Universidade de Brasília
Efeitos do mercúrio na saúde e
no meio ambiente
Prof. Eloisa Dutra Caldas
I Seminário Saúde Sem Mercúrio em Brasília Brasília, 16 de abril de 2013
Mercúrio
• Século IX
– Amaciar pele de coelho para fabricação de chapéu (nitrato de mercúrio)
– Perturbações renais e nervosas (hidrargirismo)
• Minamata, Japão 1953
– Chisso Industria Química (acetaldeído) – > 900 mortes: consumo de peixe
– Bebês com deformidades – Doença de minamata
• 2265 vítimas, 1435 mortes até 2000
• Natural
– Evaporação da crosta terrestre: 25000 a 150000
tons/ano (elementar: Hg
0)
– Vulcano, queimas, petróleo, carvão
• Antropogênia: elementar e inorgânico
– atividade industrial, mineração
– Incineração de lixo doméstico e hospitalar
Fontes de mercúrio
USA: 13% das emissões é de origem hospitalar
Exposição humana
• População geral
– Alimentos, principalmente peixe (MeHg) – Amalgama dentária
– Ambiental, natural ou antropogênica
• Exposição fetal
– dieta materna
• Recém nascidos, crianças
– Vacinas (EtHg) – Leite materno
• Ocupacional
– Indústria – Mineração – Hospitais, dentistasExposição e toxicidade
Inalação (Hg
0)
• Vaporização a partir de 12
oC
• difusão através da membrana alveolar
• Lipossolúvel
• afinidade por glóbulos vermelhos e SNC
oxidação
• t
1/2~ 35-90 dias
Toxicidade
• aguda
bronquite corrosiva e peneumonite
intersticial, SNC
• crônica
excitabilidade, tremor e gengivite,
comportamento: SNC e periférico
INGESTÃO
• Metálico (Hg
0)
0.01% absorvido
• Inorgânico (HgCl
2)
7% absorvido
– armazenado nos rins
– t
1/2~ 40 dias
– Nefropatia
– excretado na urina e fezes
• Orgânico (MeHg)
90 - 95% absorção
– biotransformado a inorgânico
– armazenado no fígado e cérebro
– t
1/2~ 70 dias
Acrodinia •Aguda ou crônica •Irritabilidade, dor nas extremidades, hipertensãoMeHg
• Consumo de peixe, principalmente
• Neurotóxico
– Parestesia, ataxia, neurastenia, tremor, gengivite, eretismo – peroxidação lipídica
• Mulheres em idade reprodutiva
– exposição do feto
• migração neuronal anormal • interage com DNA e RNA
• comprometimento do desenvolvimento cerebral • retardamento psicomotor
Mecanismo de toxicidade do
mercúrio
• alta afinidade por tiols de proteínas,
aminoácidos, peptídios
– albumina, metalotioneina, glutatione,
cisteina
– Inativação de enzimas, alteração protéica,
transporte celular
• alteração permeabilidade da membrana
• formação de radicais livres
• Exposição segura oral (OMS)
– MeHg (peixe e crustáceos): 1,6 µg/kg pc
• Estudos epidemiológicos nas ilhas Faroe e Seychelles
com crianças 5-7 anos - desenvolvimento neurológico
• Mercúrio no cabelo materno,consumo de peixes
• Concentração de mercúrio no sangue e ingestão diária
– Mercúrio inorgânico (exposição outra que não peixe e
crustáceos): 4 µg/kg pc
• Limite máximo em peixe (Codex alimentarius e Brasil)
– Predadores: 1 mg/kg
– Não predadores: 0,5 mg/kg
• Indicador biológico de exposição, inorgânico na urina (NR 7) – Valor de referencia 5 μg/g creatinina
– IBMP: 35 μg/g creatinina
Mercúrio em peixe no Brasil
Perto da região de garimpo Longe da região de garimpo (Roulet et al., 1998) Hg, ng/g d.w.
(Lebel et al., 1997)
Solo/água com teores elevados de mercúrio Independe da atividade humana
• Consumo de peixes (predadores) pode
representar um risco para a população
• Limite máximos mais restritivos não terão
impacto
• Ação possível
– Informação da população quanto ao riscos
– Alteração do hábito alimentar sem impactar de maneira significante a dieta regional
– Grupo de maior risco: mulheres em idade gestacional
Gerenciamento e comunicação de risco:
mercúrio em peixes na Amazônia
Timerosal (EtHg) na vacina
• Controvérsia quanto aos risco
– Exposição aguda
– Autismo?
Conclusões
• Mercúrio: componente natural
• Atividade humana aumentou a disponibilidade • Uso hospitalar
– Educação do operador, condições de trabalho – Lixo
• Risco/benefício – Dieta
• programas de comunicação de risco para populações mais críticas, sem comprometer o consumo de peixe – Vacina
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