Equa¸
c˜
oes de Navier-Stokes e turbulˆ
encia
Ricardo M. S. Rosa
Instituto de Matem´
atica
Universidade Federal do Rio de Janeiro
(IM-UFRJ)
24 a 27 de fevereiro de 2003
Programa de Ver˜
ao do LNCC
1
T´ıtulo alternativo:
M´
etodos matem´
aticos em dinˆ
amica dos fluidos
T´
opicos:
•
Teoria estat´ıstica convencional de turbulˆ
encia
•
Sistemas dinˆ
amicos
•
Teoria matem´
atica das equa¸
c˜
oes de Navier-Stokes
•
Formula¸
c˜
ao matem´
atica da teoria convencional de
turbulˆ
encia
1. Conceitos b´
asicos da teoria convencional de
turbulˆ
encia
– Ordem e m´
edias estat´ısticas
– Turbulˆ
encia homogˆ
enea e isotr´
opica
– Espectro de energia
– Cascata de energia
– A teoria homogˆ
ena isotr´
opica local de Kolmogorov
– estruturas coerentes e intermitˆ
encia
– Graus de liberdade
– Lei de dissipa¸
c˜
ao de energia
– N´
umero de Reynolds, lei de Moore e DNS
– Cascata de enstrofia e espectro de Kraichnan em 2D
3
2. Algumas aplica¸
c˜
oes de sistemas dinˆ
amicos
– imprevisibilidade determin´ıstica
– liga¸
c˜
oes homocl´ınicas e intermitˆ
encia
– turbulˆ
encia fraca
×
plenamente desenvolvida
– bifurca¸
c˜
oes e transi¸
c˜
ao para turbulˆ
encia
– dinˆ
amica de l´
obulos e transporte lagrangiano
– ENS como sistema dinˆ
amico em dimens˜
ao infinita
– atratores, dimens˜
ao e graus de liberdade
– variedades inerciais/lentas e o problema da
inicializa¸
c˜
ao em previs˜
oes
3. Teoria matem´
atica das equa¸
c˜
oes de Navier-Stokes
– O prˆ
emio de US$
1, 00 × 10
6da Funda¸
c˜
ao Clay
– Formula¸
c˜
ao matem´
atica das ENS segundo Leray
– Existˆ
encia global de solu¸
c˜
ao fraca
– Unicidade local de solu¸
c˜
ao forte
– Singularidades no tempo
– Dimens˜
ao de Hausdorff das singularidades temporais
– Singularidades no tempo e no espa¸
co
– Dimens˜
ao de Hausdorff das singularidades
espa¸
co-temporais
– Regularidade eventual e regularidade assint´
otica
5
4. Formula¸
c˜
ao matem´
atica da teoria convencional de
turbulˆ
encia
– Solu¸
c˜
oes estat´ısticas e equa¸
c˜
ao de Liouville-Foias
– As equa¸
c˜
oes de Reynolds para solu¸
c˜
oes estat´ısticas
– Equa¸
c˜
oes de fluxo de energia
– Cascata de energia
– Estimativas de quantidades f´ısicas
– Cascata de enstrofia em duas dimens˜
oes
– Condi¸
c˜
oes para turbulˆ
encia for¸
cada
– Turbulˆ
encia homogˆ
enea em decaimento
– Leis de potˆ
encia
Escoamentos turbulentos: v´
arias escalas presentes, se
movendo de maneira imprevis´ıvel, mas bem comportadas
em um sentido estat´ıstico.
7
Reynolds (1895):
Decomposi¸
c˜
ao do escoamento em
escoamento m´
edio
+
flutua¸
c˜
oes
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0 −1.2 −0.8 −0.4 0 0.4 0.8 1.2 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0 −1.2 −0.8 −0.4 0 0.4 0.8 1.2
Tipos de m´
edia:
M´
edia temporal:
U(x) ≈
1
T
Z
T0
u(t, x)
d
t
M´
edia experimental:
U(x) ≈
1
N
N
X
n=1
u
(n)(t, x)
Hip´
otese erg´
odica:
Os valores m´
edios independem do tipo de m´
edia
considerada
Reynolds:
Opera¸
c˜
ao formal de m´
edia, satisfazendo propriedades de
linearidade.
9
Quantidades m´
edias - nota¸
c˜
ao
ϕ(u)
ou
hϕ(u)i =
1
N
NX
n=1ϕ(u
(n))
onde
u
= u(t, x)
e
ϕ = ϕ(u)
.
Exemplos:
u
1(t, x),
hu
1(t, x)i,
ρ
02
h|u(t, x)|
2i
Linearidade:
∂u
3∂x
2=
∂u
3∂x
2,
h
Z
Ωu(t, y)
d
yi =
Z
Ωhu(t, y)i
d
y,
hu
1(x)u
2(y)i 6= hu
1(x)i hu
2(y)i
Pausa para a nota¸
c˜
ao
•
Regi˜
ao
Ω ⊂ R
3ocupada pelo fluido
•
Vari´
aveis espacial
x
= (x
1, x
2, x
3) ∈ Ω
e temporal
t ≥ 0
•
Campo de velocidades
u
= u(t, x) = (u
1, u
2, u
3) ∈ R
3•
Press˜
ao
p = p(t, x) ∈ R
e for¸
ca de volume
f
= (f
1, f
2, f
3)
•
Equa¸
c˜
oes de Navier-Stokes (ENS) para um escoamento
incompress´ıvel e homogˆ
eneo, viscosidade cinem´
atica
ν
:
forma escalar
∂u
i∂t
+
3X
j=1u
j∂u
i∂x
j+
∂p
∂x
i= ν∆u
i+ f
i,
3X
i=1∂u
i∂x
i= 0
forma vetorial∂u
∂t
+ (u · ∇)u + ∇p = ν∆u + f ,
∇
· u = 0
11•
Escoamento m´
edio
U (x, t) = hu(t, x)i =
1
N
NX
n=1u
(n)(t, x)
•
Energia cin´
etica m´
edia por unidade de massa:
e(t, x) =
1
2
h|u(t, x)|
2i =
1
N
NX
n=11
2
|u
(n)(t, x)|
2•
Raz˜
ao de dissipa¸
c˜
ao viscosa de energia por unidade
de tempo e unidade de massa:
(t, x) = νh|∇ ⊗ u(t, x)|
2i =
ν
N
NX
n=1 3X
i,j=1∂u
(n)i∂x
j!
2Equa¸
c˜
ao de energia
•
Equa¸
c˜
oes de Navier-Stokes:
∂u
∂t
− ν∆u + (u · ∇)u + ∇p = f ,
∇
· u = 0,
•
Multiplicando as ENS por
u
e integrando no dom´ınio:
Z
Ω
(
ENS
) · u
d
x
= 0
•
Usando as condi¸
c˜
ao de incompressibilidade:
1
2
d
d
t
Z
Ω|u|
2+ ν
Z
Ω|∇ ⊗ u|
2+
(termos no bordo)
= 0
Fora os termos de produ¸
c˜
ao de energia.
13
Equa¸
c˜
oes de Reynolds para o escoamento m´
edio
•
Equa¸
c˜
oes de Navier-Stokes:
∂u
∂t
− ν∆u + (u · ∇)u + ∇p = 0,
∇
· u = 0.
•
Substituindo
u
= U + u
0e tomando a m´
edia:
∂U
∂t
− ν∆U + (U · ∇)U + ∇P = −∇ · (u
0
⊗ u
0),
∇
· U = 0.
Escoamentos turbulentos m´
edios
Em canais:
camadas
V´
arias camadas com diferentes perfis de velocidade m´
edia
(simplifica¸
c˜
ao do tensor de Reynolds via simetrias, an´
alise
dimensional, argumentos fenomenol´
ogicos, ...)
Analogamente para outras geometrias (canos, etc.)
15
Correla¸
c˜
oes e m´
etodos estat´
ısticos - Taylor (1921,35)
Correla¸
c˜
oes (2-pontos):
hu
i(x)u
j(x + `)i
PSfrag replacements
u(x)
u(x + `)
• u
(n)(x + `)
e
u
(n)(x)
apontam freq¨
uentemente na mesma
dire¸
c˜
ao e mesmo sentido
⇒ hu
i(x)u
i(x + `)i > 0
e as
velocidades est˜
ao correlacionadas.
• u
(n)(x + `)
e
u
(n)(x)
apontam em dire¸
c˜
oes
arbitrariamente diferentes
⇒ hu
i(x)u
i(x + `)i = 0
e as
velocidades n˜
ao est˜
ao correlacionadas.
Turbulˆ
encia homogˆ
enea - Taylor (1935)
Em certos escoamentos, correla¸
c˜
oes s˜
ao homogˆ
eneas:
hu
i(x)u
j(x + `)i =
fun¸
c˜
ao apenas de
`
,
independe de
x
17
Comprimento de Taylor (1921,1935)
Correla¸
c˜
ao lateral de segunda ordem normalizada:
g(`) =
hu
1(x)u
1(x + `e
2)i
hu
1(x)
2i
,
` ∈ R.
• g(0) = 1
•
Homogeneidade implica em
g(−`) = g(`)
, logo
g
0(0) = g
000(0) = . . . = 0
.
• g(`) = 1 −
`T` 2+ O
` `0 T 4• `
T=
comprimento de Taylor
•
1
`
2 T= lim
`→01 − g(`)
`
2=
1
2
g
00(0) =
1
2
h
∂u1(x)∂x2 2i
hu
1(x)
2i
Comprimento de Taylor - verifica¸
c˜
ao experimental
g(`) =
hu
1(x)u
1(x + `e
2)i
hu
1(x)
2i
= 1 −
`
`
T 2+ O
`
`
0T 4!
`
T=
“comprimento m´
edio dos menores turbilh˜
oes
respons´
aveis pela dissipa¸
c˜
ao de energia pela viscosidade”
19
Turbulˆ
encia homogˆ
enea isotr´
opica - Taylor (1935)
Em certos escoamentos turbulentos, em particular quando o
escoamento m´
edio ´
e desprez´ıvel, as correla¸
c˜
oes s˜
ao
homogˆ
eneas e isotr´
opicas
no espa¸
co, isto ´
e independentes
de transla¸
c˜
oes e rota¸
c˜
oes do conjunto de pontos.
hu
i(x)u
j(x + `)i =
fun¸
c˜
ao apenas do m´
odulo
` = |`|,
independe de
x
e da dire¸
c˜
ao
`
|`|
PSfrag replacements
u
1(x − `e
1)
u
2(x)
u
2(x + `e
2)
u
1(x)
`
`
Conseq¨
uˆ
encias da isotropia
K´
arm´
an e Howarth (1937) mostraram que em escoamentos
homogˆ
eneos isotr´
opicos, correla¸
c˜
oes de segunda ordem
podem ser escritas em termos de apenas uma correla¸
c˜
ao
hu
i(x)u
j(x + `)i
hu(x)
2i
3 i,j=1=
f (`) − g(`)
`
2` ⊗ ` + g(`)δ
i,j,
onde
f (`) =
hu
1(x)u
1(x + `e
1)i
hu(x)
2i
,
g(`) =
hu
1(x)u
1(x + `e
2)i
hu(x)
2i
e, da condi¸
c˜
ao de incompressibilidade,
f (`) +
`
2
f
0(`) = g(`).
Verificado experimentalmente por Taylor (1937).
21Espectro de energia e correla¸
c˜
oes - Taylor (1938)
•
Tra¸
co do tensor de correla¸
c˜
oes
Tr
R(`) = R
11(`) + R
22(`) + R
33(`),
R
ij= hu
i(x)u
j(x + `)i
•
Transformada de Fourier
Q(κ)
de Tr
R(`)
Tr
R(`) =
1
(2π)
3/2Z
R3Q(κ)e
i`·κd
κ
•
Espectro de energia
(segundo Batchelor (1953))
S(κ) =
1
2
1
(2π)
3/2Z
|κ|=κQ(κ)
d
Σ(κ)
=⇒
e =
1
2
h|u(x)|
2i =
1
2
Tr
R(0) =
Z
∞ 0S(κ)
d
κ
Cascata de energia - Richardson (1922)
PSfrag replacements
inje¸c˜ao de energia transferˆencia/cascata dissipa¸c˜ao de energia de energia
23
Teoria de Kolmogorov
•
Produ¸
c˜
ao de energia nas grandes escalas
` ∼ `
0•
No intervalo de equil´
ıbrio,
` `
0, o escoamento tem
um comportamento universal, independente das
caracter´ısticas de produ¸
c˜
ao de energia e dependentes
apenas de
ν
e
.
•
A viscosidade se torna importante apenas a partir de
escalas muito menores, da ordem do comprimento de
Kolmogorov,
`
= (ν
3/)
1/4.
•
No intervalo inercial,
`
0` `
, a viscosidade ´
e
desprez´ıvel em rela¸
c˜
ao `
as for¸
cas de inercia (cin´
eticas),
com o espectro de energia
S(κ) ∼
2/3κ
−5/3.
Teoria de turbulˆ
encia homogˆ
enea isotr´
opica local
-Kolmogorov (1941)
•
Correla¸
c˜
oes de diferen¸
cas
de velocidades s˜
ao
homogˆ
eneas e isotr´
opicas no espa¸
co e em equil´ıbrio
estat´ıstico (homogˆ
eneas) no tempo.
•
(Homogeneidade)
=
ν2h|∇ ⊗ u(t, x)|
2i
independe de
t, x
.
•
1.
ahip´
otese de similaridade: correla¸
c˜
oes dependem
apenas de
e
ν
(nas escalas suficientemente menores
que as de produ¸
c˜
ao de energia,
`
0)
•
2.
ahip´
otese de similaridade: H´
a um subintervalo de
escalas no qual as correla¸
c˜
oes dependem apenas de
25
Comprimento de Kolmogorov (1941)
´
E o comprimento
`
para o qual os efeitos de viscosidade e
in´
ercia s˜
ao compar´
aveis e significativos.
Pela transforma¸
c˜
ao
`
0= `/λ
,
t
0= t/τ
, temos
ν
0=
τ
λ
2ν,
0=
τ
3λ
2.
Logo,
ν
0= 1 =
0⇐⇒
`
= λ =
ν
3 1/4.
A lei de potˆ
encia
2/3
de Kolmogorov (1941)
Pela segunda hip´
otese de similaridade, as correla¸
c˜
oes para
`
` `
0s´
o dependem de
.
S
2(`) = h
(u(x + `) − u(x)) ·
`
|`|
2i = g(`, ).
Pela similaridade,
S
20(`
0) = g(`
0,
0)
, logo
τ
2λ
2S
2(`) = g(
`
λ
,
τ
3λ
2).
Tomando
`
λ
= 1,
τ
3λ
2= 1,
=⇒
S
2(`)
= g(1, 1)
λ
2τ
2= g(1, 1)
`
2(`
2/3/
1/3)
2=
const.
(`)
2/3.
27O espectro
−5/3
de Kolmogorov
• S(κ)
= espectro de energia
⇒
dimens˜
ao =
L
3T
•
= raz˜
ao de dissipa¸
c˜
ao de energia no tempo =
L
2
T
3•
Hip´
otese de similaridade
⇒ S(κ)
depende de
e
κ
(no
intervalo inercial)
•
Intervalo inercial:
κ
0κ κ
,
κ
0= `
−10,
κ
= `
−1•
An´
alise dimensional
⇒
Espectro de energia - mecanismo de Oboukhof (1941)
•
Energia cin´
etica m´
edia para os turbilh˜
oes de
comprimento
` = 1/κ
:
e
κ= S(κ)κ
•
Tempo caracter´ıstico para esses turbilh˜
oes:
τ
κ= (S(κ)κ
3)
1/2•
No intervalo inercial, energia cin´
etica ´
e transferida para
as escalas menores, `
a raz˜
ao temporal da ordem da
raz˜
ao de dissipa¸
c˜
ao de energia:
e
κτ
κ∼
•
Logo,
S(κ)κ
(S(κ)κ
3)
1/2∼
=⇒
S(κ) ∼
2/3κ
−5/3 29Teoria de Kolmogorov
•
Produ¸
c˜
ao de energia nas grandes escalas
` ∼ `
0•
No intervalo de equil´
ıbrio,
` `
0, o escoamento tem
um comportamento universal, independente das
caracter´ısticas de produ¸
c˜
ao de energia e dependentes
apenas de
ν
e
.
•
A viscosidade se torna importante apenas a partir de
escalas muito menores, da ordem do comprimento de
Kolmogorov,
`
= (ν
3/)
1/4.
•
No intervalo inercial,
`
0` `
, a viscosidade ´
e
desprez´ıvel em rela¸
c˜
ao `
as for¸
cas de inercia (cin´
eticas),
com o espectro de energia
S(κ) ∼
2/3κ
−5/3.
Diagrama da teoria de Kolmogorov
Os espectros de energia e de dissipa¸
c˜
ao de energia
PSfrag replacements
κ
S(κ)κ/e
νκ
2S(κ)κ/
intervalo de equil´ıbrio
intervalo
inercial
intervalo
de dissipa¸
c˜
ao
κ
0κ
31
Estruturas coerentes e intermitˆ
encia
•
Universalidade questionada devido a varia¸
c˜
oes
intermitentes na dissipa¸
c˜
ao de energia
•
Estruturas coerentes: filamentos de v´
ortices com baixa
dissipa¸
c˜
ao de energia, diˆ
ametro da ordem do
comprimento de Kolmogorov e comprimento variando
entre comprimento de Taylor e escala integral.
Graus de liberdade - Landau e Lifchitz (1971)
•
Teoria de Kolmogorov: escalas
` `
s˜
ao dominadas
pela dissipa¸
c˜
ao e irrelevantes para o movimento
•
Basta representarmos as escalas de ordem at´
e
`
•
Basta uma malha de espa¸
camento
∼ `
0/`
•
Graus de liberdade:
(`
0/`
)
3PSfrag replacements
`
0`
35N´
umero de Reynolds
•
Escala de comprimento:
L
•
Escala de velocidade:
U
•
Dimens˜
ao f´ısica do termo inercial:
(u · ∇)u ∼
U
2
L
•
Dimens˜
ao f´ısica do termo viscoso:
ν∆u ∼
νU
L
2•
Raz˜
ao entre os dois termos:
Re
=
inercial
viscoso
=
LU
ν
•
Re
>> 1 ⇒
termo inercial domina
Lei de dissipa¸
c˜
ao de energia
•
Comprimento das grandes escalas:
`
0•
Velocidade das grandes escalas:
U
0•
Energia cin´
etica das grandes escalas:
e
0= U
02/2
•
Tempo de circula¸
c˜
ao das grandes escalas:
τ
0= `
0/U
0•
Raz˜
ao de dissipa¸
c˜
ao de energia por unidade de tempo
(escoamentos em equil´ıbrio estat´ıstico):
∼
e
0τ
0⇒
∼
U
3 0`
0(lei de dissipa¸
c˜
ao de energia)
•
Mais precisamente, lei considerada para escala integral
`
00=
1
hu
21i
Z
∞ 0hu
1(x)u
1(x + `e1)i
d
`
e velocidade turbulenta
U
00= hu
1(x)
2i
1/2 37Graus de liberdade em termos do n´
umero de Reynolds
•
N´
umero de Reynolds das grandes escalas: Re
= `
0U
0/ν
•
Comprimento de Kolmogorov:
`
= (ν
3/)
1/4•
Lei de dissipa¸
c˜
ao de energia:
∼ U
03/`
0•
Logo,
`
0/`
∼
Re
3/4•
Graus de liberdade:
N ∼
`
0`
3∼
Re
9/4Exemplos de n´
umeros de Reynolds de escoamentos
•
T´
unel de vento
`
0∼ 2m, U
0∼ 5m/s, ν ∼ 10
−5m
2/s
⇒
Re
∼ 10
6,
N ∼ 10
13,
`
∼ 0.1mm
•
Escoamentos geof´ısicos
`
0∼ 10000km, U
0∼ 100km/h
,
⇒
Re
∼ 10
12,
N ∼ 10
27,
`
∼ 1cm
Obs: estimativas aproximadas, pois n˜
ao estamos
considerando a escala integral e a intensidade turbulenta.
39
N´
umero de Reynolds e CFD
•
Para a representa¸
c˜
ao espacial apropriada do
escoamento:
N ∼
Re
9/4graus de liberdade.
•
Para escoamentos peri´
odicos 3D (via fft):
N ln N
opera¸
c˜
oes de ponto flutuante (flop) por itera¸
c˜
ao.
•
Como a escala de tempo dos menores turbilh˜
oes ´
e
τ
= (`
2/)
1/3= (ν/)
2, precisamos (usando
∼ U
0/`
0), de
τ
0/τ
= (`
0U
0/ν)
1/2=
Re
1/2itera¸
c˜
oes para integra¸
c˜
ao em
um ciclo de circula¸
c˜
ao das grandes escalas, logo
N
11/9ln N ∼
Re
11/4ln
Re flop para cada ciclo.
•
Com os supercomputadores teraflop (
10
12flop/s),
podemos chegar a aproximadamente Re
∼ 10
4.
•
Lei de Moore: performance
×1.58
por ano.
•
Mudan¸
cas na arquitetura: performance
×1.82
por ano.
41
Previs˜
ao para DNS: Re
= 10
13em 2100?
•
Para simula¸
c˜
ao DNS homogˆ
enea:
P ∼
Re
3flop/s.
•
Como a “performance”
P ∼
Re
4/11se multiplica por
1.82
por ano, temos Re se multiplica por
(1.82)
4/11≈ 1.243
.
2000 2010 2020 2030 2040 2050 2060 2070 2080 2090 2100 4 10 5 10 6 10 7 10 8 10 9 10 10 10 11 10 12 10 13 10 14 10
Turbulˆ
encia em duas dimens˜
oes
•
Conserva¸
c˜
ao de enstrofia:
1
2
Z
Ω|ω(x)|
2d
x
•
Cascata de enstrofia para as escalas menores
•
Cascata inversa de energia para as escalas maiores
PSfrag replacements
κ
S(κ)κ/e
νκ
2S(κ)κ/
νκ
4S(κ)κ/η
cascata inversa de energia produ¸c˜aode enstrofia cascatade enstrofia dissipa¸de enstrofiac˜ao
43
O espectro de Kraichnan (1967)
•
Inje¸
c˜
ao de enstrofia nas escalas
κ ∼ κ
f•
Raz˜
ao de dissipa¸
c˜
ao de enstrofia
η
•
Comprimento de Kraichnan
κ
η= (η/ν
3)
1/6•
Dissipa¸
c˜
ao de enstrofia nas escalas
κ & κ
η•
Cascata de enstrofia em
κ
fκ κ
η•
Espectro de Kraichnan
S(κ) ∼ η
2/3κ
−3em
κ
fκ κ
η•
Cascata inversa de energia em
κ
0κ κ
f•
Espectro de Kolmogorov
S(κ) ∼
2/3κ
−5/3em
Equa¸
c˜
oes de Navier-Stokes e turbulˆ
encia
Ricardo M. S. Rosa
Instituto de Matem´
atica
Universidade Federal do Rio de Janeiro
(IM-UFRJ)
24 a 27 de fevereiro de 2003
Programa de Ver˜
ao do LNCC
1
T´ıtulo alternativo:
M´
etodos matem´
aticos em dinˆ
amica dos fluidos
T´
opicos:
•
Teoria estat´ıstica convencional de turbulˆ
encia
•
Sistemas dinˆ
amicos
•
Teoria matem´
atica das equa¸
c˜
oes de Navier-Stokes
•
Formula¸
c˜
ao matem´
atica da teoria convencional de
turbulˆ
encia
Algumas aplica¸
c˜
oes de sistemas dinˆ
amicos:
•
imprevisibilidade determin´ıstica
•
liga¸
c˜
oes homocl´ınicas e intermitˆ
encia
•
turbulˆ
encia fraca
×
plenamente desenvolvida
•
bifurca¸
c˜
oes e transi¸
c˜
ao para turbulˆ
encia
•
dinˆ
amica de l´
obulos e transporte lagrangiano
•
NSE como sistema dinˆ
amico em dimens˜
ao infinita
•
atratores, dimens˜
ao e graus de liberdade
•
variedades inerciais/lentas e o problema da inicializa¸
c˜
ao
em previs˜
oes
3
Sistema de Lorenz (1963)
Sistema obtido a partir de equa¸
c˜
oes de convec¸
c˜
ao t´
ermica,
de um fluido aquecido por baixo, truncando bruscamente as
equa¸
c˜
oes em apenas trˆ
es modos de Fourier (um para a
velocidade e dois para a temperatura), representando
perturba¸
c˜
oes das c´
elulas de convec¸
c˜
ao de B´
enard (dois
modos de Fourier)
x
0= −σx − σy
y
0= rx − y − xz
z
0= xy − bz
Atrator de Lorenz (1963)
E a s´
erie temporal de x(t)
44.8 25.2 5.6 Z 22 −1 −24 Y −18.0 −0.5X 17.1 0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 −19 −15 −11 −7 −3 1 5 9 13 17 21 5Imprevisibilidade I
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 −19 −15 −11 −7 −3 1 5 9 13 17 21 0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 −17 −13 −9 −5 −1 3 7 11 15 19PSfrag replacements
x(0) = −3,
y(0) = −6,
z(0) = 12
x(0) = −3.01,
y(0) = −6,
z(0) = 12
Imprevisibilidade II
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 −19 −15 −11 −7 −3 1 5 9 13 17 21 0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 −18 −14 −10 −6 −2 2 6 10 14 18PSfrag replacements
x(0) = −3,
y(0) = −6,
z(0) = 12
x(0) = −3 + 10
−12,
y(0) = −6,
z(0) = 12
7Sistemas dinˆ
amicos
•
Poincar´
e j´
a havia observado, no in´ıcio do s´
eculo XX, a
imprevisibilidade e a riqueza da dinˆ
amica de sistemas
determin´ısticos, estudando o problema da estabilidade
do sistema solar (e extrapolando para a meteorologia);
•
Sistemas autˆ
onomos de duas equa¸
c˜
oes diferenciais
ordin´
arias s˜
ao bem comportados;
•
Sistemas autˆ
onomos de mais de duas equa¸
c˜
oes podem
exibir comportamento ca´
otico;
•
Sistemas n˜
ao-autˆ
onomos de duas equa¸
c˜
oes e
mapeamentos (sistemas dinˆ
amicos discretos) de uma
ou mais dimens˜
oes tamb´
em podem exibir
Crescimento exponencial
Um dos mecanismos respons´
aveis pela imprevisibilidade
(quando associado a n˜
ao-linearidade, etc.)
Se
x
2(t) − x
1(t) = e
λt(x
2(0) − x
1(0))
e
λ = 3
, ent˜
ao em
t = 10
,
erro ´
e amplificado por
e
30≈ 10
13.
PSfrag replacements
x
1(0)
x
2(0)
x
1(t)
x
2(t)
t
x
9Liga¸
c˜
oes heterocl´
ınicas
11
Ciclos homoc´
ınicos e intermitˆ
encia
Transporte de temperatura na Corrente do Golfo
13
Transporte Lagrangiano - escoamento de Rossby
•
Campo de velocidades do escoamento
u
(t, x)
•
Transporte Lagrangiano:
d
x
(t)
d
t
= u(t, x(t))
•
Escoamento de Rossby:
Transporte Lagrangiano - perturba¸
c˜
ao do Rossby
•
Quebra da liga¸
c˜
oes heteroc´ınicas
•
Aproxima¸
c˜
ao de variedades invariantes
15
Turbulˆ
encia fraca
×
plenamente desenvolvida
•
Teoria estat´ıstica convencial trata de turbulˆ
encia
plenamente desenvolvida
•
Teoria geom´
etrica de sistemas dinˆ
amicos tem sido ´
util
em turbulˆ
encia fraca
•
Aplica¸
c˜
ao da teoria de bifurca¸
c˜
oes em transi¸
c˜
ao para
turbulˆ
encia
•
DNS (Simula¸
c˜
ao num´
erica direta): aux´ılio fundamental
nos m´
etodos de sistemas dinˆ
amicos
17
O problema de Couette-Taylor
Couette:
ω
i= 0
,
ω
e6= 0
Mallock, Taylor:
ω
i6= 0
,
ω
e= 0
PSfrag replacements
r
ir
eω
iω
e 19Couette-Taylor - bifurca¸
c˜
oes,
ω
e= 0, ω
i> 0
ponto fixo
escoamento de Couette escoamento de Taylor
ponto fixo
escoamento "wavy vortex" órbita quasi−periódica (toro T^2)
ondas moduladas
Bifurca¸
c˜
oes Couette-Taylor - 2 parˆ
ametros Reynolds
Re
i=
r
i(r
e− r
i)ω
iν
,
Re
e=
r
e(r
e− r
i)ω
eν
.
21Bifurca¸
c˜
oes e transi¸
c˜
ao para turbulˆ
encia
•
Bifurca¸
c˜
oes para outros pontos fixos, ´
orbitas peri´
odicas,
toros
T
2,
T
3, T
4, . . .
, do tipo Ruelle-Takens-Sell de
T
2para um atrator estranho, etc.;
•
Bifurca¸
c˜
oes: em um certo sentido, extens˜
ao n˜
ao-linear
do m´
etodo de lineariza¸
c˜
ao - procuramos reduzir a
equa¸
c˜
ao para
x
0= λx
, com
λ 6= 0
, mas se
λ = 0
,
precisamos dos termos de ordem mais alta;
Bifurca¸
c˜
oes unidimensionais - “pitchfork”
• x
0= λx − x
3,
λ ∈ R
•
pontos fixos:
x = 0
¯
(se
λ ≤ 0
),
x = 0, ±
¯
√
λ
(se
λ > 0
)
• λ ≤ 0 ⇒
todas solu¸
c˜
oes
x(t) →
t−→∞0
• λ > 0 ⇒ x(t) →
t−→∞±
√
λ
• λ = 0 ⇒
derivada de
F (x) = λx − x
3se anula em
x = 0
PSfrag replacements
λ x x2 = λ 23Bifurca¸
c˜
oes unidimensionais - sela-n´
o e transcr´
ıtica
• x
0= λ − x
2PSfrag replacements
λ x x2 = λ• x
0= λx − x
2PSfrag replacements
λ x x2 = λ λ x x= λBifurca¸
c˜
ao de Hopf
•
Em coordenadas cartesianas
(
x
0= λx − y − x
3− xy
2y
0= x + λy − x
2y − y
3•
Em coordenadas polares
( r
0= λr − r
3θ
0= 1
PSfrag replacements
x y λ 25Mapas de Poincar´
e e bifurca¸
c˜
oes dinˆ
amicas
Bifurca¸
c˜
oes a partir de ´
orbitas peri´
odicas, homocl´ınicas,
etc., podem ser estudadas construindo-se mapeamentos
dentro do espa¸
co de fase de sistemas cont´ınuos
Duplica¸
c˜
ao de per´
ıodo
Atrav´
es de bifurca¸
c˜
ao tipo “flip” (“multiplica¸
c˜
ao por
−1
”)
no mapeamento de Poincar´
e
27
Bifurca¸
c˜
ao de Hopf de ´
orbita peri´
odica para toro
Atrav´
es de bifurca¸
c˜
ao de Hopf no mapa de Poincar´
e
Redu¸
c˜
ao de dimens˜
ao
•
Variedade central
•
Em
x
0= F (x)
, multiplicidade alg´
ebrica
n
do autovalor
zero de
DF (¯
x) ⇒
redu¸
c˜
ao para sistema de dimens˜
ao
n
•
Redu¸
c˜
ao de Liapunov-Schmidt para
x
0= F (x, λ)
•
Formas normais, teoria de singularidades, etc.
29
Equa¸
c˜
ao funcional para ENS
•
Equa¸
c˜
oes de Navier-Stokes:
∂u
∂t
− ν∆u + (u · ∇)u + ∇p = f,
∇
· u = 0.
•
Tomando divergente da ENS obtemos equa¸
c˜
ao para
press˜
ao (assumindo
∇
· f = 0
), como fun¸
c˜
ao de
u
−∆p = ∂
xiu
j∂
xju
i(condi¸
c˜
oes de Neumann no bordo)
•
No espa¸
co das fun¸
c˜
oes de divergente nulo, equa¸
c˜
ao
apenas para o campo de velocidades
u
:
d
u
ENS como sistema dinˆ
amico de dimens˜
ao infinita
•
ENS funcional em espa¸
cos de divergente nulo
d
u
d
t
= F(u),
F
(u) = f − νAu − B(u, u)
•
Existˆ
encia e unicidade de solu¸
c˜
ao global (ENS 2D):
∀u
0,
∃u(t), ∀t ≥ 0,
u
(0) = u
0•
Sistema dinˆ
amico:
S(t)u
0= u(t), t ≥ 0
PSfrag replacements
u0 S(t)u0 = u(t)
•
V´
arios conceitos se aplicam em 3D, apesar de faltar
existˆ
encia/unicidade global (no tempo)
31
Atrator global
PSfrag replacements
A ´ orbita Exemplo 1•
Conjunto compacto
A
•
Invariante:
S(t)A = A, ∀t ∈ R
•
Atrai todas as ´
orbitas, uniformemente para condi¸
c˜
oes
iniciais limitadas
PSfrag replacements
A ´ orbita Exemplo 1A ´ orbita Exemplo 2Existˆ
encia de atrator global
•
Existˆ
encia de um conjunto absorvente limitado
B
{u
(n)0}
nlimitado
⇒ ∃T, S(t)u
0∈ B, ∀t ≥ T
•
Compacidade assint´
otica para conjuntos limitados de
condi¸
c˜
oes iniciais
∃
subseq¨
uˆ
encia convergente
S(t
nj)u
(nj)0, ∀t
n→ ∞
• A = ω(B) =
n
v
= lim
t→∞S(t
nj)u
(nj) 0, {u
0(n
j)} ⊂ B
o
PSfrag replacements
B u(1) 0 u(2) 0 u(3) 0 u(4) 0 ω(u(3)0 ) 33Dimens˜
ao do atrator global
•
Sendo compacto,
A
pode ser aproximado por
subespa¸
cos afins de dimens˜
ao finita
•
Na maioria dos casos,
A
tem dimens˜
ao fractal finita
•
Nesses casos,
A
pode ser imerso em variedades
euclidianas de dimens˜
ao finita
•
Possibilidade de se obter sistemas finitos de EDOs com
o mesmo comportamento assint´
otico
Dimens˜
ao do atrator das ENS
•
dim
fA .
graus de liberdade Landau-Lifchitz
•
ENS 2D peri´
odico: dim
fA .
`
0`
η¯ 21 + ln
`
0`
η¯ 1/3•
ENS 2D com aderˆ
encia na fronteira: dim
fA .
`
0`
¯0 2•
ENS 3D, para conjuntos invariantes regulares
V
:
dim
fA .
`
0`
¯ 3•
onde
η
¯
e
¯
0similares a
¯
= ν lim sup
T →∞sup
u0∈V1
T
Z
T 0Z
Ω|∇ ⊗ u(t, x)|
2d
x
d
t
35Variedade inercial
•
Variedade Lipschitz de dimens˜
ao finita
•
Positivamente invariante, i.e.
S(t)M ⊂ M
,
∀t ≥ 0
•
Atrai todas as ´
orbitas exponencialmente e
uniformemente para condi¸
c˜
oes iniciais limitadas
PSfrag replacements
A M
u0
Completude assint´
otica de variedades inerciais
•
Em geral, para toda solu¸
c˜
ao
u
= u(t)
, existe solu¸
c˜
ao
v
= v(t) ∈ M
com o mesmo comportamento assint´
otico
lim
t→∞
|u(t) − v(t)| = 0
e
ω(u) = ω(v)
•
Atra¸
c˜
ao exponencial
⇒ M
captura boa parte do
comportamento transiente
PSfrag replacements
u v M 37Existˆ
encia de variedades inerciais
•
Requer forte dissipa¸
c˜
ao (contra¸
c˜
ao uniforme de
volumes)
•
Existˆ
encia demonstrada para v´
arias equa¸
c˜
oes em uma
dimens˜
ao espacial e em casos especiais em 2D
•
Em aberto para NSE 2D e 3D
•
Transformada de Kwak ainda incompleta
•
Rela¸
c˜
ao com variedades lentas em meteorologia
variedade inercial
dados atmosféricos
Aproxima¸
c˜
ao de variedades inerciais
•
M´
etodos num´
ericos mais precisos baseados em
aproxima¸
c˜
oes de variedades inerciais
•
Eficiˆ
encia depende da regularidade das solu¸
c˜
oes e do
objetivo do estudo
•
Apropriado para estudos da dinˆ
amica (e.g. captura de
liga¸
c˜
oes heterocl´ınicas)
variedade inercial
aproximação de Galerkin variedade inercial aproximada
39
Controle de dimens˜
ao finita
•
Variedade inercial
⇒
dinˆ
amica de dimens˜
ao finita
•
Possibilidade de controle de dimens˜
ao finita, para
aumentar ou diminuir comportamento ca´
otico
•
Resultados te´
oricos positivos
•
Controle distribuido
×
controle no bordo
•
Viabilidade dos m´
etodos?
Atrator exponencial
•
Intermedi´
ario entre atrator global e variedade inercial
•
Aproxima exponencialmente as ´
orbitas mas n˜
ao ´
e
variedade euclidiana
•
Existˆ
encia para v´
arias equa¸
c˜
oes, inclusive ENS 2D
•
Parametriza¸
c˜
ao por mapeamentos H¨
older-cont´ınuos
•
Resultados parciais sobre existˆ
encia de sistemas de
dimens˜
ao finita com dinˆ
amica equivalente
atrator exponencial parametrização do atrator exponencial
41
Equa¸
c˜
oes de Navier-Stokes e turbulˆ
encia
Ricardo M. S. Rosa
Instituto de Matem´
atica
Universidade Federal do Rio de Janeiro
(IM-UFRJ)
24 a 27 de fevereiro de 2003
Programa de Ver˜
ao do LNCC
1
T´ıtulo alternativo:
M´
etodos matem´
aticos em dinˆ
amica dos fluidos
T´
opicos:
•
Teoria estat´ıstica convencional de turbulˆ
encia
•
Sistemas dinˆ
amicos
•
Teoria matem´
atica das equa¸
c˜
oes de Navier-Stokes
•
Formula¸
c˜
ao matem´
atica da teoria convencional de
turbulˆ
encia
Teoria matem´
atica das equa¸
c˜
oes de Navier-Stokes
•
O prˆ
emio de US$
1, 00 × 10
6da Funda¸
c˜
ao Clay
•
Formula¸
c˜
ao matem´
atica das ENS segundo Leray
•
Existˆ
encia global de solu¸
c˜
ao fraca
•
Unicidade local de solu¸
c˜
ao forte
•
Singularidades no tempo
•
Dimens˜
ao de Hausdorff das singularidades temporais
•
Singularidades no tempo e no espa¸
co
•
Dimens˜
ao de Hausdorff das singularidades
espa¸
co-temporais
•
Regularidade eventual e regularidade assint´
otica
3
Equa¸
c˜
oes de Navier-Stokes
•
Regi˜
ao
Ω ⊂ R
3ocupada pelo fluido
•
Vari´
aveis espacial
x
= (x
1, x
2, x
3) ∈ Ω
e temporal
t ≥ 0
•
Campo de velocidades
u
= u(t, x) = (u
1, u
2, u
3) ∈ R
3•
Press˜
ao
p = p(t, x) ∈ R
e for¸
ca de volume
f
= (f
1, f
2, f
3)
•
Equa¸
c˜
oes de Navier-Stokes (ENS) para um escoamento
incompress´ıvel e homogˆ
eneo, viscosidade cinem´
atica
ν
:
forma
escalar
∂u
i∂t
+
3X
j=1u
j∂u
i∂x
j+
∂p
∂x
i= ν∆u
i+ f
i,
3X
i=1∂u
i∂x
i= 0
forma
vetorial
∂u
∂t
+ (u · ∇)u + ∇p = ν∆u + f ,
∇
· u = 0
Prˆ
emio:
US$
1, 00 × 10
6da Clay Foundation
Problema A: (Solu¸
c˜
ao global)
Dado
u
0suave, com
∇
· u
0= 0
e
|∂
kxi
u
0(x)| ≤ c
km(1 + |x|)
−m, k, m ∈ N, x ∈ R
3, achar
solu¸
c˜
oes suaves
u
= u(t, x), p = p(t, x)
das ENS em
Ω = R
3,
com
u, p ∈ C
∞([0, ∞) × R
3)
,
R
Ω
|u(t, x)|
2d
x
≤ C, ∀t ≥ 0
, e
u(0, x) = u
0(x)
.
Problema B: (explos˜
ao em tempo finito)
Mostrar
existˆ
encia de
u
0e
f
suaves, com
∇
· u
0= 0
e
|∂
xiku
0(x)| ≤ c
km(1 + |x|)
−m, |∂
tr∂
xiku
0(x)| ≤ c
rkm(1 + t + |x|)
−m,
r, k, m ∈ N, t ≥ 0, x ∈ R
3, tais que que n˜
ao existam solu¸
c˜
oes
das ENS em
R
3como acima.
Problemas A’, B’: vers˜
oes com condi¸
c˜
oes peri´
odicas de
contorno.
5
Resultados conhecidos
•
Existˆ
encia global (no tempo) de solu¸
c˜
oes fracas (n˜
ao
necessariamente regulares)
•
Existˆ
encia por tempo finito de solu¸
c˜
oes suaves
•
Um pouco de regularidade (e.g.
H
1(Ω)
) implica em
solu¸
c˜
oes suaves
•
Existˆ
encia global de solu¸
c˜
oes regulares em duas
dimens˜
oes
•
Solu¸
c˜
oes fracas n˜
ao s˜
ao necessariamente ´
unicas (para
cada condi¸
c˜
ao inicial dada)
Uma formula¸
c˜
ao matem´
atica das ENS
•
Primeiro passo: eliminar a press˜
ao considerando
espa¸
cos de divergente nulo
•
Condi¸
c˜
ao natural para o campo de velocidades:
Z
Ω
|u(x)|
2d
x
< ∞
⇔
energia cin´
etica finita
•
Espa¸
co de partida:
L
2(Ω) =
u
: Ω → R
3, |u|
2 def=
Z
Ω|u(x)|
2d
x
< ∞
•
Subespa¸
co de divergente nulo:
H =
u ∈ L
2(Ω); ∇ · u = 0 +
(condi¸
c˜
oes de contorno)
7
• H
´
e um subespa¸
co vetorial fechado de
L
2•
Decomposi¸
c˜
ao ortogonal
L
2= H ⊕ H
⊥PSfrag replacements
H
H⊥
•
Proje¸
c˜
ao ortogonal
P
LH: L
2→ H
e
Q
LH= I − P
LH•
Decomposi¸
c˜
ao das ENS (assumindo
P
LHf
= f
):
P
LH∂u
∂t
+ (u · ∇)u − ν∆u + ∇p − f
= 0
Q
LH∂u
∂t
+ (u · ∇)u − ν∆u + ∇p − f
= 0
=⇒
∂u
∂t
+ P
LH(u · ∇)u − νP
LH∆u = f
(eq. evolu¸c˜ao para u)Q
LH(u · ∇)u − νQ
LH∆u + ∇p = 0
(eq. p = p(u))Espa¸
co de enstrofia finita
•
Para o tratamento do termo inercial:
V =
u ∈ H
1(Ω); ∇ · u = 0 +
(condi¸
c˜
oes de contorno)
,
H
1(Ω) =
u
∈ L
2(Ω), kuk
2 def=
Z
Ω|∇ ⊗ u|
2d
x
< ∞
,
onde
∇
⊗ u = (∂
xiu
j)
3 i,j=1.
•
Com condi¸
c˜
oes de contorno de aderˆ
encia (
u|
∂Ω= 0
) ou
peri´
odicas:
enstrofia
def=
1
2
Z
Ω|ω|
2d
x
=
1
2
Z
Ω|∇ ⊗ u|
2d
x,
onde
ω
= ∇ × u =
curl
u
.
9Formula¸
c˜
ao funcional das ENS
•
∂u
∂t
+ P
LH(u · ∇)u − νP
LH∆u = f
•
Operador de Stokes
Au = −νP
LH∆u
•
Termo inercial
B(u, u) = P
LH(u · ∇)u
•
Espa¸
co dual
V ⊂ H ⊂ V
0:
(u, v)
def=
Z
Ωu(x) · v(x)
d
x
−→
hu, vi
V0,V.
• A : V → V
0,
B : V × V → V
0=⇒
d
u
d
t
+ νAu + B(u, u) = f
Formula¸
c˜
ao variacional (fraca) das ENS
•
Multiplicar ENS por fun¸
c˜
ao teste
v
de divergente nulo e
suporte compacto em
Ω
e integrar em
Ω
:
Z
Ω∂u
∂t
+ (u · ∇)u − ν∆u + ∇p
· v
d
x
= 0;
•
Integrando por partes e usando que
∇
· v = 0
,
d
d
t
Z
Ωu·v
d
x+
Z
Ω[((u·∇)u)·v)]
d
x+ν
Z
Ω∇
⊕u : ∇⊕v
d
x
= 0;
•
Ou, para funcionais apropriados, e incluindo
f
,
d
d
t
(u, v) + b(u, u, v) + a(u, v) = (f , v),
∀v ∈ V.
11
Existˆ
encia de solu¸
c˜
ao fraca
•
Via aproxima¸
c˜
ao de Galerkin, obter aproxima¸
c˜
oes
u
(n)em espa¸
c˜
oes de Galerkin
V
nde dimens˜
ao finita,
d
d
t
(u
(n)
, v) + b(u
(n), u
(n), v) + a(u
(n), v) = (f , v),
∀v ∈ V
n.
•
Obter estimativas de energia, tomando
v
= u
(n):
1
2
d
d
t
|u
(n)
|
2+ νku
(n)k
2= (f , v)
•
Usando Cauchy-Schwarz e Young no ´
ultimo termo,
d
d
t
|u
(n)
|
2+ νku
(n)k
2≤
1
νλ
1|f |
2,
Estimativas globais
•
Assumindo
f
independente de
t
,
|u
(n)(t)|
2≤ |u
0|
2e
−νλ1t+
1
ν
2λ
2 1|f |
2(1 − e
−νλ1t)
•
Para a enstrofia,
ν
T
Z
T 0ku
(n)(t)k
2d
t ≤
1
T
|u
0|
2+
1
νλ
1|f |
2•
Para a derivada temporal de
u
(n),
1
T
Z
T0
k∂
tu
(n)(t)k
4/3V0d
t ≤ C
•
Por um teorema de compacidade (Aubin), temos
convergˆ
encia (forte) em
H
, suficiente para a passagem
ao limite
13
Solu¸
c˜
ao fraca de Leray-Hopf
Ap´
os a passagem ao limite, obtemos solu¸
c˜
ao fraca
satisfazendo
• u ∈ L
∞(0, ∞; H) ∩ L
2loc
(0, ∞; V )
;
• ∂
tu
∈ L
4/3loc(0, ∞; V
0)
;
• u ∈ C([0, ∞); H
w)
, onde
H
w:
topologia fraca;
• u(t) → u
0,
quando
t → 0
;
• u
´
e solu¸
c˜
ao das ENS no sentido das distribui¸
c˜
oes
• u
satisfaz a desigualdade de energia no sentido das
distribui¸
c˜
oes em
t > 0
:
1
2
d
d
t
|u(t)|
2+ νku(t)k
2≤ (f , u(t))
Regularidade
•
Para a regularidade, estimar enstrofia
•
Solu¸
c˜
ao fraca satisfaz
d
d
t
(u, v) + b(u, u, v) + a(u, v) = (f , v),
∀v ∈ V.
•
Tomando
v
= Au
(n),
d
d
t
(u
(n), Au
(n)) + b(u
(n), u
(n), Au
(n)) + a(u
(n), Au
(n))
= (f , Au
(n)),
=⇒
1
2
d
d
t
ku
(n)k
2+
ν
2
|Au
(n)|
2+ b(u
(n), u
(n), Au
(n)) =
1
2
|f |
2 15•
Para estimar o termo
b(u
(n), u
(n), Au
(n)),
fazemos
|b(u
(n), u
(n), Au
(n))| ≤ |u
(n)|
L6ku
(n)k
L3|Au
(n)|
≤ ku
(n)k
ku
(n)k
1/2|Au
(n)|
1/2|Au
(n)|
1/2≤ ku
(n)k
3/2|Au
(n)|
3/2≤ Cku
(n)k
6+
ν
4
|Au
(n)|
2.
•
Assim,
d
d
t
ku
(n)k
2+
ν
2
|Au
(n)|
2≤ Cku
(n)k
6+ |f |
2.
•
Utilizando
λ
1kuk
2≤ |Au|
2, chegamos a
d
d
t
ku
(n)
k
2+
λ
1ν
2
ku
(n)
k
2≤ Cku
(n)k
6+ |f |
2,
•
A solu¸
c˜
ao de
r
0+ r = r
3+ k
explode
em tempo finito,
se
r > r
∗, e ´
e
limitada
,
se
0 ≤ r ≤ r
∗, onde
r
∗´
e a maior raiz
de
r
3− r + k
.
PSfrag replacements
r3− r − k r t r r∗ r∗•
Conclus˜
ao:
– existˆ
encia de solu¸
c˜
oes regulares locais;
– existˆ
encia de solu¸
c˜
oes regulares globais para for¸
cas
externas e dados iniciais pequenos.
17
Singularidades no tempo
•
As estimativas anteriores indicam a possibilidade de
explos˜
ao em tempo finito de solu¸
c˜
oes regulares;
•
Possibilidade de perda de regularidade das solu¸
c˜
oes
fracas em certos instantes de tempo (
singularidades
temporais
- a enstrofia/vorticidade deixa de ser
limitada):
singularidades
PSfrag replacements
u(t)r
t
•
Segundo Leray, essas singularidades estariam
associadas a escoamentos turbulentos.
Estimativa da “quantidade” de singularidades
temporais
•
Considere solu¸
c˜
ao fraca
u
= u(t), t ≥ 0,
e o conjunto de
singularidades temporais
S = {t ≥ 0; ku(t)k = ∞}
;
•
Como
R
T0
ku(t)k
2d
t < ∞,
temos
S
de medida nula;
•
Mas qu˜
ao grande ou pequeno ´
e
S
?
S
´
e denso na reta,
como os n´
umeros racionais?
S
´
e discreto?
• S
n˜
ao ´
e denso: pela existˆ
encia local de solu¸
c˜
oes
regulares, o conjunto de instantes regulares
(ku(t)k < ∞)
´
e uni˜
ao de intervalos semi-abertos e de medida cheia
•
Como podemos medir o “tamanho” de
S
?
19
Dimens˜
ao de Hausdorff
•
Quantificar o tamanho de
S
pela dimens˜
ao de Hausdorff
•
Medida de dimens˜
ao
D
de Hausdorff de
S
µ
D(S) = lim
&0µ
D,(S) = sup
>0µ
D,(S),
onde
µ
D,=
inf
∪j(t− j ,t + j )⊃S, |t + j −t − j |≤X
j(t
+j− t
−j)
D;
•
Dimens˜
ao de Hausdorff
dim
H(S) = inf{D; µ
D(S) = 0};
• dim
Hpode ser definida em v´
arias dimens˜
oes e coincide
com a dimens˜
ao euclidiana de subvariedades euclidianas
PSfrag replacements
cobertura: 7→ /2
n.o de “bolas”: n 7→ 2dn
d = dimens˜ao euclidiana µD,/2j =2j(d−D)µD,
Dimens˜
ao de Hausdorff das singularidades temporais
Leray (1934), Scheffer (1976)
•
Da inequa¸
c˜
ao
r
0+ r ≤ r
3+ k
para enstrofia
r =
12kuk
2considere
r
0= r
3, cuja solu¸
c˜
ao positiva ´
e
r(t) = (r
0−2− 2(t − t
0))
−1/2,
0 ≤ t − t
0< 1/2r
20,
r
0= r(t
0);
•
Em cada intervalo
(t
−, t
+)
de regularidade,
t
+− t ≥
1
2ku(t)k
4⇒
1
(t
+− t)
1/2≤ 2ku(t)k
2;
•
Integrando no tempo:
(t
+− t
−)
1/2≤
Z
t+ t−ku(t)k
2d
t;
•
X
intervalos regulares(t
+j− t
−j)
1/2≤
Z
T 0ku(t)k
2d
t < ∞;
•
No conjunto complementar (singular) ...
dim
H(S) ≤
1/2
.
21Singularidades espa¸
co-temporais - Scheffer (1976),
Caffareli, Khon, Nirenberg (1982), ...
•
An´
alise mais precisa no conjunto
E
de singularidades
espa¸
co-temporais (de “suitable weak solutions”):
{(t
∗, x
∗), u(t, x)
ilimitado em vizinhan¸
cas de
(t
∗, x
∗)}
;
• ∃ > 0, lim sup
R→0R
−1R
QR(t,x)