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O gênero como categoria útil para análise do Golpe de 2016.1

O trabalho em questão é uma análise do livro O golpe da perspectiva do gênero organizado por Fernanda Argolo e Linda Rubim e publicando pelo Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre as Mulheres (NEIM) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em 2018. Trata-se de uma abordagem sobre o impeachment de Dilma Rousseff, a partir dos escritos publicados em um livro que tem como tese central para deposição da presidente a questão da perspectiva do gênero. Uma obra que em si é polêmica. Entretanto, de grande importância para um contexto atual em que evidencia as fragilidades da nossa democracia. Assim discutir gênero, autoritarismo e golpe de estado passam a ser fundamental para edificar ferramentas para a construção de um país democrático.

Sobre gênero, a historiadora estadunidense Joan Sckott em trabalho clássico intitulado de Gênero: uma categoria útil para análise histórica (1989) tornou-se uma referência para este campo teórico de estudo. A autora critica a história social e propõe a utilização de gênero como categoria de análise histórica a partir de uma perspectiva desconstrucionista. Ao definir gênero a autora o relaciona como “elemento constitutivo das relações sociais baseado nas diferenças percebidas entre o sexo”1. Assim, gênero está diretamente relacionado à

construção das relações de poder.

Joan Sckott menciona que o estudo sobre a história das mulheres foi renegado ao longo da história e não à utilização de gênero como categoria de análise é de caráter relativamente recente de estudos neste campo. Só a partir do final no século XX que alguns profissionais dos mais diversos campos de formação começaram a mudar sua perspectiva de análise tendo como elemento central de análise a categoria gênero. Porém, no decorrer do supracitado texto, a autora menciona vários exemplos em que a referida categoria interpretativa foi posta em evidência, demonstrando como os historiadores ao longo do tempo mostraram posições e argumentos a partir do conceito em questão.

Novo livro O golpe na perspectiva do gênero não há menção ao trabalho da estudiosa estadunidense como referência para os argumentos de seus autores. Entretanto, faz uso da importância do gênero para interpretação da história do Brasil, e, no caso específico, o

1 Manoel Reinaldo Silva Rego é professor de História da Rede Municipal de Ensino de Vitória da Conquista e atualmente cursa o mestrado em História Social na Universidade Federal da Bahia, UFBA.

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desdobramento e os mecanismos utilizados pelos opositores do governo para destituir do cargo a primeira Presidente da República eleita no Brasil.

Publicado em 2018 pela editora da Universidade Federal da Bahia, essa obra é um esforço de compreensão sobre o impeachment protocolado na Câmara dos Deputados contra Dilma Rousseff, e aprovada pela maioria qualificada dos congressistas, o que consubstanciou na destituição do poder em maio de 2016 a primeira mulher eleita para o cargo supremo da República.

O livro é composto por uma coletânea de artigos, organizados por Linda Rubim e Fernanda Argolo, sobre a temática voltada para gênero e política, relacionando-os com o impedimento de Dilma. As autoras dos textos são mulheres das mais variadas formações e que de certa forma têm experiência com a temática de gênero nas suas trajetórias profissionais acadêmicas, em gestão pública, ou de militância em movimentos sociais ou partidos políticos.

A obra em questão foi publicada pelo Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre as Mulheres (NEIM), da Universidade Federal da Bahia, UFBA. Segundo as organizadoras, o livro ora em discussão foi pensado e teve iniciada a sua produção durante o processo de impeachment e tem como objetivo apresentar a incômoda ausência nas análises e discussões em meio á conjuntura da destituição da presidenta eleita e é com base nesse ponto é que justificam o título do livro.

Para fundamentar a existência de um golpe de estado na perspectiva mencionada, elas utilizaram as mais variadas formas de fontes. As autoras com perfil acadêmico, como é o caso de Clara Araújo, propuseram-se a analisar os argumentos produzidos pela grande mídia ou em discursos dos parlamentares. Porém, também há textos baseados na experiência de participação no governo de Dilma, como é o artigo de Eleonora Menicucci. E, por último, de autoria de mulheres com mandato parlamentar, merecendo destaque o artigo da vereadora Marielle Franco, publicado após sua morte, no qual a ativista defende uma efetiva participação das mulheres na vida política do país.

Concordamos com as autoras quando se utilizam do conceito de golpe para definir a destituição de Dilma da presidência da República em 2016. Há uma literatura que nos fornece sustentação a este argumento. Como exemplo, o livro do conceituado cientista político Wanderlei Guilherme dos Santos A democracia Impedida: o Brasil do século XXI. Nesta obra o autor busca fazer uma análise conceitual sobre golpe de estado além de fazer um estudo

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comparativo entre o golpe de estado de 1964 e o de 2016.

Do ponto de vista político, houve um grande processo de (des)legitimação dos resultados das urnas. Não havia nenhuma materialidade de prova nos argumentos do candidato perdedor, Aécio Neves, em pedir recontagem de votos. A atitude do candidato derrotado levantou a evidência que ele contava com forças políticas e econômicas que também não aceitariam a soberania popular a partir do resultado das urnas se essas não fossem favoráveis da coligação PSDB e aliados.

Segundo Wanderlei Guilherme dos Santos é a partir dessa investidura, em não reconhecer o resultado eleitoral, por parte do candidato derrotado no segundo nas eleições presidenciais de 2014, que começa uma grande coalização política para a destituição da presidente reeleita. Para esse autor, foi a atitude de Aécio Neves que levou a um início suprapartidário para deslegitimar as atribuições da chefe suprema da Nação. Da mesma forma, a tentativa de aprovação de uma pauta, conhecida como “pauta bomba”, na Câmara dos Deputados tinha como objetivo desestabilizar a presidenta eleita.

Igualmente, há argumentos jurídicos que embasam a tese de golpe. O artigo 152 da Constituição Federal prevê, no caso de impeachment de presidente, sua penalização pela cassação dos direitos políticos por oito anos, o que não aconteceu. Um arranjo feito pelos atores do parecer final sobre o afastamento da presidenta optou por preservar os direitos de Dilma naquele momento. Isso se torna substância para uma sustentação de que a lei suprema do país não foi aplicada evidenciando a existência do golpe parlamentar.

O que prevaleceu foram os acordos das forças políticas que optaram pela conciliação quando se viram diante do principal objetivo a ser alcançado: a retirada da presidente eleita do poder. Diante disso, vimos um presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) juntando-se a golpista para dar uma roupagem de legitimidade e uma aparência de legalidade ao processo. Porém, o mesmo presidente da Suprema Corte foi um dos articuladores para abrandar a ação dos golpistas, tentando não atingir os direitos políticos da Presidenta deposta.

Além disso, foi grande o número de parlamentares, tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado, que justificaram seu voto com argumentos que não tinham nada a ver com a peça acusatória que substanciaria o crime de responsabilidade praticado pela presidenta. O caso mais notório foi o do, na ocasião, deputado Jair Messias Bolsonaro que dedicou o seu voto ao Coronel Brilhante Ustra, notório torturador do regime militar, do qual o referido político é

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notável saudosista.

Assim, a obra em discussão é fundamental para contribuir com uma lacuna da história social da política no Brasil, na medida em que ela dimensiona a ação do poder a partir da história das mulheres, o que é pouco estudado. Desta forma, o golpe na perspectiva do gênero enfoca em uma abordagem inovadora ao despertar para possibilidades em novos estudos sobre a temática. Assim, a obra em questão traz uma contribuição importante à historiografia brasileira.

É nesse aspecto que Mary Del Priore em História das Mulheres: as vozes do silêncio menciona como o feminino foi renegado ao longo da história. Para essa autora, só a partir da década de 60 do século passado com o crescimento do movimento feminista que uma historiografia sobre gênero passou a ser construída no meio acadêmico.

É nesse sentido que o primeiro artigo “precisamos falar de gênero”, de autoria das organizadoras do livro, vem abordando os avanços e recuos no decorrer da história do Brasil. As autoras expõem a simbologia que representa o Senado Federal, que só passou a ter banheiros femininos a partir de 2015. Para as organizadoras do livro, a eleição de uma mulher para a presidência da república era uma ousadia e que a reincidência não poderia ser aceita. Desta forma, as pedaladas fiscais eram a tradução de um ressentimento dos políticos representantes tradicionais do Brasil amparados por uma mídia descomprometida com a imparcialidade da informação.

O artigo de Céli Regina “Dilma, uma mulher política” argumenta que a lei que assegura a candidatura de 30% das mulheres nas eleições não tem resultado no processo eleitoral. Outra tese desconstruída pelo argumento da autora é a idéia de técnico competente desvinculado do mundo político.

Para Céli Regina, o famoso técnico político apartidário é uma invenção das ditaduras do Cone Sul. Para ela, este sujeito apartidário não existe. Além disso, o comprometimento político vai muito além de cargos eletivos. A trajetória de Dilma é um contraponto aos que afirmam que ela não tem vivência política. Desde a juventude, a presidente deposta passou por organizações políticas como (Colina) e (Var-Palmares), que tinham posições diametralmente opostas ao regime dos generais. Ao longo do seu texto, a autora vai fazendo questionamentos sobre o que é ser política e polemizando sobre quem era política, Dilma ou seus opositores. Assim, autora sustenta um argumento apresentando como a presidenta deposta tem uma

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longeva trajetória de militância política coerente e combativa.

Acreditamos que a Céli Regina fez uma análise lúcida diante desses argumentos. Porém, não concordamos com o posicionamento da autora ao afirmar que se fosse um cacique do PT o golpe não teria acontecido, até mesmo porque o desdobramento golpe o que ficou evidente foi a tentativa, com relativo sucesso, em retirar as principais quadro do partido das disputas eleitorais de 2018. O caso mais emblemático foi a condenação acelerada do ex-presidente Lula.

No artigo de Clara Araújo Incongruências, dubiedades, deslegitimarão e legitimação: o golpe contra Dilma Rousseff, a autora, fiel ao título, analisa as contradições do Golpe de 2016, recorrendo-se aos conceitos de carisma e legitimação desenvolvidos por Max Weber. Segundo Clara Araújo, os opositores da presidente justificavam que ela não tinha tais atributos necessários ao exercício do cargo. Outro argumento para a (des)legitimação estava voltado à incapacidade que Dilma tinha de fazer negociações com o parlamento a varejo. Essas contradições para a autora também podem ser vistas nos discursos sobre a trajetória de Dilma. Quando era conveniente, seus opositores a relacionava com uma pessoa inexperiente com a vivência partidária, ou, contraditoriamente, como pessoa que não tinha firmeza partidária: já havia passado por vários partidos. Da mesma forma, Dilma era relacionada de forma negativa com pouca experiência eleitoral; era nova na política. Esses mesmos argumentos, que serviam de críticas a Dilma, foram tidos como positivos no surgimento de João Doria em São Paulo, assim como Emanuel Macron na França pelos mesmos atores políticos, quer seja na oposição partidária á presidente ou na mídia que a contestava.

Diante desses argumentos, Clara Araújo menciona que o gênero foi acionado como recurso negativo da figura pública de Dilma Rousseff. Além disso, o espectro da deslegitimação foi tão amplo que ultrapassa o impeachment “e expressa valores que ainda bem arraigados em nossa sociedade” (p. 48), conclui a autora.

No artigo “Imaginário, mulher e poder no Brasil: reflexões acerca do impeachment de Dilma Rousseff”, Cláudia Leitão, reconstrói, a partir do conceito de imaginário, como no decorrer da história da humanidade a mulher foi projetada na vida política. Nesse contexto, a autora argumenta que no Brasil sobre a mulher foi projetado um papel de esposa amantíssima, companheira confidente, cúmplice. Dilma nesse caso poderia ser aceita como a mãe do PAC (programa de aceleração do crescimento). Porém, para a autora, o imaginário construído não

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permitiria que Dilma fosse acolhida no mundo da política dentro de uma sociedade patriarcal e suas virtudes viris.

O livro em questão traz ainda cinco textos de mulheres com trajetórias acadêmicas voltadas para o estudo de gênero. “Direitos reprodutivos, um dos campos de batalha do golpe”, de autoria das pesquisadoras do (NEIM, UFBA), Maíra Kubík Mano e Márcia Santos Macedo; “Uma mulher foi deposta: sexismo, misogenia e violência política”, de Flavia Biroli; “A máquina misógina e o fator Dilma Rousseff na política Brasileira”, de Márcia Tiburi; “O golpe de 2016 e a demonização de gênero”, de Mary Garcia Castro; e, nessa mesma perspectiva sobre a temática também se situa o artigo de Nilma Lino Gomes “O golpe disfarçado de impeachment: uma articulação escusa contra as mulheres”.

Dos cinco consistentes artigos, merece destaque a publicação das pesquisadoras do NEIM, porque talvez o que mais incomodou parte das forças conservadoras que articularam o golpe foi o fato de Dilma na condição de mulher defender e conduzir pautas inadmissíveis por parte de um grupo de pressão misógino dentro do Congresso Nacional e apoiado por forças retrógadas da arena política brasileira.

Os outros artigos do livro são compostos por trabalhos de mulheres que optaram por fazer militância dentro da arena política, disputando cargos eletivos ou participando da máquina burocrática do estado. O primeiro deles de autoria de Eleonora Menicucci “O golpe e as perdas de direitos para as mulheres” traz um argumento que, de certa forma, poderia sustentar, a tese central do livro: em qualquer golpe de estado, os depostos do poder são os primeiros atingidos pelos que ascenderam à nova ordem. No caso específico, foram as mulheres quem de imediato viram seus direitos e pequenas conquistas serem atacados.

A vereadora Marielle Franco em “Mulher, negra, favelada e parlamentar: resistir é pleonasmo” faz um comentário sobre o impeachment de Dilma, em seguida, discorre, a partir de suas experiências, sobre as dificuldades encontradas pelas mulheres para fazer política no Brasil.

Fecham o livro dois artigos “Sobre o golpe e as mulheres no poder” e “Dilma: símbolo para a participação política feminina”, de autoria, respectivamente, de Olívia Santana e Vanessa Guimarães, ambas como experiência e com sucesso em disputas eleitorais pelo PC do B. Nesses artigos, as autoras analisam a conjuntura política no contexto do golpe de estado de 2016.

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Estamos de acordo com a posição das autoras na obra ao serem enfáticas na existência do golpe. Porém, em alguns casos específicos temos que discordar do peso que deram à questão do gênero, porque acreditamos que o golpe foi arquitetado por setores fisiológicos do consórcio PSDB e aliados que, desiludidos depois de várias derrotas consecutivas, não viam um cenário para um curto prazo voltar ao poder na esfera federal.

Apelaram por romper o pacto constitucional e para isso contaram segmentos da classe dominante do país que tinham o objetivo em conter os avanços sociais e trabalhistas de uma parcela da população subalterna. Desta forma concordamos com Wanderley Guilherme dos Santos que ao analisar o golpe em Dilma afirma que;

O que há a mais é o visceral e explícito repúdio ao continuado predomínio de políticas visando reduzir as desigualdades nacionais. Sucessivas derrotas levaram a elite econômica do país, embora altamente compensada durante os governos trabalhistas, a associar-se aos setores preconceituosos da classe média nos desespero das eleições como recurso para interromper a supremacia eleitoral trabalhista.2

Concordando com a tese do autor que a dimensão dos avanços econômicos e sociais e a supremacia eleitoral trabalhista foi o estopim para a construção de uma ação golpista entre mídia, judiciário e parlamento com o apoio de vários segmentos da sociedade. Além disso, podemos dizer que a estrutura partidária montada pelo Partido dos Trabalhadores (PT) em vários estados da federação e na grande maioria dos municípios brasileiros, muita das vezes utilizando de uma postura fisiológica, fizeram com que uma saída eleitoral ficasse improvável em um período curto o retorno ao poder dos partidários do PSDB e aliados.

Assim, esse bloco de poder que esteve à frente do comando do país por oito anos sobre a liderança de Fernando Henrique Cardoso e mantiveram uma postura democrática durante esse período, passaram a adotar uma posição golpista e aliando-se a uma extrema direita que, após a Constituição de 1988, passou a ficar às margens do sistema político eleitoral. Entretanto, com o desdobramento da Operação Lava Jato e com as manifestações de junho de 2013, essa extrema direita ocupou posição relevante nessa conjuntura de crise política.

Da mesma forma, entendemos como relevante, com algumas ressalvas, as hipóteses levantadas pelo ex ministro de Lula, o cientista político, André Singer no livro O lulismo em crise: um quebra-cabeça do período Dilma (2011-2016). Este autor ao abordar a temática no supracitado livro atribuiu a destituição da presidente a três elementos: acelerar o ritmo da empreitada das transformações econômicas; tomar uma direção autônoma do lulismo, embora

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dentro dos limites, fazendo uma transformação pelo alto dentro de um ensaio desenvolvimentista e republicano.

A última tese do trabalho supracitado estava voltada para a opção tomada por Dilma em resistir ao fisiologismo político para evitar a sua destituição do cargo. Assim, para André Singer estava a postura de Dilma que optaria por “cair, mas não dobrar” posição oposta ao de Lula que em situação parecida “dobraria, mas não cairia”. Esta última hipótese não concordamos com abordagem deste autor. Atribuir ao golpe às ações do presidente desposto, acreditamos que é potencializar de forma demasiada as ações de um indivíduo na História. Quanto a obra O golpe na perspectiva do gênero defendemos uma posição a qual a categoria de gênero foi utilizado mais como meios para desestabilizar o governo da presidente Dilma. Os fins estavam voltados para combater os avanços sociais das classes e camadas subalternas da sociedade de forma mais ampla. E para desespero dos ressentidos, estava a percepção que eram progressos duradouros, incapaz de ser combatidos através de uma saída eleitoral.

Entretanto, é de se reconhecer a importância e a necessidade desta obra corajosa, principalmente para as autoras que vieram do meio acadêmico. As instituições de pesquisas nas áreas das ciências sociais, na grande maioria, tenderam a silenciar-se no caso do impedimento de Dilma. Fazer uma abordagem analítica, partindo do princípio de golpe de estado, é de imensa relevância neste contexto histórico.

O golpe na perspectiva do gênero é um livro que vale a pena ser lido porque abre várias possibilidades para o entendimento de um Brasil recente e seu processo de continuidade de um conservadorismo enraizado em nossa sociedade. Além disso, permite-nos entender como a misoginia e a cultura do patriarcado é tão presente na sociedade brasileira.

Voltando ao trabalho de Joan Scott, para esta autora, a política constitui apenas um dos domínios onde o gênero pode ser utilizado para a análise histórica3. Entretanto, para esta historiadora estadunidense, trata-se de um território praticamente inexplorável, já que o gênero foi percebido como uma categoria antitética aos negócios sérios da verdadeira política. Assim, gênero é uma categoria útil para o estudo da história social e política. A obra em questão, sobre o impeachment de Dilma Rousseff, demonstra o importância da abordagem do supracitado conceito para análise de uma determinada sociedade.

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1 SCOTT Joan. Gênero: uma categoria útil para análise histórica. Tradução: Christine Rufino Dabat e Maria Betânia Ávila. Texto original: Joan Scott – Gender: a useful category of historical analyses. Gender and the politics of history. New York, Columbia University Press. 1989. Disponível em:

https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/185058/mod_resource/content/2/G%C3%AAnero-Joan%20Scott.pdf . Acesso em: 13 jun. 2019. p. 21

2 SANTOS, Wanderley Guilherme. A democracia impedida: o Brasil do Século XXI. Rio de Janeiro, FGV; 2017. p. 47.

3 SCOT, J. Gênero: uma categoria útil para a análise histórica..., p.18.

Bibliografia

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.

Brasília, DF: Presidência da República, [2019]. Disponível

em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 15 junho. 2019.

PRIORE, M. D. História das mulheres: as vozes do silêncio. In: FREIRAS, Marcos César. Historiografia brasileira em perspectiva. São Paulo, Editora contexto, 3ª edição; 2012.

RUBIM. Linda & ARGOLO Fernanda (Org). O Golpe na perspectiva de Gênero. Salvador, EDUFBA; 2018.

SANTOS, W. Guilherme. A democracia impedida. O Brasil no século XXI. Rio de Janeiro, FGV; 2017.

SCOTT Joan. Gênero: uma categoria útil para análise histórica. Tradução: Christine Rufino Dabat e Maria Betânia Ávila. Texto original: Joan Scott – Gender: a useful category of historical analyses. Gender and the politics of history. New York, Columbia University Press.

1989. Disponível em:

https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/185058/mod_resource/content/2/G%C3%AAnero-Joan%20Scott.pdf . Acesso em: 13 jun. 2019.

SINGER, André. O lulismo em crise: Um quebra-cabeça do período Dilma (2011-2016). Rio de Janeiro, Companhia das Letras, 1ª edição; 2018.

Referências

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