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Evangelho segundo S. Mateus 13,1-23. cf.par. Mc 4,1-20; Lc 8,4-15

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Evangelho segundo S. Mateus 13,1-23. – cf.par. Mc 4,1-20; Lc 8,4-15

Naquele dia, Jesus saiu de casa e sentou-se à beira-mar. Reuniu-se a Ele uma tão grande multidão, que teve de subir para um barco, onde se sentou, enquanto toda a multidão se conservava na praia. Jesus falou-lhes de muitas coisas em parábolas: «O semeador saiu para semear. Enquanto semeava, algumas sementes caíram à beira do caminho: e vieram as aves e comeram-nas. Outras caíram em sítios pedregosos, onde não havia muita terra: e logo

brotaram, porque a terra era pouco profunda; mas, logo que o sol se ergueu, foram queimadas e, como não tinham raízes, secaram. Outras caíram entre espinhos: e os espinhos cresceram e sufocaram-nas. Outras caíram em terra boa e deram fruto: umas, cem; outras, sessenta; e outras, trinta. Aquele que tiver ouvidos, oiça!» Aproximando-se de Jesus, os discípulos disseram-lhe: «Porque lhes falas em parábolas?» Respondendo, disse-lhes: «A vós é dado conhecer os mistérios do Reino do Céu, mas a eles não lhes é dado. Pois, àquele que tem, ser-lhe-á dado e terá em abundância; mas àquele que não tem, mesmo o que tem lhe será tirado. É por isso que lhes falo em parábolas: pois vêem, sem ver, e ouvem, sem ouvir nem

compreender. Cumpre-se neles a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, mas não compreendereis; e, vendo, vereis, mas não percebereis. Porque o coração deste povo tornou se-duro, e duros também os seus ouvidos; fecharam os olhos, não fossem ver com os olhos, ouvir com os ouvidos, compreender com o coração, e converter-se, para Eu os curar. Quanto a vós, ditosos os vossos olhos, porque vêem, e os vossos ouvidos, porque ouvem. Em verdade vos digo: Muitos profetas e justos desejaram ver o que estais a ver, e não viram, e ouvir o que estais a ouvir, e não ouviram.» «Escutai, pois, a parábola do semeador. Quando um homem ouve a palavra do Reino e não compreende, chega o maligno e apodera-se do que foi semeado no seu coração. Este é o que recebeu a semente à beira do caminho. Aquele que recebeu a semente em sítios pedregosos é o que ouve a palavra e a acolhe, de momento, com alegria; mas não tem raiz em si mesmo, é inconstante: se vier a tribulação ou a perseguição, por causa da palavra, sucumbe logo. Aquele que recebeu a semente entre espinhos é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo e a sedução da riqueza sufocam a palavra que, por isso, não produz fruto. E aquele que recebeu a semente em boa terra é o que ouve a palavra e a compreende: esse dá fruto e produz ora cem, ora sessenta, ora trinta.»

Catecismo da Igreja Católica § 101-105,108

"Aquele que recebeu a semente em terra boa é o homem que escuta a Palavra e a compreende" (Mt 13,23)

Na sua bondade condescendente, para Se revelar aos homens. Deus fala-lhes em palavras humanas: «As palavras de Deus, com efeito, expressas por línguas humanas, tornaram-se semelhantes à linguagem humana, tal como outrora o Verbo do eterno Pai se assemelhou aos homens assumindo a carne da debilidade humana» (Vaticano II, Dei Verbum 13).

Através de todas as palavras da Sagrada Escritura, Deus não diz mais que uma só Palavra, o seu Verbo único, em quem totalmente Se diz (He 1,1-3): «Lembrai-vos de que o discurso de Deus que se desenvolve em todas as Escrituras é um só e um só é o Verbo que Se faz ouvir na boca de todos os escritores sagrados, o qual, sendo no princípio Deus junto de Deus, não tem necessidade de sílabas, pois não está sujeito ao tempo» (Santo Agostinho).

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Por esta razão, a Igreja sempre venerou as divinas Escrituras tal como venera o Corpo do Senhor. Nunca cessa de distribuir aos fiéis o Pão da vida, tornado à mesa quer da Palavra de Deus, quer do Corpo de Cristo (DV,21).

Na Sagrada Escritura, a Igreja encontra continuamente o seu alimento e a sua força, porque nela não recebe apenas uma palavra humana, mas o que ela é na realidade: a Palavra de Deus (1Tes 2,13). «Nos livros sagrados, com efeito, o Pai que está nos Céus vem amorosamente ao encontro dos seus filhos, a conversar com eles» (DV, 21).

Deus é o autor da Sagrada Escritura. «A verdade divinamente revelada, que os livros da Sagrada Escritura contêm e apresentam, foi registada neles sob a inspiração do Espírito Santo» (DV, 11).

«Com efeito, a santa Mãe Igreja, segundo a fé apostólica, considera como sagrados e canónicos os livros completos do Antigo e do Novo Testamento com todas as suas partes, porque, escritos por inspiração do Espírito Santo, têm Deus por autor, e como tais foram confiados à própria Igreja».

No entanto, a fé cristã não é uma «religião do Livro». O Cristianismo é a religião da

«Palavra» de Deus, «não duma palavra escrita e muda, mas do Verbo encarnado e vivo» (S. Bernardo). Para que não sejam letra morta, é preciso que Cristo, Palavra eterna do Deus vivo, pelo Espírito Santo, nos abra o espírito à inteligência das Escrituras (Lc 24,45).

S. João Crisóstomo (cerca de 345 - 407), bispo de Antioquia, depois de Constantinopla, doutor da Igreja

Homilias sobre Mateus, 44

"Cairam em terra boa e deram fruto"

"Saíu o semeador para semear". Donde é que ele saíu, aquele que está presente em toda a parte, que enche todo o universo? Como saíu ele? Não materialmente, mas por uma

disposição da sua providência a nosso respeito: aproximou-se de nós revestindo-se da nossa carne. Uma vez que não podíamos ir até ele, porque os nossos pecados impediam o acesso, foi ele que veio até nós. E porque é que saíu? Para destruir a terra onde abundavam os espinhos? Para castigar os cultivadores? De modo nenhum. Veio cultivar essa terra, ocupar-se dela e nela semear a palavra da santidade. Porque a semente de que fala é, na verdade, a sua doutrina; o campo é a alma do homem; o semeador é ele próprio...

Teríamos razão em censurar um cultivador que semeasse com tanta abundância... Mas, quando se trata de coisas da alma, a pedra pode ser transformada em terra fértil, o caminho pode não ser pisado por todos os transeuntes e tornar-se um campo fecundo, os espinhos podem ser arrancados e permitir aos grãos que cresçam com toda a tranquilidade. Se isso não fosse possível, ele não teria lançado a semente. E, se a transformação não se realizou, não é por culpa do semeador, mas daqueles que não quiseram deixar-se transformar. O semeador fez o seu trabalho. Se a semente se perdeu, o autor de tão grande benefício disso não é responsável.

Nota bem que há várias maneiras de perder a semente... Uma coisa é deixar a semente da palavra de Deus secar sem tribulações e sem cuidado, outra é vê-la sucumbir sob o choque das tentações... Para que não nos aconteça nada de semelhante, gravemos a palavra na nossa memória, com ardor e seriedade. Por muito que o diabo arranque à nossa volta, teremos força

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suficiente para que ele não arranque nada dentro de nós.

São Pedro Crisólogo (c. 406-450), bispo de Ravena, doutor da Igreja Sermão 147

“Muitos profetas e justos desejaram ver o que vós vedes”

Quando viu o mundo transtornado pelo medo, Deus pôs em acção o seu amor para o chamar a Si, a sua graça para o convidar, o seu afecto para o abraçar. Aquando do dilúvio, […] chama Moisés a gerar um mundo novo, encoraja-o por meio de doces palavras, dá-lhe uma confiança de predilecto, instrui-o com bondade sobre o presente e consola-o com a sua graça

relativamente ao futuro. […] Participa no seu labor e encerra na arca o germe do mundo inteiro, a fim de que o amor pela sua aliança banisse o medo. […]

Em seguida, Deus chama Abraão do meio das nações, eleva o seu nome e faz dele pai dos crentes. Acompanha-o pelo caminho, protege-o no estrangeiro, cumula-o de riquezas, honra-o com vitórias, confirma-o com as suas promessas, arranca-o às injustiças, consola-o na sua hospitalidade e maravilha-o com um nascimento inesperado, a fim de que, atraído pela doçura do amor divino, ele aprenda a […] adorar a Deus amando-O e já não temendo-O.

Mais tarde, Deus consola Jacob em fuga por meio de sonhos. No regresso, provoca-o para um combate e, durante a luta, estreita-o nos braços, a fim de que ele ame o pai dos combates e deixe de O temer. Depois, chama Moisés e fala-lhe com o amor de um pai, para o convidar a libertar o seu povo.

Em todos estes acontecimentos, a chama da caridade divina abrasou o coração dos homens […] e estes, de alma ferida, começaram a desejar ver a Deus com os olhos da carne. […] O amor não admite não ver aquilo que ama. Não é verdade que todos os santos consideraram pouca coisa tudo quanto obtinham quando não viam a Deus? […] Que ninguém pense, pois, que Deus fez mal em vir ter com os homens por meio de um homem. Ele tomou carne entre nós para ser visto por nós.

Santa Teresa de Ávila (1515-1582), carmelita, Doutora da Igreja Exclamações, nº 8

«Os cuidados deste mundo e a sedução da riqueza sufocam a palavra»

Senhor, meu Deus, as Tuas palavras são palavras de vida, onde todos os mortais encontram aquilo que desejam, desde que aceitem procurá-lo. Mas será de espantar, meu Deus, que esqueçamos as Tuas palavras, tomados como somos pela loucura e a languidez que são consequência das nossas más acções? Oh meu Deus [...], autor de toda a criação, o que seria esta criação se Tu quisesse, Senhor, criar ainda mais? Tu és omnipotente, as Tuas obras são incompreensíveis. Faz, Senhor, com que as Tuas palavras nunca se afastem do meu

pensamento.

Tu disseste: «Vinde a Mim todos os que estais cansados e oprimidos e Eu vos aliviarei» (Mt 11, 28). Que mais queremos nós, Senhor? Que mais pedimos? Que mais procuramos? Por que

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será que as gentes do mundo se perdem, a não ser porque andam em busca da felicidade? Oh meu Deus [...], que cegueira tão profunda! Procuramos a felicidade onde é impossível encontrá-la.

Oh Criador, tem piedade das Tuas criaturas! Repara que, sozinhos, não compreendemos, não sabemos aquilo que desejamos, escapa-nos aquilo que pedimos. Dá-nos luz, Senhor! Vê que temos mais necessidade dela do que o cego de nascença. Ele desejava ver a luz e não era capaz, e agora, Senhor, as pessoas recusam-se a ver. Haverá mal mais incurável do que esse? Será aqui, meu Deus, que ressoará o Teu poder, aqui que brilhará a Tua misericórdia. [...] Peço-Te que me concedas amar aqueles que não Te amam, abrir a porta àqueles que não batem, dar a saúde àqueles que gostam de estar doentes. [...] Tu disseste, Mestre meu, que tinhas vindo para os pecadores (Mt 9, 13); ei-los, Senhor! E tu, meu Deus, esquece a nossa cegueira, considera apenas o sangue que o Teu Filho derramou por nós. Que a Tua

misericórdia resplandeça no seio de semelhante infelicidade; lembra-Te, Senhor, de que somos obra Tua e salva-nos pela Tua bondade, pela Tua misericórdia.

Catecismo da Igreja Católica § 101-105, 108

"O que recebeu a semente na boa terra é o homem que ouve a Palavra e a compreende" (Mt 13,23)

Cristo, palavra única da Sagrada Escritura

Na condescendência da sua bondade, Deus, para se revelar aos homens, fala-lhes com palavras humanas: "Na verdade, as palavras de Deus, expressas em línguas humanas, assemelharam-se à linguagem humana, tal como o Verbo do Pai eterno, tendo assumido a fragilidade da nossa carne, se tornou semelhante aos homens" (Vaticano II, DV 13). Através de todas as palavras da Sagrada Escritura, Deus diz uma única palavra, o seu Verbo único em que Ele se revela totalmente (He 1,1-3): "Recordai-vos que é uma mesma Palavra de Deus que atravessa todas as Escrituras, que é um mesmo Verbo que ressoa na boca de todos os escritores sagrados, o mesmo que, sendo no princípio Deus junto de Deus, não precisa de sílabas porque não se submeteu ao tempo" (Santo Agostinho).

Por esta razão, a Igreja sempre venerou as divinas escrituras tal como venera o Corpo de Senhor. Não cessa de apresentar aos fiéis o Pão da Vida tomado na mesa da Palavra de Deus e do Corpo de Cristo (DV 21). Na Sagrada Escritura, a Igreja encontra constantemente o seu alimento e a sua força porque, nela, não acolhe apenas uma palavra humana mas o que ela é realmente: a Palavra de Deus (1 Tes 2,13). "Com efeito, nos Livros Santos, o Pai que está nos Céus vem com ternura ao encontro dos seus filhos e começa a conversar com eles" (DV 21). Deus é o autor da Sagrada Escritura. "A verdade revelada por Deus, que os livros da Sagrada Escritura contêm e apresentam, foi neles consignada sob a inspiração do Espírito Santo" (DV 11)...

Contudo, a fé cristã não é uma "religião do Livro". O cristianismo é a religião da "Palavra" de Deus, "não de um verbo escrito e mudo, mas do Verbo incarnado e vivo" (S. Bernardo). Para que as Letras Sagradas não se tornem letra morta, é preciso que Cristo, Palavra eterna do Deus vivo, nos "abra o espírito à inteligência das Escrituras" (Lc 24,45) por acção do Espírito Sant o.

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Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África) e doutor da Igreja Comentário sobre o Salmo 118 (sermão 20)

"Muitos profetas e justos desejaram ver o que vós vedes"

O Povo de Deus, antes de a Virgem ter concebido, contou com santos que desejavam a vinda de Cristo na carne. Nos tempos que vivemos, a partir da Ascensão, esse mesmo Povo de Deus conta com outros santos, que desejam a manifestação de Cristo para julgar os vivos e os mortos. Nunca, desde o princípio até ao fim dos tempos, esta espera da Igreja conheceu a mínima paragem, excepto durante o tempo em que o Senhor viveu sobre a terra na companhia dos seus discípulos. Desta forma, é o Corpo de Cristo, todo ele, gemendo durante esta vida, que ouvimos cantar no salmo 118: "A minha alma anseia pela tua salvação, eu espero na tua palavra" (v.81). A sua palavra é a promessa, e a esperança permite aguardar na paciência aquilo que os crentes ainda não vêem.

S. João Crisóstomo (cerca de 345-407), bispo de Antioquia e depois de Constantinopla, doutor da Igreja

Homilia sobre Lázaro

"Quem tiver ouvidos ouça!"

Um semeador foi semear o seu grão e uma parte caíu ao longo do caminho, outra na terra boa. Três partes perderam-se, só uma deu fruto. Mas o semeador não deixou de semear o seu campo; bastou-lhe que uma parte fosse conservada para não suspender o seu trabalho. Neste momento, é impossível que o grão que eu lanço no meio de tão vasto auditório não venha a germinar. Se nem todos escutam, um terço escutará; se não for um terço, será um décimo; se mesmo um décimo não escutasse, desde que um único membro desta numerosa assembleia escute, eu não deixarei de falar.

Não é assim tão pouco a salvação de uma só ovelha. O Bom Pastor deixou as outras noventa e nove para ir a correr atrás da ovelha que se teria perdido (Lc 15,4). Eu não poderia desprezar quem quer que fosse. Mesmo se for só um, é sempre um homem, esse ser tão querido por Deus. Mesmo se for um escravo, não desdenharei dele; porque não procuro a condição social mas o valor pessoal, não o poder ou a servidão, mas um homem. Mesmo que só haja um, será sempre um homem, aquele para quem o sol, o ar, as fontes e o mar foram criados, os profetas enviados, a Lei dada. Será sempre aquele ser por quem o Filho único de Deus se fez homem. O meu Mestre foi imolado, o seu sangue foi derramado, e eu ousaria desprezar quem quer que fosse?...

Não, não deixarei de semear a palavra, mesmo que ninguém me escutasse. Sou médico, proponho o remédio. Devo ensinar, foi-me dada ordem de instruir, porque está escrito: "Estabeleci-te como sentinela sobre a casa de Isreal" (Ez 3,17).

Evangelho segundo S. Mateus 13,10-17.

Aproximando-se de Jesus, os discípulos disseram-lhe: «Porque lhes falas em parábolas?» Respondendo, disse-lhes: «A vós é dado conhecer os mistérios do Reino do Céu, mas a eles não lhes é dado. Pois, àquele que tem, ser-lhe-á dado e terá em abundância; mas àquele que não tem, mesmo o que tem lhe será tirado. É por isso que lhes falo em parábolas: pois vêem, sem ver, e ouvem, sem ouvir nem compreender. Cumpre-se neles a profecia de Isaías, que diz:

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Ouvindo, ouvireis, mas não compreendereis; e, vendo, vereis, mas não percebereis. Porque o coração deste povo tornou se-duro, e duros também os seus ouvidos; fecharam os olhos, não fossem ver com os olhos, ouvir com os ouvidos, compreender com o coração, e converter-se, para Eu os curar. Quanto a vós, ditosos os vossos olhos, porque vêem, e os vossos ouvidos, porque ouvem. Em verdade vos digo: Muitos profetas e justos desejaram ver o que estais a ver, e não viram, e ouvir o que estais a ouvir, e não ouviram.»

S. Justino (cerca 100-160), filósofo, mártir Primeira apologia, 1.30-31

«Muitos profetas e justos desejaram ver o que vocês vêem»

Ao imperador Adriano, César Augusto e a Veríssimo, seu filho filósofo, e a Lício, filósofo, e ao Senado e a todo o povo romano, em favor dos homens de todas as raças que sã

injustamente odiados e perseguidos, sendo eu um deles, Justino, de Néapolis [Nablus] na Síria da Palestina, dirijo este discurso...

Argumenta-se que aquele que nós chamamos o Cristo é apenas um homem, nascido de um homem, que os prodígios que lhe atribuímos são devidos a artes mágicas e que ele conseguiu fazer-se passar por Filho de Deus. A nossa demonstração não se apoiará sobre dizeres, mas sobre as profecias feitas antes dos acontecimentos, nas quais devemos necessariamente acreditar: porque vimos e vemos ainda realizar-se aquilo que foi profetizado...

Houve nos judeus profetas de Deus pelos quais o Espírito profético anunciou antecipadamente acontecimentos futuros. As suas profecias foram cuidadosamente guardadas tal como haviam sido proferidas, pelos sucessivos reis da Judeia nos livros escritos em hebreu pela mão dos profetas...

Ora, nós lemos nos livros dos profetas que Jesus, nosso Cristo, devia vir, que ele nasceria de uma virgem, que ele apareceria com o aspecto de homem, que curaria toda a doença e toda a enfermidade, que ressuscitaria os mortos, que ignorado e perseguido, seria crucificado, que morreria, que ressuscitaria e subiria ao céu, que é e será reconhecido Filho de Deus, que enviaria alguns a anunciar estas coisas ao mundo e que seriam sobretudo os pagãos que acreditariam nele. Estas profecias foram feitas cinco mil, dois mil, mil, oitocentos anos antes da sua vinda porque os profetas sucederam-se uns aos outros de geração em geração.

Jean Tauler (cerca 1300-1361), dominicano em Estrasburgo Sermão 53

"Felizes os vossos olhos porque vêem"

Nosso Senhor disse: "Muitos profetas e reis quiseram ver o que vedes e não o viram". Por profetas, há que entender os grandes espíritos subtis e bem pensantes, que se agarram à subtileza da sua razão natural e dela se orgulham. Esses olhos não são felizes. Por reis, há que entender os homens com veia de mestres, com energia forte e potente, que são senhores de si mesmos, das suas palavras, das suas obras, da sua língua e que podem fazer tudo o que querem em matéria de jejuns, de vigílias, de orações. E dão-lhe grande importância, como se

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isso fosse algo de extraordinário, desprezando os outros. Os seus olhos também não vêem o que os possa fazer felizes.

Todos esses queriam ver e não viram. Queriam ver e ficaram presos à sua própria vontade... A vontade própria tapa os olhos interiores tal como uma membrana ou uma película tapa os olhos exteriores, impedindo-os de ver... Todo o tempo que permaneças na tua vontade própria, ficarás privado da alegria de ver com os olhos interiores. Porque toda a verdadeira felicidade vem do verdadeiro abandono, do desprendimento da vontade própria. No fundo, tudo isso nasce da humildade... Quanto mais se é pequeno e humilde, menos vontade própria se tem.

Quando tudo está pacificado, a alma vê a sua própria essência e todas as suas faculdade; ela reconhece-se como a imagem real d'Aquele de quem saíu. Os olhos que mergulham até esse nível podem verdadeiramente ser chamados bem-aventurados, por causa do que vêem.

Descobre-se então a maravilha das maravilhas, o que há de mais puro, de mais seguro - aquilo que menos nos pode ser tirado... Possamos nós seguir este caminho e ver de tal forma que os nossos olhos sejam bem-aventurados. Que Deus assim nos ajude!

Pregador do Papa convida a descobrir a verdadeira ecologia

Padre Raniero Cantalamessa comenta as leituras do próximo domingo

ROMA, sexta-feira, 8 de julho de 2005 (ZENIT.org).- Publicamos o comentário do padre Raniero Cantalamessa OFM Cap --pregador da Casa Pontifícia-- às leituras do próximo domingo (Is 55,10-11; Sal 64,10-14; Rm 8,18-23; Mt 13, 1-23).

* * *

Mateus (13, 1-23)

Naquele dia, saiu Jesus de casa e sentou às margens do mar. E se reuniu tanta gente junto a ele que teve de subir para sentar-se em uma barca, e todo o povo ficava na margem. E lhes falou muitas coisas em parábolas. Dizia: «Uma vez saiu um semeador para semear. E, ao semear, umas sementes caíram ao longo do caminho; vieram as aves e as comeram [...]. Outras caíram em terra boa e deram fruto, uma cem, outra sessenta, outra trinta. Quem tiver ouvidos, ouça». A Criação à espera

Na segunda leitura, do Apóstolo Paulo, lemos: «A criação... foi submetida à caducidade --não espontaneamente, mas por aquele que a submeteu-- na esperança de ser libertada da

escravidão da corrupção para participar da gloriosa liberdade dos filhos de Deus. A criação inteira geme até o presente e sofre dores de parto».

Este texto famoso fala-nos de uma solidariedade, no bem e no mal, entre o homem e a criação. Juntos gemem, juntos esperam; o gemido do homem é fruto da corrupção de sua liberdade, o da criação é participação no destino do homem. Estamos ante o texto da Escritura mais próximo ao que hoje se entende por ecologia e proteção da criação, e é este tema ao qual queremos dedicar nossa reflexão, para tentar tirar à luz o fundamento bíblico.

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partir de Deus. A primeira tem no centro o homem. Neste caso, não há tanta preocupação das coisas por si mesmas, como em função do homem: pelo dano irreparável que o esgotamento, ou a contaminação, do ar, da água e o desaparecimento de certas espécies animais ocasionarão à vida humana no planeta. É uma ecologia que se pode resumir no lema: «Salvemos a

natureza e a natureza nos salvará».

Esta ecologia é boa, mas muito precária. Os interesses humanos variam, de fato, de nação em nação, de um hemisfério a outro, e é difícil que se ponham todos de acordo. Viu-se a

propósito do famoso buraco na camada de ozônio. Agora nos percebemos de que certos gases prejudicam o ozônio e queríamos por um limite a refrigeradores, aerossóis e coisas pelo estilo nas quais tais gases se empregam. Mas nos países em vias de desenvolvimento, que só agora chegam a dotar-se destas comodidades, respondem-nos justamente que é demasiado cômodo exigir deles estas renúncias, quando nós desde há tempo nos pusemos a salvo.

Por isso, é necessário encontrar na ecologia um fundamento mais sólido. E este só pode ser de natureza religiosa. A fé ensina-nos que devemos respeitar a criação não só por interesses egoístas, para não danificar a nós mesmos, mas porque a criação é nossa. É verdade que ao princípio Deus disse ao homem que «dominasse» a Terra, mas em dependência dele, de sua vontade, como administrador, não como amo absoluto. Ele ordena «lavrar e cuidar» do jardim (Gen 2,15); o homem é, portanto, guardião, não dono da Terra. Entre ele e as coisas há mais uma relação de solidariedade e de fraternidade que de domínio. Havia compreendido bem tudo isto São Francisco de Assis, que chamava irmão ou irmã todas as criaturas: o sol, a lua, as flores, a terra, a água.

Estamos em pleno verão europeu, tempo de férias. O que estamos dizendo pode-nos ajudar a passar as férias mais belas e mais sadias. O melhor modo de descansar o corpo e o espírito não é passar os dias amontoados uns aos outros nas praias e logo à noite apertados em locais e discotecas, continuando assim, em outro meio, a mesma vida artificial e caótica que se leva no restante do ano. Devemos sim buscar o contato com a natureza, momentos em que nos

sintamos em sintonia profunda com ela e com as coisas. É incrível o poder que tem o contato com a natureza para ajudar-nos a reencontrar-nos a nós mesmos e nosso equilíbrio interior. A ecologia espiritual ensina-nos ir mais além da pura «proteção» e do «respeito» à criação, ensina-nos a unir-nos à criação na proclamação da glória de Deus.

[Original italiano publicado por «Famiglia Cristiana». Traduzido por Zenit] ZP05070801

Evangelho segundo S. Mateus 13,16-17.

Quanto a vós, ditosos os vossos olhos, porque vêem, e os vossos ouvidos, porque ouvem. Em verdade vos digo: Muitos profetas e justos desejaram ver o que estais a ver, e não viram, e ouvir o que estais a ouvir, e não ouviram.»

Santo Hilário (c. 315-367), bispo de Poitiers, doutor da Igreja Tratado dos Mistérios, Prefácio

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Toda a obra contida nos santos livros anuncia por palavras, revela por factos, estabelece com exemplos, a vinda de Jesus Cristo nosso Senhor que, enviado por Seu Pai, se fez homem, nascendo de uma virgem por acção do Espírito Santo. Com efeito, durante todo o processo da criação, é Ele que, através de prefigurações verdadeiras e manifestas, gera, lava, santifica, escolhe, separa ou resgata a Igreja nos patriarcas: pelo sono de Adão, pelo diúvio de Noé, pela justificação de Abraão, pelo nascimento de Isac, pela servidão de Jacob. Ao longo da

passagem dos tempos, numa palavra, o conjunto das profecias, essa realização do plano secreto de Deus, foi-nos dada por benevolência para o conhecimento da Sua incarnação futura...

Em cada personagem, em cada época, em cada acontecimento, o conjunto das profecias projecta como que num espelho a imagem da Sua vinda, da Sua pregação, da Sua Paixão, da Sua ressurreição e da nossa reunião na Igreja... A começar por Adão, ponto de partida do nosso conhecimento do género humano, nós encontramos anunciado desde a origem do mundo, em grande número de prefigurações, tudo aquilo que recebeu no Senhor o seu cumprimento total.

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (África do Norte) e doutor da Igreja Comentário sobre o Salmo 118

«Muitos profetas e justos desejaram ver o que vós estais vendo»

Logo nos primeiros tempos da Igreja, antes do parto da Virgem, houve santos que desejaram a vinda de Cristo na sua incarnação. E no tempo em que estamos, a partir da Ascensão, a

mesma Igreja conta com outros santos que anelam a manifestação de Cristo para julgar os vivos e os mortos. Este desejo da Igreja não há cessado nem por um momento, desde o princípio até ao fim dos tempos, excepto durante o tempo em que o Senhor permaneceu neste mundo em companhia dos seus discípulos. De maneira que adequadamente se compreende que é todo o Corpo de Cristo, gemendo nesta vida, o que canta no salmo: «A minha alma suspira pela vossa salvação: espero na vossa palavra» (Sl 118, 81). A sua palavra é a promessa, e a esperança permite esperar com paciência o que os crentes ainda não vêem. Papa Bento XVI

Sacramentum caritatis, 79 (trad. DC 2377, p. 335 © copyright Libreria Editrice Vaticana)

"O campo é o mundo" (Mt 13,38)

Em Cristo, cabeça da Igreja seu corpo, todos os cristãos formam uma « raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido por Deus para anunciar os louvores d'Aquele que os chamou das trevas à sua luz admirável » (1 Pd 2, 9). A Eucaristia, enquanto mistério a ser vivido, oferece-se a cada um de nós na condição concreta em que nos encontramos, fazendo com que esta mesma situação vital se torne um lugar onde viver diariamente a novidade cristã. Se o sacrifício eucarístico alimenta e faz crescer em nós tudo o que já nos foi dado no Baptismo, pelo qual todos somos chamados à santidade, então isso deve transparecer e manifestar-se precisamente nas situações ou estados de vida em que cada cristão se encontra; tornamo-nos dia após dia culto agradável a Deus, vivendo a própria vida como vocação. O próprio

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sacramento da Eucaristia, a partir da convocação litúrgica, compromete-nos na realidade quotidiana a fim de que tudo seja feito para glória de Deus.

E, dado que o mundo é «o campo» (Mt 13, 38) onde Deus coloca os seus filhos como boa semente, os cristãos leigos, em virtude do Baptismo e da Confirmação e corroborados pela Eucaristia, são chamados a viver a novidade radical trazida por Cristo precisamente no meio das condições normais da vida; devem cultivar o desejo de ver a Eucaristia influir cada vez mais profundamente na sua existência quotidiana, levando-os a serem testemunhas

reconhecidas como tais no próprio ambiente de trabalho e na sociedade inteira. Dirijo um particular encorajamento às famílias a haurirem inspiração e força deste sacramento: o amor entre o homem e a mulher, o acolhimento da vida, a missão educadora aparecem como âmbitos privilegiados onde a Eucaristia pode mostrar a sua capacidade de transformar e encher de significado a existência. Os pastores nunca deixem de apoiar, educar e encorajar os fiéis leigos a viverem plenamente a própria vocação à santidade no meio deste mundo que Deus amou até ao ponto de dar o Filho para sua salvação (Jo 3, 16).

Evangelho segundo S. Mateus 13,18-23.

«Escutai, pois, a parábola do semeador. Quando um homem ouve a palavra do Reino e não compreende, chega o maligno e apodera-se do que foi semeado no seu coração. Este é o que recebeu a semente à beira do caminho. Aquele que recebeu a semente em sítios pedregosos é o que ouve a palavra e a acolhe, de momento, com alegria; mas não tem raiz em si mesmo, é inconstante: se vier a tribulação ou a perseguição, por causa da palavra, sucumbe logo. Aquele que recebeu a semente entre espinhos é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo e a sedução da riqueza sufocam a palavra que, por isso, não produz fruto. E aquele que recebeu a semente em boa terra é o que ouve a palavra e a compreende: esse dá fruto e produz ora cem, ora sessenta, ora trinta.»

S. [Padre] Pio de Pietrelcina (1887-1968), capuchinho Ep 3, 579 ; CE 54

Dar fruto, liberto dos cuidados do mundo

Avança com simplicidade pelos caminhos do Senhor e não te preocupes. Detesta os teus defeitos, sim, mas com tranquilidade, sem agitação nem inquietude. É preciso usar de paciência em relação a eles e deles tirar proveito, graças a uma santa humildade. Se faltar a paciência, as tuas imperfeições, em vez de desaparecerem, apenas crescerão. Porque não há nada que reforce tanto os nossos defeitos como a inquetação e a obsessão para deles nos desembaraçarmos.

Cultiva a tua vinha em comum acordo com Jesus. A ti cabe a tarefa de retirar as pedras e arrancar os espinhos. A Jesus, a de semear, plantar, cultivar e regar. Mas, mesmo no teu trabalho, é também Ele quem age. Porque, sem Cristo, não poderias fazer nada.

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São Cesário de Arles (470-543), monge e bispo Sermões ao povo

Receber a Palavra na boa terra

Que Cristo vos ajude, caríssimos irmãos, a acolher sempre a Palavra de Deus de coração ávido e sedento; assim, a vossa obediência fidelíssima encher-vos-á de alegria espiritual. Mas, se quereis que as Sagradas Escrituras vos sejam doces e que os preceitos divinos vos

aproveitem como devem, subtraí-vos durante umas horas às vossas preocupações materiais. Relede na vossa casa as palavras de Deus, consagrai-vos inteiramente à Sua misericórdia. Assim, conseguireis realizar em vós aquilo que está escrito acerca do homem feliz: “Meditará dia e noite na lei do Senhor” (Ps 1, 2), e também: “Felizes aqueles que perscrutam os Seus mandamentos, aqueles que O buscam de todo o coração” (Ps 118, 2).

Os comerciantes não procuram retirar lucros de uma só mercadoria, mas de muitas. Os lavradores procuram melhorar o seu rendimento semeando diferentes tipos de sementes. Vós, que procurais benefícios espirituais, não vos contenteis com ouvir os textos sagrados na igreja. Lede os textos sagrados e m casa; quando os dias são curtos, aproveitai os longos serões. E assim, podereis ajuntar o trigo espiritual no celeiro do vosso coração, e guardar no tesouro da vossa alma as pérolas preciosas das Escrituras.

Evangelho segundo S. Mateus 13,24-43.

Jesus propôs-lhes outra parábola: «O Reino do Céu é comparável a um homem que semeou boa semente no seu campo. Ora, enquanto os seus homens dormiam, veio o inimigo, semeou joio no meio do trigo e afastou-se. Quando a haste cresceu e deu fruto, apareceu também o joio. Os servos do dono da casa foram ter com ele e disseram-lhe: 'Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde vem, pois, o joio?’ 'Foi algum inimigo meu que fez isto’ respondeu ele. Disseram-lhe os servos: 'Queres que vamos arrancá-lo?’ Ele respondeu: 'Não, para que não suceda que, ao apanhardes o joio, arranqueis o trigo ao mesmo tempo. Deixai um e outro crescer juntos, até à ceifa; e, na altura da ceifa, direi aos ceifeiros: Apanhai primeiro o joio e atai-o em feixes para ser queimado; e recolhei o trigo no meu celeiro.’» Jesus propôs-lhes outra parábola: «O Reino do Céu é semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou e semeou no seu campo. É a mais pequena de todas as sementes; mas, depois de crescer, torna-se a maior planta do horto e transforma-se numa árvore, a ponto de virem as aves do céu abrigar-se nos seus ramos.» Jesus disse-lhes outra parábola: «O Reino do Céu é semelhante ao fermento que uma mulher toma e mistura em três medidas de farinha, até que tudo fique fermentado.» Tudo isto disse Jesus, em parábolas, à multidão, e nada lhes dizia sem ser em parábolas. Deste modo cumpria-se o que fora anunciado pelo profeta: Abrirei a minha boca em parábolas e proclamarei coisas ocultas desde a criação do mundo. Afastando-se, então, das multidões, Jesus foi para casa. E os seus discípulos, aproximando-se dele, disseram-lhe: «Explica-nos a parábola do joio no campo.» Ele, respondendo, disse-lhes: «Aquele que semeia a boa semente é o Filho do Homem; o campo é o mundo; a boa semente são os filhos do Reino; o joio são os filhos do maligno; o inimigo que a semeou é o diabo; a ceifa é o fim do mundo e os ceifeiros são os anjos. Assim, pois, como o joio é colhido e queimado no fogo, assim será no fim do mundo: o Filho do Homem enviará os seus anjos, que hão-de tirar do seu Reino todos os escandalosos e todos quantos praticam a iniquidade, e lançá-los na fornalha ardente; ali haverá choro e ranger de dentes. Então os justos

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resplandecerão como o Sol, no Reino de seu Pai. Aquele que tem ouvidos, oiça!» S. Macário (? - 405), monge no Egipto

Homilias espirituais, nº 51

"Foi um inimigo que fez isto"

Escrevo-vos, irmãos bem amados, para que saibais que, desde o dia em que Adão foi criado até ao fim do mundo, o Maligno fará guerra constante aos santos (Ap 13,7)... Contudo, são poucos os que se dão conta de que o saqueador das almas coabita com eles nos seus corpos, muito perto das suas almas. Vivem na tribulação e não há ninguém sobre a terra que os possa reconfortar. Por isso, olham para o céu e aí colocam a sua esperança, contando receber alguma coisa dentro de si próprios. Desta forma, e graças à armadura do Espírito (Ef 6,13), vencerão. Com efeito, é do céu que recebem uma força, que permanece escondida aos olhos da carne. Enquanto procurarem Deus com todo o seu coração, a força de Deus vem

secretamente em seu auxílio a todo o momento... É precisamente porque tocam com o dedo na sua fraqueza, porque são incapazes de vencer, que eles solicitam ardentemente a armadura de Deus e, assim revestidos com o equipamento do Espírito para o combate (Ef 6,13), tornam-se vitoriosos...

Sabei, pois, irmão bem amados, que em todos os que prepararam a alma para se tornarem numa terra boa para a semente celeste, o inimigo apressa-se a semear o seu joio... Sabei também que aqueles que não procuram o Senhor com todo o seu coração não são tentados por Satanás de forma tão evidente; é mais às escondidas do que por manhas que ele tenta... afastá-los para longe de Deus.

Mas agora, irmãos, tende coragem e não receeis. Não vos deixeis assustar com imaginações suscitadas pelo inimigo. Na oração, não vos entregueis a uma agitação confusa, multiplicando gritos sem nexo, mas acolhei a graça do Senhor na contrição e no arrependimento... Tende coragem, reconfortai-vos, resisti, preocupai-vos com as vossas almas, perseverai zelosamente na oração... Porque todos os que procuram Deus com verdade receberão uma força divina na sua alma e, recebendo essa unção celeste, todos sentirão em si o gosto e a doçura do mundo que há-de vir. Que a paz do Senhor, aquela que esteve com todos os santos padres e os guardou de todas as tentações, permaneça também convosco.

S. Pedro Crisólogo (c. 406-450), bispo de Ravena, doutor da Igreja Sermão 99

"Até que tudo tenha levedado"

Busquemos o sentido profundo desta parábola. A mulher que tomou o fermento é a Igreja; o fermento que ela tomou é a revelação da doutrina celeste; as três medidas em que misturou o fermento são a Lei, os Profetas e os Evangelhos, onde o sentido divino mergulha e se esconde sob termos simbólicos, a fim de ser agarrado pelo fiel e escapar ao infiel. Quanto às palavras "até que tudo tenha levedado", dizem respeito ao que diz o apóstolo Paulo:

"Imperfeita é a nossa ciência, imperfeita também a nossa profecia. Quando vier o que é perfeito, desaparecerá o que é imperfeito" (1 Co 13,9). O conhecimento de Deus está agora na massa: espalha-se nos sentidos, enche os corações, aumenta as inteligências e, tal como todo o ensinamento, alarga-os, eleva-os e desenvolve-os até às dimensões da sabedoria celeste. Tudo será levedado em breve. Quando? Na segunda vinda de Cristo.

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Pio XII, papa de 1939 a 1958

Encíclica «Mystici corporis Christi», 1943

"Deixem-nos crescer juntos até à ceifa"

Não se deve, porém, julgar que já durante o tempo da peregrinação terrestre, o corpo da Igreja, por isso que leva o nome de Cristo, consta só de membros com perfeita saúde, ou só dos que de fato são por Deus predestinados à sempiterna felicidade. Por sua infinita

misericórdia o Salvador não recusa lugar no seu corpo místico àqueles a quem o não recusou outrora no banquete (Mt 9,11; Mc 2,16; Lc 15,2). Nem todos os pecados, embora graves, são de sua natureza tais que separem o homem do corpo da Igreja como fazem os cismas, a heresia e a apostasia. Nem perdem de todo a vida sobrenatural os que pelo pecado perderam a caridade e a graça santificante e por isso se tornaram incapazes de mérito sobrenatural, mas conservam a fé e a esperança cristã, e alumiados pela luz celeste, são divinamente estimulados com íntimas inspirações e moções do Espírito Santo ao temor salutar, à oração e ao

arrependimento das suas culpas.

Tenha-se, pois, sumo horror ao pecado que mancha os membros místicos do Redentor; mas o pobre pecador que não se tornou por sua contumácia indigno da comunhão dos fiéis, seja acolhido com maior amor, vendo-se nele com caridade operosa um membro enfermo de Jesus Cristo: Pois que é muito melhor, como nota o bispo de Hipona, "curá-los no corpo da Igreja, do que amputá-los como membros incuráveis". "Enquanto o membro está ainda unido ao corpo não há por que desesperar da sua saúde; uma vez amputado, nem se pode curar, nem se pode sarar".

Carta a Diogneto (cerca de 200) Cap.8

A paciência de Deus

O Mestre e Criador do universo, Deus, que fez todas as coisas e as dispôs ordenadamente, mostrou-se não só cheio de amor para com os homens, como cheio de paciência. Ele foi, é e será o mesmo: auxiliador, bom, suave, verídico - só Ele é bom. Contudo, quando concebeu o seu desígnio de tão inefável grandeza apenas o comunicou a seu Filho único. Enquanto mantinha no mistério e escondia o plano da sua sabedoria, parecia esquecer-nos e não se preocupar connosco. Mas quando revelou e manifestou, através do seu Filho bem-amado, o que tinha preparado desde o princípio, ofereceu-nos tudo ao mesmo tempo: participar dos seus benefícios e compreender a amplitude dos seus dons. Qual de nós poderia alguma vez esperar isso?

Deus tinha, pois, disposto já tudo com o seu Filho; mas, até estes últimos tempos, permitiu que nos deixássemos levar ao sabor das nossas inclinações desordenadas, arrastados pelos prazeres e pelas paixões. Não que ele tenha o mínimo gosto nos nossos pecados; tolerava apenas esse tempo em que o mal campeava sem nisso consentir. Preaparava o actual reinado de justiça. Durante aquele período, as nossas próprias obras mostravam-nos indignos da vida; tornámos-nos agora dignos como resultado da bondade de Deus. Mostrámo-nos incapazes de aceder por nós próprios ao Reino de Deus; é o seu poder que nos torna agora capazes... Deus não nos odeou nem repudiou, não nos guardou rancor mas teve paciência durante muito, muito tempo.

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S. Pedro Crisólogo (c. 406-450), bispo de Ravena, doutor da Igreja Sermão 99

O fermento que faz levedar toda a humanidade

Cristo comparava há pouco o Seu reino a um grão de mostarda; agora, identifica-o

com fermento. Ele contava que um homem semeara uma sementinha e nascera uma grande árvore; agora a mulher incorpora uma pitada de fermento para fazer crescer a sua massa. Na verdade, como diz o apóstolo Paulo: «Diante do Senhor, a mulher é inseparável do homem, e o homem da mulher» (1Cor 11,11)... Nestas parábolas, Adão, o primeiro homem, e Eva, a primeira mulher, são conduzidos da árvore do conhecimento do bem e do mal ao sabor ardente dessa árvore da mostarda do evangelho...

Eva recebera do demónio o fermento da má fé; e essa mulher recebe de Deus o fermento da fé... Eva, pelo fermento da morte, corrompera, na pessoa de Adão toda a massa do género humano; uma outra mulher renovará na pessoa de Cristo, pelo fermento da ressurreição, toda a massa humana. Depois de Eva, que amassou o pão dos gemidos e do suor (Gn, 3,19), esta cozerá o pão da vida e da salvação. Depois daquela que foi, em Adão, a mãe de todos os mortos, esta será em Cristo a «verdadeira mãe de todos os vivos» (Gn, 3,20). Pois se Cristo quis nascer, foi para que nessa humanidade em que Eva semeou a morte, Maria restaurasse a vida. Maria oferece-nos a perfeita imagem desse fermento, ela propõe-nos a parábola, quando em seu seio recebe do céu o fermento do Verbo e o derrama em seu seio virginal sobre a carne humana, que digo eu? Sobre uma carne que, no seu seio virginal, é toda celeste e que ela faz, assim, levedar.

São João Crisóstomo (c. 345-407), bispo de Antioquia e logo de Constantinopla, doutor da Igreja

Homilias sobre São Mateus

A parábola do joio

É táctica do demónio misturar sempre à verdade o erro revestido da aparência e da cor da verdade, de maneira a poder seduzir facilmente os que se deixam enganar. É por isso que Nosso Senhor só nos fala do joio, porque é uma planta semelhante ao trigo. Depois, indica como o inimigo se arranja para enganar: «enquanto os homens dormiam». Por aqui se vê o grave perigo que correm os chefes, sobretudo aqueles a quem foi confiada a guarda do campo; esse perigo, por outro lado, não ameaça unicamente os chefes, mas também os seus

subordinados. Isto mostra-nos também que o erro vem depois da verdade. Cristo diz-nos isto para ensinar-nos a não dormir… Daí a necessidade duma guarda vigilante. Diz-nos ainda: Aquele que se mantiver firme até ao fim será salvo» (Mt 10, 22) …

Considera agora o zelo dos servos. Querem arrancar imediatamente o joio; embora lhes falte reflexão, isso prova a sua solicitude pela sementeira. Não procuram senão uma coisa: não querem vingar-se de quem semeou o joio , mas de salvar a colheita; é esta a razão pela qual procuram maneira de erradicar totalmente o mal… Que responde, então, o Mestre? …

Impede-lho por duas razões: a primeira, o temor de prejudicarem o trigo; a segunda, a certeza de que um castigo inevitável cairá sobre os que são atingidos por essa doença mortal. Se quisermos o seu castigo sem que a seara sofra, esperemos o momento conveniente… Talvez,

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por outro lado, uma parte desse joio se converta em trigo? Se o arrancais agora, prejudicareis a próxima colheita, arrancando os que poderiam mudar e tornar-se melhores.

S. Serafim de Sarov (1759-1833), monge russo Instruções espirituais

«Deixai um e outro crescer juntos, até à ceifa»

Aquele que deseja a salvação deve ter o coração disposto para a contrição e para o

arrependimento: «O sacrifício agradável a Deus é o espírito contrito; ó Deus, não desprezes um coração contrito e arrependido» (Sl 50, 19). Aquele que conserva o espírito contrito, pode impedir tranquilamente as emboscadas do maligno cuja única ambição é lançar a perturbação no seu espírito e semear, nele, o joio (mal), conforme estas palavras do Evangelho: «Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde vem, pois, o joio?» (Mt 13, 27) Mas se conserva um coração humilde e pensamentos pacíficos, todos os ataques do demónio ficam sem efeito.

A contrição começa pelo temor de Deus, diz o mártir Bonifácio. Deste temor nasce a atenção, mãe da paz interior e da consciência, que permite à alma ver, como em água pura e cristalina, quão desfigurada está…

Pode voltar a levantar-se de novo alguém que tenha caído, depois de ter estado em graça? Sim… Quando nos arrependemos sinceramente das nossas faltas voltando-nos para Nosso Senhor Jesus Cristo de todo o nosso coração, ele alegra-se e convida para a festa todos os amigos, mostrando-lhes a moeda de prata encontrada (Lc 15, 10). Não hesitemos, portanto, em voltar-nos para o nosso misericordioso Senhor, sem nos darmos, nem ao desmazelo, nem ao desespero. O desprezo constitui a maior alegria ao demónio. É o pecado mortal de que fala a Escritura (1 Jo 5, 16).

«O joio e o trigo»; por dom Amaury Castanho Bispo emérito de Jundiaí (Brasil)

BRASÍLIA, segunda-feira, 26 de julho de 2004 (ZENIT.org).- Publicamos a seguir artigo de dom Amaury Castanho, bispo emérito de Jundiaí, intitulado «O joio e o trigo». O texto foi divulgado esta segunda-feira pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).

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«O joio e o trigo»

Uma das parábolas contadas por Cristo fala sobre o Reino de Deus. É a do joio e do trigo. Certo trabalhador saiu pelos campos semeando trigo. Como a terra era fértil, o trigo cresceu. Mas ao lado do trigo cresceu, também, o joio, erva daninha plantada pelo inimigo. Sendo as espigas de um e outro semelhantes, contrariando a vontade dos que desejavam cortá-lo, o senhor da seara optou por deixar crescerem, lado a lado, preferindo a sua separação no momento da colheita.

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Não tendo entendido bem a estória, os Apóstolos disseram ao Mestre: “Explica-nos a parábola do joio no campo”. Pacientemente, o Senhor lhes disse: “O que semeia a boa semente é o Filho do Homem. O campo é o mundo. A boa semente são os filhos do Reino. O joio são os filhos do Maligno. O inimigo que semeia é o demônio. A colheita é o fim do mundo. Os ceifadores são os anjos. Como se recolhe o joio para jogá-lo ao fogo, assim será no fim do mundo. O Filho do Homem enviará os seus anjos que retirarão de seu Reino todos os

escândalos, todos os que fazem o mal, lançando-os na fornalha ardente em que haverá choro e ranger de dentes. Então, no Reino do Pai os justos resplandecerão como o Sol. Quem tem ouvidos para ouvir que ouça” (Mt 13, 36-46).

Poucas parábolas são tão expressivas e, ao mesmo tempo, tão atuais como essa. Na realidade, onde chegou o Reino de Deus, embora predomine o trigo há, também, o joio. Convivem, lado a lado, os bons e os maus. Artigos atrás, escrevi que o primeiro espaço do Reino de Deus é a Igreja. Há pessoas, famílias e instituições, além da Igreja, que também podem ser tidas como espaços do Reino de Deus. Não é tão difícil percebê-lo. Onde predominam o amor e a justiça, a misericórdia e o perdão, a verdade e a graça, aí chegou o Reino de Deus. Porém, sempre é possível e quase necessária a coexistência dos bons e dos maus.

A grande mídia leiga e, particularmente, a anticlerical, vem sistematicamente destacando lamentáveis fatos no seio da nossa Igreja. Embora sejam proporcionalmente poucos, há sacerdotes e multiplicam-se os fiéis cuja conduta, além de ser desabonadora dos mesmos, é escandalosa, prejudicando a imagem da própria Igreja. Ultimamente os casos mais freqüentes são os de pedofilia de clérigos e infidelidades conjugais. Há, não raro, os contra-testemunhos e pecados do orgulho, certo mercantilismo, resultantes de fraqueza ou malícia. São sempre lamentáveis, e os que os causam certamente responderão não somente a Deus mas, também, à justiça dos homens.

O Papa João Paulo II, caminhando para os seus 26 anos de fecundo pontificado, em diversas oportunidades, publicamente reconheceu os erros e pecados de filhos e filhas da Igreja nos vinte séculos de sua longa história. Constituída de homens e mulheres, pastoreada por seres humanos e não anjos, ao lado de tantas páginas de luz há, inegavelmente, algumas páginas de sombra nos dois milênios dos caminhos percorridos pela Igreja. Ainda que devendo, por justiça, ser situados em seu devido contexto histórico, é certo que houve alguns excessos cometidos nas Cruzadas dos séculos XI e XII, por certos tribunais da Inquisição entre os séculos XIV e XVIII. E, também, nos dias de hoje, nos Estados Unidos, no Brasil e, mais recentemente, em certo Seminário da Áustria. É o joio convivendo com o trigo até o dia da ceifa e separação final.

A grande mídia sempre esteve mais interessada no sensacionalismo dos escândalos de clérigos e leigos da Igreja, que em seus santos e santas, nos seus cerca de 40 milhões de mártires, na exemplar dedicação e zelo dos seus 4.600 bispos, 405 mil sacerdotes e aproximadamente 900 mil religiosas e religiosos, a absoluta maioria exemplarmente empenhada na proclamação do Evangelho, dos valores do Reino de Deus, à frente de uma infinidade de obras de alto sentido pastoral e social, caritativo, promocional e cultural. Os contra-testemunhos e pecados de tantos, ou de alguns, não podem ser justificados, embora tenham a sua explicação em seu devido contexto histórico, na prevalência do “homem velho”, carnal e pecador, sobre o “homem novo”, renovado e santificado pela força da graça divina.

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Qual é a verdadeira paciência? Responde o pregador do Papa

Padre Raniero Cantalamessa comenta as leituras do próximo domingo

ROMA, sexta-feira, 15 de julho de 2005 (ZENIT.org).- Publicamos o comentário do padre Raniero Cantalamessa OFM Cap. --Pregador da Casa Pontifícia-- às leituras do próximo domingo (Sb 12,13.16-19; Sal 85,5-16; Rm 8,26-27; Mt 13,24-43).

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Mateus (13, 24-43)

Jesus lhes propôs outra parábola: «O Reino dos Céus é semelhante ao homem que semeou boa semente em seu campo. Mas, enquanto sua gente dormia, veio o inimigo, semeou em cima joio entre o trigo, e se foi. Quando brotou a erva e produziu fruto, apareceu então também o joio. Os servos do amo se aproximaram para dizer-lhe: “Senhor, não semeaste semente boa em teu campo? Como é que tem joio?”. Ele lhes contestou: “Algum inimigo fez isto”. Dizem-lhe os servos: “Queres, pois, que vamos recolhê-la?”».

O grão e o joio

O Reino dos Céus é semelhante a um homem que semeou boa semente em seu campo; o Reino dos Céus é semelhante a um grão de mostarda; o Reino dos Céus é semelhante à

levedura. Bastam estas frases iniciais das três parábolas para dar-nos a entender que Jesus está nos falando de um Reino «dos Céus» que, contudo, encontra-se «na terra». Só na terra, de fato, há espaço para o joio e para o crescimento; só na terra há uma massa que pesar. No Reino final nada de tudo isto, mas apenas Deus, que será tudo em todos. A parábola do grão de mostarda que se transforma em uma árvore indica o crescimento do Reino de Deus na história.

A parábola da levedura indica também o crescimento do Reino, mas um crescimento não tanto em extensão quanto em intensidade, indica a força transformadora que ele possui até renovar tudo. Estas duas últimas parábolas foram facilmente compreendidas pelos discípulos. Não assim a primeira, a do joio. Deixada a multidão, uma vez sós em casa, pediram-lhe por isso a Jesus: «Explica-nos a parábola do joio no campo». Jesus explicou a parábola; disse que o semeador era ele mesmo; a semente boa, os filhos do Reino; as sementes más, os filhos do maligno; o campo, o mundo e a seca o fim do mundo.

O campo é o mundo. Na antiguidade cristã, havia espíritos sectários (os donatistas) que resolviam o assunto de modo simplista: por um lado, a Igreja feita toda ela de bons, por outro, o mundo cheio de filhos do maligno, sem esperança de salvação. Mas venceu o pensamento de Santo Agostinho, que era o da Igreja universal.

A Igreja mesma é um campo dentro do qual crescem juntos grão e joio, bons e maus, lugar onde há espaço para crescer, converter-se e sobretudo para imitar a paciência de Deus. «Os maus existem neste mundo ou para que se convertam ou para que por eles os bons exercitem a paciência» (Santo Agostinho). Da paciência de Deus fala também a primeira leitura, do Livro da Sabedoria, com o hino à força de Deus: «Tu, dono de tua força, julgas com moderação e nos governas com muita indulgência. Obrando assim ensinaste a teu povo que o justo deve ser

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amigo do homem, e deste a teus filhos a boa esperança de que, no pecado, dás lugar ao arrependimento».

A de Deus não é, por demais, uma simples paciência, isto é, esperar o dia do juízo para depois castigar com maior satisfação. É longanimidade, é misericórdia, é vontade de salvar. No Reino de um Deus assim não há lugar, por isso, para servos impacientes, para gente que não sabe fazer outra coisa que invocar os castigos de Deus e indicar-lhe, de vez em vez, a quem deve golpear. Jesus reprovou um dia dois de seus discípulos que lhe pediam fazer chover fogo do céu sobre os que lhes haviam rejeitado (Lc 9, 55), e a mesma rejeição, talvez, poderia fazer alguns demasiado diligentes exigir justiça, castigos e vinganças contra aqueles que guardam o joio do mundo.

Também a nós está indicada a paciência do dono do campo como modelo. Devemos esperar a colheita, mas não como aqueles servos a duras penas refreados, empunhando a foice, como se estivéssemos ansiosos de ver a cara dos malvados em dia do juízo; mas devemos esperar como homens que fazem próprio o desejo de Deus de «que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento pleno da verdade» (1 Tm 2,4).

Um chamado à humildade e à misericórdia se desprende, portanto, da parábola do grão e do joio. Há um só campo do qual é lícito e necessário arrancar imediatamente o joio, e é do próprio coração!

[Original italiano publicado por «Famiglia Cristiana». Traduzido por Zenit] ZP05071503

Evangelho segundo S. Mateus 13,31-33: O grão de mostarda. O lêvedo. – cf.par. Mc 4,30-34; Lc 13,18-21

Evangelho segundo S. Mateus 13,31-35.

Jesus propôs-lhes outra parábola: «O Reino do Céu é semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou e semeou no seu campo. É a mais pequena de todas as sementes; mas, depois de crescer, torna-se a maior planta do horto e transforma-se numa árvore, a ponto de virem as aves do céu abrigar-se nos seus ramos.» Jesus disse-lhes outra parábola: «O Reino do Céu é semelhante ao fermento que uma mulher toma e mistura em três medidas de farinha, até que tudo fique fermentado.» Tudo isto disse Jesus, em parábolas, à multidão, e nada lhes dizia sem ser em parábolas. Deste modo cumpria-se o que fora anunciado pelo profeta: Abrirei a minha boca em parábolas e proclamarei coisas ocultas desde a criação do mundo. Cardeal John Henry Newman (1801-1890), sacerdote, fundador de comunidade religiosa, teólogo

PPS vol. 5, n° 20

Cristo, grão de mostarda e fermento semeado pelo mundo

Cristo veio a este mundo para o submeter a Si próprio, para o reivindicar como Seu, para afirmar os Seus direitos sobre ele como senhor, para o libertar do domínio usurpado pelo inimigo, para Se manifestar a todos os homens, para Se estabelecer nele. Cristo é o grão de mostarda que se desenvolverá silenciosamente, acabando por cobrir a terra inteira. Cristo é o

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fermento que abre secretamente caminho na massa dos homens, dos sistemas de pensamento e das instituições, até que tudo fique levedado. Até então, o céu e a terra estavam separados; o projecto de graça de Cristo consiste em fazer de ambos um só mundo, tornando a terra paralela ao céu.

Ele estava neste mundo desde o começo, mas os homens adoraram outros deuses. Ele veio a este mundo na carne, «mas o mundo não O conheceu. Veio ao que era Seu e os Seus não O receberam» (Jo 1, 10-11). Mas Ele veio para os levar a recebê-Lo, a conhecê-Lo, a adorá-Lo. Veio para integrar este mundo em Si, a fim de que, tal como Ele próprio é luz, também este mundo seja luz. Quando veio, não tinha «onde reclinar a cabeça» (Lc 9, 58), mas veio para constituir aqui um lugar para Si mesmo, para aqui constituir habitação, para aqui encontrar morada. Veio transformar o mundo inteiro na Sua morada de glória, este mundo que estava cativo das potências do mal.

Ele veio na noite, nasceu na noite escura, numa gruta. [...] Foi aí que primeiro repousou a cabeça, mas não o fez para aí permanecer para sempre. Não era Sua intenção deixar-Se ficar escondido nessa obscuridade. [...] O Seu objectivo era mudar o mundo. [...] O universo inteiro tinha de ser renovado por Ele, mas Ele a nada recorreu que já existisse, tudo criou a partir do nada. [...] Ele era uma luz que brilhava nas trevas, até que, pelo Seu próprio poder, criou um Templo digno do Seu nome.

Evangelho segundo S. Mateus 13,35-43.

Deste modo cumpria-se o que fora anunciado pelo profeta: Abrirei a minha boca em parábolas e proclamarei coisas ocultas desde a criação do mundo. Afastando-se, então, das multidões, Jesus foi para casa. E os seus discípulos, aproximando-se dele, disseram-lhe: «Explica-nos a parábola do joio no campo.» Ele, respondendo, disse-lhes: «Aquele que semeia a boa semente é o Filho do Homem; o campo é o mundo; a boa semente são os filhos do Reino; o joio são os filhos do maligno; o inimigo que a semeou é o diabo; a ceifa é o fim do mundo e os ceifeiros são os anjos. Assim, pois, como o joio é colhido e queimado no fogo, assim será no fim do mundo: o Filho do Homem enviará os seus anjos, que hão-de tirar do seu Reino todos os escandalosos e todos quantos praticam a iniquidade, e lançá-los na fornalha ardente; ali haverá choro e ranger de dentes. Então os justos resplandecerão como o Sol, no Reino de seu Pai. Aquele que tem ouvidos, oiça!»

Gragório Palamas (1296-1359), monge, bispo e teólogo ortodoxo Homilia 26

"Então os justos resplandecerão no Reino de seu Pai"

Há uma ceifa para as espigas de trigo materiais e uma outra para as espigas dotadas de razão, quer dizer, para o género humano.. Esta efectua-se entre os infiéis e reune na fé os que acolhem o anúncio do Evangelho. Os trabalhadores desta ceifa são os apóstolos de Cristo, depois os seus sucessores, depois, ao longo do tempo, os doutores da Igreja. Cristo diz a seu respeito estas palavras: "O ceifeiro recebe o seu salário; recolhe o fruto para a vida eterna" (Jo 4,36)...

Mas há ainda outra ceifa: é a passagem desta vida para a vida futura que, para cada um de nós, se faz pela morte. Os trabalhadores dessa ceifa não são os apóstolos mas os anjos. Têm maior

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responsabilidade do que os apóstolos, porque fazem a triagem que se segue à ceifa e separam os bons dos maus, tal como se faz com o joio e a boa semente. Nós somos desde já "o povo escolhido de Deus, a geração santa" (1Pe 2,9), a Igreja do Deus vivo, escolhidos entre os ímpios e os infiéis. Possamos nós ser separados do joio deste mundo tal como no mundo que há-de vir e congregados à multidão dos que estão salvos em Cristo, nosso Senhor, que é bendito pelos séculos.

Bem-aventurada Teresa de Calcutá (1910-1997), fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade

A Simple Path

«O trigo bom são os filhos do Reino»

Não existem dois mundos: o mundo físico e o mundo espiritual; não há senão um: o Reino de Deus, «assim ma terra como no Céu» (Mt 6, 10).

Muitos de entre nós dizem ao rezar: «Pai-nosso que estais nos céus». Pensam que Deus está lá em cima, o que leva a fixar a ideia de separação entre dois mundos. Muitos dos Ocidentais gostam de distinguir a matéria do espírito. Mas toda a verdade é uma só e a realidade também. A partir do momento em que admitirmos a incarnação de Deus, que para os cristãos se realiza na pessoa de Jesus, começaremos a tomar as coisas a sério.

Evangelho segundo S. Mateus 13,44-52.

«O Reino do Céu é semelhante a um tesouro escondido num campo, que um homem encontra. Volta a escondê-lo e, cheio de alegria, vai, vende tudo o que possui e compra o campo. O Reino do Céu é também semelhante a um negociante que busca boas pérolas. Tendo encontrado uma pérola de grande valor, vende tudo quanto possui e compra a pérola.» «O Reino do Céu é ainda semelhante a uma rede que, lançada ao mar, apanha toda a espécie de peixes. Logo que ela se enche, os pescadores puxam-na para a praia, sentam-se e escolhem os bons para as canastras, e os ruins, deitam-nos fora. Assim será no fim do mundo: sairão os anjos e separarão os maus do meio dos justos, para os lançarem na fornalha ardente: ali haverá choro e ranger de dentes.» «Compreendestes tudo isto?» «Sim» responderam eles. Jesus disse-lhes, então: «Por isso, todo o doutor da Lei instruído acerca do Reino do Céu é semelhante a um pai de família, que tira coisas novas e velhas do seu tesouro.»

Orígenes (cerca 185-253), padre e teólogo Comentário ao evangelho de Mateus, 10, 9-10

A pérola de grande valor

Ao homem «que procura belas pérolas», é preciso aplicar a parábola seguinte: «Procurai e achareis» e «Aquele que procura, encontra» (Mt 7, 7-8). Com efeito, a que se pode referir «procurai» e «quem procura, encontra»? Digamo-lo sem hesitar: às pérolas, e particularmente à pérola adquirida pelo homem que tudo deu e tudo perdeu. Por causa desta pérola, Paulo

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disse: «Aceitei perder tudo para ganhar Cristo» (Fil 3,8). Pela palavra «tudo» ele entende as belas pérolas, e por «ganhar Cristo» a única pérola grandemente valiosa.

Preciosa, seguramente, é a lâmpada para aqueles que estão nas trevas e da qual têm

necessidade até ao nascer do sol. Preciosa também a glória resplandecente no rosto de Moisés (2Cor 3,7) e também, creio eu, no rosto dos outros profetas. Ela é bonita de se ver porque ela nos ajuda a prosseguir até que possamos contemplar a glória de Cristo, da qual o Pai dá testemunho dizendo: «Este é o meu Filho muito amado em quem pus toda a minha

complacência» (Mt 3,17). «Comparada com esta glória eminentemente superior, desvaneceu-se a glória do primeiro ministério» (2 Cor 3,10). Tínhamos necessidade num primeiro tempo de uma glória susceptível de desaparecer frente à «glória que ultrapassa tudo», como

tínhamos necessidade «de um conhecimento parcial» que «desaparecerá quando vier o que é perfeito» (1 Cor 13,9s).

Assim, toda a alma que está ainda na infância e caminha «para a perfeição dos adultos» (Hb 6,1) precisa de ser ensinada, envolvida, acompanhada até que se instaure nela «a plenitude dos tempos» (Gal 4,4) ... No fim, ela alcançará a sua maioridade e receberá o seu património: a pérola grandemente valiosa, «o que é perfeito e que faz desaparecer o que é parcial» (1Cor 13,10). Ela alcançará esse bem que ultrapassa tudo: o conhecimento de Cristo (Fil 3,8). Mas muitos não compreendem a beleza das numerosas pérolas da Lei e do «conhecimento parcial» divulgado por todos os profetas; imaginam erradamente que sem a Lei e os profetas

perfeitamente compreendidos poderão encontrar a única pérola de grande valor ...: a

compreensão plena do Evangelho e todo o sentido dos actos e das parábolas de Jesus Cristo. Santa Teresa do Menino Jesus (1873-1897), carmelita, Doutora da Igreja

Ms C, 25, vº

Um tesouro escondido

Diz a esposa do Cântico [...] que se ergueu do leito para ir à procura do seu bem-amado na cidade, mas em vão o procurou; depois de ter saído da cidade, então encontrou aquele que o seu coração amava (Cant 3, 1-4). Jesus esconde-Se, não quer que encontremos a Sua presença adorável no repouso. [...] Oh!, que melodia para o meu coração é este silêncio de Jesus, que Se faz pobre a fim de que possamos exercer a caridade com Ele, que nos estende a mão como um mendigo a fim de que, no dia radioso do juízo, quando vier em toda a Sua glória, Ele possa dizer-nos estas doces palavras: «Vinde, benditos de Meu Pai [...], porque tive fome e destes-Me de comer, tive sede e destes-Me de beber; era peregrino e recolhestes-Me; estava nu e destes-Me de vestir; adoeci e visitastes-Me; estive na prisão e fostes ter Comigo» (Mt 25, 34-36) Foi o próprio Jesus que proferiu estas palavras, é Ele que quer o nosso amor, que o mendiga. Ele coloca-Se, por assim dizer, à nossa mercê, nada quer tomar que não Lhe demos. [...]

Jesus é um tesouro escondido, um bem inestimável que poucas almas sabem encontrar, porque Se esconde e o mundo ama aquilo que brilha. Ah!, se Jesus tivesse querido mostrar-Se a todas as almas com os Seus dons inefáveis, certamente que não haveria uma só que O

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desdenhasse; mas Ele não quer que O amemos por causa dos Seus dons, Ele próprio há-de ser a nossa recompensa.

Para encontrar uma coisa que está escondida, a pessoa tem também de se esconder; a nossa vida há-de ser um mistério, havemos de nos parecer com Jesus, com Jesus cujo rosto permanecia oculto (Is 53, 3) [...]. Jesus ama-te com um amor tão grande que, se O visses, cairias num êxtase de amor [...], mas não O vês e sofres com isso. Porém Jesus não tardará a «levantar-se para o julgamento, para salvar os humildes da nação» (Sl 75, 10)

Catequese precisa ser itinerário de educação da fé que acompanha a vida inteira Diz o arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer

SÃO PAULO, terça-feira, 28 de agosto de 2007 (ZENIT.org).- No contexto do mês em que a Igreja no Brasil recorda as vocações, o arcebispo de São Paulo destaca que os catequistas desempenham um papel de importância fundamental na transmissão e na educação para a fé. Segundo Dom Odilo Scherer, a catequese «não pode ser apenas ocasional ou voltada à iniciação cristã ou à preparação aos sacramentos, embora esses sejam momentos fortes e ocasiões propícias para realizá-la».

«Mas ela precisa ser progressiva, orgânica e permanente, um verdadeiro itinerário de

educação da fé que acompanha a vida inteira; a catequese, de fato, é um caminho progressivo de amadurecimento na vida cristã, que leva ao conhecimento e ao amor sempre mais profundo a Jesus Cristo e à imitação dele.»

O arcebispo enfatiza – em artigo difundido pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) esta terça-feira – que é preciso superar a idéia de que a catequese seja apenas destinada às crianças e adolescentes.

«A catequese também não pode limitar-se à mera “instrução” doutrinal, embora essa não deva faltar. A verdadeira catequese precisa levar ao encontro pessoal com o Deus vivo e pessoal, por meio de Jesus Cristo e na comunidade eclesial.»

Segundo Dom Odilo, a catequese boa ajudará a introduzir os catequisandos nos “lugares” conhecidos do encontro com Deus, «como a leitura orante da Palavra de Deus, o exercício da oração pessoal e comunitária, a experiência da participação na vida eclesial, a participação na Eucaristia e nos demais sacramentos, a prática da caridade fraterna e a vida moral coerente com o Reino de Deus anunciado por Jesus».

Tudo isso, de acordo com o arcebispo, requer «um verdadeiro “aprendizado” teórico e prático, onde o testemunho pessoal do catequista tem um papel fundamental».

Dom Odilo cita então o Evangelho para recordar algumas passagens ilustrativas do papel do catequista.

Segundo o arcebispo, a missão do catequista aparece, por exemplo, bem ilustrada nas parábolas do tesouro escondido no campo e da pérola preciosa (cf. Mt 13,44-46).

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«Todos, de um jeito ou de outro, estão à procura do verdadeiro bem da vida, que satisfaça plenamente o coração e pelo qual vale a pena investir tudo.»

«O “campo” com o tesouro escondido é o reino de Deus e a vida no seguimento de Jesus. O catequista já encontrou esse tesouro e se alegrou por tê-lo achado; por isso sabe como ajudar outras pessoas a encontrá-lo também; sabe acompanhar os irmãos e irmãs na busca de Deus e no itinerário da fé e da vivência cristã», afirma.

«Da mesma forma, tendo encontrado a pérola preciosa, sabe falar bem dela a todos e despertar o desejo de buscá-la também.»

Dom Odilo cita ainda um texto da liturgia na festa dos Apóstolos, que diz assim: “vossos amigos, Senhor, anunciam a glória do vosso nome!”.

«Os discípulos são verdadeiros amigos de Jesus Cristo, que os introduz na intimidade com Deus. É muito bonito e estimulante pensar a vida cristã como amizade com Jesus e com Deus», destaca.

«A catequese é ação para os verdadeiros amigos de Deus. Os amigos gostam do amigo e falam bem dele aos outros, introduzindo-os nessa amizade também. A catequese eficaz leva à amizade com Deus.»

Santo Ireneu de Lyon (130-208), bispo, teólogo e mártir Contra as heresias, IV, 26

O tesouro escondido no campo das Escrituras

Era Cristo que era apresentado a todos a quem, desde o início, Deus comunicou a sua Palavra, o seu Verbo. E quem ler as Escrituras nesta perspectiva, encontrará aí uma expressão dizendo respeito a Cristo, e uma prefiguração do novo chamamento. Porque é ele, “o tesouro

escondido no campo”, quer dizer no mundo (Mt 13,38). Tesouro escondido nas Escrituras, porque era ele que era declarado pelas figuras e parábolas, que, humanamente falando, não podiam ser compreendidas antes do cumprimento das profecias, quer dizer antes da vinda do Senhor. Foi por isso que foi dito ao profeta Daniel: “Esconde estas palavras e sela este livro até ao tempo final” (12,4)... Jeremias também disse: “Nos último dias, eles compreenderão estas coisas” (23,20)...

Lida pelos cristãos, a Lei é um tesouro escondido outrora num campo, mas que a cruz de Cristo revela e explica; ...ela manifesta a sabedoria de Deus, faz conhecer os seus desejos com respeito à salvação do homem, prefigura o Reino de Cristo, anuncia por antecipação a Boa Nova, prediz que o homem que ama Deus progredirá até o ver e entender a sua palavra, e que será glorificado por essa palavra...

Foi desta forma que o Senhor explicou as Escrituras aos seus discípulos depois da sua Ressurreição, provando-lhes assim "que era preciso que Cristo sofresse e entrasse na sua glória" (Lc 24,26). Portanto, se alguém ler as Escrituras desta maneira, será um discípulo perfeito, "semelhante ao dono da casa que tira do seu tesouro coisas novas e velhas" (Mt 13,52).

São Máximo o Confessor (c. 580-662), monge e teólogo Centúrias sobre o amor, 4, 69 ss.

Referências

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