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Fatores de risco associados ao Acidente Vascular Cerebral (AVC) em hipertensos no estado do Piauí Prática Educacional

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Fatores de risco associados ao Acidente Vascular Cerebral (AVC) em

hipertensos no estado do Piauí – Prática Educacional

Alexandre Henrique Quadros Gramosa1 Sérgio Filatoff Neto1 Suelem Torres de Freitas1 Tito Livio da cunha Lopes1 Rita de Cássia de Lima Idalino2

RESUMO

O acidente vascular cerebral é um déficit neurológico (transitório ou definitivo) em uma área cerebral secundário a lesão vascular, que possui como principal fator de risco a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS). A identificação desses fatores de risco, é uma das estratégias para o controle de tais doenças, portanto, o presente estudo teve como objetivo analisar os principais fatores de risco associados ao AVC em hipertensos do estado do Piauí. Realizou-se um estudo de coorte utilizando dados de pacientes hipertensos do estado do Piauí que sofreram AVC, no período de Janeiro de 2002 a abril de 2013, oriundos do Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos – HIPERDIA. Os principais fatores de risco estudados foram: faixa etária, sexo, sedentarismo, sobrepeso e tabagismo. Dos 182925 individuos estudados, 121924 (66,7%) eram do sexo feminino e 61001 (33,3%) do sexo masculino, 51,7% eram idosos, 41,5% sedentários, 33,3% com sobrepeso e 18,4% tabagistas. Todos os fatores apresentaram-se altamente significativos (p < 0,001), sendo que os fatores ser sedentário e ser tabagista demonstraram as maiores prevalências. Concluiu-se, que os fatores de risco relacionados aos hábitos de vida foram os mais associados, indicando que a prevenção e o conhecimento são as melhores estratégias para evitar o AVC.

1 Graduandos do Bacharelado em Estatística – Universidade Federal do Piauí 2 Docente do bacharelado em Estatística – Universidade Federal do Piauí

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INTRODUÇÃO

O termo Acidente Vascular Cerebral (AVC) é usado para designar o déficit neurológico (transitório ou definitivo) em uma área cerebral secundário a lesão vascular, e representa um grupo de doenças com manifestações clínicas semelhantes, mas que possuem etiologias diversas: a hemorragia intraparenquimatosa (HIP), cujo mecanismo causal básico é a degeneração hialina de artérias intraparenquimatosas cerebrais, tendo como principal doença associada a hipertensão arterial sistêmica (HAS); AVC hemorrágico (AVCh) compreende a hemorragia subaracnóide (HSA), em geral decorrente da ruptura de aneurismas saculares congênitos localizados nas artérias do polígono de Willis e AVC isquêmico (AVCi) descreve o déficit neurológico resultante da insuficiência de suprimento sanguíneo cerebral, podendo ser temporário (episódio isquêmico transitório, EIT) ou permanente, e tendo como principais fatores de risco a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), as cardiopatias e o diabetes mellitus (DM) (GOMES, 1992 apud RADANOVIC, 2000).

Segundo BRASIL (2006), os principais fatores de risco para o AVC são: história familiar de doença cardiovascular prematura (família 1º grau, sexo masculino < 55 anos e sexo feminino < 65 anos), homem > 45 anos e mulher > 55 anos, tabagismo, hipercolesterolemia (LDL-c elevado), HAS, Diabetes Melitus, obesidade, gordura abdominal, sedentarismo, dieta pobre em frutas e vegetais, estresse psico-social. A presença de 9 desses fatores pode explicar 90% do risco atribuível de doença cardiovascular em uma população.

A HAS é considerada um problema de saúde pública por sua magnitude, risco e dificuldades no seu controle. Os avanços no conhecimento da HAS permitem conceituá-la como uma doença sistêmica, fazendo-se acompanhar de alterações na função endotelial, na elasticidade arterial, na estrutura da parede arterial e no miocárdio. A HAS é assim o fator de risco mais importante para a ocorrência de AVC, expressando esta relação por pelo menos três vias: lesão focal das artérias intracerebrais (lipo-hialinólise), que gera em última análise a oclusão arterial; necrose isquêmica com consequente surgimento de pequenas cavitações cerebrais (enfartes lacunares); rutura das pequenas artérias intracerebrais, causando hemorragias cerebrais. Esta promove ainda hipertrofia e espessamento da camada média das pequenas artérias intracerebrais, e uma hipoperfusão e rarefação isquêmica difusa da substância branca (PIZZI, 2006; MATTACE-RASO, 2010; PEREIRA, 2013)

A identificação dos maiores fatores de risco para as doenças cerebrovasculares e cardiovasculares, as estratégias de controle efetivas, combinadas com educação comunitária e

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monitoramento-alvo dos indivíduos de alto risco têm contribuído para uma queda substancial na mortalidade, portanto, o presente estudo teve como objetivo analisar os principais fatores de risco associados ao AVC em hipertensos do estado do Piauí.

MÉTODOS

Realizou-se um estudo de coorte utilizando dados de pacientes hipertensos do estado do Piauí que sofreram AVC, no período de Janeiro de 2002 a abril de 2013, oriundos do Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos - HIPERDIA, gerido pelo Ministério da Saúde, através da Secretaria de Atenção à Saúde, em conjunto com a Coordenação Nacional do Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus, as Secretarias Estaduais de Saúde e as Secretarias Municipais de Saúde, sendo processados pelo DATASUS - Departamento de Informática do SUS, da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde.

Os principais fatores de risco estudados foram: faixa etária, sexo, sedentarismo, sobrepeso e tabagismo. A análise estatística foi realizada no software R, no qual realizou-se o teste qui-quadrado, e calculou-se o odds ratio (OR) e o risco relativo (RR), com seus respectivos intervalos de confiança, interpretados a um nível de significância de 5 %.

RESULTADOS

Foram estudados 182925 pacientes hipertensos com diagnóstico de AVC, de todas as faixas etárias, sendo 121924 (66,7%) do sexo feminino e 61001 (33,3%) do sexo masculino, 51,7% dos pacientes eram idosos, o sedentarismo esteve presente em 41,5% da população estudada, o sobrepeso em 33,3% e o tabagismo em 18,4%.

Identificou-se associações altamente significativas (p < 0,001) entre os fatores de riscos estudados e o AVC, sendo que os fatores ser idoso, sexo masculino, ser sedentário, ter sobrepeso e ser tabagista, possuem um risco relativo, ou seja, uma probabilidade 0,66, 1,51, 1,71, 1,09 e 2,07 vezes maior, respectivamente, para o acometimento da doença. Com relação a chance de ser diagnosticado com AVC, os fatores ser idoso, sexo masculino, ser sedentário, ter sobrepeso e ser tabagista, aumentam a chance em 0,64, 1,55, 1,77, 1,10 e 2,19 vezes, respectivamente (Tabela 1).

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Tabela 1. Fatores de risco em pacientes hipertensos associados ao AVC. Piauí, Brasil, 2002-2013.

*O valor de p refere-se ao teste de qui-quadrado de Pearson

DISCUSSÃO

A população estudada apresentou uma considerável proporção de idosos (51,7%), o que corrobora com alguns dados estatísticos, pois segundo LIMA et al ( 2006) 70% dos AVC ocorrem em pessoas com mais de 65 anos. O RR para o fator ser idoso e o OR foram 0,66 e 0,64, respectivamente. Tais resultados condizem com a literatura, uma vez que o aumento da idade é um fator de risco para o AVC, sabe-se que na terceira idade, os capilares ficam mais rígidos e estreitos, exigindo, portanto, maior esforço do coração para bombear o sangue, ocasionando assim a elevação da pressão arterial, e consequentemente complicações (MOREIRA; ARAÚJO; 2001).

O risco relativo e odds ratio foram maiores para os indivíduos do sexo masculino, 1,51 e 1,55, respectivamente, verifica-se que este resultado concorda com a maioria dos estudos realizados, que demonstram um predomínio do sexo masculino (GILES, 2008; URIBE et al, 1997; MELLO, 2003). Conforme Laurenti; Jorge; Gotlieb (2005), a maioria dos indicadores tradicionais de saúde mostra, com clareza, a existência desse diferencial, sendo maior a mortalidade masculina em praticamente todas as idades e para quase a totalidade das causas.

Com relação ao sedentarismo, os valores para o RR e o OR foram de 1,71 e 1,77, respectivamente. Nota-se então que a chance de sofrer AVC é 1,77 vezes maior em

Variáveis N

AVC

RR (IC 95%) OR (IC 95%) Valor de p*

Sim Não n % n % Faixa Etária < 60 88380 3784 4,3 84596 95,7 1 1 < 0,001 ≥ 60 94545 6145 6,5 88400 93,5 0,66 (0,63 – 0,69) 0,64 (0,62 – 0,67) Sexo Feminino 121924 5661 4,6 116263 95,4 1 1 < 0,001 Masculino 61001 4268 7,0 56733 93,0 1,51 (1,45 – 1,57) 1,55 (1,48 – 1,61) Sedentarismo Sim 75898 5443 7,2 70455 92,8 1,71 (1,65 – 1,78) 1,77 (1,70 – 1,84) < 0,001 Não 107027 4486 4,2 102541 95,8 1 1 Sobrepeso Sim 60956 3503 5,7 57453 94,3 1,09 (1,05 – 1,14) 1,10 (1,05 – 1,14) < 0,001 Não 121969 6426 5,3 115543 94,7 1 1 Tabagismo Sim 33615 3161 9,4 30454 90,6 2,07 (1,99 – 2,16) 2,19 ( 2,09 – 2,28) < 0,001 Não 149310 6768 4,5 142542 95,5 1 1

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hipertensos sedentários, combinando com o estudo de LIMA et al (2006) que ratifica o exercício regular como uma estratégia eficaz para reduzir complicações clínicas decorrentes da HAS, tais como o AVC.

De acordo com Nieman (1999 apud Batista, 2011) e Lewis et al. (2009 apud Batista, 2011), as doenças hipertensão, diabetes, artrose e Acidente Vascular Cerebral (AVC) estão co-relacionadas ao desenvolvimento de cardiopatias e insuficiência cardíaca. A redução do peso corporal é a maneira mais peculiar para seu combate e/ou prevenção. Confirmando os resultados do presente estudo, no qual o sobrepeso é um fator de risco com risco relativo e

oddio ratio de 1,09 e 1,10.

A análise de dados revelou que o tabagismo aumenta a chance em 2,19 vezes do paciente sofrer um AVC, corroborando com o estudo de ARAÚJO et al ( 2008), no qual o tabagismo é outro fator de risco significante que comprovadamente aumentou em cerca de 2 a 4 vezes as probabilidades de ocorrer um AVE, particularmente do tipo ateroma extracraniano.

CONCLUSÃO

O presente estudo permite concluir, que os fatores de risco tabagismo e sedentarismo foram os que tiveram os maiores valores de risco relativo e de odds ratio. É conhecido que tais fatores estão relacionados com os hábitos de vida cada vez mais impróprios, sendo, portanto, suscetível a prevenção e intervenção. Cuidando dos pacientes de maneira preventiva, podem-se impossibilitar novas reincidências, demonstrando que a prevenção e o conhecimento prévio sobre os fatores de risco que levam ao desenvolvimento do AVC pode ser a melhor estratégia para se evitá-lo.

BIBLIOGRAFIA

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