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POLÍTICAS PÚBLICAS E ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO

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Academic year: 2021

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ROMANOWSKI,Caroline Leonhardt- UFSM carolromanowski@yahoo.com.br

COSTA, Anelise dos Santos da- UFSM anysantoss19@gmail.com

DAL-FORNO, Letícia Fleig- UFSM lefleig@gmail.com

NEGRINI, Tatiane- UFSM tatinegrini@yahoo.com.br

Eixo Temático: Políticas Publicas e Gestão da Educação Agência Financiadora: Não contou com financiamento

Resumo

O seguinte trabalho tem como proposta promover um debate sobre como as políticas públicas educacionais nacionais estão relacionadas ao Atendimento Educacional Especializado de alunos com altas habilidades/ superdotação, e quais são os subsídios legais para que estas modalidades de atendimento ocorram transversalmente ao ensino regular e atendam estes sujeitos. Logo tem por objetivo expor e debater sobre as políticas públicas educacionais nacionais e as legislações e decretos que proporcionam os direitos destes alunos, para que estes direitos sejam conhecidos, reconhecidos e divulgados amplamente como também, exemplificar ao leitor quais são as políticas públicas, legislação e decretos vigentes que vem sendo utilizadas como justificativa da identificação e do estímulo dos alunos com altas habilidades/ superdotação, o que segundo Renzulli (2004), pesquisador norte-americano, descreve em sua teoria sobre o Programa de Enriquecimento Escolar que o mesmo resulta no reconhecimento das habilidades destes sujeitos. Como ocorre no projeto de extensão PIT – Programa de Incentivo ao Talento da Universidade Federal de Santa Maria- UFSM coordenado pela professora Drª Soraia Napoleão Freitas e pertencente ao Grupo de Pesquisa em Educação Especial: interação e inclusão social- GPESP. Sendo que através do que é exposto pela Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional (1996), pela Resolução nº2, de 11 de setembro de 2001 que institui as Diretrizes Nacionais Para a Educação Especial na Educação Básica e pelo Decreto nº 6.571, de 17 de setembro de 2008, que dispões sobre o atendimento educacional especializado, considera-se necessário o atendimento das necessidades educacionais especiais dos alunos que segundo a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) são também os alunos com altas habilidades/superdotação.

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Introdução

Antes de começarmos a discutir a respeito de políticas educacionais, é essencial termos uma descrição do conceito de políticas públicas, pois estas perpassam pelos vários setores da sociedade, dentre eles a educação.

Sendo assim, ao procurar a origem de tal conceito, foi possível perceber que ele origina-se das áreas Política e Administrativa, mas pode adaptar-se, como mencionado acima, à áreas diversas permitindo dessa forma a participação de uma equipe transdisciplinar estabelecendo uma relação entre campos diferenciados.

Políticas públicas compreendem um conjunto de ações, do Estado, voltadas para a garantia dos direitos sociais, bem como a orientação nas tomadas de decisões relativas a assuntos públicos. As intenções estabelecidas pelos atos realizados pelas políticas públicas buscam responder as necessidades de diversos grupos sociais. Tais necessidades dizem respeito a questões relativas à dignidade humana, como por exemplo, o direito a educação em que muitas pessoas são privadas de tais direitos por razões diversas e através de um projeto de políticas públicas tem a possibilidade de concretizar o que lhe é de direito.

Contudo, as ações estruturadas pelas políticas públicas são confundidas com ações político partidárias, ou seja, acredita-se que a implementação realizada pelas políticas públicas tem sua validade somente no período em que um dado governo cumpre mandato, e ao final deste todas as ações também terão fim. Sendo assim, há que se destacar que, as ações de um projeto de políticas públicas não são referentes somente a um governo, elas transcendem períodos, não apresentam um prazo de validade e os resultados obtidos ficam com a comunidade, diferentemente das ações político partidárias, que tem seu fim juntamente com o mandato do dirigente político.

Ainda, as políticas de governo são ações unilaterais que tem apenas a percepção do partido político da situação, enquanto que, segundo Giugliani (2007) as políticas públicas:

[...] são ações coordenadas com o objetivo público, isto é, coletivo. São políticas de Estado e não de governo e pressupõe uma capacidade de impacto no sentido da construção da cidadania. Existem para garantir os direitos humanos [...] e devem promover transformações sociais que trabalhem diretamente com a promoção da cidadania e provoquem a participação ativa da sociedade com a sua exceção e efetividade. (p. 6)

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A coordenação de políticas públicas em que está presente o direito a cidadania proporciona um desenvolvimento e, para além disso constitui-se um processo pedagógico/político no qual há uma aprendizagem da participação coletiva, bem como promoção da qualidade de vida, incentivando o cidadão a desenvolver seu próprio projeto, com vista ao desenvolvimento social.

Por isso o presente trabalho tem como proposta debater sobre as políticas públicas nacionais, relacionadas ao Atendimento Educacional Especializado de alunos com altas habilidades/superdotação, e quais os subsídios legais para as modalidades de atendimento destes alunos. Logo tem por objetivo expor e debater sobre as políticas públicas e as legislações que proporcionam os direitos dos alunos com altas habilidades/superdotação. Para que estes direitos sejam conhecidos e divulgados amplamente.

Também é importante salientarmos a relevância pedagógica do processo de implementação de um projeto de políticas públicas, ou seja, tal processo apresenta-se como um mecanismo pelo qual o cidadão tem acesso a conhecimentos relacionados à democracia apresentando-se como educação política.

O caráter transformador da implementação de políticas públicas visa à construção de uma sociedade que atente para os anseios dos variados grupos e instituições sociais lavando em consideração os interesses de todos. Por esta razão é que as políticas devem assumir um caráter de estado, haja vista que suas ações interferem e transformam, muitas vezes, a realidade social de grande parcela da sociedade.

A realidade social anteriormente referida, em relação a este trabalho, diz respeito a ações políticas publicas em educação, em que os Estado viabiliza decisões que buscam proporcionar a todos os cidadãos o direito a educação. Dessa forma, quando falamos no citado direito, muitos são os aparatos legais que buscam a garantia de uma educação de qualidade e extensiva a todos os cidadãos do território nacional, dentre os elementos que visam a legalidade de uma “educação para todos”, temos a LDB 9394/96, que nos traz em seus princípios e fins que segundo o Art. 3º o ensino será ministrado com base nos princípios de:

I – Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber;

III – Pluralismo de idéias e de condições pedagógicas;

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Sendo assim, para que o ensino segundo a legislação seja extensivo a todos os educandos do território nacional são necessárias ações que busquem articular medidas cujos objetivos visem a inclusão de todos no sistema educacional. Dessa forma, tratamos como objeto de estudo as políticas educacionais e de inclusão, manifestando claro interesse pela educação de alunos com Altas habilidades/ superdotação, bem como as medidas que garantam o direito de tais indivíduos a adaptações curriculares, a aceleração e ao atendimento especializado na rede regular de ensino.

Desenvolvimento

Segundo a proposta da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008) a educação especial é uma modalidade de ensino transversal ao ensino regular, que perpassa desde a educação infantil ao ensino médio bem como o ensino superior.

E nesta perspectiva da transversalidade, o educador especial deve, segundo o Projeto Político Pedagógico do curso em Licenciatura de Educação Especial da Universidade Federal de Santa Maria, 2004, ter competências para identificar as necessidades educacionais especiais dos alunos valorizando a educação inclusiva, condicionando a flexibilização da ação pedagógica nas áreas do conhecimento:

A educação inclusiva constitui um paradigma educacional fundamentado na concepção de direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença como valores indissociáveis, e que avança em relação a idéia de equidade formal ao contextualizar as circunstancias históricas da produção da exclusão dentro e fora da escola. (BRASIL, 2008, p.01)

Na Resolução nº2 de Setembro de 2001 declara-se que:

Art 3º. Por educação especial, modalidade da educação escolar, entende-se um processo educacional definido por uma proposta pedagógica que assegure recursos e serviços educacionais especiais, organizados institucionalmente para apoiar, complementar, suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos que apresentam necessidades educativas especiais, em todas as etapas e modalidades da educação básica.

Portanto, a educação especial trata-se de uma modalidade de atendimento que não mais equivale ao ensino regular, mas que se propõe a desenvolver o aluno com necessidades

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educacionais especiais juntamente ao ensino regular desde a educação infantil, sem necessariamente ser uma estimulação essencial.

São alunos com necessidades educacionais especiais os que apresentam, segundo o artigo 5º que consta na Resolução

nº 2, de setembro de 2001:

Consideram-se educandos com necessidades educacionais especiais os que, durante o processo educacional, apresentarem:

I - dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no processo de desenvolvimento que dificultem o acompanhamento das atividades curriculares, compreendidas em dois grupos:

a) aquelas não vinculadas a uma causa orgânica específica;

b) aquelas relacionadas a condições, disfunções, limitações ou deficiências;

II – dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos demais alunos, demandando a utilização de linguagens e códigos aplicáveis;

III - altas habilidades/superdotação, grande facilidade de aprendizagem que os leve a dominar rapidamente conceitos, procedimentos e atitudes.

Segundo a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva divulgada no ano de 2008 pelo Ministério da Educação e a Secretária de Educação Especial do Brasil, o conceito de necessidades educacionais especiais ressalta a interação das características individuais dos alunos com o ambiente educacional e social, chamando a atenção do ensino regular para o desafio de atender as diferenças.

Consideram-se alunos com deficiências àqueles que têm impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, que em interação com diversas barreiras podem ter restringida sua participação plena e efetiva na escola e na sociedade. Os alunos com transtornos globais do desenvolvimento são aqueles que apresentam alterações qualitativas das interações sociais recíprocas e na comunicação, um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo. Incluem-se neste grupo alunos com autismo, síndromes do espectro do autismo e psicose infantil. Alunos com altas habilidades/superdotação demonstram potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas isoladas e combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes. Também apresentam elevada criatividade, grande envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu interesse. Dentre os transtornos funcionais específicos estão: dislexia, disortografia, disgrafia, discalculia, transtorno de atenção e hiperatividade , entre outros. (BRASIL, 2008, p.09)

Para a Lei de Diretrizes e Bases quanto se trata do atendimento diferenciado aos alunos com deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, não se pode distanciar das propostas do Atendimento Educacional Especializado (AEE) que são previstas para o acompanhamento e atendimento educacional

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destes alunos. Considerando as políticas educacionais brasileiras que garantem a igualdade de direitos e de oportunidades a todos os alunos, o AEE é oferecido como umas das possibilidades de se garantir esta igualdade de direitos entre os cidadãos, e como uma forma de alcançar uma educação de melhor qualidade para estes sujeitos.

Além disso, este atendimento educacional especializado é oferecido como apoio aos alunos que encontram-se matriculados na rede regular de ensino, o que vem no sentido de complementar ou suplementar a sua educação, não o impedindo de estar participando do contexto escolar. De acordo com a Constituição Federal, esta garante o direito de todos à educação, com igualdade de acesso e permanência na escola, com a garantia de ensino fundamental obrigatório.

Não se pode deixar de citar que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96, em seus artigos 58, 59 e 60, tratam do atendimento diferenciado aos alunos da educação especial, esclarecendo sua disponibilidade a estes, com intuito não de substituir o ensino oferecido nas escolas regulares, mas com intuito de remover barreiras que estejam impedindo sua participação mais efetiva. Assim, o Atendimento Educacional Especializado se coloca como uma forma de disponibilização de recursos educacionais de apoio a estes alunos, proporcionando-lhe alternativas diferenciadas de atendimento, levando em consideração suas necessidades peculiares.

Em setembro de 2008, foi organizado o Decreto nº 6.571, o qual dispõe a respeito do Atendimento Educacional Especializado, e no qual são regulamentados alguns itens norteadores para este atendimento. O artigo 2º deste decreto menciona a respeito dos objetivos do AEE, estabelecendo estes como:

I - prover condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino regular aos alunos referidos no art. 1º; II - garantir a transversalidade das ações da educação especial no ensino regular; III - fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos que eliminem as barreiras no processo de ensino e aprendizagem; e IV - assegurar condições para a continuidade de estudos nos demais níveis de ensino. Além disso, neste decreto o Ministério da Educação/ MEC assegura que prestará apoio técnico e financeiro a algumas ações voltadas à oferta do Atendimento Educacional Especializado, conforme consta no artigo 3º, citando como algumas delas a implantação de salas de recursos multifuncionais; a formação continuada de professores para o atendimento educacional especializado; a formação de gestores, educadores e demais profissionais da

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escola para a educação inclusiva; a adequação arquitetônica de prédios escolares para acessibilidade; elaboração, produção e distribuição de recursos educacionais para a acessibilidade; e a estruturação de núcleos de acessibilidade nas instituições federais de educação superior.

Como se pode notar, existem propostas para este Atendimento Educacional Especializado para os alunos com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e para os alunos com altas habilidades/superdotação, sendo que estes últimos são o foco deste trabalho e sobre os quais está-se buscando pensar com maior aprofundamento, na tentativa de se debater a respeito das políticas para atendimento a eles.

Salienta-se que, assim como para os demais alunos citados, este Atendimento Educacional Especializado previsto na legislação é de muita relevância para a educação dos alunos com altas habilidades/superdotação, mesmo havendo um número reduzido de publicações a respeito deste tema, assim como ainda o assunto ser rodeado por alguns mitos que muitas vezes dificultam que sejam oferecidas oportunidades diferenciadas para estes alunos.

Um dos direitos que constam na lei nº 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Capitulo V da Educação Especial traz que:

Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais:

I – currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização especificas, para atender às suas necessidades;

II – terminalidade especifica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados. III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns;

IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora;

V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular.

O aluno com altas habilidades/superdotação tem o direito de ter adaptações curriculares e aceleração escolar, pois apresentam habilidades superiores nas áreas artísticas, intelectual ou psicomotora.

A aceleração, de acordo com Alencar e Fleith:

[...] significa cumprir o programa escolar em menos tempo. Muitas são as formas em que este método pode ser levado a efeito: uma delas é a admissão precoce na escola. Outra é permitir ao aluno “saltar” uma determinada série escolar, ou ainda outra é

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fazer em menos tempo, como, pó exemplo, durante as férias, uma determinada série (2001, p. 127).

Para ocorrer à aceleração é necessária uma atenção especial ao aluno, para que se possa pensar na melhor proposta para este, que vá ao encontro de suas necessidades, sem que este venha a ter prejuízos em outra área. Dessa forma, é preciso que a instituição, professores e familiares atentem para suas condições cognitivas, assim como para as condições emocionais, afetivas do aluno.

Também, no caso de ser tomada a decisão de ser realizada uma aceleração do aluno para uma série posterior, a escola deve dar suporte para que este acompanhe o novo grupo de colegas e os novos conteúdos, tendo em vista que não poderá posteriormente retroceder a série anterior.

Pode-se realizar também a aceleração em algumas áreas ou matérias específicas do currículo, o que permite ao aluno avançar nas áreas que possui maior facilidade, mas que permaneça na turma correspondente à sua faixa etária. Os autores propõem também que outra forma de aceleração é a compactação do currículo, ou seja, regular o currículo às necessidades dos alunos com características de altas habilidades/superdotação. Segundo Alencar e Fleith (2001, p. 131), esta forma de aceleração “visa retirar ou reduzir do currículo a ser desenvolvido conteúdo que os alunos já dominam ou que pode ser adquirido em um ritmo compatível com as habilidades dos alunos”.

Estas formas de aceleração devem ser pensadas tendo em vista as condições de cada aluno, e considerando os aspectos produtivos, assim como algum aspecto que pode prejudicar o aluno. Por isso, pode ser oferecido de diferentes maneiras, de acordo com o que se encaixa melhor na realidade do aluno e do ambiente escolar.

Tem-se também como disponibilização de recursos educacionais de apoio para os alunos com altas habilidades/superdotação o enriquecimento curricular que é uma abordagem educacional pela qual se oferece a criança experiências de aprendizagens diversas das que o currículo escolar normalmente apresenta. Ainda segundo Cupertino(2008) os elementos de questionamento para elaboração de um programa educacional para o enriquecimento são: o que ensinar e porquê; quando e onde podem ser obtidos esses ensinamentos; quem ensina e como; o quê, como e quando avaliar.

Para o pesquisador norte-americano Joseph Renzulli (2004) o enriquecimento é a opção mais encorajada entre os serviços educacionais oferecidos pelos programas, o modelo

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de enriquecimento escolar proposto pelo pesquisador inclui em sua aplicação a identificação, o treinamento de pessoal e os serviços oferecidos ao aluno.

O enriquecimento escolar proposto pelo referido autor apresenta-se em três fases pelas quais os alunos participantes desta proposta precisam e devem desenvolver seus interesses. Estas fases são denominadas como Tipo I, II e III, e são referentes aos modelos de atividades, avaliação e a equipe executora do programa. A diferença entre um nível e outro, ou seja, os tipos, estão correlacionadas com o tempo de participação do aluno com altas habilidades/superdotação, as técnicas e materiais utilizados e a profundidade de estudo e busca de informações oferecidas aos sujeitos participantes.

A Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação através dos Parâmetros Curriculares descreve a palavra currículo como, segundo Sá (sem data) tem origem em curriculum que significa pista de corrida. Dessa forma, quando falamos em currículo escolar, estamos nos referindo à caminhada que o professor constrói para que seus alunos a percorram (PCN). Também no documento supracitado explicita-se o conceito de adaptações curriculares, consideradas como:

[...] estratégias e critérios de atuação docente, admitindo decisões que oportunizam adequar a ação educativa escolar às maneiras peculiares de aprendizagem dos alunos, considerando que o processo de ensino-aprendizagem pressupõe atender à diversificação de necessidades dos alunos na escola (MEC/SEESP/SEB, 1998, p. 15).

As adaptações curriculares, são modificações do planejamento, objetivos, atividades e formas de avaliação, no currículo como um todo, ou em aspectos dele, para melhor atender todos os alunos em suas especificidades dentre eles os alunos em necessidades especiais.

A realização de adaptações curriculares é o caminho para o atendimento às necessidades específicas de aprendizagem dos alunos. No entanto, identificar essa singularidade requer que os sistemas educacionais modifiquem não apenas as suas atitudes e expectativas em relação a esses alunos, mas que se organizem para construir uma real escola para todos, que dê conta dessas especificidades.

Nesta busca em reconhecer a singularidade destes sujeitos com altas habilidades/superdotação que o projeto de pesquisa “Programa de Incentivo ao Talento - PIT” da Universidade Federal de Santa Maria, sobre a coordenação da Professora Doutora Soraia Napoleão Freitas, se propõe á reconhecer onde estão estes alunos no ensino regular do

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município, bem como buscar uma forma de atendimento educacional especializado para a promoção e estimulo de suas capacidades e habilidades.

O referido projeto não se utiliza da aceleração como proposta pedagógica, mas o enriquecimento escolar, que segundo Renzulli (2004) se refere a propor um ambiente em que os saberes destes sujeitos são reconhecidos, estimulados e aprofundados numa busca de interesses, ou em pares ou isolada.

A inclusão de alunos com necessidades especiais na classe regular implica o desenvolvimento de ações adaptativas, visando à flexibilização do currículo, para que ele possa ser desenvolvido de maneira efetiva em sala de aula, e atender as necessidades individuais de todos os alunos. De acordo com o MEC/SEESP/SEB (1998), essas adaptações curriculares realizam-se em três níveis:

Adaptações no nível do projeto pedagógico (currículo escolar) que devem focalizar, principalmente, a organização escolar e os serviços de apoio, propiciando condições estruturais que possam ocorrer no nível de sala de aula e no nível individual.

Adaptações relativas ao currículo da classe, que se referem, principalmente, à programação das atividades elaboradas para sala de aula.

Adaptações individualizadas do currículo, que focalizam a atuação do professor na avaliação e no atendimento a cada aluno. (p.40)

Conclusão

A Educação Inclusiva, entendida sob a dimensão curricular, significa que o aluno com necessidades especiais deve fazer parte da classe regular, aprendendo as mesmas coisas que os outros – mesmo que de modos diferentes – cabendo ao professor fazer as necessárias adaptações (UNESCO, s/d). Essa proposta difere das práticas tradicionais da Educação Especial que, ao enfatizar o déficit do aluno, acarretam a construção de um currículo empobrecido, desvinculado da realidade afetivo-social do aluno e da sua idade cronológica, com planejamento difuso e um sistema de avaliação precário e indefinido.

As políticas dos sistemas de ensino devem prever a eliminação das barreiras à educação dos alunos com necessidades educacionais especiais, promovendo a participação a partir de novas relações pedagógicas centradas nos modos de aprender das diferentes crianças e jovens, e de relações sociais, que valorizam a diversidade em todas as atividades, espaços e formas de convivência e trabalho. (VIRGOLIM, 2008, p.08)

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Quando nos propomos a construção de um programa de enriquecimento estamos assim aplicando as ações de políticas públicas, legislação e decretos no contexto educacional, ou seja, permitindo com que o aluno com altas habilidades/superdotação, que é o foco deste trabalho, usufrua de seus direitos e possa além de se desenvolver no ensino regular também explorar, vivenciar e somar aos seus conhecimentos suas áreas de interesse, mesmo estas não sendo as mesmas do currículo escolar.

Portanto, o Programa de Incentivo ao Talento- PIT, projeto de extensão da Universidade Federal de Santa Maria já citado, baseia-se nas referidas políticas públicas educacionais para promover ações previstas em decretos e leis para suprir as necessidades educacionais especiais e seus direitos humanos para um melhor atendimento escolar- o Atendimento Educacional Especializado- bem como garantir que suas habilidades e capacidades sejam reconhecidas na promoção de uma educação mais qualificada aos seus interesses pessoais.

REFERÊNCIAS

ALENCAR, Eunice Soriano de; FLEITH, Denise de Souza. Superdotados: determinantes, educação e ajustamento. 2ª edição. São Paulo: EPU, 2001.

BRASIL. Lei 9394 – LDB – Lei das Diretrizes e Bases da Educação, de 20 de dezembro de 1996.

______. Parâmetros Curriculares Nacionais- Adaptações Currrículares- Educação Especial. Brasília: MEC, 1998.

______. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. MEC/SEESP, Brasília, 2008.

_______. Resolução nº2 de 11 de setembro de 2001. Lei de Diretrizes e Base da Educação-LDB. Legislação Educação Especial.

______. Decreto nº 6.571, de 17 de setembro de 2008, que dispões sobre o atendimento educacional especializado.

RENZULLI, Joseph S. O Que é Esta Coisa Chamada Superdotação, e Como a Desenvolvemos? Uma retrospectiva de vinte e cinco anos. In: Revista Educação. Porto Alegre – RS, Ano XXVII, n. 1 (52), Jan./Abr. 2004.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA. UFSM. Universidade de Santa Maria.

Rio Grande do Sul, 2007. Disponível em:

http://w3.ufsm.br/prograd/cursos/LICENCIATURA%20EDUCACAO%20ESPECIAL/. Acesso em: 23/07/2009.

Referências

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