• Nenhum resultado encontrado

20 o CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "20 o CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL"

Copied!
9
0
0

Texto

(1)

OXIDAÇÃO DE NO

X

DE PEQUENAS FONTES FIXAS POR

OXIDAÇÃO ALCALINA

Marlize Cantelli(1)

Professora Adjunta na Faculdade de Engenharia da PUCRS. Engenheira Química pela PUCRS. Mestre em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental pelo IPH / UFRGS. Doutoranda em Engenharia de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental no IPH / UFGRS.

Sérgio João de Luca

Professor Titular, Pesquisador I-A CNPq, Orientador de Mestrado e Doutorado no IPH e CE/UFRGS.

Endereço(1): Av. Alegrete, 526, apto. 302 Petrópolis Porto Alegre RS

-CEP: 90460-100 - Brasil - Tel: (051) 330-1920 - Fax: (051) 320-3901 - e-mail:

marlize@eq.pucrs.br

RESUMO

As emissões de NOx oriundas de processos de combustão têm-se tornado recentemente,

um motivo de preocupação pois os óxidos de nitrogênio estão sempre presentes em atmosferas poluídas por ozônio, na troposfera, onde encontram-se também o ácido nítrico, contribuinte da chuva ácida, e juntos causam muitos danos ao meio ambiente. As técnicas de controle serão mais ou menos efetivas dependendo do mecanismo dominante na formação do NOx. Pode-se utilizar tecnologias de combustão e tecnologias de

pós-combustão no controle de NOx. Uma das tecnologias de pós-combustão é a dos lavadores

de gases, que envolve a oxidação do NO a NO2 e uma lavagem do NO2 usando uma

solução básica, formando nitrato.

O trabalho a ser apresentado no congresso mostrará o potencial de utilização do ferrato(VI) na oxidação alcalina das emissões de gases contaminados com NOx O ferrato(VI) de sódio,

produzido via eletrolítica, resulta em uma solução básica favorável à absorção de gases, pois evita uma posterior lavagem cáustica após a oxidação. Valendo-se de seu alto potencial oxidante verifica-se o potencial para a oxidação do NO, formado na combustão de combustíveis fósseis, a NO2, depois a HNO2 e HNO3 em meio básico, evitando-se assim um

posterior gasto com solução cáustica lavadora para neutralizar os ácidos formados.

PALAVRAS-CHAVE: Controle de NOx, Oxidação Alcalina, Ferrato (VI).

INTRODUÇÃO

A poluição do ar pode ser provocada por fontes naturais ou antropogênicas. As fontes de contaminação atmosférica são muito numerosas e concentram-se, principalmente, em torno de ambientes urbanos e em áreas de elevada densidade industrial. Os poluentes podem ser gasosos, líquidos e sólidos particulados. Estes poluentes são agressivos ao homem, fauna, flora e materiais, ou seja, ao ambiente. Os gases contaminados que são

(2)

lançados na atmosfera, retornam ao nível do solo por deposição seca ou úmida. Isto pode comprometer os recursos hídricos existentes. O controle das emissões atmosféricas é uma das formas de preservar os sistemas hídricos, na medida em que retiram do ar os poluentes que poderiam ser incorporados ao meio.

Um grande número de gases poluentes são lançados na atmosfera, resultantes de atividades humanas. Estes gases incluem: CO, CO2, SO2, NO, NO2, NH3, N2O, N2O5,

N2S, Cl2, HCl, HF e hidrocarbonetos (BRAUER e VARMA, 1981; STERN et alii, 1984;

FREEDMAN, 1995; MANAHAN, 1991). O problema está na permanência destas espécies na atmosfera, trazendo graves conseqüências ao ecossistema, pois a meia vida de alguns destes poluentes é muito grande, como o dióxido de carbono que vai de 2 a 4 anos, segundo HENDERSON-SELLERS (1984).

O incremento da queima de combustíveis fósseis, principalmente derivados de petróleo e carvão mineral, vem ocasionando sensíveis alterações na qualidade do ar atmosférico pela liberação de elevadas cargas de compostos de nitrogênio e enxofre, causando situações críticas nas áreas urbanas e industriais (REVELLE et alii, 1988). A Tabela 1 apresenta a geração de poluentes gasosos atmosféricos industriais estimadas pela FEPAM para alguns dos municípios do Estado do Rio Grande do Sul para o ano de 1997.

Tabela 1: Emissões atmosféricas gasosas no RS (ton/ano).

FONTES PARÂMETROS CO % HC % NO % SO2 % Processo e Aquecimento industriais 93.030 3,14 87.579 34,36 121.612 28,8 122.296 36,21 Veículos Automotores 1.015.529 96,62 166.768 65,43 247.056 58,56 107.109 31,71 Termeletricida de a carvão 2.133 0,2 473 0,18 46.859 11,11 62.987 18,64 Termeletricida de a óleos combustíveis 317 20,1 61 0,1 6.343 1,5 45.375 13,43 TOTAL DO ESTADO 1.051.009 100 254.881 100 421.870 100 337.767 100

COMPOSTOS DE NITROGÊNIO NA ATMOSFERA

As emissões de NOx oriundas de processos de combustão têm-se tornado recentemente,

um motivo de preocupação pois os óxidos de nitrogênio estão sempre presentes em atmosferas poluídas por ozônio, na troposfera, onde encontram-se também o ácido nítrico, contribuinte da chuva ácida, e juntos causam muitos danos ao meio ambiente (McQUEEN et alii, 1995; O’NEILL, 1993). Os mais importantes gases de nitrogênio são a amônia (NH3), óxido nítrico (NO), dióxido de nitrogênio (NO2), e óxido nitroso (N2O)

segundo FREEDMAN (1995) e MANAHAN (1991).

Os três óxidos de nitrogênio normalmente encontrados na atmosfera são o óxido nitroso (N2O), o óxido nítrico (NO) e o dióxido de nitrogênio (NO2). O N2O é produzido por

(3)

aproximadamente 0,3 ppm. Este gás é relativamente não reativo e provavelmente não influencia significativamente as reações químicas na baixa atmosfera. Estas reações são significantes em termos de depleção da camada de ozônio. O incremento global da fixação de nitrogênio acompanhada do incremento da produção microbiana do N2O

podem constituir uma ameaça à camada de ozônio (Manahan, 1991).

O gás incolor e inodoro NO e o NO2, que tem odor acre e cor marrom avermelhada, são

muito importantes em atmosferas poluídas. Coletivamente designados por NOx, estes

gases entram na atmosfera devido a fontes naturais, como os relâmpagos, processos biológicos e por fontes poluentes antropogênicas. As fontes antropogênicas são muito mais significantes por causa das concentrações regionais de NOx, as quais causam severa

deterioração da qualidade do ar. Praticamente toda a origem antropogênica de NOx é

resultante da utilização de combustíveis fósseis em fontes móveis e estacionárias. Globalmente cerca de 86 milhões de toneladas métricas de óxido de nitrogênio são emitidas para a atmosfera por estas fontes, a cada ano. Quando combustíveis fósseis são queimados, compostos de NOx são produzidos, parte pelo nitrogênio contido no

combustível e parte como resultado do nitrogênio presente no ar de combustão (FREEDMAN, 1995; MANAHAN, 1991).

Os efeitos do NO e NO2 sobre os animais no meio ambiente natural não tem sido muito

estudados porque acredita-se que não apresentam riscos para a fauna. Entretanto, demonstrou-se que o NO2 é 4 vezes mais tóxico que o NO em estudos de mortalidade dos

animais. Concentrações extremas de NO ( isto é, maior que 1 g/m3) causam danos às vias respiratórias e ao sistema nervoso central. Curta exposição a altas concentrações de NO2

(isto é, maior que 200 mg/m3) tem-se mostrado fatais para o sistema respiratório (BADR e PROBERT, 1993).

As emissões de NOx junto com as de SOx, também determinam a acidez da precipitação.

Nos últimos anos, a contribuição total do NOx para a acidez da chuva em regiões

industrializadas tem aumentado.

Mais de 50% das emissões globais de NOx para a atmosfera são devidas a atividades

humanas. As maiores taxas de emissão tendem a ocorrer em regiões altamente populosas, como as regiões industrializadas da Europa, América do Norte e Japão. Nas regiões menos populosas as fontes naturais são as mais importantes. A Tabela 2 apresenta os níveis de NO2 na atmosfera, em várias cidades do planeta (Levy et al., 1998).

Tabela 2: Concentrações de NO2 (ppb) em vários ambientes (1996). cidade, país níveis na

atmosfera

cidade, país níveis na atmosfera

Porto Alegre, Brasil 22,5 Seul, Koréia 52,2

Otawa, Canadá 21,3 Sapporo, Japão 22,0

Beijing, China 35,0 Cidade do México,

México

37,7

Zagreb, Croácia 30,5 Kjeller, Noruega 13,8

Kuopio, Finlândia 14,0 Sosnowiec, Poland 48,5

Berlim, Alemanha 37,2 Genebra, Suiça 11,9

Erfurt, Alemanha 15,0 Londres, Inglaterra 35,1

(4)

CONTROLE DAS EMISSÕES DE NOx

Existem duas grandes técnicas para o controle das emissões de NOx: tecnologias de

combustão e tecnologias de pós-combustão. A tecnologia de controle pela ação no combustor depende do mecanismo de formação do NOx, enquanto que o controle após a

combustão independe da maneira pela qual o NOx foi formado (McQUEEN et alii, 1995).

Tecnologias de Combustão

As técnicas de controle serão mais ou menos efetivas dependendo do mecanismo dominante na formação do NOx. Na combustão de óleo, o NOx do combustível contribui

com aproximadamente 80% do NOx gerado. Na queima do carvão, o NOx do combustível

representa de 50% a 60% do total, o restante é NOx térmico (BOZZUTO e MORIARTY,

1994).

O NOx é formado durante a combustão de combustíveis fósseis através de três

mecanismos. O primeiro mecanismo resulta da combustão do nitrogênio atmosférico com o oxigênio a altas temperaturas, encontradas nas chamas. Esta fonte é chamada de NOx

térmico. O segundo mecanismo envolve a liberação dos compostos básicos de nitrogênio contidos naturalmente em alguns combustíveis (tipicamente óleo e carvão) na presença de oxigênio. A temperaturas apropriadas, alguns destes compostos são convertidos a NOx.

Este é o chamado NOx do combustível. O terceiro mecanismo envolve a fragmentação do

combustível à temperatura da chama que então ataca o nitrogênio atmosférico o qual é subseqüentemente convertido a NOx. Devido ao fato desta fonte ocorrer muito perto da

origem da chama, ele é chamado de NOx imediato. Esta fonte é normalmente pequena

para a maioria das chamas na indústria (McQUEEN et alii, 1995; IRWIN, 1995; WOOD, 1994; BOZZUTO e MORIARTY, 1994).

Uma das técnicas é a redução do teor de ar em excesso na combustão, de modo que não aumente, em contrapartida, a quantidade de fumaça ou de particulados. Os fabricantes de caldeiras têm aperfeiçoado sistemas de combustores, entre os quais: combustores de vários estágios, recirculação do gás combustível, queima tangencial, etc. Técnicas modernas de projeto de fornalhas compatibilizam sua forma e dimensões com as exigências dos combustores, a fim de que as emissões de NOx sejam minimizadas.

Tecnologias de pós-combustão

As técnicas de controle pós-combustão, utilizadas para fontes móveis e estacionárias envolvem as tecnologias de redução não-catalítica, redução catalítica e lavagem de gases (McQUEEN et alii, 1995).

Redução Seletiva Catalítica (SCR)

Esta técnica é utilizada quando os limites de NOx não podem ser alcançados por controle

na combustão. Neste método a concentração de NOx contida no fluxo gasoso é reduzida

através da injeção de amônia vaporizada na presença de um catalisador. A temperatura dos gases fica na faixa de 288 a 5380C. Os produtos formados são nitrogênio e água. A reação é seletiva, de modo que a oxidação da amônia e do dióxido de enxofre não ocorram. A atividade do catalisador é importante para o nível de redução do NOx. A

(5)

(CHOWDHURY,1996). O processo reduz mais do que 80% do NOx e é o método

comercial mais utilizado com maior rendimento.

Redução Seletiva Não-Catalítica (SNCR)

A redução seletiva não-catalítica (SNCR) é realizada pela injeção de compostos de nitrogênio selecionados no fluxo gasoso quente das fontes estacionárias de combustão na faixa de temperatura (760 - 12040C) adequada para a reação produzir nitrogênio, água e dióxido de carbono. Este processo não requer catalisador e é seletiva quanto aos reagentes, pois reagem somente com o NOx, excluindo todos os outros componentes do

fluxo gasoso. As primeiras aplicações do processo foram limitadas à injeção de compostos amoniacais anidros ou aquosos (reagentes perigosos) obtendo-se uma redução entre 50 e 75% de NOx. O processo evoluiu com o uso de compostos não perigosos como

a uréia obtendo-se uma redução de até 90% de NOx (PICKENS, 1996; STEUCH et alii,

1996).

Lavadores de gases

Outra tecnologia pós-combustão é a dos lavadores de gases, que envolve a oxidação do NO a NO2 e uma lavagem do NO2 usando uma solução básica, formando nitrato. Os

lavadores são projetados para transferir poluentes da fase gasosa para a fase líquida os quais podem ser recuperados, reciclados ou dispostos.

Lavagem com hidróxido de sódio

Este é um método muito comum de remoção de NOx que envolve a lavagem do gás de

exaustão com uma solução alcalina de NaOH (ROSSI e UNFRIED, 1997). As reações de oxidação são as seguintes:

NO + NO2→→→→ N2O3 (1)

N2O3 + 2 NaOH →→→→ 2 NaNO2 + H2O (2)

2 NO2 + 2 NaOH →→→→ NaNO2 + NaNO3 + H2O (3)

Embora efetivo na remoção de NOx, a soda cáustica produz nitratos e nitritos de sódio

que devem ser dispostos. Teoricamente estes sais podem ser posteriormente processados e vendidos, o que não ocorre em termos práticos, em vez disto, os sais são usualmente incorporados no efluente líquido.

Lavagem com Hidrosulfeto de sódio

O hidrosulfeto de sódio (NaHS) é largamente utilizado como solução de lavagem do NOx

por ser barato e altamente eficiente. Com o NaHS é possível lavar altas concentrações de NOx a altas velocidades do fluxo gasoso. As reações são as seguintes:

NaHS + 2 NO2→→→→ NaHSO4 + N2 (4)

NaHS + 4 NO →→→→ NaHSO4 + 2 N2 (5)

A alta alcalinidade da solução de lavagem deverá ser neutralizada antes da disposição. A reação de neutralização gera sulfeto de hidrogênio gasoso (H2S) e outras mercaptanas que

(6)

concentrações. Muitos usuários do NaHS tem investigado a lavagem com outras soluções mesmo mais caras- simplesmente para eliminar o odor gerado com o uso do NaHS.

Lavagem com peróxido de hidrogênio

No passado, o H2O2 não era considerado como solução lavadora do NOx devido ao custo

elevado quando comparado com a soda cáustica e o hidrosulfeto de sódio. Entretanto, quando aos custos totais (custo de manutenção do lavador, recuperação do ácido nítrico, e odor) são considerados, o peróxido de hidrogênio pode ser uma alternativa atrativa. As reações são as seguintes:

2 NO + 3 H2O2→→→→ 2 HNO3 + 2 H2O (6)

2 NO2 + H2O2→→→→ 2 HNO3 (7)

A remoção do NOx em lavadores de gases pode ser aumentada pela oxidação em fase

gasosa do NO a NO2, HNO2 e HNO3 (os gases ácidos são muito mais solúveis em água

que o NO). Esta oxidação pode ser acompanhada pela injeção líquida de peróxido de hidrogênio (H2O2) no gás de saída da chaminé; o H2O2 vaporiza e se dissocia em radicais

hidroxila. O radical ativo OH! então oxida o NO a NO2. Esta técnica de controle do NOx

pode ser economicamente possível em plantas onde existam lavadores para SO2. Os altos

custos químicos para o H2O2 podem ser reduzidos se comparados com a alternativa tipo a

SCR (KASPER et alii, 1996). A oxidação do NOx usando peróxido de hidrogênio foi

realizada em planta piloto de 750 m3/h. As espécies oxidadas do NOx foram removidas

pela lavagem com solução cáustica atingindo uma eficiência de 90% de remoção

(HAYWOOD e COOPER, 1998). O NOx pode também ser removido passando-se os

gases da chaminé através de um leito de carvão pirolítico adsorvente que seletivamente adsorve NOx e outros poluentes. Quando o carvão adsorvente fica saturado com o NOx, é

então tratado com energia de microondas. O NOx adsorvido reage com o carbono para

produzir gás nitrogênio e óxidos de carbono. Como o carbono é consumido na radiação de microondas, o carvão adsorvente fica mais poroso e sua superfície interna aumenta. Portanto, o carvão regenerado por microondas é usado novamente para adsorver mais NOx. Este método não necessita de agentes redutores como a amônia e tem uma alta taxa

de redução de NOx (aproximadamente 90%). Outra vantagem deste processo é que ele

pode produzir valiosos sub-produtos, como o carvão ativado. O processo pode ser aplicado à pequenas fontes, como geração de energia a diesel e aquecedores industriais onde não é econômico converter o NOx adsorvido e HNO3 a valiosos compostos químicos

de nitrogênio (CHA e KONG, 1995).

Testes realizados em bancada por SHAW e PERLMUTTER (1997) mostram que o NO pode ser absorvido numa solução com um agente oxidante forte. A melhor solução absorvente inorgânica é o clorito de sódio (NaClO2), hipoclorito de sódio (NaClO) ou

cloro (Cl2) em ácido nítrico. O estudo realiza o desenvolvimento de uma solução lavadora

alcalina de hidroperóxido cumeno (CHP) que é mais econômica do que os sistemas com oxicloretos.

ALLERTON et alii (1995), utilizaram uma solução lavadora alternativa, composta de soda cáustica e permanganato de potássio para tratar o NOx emitido numa planta de

produtos de alumínio. O permanganato de potássio oxida o NO2 e a soda cáustica absorve

(7)

3 NaOH + 3NO2 + KMnO4→→→→ 3 NaNO3 + MnO2 + KOH + H2O (8)

AVALIAÇÃO EXPERIMENTAL

Os processos de lavagem de gases através de agentes oxidantes tem-se mostrado eficientes na remoção de compostos de enxofre e óxidos de nitrogênio. Um experimento foi realizado para o controle de emissões de NOX, utilizando-se para a oxidação o

peróxido de hidrogênio, alcançando uma eficiência de remoção de 90% (HAYWOOD e COOPER, 1998). Aqui no Brasil, SANTANA (1997) utilizou uma torre lavadora para verificar a eficiência de remoção do SO2 com solução de ferrato(VI) de sódio produzido

por via eletrolítica. No estudo, obteve 99% de remoção de SO2 do gás contaminado, com

concentrações variando entre 23.898 µg/m3 e 71.691 µg/m3 a uma vazão da torre variando

entre 113,098 m3/h e 169,64 m3/h. O ferrato(VI) também tem sido utilizado

experimentalmente no tratamento de efluentes líquidos industriais (De LUCA et al., 1992; CANTELLI, 1988) obtendo-se ótimas eficiências de remoção de contaminantes.

O trabalho a ser apresentado no congresso mostrará o potencial de utilização do ferrato(VI) na oxidação alcalina das emissões de gases contaminados com NOx. O

processo empregado é o da absorção de gás onde um componente da mistura gasosa (NOx) é dissolvido num líquido absorvedor (solução alcalina de ferrato(VI) de sódio).

A primeira etapa do trabalho consiste na produção do ferrato(VI) via eletrolítica. O ferrato(VI) de sódio (Na2FeO4) pode ser produzido em uma solução de hidróxido de sódio

(anólito). Em uma célula eletrolítica com uma solução de NaOH a 45% e a temperatura ambiente, é possível obter-se cerca de 0,18% em peso de Na2FeO4. A célula consiste de

uma câmara catódica e outra anódica separadas por uma membrana. Nas soluções de hidróxido o ferrato pode ser produzido em concentrações de 0,001% a cerca de 1,4% por peso de anólito. Em concentrações mais elevadas pode ocorrer precipitação do ferrato(VI) de sódio, ou então sua cristalização no anólito ou na câmara anódica. O mesmo processo é aplicável a produção de ferrato(VI) de potássio (K2FeO4) (DEININGER et alii, 1984).O

processo eletrolítico permite a obtenção de ferrato(VI) tanto a partir de compostos de sódio como de potássio.

O oxidante é obtido em uma célula eletrolítica com suas câmaras separadas por uma membrana. A câmara anódica é carregada com uma solução alcalina e um reagente que forneça ferro, a câmara catódica é preenchida com a mesma solução alcalina. A operação procede em períodos de 20 a 200 minutos e a temperatura de 30° a 50°c. A membrana deve ser impermeável a gases e líquidos, ionicamente condutora e quimicamente estável (DEININGER et alii, 1984). A geração eletrolítica permite dispor de um equipamento portátil para geração “in loco” da solução alcalina absorvente de ácido e um oxidante forte para transformar os óxidos de nitrogênio.

O ferrato(VI) de sódio produzido via eletrolítica resulta em uma solução básica (pH aproximadamente 10) favorável à absorção de gases, pois evita uma posterior lavagem cáustica após a oxidação.

SANTANA (1997) utilizou uma solução de ferrato(VI) em uma torre lavadora para remoção de SO2 contido em ar poluído. KASPER et alii (1996) e após, HAYWOOD e

(8)

COOPER (1998) utilizaram um oxidante forte (H2O2) para oxidar o NOx também num

processo de lavagem de gases. Conjugando-se estes três estudos, vislumbra-se a possibilidade da utilização do ferrato(VI) na remoção de NOx em torre lavadora de gases,

valendo-se do forte poder oxidante do ferrato(VI).

A segunda etapa do trabalho consiste em realizar a absorção do NOx com a solução

alcalina de ferrato(VI) de sódio. As reações esperadas no processo de absorção em uma torre lavadora de gases utilizando ferrato(VI) para remoção de NOx são descritas a seguir.

- Decomposição do ferrato: 2 Na2FeO4 + 3 H2O →→→→ 2 FeO(OH) + 3/2 O2 + 4 OH- + 4 Na+ (9) - Oxidação do NOx pelo OH-: 2 FeO(OH) + 3/2 O2 + 4 OH- + 4 Na+ + 4 NO →→→→ → →→ → 4 NO2 + 4 H + 4 Na+ + 3/2 O2 + 2 FeO(OH) (10) - Outras reações: OH- + NO →→→→ NO2 + H+ (11) OH- + NO →→→→ HNO2 (12) OH- + NO2 →→→→ HNO3 (13) CONCLUSÕES

A concentração de compostos de NOx na atmosfera da Terra está aumentando,

principalmente como resultado das atividades humanas, apesar da legislação e padrões de emissão restritivos. Em vista do impacto negativo sobre o meio ambiente dos compostos de NOx, existem necessidades urgentes de desenvolvimento de técnicas de controle, a fim

de que se possa minimizar os efeitos negativos sobre o homem e o meio ambiente.

A maior fonte antropogênica do NOx atmosférico é a combustão de combustíveis fósseis.

Sabe-se que o controle do NOx na combustão atinge eficiências moderadas (no máximo

80%) e que em regiões industrializadas onde a poluição atmosférica é preocupante, é necessário um controle após a combustão, tratando-se os gases das chaminés visando minimizar as emissões de NOx. A redução seletiva catalítica é muito cara porém é

eficiente (90% de redução) e, a redução seletiva não-catalítica é menos cara mas tem baixa eficiência de remoção(50%). Estas duas técnicas são bastante utilizadas para grandes fontes fixas. Os lavadores de gases podem ser uma alternativa viável para o controle do NOx contidos nos gases de combustão especialmente para pequenas fontes.

A oxidação alcalina, conforme exposto anteriormente é uma técnica bastante eficiente para o controle de NOx mas têm como desvantagem a geração de grandes quantidades de

sais de sódio no efluente líquido do lavador. A utilização de uma solução lavadora que atenda as necessidades atuais como o emprego de tecnologias limpas, que visam produzir com eficiência, sem desperdícios e com economia, parece ser uma alternativa bastante atrativa.. Tomando por base este princípio, acredita-se que o ferrato(VI) possa ser um composto bastante eficiente no controle de gases contendo NOx.

(9)

Valendo-se de seu alto potencial oxidante, e ainda utilizando-se a produção do ferrato(VI) via eletrolítica (tecnologia mais limpa que a produção por via úmida) verifica-se o potencial para a oxidação do NO, formado na combustão de combustíveis fósseis, a NO2,

depois a HNO2 e HNO3 em meio básico, evitando-se assim um posterior gasto com

solução cáustica lavadora para neutralizar os ácidos formados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ALLERTON, H. G.; TODD, R; JACOBS, J. H.; PROBER, R. Improved scrubbing of NOx

emissions from an Aluminum Anodizing Brite-Dip System using Alkaline permanganate. TRW Vehicle Safety Systems Inc., Washington, MI; TRW Vehicle Dafety Systems Ltd., Midland, Ontario; Metcalf & Eddy, Inc., Cleveland, OH. 1997

2. BADR, O.; PROBERT, S. D. Oxides of Nitrogen in the Earth’s Atmosphere: Trends, Sources, Sinks and Environmental Impacts. Applied Energy, Great Britain, v.46, p. 1-67, 1993.

3. BOZZUTO, C. R.; MORIARTY, R. J. Overview of Current NOx Control Technologies. Energy

Engineering, v.91, n.4, p. 6-16. 1994.

4. CANTELLI, M. Síntese e aplicação do Ferrato(VI) de potássio no tratamento de efluentes industriais. Porto Alegre, Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil da UFRGS, 81p. Diss. Mestr. Recursos Hídricos e Saneamento, IPH. 1988.

5. CHA, C. Y.; KONG, Y. NOx Abatement with Carbon Adsorbents and Microwave Energy. Energy &

Fuels, v.9, n.6, p.971-975, 1995.

6. CHOWDHURY, B. H. Emission Control Alternatives for Electric Utility Power Plants. Energy Sources, USA, v.18, p. 393-406, 1996.

7. DEININGER, J.P.; DOTSON, R.L. INGLATERRA. Process for making a calcium/sodium ferrate adduct by the electrochemical formation of sodium ferrate. EUA Patent 4.451,338.,.1984.

8. DE LUCA, S. J.; CANTELLI, M.; DE LUCA, M. ª Ferrate versus Traditional Coagulants in the Treatment of Combined Industrial Wastes. Water Science Technology, Oxford, v.26, n.9/11, p.2077-2080. 1992.

9. FREEDMAN, B. Environmental Ecology. The Ecological Effects of Pollution, Disturbance, and Other Stresses. 2nd ed. San Diego, Academic Press. 1995. 606 p.

10. HAYWOOD, J. M.; COOPER, C. D. The Economic Feasibility of Using Hydrogen Peroxide for the Enhanced Oxidation and Removal of Nitrogen Oxides from Coal-Fired Power Plant Flue Gases. J. Air & Waste Manage. Assoc. v.48, p.238-246, mar. 1998.

11. IRWIN, B. NOx Reduction Techniques. The American Ceramic Society Bulletin, USA, v.74, n.10, p.

81-84, oct. 1995.

12. KASPER, J. M.; CLAUSEN III, C. A; COOPER, C. D. Control of Nitrogen Oxide Emission by Hydrogen Peroxide-Enhanced Gas-Phase Oxidation of Nitric Oxide. Journal of the Air & Waste Management Association, USA, v. 46, p. 127-133, 1996.

13. LEVY, J. I.; LEE, K.; SPENGLER, J. D.; YANAGISAWA, Y. Impact of Residential Nitrogen Dioxide Exposure on Personal Exposure: Na International Study. J. Air & Waste Manage. Assoc., v.48, p.553-560, jun. 1998.

14. MANAHAN, S. E. Environmental Chemistry. 4th ed. Boston, Lewis Publishers, Inc. 1991. 612p. 15. McQUEEN, A T.; BORTZ, S. J.; HATCH, M. S.; LEONARD, R. L. Cement Kiln NOx Control.

IEEE Transactions on Industry Applications, USA, v.31, n.1, p. 36-43, jan/feb. 1995. 16. O’NEILL, P. Environmental Chemistry. 2nd ed. London, Chapman & Hall. 1993. 268 p.

17. PICKENS, R. D. Add-on control techniques for nitrogen oxide emissions during municipal waste combustion. Journal of Hazardous Materials, v.47, p. 195-204, 1996.

18. ROSSI, N. J.; UNFRIED, K. G. Nox Control with Hydrogen Peroxide. Metal Finishing, USA,

p.16-19, apr. 1997.

19. SANTANA, C. G. Utilização de ferrato(VI) no tratamento de ar poluído com SO2. Porto Alegre,

Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil da UFRGS, 62p. Dissertação de Mestrado em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental, IPH. 1997.

20. SHAW, H.; PERLMUTTER, H. D. Development of Aqueous Scrubber to Oxidize and Absorb NOx.

Dept. of Chemical Engineering, Chemistry and Environmental Science, NJIT. 1997.

21. STEUCH, H. E.; HILLE, J. T.; SUN, W. H.; BISNETT, M. J.; KIRK, D. W. Reduction of NOx

Emissions from a Dry Process Preheater Kiln with Calciner Through the Use of the Urea-Based SNCR Process. IEEE Transactions on Industry Applications, USA, v.32, n.4, p. 753-759, jul/aug. 1996. 22. WOOD, S. C. Select the Right NOx Control Technology. Chemical Engineering Progress. V.90, p.

Referências

Documentos relacionados

Diante dos discursos levantados por tais instituições, sejam elas, os Museus, os Institutos, ou as Faculdades, a obra de Schwarz 1993, fornece amplo conhecimento sobre a formação

Apesar dos esforços para reduzir os níveis de emissão de poluentes ao longo das últimas décadas na região da cidade de Cubatão, as concentrações dos poluentes

Identificar e caracterizar programas de igualdade de gênero na astronáutica e se os programas existentes estão em consonância com a literatura no quesito que diz respeito a promoção

avaliados constam no anexo III. 5.5.2 Será eliminado do seletivo o candidato que não alcançar a pontuação mínima de 60% da prova prática/entrevista técnica.. 5.5.3 O local

Sua instituição deve providenciar as medidas necessárias para a obtenção do Laudo Técnico de Proteção Radiológica, sabendo que o prazo máximo para envio dos

Considerando a contabilidade como centro de gestão da informação, os autores defendem o aprimoramento de uma visão sistêmica ao profissional, como também uma maior compreensão

De seguida, vamos adaptar a nossa demonstrac¸ ˜ao da f ´ormula de M ¨untz, partindo de outras transformadas aritm ´eticas diferentes da transformada de M ¨obius, para dedu-

Assim, importa salientar que, para além da Universidade abrir as portas, encaminha-te e orienta-te para o sucesso profissional, através da DRIE (Direcção de Relação