Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas Universidade Federal do Espírito Santo
Centro de Estudos e Pesquisas sobre Álcool e outras Drogas Centro Regional de Referência sobre Drogas do Espírito Santo
Abordagens Psicossociais: Entrevista
Motivacional e Intervenção Breve
Psic. Fernanda Dadalto Garcia
Aperfeiçoamento Profissional em Substâncias Psicoativas
Profª. Drª. Marluce Miguel de Siqueira
Coordenadora de Pesquisa
VITÓRIA 2015
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• A dependência de substâncias psicoativas é uma doença crônica caracterizado por recaídas.
• Os melhores programas para dependência de substâncias psicotrópicas oferecem uma combinação de terapias e outros serviços para se adequar às necessidades individuais dos pacientes.
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- Abordagens psicossociais nas modalidades:
- Individual: Terapia Cognitivo Comportamental (TCC), Prevenção de Recaída (PR), Redução de Danos (RD) Gerenciamento de Casos (GC), Intervenção Breve (IB) e Entrevista Motivacional (EM).
- Em grupo: Grupos de Auto Ajuda e Terapia Familiar.
INTRODUÇÃO
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- Terapias Cognitivo-Comportamentais (TCC), denominam-se
assim porquê constituem uma integração de conceitos e técnicas cognitivas e comportamentais (BAHLS, 2004).
- A TCC baseia-se em dois princípios centrais (WRIGHT; BASCO; THASE, 2006):
- Cognições (pensamentos) têm influencia controladora sobre emoções e comportamentos;
- Comportamentos podem afetar profundamente nossos padrões de pensamento e emoções.
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- De acordo com Seibel (2010):
- Uso e Abuso de SPAs: comportamento aprendido, que pode ser modificado com a participação ativa do usuário no processo de mudança;
- Objetivo básico: mostrar a relação entre pensamentos,
emoções e ações ligadas ao consumo, e identificar as funções da substância na vida do usuário.
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TERAPIA COGNITIVO-COMPORTALMENTAL
- Estrutura das sessões modifica-se ao longo do tratamento,
mas de modo geral é uma abordagem (SILVA; SERRA, 2004): - Estruturada, diretiva, focal e de prazo limitado (12 a 24
sessões);
- Baseada na relação genuína entre paciente e terapeuta (empatia e colaboração mútua).
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PREVENÇÃO DE RECAÍDA (PR)
- De acordo com Seibel (2010):
- A prevenção de episódios de recaída tem sido foco importante do tratamento;
- Considera não apenas a interrupção do uso da substância, mas a manutenção do comportamento de mudança;
- Orientação do paciente em relação ao cumprimento da meta, da identificação das situações de risco, dos lapsos e recaídas.
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PREVENÇÃO DE RECAÍDA (PR)
- Marlatt e Gordon (1985) enfatizam que a recaída pode ser
previsível, prevenida e evitada:
- Através do aprendizado de estratégias de auto controle no enfrentamento de situações de risco;
- Desenvolvimento de habilidades que favoreçam o indivíduo nas diversas condições.
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REDUÇÃO DE DANOS (RD)
- De acordo com Dualibi, Vieira e Laranjeira (2011) a Redução
de Danos (RD):
- É uma estratégia de intervenção terapêutica que busca controlar possíveis conseqüências adversas do consumo de SPAS;
- Propõe o manejo seguro de comportamentos de alto risco e dos danos associados (alternativa à abstinência e da prevenção do HIV/AIDS)
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- De acordo com Marques e Zaleski (2011):
- Brasil: ações aplicadas sob o rotulo de redução de danos, não têm evidencias cientificas para prevenção de doenças infectocontagiosas e assistência ao usuário de SPAs;
- Estratégias de RD não devem consideradas uma política assistencial única para todos os usuários de diferentes tipos de substancias;
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- Estratégias para minimizar os danos do consumo de álcool (BRASIL, 2004):
Ingerir água e líquidos não alcoólicos e vitaminas do complexo B;
Ter nutrição adequada;
Consumir produtos com baixo teor alcoólico para produzir menor embriaguez;
.
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- Estratégias para minimizar os danos do consumo de álcool (BRASIL, 2004):
Escolher um ambiente seguro para beber, para que haja relativa segurança principalmente para aqueles que não bebem;
Efetuar o uso de álcool associado a atividades sociais, sendo assim é provável que o álcool seja menos relevante e assim alguns problemas possam ser evitados;
.
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- Estratégias para minimizar os danos do consumo de álcool (BRASIL, 2004):
Planejar os momentos da ingestão do álcool, para que se possa evitar acidentes automobilísticos decorrente de consumo excessivo da droga; e
Disseminar informações sobre o álcool e seus efeitos, objetivando a educação em saúde.
.
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GERENCIAMENTO DE CASOS (GC)
- Gerenciamento de Casos (GC) pode ser definido conforme
Soares (2011):
- Processo de cuidado que inclui avaliação, distribuição, coordenação e monitoramento de serviços e fonte de recursos;
- Garantir que as necessidades dos serviços sejam reconhecidas;
- Equipe multidisciplinar como extensão do tratamento buscando a (re)inserção social evitando internação.
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GERENCIAMENTO DE CASOS (GC)
- GC têm como características (GRAHAM; TIMNEY, 1990;
FONSECA; ALVES; LEMOS, 2011): - Forma de ajuda organizada;
- Componentes e funções definidas;
- Responsabilização de uma pessoa ou equipe;
- Plano de cuidados capaz de atender as necessidades individuais e promover o cuidado;
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GRUPOS DE AUTO-AJUDA
- Baseados no modelo do grupo Alcoólicos Anônimos - AA (ALCOÓLICOS ANÔNIMOS, 2012):
- Auto-sustentáveis e seus membros têm liberdade para entrar e sair do grupo quando quiserem;
- Seguem os princípios filosóficos conhecidos como 12 passos.
- Os membros adaptam suas vidas e fortalecem seus laços emocionais.
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GRUPOS DE AUTO-AJUDA
- Baseados no modelo do grupo Alcoólicos Anônimos - AA (ALCOÓLICOS ANÔNIMOS, 2012):
- Narcóticos Anônimos (NA): atenção a usuários de outras drogas;
- Amor Exigente (AMOREX): para familiares de usuários de drogas e também segue os doze passos (doze princípios), mas adaptado a realidade necessária (MENEZES, 2011).
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TERAPIA FAMILIAR
- A Terapia Familiar têm como fundamentação teórica: - Modelo sistêmico;
- Transtornos por uso de SPAs como sintoma de disfunção familiar;
- Expressa no conjunto de comportamentos desajustados; - Usuário em constante relação;
- Interação entre os membros é o foco da abordagem.
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TERAPIA FAMILIAR
- Família é um sistema que se mantém em equilíbrio por meio de regras de funcionamento:
- Terapia Familiar busca a mudança pela reorganização da comunicação entre os membros;
- A sessão pode ocorrer da forma seguinte:
- Terapeuta incentiva descrição do sofrimento e observa a interação familiar diante do problema;
- Ajusta o papel dos membros para resolver os conflitos.
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AVALIAÇÃO INICIAL
- OBJETIVO: Identificar usuários nocivos de álcool, tabaco e outras drogas que não fazem uso suficientemente severo para serem classificados como dependentes.
- CARACTERÍSTICAS:
•Conduzida de forma: clara, simples, breve, flexível, ampla; •Informações sobre uso de uma substância abordados somente ao final da entrevista;
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AVALIAÇÃO INICIAL
- CARACTERÍSTICAS:
• Foco na pessoa (não na droga); • Evitar confrontos;
• Só estimular mudanças compatíveis com a motivação do usuário;
• Bom senso na sua condução; e
• É decisiva no engajamento do usuário e mudanças ainda durante o acompanhamento.
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AVALIAÇÃO INICIAL
- Formulário de avaliação do risco: investiga e contextualiza o consumo de substâncias psicoativas conforme os aspectos discutidos anteriormente .
- Instrumentos de rastreamento ou triagem:
(CORRADI-WEBSTER; LAPREGA; FURTADO, 2005)
• Utilização complementar;
• Auxiliar na determinação do uso nocivo; • Usados com mínimo de treinamento; • Qualquer profissional;
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AVALIAÇÃO INICIAL
- Instrumentos de rastreamento ou triagem: (CORRADI-WEBSTER; LAPREGA; FURTADO, 2005)
• Pontuação clara que indica a probabilidade de problemas relacionados;
• Úteis na rotina profissional (fácil e rápida aplicação). • Não são instrumentos de diagnóstico.
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AVALIAÇÃO INICIAL
Questionário CAGE:
Cutdown, Annoyed by criticism, Guilty and Eye-opener
(MAYFIELD; MCLEOD; HALL, 1974)
• Entre os mais utilizados para detectar uso nocivo de álcool; • Indica prováveis casos de dependência;
• Duas respostas positivas entre as quatro questões (boa sensibilidade e especificidade);
• Questões extras: Você já teve problemas relacionados ao uso de álcool? Você bebeu nas últimas 24 horas?
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AVALIAÇÃO INICIAL
Cut down, Annoyed by criticism, Guilty and Eye-opener O consumo de álcool é considerado de risco a
partir de duas respostas afirmativas.
0- NÃO 1- SIM 1. Alguma vez o (a) Sr. (a) sentiu que deveria
diminuir a quantidade de bebida ou parar de beber?
0 1 2. As pessoas o (a) aborrecem porque criticam o
seu modo de beber?
0 1 3. O (A) Sr. (a) se sente culpado (a) (chateado
consigo mesmo) pela maneira como costuma beber?
0 1
4. O (A) Sr. (a) costuma beber pela manhã para diminuir o nervosismo ou a ressaca?
0 1
(MAYFIELD; MCLEOD; HALL, 1974)
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AVALIAÇÃO INICIAL
Teste de Fagerström para Dependência de Nicotina – TFDN (HEATHERTON et al., 1991).
- Evidências clínicas (HALTY et al., 2002):
- Dependência nicotínica: manutenção do tabagismo e dificuldade de cessação;
- Todos os fumantes regulares seriam dependentes (variação do grau de dependência) e necessidade avaliação.
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AVALIAÇÃO INICIAL
-Questionário de Tolerância de Fagerström
(FAGERSTRÖM, 1978): Objetivo - estimar o grau de dependência nicotínica; Ferramenta mundialmente utilizado. - Teste de Fagerström para Dependência de Nicotina –
TFDN (HEATHERTON et al., 1991):
• Indicador confiável de dependência de fumantes em diferentes populações.
• Aplicação simples, rápida e de baixo custo. • Seis questões referentes ao hábito de fumar.
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AVALIAÇÃO INICIAL
O Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT):
• Elaborado pela Organização Mundial da Saúde - OMS (BABOR et al., 1992);
• Traduzido e validado no Brasil (FIGLIE et al., 1997; MÉNDEZ, 1999);
• Primeiro questionário de avaliação de riscos e problemas associados ao álcool na atenção básica em saúde;
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AVALIAÇÃO INICIAL
Alcohol Use Disorders Identification Test – AUDIT
(BABOR et al., 1992)
• Consiste de 10 perguntas (5 opções de resposta);
• Investiga quantidade e frequência, sintomas de abstinência e problemas associados;
• Pontuação superior a 8 pontos: risco de problemas do beber excessivo (recomenda-se avaliação mais detalhada).
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AVALIAÇÃO INICIAL
- Classificações da Organização Mundial da Saúde – OMS
para consumo de SPAs (OMS, 1993):
- Freqüência:
- Uso na vida: uso pelo menos uma vez na vida;
- Uso no ano: pelo menos uma vez nos últimos 12 meses; - Uso no mês (recente): pelo menos uma vez nos ultimos 30 dias;
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AVALIAÇÃO INICIAL
- Classificações da Organização Mundial da Saúde – OMS
para consumo de SPAs (OMS, 1993):
- Intensidade:
- Não usuário: nunca utilizou;
- Usuário leve: usou no último mês, menos que uma vez por semana;
- Usuário moderado: usou na última semana, mas não diariamente;
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AVALIAÇÃO INICIAL
Alcohol, Smoking and Substance Involvement Screening Test – ASSIST (HENRIQUE et al., 2004):
- Validado em sete países, coordenado pela OMS. - Fornece informações sobre:
• Uso de drogas na vida e nos últimos três meses; • Problemas relacionados ao uso de drogas;
• Risco atual ou futuro de problemas devido o uso; • Se a pessoa provavelmente é dependente;
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AVALIAÇÃO INICIAL
- Avaliação da motivação:
- Conhecer a motivação para promover alterações no seu atual padrão de consumo de SPAs;
- Determinar as expectativas sobre o planejamento terapêutico; e
- Motivação: estado de prontidão para a mudança, flutuante ao longo do tempo e passível de ser influenciado por outrem (MILLER; ROLNIK, 2001).
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AVALIAÇÃO INICIAL
Modelo Transteórico - usuário de SPAs passa por diferentes
estágios motivacionais (PROCHASKA; DICLEMENTE,1982):
Pré-contemplação:
• Paciente: Sem idéia sobre o problema e sem planos;
Contemplação:
• Paciente: Percebe um problema, mas está ambivalente sobre mudanças;
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AVALIAÇÃO INICIAL
Modelo Transteórico - usuário de SPAs passa por diferentes
estágios motivacionais (PROCHASKA; DICLEMENTE,1982):
Determinação:
• Paciente: Percebe que tem um problema e que precisa promover mudanças;
Ação:
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AVALIAÇÃO INICIAL
Modelo Transteórico - usuário de SPAs passa por diferentes
estágios motivacionais (PROCHASKA; DICLEMENTE,1982):
Manutenção:
• Paciente: Incorporação da mudança na rotina de vida;
Recaída:
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DIAGNÓSTICO
- Critérios de diagnóstico para uso nocivo ou dependência de substâncias psicoativas:
- Objetivo: classificar diferencialmente o paciente em usuário nocivo (abusador) ou dependente;
- Classificação Internacional de Doenças (CID 10) da Organização Mundial da Saúde – OMS (OMS, 1993); e
- Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV) da Associação Psiquiátrica Americana – APA
(APA, 1994).
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- Avaliação Inicial + Critérios de Diagnóstico para uso nocivo/dependência = Usuário pode estar em uso:
- Sem apresentar problemas: porém deve saber que não existe uso seguro de SPAs;
- Apresentando problemas: sem dependência, necessário, reduzir o consumo e tornar-se responsável pela mudança; - Apresentando dependência: realizar investigação mais aprofundada (foco na tolerância e síndrome de abstinência).
(DIEHL et al, 2011)
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(DIEHL et al, 2011)
DIAGNÓSTICO
- Estabelecido o diagnóstico do paciente é necessário:
- Informá-lo do resultado;
- Envolvê-lo no planejamento do seu cuidado; - Seguir princípios gerais de devolutiva:
• Ter em mente os critérios de uso nocivo e dependência; • Explicar o método de avaliação utilizado;
• Afirmar que o usuário não é culpado do problema;
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INTERVENÇÃO BREVE
- Abordagem relacionada à prevenção primária ou
secundária para usuários de álcool e outras drogas
(SOUZA; RONZANI, 2012):
- Prevenção primária: usuários que ainda não experimentaram SPAs;
- Prevenção secundária: indivíduos que já fazem uso regular de SPAs;
- Fundamentada nos princípios Entrevista Motivacional (EM)
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INTERVENÇÃO BREVE
- Objetivo principal: motivar usuários em risco a mudar seus comportamentos de uso (BABOR; HIGGINS-BIDDLE, 2003).
- Pesquisadores canadenses nos anos 70: reformulação no modelo tradicional de intervenção psicossocial aos problemas relacionados ao uso de álcool (MARQUES, 2010):
- Diminuindo o tempo de intervenção;
- Definição de etapas especificas na abordagem;
- Intervenção breve para problemas do consumo de álcool,
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INTERVENÇÃO BREVE
Características da Intervenção Breve
Intervenção estruturada, focal e objetiva;
Desenvolvida em curto espaço de tempo (sessões variam de 5 a 45 minutos)
Raras vezes ultrapassam 5 encontros
Pode ser realizada por profissionais com diferentes tipos de formação (médicos, psicólogos, auxiliares de enfermagem, nutricionistas, assistentes sociais, agentes comunitários e outros profissionais da saúde), bastando que recebam um rápido treinamento para isto
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INTERVENÇÃO BREVE
Características da Intervenção Breve
Centrada no cliente, com objetivo de ajudar no desenvolvimento da autonomia das pessoas, atribuindo--lhes a capacidade de assumir a iniciativa e a responsabilidade por suas escolhas
É eficaz em reduzir o consumo e os problemas ligados ao consumo de álcool (sem critérios de dependência), e já há algumas evidências de eficácia em tratamento do tabagismo
Tem se mostrado tão eficaz quanto tratamentos mais intensivos (por exemplo: longas internações), principalmente nos casos menos graves.
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- Divide-se em triagem e intervenção (BRASIL, 2012):
- Triagem (Avaliação inicial) – identificar padrões de consumo de SPAs e possíveis riscos e problemas;
- Intervenção - técnicas empregadas em cada sessão ou encontro, dispostas em elementos norteadores.
- 6 (seis) elementos formam o acróstico “FRAMES” que significa “moldura”, enquadramento, ou seja, propõe-se “enquadrar” os procedimentos (MILLER; SANCHES,1993).
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- 6 (seis) elementos formam o acróstico “FRAMES” que significa “moldura”, enquadramento, ou seja, propõe-se “enquadrar” os procedimentos (MILLER; SANCHES, 1993):
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F Feedback Devolutiva ou retorno
R Responsibility Responsabilidade
A Advice Aconselhamento
M Menu Menu de opções
E Empathic Empatia
S Self-efficacy Autoeficácia
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INTERVENÇÃO BREVE
Devolutiva ou retorno (feedback):
• Objetivo: retorno (feedback) sobre os riscos presentes em seu padrão de consumo.
• Procedimento:
a) Fazer conexões entre o resultado de exames e o consumo de substâncias do paciente;
b) Utilizar informações fornecidas pelo paciente sobre problemas na vida e sugerir associação com o seu uso de substâncias.
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INTERVENÇÃO BREVE
Devolutiva ou retorno (feedback):
• Exemplo: “Pelo que conversamos, parece que você identifica alguns problemas associados com o seu consumo de (álcool ou outras drogas). Vamos conversar um pouco mais sobre isso?...”
Responsabilidade (Responsibility):
• Objetivo: Consumo moderado, para usuários de drogas lícitas, sem diagnóstico de dependência; ou abstinência, para usuários de drogas ilícitas com dependência.
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INTERVENÇÃO BREVE
Responsabilidade (Responsibility):
• Procedimento: “negociação” entre o profissional e o paciente, sobre metas a serem atingidas no tratamento;
• Exemplo: “O seu uso da substância é uma escolha sua e ninguém pode fazer você mudar seu comportamento ou decidir por você”. “Se você percebe que isto está prejudicando sua vida e sua saúde e se quiser mudar, podemos ajudá-lo, mas a decisão, a escolha é sua”.
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INTERVENÇÃO BREVE
Aconselhamento (Advice):
• Objetivo: reduzir o risco de problemas futuros; aumentar a percepção do risco pessoal; e fornecer um motivo para a mudança do comportamento;
• Procedimento: Ofereça material informativo sobre o uso de substâncias; relacione os problemas atuais do paciente, com seu uso, ex.: úlceras gástricas e uso de álcool, enfisema e uso de tabaco, maconha e problemas de memória, de emprego, etc...
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INTERVENÇÃO BREVE
Aconselhamento (Advice):
• Exemplo: “As informações que estou apresentando ao senhor ajudam a entender como o seu uso (de álcool) esta causando esses problemas (úlceras gástricas)”.
Menu de opções (Menu)):
• Objetivo: Identificar, junto com o paciente, uma série de estratégias para a modificação do comportamento-problema.
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INTERVENÇÃO BREVE
Menu de opções (Menu):
• Procedimento: Explorar as informações sobre o consumo de substâncias do paciente para que as estratégias de enfrentamento possam ser discutidas e adequadamente escolhidas.
• Exemplo: “Sugiro que faça um diário sobre o seu uso de substância, registrando, por exemplo: onde costuma usar, em que quantidade, em companhia de quem, motivo, etc”. “Isso o ajudará a identificar as possíveis situações de risco e o que pode ser feito em cada uma delas.
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INTERVENÇÃO BREVE
Empatia (Empathic):
• Objetivo: O paciente se sentir compreendido pelo profissional.
• Procedimento: Evite ter um comportamento confrontador ou agressivo. Demonstre que você está disposto a ouvi-lo, que entende seus problemas, e a dificuldade de mudar.
• Exemplo: “Gostaria que soubesse que estou aqui para tentar ajudá-lo”. “Com certeza essa situação (problemas) é muito difícil para você, e entendo, por isso, que mudá-la não é tarefa fácil”
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INTERVENÇÃO BREVE
Autoeficácia (Self-efficacy):
• Objetivo: Aumentar a motivação para o processo de mudança auxiliando-o a ponderar os “prós” e “contras” do uso de substâncias.
• Procedimento: Reforçar os aspectos positivos para encorajar o paciente a confiar em seus próprios recursos e a ser otimista em relação à sua habilidade para mudar o comportamento;
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INTERVENÇÃO BREVE
Autoeficácia (Self-efficacy):
• Exemplo: “Pelo que pude ver você tem uma habilidade importante de se relacionar bem com as pessoas, e isso pode te ajudar a ter outras companhias, diferentes das que tem agora (outros usuários)”.
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- A IB no uso de substâncias psicoativas é indicada para os indivíduos que fazem uso nocivo:
- Casos de dependência: encaminhados para serviços especializados;
- Dependentes tem problemas maiores relacionados ao uso de drogas;
- Intervenção breve não seria capaz de contemplar muitos aspectos, que poderiam ser importantes.
.
(BRASIL, 2012)
ENTREVISTA MOTIVACIONAL (EM)
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• DEFINIÇÃO:
-“É um método de assistência diretivo, centrado no paciente para promover uma motivação interna de mudança mediante a exploração e resolução da ambivalência, envolvendo um espirito de colaboração, participação e autonomia tanto do paciente quanto do profissional”(SEIBEL,2010).
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ENTREVISTA MOTIVACIONAL (EM)
OBJETIVOS:
Motivar o usuário a desenvolver comprometimento e a
tomada de decisão de mudar seu comportamento;
- Ajudar a reconhecer e fazer algo sobre seus problemas;
- Utilizada em qualquer fase do tratamento - com os que buscaram e com os que necessitam de motivação para buscar ajuda;
- Útil com pessoas mais resistentes a mudanças ou aqueles que se encontram ambivalentes.
ENTREVISTA MOTIVACIONAL (EM)
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ESTILO DO PROFISSIONAL:
- Pode ter efeitos críticos ou estimulantes na motivação para a mudança das pessoas;
-Estilo clínico habilidoso: evocar as motivações internas da pessoa para mudanças comportamentais na melhoria de sua saúde;
ENTREVISTA MOTIVACIONAL (EM)
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ESTILO DO PROFISSIONAL:
- É indicado que o profissional seja: Centrado na pessoa (paciente)
Flexível (alta tolerância à frustração) Cooperativo
Evocativo
Diretivo, mas não confrontativo
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ENTREVISTA MOTIVACIONAL (EM)
- Cinco princípios norteadores na EM com usuários de álcool e outras drogas: 1. Expressar empatia; 2. Desenvolver a discrepância; 3. Evitar a argumentação; 4. Acompanhar a resistência; 5. Promover a autoeficácia.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
- Modelos de terapia individual e em grupo podem e devem ser associados com usuários e familiares como estratégia na reconstrução de novas metas e objetivos;
- Desfecho depende dos vínculos estabelecidos, fundamentos teóricos e postura do profissional;
- Independente da abordagem, na relação de ajuda que o processo de mudança acontecerá, para o usuário e familiares.
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REFERÊNCIAS
ALCOÓLICOS ANÔNIMOS. Os doze passos do A.A. Rio de Janeiro, 2012. Disponível em <http://www.aa.org.br/12passos/12passos.htm>. Acesso em 08 de julho de 2012.
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-IV). Porto Alegre: ARTMED; 1994. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Álcool e redução de danos: uma abordagem inovadora para países em transição. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.
BRASIL, Ministério da Justiça. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. Tratamento de dependência de crack, álcool e outras drogas: aperfeiçoamento para profissionais de saúde e assistência social. Brasília: SENAD, 2012.