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APELAÇÃO CÍVEL Nº /RS RELATORA : Des. Federal MARIA DE FÁTIMA FREITAS LABARRÈRE

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TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIAO

APELAÇÃO CÍVEL Nº 0032517-52.2000.404.7100/RS

RELATORA : DES. FEDERAL MARIA DE FÁTIMA FREITAS LABARRÈRE APELANTE : CONSELHO REGIONAL DE ECONOMIA - 4A REGIAO/RS ADVOGADO : HERMETO ROCHA DO NASCIMENTO

APELADO : MARCO ANTONIO VARGAS EMENTA

TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. SUSPENSÃO E ARQUIVAMENTO. ART. 40, DA LEF. ART. ART. 174, DO CTN. DECRETAÇÃO DE OFÍCIO. PRÉVIA INTIMAÇÃO DA FAZENDA.

1. Após o decurso do prazo de suspensão do feito (um ano) com base no § 2º do art. 40 da Lei n. 6.830/80, o processo deve ser arquivado administrativamente, independentemente da intimação das partes. A partir daí, inicia o prazo prescricional para fins de prescrição intercorrente (Súmula 314 do STJ).

2.O art. 40 da LEF deve ser interpretado em consonância com o disposto no art. 174 do CTN, o qual limita o prazo de paralisação do processo em cinco anos, uma vez que a prescrição e a decadência tributárias são matérias reservadas à lei complementar (art.146, III, "b", da CF).

3. Decorrido o prazo prescricional, o magistrado, depois de ouvida a Fazenda Pública, poderá reconhecer de ofício a prescrição intercorrente, nos termos do artigo art. 40, § 4º, da Lei n. 6.830/80. Contudo, a declaração da prescrição intercorrente, sem a prévia oitiva da Fazenda, não gera qualquer nulidade, uma vez que a prescrição é matéria de ordem pública e está elencada nas hipóteses de extinção do crédito tributário (art. 156, V, do CTN). Ademais, eventuais causas de suspensão ou interrupção da prescrição podem ser arguidas em apelação.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia 1ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade, negar provimento à apelação, nos termos do relatório, votos e notas taquigráficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

Porto Alegre, 24 de março de 2010.

Des. Federal Maria de Fátima Freitas Labarrère Relatora

APELAÇÃO CÍVEL Nº 0032517-52.2000.404.7100/RS

RELATORA : Des. Federal MARIA DE FÁTIMA FREITAS LABARRÈRE APELANTE : CONSELHO REGIONAL DE ECONOMIA - 4A REGIAO/RS ADVOGADO : Hermeto Rocha do Nascimento

APELADO : MARCO ANTONIO VARGAS RELATÓRIO

A União propõe execução fiscal contra Marco Antônio Vargas, para a cobrança de débito no valor de R$ 1.064,83, em 14/09.2000 (fl. 04).

O MM. Juízo a quo, sentenciando, extingue a execução, em razão do reconhecimento, de ofício, da prescrição intercorrente, nos termos do art. 40, § 4º, da Lei n° 6.830/80 e do art. 269, IV do CPC (fl. 32).

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Inconformada, a União interpõe apelação, alegando, em síntese que não foi devidamente intimada da decisão que determinou a suspensão do feito, bem como do arquivamento (fls. 35-41).

Regularmente processado o recurso, sobem os autos. É o relatório.

VOTO

A sentença recorrida extinguiu a execução fiscal, por ter reconhecido de ofício a ocorrência da prescrição intercorrente.

Reconhecimento de ofício da prescrição intercorrente

Com a edição da Lei nº 11.051, de 29 de dezembro de 2004, tornou-se inequívoca a possibilidade de reconhecimento de ofício da prescrição intercorrente em execução fiscal, após permanecerem os autos arquivados administrativamente, por prazo superior a cinco anos, nos termos do § 2º do art. 40 da Lei 6.830/81:

Art. 40. O Juiz suspenderá o curso da execução, enquanto não for localizado o devedor ou encontrados bens sobre os quais possa recair a penhora, e, nesses casos, não correrá o prazo de prescrição.

§ 1º. Suspenso o curso da execução, será aberta vista dos autos ao representante judicial da Fazenda Pública.

§ 2º. Decorrido o prazo máximo de 1 (um) ano, sem que seja localizado o devedor ou encontrados bens penhoráveis, o Juiz ordenará o arquivamento dos autos. § 3º. Encontrados que sejam, a qualquer tempo, o devedor ou os bens, serão desarquivados os autos para prosseguimento da execução.

§ 4º. Se da decisão que ordenar o arquivamento tiver decorrido o prazo prescricional, o juiz, depois de ouvida a Fazenda Pública, poderá, de ofício, reconhecer a prescrição intercorrente e decretá-la de imediato (grifei)

Posteriormente, a Lei nº 11.960/2009 acrescentou o § 5º ao mesmo artigo 40, dispensando a oitiva prévia da Fazenda no caso de execuções de valores inferiores ao mínimo legal:

§ 5º. A manifestação prévia da Fazenda Pública prevista no § 4º deste artigo será dispensada no caso de cobranças judiciais, cujo valor seja inferior ao mínimo fixado por ato do Ministro de Estado da Fazenda.

Por tratar de matéria processual (atribuições do juiz no curso do processo), o preceito contido no § 4º do art. 40 das LEF tem aplicação imediata, alcançando, inclusive, as execuções propostas antes da vigência da Lei nº 11.051/2004, consoante precedentes do STJ, que transcrevo:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO - EXECUÇÃO FISCAL - PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE - DECRETAÇÃO EX OFFICIO - POSSIBILIDADE - PRÉVIA OITIVA DA FAZENDA PÚBLICA - ART. 40, § 4º DA LEI 6.830/80 (REDAÇÃO DA LEI 11.051/2004) - NORMA DE DIREITO PROCESSUAL - APLICAÇÃO AOS FEITOS AJUIZADOS ANTES DE SUA VIGÊNCIA - OMISSÃO - ABORDAGEM EXPRESSA - INEXISTÊNCIA.

1. Havendo abordagem expressa sobre a tese devolvida à Corte Regional, inexiste omissão sanável por intermédio de embargos de declaração.

2. Na execução fiscal, interrompida a prescrição com a citação pessoal e não havendo bens a penhorar, pode a Fazenda Pública valer-se do art. 40 da LEF para suspender o processo pelo prazo de um ano, ao término do qual recomeça a fluir a

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contagem até que se complete cinco anos, caso permaneça inerte a exeqüente durante esse período.

3. Predomina na jurisprudência dominante desta Corte o entendimento de que, na execução fiscal, a partir da Lei 11.051/04, que acrescentou o § 4º ao artigo 40 da Lei 6.830/80, pode o juiz decretar, de ofício, a prescrição, após ouvida a Fazenda Pública exeqüente.

4. Tratando-se de norma de direito processual, a sua incidência é imediata, aplicando-se, portanto, às execuções em curso.

5. O novo art. 219, § 5º, do CPC não revogou o art. 40, § 4º, da LEF, nos termos do art. 2º, § 2º, da LICC.

6. Recurso especial provido.

(STJ, 2ª Turma, REsp 1034251/RS, Rel. Min. Eliana Calmon, j. 18.11.2008, DJe 15.12.2008)

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO FISCAL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. NÃO-OCORRÊNCIA. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. POSSIBILIDADE DE DECRETAÇÃO DE OFÍCIO PELO JUIZ. ARQUIVAMENTO SEM BAIXA NA DISTRIBUIÇÃO (ART. 20 DA LEI 10.522/2002). 1. A partir da edição da Lei 11.051, de 30 de dezembro de 2004, a qual introduziu o § 4º no art. 40 da Lei 6.830/80, passou-se a admitir a decretação de ofício da prescrição intercorrente, depois da prévia oitiva da Fazenda Pública, para que esta possa suscitar eventuais causas suspensivas ou interruptivas do prazo prescricional, o que, efetivamente, ocorreu no caso dos autos. Precedentes.

2. A lei supramencionada deve ser aplicada imediatamente, na medida em que se trata de norma que dispõe sobre matéria processual, alcançando inclusive os processos em curso.

3. O arquivamento previsto no art. 20 da Lei 10.522/2002 não impede a ocorrência da prescrição, porquanto não prevê nenhuma hipótese de suspensão do prazo prescricional para a cobrança de crédito tributário.

4. Recurso especial desprovido.

(STJ, 1ª Turma, REsp 980.074/PE, Rel. Min. Denise Arruda, j. 10.02.2009, DJe 23.03.2009)

Suspensão e arquivamento na forma do art. 40 da Lei n. 6.830/80

O art. 40 da Lei nº 6.830/1980 dispõe que o juiz suspenderá a execução, enquanto não localizado o devedor ou encontrados bens sobre os quais possa recair a penhora. Desse modo, a suspensão pode ser determinada de ofício devendo-se, neste caso, abrir vista dos autos ao exequente para ciência do ato de suspensão, nos termos do § 1º do artigo em tela. No entanto, desnecessária a intimação da suspensão do feito quando decorrente de requerimento da própria exequente, porquanto demonstrada sua ciência quanto ao sobrestamento dos autos.

A esse respeito, o seguinte precedente do STJ:

EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. EXECUÇÃO FISCAL. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. OCORRÊNCIA. SUSPENSÃO DO FEITO. INTIMAÇÃO PESSOAL DA FAZENDA PÚBLICA. DESNECESSIDADE.

1. Configura-se a prescrição intercorrente quando, proposta a execução fiscal e decorrido o prazo de suspensão, o feito permanecer paralisado por mais de cinco anos por inércia da exeqüente.

2. É prescindível a intimação da suspensão do feito se o pedido de sobrestamento foi formulado pela própria exequente. Precedente: REsp 983.155/SC, Rel. Min. Eliana Calmon (DJe 1º.9.2008).(grifei)

3. Agravo regimental não provido.

(STJ, 2ª T., AgRg no Ag 1107500/MG, rel. Min. Mauro Campbell Marques, D.E. 27/05/2009)

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Após o decurso do prazo de suspensão do feito (um ano) com base no § 2º do art. 40 da Lei 6.830/1980, o processo deve ser arquivado administrativamente, independentemente da intimação das partes. A partir daí, inicia o prazo prescricional para fins de prescrição intercorrente, consoante já sumulou o STJ, in verbis:

Súmula nº 314: Em execução fiscal, não localizados bens penhoráveis, suspende-se o processo por um ano, findo o qual se inicia o prazo de prescrição qüinqüenal intercorrente.

Ademais, é incabível eventual alegação de desconhecimento do posterior arquivamento administrativo dos autos, uma vez que tal providência é conseqüência já prevista no § 2º do artigo 40 da LEF, após o decurso do prazo de um ano da suspensão.

Nesse sentido:

DIREITO TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. PRESCRIÇÃO. INTIMAÇÃO DO FISCO. INEXIGIBILIDADE. HONORÁRIOS. CABIMENTO.

1. Suspensa a execução fiscal, a ação permanece nesta condição até que seja encontrado o devedor ou bens do patrimônio deste, ou até o transcurso dos cinco anos previstos no art. 174, caput, do CTN, contados da data do arquivamento (LEF, art. 40, caput, §§ 2º e 4º). Não havendo manifestação do exeqüente, cumpre ao Juiz decretar a prescrição intercorrente.

2. Suspenso o processo a pedido da credora, incabível a alegação de que não tinha ciência do subsequente arquivamento administrativo dos autos, tendo em vista que tal providência (arquivamento) é conseqüência jurídica já prevista no § 2º do art. 40 da LEF, após o decurso do prazo de um ano de suspensão.

3. Cabível a condenação da Fazenda em honorários advocatícios, na medida em que a parte viu-se compelida a contratar advogado para representá-la em juízo. 4. Apelação improvida.

(TRF 4ª Região, 1ª Turma, AC 1996.70.00.006421-7, Rel. Des. Fed. Álvaro Eduardo Junqueira, D.E. 23.06.2009 - grifei)

EXECUÇÃO FISCAL. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. § 4º DO ART. 40 DA L 6.830/1980.

1. Decorrido o prazo de suspensão do feito, com base no § 2º do art. 40 da L 6.830/1980, o arquivamento dos autos ocorre independentemente da intimação da parte.

2. O § 4º do art. 40 da L 6.830/1980 permite ao juiz que, ouvida a parte interessada, reconheça a prescrição.

3. Transcorridos 5 (cinco) anos de paralisação do processo e não havendo causas de suspensão ou interrupção do prazo prescricional, correta a sentença ao decretar a prescrição intercorrente.

(TRF 4ª Região, 1ª Turma, AC 2000.71.01.001934-4, Rel. Juiz Marcelo de Nardi, D.E. 09.09.2008 - grifei)

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE.

1. "A intimação pessoal do recorrente quando do arquivamento dos autos não é obrigatória, havendo tão-somente previsão de abertura de vista na hipótese do § 1º, do artigo 40, da LEF, o que, in casu, mostra-se irrelevante, porquanto a suspensão do feito deveu-se a requerimento da própria exeqüente" (REsp 1.018.224/SC, Rel. Min. Luiz Fux, DJe de 4.6.2008).

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(STJ, 1ª Turma, AgRg no REsp 1015002/SC, Rel. Min. Denise Arruda, j. 19.02.2009, DJe 30.03.2009)

Prescrição Intercorrente- art. 40 da LEF e art. 174 do CTN

Segundo a sistemática do art. 40 da Lei n. 6830/80, não encontrado o devedor ou bens penhoráveis, suspende-se a execução fiscal, pelo prazo máximo de um ano, não correndo o lapso prescricional.

Por sua vez, consolidou-se a juriprudência, através da Súmula 314 do STJ, no sentido de que, após um ano de suspensão do processo, sem manifestação do exequente, inicia-se, automaticamente, o prazo prescricional intercorrente.

Contudo, a paralisação dos autos não pode protrair-se ilimitadamente no tempo. Há que se compatibilizar com a regra prevista no art. 174, I, do CTN, de modo que o débito tributário executado não se torne imprescritível ou ultrapasse o lapso prescricional do crédito tributário.

Cabe a lei complementar disciplinar acerca da prescrição e da decadência (art. 146, III,"b", da CF/88), portanto, no confronto da legislação especial, com a regra do art. 174 do CTN (lei complementar), esta última impõe limite temporal à paralisação processual.

Não se pode admitir a hipótese de imprescritibilidade não contemplada em lei, tampouco que o Poder Judiciário se ocupe com demandas cujo credor permanece inerte por tempo indeterminado.

Destarte, paralisada a execução por mais de cinco anos, sem o necessário impulso do exeqüente, o reconhecimento da prescrição é medida que se impõe, sob pena de fragilizar-se os princípios da razoabilidade e da segurança jurídica.

Nesse sentido os precedentes:

"RECURSO ESPECIAL. ALÍNEAS "A" E "C". TRIBUTÁRIO, EXECUÇÃO FISCAL. SUSPENSÃO DO PROCESSO. ARQUIVAMENTO. DECURSO DE CINCO ANOS. INÉRCIA DO EXEQÜENTE. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. ITERATIVOS PRECEDENTES. APLICAÇÃO DA SÚMULA 83 DO STJ.

É cediço o entendimento jurisprudencial no sentido de que o 'art. 40 da Lei 6.830/80 deve ser interpretado em sintonia com o art. 174/CTN, sendo inadmissível estender-se o prazo prescricional por tempo indeterminado'

(REsp 233.345/AL, Rel. Ministro Francisco Peçanha Martins, DJU 06.11.00).

"PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. EXECUÇÃO FISCAL. ART. 40, DA LEF. ART. 174 DO CTN. PREVALÊNCIA DAS DISPOSIÇÕES RECEPCIONADAS COM STATUS DE LEI COMPLEMENTAR. PRECEDENTES. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DA DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL.

1. O artigo 40 da Lei de Execução Fiscal deve ser interpretado harmonicamente com o disposto no artigo 174 do CTN, que prevalece em caso de colidência entre as referidas leis. Isto porque, é princípio de Direito Público que a prescrição e a decadência tributárias são matérias reservadas à lei complementar, segundo prescreve o artigo 146, III, "b" da CF.

2. Em conseqüência, o artigo 40 da Lei nº 6.830/80, por não prevalecer sobre o CTN, sofre os limites impostos pelo artigo 174 do referido Ordenamento Tributário. Precedentes jurisprudenciais.

3. A suspensão decretada com suporte no art. 40 da Lei de Execuções Fiscais não pode perdurar por mais de 05 (cinco) anos porque a ação para cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva (art. 174, caput, do CTN).

4. A admissão do recurso especial pela alínea "c" pressupõe a devida demonstração do dissídio pretoriano, de modo que os arestos recorrido e paradigma tenham dado soluções diversas a casos semelhantes.

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(STJ - 1ª Turma, AGRESP nº 615.831/MG, Relator Min. Luiz Fux, unânime, DJ 25/10/2004, p. 242)

EMENTA: EXECUÇÃO FISCAL. LOCALIZAÇÃO DO DEVEDOR. OFÍCIOS A ÓRGÃOS PÚBLICOS PELO JUDICIÁRIO. NECESSIDADE DE EXAURIMENTO DAS DILIGÊNCIAS PELO CREDOR. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. . Compete ao exeqüente instrumentalizar o processo executivo, não se justificando que o credor transfira integralmente ao Judiciário o ônus de localizar o devedor. A intervenção judicial, por meio de expedição de ofícios a órgãos públicos solicitando informações sobre o endereço do executado, deve ser medida excepcional, somente realizada após o exaurimento das diligências possíveis pelo exeqüente. O artigo 40 da Lei n.º 6.830/80 deve ser interpretado em consonância com o disposto no artigo 174 do CTN. Este, como norma complementar que é, prevalece sobre aquele, e limita o prazo de paralisação do processo em cinco anos, já que a prescrição e a decadência tributárias são matérias reservadas à lei complementar, segundo prescreve o artigo 146, III, "b" da CF. Inaplicabilidade da Súmula n.º 46 deste Tribunal quando a extinção da ação impõe-se pela desídia da exeqüente em promover o devido andamento ao processo, bem como da súmula 6 do TRF2, circunscrita àquela Região. Transcorrido prazo superior ao qüinqüênio sem impulso útil por parte do exeqüente, opera-se a prescrição intercorrente, que pode ser declarada de ofício pelo magistrado e conduz à extinção do feito. (TRF4, AC 1996.71.00.025167-6, Primeira Turma, Relator Vilson Darós, D.E. 03/03/2009)

Importante salientar que os pedidos da credora para manutenção da suspensão dos autos não podem ser equiparados a qualquer ato passível de interromper a prescrição. A persecução da dívida pressupõe atitudes concretas e objetivas no sentido de impulsionar a execução, não admitindo o sistema jurídico a perenização do processo.

Ademais, o disposto no art. 40 da Lei n. 6830/80, não tem o condão de suspender ou interromper a contagem do prazo prescricional, uma vez que a matéria deve ser interpretada com as limitações do art. 174 do CTN.

Oitiva da Fazenda antes do decreto prescricional

De outra parte, a previsão do § 4º do artigo 40 da Lei das Execuções Fiscais, na dicção dada pela Lei nº 11.051, de 2004, ou seja, "depois de ouvida a Fazenda Pública", tem por escopo oportunizar àquele Órgão arguir possíveis causas suspensivas ou interruptivas a impedir a caracterização da prescrição intercorrente. No entanto, a ausência da prévia intimação da exequente para se pronunciar sobre a ocorrência da prescrição, não acarreta nulidade da sentença. Isso porque, evidenciada a prescrição intercorrente nos autos, cabe ao juiz decretá-la de ofício, uma vez que se tratar de matéria processual, além de estar elencada no art. 156, V, do CTN, como hipótese de extinção do crédito tributário.

Ademais, possíveis causas suspensivas ou interruptivas do fluxo do prazo prescricional podem ser arguidas em apelação.

Precedentes desta Corte corroboram esse entendimento:

EXECUÇÃO FISCAL. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. EXTINÇÃO DE OFÍCIO. INTIMAÇÃO DA FAZENDA PÚBLICA. LEI Nº 6.830/80 E LEI Nº 11.051/04.

O artigo 40 da Lei nº 6.830/80 deve ser interpretado em consonância com o disposto no artigo 174 do CTN. Este, como norma complementar que é, prevalece sobre aquele, e limita o prazo de paralisação do processo em cinco anos, já que a prescrição e a decadência tributárias são matérias reservadas à lei complementar, segundo prescreve o artigo 146, III, "b" da CF.

Transcorrido o lustro, sem impulso útil por parte do exeqüente, opera-se a prescrição intercorrente, que pode ser declarada de ofício pelo magistrado e extinto o feito sem julgamento do mérito (Lei nº 6.830/80, art. 40, §4º, na redação da Lei

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nº 11.051/04). A previsão do § 4º do artigo 40 da Lei das Execuções Fiscais, na dicção dada pela Lei nº 11.051, de 2004, ou seja, "depois de ouvida a Fazenda Pública", tem por escopo oportunizar àquele Órgão argüir possíveis causas suspensivas ou interruptivas a impedir a caracterização da prescrição intercorrente. No caso, porém, a análise dos autos demonstra inexistir qualquer dessas objeções. A apelação, aliás, nenhuma linha dedica a essa questão, limitando-se a bater na tecla da necessidade da intimação pessoal. Mas intimar para quê? O Judiciário já está assoberbado de processos, manter mais um, só para fins de estatística, movimentando a máquina judiciária, sem qualquer perspectiva de um resultado útil, é dar valor demasiado à forma em prejuízo da efetividade. (TRF4, AC 2005.04.01.033820-0, Primeira Turma, Relator Vilson Darós, DJU-09.11.2005). DIREITO TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. OCORRÊNCIA. SÚMULA 314 DO STJ. § 4º DO ART. 40 DA LEF. DESNECESSIDADE DE INTIMAÇÃO DA UNIÃO PARA DAR PROSSEGUIMENTO DO FEITO.

1. No § 4º do art. 40 da LEF, introduzido pela Lei nº 11.051/2004, a expressão "depois de ouvida a fazenda Pública", não veda a declaração da prescrição, de ofício, pelo juiz, antes de intimar a fazenda Pública, porque se trata de matéria de ordem pública e modalidade de extinção do crédito tributário, previsto no art. 156, V, do CTN, não adstrito à conveniência do Fisco.

2. Tem aquela locução a finalidade de informar o transcurso do prazo qüinqüenal, para possibilitar argüição de possíveis causas suspensivas ou interruptivas da prescrição intercorrente (CTN, arts. 151 e 174, parágrafo único).

3. Em conformidade com o parágrafo 4º do artigo 40 da LEF, para que ocorra a prescrição intercorrente é necessário o transcurso do prazo de cinco anos, contados da data do despacho que determina o arquivamento do feito.

4. Conforme a Súmula 314 do STJ, decorrido um ano da data da suspensão do processo, inicia-se a contagem do prazo prescricional intercorrente.

5. Apelação improvida.

(TRF4, AC nº 90.04.08692-7, Primeira Turma, Rel. Des. Federal Álvaro Eduardo Junqueira, D.E. 23-10-2007)

Prescrição intercorrente na hipótese dos autos

No caso em apreço, a sentença extintiva foi proferida em 10.06.2009, portanto já na vigência da regra do § 4º do art. 40 da LEF, que autoriza o reconhecimento de ofício da prescrição intercorrente.

Em 04.02.2002, foi deferido o pedido formulado pela exequente de suspensão do feito (fl. 22). Os autos foram arquivados administrativamente, sem baixa na distribuição, com base no art. 40, § 2º da referida Lei, em 27.05.2003 (fl. 22-verso).

Instada a manifestar-se sobre a prescrição intercorrente, nos termos do § 4º do referido dispositivo legal, a exequente não informou a existência de qualquer causa que elidisse a prescrição, alegando como causa interruptiva do prazo prescricional a citação feita antes mesmo de deferido o prazo de suspensão (fls. 25-31).

Assim, sendo deferido o feito arquivado em 27.05.2003, a partir dessa data começou fluir o prazo da prescrição intercorrente, o qual expirou em 27.05.2008. Com efeito, a sentença, datada de 10.06.2009 (fl. 32), foi prolatada quando já havia transcorrido o lustro prescricional.

Ante o exposto, voto por negar provimento à apelação. Des. Federal Maria de Fátima Freitas Labarrère

Relatora

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APELAÇÃO CÍVEL Nº 0032517-52.2000.404.7100/RS ORIGEM: RS 200071000325173

RELATOR : Des. Federal MARIA DE FÁTIMA FREITAS LABARRÈRE PRESIDENTE : ÁLVARO EDUARDO JUNQUEIRA

PROCURADOR : Dra. Andrea Falcão de Moraes

APELANTE : CONSELHO REGIONAL DE ECONOMIA - 4A REGIAO/RS ADVOGADO : Hermeto Rocha do Nascimento

APELADO : MARCO ANTONIO VARGAS

Certifico que este processo foi incluído na Pauta do dia 24/03/2010, na seqüência 71, disponibilizada no DE de 12/03/2010, da qual foi intimado(a) o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL e as demais PROCURADORIAS FEDERAIS.

Certifico que o(a) 1ª TURMA, ao apreciar os autos do processo em epígrafe, em sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

A TURMA, POR UNANIMIDADE, DECIDIU NEGAR PROVIMENTO À APELAÇÃO. RELATOR

ACÓRDÃO : Des. Federal MARIA DE FÁTIMA FREITAS LABARRÈRE VOTANTE(S) : Des. Federal MARIA DE FÁTIMA FREITAS LABARRÈRE

: Des. Federal ALVARO EDUARDO JUNQUEIRA : Des. Federal JOEL ILAN PACIORNIK

LEANDRO BRATKOWSKI ALVES Diretor de Secretaria

Documento eletrônico assinado digitalmente por LEANDRO BRATKOWSKI ALVES, Diretor de Secretaria, conforme MP nº 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, e a Resolução nº 61/2007, publicada no Diário Eletrônico da 4a Região nº 295 de 24/12/2007. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico https://www.trf4.gov.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 3373577v1 e, se solicitado, do código CRC 7FC773AC.

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