diagrama;

 Representação das atividades da tarefa por diagrama seqüencial;

 Uso de múltiplas representações gráficas que são incrementadas em complexidade conforme as informações são coletadas e associadas;

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 Aplicabilidade direta dos resultados ao design do sistema de informação, pelo menos no nível da arquitetura da informação.

Com base nesses requisitos, propôs-se uma estrutura geral para o método, a qual foi refinada a partir de sua aplicação junto a duas turmas de aproximadamente 30 estudantes de graduação em Design (habilitação em Design Gráfico) durante as atividades da disciplina de Projeto 6 - Web Design na UFPR. A Figura 02 apresenta a estrutura geral do método.

Figura 2: Estrutura Geral do Método de Análise da Tarefa Proposto.

ou coleta de dados documentação entrevista observação verbalização representação sequências diferentes perfis preferências representação fusão de possibilidades funcionais informacionais dificuldades erros responsabilidade representação associações destaques pré-arquitetura situação de concepção fluxos de atividades unificação de fluxos lista de requisitos pontos críticos unificação resultados

teste com usuários

situação de avaliação

Fonte: os autores

É possível observar que a análise da tarefa ocorre de forma gradual, tendo início com a coleta de dados sobre a tarefa a partir de diferentes fontes e técnicas, passando pela criação de diagrama de atividades, ao qual se adicionam os requisitos e pontos críticos. Unificam-se os resultados em uma única representação que serve de subsídio para a geração de um diagrama preliminar de arquitetura da informação ou para orientar testes com usuários.

Na fase inicial de coleta de dados, cumpre buscar informações sobre como a tarefa é realizada a partir da consulta a múltiplas fontes (e.g., documentação (e.g., manual de treinamento), supervisores e usuários). Podem-se aplicar as técnicas de entrevista, observação ou verbalização. Como pauta para a condução da entrevista ou para intercalar perguntas com a verbalização, propõe-se a seguinte:

 Para que faz a tarefa (meta)? Como faz a tarefa (etapas)?

 Por que faz dessa forma? Há formas alternativas?

 Do que precisa para fazer cada atividade (informações, artefatos)?

 Como você sabe que cada atividade foi concluída com êxito?

 Quais são as atividades mais difíceis, por quê?

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Após a coleta de dados, produzem-se uma série de fluxos de submetas ou atividades, ou seja, listas ou diagramas que representam em que ordem as submetas ou atividades são realizadas por diferentes grupos de usuários (e.g., conforme perfil, experiência ou preferência)(vide Figura 03). Esses fluxos são posteriormente unificados em uma representação com todas as possibilidades de realização da tarefa (Figura 04).

Figura 3: Exemplo de Fluxo de Sub-Metas para a Tarefa de Envio de Mensagem.

Fonte: os autores

Figura 4: Fluxograma Unificando Possibilidades de Realização da Tarefa (Observe as Diferentes Opções de Atividades para uma Mesma Sub-Meta, Unidas pelo Conector “OU”).

Fonte: os autores

De posse do diagrama de atividades da tarefa, inicia-se o processo de

identificação de requisitos. Para cada uma das atividades, identificam-se as informações e os artefatos utilizados e, quando necessário, as precondições para que cada atividade seja realizada da forma correta. Por exemplo, ao administrar um medicamento, deve-se atentar para a correta dosagem. Ou ainda, ao abrir a embalagem do medicamento, deve-se pressionar e girar a tampa ao mesmo tempo. Sinalizam-se, ainda, as atividades consideradas críticas (e.g., pela dificuldade, pela ocorrência de erros). Finaliza-se a análise da tarefa com uma representação (exemplos nas figuras 05 e 06) que conjugue todas as informações anteriores (atividades, requisitos informacionais, artefatos, desvios e erros).

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Figura 5: Exemplo de Representação Gráfica Unificando os Resultados

Fonte: os autores

Figura 6: Exemplo de Representação Gráfica Unificando Resultados

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Após a produção de representação de síntese, os desdobramentos da análise diferenciam-se de acordo com a situação em que o método esteja sendo aplicado. Para a situação de concepção, produz-se um diagrama preliminar de arquitetura da informação em que cada nó tenha associado um conjunto de informações e funções. Já para a situação de avaliação, inicia-se a observação de usuários realizando a tarefa associada à verbalização. Sugere-se que os resultados dessa observação (associados à transcrição da verbalização) sejam tratados de modo a possibilitar: (a) comparação entre a sequencial ideal e as sequências reais de realização da tarefa (para identificar pontos de desvio); (b) comparação entre as necessidades dos usuários e a disponibilidade informacional/ funcional do sistema (vide quadro 03); (c) identificação de erros e dificuldades associados a cada atividade.

Tabela 3: Escala para Avaliação de Disponibilidade Informacional/Funcional

Situação Intervenção Descrição ótima desnecessária

informação/função disponível no sistema no local/momento de realização da atividades

boa facultativa informação/função disponível no sistema em outro local mas com indicação de acesso regular necessária informação/função disponível no sistema

em outro local sem indicação de acesso regular necessária

informação/função disponível no sistema em vários locais, necessitando de integração pelo usuário

ruim essencial

informação/função não disponível no sistema,

mas em sistema a ele associado péssima essencial

informação/função não disponível no sistema,

nem em sistema a ele associado

Fonte: os autores 3.4. Validação do Método de Análise da Tarefa Proposto

A proposta de método de análise foi aplicada por 106 alunos de Design Gráfico da UFPR, divididos em três turmas de 6º período (36, 36 e 34 alunos) cursando a disciplina Projeto Gráfico 6 – Web Design. O método foi aplicado em situação de concepção de um web site em desenvolvimento pelos próprios alunos. Os procedimentos de aplicação são os mesmos apresentados no item 3.1.

Todos os alunos conseguiram concluir a aplicação do método com êxito. O novo método foi capaz de resolver os principais problemas observados anteriormente quando os alunos aplicaram versões tradicionais do método de análise da tarefa:

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 Dificuldade em transcrever o comportamento observado ou relatado diretamente para um diagrama de atividades da tarefa: o novo método realiza essa transposição gradualmente e o aluno pode escolher a forma de representação com a qual se sente mais confortável (e.g., sequencial, hierárquico, tabular, SPP);

 Dificuldade em entender a lógica de construção e a notação a utilizar nos diagramas de atividades da tarefa: o aluno tem liberdade para criar uma representação com notação própria (desde que adicione legenda);

 Dificuldade de associação entre as atividades da tarefa e seus requisitos funcionais, informacionais e pontos críticos: o aluno acrescenta inicialmente os requisitos funcionais e informacionais e só então os pontos críticos - demandas cognitivas (e.g., memória, atenção), probabilidade de ocorrência de erros, pré-condições para precisão e correção na realização da subtarefa. Cumpre ressaltar que a fusão de todas as informações em uma única representação gráfica (último estágio de aplicação do método) ainda se configura como uma tarefa considerada complexa pelos alunos, principalmente quando o diagrama de atividades possui múltiplas bifurcações. Alguns alunos propuseram a inclusão de siglas e codificação cromática nos diagramas, enquanto outros associaram o diagrama a uma tabela com informações complementares. Esse ponto, portanto, ainda carece de maior investigação.

4. Conclusões e Desdobramentos

Este estudo teve como objetivo desenvolver um método de análise da tarefa para ensino em cursos de graduação em Design Gráfico. Para tanto, utilizou-se uma abordagem de desenvolvimento centrada no usuário, com envolvimento dos estudantes ao longo de processo. O trabalho junto aos alunos, de forma etnográfica e contextual, permitiu definir melhor as atividades a serem incluídas em cada fase do método e as formas de representação das informações coletadas. O resultado é uma nova versão de método de análise da tarefa que trabalha de forma gradual a transição entre comportamento observado e decomposição da tarefa, além de incluir múltiplas representações que são incrementadas conforme aumenta a complexidade dos resultados.

Até o presente momento, o método foi validado apenas com estudantes que desenvolviam web sites e apenas em situação de concepção. O método também foi explanado pela própria professora que o criou. Como desdobramento, vislumbra-se a validação do método junto a outros estudantes de Design Gráfico, com orientação de outros professores, nas situações de concepção e avaliação de sistemas de informação em suporte tanto impresso quanto digital.

Agradecimentos

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Referências

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Referências

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