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Comportamento reprodutivo das mulheres trabalhadoras urbanas brasileiras Cláudio Santiago Dias Júnior

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Comportamento reprodutivo das mulheres trabalhadoras urbanas

brasileiras

Cláudio Santiago Dias Júnior

Resumo

O objetivo deste trabalho é verificar se o comportamento reprodutivo da mulher trabalhadora urbana pode estar associado ao grupo ocupacional a que ela pertence. A base de dados utilizada foi a amostra de pessoas do censo 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi realizada uma análise descritiva, que comparou a parturição, as taxas de fecundidade total (TFT) e as idades ao ter os filhos, entre os grupos ocupacionais; e uma análise estatística, utilizando um modelo de regressão logística para gerar a chance de uma mulher, segundo seu grupo ocupacional, de ser mãe e, tendo filhos, ter três filhos ou mais. Os principais resultados encontrados evidenciam que o grupo ocupacional pode influenciar o comportamento reprodutivo das mulheres.

Trabalho apresentado no XVI Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em

Caxambu-MG-Brasil, de 29 de Setembro a 3 de Outubro de 2008.

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Comportamento reprodutivo das mulheres trabalhadoras urbanas

brasileiras

Cláudio Santiago Dias Júnior

1. Introdução

Com evidências cada vez mais fortes da relação entre o declínio da fecundidade e o aumento da participação da mulher no mercado de trabalho, é cada vez maior o interesse dos pesquisadores em entender esse fenômeno, bem como encontrar a direção causal dessa relação. Nesse sentido, tanto a sociologia quanto a economia vêm construindo um importante arcabouço teórico-metodológico para a compreensão da relação entre essas duas variáveis, colaborando diretamente para os avanços dos estudos demográficos nessa área. Na perspectiva sociológica, a análise se baseia na hipótese da incompatibilidade entre o papel de mãe/dona-de-casa com o papel de mulher trabalhadora. Já na perspectiva econômica, a análise está baseada nos custos de oportunidade de se ter um filho. Apesar de dois marcos conceituais diferentes, essas duas possibilidades de análise não são necessariamente antagônicas, uma vez que a incompatibilidade de papéis aumenta com o crescente custo de oportunidade de se ter filhos (Engelhardt, Kögel e Prskawetz, 2004).

Diante da incompatibilidade de papéis e dos custos de oportunidade de se ter um filho, as mulheres podem seguir quatro caminhos: 1) abandono da carreira profissional em prol da maternidade e dos cuidados com a família, 2) ter trabalhos mais flexíveis em termos de horário e em termos de saídas e entradas, possibilitando a compatibilização entre os afazeres domésticos/maternos e profissionais, 3) postergação da maternidade em prol da carreira profissional ou 4) abandono da maternidade em prol da carreira profissional.

Tendo em vista estes aspectos, o objetivo deste artigo é verificar se o comportamento reprodutivo das mulheres trabalhadoras urbanas brasileiras tem relação com a ocupação. O comportamento reprodutivo será analisado a partir da parturição (total

Trabalho apresentado no XVI Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em

Caxambu-MG-Brasil, de 29 de Setembro a 3 de Outubro de 2008.

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de filhos tidos), da taxa de fecundidade total (TFT – número médio de filhos em um determinado período ou ano), e da idade ao ter os filhos.

A hipótese utilizada neste artigo é a de que o grupo ocupacional pode fazer com que as mulheres tenham diferentes estratégias em relação à fecundidade, resultando em um comportamento reprodutivo distinto. Espera-se que entre as mulheres dos grupos ocupacionais mais qualificados, o custo de oportunidade de ter filhos seja maior, e a incompatibilidade entre o trabalho e a família, mais acentuada, levando a um adiamento e/ou limitação da fecundidade (Hewllet, 2002). Por outro lado, espera-se que entre as mulheres menos qualificadas, o comportamento reprodutivo seja o oposto ao observado entre as mais qualificadas, isto é, que elas tenham mais filhos e uma maternidade precoce (Villareal, 1996). Para realizar essas análises foram utilizados os dados da amostra do censo demográfico 2000 do IBGE das mulheres residentes nas áreas urbanas com idade entre 30 e 34 anos. Além disso, serão estimadas as chances de ter um filho e de se ter 3 filhos e mais, segundo a ocupação da mulher, a partir da utilização de modelos de regressão logística.

2. Possibilidades teóricas para a interpretação da relação entre fecundidade e ocupação

Incompatibilidade de papéis

A necessidade de desempenhar simultaneamente vários papéis sociais pode gerar certo grau de incompatibilidade entre eles. Um dos exemplos mais comuns na literatura é o conflito enfrentado pelas mulheres que tentam conciliar o papel de mãe/dona-de-casa com o papel de trabalhadora. Para muitos autores, esse conflito é a base para se entender como a inserção da mulher no mercado de trabalho pode afetar a fecundidade (Blau, Ferber e Winkler, 1998; Jones, 1981).

Segundo pesquisas realizadas pelas Nações Unidas, nas sociedades onde existe algum nível de incompatibilidade entre as atividades domésticas e profissionais, as mulheres que trabalham têm, em média, menos filhos, quando comparadas com as mulheres que não trabalham (Blau e Robins, 1989; United Nations, 1985). Nos países ocidentais, por exemplo, quanto maior a participação da mulher no mercado de trabalho, menor a taxa de fecundidade (Pazello, 2004; Kögel, 2004; Lloyd, 1990).

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Um aspecto importante a ser destacado quando se estuda a relação entre a fecundidade e a participação da mulher no mercado de trabalho, refere-se à ocupação. Hakin (1992) e England (1991) demonstram que há uma relação da fecundidade com as características da ocupação da mulher. Para essas autoras, as ocupações que são mais flexíveis - tanto em relação aos horários como em relação à facilidade de entrar e sair do mercado de trabalho - são as preferidas das mulheres. Essa preferência ocorre pela necessidade de conciliação entre os afazeres domésticos e maternos com a vida profissional.

Segundo Hewllet (2002) e Villareal (1996), em ocupações de alto status social (normalmente ocupações de nível superior com possibilidade de carreira) são freqüentes a incompatibilidade entre o trabalho e os cuidados com os filhos. Para as mulheres nessas ocupações, a maternidade se torna um grande empecilho para o desenvolvimento profissional, uma vez que a saída do mercado de trabalho para se ter um filho pode acarretar em uma desvantagem futura para a carreira.

Por outro lado, nas ocupações sem prestígio social existe uma possibilidade maior de compatibilidade entre o trabalho e os cuidados com os filhos, uma vez que não há grandes expectativas em relação à carreira profissional. Essa falta de perspectiva profissional facilita as entradas e saídas das mulheres no mercado de trabalho, em função da maternidade, sem grandes prejuízos materiais.

De acordo com Favaro (2004) e Presser (1989), a presença de mecanismos institucionais voltados para os cuidados com as crianças pode amenizar, ou mesmo neutralizar a incompatibilidade entre os papéis de mãe e dona de casa com o papel de trabalhadora. Esse fenômeno tem sido observado principalmente nos países escandinavos e na Alemanha, onde, após grandes investimentos em chidcare, detectou-se um aumento da participação da mulher no mercado de trabalho ao mesmo tempo em que se observou um aumento nas taxas de fecundidade (Brewster e Rindfuss, 2000; Ondrich e Spiess, 1998; Elligsaeter e Ronsen, 1996).

Tais políticas de incentivo à maternidade têm potencializado a reversão do sinal da relação entre a participação da mulher no mercado de trabalho e a fecundidade. Apesar disso, essa relação positiva é percebida apenas quando se utilizam dados agregados, principalmente de países cuja estrutura de apoio às mães trabalhadoras funciona. Mesmo

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com essa ressalva, a constatação da relação positiva entre trabalho e fecundidade sinaliza que em algumas partes do mundo as mulheres trabalhadoras estão conseguindo articular as demandas do mercado de trabalho com as demandas do lar. Entretanto, ainda é muito cedo para defender a idéia de que a incompatibilidade entre os papéis de mãe e trabalhadora esteja com os dias contados nas sociedades ocidentais.

Custos de oportunidade

Em praticamente todas as culturas, segundo a teoria microeconômica, as obrigações domésticas são tarefas exclusivas das mulheres. Tendo essas obrigações a

priori, as mulheres, na maioria das vezes, são levadas a escolher ocupações que permitam

a conciliação entre a casa e o trabalho. Ao buscar conciliar a tarefa doméstica e profissional, as mulheres acabam se concentrando em ocupações de tempo parcial e/ou flexíveis, cujo retorno financeiro é baixo, e a construção de carreiras é muito difícil. Nesse ambiente, o custo de oportunidade de se ter um filho é baixo, o que pode incentivar a fecundidade (Giddens, 2004; Degraff e Anker, 2004; Hirata e Kergoat, 2003; Anker, 1997; England, 1991; Becker, 1981).

Segundo o modelo da compensação, uma das abordagens da teoria microeconômica, as mulheres mostram-se dispostas a abrir mão de uma ocupação que possa proporcionar maiores ganhos de carreira, para ingressarem em ocupações que proporcionem uma segurança maior, tanto em relação ao trabalho em si, como em relação à sua família e filhos. Ou seja, as mulheres buscam ocupações que permitam a compatibilidade entre a casa, a maternidade e o trabalho (Degraff e Anker, 2004).

Esse modelo pode se tornar frágil se são considerados os ganhos educacionais observados entre as mulheres nos últimos anos. Com o aumento da escolaridade das mulheres, muitas delas estão ingressando no mercado de trabalho em ocupações de primeira linha, disputando com os homens as melhores colocações. O ganho educacional, que resulta em melhores empregos e salários, aumenta o custo de oportunidade de se ter filhos. Ou seja, é de se esperar que entre as mulheres mais escolarizadas, potencialmente alocadas em ocupações promissoras, haja um controle maior da fecundidade (Brewster e Rindfuss, 2000; Anker, 1997).

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Além do aumento da escolaridade, as transformações nos padrões de casamento (aumento da idade média da mulher ao se casar e o crescimento do percentual de coabitação) e de reprodução (a postergação da maternidade), produziram uma diminuição dos afazeres domésticos. Com isso, as mulheres passaram a ter menos obrigações com o lar, e mais tempo para se especializar profissionalmente e de adquirir mais experiência no mercado de trabalho, o que pode gerar um maior impacto negativo na fecundidade (McDonald, 2001; Anker, 1997; England, 1991).

De acordo com esses argumentos, entre as mulheres trabalhadoras com maior nível de capital humano, o custo de oportunidade se ter um filho é maior. Pode-se esperar então, que esse grupo postergue a maternidade ou mesmo reduza o número de filhos, uma vez que elas investem muito no mercado de trabalho (Becker, 1981). Ao contrário, para as mulheres com menos capital humano, o custo de oportunidade se ter um filho não é tão expressivo a ponto de restringir consideravelmente a fecundidade. Como o mercado de trabalho pode ser pouco atrativo para esse grupo, ter um filho pode ser uma escolha menos “penosa”.

As análises microeconômicas sobre a participação da mulher no mercado de trabalho apontam caminhos para o entendimento desse fenômeno, mas, devido à sua natureza racional, aspectos relacionados à estrutura social ficam à margem. Há uma focalização no indivíduo que impede, muitas vezes, uma análise mais acurada dos motivos que fazem com que a desigualdade no mercado de trabalho se perpetue no tempo e no espaço. Muitas perguntas não são respondidas ao utilizar as bases teóricas microeconômicas, questões que levam em consideração a desigualdade anterior à entrada no mercado de trabalho, como o acesso à educação, o incentivo familiar aos estudos, a construção e manutenção de estereótipos, a aquisição de habilidades, a distribuição das responsabilidades domésticas, a presença de políticas públicas voltadas para a família, dentre outros. Ou seja, a teoria microeconômica, e as suas variantes, não consideram em seus modelos de análise os aspectos não-econômicos (Giddens, 2004).

Apesar das críticas pertinentes aos argumentos neoclássicos, esses teóricos lançaram luz às diferenças entre o capital humano de homens e de mulheres, o impacto dessas diferenças no mercado de trabalho e na renda, e a influência desses fenômenos no processo reprodutivo. Essa teoria ainda revela a necessidade de políticas públicas

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voltadas para aspectos relacionados ao não-trabalho. Ou seja, políticas públicas voltadas para a promoção de suporte familiar para que as mulheres possam estar em condições de igualdade com os homens na busca de qualificação e inserção no mercado de trabalho.

3. Metodologia

Dados

Este artigo utiliza o banco de dados de pessoas da amostra do censo demográfico 2000 do IBGE. Foram selecionadas as informações de todas as mulheres entre 30 e 34 anos, brancas e negras (pretas e pardas), residentes nas áreas urbanas, que se declararam ocupadas, com ou sem remuneração, na semana de referência utilizada pelo IBGE.

A escolha das mulheres de 30 a 34 anos é explicada por três motivos. O primeiro se refere à fecundidade. De acordo com Miranda-Ribeiro (2004), a idade média da mulher brasileira ao ter o quinto filho era 31,1 anos em 2000. Como a fecundidade está declinando rapidamente no Brasil, e em 2000 a TFT era de 2,4 filhos por mulher (IBGE, 2000), espera-se que entre mulheres de 30 e 34 anos o ciclo reprodutivo esteja praticamente encerrado.

O segundo motivo se refere à ocupação. Segundo Pastore e Silva (2000), o corte etário inferior ideal para se utilizar informações sobre trabalho e ocupação é 30 anos. De acordo com esses autores, nessa idade o indivíduo praticamente encerrou seu processo de formação profissional, principalmente via educação formal. Ou seja, as possibilidades de uma grande mudança no grupo ocupacional dos indivíduos, a partir dos 30 anos, são remotas. Desta forma, o corte superior aos 34 anos fornece um número maior de mulheres ativas, que é a população foco deste estudo.

O terceiro motivo se refere às informações sobre os filhos. De acordo com o IBGE, são coletas apenas as informações dos filhos presentes no domicílio. Este procedimento não cobre as informações sobre os filhos ausentes, como os filhos falecidos e os que saíram de casa. Para minimizar essas perdas, optou-se pela utilização do grupo de mulheres de 30 a 34 anos, uma vez que é provável que a ausência dessas informações entre essas mulheres seja menor.

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Como mencionado anteriormente, uma parte das mulheres da amostra não possuía todas as informações dos filhos nascidos vivo, uma vez que alguns desses filhos morreram e/ou saíram de casa por qualquer motivo, antes da data de referência do censo. Assim, para reconstruir a história de nascimento das mulheres com dados ausentes foi necessário alocar as informações dos filhos nas respectivas mães. Para isso, foi assumido o pressuposto de que as mulheres classificadas dentro da família como chefe ou cônjuge eram as mães ou madrastas dos indivíduos classificados como filhos ou enteados pelo IBGE. A partir deste pressuposto, foram alocadas todas as informações sobre os filhos, em ordem decrescente, na linha da respectiva mãe. Após esse passo, foi comparado o número de filhos nascidos vivo declarado pela mulher com o número de filhos presentes na família. Caso essas informações fossem as mesmas, a mulher seria classificada como tendo todas as informações sobre a história de nascimento.

Para as mulheres com informações incompletas sobre a parturição foi estimada a idade ao ter o(s) filho(s) a partir de um modelo de regressão linear multivariada, utilizando como variáveis de controle a escolaridade, cor/raça e região metropolitana da mãe. A escolha dessas variáveis foi baseada na literatura demográfica, que aponta a escolaridade (Lam e Durya, 1999), a cor/raça (Wood e Carvalho, 1994) e os aspectos geográficos (Horta, Carvalho e Nogueira, 2005), como fatores importantes na determinação do regime reprodutivo da mulher brasileira.

Após a estimação de todas as idades ao ter os filhos, foram comparados os valores observados diretamente no Censo Demográfico de 2000 com valores produzidos pelas equações de regressão, para testar a validade do procedimento de imputação adotado neste trabalho (Anexo 1). Segundo os resultados obtidos, as idades médias estimadas para mulheres com dados completos são bem próximas as das idades médias observadas no censo, o que permite atestar a qualidade dos dados estimados.

Já as idades médias estimadas para as mulheres com dados incompletos são menores que aquelas observadas entre as mulheres com dados completos. Essa diferença era esperada, uma vez que as mulheres com dados incompletos têm mais filhos e uma condição socioeconômica menos favorecida, diminuindo assim a média da idade ao ter os filhos (Dias Júnior, 2007a).

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Com a imputação dos dados ausentes, foi possível então utilizar todas as mulheres de 30 a 34 anos, uma vez que todas as informações sobre a idade ao ter os filhos estavam alocadas. Foi garantida, desta forma, a generalização dos resultados.

Uma nota sobre a direção da relação causal nos estudos sobre a fecundidade e a participação da mulher no mercado de trabalho

Este tópico discute a idéia de que tanto a fecundidade quanto a ocupação são resultados de processos marcados por uma seqüência de eventos ocorridos durante o ciclo-de-vida. As escolhas feitas pela mulher, em conjunto com as condições materiais e sócio-culturais colocadas à sua disposição, respondem, em grande parte, pelo resultado reprodutivo e ocupacional obtido por ela. Nesse contexto, o estabelecimento de uma direção causal entre esses dois fenômenos não é trivial, principalmente porque é muito difícil a obtenção das datas de ocorrência dos eventos relativos à parturição e à carreira profissional de um mesmo indivíduo. Sem essas informações não é possível dizer se foi o “resultado ocupacional”, que causou o “resultado da fecundidade” ou vice-versa. Desta forma, os resultados de um modelo de determinação baseado em uma pesquisa

cross-section podem estar viesados.

Neste artigo a história reprodutiva das mulheres pode não ter uma relação com a sua ocupação atual, observada no momento da pesquisa. Entretanto, devemos salientar que a ocupação presente também é resultado de uma trajetória que foi construída em cima das possibilidades estruturais e desejos individuais. Existe a possibilidade real de diálogo entre esses dois fenômenos sociais, com ambos influenciando-se mutuamente.

Cramer (1980), em seu artigo que analisa detalhadamente a relação causal entre fecundidade e a participação da mulher no mercado de trabalho, diz que é impossível observar uma relação temporal entre a fecundidade acumulada (parturição) e as variações da participação feminina no mercado de trabalho. Assumindo que essas variáveis são endógenas, o modelo estático pode não ser satisfatório, uma vez que ele ignora a forma como tais variáveis foram planejadas. Além disso, Cramer (1980) mostra que tanto o planejamento sobre a fecundidade quanto a trajetória futura da mulher no mercado de trabalho podem afetar os resultados de duas maneiras diferentes.Primeiro, ele pode afetar diretamente a relação causal observada a partir dos dados correntes. Por exemplo, o

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impacto do nascimento de um filho na participação da mulher no mercado de trabalho pode ser diferente se esta criança for planejada ou se ela nasceu “acidentalmente”. Segundo, mesmo que o planejamento das variáveis não afete a relação causal corrente (ou presente) através da seqüência das decisões tomadas, ele deve provavelmente afetar o número (ou freqüências) de tais seqüências. Um exemplo deste efeito, dado por Cramer, é que o planejamento da história reprodutiva pode não alterar o impacto de um nascimento na carreira profissional da mulher, mas, no entanto, deve ajudar a determinar o número total de filhos tidos ou que ainda nascerão.

O estabelecimento da causalidade exige um ordenamento temporal e certa contigüidade entre as variáveis. Esse estabelecimento pode ser dificultado pelo fato de que os indivíduos podem pensar prospectivamente, ou seja, eles podem planejar seus objetivos e traçar as estratégias muito tempo antes da ocorrência do evento. De uma maneira geral, pode haver um descompasso temporal entre as estratégias utilizadas e a efetivação do evento.

Para Cramer (1980), um dos principais motivos da dificuldade de se estabelecer uma relação causal entre a fecundidade e a participação da mulher no mercado de trabalho é a qualidade e a especificação das variáveis utilizadas nesses tipos de estudo. De acordo com esse autor, as informações sobre a fecundidade e o trabalho, incluindo as preferências temporais, precisam ser mais bem coletadas e analisadas. A idéia seria imprimir ao modelo uma dinâmica só conseguida com dados longitudinais, e com isso ajudar a resolver as questões de causalidade. Apesar disso, Cramer (1980) também afirma que, como nos estudos sobre a fecundidade e a participação da mulher no mercado de trabalho, não existe um consenso em relação à direção causal, podemos dizer que ambas as direções podem ser consideradas plausíveis.

Fong (1976) apresenta algumas considerações metodológicas com o objetivo de ajudar a esclarecer a relação causal entre fecundidade e a participação feminina no mercado de trabalho. Esta autora afirma que é importante incluir na análise medidas corrente de fecundidade se estivermos lidando com medidas recentes sobre o mercado de trabalho feminino. De acordo com Fong (1976), uma alternativa para lidar com medidas correntes de fecundidade seria a utilização de dados de filhos com até cinco anos de idade, ou a idade do último filho tido. Usando tais informações, seria possível captar uma

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medida mais recente dos “conflitos” entre a demanda por trabalho e filhos. Fong (1976) exemplifica, dizendo que uma mãe com dois filhos nascidos há 12 e 9 anos atrás experimenta diferentes obstáculos no mercado de trabalho quando comparada com uma mãe com dois filhos nascidos há 3 e 2 anos atrás, apesar da parturição dessas mães ser a mesma.

Tendo a percepção desses problemas metodológicos, fica mais clara a importância da escolha das variáveis e dos procedimentos utilizados. É sabido que a maioria das medidas de fecundidade e da participação na força de trabalho não permite a determinação de uma direção causal; normalmente temos a utilização de dados correntes (variável trabalho/ocupação) para serem correlacionados com aspectos ligados à história de vida (fecundidade/parturição). Tais procedimentos podem resultar em relações espúrias entre a fecundidade e o trabalho, dificultando a compreensão do comportamento demográfico da população.

A despeito desses importantes questionamentos, este trabalho não se ocupa do estabelecimento da direção causal da relação entre a fecundidade e a participação da mulher no mercado de trabalho. No entanto, procura precaver desses entraves metodológicos, com o objetivo de estabelecer e mensurar uma hierarquia entre os graus de associação entre a ocupação e a fecundidade. Como não existe no Brasil uma pesquisa longitudinal sobre a fecundidade e a participação no mercado de trabalho das mulheres, é necessário adequar as informações de tal forma que os possíveis problemas apontados anteriormente fiquem minimizados.

Neste artigo utilizam-se dados correntes sobre o trabalho (ocupação atual), correlacionando-os com as informações correntes e cumulativas da fecundidade (história de nascimento, parturição e TFT em 2000). Não se busca a determinação da direção causal, pois se acredita que não é possível defini-la, uma vez que essas duas variáveis são endógenas. Assume-se que a ocupação atual da mulher (principalmente entre as mulheres de 30 a 34 anos, que já estão praticamente estabilizadas profissionalmente) é reflexo de sua trajetória ocupacional e de toda a sua preparação prévia para a entrada no mercado de trabalho. Ou seja, mesmo que a ocupação de hoje não seja a mesma de quando a mulher começou a trabalhar e a ter seus filhos, ela pode representar a história ocupacional da mulher.

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Análise dos dados

As análises deste estudo foram divididas em duas partes, a primeira descritiva e a segunda estatística. Na parte descritiva comparou-se a parturição, a TFT e a idade média ao ter os filhos segundo a ordem de nascimento entre os grupos ocupacionais. Na parte estatística foram utilizados dois grupos de regressão logística, um para estimar a chance da mulher ter filho, e outro para estimar a chance da mulher ter três filhos ou mais, segundo o grupo ocupacional.

Análise descritiva

O número de filhos tido das mulheres e a idade média ao ter os filhos foram calculados diretamente do banco de dados. Já a TFT foi calculada a partir do método demográfico de estimativa da fecundidade chamado Razão de Progressão por Parturição - RPP (Preston, Heuveline e Guillot, 2001). Este método estima a fecundidade e o seu padrão a partir da informação de parturição de uma determinada coorte de mulheres (grupo de mulheres que pertencem ao mesmo intervalo etário). A RPP é a probabilidade de se ter um filho de ordem x+1 dado que se tem um filho de ordem x. A fórmula (1) apresenta o cálculo da TFT a partir do somatório das RPPs:

= = = = = = n x x n x x n x x x x RPP M N M N TFT 1 ) , 0 ( 0 1 (1) Onde:

Nx= número de nascimentos de parturição x

Mx = número de mulheres com parturição x (até parturição = n).

Análise estatística

A regressão logística foi o método escolhido para estimar a chance de uma mulher ter filhos, e dado que tenha filhos, de ter três filhos ou mais. A utilização deste método é

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muito útil nas análises demográficas principalmente para medir os efeitos dos fatores explicativos sobre a chance de ocorrência de um evento qualquer (Powers e Xie, 2000). A fórmula básica deste modelo de regressão é a seguinte (2):

Log ( ) 1 i i p p= a + Bi Xi (2)

Onde pi é a probabilidade de i casos experimentarem o evento de interesse, sendo

a a constante e B o vetor de parâmetros. Esta fórmula implica que pi aumenta ou diminui

em função de i.

Foram rodados dois grupos de regressões. No grupo 1 a variável dependente é ter ou não filhos, e no grupo 2 a variável dependente é a parturição igual a três ou mais filhos. Em cada grupo de regressão foram testados quatro modelos.

A principal variável independente utilizada neste trabalho é o grupo ocupacional. Essa variável foi construída a partir das informações sobre a ocupação atual da mulher. Foram agrupadas as ocupações segundo características que dizem respeito a natureza da força de trabalho (funções, tarefas e obrigações que tipificam a ocupação) e ao conteúdo do trabalho (conjunto de conhecimentos, habilidades, atributos pessoais e outros requisitos exigidos para o exercício da ocupação). Neste sentido, foi considerada uma compreensão mais atualizada de "competência", cujo nível é pontuado mais fortemente pela complexidade das atividades exercidas do que pelo nível de escolaridade. Esta variável foi então dividida em seis categorias, que são:

• Direção e gerência; • Superior;

• Técnico-administrativo; • Serviços;

• Produção;

• Empregadas domésticas (categoria omitida).

Como variáveis de controle, foram utilizadas a contribuição para o sistema de previdência, jornada de trabalho, anos de estudo, cor/raça e região geográfica. A variável previdência e jornada de trabalho foram incluídas no modelo por representar uma proxy de trabalho formal, com regras pré-estabelecidas e horários pré-determinados; aspectos que podem influir no comportamento reprodutivo das mulheres. A variável que

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representa a contribuição para previdência é dicotômica, que recebe o valor (1) se a mulher contribui e (0) caso ela não contribua para previdência. Já a variável jornada de trabalho foi divida em trabalho integral (mais de 30 horas) e parcial (até 30 horas), sendo está última a categoria omitida.

A variável escolaridade foi inserida porque é uma das mais importantes na determinação da fecundidade da mulher, como mencionado anteriormente. Além disso, essa variável tem uma forte relação com a ocupação. A sua inclusão nos modelos evita que parte da associação entre educação e fecundidade fosse atribuída à ocupação. Esta variável foi construída utilizando um algoritmo aplicado por Rios-Neto e Riani (2004). A partir dessa informação, os anos de estudo foram divididos em cinco grupos:

• Analfabeto (menos de 1 ano de estudo) (categoria omitida); • 1 a 3 anos de estudo (não completou primeiro ciclo fundamental);

• 4 a 7 anos (completou o primeiro ciclo fundamental, mas não terminou o segundo ciclo fundamental);

• 8 a 10 anos (completou o segundo ciclo fundamental, mas não terminou o ensino médio);

• 11 anos e mais (completou o ensino médio/ ingressou no ensino superior).

Para a construção da variável cor/raça, os indivíduos que se declararam pretos e pardos foram agrupados na categoria negra. Os indivíduos que se declararam amarelos e indígenas e aqueles cuja cor é ignorada foram excluídos da amostra. Esta variável ficou dividida em duas categorias; mulheres brancas e negras (categoria omitida).

Outro aspecto importante a ser considerado nos estudos sobre a fecundidade é a localização geográfica. Se o domicílio estiver localizado em áreas desenvolvidas, é esperado que os moradores tenham um acesso maior às informações e aos recursos contraceptivos, bem como aos empregos nos setores mais modernos da economia (Horta, Carvalho e Nogueira, 2005; Villareal, 1996; Wong, 1994; Gendell, 1967). Esses fatores podem levar a uma postergação e redução da fecundidade.

A variável região geográfica foi categorizada da seguinte maneira: • Norte (categoria omitida)

• Nordeste • Sudeste

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• Sul

• Centro-Oeste

No primeiro grupo de regressão utilizou-se a informação de todas as mulheres entre 30 e 34 anos, e no segundo grupo utilizou-se apenas a informação das mulheres entre 30 e 34 anos com pelo menos um filho. Nos dois casos foram construídos quatro modelos de regressão. No modelo 1 foi utilizado apenas a variável grupo ocupacional. No modelo 2 foram incluídas as variáveis contribuição para previdência e jornada de trabalho. No modelo 3 introduziu-se as variáveis escolaridade e cor/raça, e no modelo 4 a variável região geográfica.

4. Resultados

Caracterização dos grupos ocupacionais

A Tabela 1 apresenta características socioeconômicas e demográficas dos grupos ocupacionais utilizados neste estudo. Em relação aos anos de estudo, como era de se esperar, o grupo ocupacional de nível superior apresenta a maior média, enquanto que o grupo das empregadas domésticas apresenta a menor. A diferença entre as médias de anos de estudo entre esses dois grupos ocupacionais é de 8.7 anos. Em relação à renda, nota-se que as mulheres no grupo de direção e gerência apresentam a maior média, 11.3 salários mínimos. Já em relação à jornada de trabalho, também são as mulheres alocadas no grupo de direção e gerência que apresentam a maior média, 46.5 horas de trabalho por semana. Em contrapartida, as mulheres dos grupos ocupacionais de nível superior e técnico-administrativo apresentam as menores jornadas de trabalho, 38.4 horas por semana.

Nos grupos de direção e gerência e nível superior, as mulheres são majoritariamente brancas (mais de 80%), ao passo que entre as empregadas domésticas, apenas 45,9% se declaram como sendo desta raça. Outro fato importante se refere à contribuição previdenciária. De uma maneira geral o que se observa é um baixo índice de contribuição. Apenas as mulheres dos grupos de direção e gerência e de nível superior apresentam um percentual de contribuintes superior a 50%. Destaque deve ser dado ao baixíssimo percentual de contribuintes entre as empregadas domésticas, apenas 4.5%.

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Entre as domésticas se encontra o maior número de chefes de família, 33.4%. Outro dado interessante apresentado pela Tabela 1 é o percentual de mulheres em ocupações masculinas1. Segundo os dados do IBGE, entre as mulheres nos cargos de direção e gerência, 61% estão em ocupações majoritariamente masculinas. Em menor grau, essa mesma tendência é observada entre as mulheres da produção. Nos demais grupos, o percentual de mulheres em ocupações tipicamente masculinas não passa de 10%, sendo que entre as empregadas domésticas, claro, 100% estão alocadas em atividades tipicamente femininas.

Tabela 1

Características socioeconômicas dos grupos ocupacionais Grupo ocupacional Variáveis

Direção/gerência Superior

Técnico-administrativo Serviços Produção

Empregada doméstica Chefe de família (%) 25.8 20.3 27.8 29.1 24.9 33.4 Cor/Branca (%) 80.4 80.1 67.3 55.8 63.7 45.9 Anos de estudo 11.6 13.6 10.9 7.2 6.8 4.9 Renda (sm) 11.3 9.5 4.1 2.5 2.2 1.3 Jornada de trabalho (h) 46.5 38.4 38.4 41.9 43.1 40.6 Previdência (%) 62.7 50.2 29.4 14.3 11.2 4.5 Ocupação masculina (%) 61.0 9.9 9.8 2.4 32.8 * N 113.511 237.220 613.455 720.867 240.865 453.140

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000.

O Quadro 1 apresenta as principais profissões de cada grupo ocupacional. De uma maneira geral, as mulheres estão alocadas em um pequeno número de profissões, sendo que a maior parte se concentra nas áreas de ensino, saúde, vendas, cuidados pessoais e limpeza. A maior variabilidade se encontra no grupo ocupacional de nível superior, e em menor grau, no técnico-administrativo. Nos demais grupos, há uma forte concentração em um reduzido número de atividades.

1 Neste estudo a ocupação foi considerada masculina toda vez que a presença de homens na ocupação fosse

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Quadro 1

Principais profissões, segundo o grupo ocupacional

Grupo ocupacional Principais profissões

Direção e gerência Gerente de produção e áreas de apoio Superior

Professora do primeiro, segundo e terceiro graus, orientadora educacional, médica, dentista, fisioterapeuta, enfermeira, psicóloga, assistente social, advogada, contadora, designer. Técnico-administrativo

Professora educação infantil e nível fundamental, auxiliar de enfermagem, escriturária, secretária, recepcionista, caixa, representante comercial.

Serviços Vendedora, cozinheira, garçonete, manicure e pedicure, cabelereira, serviços gerais.

Produção Confeiteira, costureira, sapateira. Empregada doméstica Empregada doméstica

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000.

Nota: As profissões apresentadas abrigam, em conjunto, 70% ou mais das mulheres presentes em cada grupo ocupacional.

Análise descritiva do comportamento reprodutivo

A Tabela 2 apresenta a distribuição percentual da parturição das mulheres de 30 a 34 anos, segundo o grupo ocupacional. Esta distribuição revela diferenças marcantes. Mais de 20% das mulheres em ocupações de direção e gerência e de nível superior não tinham filhos em 2000, enquanto entre as empregadas domésticas e mulheres no setor de serviços, esse valor é inferior a 10%. Além disso, nesses dois últimos grupos ocupacionais, a porcentagem de mulheres com 3 filhos e mais é muito superior aos demais, chegando a mais de 42% entre as empregadas domésticas e 32.5% entre aquelas no setor de serviços. Entre as mulheres do grupo de nível superior, esse percentual é de 9.5%.

(18)

Tabela 2

Distribuição percentual da parturição, segundo o grupo ocupacional, mulheres de 30 a 34 anos, Brasil 2000

Parturição Grupos ocupacionais 0 1 2 3+ Direção e gerência 21.0 30.3 34.5 14.2 Superior 28.2 33.0 29.3 9.5 Técnico-administrativo 18.0 33.0 34.3 14.7 Serviços 9.1 22.9 35.5 32.5 Produção 10.0 26.9 35.5 27.6 Empregada doméstica 6.7 19.6 31.1 42.7

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000.

No Gráfico 1 observa-se a TFT de cada grupo ocupacional. As taxas observadas reproduzem a distribuição da parturição. As empregadas domésticas, que apresentam o maior percentual de mulheres com 3 filhos e mais, têm a maior TFT, 2.4 filhos por mulher. Por outro lado, entre as mulheres alocadas no grupo de nível superior, onde 28% não têm filhos, a TFT é de 1.2 filhos em média. No geral, a TFT das mulheres trabalhadoras urbanas é baixa, sendo que em três grupos (direção e gerência, superior e técnico-administrativo) os níveis de fecundidade são baixíssimos.

Gráfico 1

Taxa de fecundidade total (TFT) segundo o grupo ocupacional, mulheres de 30 a 34 anos, Brasil 2000

2.4 1.2 1.5 1.5 1.9 2.1 Direção e gerência Superior Técnico-administrativo

Serviços Produção Empregada doméstica

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Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000.

A Tabela 3 apresenta a idade média ao ter os filhos, em cada ordem de parturição, segundo o grupo ocupacional da mulher. Observa-se mais uma vez, diferenças marcantes quando se comparam os grupos ocupacionais. Entre as mulheres no grupo de nível superior, a idade média ao se tornar mãe é de 25.3 anos, ao passo que entre as empregadas domésticas, a idade média é de 21.2 anos, uma diferença de 4.1 anos.

Tabela 3

Idade média ao ter os filhos, segundo grupo ocupacional, mulheres de 30 a 34 anos, Brasil 2000

Idade média ao ter os filhos Grupo ocupacional

Filho 1 Filho 2 Filho 3 Direção e gerência 23.8 25.7 26.6 Superior 25.3 27.0 27.3 Técnico-administrativo 23.9 25.8 26.5 Serviços 21.9 24.0 25.0 Produção 22.1 24.3 25.5 Empregada doméstica 21.2 23.2 24.5 Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000.

Ao separar as mulheres segundo o grupo ocupacional e a parturição (Tabela 4), observa-se que as médias de idade ao ter os filhos apresentam alterações interessantes. Para as mulheres com apenas um filho, as médias de idade são mais altas que as médias de idade ao ter o primeiro filho apresentadas na Tabela 3. Para as mulheres alocadas no grupo ocupacional de nível superior, a média ao ter o primeiro filho é de 27.4 anos, enquanto que entre as empregadas domésticas, essa média é de 24.3 anos, uma diferença de 3.1 anos.

À medida que aumenta a parturição, a idade média ao se tornar mãe declina, o que é esperado. Mesmo assim, entre as mulheres do grupo ocupacional de nível superior a média de idade é maior que as apresentadas pelas demais mulheres. Outro aspecto interessante apresentado pela Tabela 4 se refere à média de tempo entre os nascimentos (intervalo intergenésico). Ao se comparar todos os grupos ocupacionais, se observa que o tempo médio gasto para ter o filho subseqüente é praticamente o mesmo em todos os grupos. O tempo só varia significativamente no que se refere ao primeiro filho.

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Tabela 4

Idade média ao ter os filhos, segundo a parturição e grupo ocupacional, mulheres de 30 a 34 anos, Brasil, 2000

Direção e gerência Superior

Parturição Parturição Ordem de nascimento 1 2 3 1 2 3 1 26.3 22.7 20.3 27.4 24.1 21.3 2 * 26.8 22.9 * 27.9 23.9 3 * * 26.6 * * 27.3 Técnico-administrativo Serviços Parturição Parturição Ordem de nascimento 1 2 3 1 2 3 1 26.2 22.7 20.4 24.8 21.5 19.5 2 * 26.9 23.0 * 25.9 21.9 3 * * 26.4 * * 25.4

Produção Empregada doméstica Parturição Parturição Ordem de nascimento 1 2 3 1 2 3 1 24.9 21.5 19.5 24.3 21.0 19.3 2 * 25.9 21.9 * 25.1 21.5 3 * * 25.4 * * 24.5

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000.

Análise estatística do comportamento reprodutivo

Neste tópico descreve-se os resultados da regressão logística utilizados neste trabalho, onde se mediu a chance de se ter filho, e dado que se tem filho, a chance de ter uma parturição igual ou maior que três filhos, segundo o grupo ocupacional da mulher.

A Tabela 5 mostra as chances de uma mulher, segundo seu grupo ocupacional, se tornar mãe. Verifica-se no modelo 1 que caso a mulher esteja no grupo ocupacional de nível superior, a sua chance de ser mãe é 86% menor, quando comparada com o grupo de empregadas domésticas. Na presença das variáveis previdência e jornada de trabalho, as chances de se tornar mãe não apresentam modificações significativas (modelo 2), embora em todos os grupos ocupacionais se observa um aumento nas chances de se tornar mãe. Com a introdução das variáveis anos de estudo e cor/raça (modelo 3), todos os grupos ocupacionais apresentam um significativo aumento nas chances de se tornar mãe, quando comparados com o grupo de empregadas domésticas. O maior aumento é observado entre

(21)

as mulheres de direção e gerência, que passaram a apresentar uma chance 17% menor do as domésticas. No modelo 2, essa chance era 59% menor.

A inclusão da variável região geográfica praticamente não alterou as chances observadas no modelo 3. Ocorreu uma diminuição nas chances dos grupos direção e gerência, técnico-administrativo e serviços. Os demais grupos mantiveram as mesmas chances observadas no modelo 3.

Ao final, percebe-se que as mulheres alocadas no grupo ocupacional de nível superior têm as menores chances de se tornarem mães, quando comparadas com as empregadas domésticas, independentemente do modelo analisado. Um fato interessante é que a partir do modelo 2, as mulheres do grupo técnico-administrativo passaram a apresentar a segunda menor chance de se tornarem mães, deixando as mulheres alocadas na direção e gerência com a terceira menor chance.

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a partir de uma análise de regressão logística, para mulheres de 30 a 34 anos, Brasil 2000

Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4

Variáveis

DP Exp (B) DP Exp (B) DP Exp (B) DP Exp (B)

Grupo ocupacional (empregada doméstica)

Direção e gerência 0.042 0.30* 0.045 0.41* 0.049 0.83* 0.049 0.81*

Superior 0.034 0.14* 0.037 0.17* 0.042 0.38* 0.042 0.38*

Técnico-administrativo 0.035 0.31* 0.035 0.34* 0.040 0.71** 0.041 0.69*

Serviços 0.030 0.64* 0.030 0.67* 0.032 0.93* 0.032 0.91*

Produção 0.041 0.62* 0.041 0.66* 0.042 0.86* 0.042 0.86*

Previdência (não contribui)

Previdência 0.024 0.68* 0.025 0.81* 0.025 0.83*

Jornada de trabalho (parcial)

Integral 0.024 0.63* 0.024 0.64* 0.024 0.63*

Anos de estudo (analfabeto)

1 a 3 anos 1.09 0.074 1.11 4 a 7 anos 1.01 0.066 1.04 8 a 10 anos 0.69* 0.068 0.72* 11 e mais 0.32* 0.067 0.33* Cor/raça (negro) Branco 0.95** 0.024 1.02

Região geográfica (norte)

Nordeste 0.051 0.74* Sudeste 0.049 0.60* Sul 0.054 0.68* Centro-oeste 0.060 0.90*** Constante 0.024 18.23* 0.030 25.74* 0.066 29.53* 0.080 40.90* N 2.379.059

(23)

A Tabela 6 mostra a chance de uma mulher ter uma parturição de 3 ou mais filhos, segundo o grupo ocupacional. A opção em testar este modelo se deve ao fato da necessidade de se verificar a existência de diferenças entre os grupos ocupacionais no que se refere ao número de filhos tidos. As mulheres utilizadas nesta regressão têm pelo menos 1 filho.

No modelo 1, as chances de uma mulher alocada no grupo ocupacional de nível superior vir a ter 3 filhos ou mais é 80% menor se comparada com uma empregada doméstica. Ao controlarmos o modelo de regressão com as variáveis previdência e jornada de trabalho (modelo 2), observa-se um aumento mais significativo apenas entre as mulheres do grupo de nível superior. Se no modelo 1 a chance de ter 3 filhos ou mais era 80% menor, quando comparado com as empregadas domésticas, no modelo 2 essa chance é 76% menor.

A inclusão das variáveis anos de estudo e cor/raça (modelo 3), alteram significativamente as chances das mulheres terem 3 filhos ou mais. As chances aumentam em todos os grupos, mas permanece menor entre as mulheres ocupadas no grupo de nível superior. Já no modelo 4, com a inclusão da variável região geográfica, as chances de ter 3 filhos ou mais sofrem, novamente, uma alteração, mas ao contrário do modelo 3, as chances diminuem, quando comparadas com as empregadas domésticas.

Ao final, observa-se que todos os grupos ocupacionais têm uma chance menor de ter uma parturição elevada, se comparados com o grupo das empregadas domésticas.

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Tabela 6

Razão de chance de ter 3 filhos ou mais, segundo o grupo ocupacional,

a partir de uma análise de regressão logística, para mulheres de 30 a 34 anos, com filhos, Brasil 2000

Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4

Variáveis

DP Exp (B) DP Exp (B) DP Exp (B) DP Exp (B)

Grupo ocupacional (empregada doméstica)

Direção e gerência 0.035 0.28* 0.037 0.37* 0.039 0.82* 0.040 0.78*

Superior 0.037 0.20* 0.038 0.24* 0.041 0.59* 0.041 0.57*

Técnico-administrativo 0.025 0.32* 0.026 0.35* 0.029 0.79* 0.029 0.73*

Serviços 0.015 0.62* 0.015 0.65* 0.016 0.89* 0.016 0.84*

Produção 0.022 0.60* 0.022 0.61* 0.023 0.83* 0.024 0.81*

Previdência (não contribui)

Previdência 0.021 0.61* 0.022 0.77* 0.022 0.81*

Jornada de trabalho (parcial)

Integral 0.014 0.98*** 0.014 0.97*** 0.014 0.96**

Anos de estudo (analfabeto)

1 a 3 anos 0.033 0.83* 0.034 0.85* 4 a 7 anos 0.030 0.51* 0.031 0.54* 8 a 10 anos 0.033 0.32* 0.033 0.34* 11 e mais 0.034 0.18* 0.035 0.18* Cor/raça (negro) Branco 0.014 0.67* 0.014 0.75*

Região geográfica (norte)

Nordeste 0.029 0.65* Sudeste 0.027 0.48* Sul 0.031 0.45* Centro-oeste 0.032 0.53* Constante 0.011 0.94* 0.014 0.98 0.031 2.14* 0.039 3.69* N 2.037.778

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000.

(25)

5. Considerações finais

De acordo com os resultados da análise descritiva, existe uma diferença no regime reprodutivo dos grupos ocupacionais, mas, contudo, não se pode afirmar que determinada característica de um grupo ocupacional seja responsável direto pela fecundidade das mulheres desse grupo.

Nos grupos ocupacionais mais qualificados, principalmente entre os grupos de direção e gerência e nível superior, observa-se um grau de formalização das relações de trabalho maior. Este fato, apontado pela literatura corrente como possível fator explicativo para a baixa fecundidade, pode aumentar a incompatibilidade entre a participação no mercado de trabalho e a maternidade (Degraff e Anker, 2004). Ao mesmo tempo, a alta qualificação, reflexo da alta escolaridade, aumenta o custo de oportunidade de ter filhos dessas mulheres. Esse aumento pode fazer com que as mulheres passem a controlar mais efetivamente a maternidade, com o adiamento do primeiro filho e/ou a redução da parturição, mantendo-se atraentes para o mercado de trabalho (Hewllet, 2002; Mc Donald, 2001; Hoem e Hoem, 1989; Becker, 1981).

O que se pode dizer é que nos grupos ocupacionais de direção e gerência e nível superior encontramos as mulheres que, em média, retardam por mais tempo a entrada na maternidade e controlam a progressão da parturição. É provável que a preparação para ingressar nesses tipos de ocupação (via escolaridade) gera a postergação, e que as características dessas ocupações e os desafios do mercado de trabalho geram o controle da parturição. Desta forma que a seqüência entre os eventos relativos à parturição e à inserção no mercado de trabalho não são tão importantes, uma vez que o determinante dessa relação (ocupação/fecundidade) são as perspectivas tanto no mercado de trabalho quanto na parturição. Em outras palavras, este trabalho assume que, embora a definição da carreira profissional possa não preceder os eventos relativos à fecundidade, as mulheres podem, em grande medida, planejar a parturição em função das expectativas ocupacionais.

Entre os grupos ocupacionais menos qualificados, encontra-se um contingente maior de mulheres com poucos anos de estudo e com uma relação mais informal de trabalho. Essas duas características podem ser a pista para que se entenda o regime reprodutivo desse grupo ocupacional - idade mais baixa ao ter o primeiro filho e maior parturição/fecundidade.

(26)

A pouca escolaridade remete, quase que invariavelmente, aos piores trabalhos. Esses trabalhos normalmente remuneram mal e tendem a não ter um contrato formal. Não há, por parte dos trabalhadores, grandes incentivos, e nem motivos, para se investir em suas carreiras profissionais. O fato de estar, na maioria das vezes, sob um contrato informal, facilita a entrada e saída do mercado de trabalho. Esse fenômeno reduz significativamente a incompatibilidade entre as obrigações maternas e o trabalho. Quando necessário, a mulher se afasta do trabalho e retorna quando lhe convier, sem grandes perdas salariais, dado que o salário tende a ser mais baixo do que aquele no trabalho formal. Além disso, estes salários não aumentam com a experiência, e não há perdas do saber necessário para se reingressar na profissão. Nesse ambiente desfavorável, ter ou não filhos pode não ser uma grande questão, uma vez que o custo de oportunidade é baixo (England, 1991).

De acordo com os resultados das regressões, é muito provável que o grupo ocupacional da mulher influencie na chance de ter filhos e de ter uma parturição com três ou mais filhos. No grupo ocupacional de nível superior a chance é sempre menor, quando comparados com os demais grupos. Para essas mulheres, tal comportamento é respaldado pela provável incompatibilidade das atividades profissionais e maternais desses grupos (Hewllet, 2002; Spain e Bianchi, 1996), bem como o alto custo de oportunidade que estas mulheres enfrentam ao terem filhos (Engelhardt, Kögel e Prskawetz, 2004; Becker, 1981). Por outro lado, os grupos menos qualificados apresentaram, em média, as maiores chances de se ter uma alta parturição. Nesses grupos encontramos as menores porcentagens de mulheres com vínculos formais de trabalho. Além disso, como a qualificação é baixa, a recompensa financeira não é tão atrativa, e a entrada e saída no mercado de trabalho são relativamente fáceis. O fato de trabalhar pode não ser uma grande barreira à maternidade (United Nations, 1985).

Também é possível que a informação e o acesso aos métodos contraceptivos sejam limitados entre as mulheres desses grupos ocupacionais, o que pode favorecer as altas parturições e TFTs (Potter, 1999). Deve-se ressaltar que nos dois grupos de regressões, e em todos os modelos testados, as empregadas domésticas apresentaram, sempre, as maiores chances de terem filhos e de terem muitos filhos. Além disso, este é o grupo ocupacional com a menor média de anos de estudo, e com o menor percentual de contribuintes previdenciários.

(27)

A introdução da variável “escolaridade” nos modelos explica grande parte da redução da variabilidade entre os grupos ocupacionais (Lam e Durya, 1999). Apesar disso, o grupo ocupacional ainda demonstrou ter influência na chance das mulheres terem filhos e de terem uma parturição com três filhos ou mais.

Portanto, de acordo com os resultados, o grupo ocupacional da mulher parece influenciar tanto nas chances da mulher ter filhos como ter muitos filhos, seja via incompatibilidade de papéis e/ou custos de oportunidade (Favaro, 2004; Hewllet, 2002; McDonald, 2001; Anker, 1997; Villareal, 1996; England, 1991; Presser, 1989; Becker, 1981; Smith-Lovin e Tickameyer, 1978; Waite e Stolzenberg, 1976).

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(32)

(Anexo 1)

Tabela 7

Idade média das mulheres de 30 a 34 anos ao terem seus filhos, segundo a ordem de nascimento.

Parturição A B C D

1 22.8 22.8 22.1 22.7

2 25.0 25.1 24.4 24.9

3 26.0 26.1 25.6 25.9

Fonte: Censo Demográfico, 2000, IBGE.

A- Idade observada no Censo Demográfico 2000 (Mulheres com informação completa) B- Idade estimada (Mulheres com informação completa)

C- Idade estimada (Mulheres com informação incompleta)

D- Idade observada no Censo Demográfico 2000 (Mulheres com informação completa) mais Idade estimada (Mulheres com informação incompleta)

Referências

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