• Nenhum resultado encontrado

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS"

Copied!
22
0
0

Texto

(1)

RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA: ÍNDICE DE PESQUISA DA 2ª TURMA RECURSAL

BRUNO MIRANDA COSTA-10, 13, 7

ES003442 - KARLA CECILIA LUCIANO PINTO-11 ES013039 - JOÃO EUGÊNIO MODENESI FILHO-11 ES013392 - VANESSA SOARES JABUR-14

ES014129 - LUIZ CARLOS BARRETO-7 ES015004 - JOYCE DA SILVA PASSOS-14 ES015179 - DANIELLI VALLADÃO FRAGA-15, 9 ES015554 - ANDRÉ RICARDO TELES SOUZA-9 ES015938 - JOVENTINA ANDRIOLLI-12

ES016093 - ANDRE RICARDO TELES SOUZA-15 ES019221 - AMAURI BRAS CASER-1, 5, 8 ES019632 - THIAGO PERRONI FRAGA-15, 9 ES020654 - CRISTINA SOUZA ROHR-12

ES020702 - MARCELI APARECIDA DE JESUS DA SILVA-10, 13, 2, 3 GISELA PAGUNG TOMAZINI-9

GUSTAVO CABRAL VIEIRA-6 Isabela Boechat B. B. de Oliveira-15

JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA-2 JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA-11, 3 LUIZ CLÁUDIO SALDANHA SALES-1

MARCELA BRAVIN BASSETTO-4 PEDRO INOCENCIO BINDA-5, 8 ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA-12

SC023056 - ANDERSON MACOHIN SIEGEL-12 SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI-14

2ª Turma Recursal

JUIZ(a) FEDERAL DR(a). PABLO COELHO CHARLES GOMES Nro. Boletim 2015.000036

DIRETOR(a) DE SECRETARIA LILIA COELHO DE CARVALHO MAT. 10061

30/03/2015 Expediente do dia

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

1 - 0109349-22.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.109349-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LUIZ CLÁUDIO SALDANHA SALES.) x ANTONIO ADEMIR BURGARELLI (ADVOGADO: ES019221 - AMAURI BRAS CASER.).

Processo nº: 0109349-22.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.109349-1/01) Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Recorrido: ANTONIO ADEMIR BURGARELLI

Juízo de Origem: 1ª VF Colatina

Relator: JUIZ FEDERAL FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO VENCEDOR

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RENÚNCIA AO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA. PEDIDO PARA CONCESSÃO DE NOVO BENEFÍCIO COM O APROVEITAMENTO DO PERÍODO EM QUE O SEGURADO CONTINUOU A TRABALHAR E RECOLHER CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. “DESAPOSENTAÇÃO”. RECURSO DO INSS CONHECIDO E PROVIDO. PEDIDO IMPROCEDENTE.

1. Adoto o relatório do voto redigido pelo Exmo. Juiz Federal Relator. 2. Contudo, divirjo de suas conclusões.

(2)

DJE 14.05.2013), no regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil, decidiu que: i) o segurado tem direito a renunciar à aposentadoria anteriormente concedida para computar período contributivo utilizado, conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão de posterior e nova aposentação; e ii) “os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessão de novo e posterior jubilamento”.

4. Na fundamentação adotada no acórdão referido, observou-se que os arts. 18, §2º; 81, II; e 82, da Lei n. 8.213/91, dispunham originalmente que o aposentado, que continuasse a trabalhar e a contribuir para o Regime da Previdência Social, teria direito à reabilitação profissional, auxílio-acidente e ao pecúlio, o qual corresponderia ao total das contribuições pagas após sua aposentadoria a serem pagas em parcela única. As Leis ns. 9.032/95 e 9.527/97 suprimiram o pecúlio e deixaram expresso que as contribuições vertidas pelo segurado, já aposentado, seriam destinadas ao custeio da Seguridade Social (art. 11, §3º, da Lei n. 8.213/91), não fazendo ele jus a prestação alguma da Previdência Social em decorrência do exercício dessa atividade posterior, ressalvados o salário-família e a reabilitação profissional enquanto estivesse empregado (art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.527/97).

5. Em âmbito infralegal, o art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, dispôs, em seu caput (redação dada pelo Decreto n.

3.265/99), que as aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial concedidas no Regime Geral da Previdência Social são “irreversíveis e irrenunciáveis”. O parágrafo único, do art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, consoante as

alterações promovidas pelo Decreto n. 4.729/03, também prevê que “o segurado pode desistir do seu pedido de

aposentadoria desde que manifeste essa intenção e requeira o arquivamento definitivo do pedido antes do recebimento do primeiro pagamento do benefício, ou de sacar o respectivo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou Programa de Integração Social, ou até trinta dias da data do processamento do benefício, prevalecendo o que ocorrer primeiro”. 6. A ausência de dispositivo legal que proibisse a renúncia à aposentadoria anterior e a compreensão de que o direito ao benefício é de natureza disponível, podendo o segurado deixar de exercê-lo ao seu alvedrio, deram suporte ao acórdão prolatado pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do recurso especial representativo de controvérsia aludido. Entretanto, a resolução das questões infraconstitucionais relacionadas à causa não dirimem os questionamentos constitucionais relacionados à renúncia ao benefício de aposentadoria para que haja aproveitamento das contribuições vertidas pelo segurado, que continuou a trabalhar, com o intuito de obter benefício mais vantajoso, valendo destacar que tais questões pendem de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal no RE 661.256, recebido no regime de repercussão geral.

7. Com efeito, observo que a Seguridade Social é financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta (art. 195, caput, da Constituição da República de 1988), o que infirma a existência de um sistema contributivo rígido, ante a ausência de uma correspondência imediata entre as contribuições vertidas e os benefícios a que os segurados façam jus. A receita destinada ao sistema pretende contemplar os gastos incorridos com o propósito de assegurar a sua “universalidade de cobertura e atendimento” e a “seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços” (art. 194, I e III, da Constituição da República de 1988). Esses traços compõem o conteúdo jurídico do princípio da solidariedade (art. 3º, III, da Constituição da República de 1988), cujo objetivo supõe que as prestações estatais devem “chegar àquelas pessoas que se encontram numa situação mais débil, mais desfavorecida e mais desvantajosa” (Gregorio Peces-Barba Martinez. Lecciones de derechos fundamentales. Madrid: Dykison, 2004, p. 178) o que, no direito previdenciário, alia-se à “participação social e intergeracional do ônus financeiro de sustento do sistema” e à adoção de elementos próprios à noção de repartição

(Simone Barbisan Fortes, Leandro Paulsen. Direito da seguridade social: prestações e custeio da previdência, assistência e saúde. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 48), o que se verifica nas hipóteses em que os benefícios pagos são superiores às contribuições vertidas pelo segurado ou mesmo são recebidos sem que tenha ocorrido qualquer recolhimento de valores com tal objetivo.

8. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento da ADI 3.128/DF (Rel. p/ acórdão Min. Cezar Peluso, DJ 18.02.2005, p. 4), na qual se discutia a constitucionalidade do art. 4º, caput, da Emenda Constitucional n. 41/03, que

instituiu contribuição previdenciária sobre os proventos de aposentadoria dos servidores públicos e as pensões devidas aos seus dependentes, reiterou que o regime da previdência social não tem natureza jurídica contratual, motivo por que inexiste direito a exigir que haja um sinalagma entre as contribuições vertidas e o rendimento mensal do benefício, uma vez que a contribuição previdenciária é “um tributo predestinado ao custeio da atuação do Estado na área da previdência social, que é terreno privilegiado de transcendentes interesses públicos ou coletivos”. O Min. Cezar Peluso, após destacar que o art. 3º, da Constituição da República de 1988, enuncia que, entre os objetivos fundamentais da República, estão a construção de uma “sociedade, livre, justa e solidária” (inciso I), a erradicação da pobreza, da marginalização e a redução das

desigualdades sociais e regionais (inciso III), assinalou que:

“A previdência social, como conjunto de prestações sociais (art. 7º, XXIV), exerce relevante papel no cumprimento desses objetivos e, nos claros termos do art. 195, caput, deve ser financiada por toda a sociedade, de forma equitativa (art. 194, § único, V). De modo que, quando o sujeito passivo paga a contribuição previdenciária, não está apenas subvencionando, em parte, a própria aposentadoria, senão concorrendo também, como membro da sociedade, para a alimentação do sistema, só cuja subsistência, aliás, permitirá que, preenchidas as condições, venha a receber proventos vitalícios ao aposentar-se.” 9. A essa fundamentação, acrescento que, presentes os requisitos legais, cabe ao segurado, que continua a trabalhar, a definição do tempo em que exercerá o seu direito à aposentadoria. O exercício desse direito, sob determinadas condições fáticas, terá repercussão econômica, cuja aceitação depende da avaliação feita pelo segurado que pode sopesar seu interesse em postergar a data de aposentação para que aufira benefício em valor maior. Contudo, feita a escolha e declarada a vontade favorável ao recebimento da aposentadoria, há formação de ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da Constituição da República de 1988), cujo proveito pecuniário pode ser renunciado pelo titular do direito, desde que esse ato unilateral não venha a causar diminuição patrimonial futura à administração pública. Entendimento diverso implicaria supor que o Regime Geral da Previdência Social opera como um sistema de capitalização, o que não encontra embasamento na sua disciplina constitucional.

(3)

autora, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE) FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA Juiz Federal Relator

2 - 0113685-81.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.113685-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x ELIANE NEVES (ADVOGADO: ES020702 - MARCELI APARECIDA DE JESUS DA SILVA.).

Processo nº: 0113685-81.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.113685-5/01) Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Recorrido: ELIANE NEVES

Juízo de Origem: 1º Juizado Especial - ES

Relator: JUIZ FEDERAL FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA VOTO VENCEDOR

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RENÚNCIA AO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA. PEDIDO PARA CONCESSÃO DE NOVO BENEFÍCIO COM O APROVEITAMENTO DO PERÍODO EM QUE O SEGURADO CONTINUOU A TRABALHAR E RECOLHER CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. “DESAPOSENTAÇÃO”. RECURSO DO INSS CONHECIDO E PROVIDO. PEDIDO IMPROCEDENTE.

1. Adoto o relatório do voto redigido pelo Exmo. Juiz Federal Relator. 2. Contudo, divirjo de suas conclusões.

3. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do RESP 1.334.488/SC (Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 14.05.2013), no regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil, decidiu que: i) o segurado tem direito a renunciar à aposentadoria anteriormente concedida para computar período contributivo utilizado, conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão de posterior e nova aposentação; e ii) “os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessão de novo e posterior jubilamento”.

4. Na fundamentação adotada no acórdão referido, observou-se que os arts. 18, §2º; 81, II; e 82, da Lei n. 8.213/91, dispunham originalmente que o aposentado, que continuasse a trabalhar e a contribuir para o Regime da Previdência Social, teria direito à reabilitação profissional, auxílio-acidente e ao pecúlio, o qual corresponderia ao total das contribuições pagas após sua aposentadoria a serem pagas em parcela única. As Leis ns. 9.032/95 e 9.527/97 suprimiram o pecúlio e deixaram expresso que as contribuições vertidas pelo segurado, já aposentado, seriam destinadas ao custeio da Seguridade Social (art. 11, §3º, da Lei n. 8.213/91), não fazendo ele jus a prestação alguma da Previdência Social em decorrência do exercício dessa atividade posterior, ressalvados o salário-família e a reabilitação profissional enquanto estivesse empregado (art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.527/97).

5. Em âmbito infralegal, o art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, dispôs, em seu caput (redação dada pelo Decreto n.

3.265/99), que as aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial concedidas no Regime Geral da Previdência Social são “irreversíveis e irrenunciáveis”. O parágrafo único, do art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, consoante as

alterações promovidas pelo Decreto n. 4.729/03, também prevê que “o segurado pode desistir do seu pedido de

aposentadoria desde que manifeste essa intenção e requeira o arquivamento definitivo do pedido antes do recebimento do primeiro pagamento do benefício, ou de sacar o respectivo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou Programa de Integração Social, ou até trinta dias da data do processamento do benefício, prevalecendo o que ocorrer primeiro”. 6. A ausência de dispositivo legal que proibisse a renúncia à aposentadoria anterior e a compreensão de que o direito ao benefício é de natureza disponível, podendo o segurado deixar de exercê-lo ao seu alvedrio, deram suporte ao acórdão prolatado pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do recurso especial representativo de controvérsia aludido. Entretanto, a resolução das questões infraconstitucionais relacionadas à causa não dirimem os questionamentos constitucionais relacionados à renúncia ao benefício de aposentadoria para que haja aproveitamento das contribuições vertidas pelo segurado, que continuou a trabalhar, com o intuito de obter benefício mais vantajoso, valendo destacar que tais questões pendem de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal no RE 661.256, recebido no regime de repercussão geral.

7. Com efeito, observo que a Seguridade Social é financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta (art. 195, caput, da Constituição da República de 1988), o que infirma a existência de um sistema contributivo rígido, ante a ausência de uma correspondência imediata entre as contribuições vertidas e os benefícios a que os segurados façam jus. A receita destinada ao sistema pretende contemplar os gastos incorridos com o propósito de assegurar a sua “universalidade de cobertura e atendimento” e a “seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços” (art. 194, I e III, da Constituição da República de 1988). Esses traços compõem o conteúdo jurídico do princípio da solidariedade (art. 3º, III, da Constituição da República de 1988), cujo objetivo supõe que as prestações estatais devem “chegar àquelas pessoas que se encontram numa situação mais débil, mais desfavorecida e mais desvantajosa” (Gregorio Peces-Barba Martinez. Lecciones de derechos fundamentales. Madrid: Dykison, 2004, p. 178) o que, no direito previdenciário, alia-se à “participação social e intergeracional do ônus financeiro de sustento do sistema” e à adoção de elementos próprios à noção de repartição

(Simone Barbisan Fortes, Leandro Paulsen. Direito da seguridade social: prestações e custeio da previdência, assistência e saúde. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 48), o que se verifica nas hipóteses em que os benefícios pagos são superiores às contribuições vertidas pelo segurado ou mesmo são recebidos sem que tenha ocorrido qualquer recolhimento

(4)

de valores com tal objetivo.

8. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento da ADI 3.128/DF (Rel. p/ acórdão Min. Cezar Peluso, DJ 18.02.2005, p. 4), na qual se discutia a constitucionalidade do art. 4º, caput, da Emenda Constitucional n. 41/03, que

instituiu contribuição previdenciária sobre os proventos de aposentadoria dos servidores públicos e as pensões devidas aos seus dependentes, reiterou que o regime da previdência social não tem natureza jurídica contratual, motivo por que inexiste direito a exigir que haja um sinalagma entre as contribuições vertidas e o rendimento mensal do benefício, uma vez que a contribuição previdenciária é “um tributo predestinado ao custeio da atuação do Estado na área da previdência social, que é terreno privilegiado de transcendentes interesses públicos ou coletivos”. O Min. Cezar Peluso, após destacar que o art. 3º, da Constituição da República de 1988, enuncia que, entre os objetivos fundamentais da República, estão a construção de uma “sociedade, livre, justa e solidária” (inciso I), a erradicação da pobreza, da marginalização e a redução das

desigualdades sociais e regionais (inciso III), assinalou que:

“A previdência social, como conjunto de prestações sociais (art. 7º, XXIV), exerce relevante papel no cumprimento desses objetivos e, nos claros termos do art. 195, caput, deve ser financiada por toda a sociedade, de forma equitativa (art. 194, § único, V). De modo que, quando o sujeito passivo paga a contribuição previdenciária, não está apenas subvencionando, em parte, a própria aposentadoria, senão concorrendo também, como membro da sociedade, para a alimentação do sistema, só cuja subsistência, aliás, permitirá que, preenchidas as condições, venha a receber proventos vitalícios ao aposentar-se.” 9. A essa fundamentação, acrescento que, presentes os requisitos legais, cabe ao segurado, que continua a trabalhar, a definição do tempo em que exercerá o seu direito à aposentadoria. O exercício desse direito, sob determinadas condições fáticas, terá repercussão econômica, cuja aceitação depende da avaliação feita pelo segurado que pode sopesar seu interesse em postergar a data de aposentação para que aufira benefício em valor maior. Contudo, feita a escolha e declarada a vontade favorável ao recebimento da aposentadoria, há formação de ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da Constituição da República de 1988), cujo proveito pecuniário pode ser renunciado pelo titular do direito, desde que esse ato unilateral não venha a causar diminuição patrimonial futura à administração pública. Entendimento diverso implicaria supor que o Regime Geral da Previdência Social opera como um sistema de capitalização, o que não encontra embasamento na sua disciplina constitucional.

10. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para julgar improcedentes os pedidos formulados pela parte autora, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE) FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA Juiz Federal Relator

3 - 0113691-88.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.113691-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.) x CLOVES TEIXEIRA (ADVOGADO: ES020702 - MARCELI APARECIDA DE JESUS DA SILVA.).

Processo nº: 0113691-88.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.113691-0/01) Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Recorrido: CLOVES TEIXEIRA

Juízo de Origem: 1º Juizado Especial - ES

Relator: JUIZ FEDERAL FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA VOTO VENCEDOR

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RENÚNCIA AO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA. PEDIDO PARA CONCESSÃO DE NOVO BENEFÍCIO COM O APROVEITAMENTO DO PERÍODO EM QUE O SEGURADO CONTINUOU A TRABALHAR E RECOLHER CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. “DESAPOSENTAÇÃO”. RECURSO DO INSS CONHECIDO E PROVIDO. PEDIDO IMPROCEDENTE.

1. Adoto o relatório do voto redigido pelo Exmo. Juiz Federal Relator. 2. Contudo, divirjo de suas conclusões.

3. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do RESP 1.334.488/SC (Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 14.05.2013), no regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil, decidiu que: i) o segurado tem direito a renunciar à aposentadoria anteriormente concedida para computar período contributivo utilizado, conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão de posterior e nova aposentação; e ii) “os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessão de novo e posterior jubilamento”.

4. Na fundamentação adotada no acórdão referido, observou-se que os arts. 18, §2º; 81, II; e 82, da Lei n. 8.213/91, dispunham originalmente que o aposentado, que continuasse a trabalhar e a contribuir para o Regime da Previdência Social, teria direito à reabilitação profissional, auxílio-acidente e ao pecúlio, o qual corresponderia ao total das contribuições pagas após sua aposentadoria a serem pagas em parcela única. As Leis ns. 9.032/95 e 9.527/97 suprimiram o pecúlio e deixaram expresso que as contribuições vertidas pelo segurado, já aposentado, seriam destinadas ao custeio da Seguridade Social (art. 11, §3º, da Lei n. 8.213/91), não fazendo ele jus a prestação alguma da Previdência Social em decorrência do exercício dessa atividade posterior, ressalvados o salário-família e a reabilitação profissional enquanto estivesse empregado (art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.527/97).

(5)

3.265/99), que as aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial concedidas no Regime Geral da Previdência Social são “irreversíveis e irrenunciáveis”. O parágrafo único, do art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, consoante as

alterações promovidas pelo Decreto n. 4.729/03, também prevê que “o segurado pode desistir do seu pedido de

aposentadoria desde que manifeste essa intenção e requeira o arquivamento definitivo do pedido antes do recebimento do primeiro pagamento do benefício, ou de sacar o respectivo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou Programa de Integração Social, ou até trinta dias da data do processamento do benefício, prevalecendo o que ocorrer primeiro”. 6. A ausência de dispositivo legal que proibisse a renúncia à aposentadoria anterior e a compreensão de que o direito ao benefício é de natureza disponível, podendo o segurado deixar de exercê-lo ao seu alvedrio, deram suporte ao acórdão prolatado pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do recurso especial representativo de controvérsia aludido. Entretanto, a resolução das questões infraconstitucionais relacionadas à causa não dirimem os questionamentos constitucionais relacionados à renúncia ao benefício de aposentadoria para que haja aproveitamento das contribuições vertidas pelo segurado, que continuou a trabalhar, com o intuito de obter benefício mais vantajoso, valendo destacar que tais questões pendem de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal no RE 661.256, recebido no regime de repercussão geral.

7. Com efeito, observo que a Seguridade Social é financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta (art. 195, caput, da Constituição da República de 1988), o que infirma a existência de um sistema contributivo rígido, ante a ausência de uma correspondência imediata entre as contribuições vertidas e os benefícios a que os segurados façam jus. A receita destinada ao sistema pretende contemplar os gastos incorridos com o propósito de assegurar a sua “universalidade de cobertura e atendimento” e a “seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços” (art. 194, I e III, da Constituição da República de 1988). Esses traços compõem o conteúdo jurídico do princípio da solidariedade (art. 3º, III, da Constituição da República de 1988), cujo objetivo supõe que as prestações estatais devem “chegar àquelas pessoas que se encontram numa situação mais débil, mais desfavorecida e mais desvantajosa” (Gregorio Peces-Barba Martinez. Lecciones de derechos fundamentales. Madrid: Dykison, 2004, p. 178) o que, no direito previdenciário, alia-se à “participação social e intergeracional do ônus financeiro de sustento do sistema” e à adoção de elementos próprios à noção de repartição

(Simone Barbisan Fortes, Leandro Paulsen. Direito da seguridade social: prestações e custeio da previdência, assistência e saúde. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 48), o que se verifica nas hipóteses em que os benefícios pagos são superiores às contribuições vertidas pelo segurado ou mesmo são recebidos sem que tenha ocorrido qualquer recolhimento de valores com tal objetivo.

8. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento da ADI 3.128/DF (Rel. p/ acórdão Min. Cezar Peluso, DJ 18.02.2005, p. 4), na qual se discutia a constitucionalidade do art. 4º, caput, da Emenda Constitucional n. 41/03, que

instituiu contribuição previdenciária sobre os proventos de aposentadoria dos servidores públicos e as pensões devidas aos seus dependentes, reiterou que o regime da previdência social não tem natureza jurídica contratual, motivo por que inexiste direito a exigir que haja um sinalagma entre as contribuições vertidas e o rendimento mensal do benefício, uma vez que a contribuição previdenciária é “um tributo predestinado ao custeio da atuação do Estado na área da previdência social, que é terreno privilegiado de transcendentes interesses públicos ou coletivos”. O Min. Cezar Peluso, após destacar que o art. 3º, da Constituição da República de 1988, enuncia que, entre os objetivos fundamentais da República, estão a construção de uma “sociedade, livre, justa e solidária” (inciso I), a erradicação da pobreza, da marginalização e a redução das

desigualdades sociais e regionais (inciso III), assinalou que:

“A previdência social, como conjunto de prestações sociais (art. 7º, XXIV), exerce relevante papel no cumprimento desses objetivos e, nos claros termos do art. 195, caput, deve ser financiada por toda a sociedade, de forma equitativa (art. 194, § único, V). De modo que, quando o sujeito passivo paga a contribuição previdenciária, não está apenas subvencionando, em parte, a própria aposentadoria, senão concorrendo também, como membro da sociedade, para a alimentação do sistema, só cuja subsistência, aliás, permitirá que, preenchidas as condições, venha a receber proventos vitalícios ao aposentar-se.” 9. A essa fundamentação, acrescento que, presentes os requisitos legais, cabe ao segurado, que continua a trabalhar, a definição do tempo em que exercerá o seu direito à aposentadoria. O exercício desse direito, sob determinadas condições fáticas, terá repercussão econômica, cuja aceitação depende da avaliação feita pelo segurado que pode sopesar seu interesse em postergar a data de aposentação para que aufira benefício em valor maior. Contudo, feita a escolha e declarada a vontade favorável ao recebimento da aposentadoria, há formação de ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da Constituição da República de 1988), cujo proveito pecuniário pode ser renunciado pelo titular do direito, desde que esse ato unilateral não venha a causar diminuição patrimonial futura à administração pública. Entendimento diverso implicaria supor que o Regime Geral da Previdência Social opera como um sistema de capitalização, o que não encontra embasamento na sua disciplina constitucional.

10. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para julgar improcedentes os pedidos formulados pela parte autora, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE) FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA Juiz Federal Relator

4 - 0006782-22.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.006782-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x ADELAIDE SILVA TRANCOSO.

Processo nº: 0006782-22.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.006782-5/01) Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Recorrido: ADELAIDE SILVA TRANCOSO

Juízo de Origem: 1º Juizado Especial – ES

(6)

VOTO VENCEDOR

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RENÚNCIA AO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA. PEDIDO PARA CONCESSÃO DE NOVO BENEFÍCIO COM O APROVEITAMENTO DO PERÍODO EM QUE O SEGURADO CONTINUOU A TRABALHAR E RECOLHER CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. “DESAPOSENTAÇÃO”. RECURSO DO INSS CONHECIDO E PROVIDO. PEDIDO IMPROCEDENTE.

1. Adoto o relatório do voto redigido pelo Exmo. Juiz Federal Relator. 2. Contudo, divirjo de suas conclusões.

3. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do RESP 1.334.488/SC (Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 14.05.2013), no regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil, decidiu que: i) o segurado tem direito a renunciar à aposentadoria anteriormente concedida para computar período contributivo utilizado, conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão de posterior e nova aposentação; e ii) “os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessão de novo e posterior jubilamento”.

4. Na fundamentação adotada no acórdão referido, observou-se que os arts. 18, §2º; 81, II; e 82, da Lei n. 8.213/91, dispunham originalmente que o aposentado, que continuasse a trabalhar e a contribuir para o Regime da Previdência Social, teria direito à reabilitação profissional, auxílio-acidente e ao pecúlio, o qual corresponderia ao total das contribuições pagas após sua aposentadoria a serem pagas em parcela única. As Leis ns. 9.032/95 e 9.527/97 suprimiram o pecúlio e deixaram expresso que as contribuições vertidas pelo segurado, já aposentado, seriam destinadas ao custeio da Seguridade Social (art. 11, §3º, da Lei n. 8.213/91), não fazendo ele jus a prestação alguma da Previdência Social em decorrência do exercício dessa atividade posterior, ressalvados o salário-família e a reabilitação profissional enquanto estivesse empregado (art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.527/97).

5. Em âmbito infralegal, o art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, dispôs, em seu caput (redação dada pelo Decreto n.

3.265/99), que as aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial concedidas no Regime Geral da Previdência Social são “irreversíveis e irrenunciáveis”. O parágrafo único, do art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, consoante as

alterações promovidas pelo Decreto n. 4.729/03, também prevê que “o segurado pode desistir do seu pedido de

aposentadoria desde que manifeste essa intenção e requeira o arquivamento definitivo do pedido antes do recebimento do primeiro pagamento do benefício, ou de sacar o respectivo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou Programa de Integração Social, ou até trinta dias da data do processamento do benefício, prevalecendo o que ocorrer primeiro”. 6. A ausência de dispositivo legal que proibisse a renúncia à aposentadoria anterior e a compreensão de que o direito ao benefício é de natureza disponível, podendo o segurado deixar de exercê-lo ao seu alvedrio, deram suporte ao acórdão prolatado pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do recurso especial representativo de controvérsia aludido. Entretanto, a resolução das questões infraconstitucionais relacionadas à causa não dirimem os questionamentos constitucionais relacionados à renúncia ao benefício de aposentadoria para que haja aproveitamento das contribuições vertidas pelo segurado, que continuou a trabalhar, com o intuito de obter benefício mais vantajoso, valendo destacar que tais questões pendem de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal no RE 661.256, recebido no regime de repercussão geral.

7. Com efeito, observo que a Seguridade Social é financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta (art. 195, caput, da Constituição da República de 1988), o que infirma a existência de um sistema contributivo rígido, ante a ausência de uma correspondência imediata entre as contribuições vertidas e os benefícios a que os segurados façam jus. A receita destinada ao sistema pretende contemplar os gastos incorridos com o propósito de assegurar a sua “universalidade de cobertura e atendimento” e a “seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços” (art. 194, I e III, da Constituição da República de 1988). Esses traços compõem o conteúdo jurídico do princípio da solidariedade (art. 3º, III, da Constituição da República de 1988), cujo objetivo supõe que as prestações estatais devem “chegar àquelas pessoas que se encontram numa situação mais débil, mais desfavorecida e mais desvantajosa” (Gregorio Peces-Barba Martinez. Lecciones de derechos fundamentales. Madrid: Dykison, 2004, p. 178) o que, no direito previdenciário, alia-se à “participação social e intergeracional do ônus financeiro de sustento do sistema” e à adoção de elementos próprios à noção de repartição

(Simone Barbisan Fortes, Leandro Paulsen. Direito da seguridade social: prestações e custeio da previdência, assistência e saúde. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 48), o que se verifica nas hipóteses em que os benefícios pagos são superiores às contribuições vertidas pelo segurado ou mesmo são recebidos sem que tenha ocorrido qualquer recolhimento de valores com tal objetivo.

8. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento da ADI 3.128/DF (Rel. p/ acórdão Min. Cezar Peluso, DJ 18.02.2005, p. 4), na qual se discutia a constitucionalidade do art. 4º, caput, da Emenda Constitucional n. 41/03, que

instituiu contribuição previdenciária sobre os proventos de aposentadoria dos servidores públicos e as pensões devidas aos seus dependentes, reiterou que o regime da previdência social não tem natureza jurídica contratual, motivo por que inexiste direito a exigir que haja um sinalagma entre as contribuições vertidas e o rendimento mensal do benefício, uma vez que a contribuição previdenciária é “um tributo predestinado ao custeio da atuação do Estado na área da previdência social, que é terreno privilegiado de transcendentes interesses públicos ou coletivos”. O Min. Cezar Peluso, após destacar que o art. 3º, da Constituição da República de 1988, enuncia que, entre os objetivos fundamentais da República, estão a construção de uma “sociedade, livre, justa e solidária” (inciso I), a erradicação da pobreza, da marginalização e a redução das

desigualdades sociais e regionais (inciso III), assinalou que:

“A previdência social, como conjunto de prestações sociais (art. 7º, XXIV), exerce relevante papel no cumprimento desses objetivos e, nos claros termos do art. 195, caput, deve ser financiada por toda a sociedade, de forma equitativa (art. 194, § único, V). De modo que, quando o sujeito passivo paga a contribuição previdenciária, não está apenas subvencionando, em

(7)

parte, a própria aposentadoria, senão concorrendo também, como membro da sociedade, para a alimentação do sistema, só cuja subsistência, aliás, permitirá que, preenchidas as condições, venha a receber proventos vitalícios ao aposentar-se.” 9. A essa fundamentação, acrescento que, presentes os requisitos legais, cabe ao segurado, que continua a trabalhar, a definição do tempo em que exercerá o seu direito à aposentadoria. O exercício desse direito, sob determinadas condições fáticas, terá repercussão econômica, cuja aceitação depende da avaliação feita pelo segurado que pode sopesar seu interesse em postergar a data de aposentação para que aufira benefício em valor maior. Contudo, feita a escolha e declarada a vontade favorável ao recebimento da aposentadoria, há formação de ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da Constituição da República de 1988), cujo proveito pecuniário pode ser renunciado pelo titular do direito, desde que esse ato unilateral não venha a causar diminuição patrimonial futura à administração pública. Entendimento diverso implicaria supor que o Regime Geral da Previdência Social opera como um sistema de capitalização, o que não encontra embasamento na sua disciplina constitucional.

10. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para julgar improcedentes os pedidos formulados pela parte autora, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE) FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA Juiz Federal Relator

5 - 0107871-76.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.107871-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.) x ANTONIO JORGE SOARES DA COSTA (ADVOGADO: ES019221 - AMAURI BRAS CASER.).

Processo nº: 0107871-76.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.107871-4/01) Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Recorrido: ANTONIO JORGE SOARES DA COSTA

Juízo de Origem: 1ª VF Colatina

Relator: JUIZ FEDERAL FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA VOTO VENCEDOR

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RENÚNCIA AO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA. PEDIDO PARA CONCESSÃO DE NOVO BENEFÍCIO COM O APROVEITAMENTO DO PERÍODO EM QUE O SEGURADO CONTINUOU A TRABALHAR E RECOLHER CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. “DESAPOSENTAÇÃO”. RECURSO DO INSS CONHECIDO E PROVIDO. PEDIDO IMPROCEDENTE.

1. Adoto o relatório do voto redigido pelo Exmo. Juiz Federal Relator. 2. Contudo, divirjo de suas conclusões.

3. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do RESP 1.334.488/SC (Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 14.05.2013), no regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil, decidiu que: i) o segurado tem direito a renunciar à aposentadoria anteriormente concedida para computar período contributivo utilizado, conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão de posterior e nova aposentação; e ii) “os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessão de novo e posterior jubilamento”.

4. Na fundamentação adotada no acórdão referido, observou-se que os arts. 18, §2º; 81, II; e 82, da Lei n. 8.213/91, dispunham originalmente que o aposentado, que continuasse a trabalhar e a contribuir para o Regime da Previdência Social, teria direito à reabilitação profissional, auxílio-acidente e ao pecúlio, o qual corresponderia ao total das contribuições pagas após sua aposentadoria a serem pagas em parcela única. As Leis ns. 9.032/95 e 9.527/97 suprimiram o pecúlio e deixaram expresso que as contribuições vertidas pelo segurado, já aposentado, seriam destinadas ao custeio da Seguridade Social (art. 11, §3º, da Lei n. 8.213/91), não fazendo ele jus a prestação alguma da Previdência Social em decorrência do exercício dessa atividade posterior, ressalvados o salário-família e a reabilitação profissional enquanto estivesse empregado (art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.527/97).

5. Em âmbito infralegal, o art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, dispôs, em seu caput (redação dada pelo Decreto n.

3.265/99), que as aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial concedidas no Regime Geral da Previdência Social são “irreversíveis e irrenunciáveis”. O parágrafo único, do art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, consoante as

alterações promovidas pelo Decreto n. 4.729/03, também prevê que “o segurado pode desistir do seu pedido de

aposentadoria desde que manifeste essa intenção e requeira o arquivamento definitivo do pedido antes do recebimento do primeiro pagamento do benefício, ou de sacar o respectivo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou Programa de Integração Social, ou até trinta dias da data do processamento do benefício, prevalecendo o que ocorrer primeiro”. 6. A ausência de dispositivo legal que proibisse a renúncia à aposentadoria anterior e a compreensão de que o direito ao benefício é de natureza disponível, podendo o segurado deixar de exercê-lo ao seu alvedrio, deram suporte ao acórdão prolatado pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do recurso especial representativo de controvérsia aludido. Entretanto, a resolução das questões infraconstitucionais relacionadas à causa não dirimem os questionamentos constitucionais relacionados à renúncia ao benefício de aposentadoria para que haja aproveitamento das contribuições vertidas pelo segurado, que continuou a trabalhar, com o intuito de obter benefício mais vantajoso, valendo destacar que tais questões pendem de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal no RE 661.256, recebido no regime de repercussão geral.

(8)

caput, da Constituição da República de 1988), o que infirma a existência de um sistema contributivo rígido, ante a ausência de uma correspondência imediata entre as contribuições vertidas e os benefícios a que os segurados façam jus. A receita destinada ao sistema pretende contemplar os gastos incorridos com o propósito de assegurar a sua “universalidade de cobertura e atendimento” e a “seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços” (art. 194, I e III, da Constituição da República de 1988). Esses traços compõem o conteúdo jurídico do princípio da solidariedade (art. 3º, III, da Constituição da República de 1988), cujo objetivo supõe que as prestações estatais devem “chegar àquelas pessoas que se encontram numa situação mais débil, mais desfavorecida e mais desvantajosa” (Gregorio Peces-Barba Martinez. Lecciones de derechos fundamentales. Madrid: Dykison, 2004, p. 178) o que, no direito previdenciário, alia-se à “participação social e intergeracional do ônus financeiro de sustento do sistema” e à adoção de elementos próprios à noção de repartição

(Simone Barbisan Fortes, Leandro Paulsen. Direito da seguridade social: prestações e custeio da previdência, assistência e saúde. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 48), o que se verifica nas hipóteses em que os benefícios pagos são superiores às contribuições vertidas pelo segurado ou mesmo são recebidos sem que tenha ocorrido qualquer recolhimento de valores com tal objetivo.

8. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento da ADI 3.128/DF (Rel. p/ acórdão Min. Cezar Peluso, DJ 18.02.2005, p. 4), na qual se discutia a constitucionalidade do art. 4º, caput, da Emenda Constitucional n. 41/03, que

instituiu contribuição previdenciária sobre os proventos de aposentadoria dos servidores públicos e as pensões devidas aos seus dependentes, reiterou que o regime da previdência social não tem natureza jurídica contratual, motivo por que inexiste direito a exigir que haja um sinalagma entre as contribuições vertidas e o rendimento mensal do benefício, uma vez que a contribuição previdenciária é “um tributo predestinado ao custeio da atuação do Estado na área da previdência social, que é terreno privilegiado de transcendentes interesses públicos ou coletivos”. O Min. Cezar Peluso, após destacar que o art. 3º, da Constituição da República de 1988, enuncia que, entre os objetivos fundamentais da República, estão a construção de uma “sociedade, livre, justa e solidária” (inciso I), a erradicação da pobreza, da marginalização e a redução das

desigualdades sociais e regionais (inciso III), assinalou que:

“A previdência social, como conjunto de prestações sociais (art. 7º, XXIV), exerce relevante papel no cumprimento desses objetivos e, nos claros termos do art. 195, caput, deve ser financiada por toda a sociedade, de forma equitativa (art. 194, § único, V). De modo que, quando o sujeito passivo paga a contribuição previdenciária, não está apenas subvencionando, em parte, a própria aposentadoria, senão concorrendo também, como membro da sociedade, para a alimentação do sistema, só cuja subsistência, aliás, permitirá que, preenchidas as condições, venha a receber proventos vitalícios ao aposentar-se.” 9. A essa fundamentação, acrescento que, presentes os requisitos legais, cabe ao segurado, que continua a trabalhar, a definição do tempo em que exercerá o seu direito à aposentadoria. O exercício desse direito, sob determinadas condições fáticas, terá repercussão econômica, cuja aceitação depende da avaliação feita pelo segurado que pode sopesar seu interesse em postergar a data de aposentação para que aufira benefício em valor maior. Contudo, feita a escolha e declarada a vontade favorável ao recebimento da aposentadoria, há formação de ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da Constituição da República de 1988), cujo proveito pecuniário pode ser renunciado pelo titular do direito, desde que esse ato unilateral não venha a causar diminuição patrimonial futura à administração pública. Entendimento diverso implicaria supor que o Regime Geral da Previdência Social opera como um sistema de capitalização, o que não encontra embasamento na sua disciplina constitucional.

10. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para julgar improcedentes os pedidos formulados pela parte autora, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE) FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA Juiz Federal Relator

6 - 0000530-08.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000530-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.) x PEDRO PASSOS.

Processo nº: 0000530-08.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000530-2/01) Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Recorrido: PEDRO PASSOS

Juízo de Origem: 2º Juizado Especial – ES

Relator: JUIZ FEDERAL FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO VENCEDOR

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RENÚNCIA AO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA. PEDIDO PARA CONCESSÃO DE NOVO BENEFÍCIO COM O APROVEITAMENTO DO PERÍODO EM QUE O SEGURADO CONTINUOU A TRABALHAR E RECOLHER CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. “DESAPOSENTAÇÃO”. RECURSO DO INSS CONHECIDO E PROVIDO. PEDIDO IMPROCEDENTE.

1. Adoto o relatório do voto redigido pelo Exmo. Juiz Federal Relator. 2. Contudo, divirjo de suas conclusões.

3. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do RESP 1.334.488/SC (Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 14.05.2013), no regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil, decidiu que: i) o segurado tem direito a renunciar à aposentadoria anteriormente concedida para computar período contributivo utilizado, conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão de posterior e nova aposentação; e ii) “os

(9)

benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessão de novo e posterior jubilamento”.

4. Na fundamentação adotada no acórdão referido, observou-se que os arts. 18, §2º; 81, II; e 82, da Lei n. 8.213/91, dispunham originalmente que o aposentado, que continuasse a trabalhar e a contribuir para o Regime da Previdência Social, teria direito à reabilitação profissional, auxílio-acidente e ao pecúlio, o qual corresponderia ao total das contribuições pagas após sua aposentadoria a serem pagas em parcela única. As Leis ns. 9.032/95 e 9.527/97 suprimiram o pecúlio e deixaram expresso que as contribuições vertidas pelo segurado, já aposentado, seriam destinadas ao custeio da Seguridade Social (art. 11, §3º, da Lei n. 8.213/91), não fazendo ele jus a prestação alguma da Previdência Social em decorrência do exercício dessa atividade posterior, ressalvados o salário-família e a reabilitação profissional enquanto estivesse empregado (art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.527/97).

5. Em âmbito infralegal, o art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, dispôs, em seu caput (redação dada pelo Decreto n.

3.265/99), que as aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial concedidas no Regime Geral da Previdência Social são “irreversíveis e irrenunciáveis”. O parágrafo único, do art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, consoante as

alterações promovidas pelo Decreto n. 4.729/03, também prevê que “o segurado pode desistir do seu pedido de

aposentadoria desde que manifeste essa intenção e requeira o arquivamento definitivo do pedido antes do recebimento do primeiro pagamento do benefício, ou de sacar o respectivo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou Programa de Integração Social, ou até trinta dias da data do processamento do benefício, prevalecendo o que ocorrer primeiro”. 6. A ausência de dispositivo legal que proibisse a renúncia à aposentadoria anterior e a compreensão de que o direito ao benefício é de natureza disponível, podendo o segurado deixar de exercê-lo ao seu alvedrio, deram suporte ao acórdão prolatado pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do recurso especial representativo de controvérsia aludido. Entretanto, a resolução das questões infraconstitucionais relacionadas à causa não dirimem os questionamentos constitucionais relacionados à renúncia ao benefício de aposentadoria para que haja aproveitamento das contribuições vertidas pelo segurado, que continuou a trabalhar, com o intuito de obter benefício mais vantajoso, valendo destacar que tais questões pendem de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal no RE 661.256, recebido no regime de repercussão geral.

7. Com efeito, observo que a Seguridade Social é financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta (art. 195, caput, da Constituição da República de 1988), o que infirma a existência de um sistema contributivo rígido, ante a ausência de uma correspondência imediata entre as contribuições vertidas e os benefícios a que os segurados façam jus. A receita destinada ao sistema pretende contemplar os gastos incorridos com o propósito de assegurar a sua “universalidade de cobertura e atendimento” e a “seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços” (art. 194, I e III, da Constituição da República de 1988). Esses traços compõem o conteúdo jurídico do princípio da solidariedade (art. 3º, III, da Constituição da República de 1988), cujo objetivo supõe que as prestações estatais devem “chegar àquelas pessoas que se encontram numa situação mais débil, mais desfavorecida e mais desvantajosa” (Gregorio Peces-Barba Martinez. Lecciones de derechos fundamentales. Madrid: Dykison, 2004, p. 178) o que, no direito previdenciário, alia-se à “participação social e intergeracional do ônus financeiro de sustento do sistema” e à adoção de elementos próprios à noção de repartição

(Simone Barbisan Fortes, Leandro Paulsen. Direito da seguridade social: prestações e custeio da previdência, assistência e saúde. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 48), o que se verifica nas hipóteses em que os benefícios pagos são superiores às contribuições vertidas pelo segurado ou mesmo são recebidos sem que tenha ocorrido qualquer recolhimento de valores com tal objetivo.

8. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento da ADI 3.128/DF (Rel. p/ acórdão Min. Cezar Peluso, DJ 18.02.2005, p. 4), na qual se discutia a constitucionalidade do art. 4º, caput, da Emenda Constitucional n. 41/03, que

instituiu contribuição previdenciária sobre os proventos de aposentadoria dos servidores públicos e as pensões devidas aos seus dependentes, reiterou que o regime da previdência social não tem natureza jurídica contratual, motivo por que inexiste direito a exigir que haja um sinalagma entre as contribuições vertidas e o rendimento mensal do benefício, uma vez que a contribuição previdenciária é “um tributo predestinado ao custeio da atuação do Estado na área da previdência social, que é terreno privilegiado de transcendentes interesses públicos ou coletivos”. O Min. Cezar Peluso, após destacar que o art. 3º, da Constituição da República de 1988, enuncia que, entre os objetivos fundamentais da República, estão a construção de uma “sociedade, livre, justa e solidária” (inciso I), a erradicação da pobreza, da marginalização e a redução das

desigualdades sociais e regionais (inciso III), assinalou que:

“A previdência social, como conjunto de prestações sociais (art. 7º, XXIV), exerce relevante papel no cumprimento desses objetivos e, nos claros termos do art. 195, caput, deve ser financiada por toda a sociedade, de forma equitativa (art. 194, § único, V). De modo que, quando o sujeito passivo paga a contribuição previdenciária, não está apenas subvencionando, em parte, a própria aposentadoria, senão concorrendo também, como membro da sociedade, para a alimentação do sistema, só cuja subsistência, aliás, permitirá que, preenchidas as condições, venha a receber proventos vitalícios ao aposentar-se.” 9. A essa fundamentação, acrescento que, presentes os requisitos legais, cabe ao segurado, que continua a trabalhar, a definição do tempo em que exercerá o seu direito à aposentadoria. O exercício desse direito, sob determinadas condições fáticas, terá repercussão econômica, cuja aceitação depende da avaliação feita pelo segurado que pode sopesar seu interesse em postergar a data de aposentação para que aufira benefício em valor maior. Contudo, feita a escolha e declarada a vontade favorável ao recebimento da aposentadoria, há formação de ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da Constituição da República de 1988), cujo proveito pecuniário pode ser renunciado pelo titular do direito, desde que esse ato unilateral não venha a causar diminuição patrimonial futura à administração pública. Entendimento diverso implicaria supor que o Regime Geral da Previdência Social opera como um sistema de capitalização, o que não encontra embasamento na sua disciplina constitucional.

10. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para julgar improcedentes os pedidos formulados pela parte autora, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.

(10)

(ASSINADO ELETRONICAMENTE) FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA Juiz Federal Relator

7 - 0115252-50.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.115252-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EDINOR MESSIAS SANTOS (ADVOGADO: ES014129 - LUIZ CARLOS BARRETO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

(PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).

Processo nº: 0115252-50.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.115252-6/01)

Recorrente: EDINOR MESSIAS SANTOS

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS Juízo de Origem: 1º Juizado Especial - ES

Relator: JUIZ FEDERAL FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA VOTO VENCEDOR

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RENÚNCIA AO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA. PEDIDO PARA CONCESSÃO DE NOVO BENEFÍCIO COM O APROVEITAMENTO DO PERÍODO EM QUE O SEGURADO CONTINUOU A TRABALHAR E RECOLHER CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. “DESAPOSENTAÇÃO”. RECURSO DA PARTE AUTORA

CONHECIDO E DESPROVIDO. PEDIDO IMPROCEDENTE.

1. Adoto o relatório do voto redigido pelo Exmo. Juiz Federal Relator. 2. Contudo, divirjo de suas conclusões.

3. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do RESP 1.334.488/SC (Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 14.05.2013), no regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil, decidiu que: i) o segurado tem direito a renunciar à aposentadoria anteriormente concedida para computar período contributivo utilizado, conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão de posterior e nova aposentação; e ii) “os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessão de novo e posterior jubilamento”.

4. Na fundamentação adotada no acórdão referido, observou-se que os arts. 18, §2º; 81, II; e 82, da Lei n. 8.213/91, dispunham originalmente que o aposentado, que continuasse a trabalhar e a contribuir para o Regime da Previdência Social, teria direito à reabilitação profissional, auxílio-acidente e ao pecúlio, o qual corresponderia ao total das contribuições pagas após sua aposentadoria a serem pagas em parcela única. As Leis ns. 9.032/95 e 9.527/97 suprimiram o pecúlio e deixaram expresso que as contribuições vertidas pelo segurado, já aposentado, seriam destinadas ao custeio da Seguridade Social (art. 11, §3º, da Lei n. 8.213/91), não fazendo ele jus a prestação alguma da Previdência Social em decorrência do exercício dessa atividade posterior, ressalvados o salário-família e a reabilitação profissional enquanto estivesse empregado (art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.527/97).

5. Em âmbito infralegal, o art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, dispôs, em seu caput (redação dada pelo Decreto n.

3.265/99), que as aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial concedidas no Regime Geral da Previdência Social são “irreversíveis e irrenunciáveis”. O parágrafo único, do art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, consoante as

alterações promovidas pelo Decreto n. 4.729/03, também prevê que “o segurado pode desistir do seu pedido de

aposentadoria desde que manifeste essa intenção e requeira o arquivamento definitivo do pedido antes do recebimento do primeiro pagamento do benefício, ou de sacar o respectivo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou Programa de Integração Social, ou até trinta dias da data do processamento do benefício, prevalecendo o que ocorrer primeiro”. 6. A ausência de dispositivo legal que proibisse a renúncia à aposentadoria anterior e a compreensão de que o direito ao benefício é de natureza disponível, podendo o segurado deixar de exercê-lo ao seu alvedrio, deram suporte ao acórdão prolatado pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do recurso especial representativo de controvérsia aludido. Entretanto, a resolução das questões infraconstitucionais relacionadas à causa não dirimem os questionamentos constitucionais relacionados à renúncia ao benefício de aposentadoria para que haja aproveitamento das contribuições vertidas pelo segurado, que continuou a trabalhar, com o intuito de obter benefício mais vantajoso, valendo destacar que tais questões pendem de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal no RE 661.256, recebido no regime de repercussão geral.

7. Com efeito, observo que a Seguridade Social é financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta (art. 195, caput, da Constituição da República de 1988), o que infirma a existência de um sistema contributivo rígido, ante a ausência de uma correspondência imediata entre as contribuições vertidas e os benefícios a que os segurados façam jus. A receita destinada ao sistema pretende contemplar os gastos incorridos com o propósito de assegurar a sua “universalidade de cobertura e atendimento” e a “seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços” (art. 194, I e III, da Constituição da República de 1988). Esses traços compõem o conteúdo jurídico do princípio da solidariedade (art. 3º, III, da Constituição da República de 1988), cujo objetivo supõe que as prestações estatais devem “chegar àquelas pessoas que se encontram numa situação mais débil, mais desfavorecida e mais desvantajosa” (Gregorio Peces-Barba Martinez. Lecciones de derechos fundamentales. Madrid: Dykison, 2004, p. 178) o que, no direito previdenciário, alia-se à “participação social e intergeracional do ônus financeiro de sustento do sistema” e à adoção de elementos próprios à noção de repartição

(Simone Barbisan Fortes, Leandro Paulsen. Direito da seguridade social: prestações e custeio da previdência, assistência e saúde. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 48), o que se verifica nas hipóteses em que os benefícios pagos são superiores às contribuições vertidas pelo segurado ou mesmo são recebidos sem que tenha ocorrido qualquer recolhimento de valores com tal objetivo.

(11)

18.02.2005, p. 4), na qual se discutia a constitucionalidade do art. 4º, caput, da Emenda Constitucional n. 41/03, que

instituiu contribuição previdenciária sobre os proventos de aposentadoria dos servidores públicos e as pensões devidas aos seus dependentes, reiterou que o regime da previdência social não tem natureza jurídica contratual, motivo por que inexiste direito a exigir que haja um sinalagma entre as contribuições vertidas e o rendimento mensal do benefício, uma vez que a contribuição previdenciária é “um tributo predestinado ao custeio da atuação do Estado na área da previdência social, que é terreno privilegiado de transcendentes interesses públicos ou coletivos”. O Min. Cezar Peluso, após destacar que o art. 3º, da Constituição da República de 1988, enuncia que, entre os objetivos fundamentais da República, estão a construção de uma “sociedade, livre, justa e solidária” (inciso I), a erradicação da pobreza, da marginalização e a redução das

desigualdades sociais e regionais (inciso III), assinalou que:

“A previdência social, como conjunto de prestações sociais (art. 7º, XXIV), exerce relevante papel no cumprimento desses objetivos e, nos claros termos do art. 195, caput, deve ser financiada por toda a sociedade, de forma equitativa (art. 194, § único, V). De modo que, quando o sujeito passivo paga a contribuição previdenciária, não está apenas subvencionando, em parte, a própria aposentadoria, senão concorrendo também, como membro da sociedade, para a alimentação do sistema, só cuja subsistência, aliás, permitirá que, preenchidas as condições, venha a receber proventos vitalícios ao aposentar-se.” 9. A essa fundamentação, acrescento que, presentes os requisitos legais, cabe ao segurado, que continua a trabalhar, a definição do tempo em que exercerá o seu direito à aposentadoria. O exercício desse direito, sob determinadas condições fáticas, terá repercussão econômica, cuja aceitação depende da avaliação feita pelo segurado que pode sopesar seu interesse em postergar a data de aposentação para que aufira benefício em valor maior. Contudo, feita a escolha e declarada a vontade favorável ao recebimento da aposentadoria, há formação de ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da Constituição da República de 1988), cujo proveito pecuniário pode ser renunciado pelo titular do direito, desde que esse ato unilateral não venha a causar diminuição patrimonial futura à administração pública. Entendimento diverso implicaria supor que o Regime Geral da Previdência Social opera como um sistema de capitalização, o que não encontra embasamento na sua disciplina constitucional.

10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE) FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA Juiz Federal Relator

8 - 0107174-55.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.107174-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.) x DJALMA NARDI DE MORAES (ADVOGADO: ES019221 - AMAURI BRAS CASER.).

Processo nº: 0107174-55.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.107174-4/01) Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Recorrido: DJALMA NARDI DE MORAES

Juízo de Origem: 1ª VF Colatina

Relator: JUIZ FEDERAL FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA VOTO VENCEDOR

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RENÚNCIA AO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA. PEDIDO PARA CONCESSÃO DE NOVO BENEFÍCIO COM O APROVEITAMENTO DO PERÍODO EM QUE O SEGURADO CONTINUOU A TRABALHAR E RECOLHER CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. “DESAPOSENTAÇÃO”. RECURSO DO INSS CONHECIDO E PROVIDO. PEDIDO IMPROCEDENTE.

1. Adoto o relatório do voto redigido pelo Exmo. Juiz Federal Relator. 2. Contudo, divirjo de suas conclusões.

3. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do RESP 1.334.488/SC (Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 14.05.2013), no regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil, decidiu que: i) o segurado tem direito a renunciar à aposentadoria anteriormente concedida para computar período contributivo utilizado, conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão de posterior e nova aposentação; e ii) “os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessão de novo e posterior jubilamento”.

4. Na fundamentação adotada no acórdão referido, observou-se que os arts. 18, §2º; 81, II; e 82, da Lei n. 8.213/91, dispunham originalmente que o aposentado, que continuasse a trabalhar e a contribuir para o Regime da Previdência Social, teria direito à reabilitação profissional, auxílio-acidente e ao pecúlio, o qual corresponderia ao total das contribuições pagas após sua aposentadoria a serem pagas em parcela única. As Leis ns. 9.032/95 e 9.527/97 suprimiram o pecúlio e deixaram expresso que as contribuições vertidas pelo segurado, já aposentado, seriam destinadas ao custeio da Seguridade Social (art. 11, §3º, da Lei n. 8.213/91), não fazendo ele jus a prestação alguma da Previdência Social em decorrência do exercício dessa atividade posterior, ressalvados o salário-família e a reabilitação profissional enquanto estivesse empregado (art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.527/97).

5. Em âmbito infralegal, o art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, dispôs, em seu caput (redação dada pelo Decreto n.

3.265/99), que as aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial concedidas no Regime Geral da Previdência Social são “irreversíveis e irrenunciáveis”. O parágrafo único, do art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, consoante as

(12)

aposentadoria desde que manifeste essa intenção e requeira o arquivamento definitivo do pedido antes do recebimento do primeiro pagamento do benefício, ou de sacar o respectivo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou Programa de Integração Social, ou até trinta dias da data do processamento do benefício, prevalecendo o que ocorrer primeiro”. 6. A ausência de dispositivo legal que proibisse a renúncia à aposentadoria anterior e a compreensão de que o direito ao benefício é de natureza disponível, podendo o segurado deixar de exercê-lo ao seu alvedrio, deram suporte ao acórdão prolatado pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do recurso especial representativo de controvérsia aludido. Entretanto, a resolução das questões infraconstitucionais relacionadas à causa não dirimem os questionamentos constitucionais relacionados à renúncia ao benefício de aposentadoria para que haja aproveitamento das contribuições vertidas pelo segurado, que continuou a trabalhar, com o intuito de obter benefício mais vantajoso, valendo destacar que tais questões pendem de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal no RE 661.256, recebido no regime de repercussão geral.

7. Com efeito, observo que a Seguridade Social é financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta (art. 195, caput, da Constituição da República de 1988), o que infirma a existência de um sistema contributivo rígido, ante a ausência de uma correspondência imediata entre as contribuições vertidas e os benefícios a que os segurados façam jus. A receita destinada ao sistema pretende contemplar os gastos incorridos com o propósito de assegurar a sua “universalidade de cobertura e atendimento” e a “seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços” (art. 194, I e III, da Constituição da República de 1988). Esses traços compõem o conteúdo jurídico do princípio da solidariedade (art. 3º, III, da Constituição da República de 1988), cujo objetivo supõe que as prestações estatais devem “chegar àquelas pessoas que se encontram numa situação mais débil, mais desfavorecida e mais desvantajosa” (Gregorio Peces-Barba Martinez. Lecciones de derechos fundamentales. Madrid: Dykison, 2004, p. 178) o que, no direito previdenciário, alia-se à “participação social e intergeracional do ônus financeiro de sustento do sistema” e à adoção de elementos próprios à noção de repartição

(Simone Barbisan Fortes, Leandro Paulsen. Direito da seguridade social: prestações e custeio da previdência, assistência e saúde. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 48), o que se verifica nas hipóteses em que os benefícios pagos são superiores às contribuições vertidas pelo segurado ou mesmo são recebidos sem que tenha ocorrido qualquer recolhimento de valores com tal objetivo.

8. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento da ADI 3.128/DF (Rel. p/ acórdão Min. Cezar Peluso, DJ 18.02.2005, p. 4), na qual se discutia a constitucionalidade do art. 4º, caput, da Emenda Constitucional n. 41/03, que

instituiu contribuição previdenciária sobre os proventos de aposentadoria dos servidores públicos e as pensões devidas aos seus dependentes, reiterou que o regime da previdência social não tem natureza jurídica contratual, motivo por que inexiste direito a exigir que haja um sinalagma entre as contribuições vertidas e o rendimento mensal do benefício, uma vez que a contribuição previdenciária é “um tributo predestinado ao custeio da atuação do Estado na área da previdência social, que é terreno privilegiado de transcendentes interesses públicos ou coletivos”. O Min. Cezar Peluso, após destacar que o art. 3º, da Constituição da República de 1988, enuncia que, entre os objetivos fundamentais da República, estão a construção de uma “sociedade, livre, justa e solidária” (inciso I), a erradicação da pobreza, da marginalização e a redução das

desigualdades sociais e regionais (inciso III), assinalou que:

“A previdência social, como conjunto de prestações sociais (art. 7º, XXIV), exerce relevante papel no cumprimento desses objetivos e, nos claros termos do art. 195, caput, deve ser financiada por toda a sociedade, de forma equitativa (art. 194, § único, V). De modo que, quando o sujeito passivo paga a contribuição previdenciária, não está apenas subvencionando, em parte, a própria aposentadoria, senão concorrendo também, como membro da sociedade, para a alimentação do sistema, só cuja subsistência, aliás, permitirá que, preenchidas as condições, venha a receber proventos vitalícios ao aposentar-se.” 9. A essa fundamentação, acrescento que, presentes os requisitos legais, cabe ao segurado, que continua a trabalhar, a definição do tempo em que exercerá o seu direito à aposentadoria. O exercício desse direito, sob determinadas condições fáticas, terá repercussão econômica, cuja aceitação depende da avaliação feita pelo segurado que pode sopesar seu interesse em postergar a data de aposentação para que aufira benefício em valor maior. Contudo, feita a escolha e declarada a vontade favorável ao recebimento da aposentadoria, há formação de ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da Constituição da República de 1988), cujo proveito pecuniário pode ser renunciado pelo titular do direito, desde que esse ato unilateral não venha a causar diminuição patrimonial futura à administração pública. Entendimento diverso implicaria supor que o Regime Geral da Previdência Social opera como um sistema de capitalização, o que não encontra embasamento na sua disciplina constitucional.

10. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para julgar improcedentes os pedidos formulados pela parte autora, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE) FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA Juiz Federal Relator

9 - 0116758-61.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.116758-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALCY FARIA JUNIOR (ADVOGADO: ES015554 ANDRÉ RICARDO TELES SOUZA, ES019632 THIAGO PERRONI FRAGA, ES015179 -DANIELLI VALLADÃO FRAGA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GISELA PAGUNG TOMAZINI.).

Processo nº: 0116758-61.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.116758-0/01)

Recorrente: ALCY FARIA JUNIOR

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS Juízo de Origem: 1º Juizado Especial – ES

Referências

Documentos relacionados

TABELA 7 – Produção de massa fresca e seca das plantas de almeirão, cultivadas sob três e quatro linhas por canteiro, em cultivo solteiro e consorciado, na

No final, os EUA viram a maioria das questões que tinham de ser resolvidas no sentido da criação de um tribunal que lhe fosse aceitável serem estabelecidas em sentido oposto, pelo

Taking into account the theoretical framework we have presented as relevant for understanding the organization, expression and social impact of these civic movements, grounded on

Neste estágio, assisti a diversas consultas de cariz mais subespecializado, como as que elenquei anteriormente, bem como Imunoalergologia e Pneumologia; frequentei o berçário

Estudos sobre privação de sono sugerem que neurônios da área pré-óptica lateral e do núcleo pré-óptico lateral se- jam também responsáveis pelos mecanismos que regulam o

O fortalecimento da escola pública requer a criação de uma cultura de participação para todos os seus segmentos, e a melhoria das condições efetivas para

de professores, contudo, os resultados encontrados dão conta de que este aspecto constitui-se em preocupação para gestores de escola e da sede da SEduc/AM, em

Os estudos originais encontrados entre janeiro de 2007 e dezembro de 2017 foram selecionados de acordo com os seguintes critérios de inclusão: obtenção de valores de