• Nenhum resultado encontrado

Número:

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Número:"

Copied!
18
0
0

Texto

(1)

23/03/2021

Número: 1017211-51.2020.8.11.0001

Classe: PETIÇÃO CÍVEL

Órgão julgador: 8º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DE CUIABÁ Última distribuição : 28/04/2020

Valor da causa: R$ 41.800,00

Assuntos: Indenização por Dano Moral Segredo de justiça? NÃO

Justiça gratuita? SIM

Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM

Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso PJe - Processo Judicial Eletrônico

Partes Procurador/Terceiro vinculado

LUANY VIEIRA MASSON (REQUERENTE) GLEICE HELLEN COSTA LEITE (ADVOGADO(A)) ABILIO JACQUES BRUNINI MOUMER (REQUERIDO) FABRIZZIO FERREIRA CRUVINEL VELOSO

(ADVOGADO(A)) Documentos Id. Data da Assinatura Documento Tipo 51022 525 17/03/2021 16:07 Sentença Sentença

(2)

ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO

8º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DE CUIABÁ

SENTENÇA

PROCESSO nº: 1017211-51.2020.8.11.0001 REQUERENTE: LUANY VIEIRA MASSON

REQUERIDO: ABILIO JACQUES BRUNINI MOUMER

Vistos etc.

Dispenso o relatório, em atenção ao que dispõe o artigo 38 da Lei 9.099/95.

Fundamento e Decido.

Trata-se de AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS COM PEDIDO DE

PRECEITO COMINATÓRIO proposta por LUANY VIEIRA MASSON em desfavor de ABÍLIO JACQUES BRUNINI MOUMER.

(3)

1 – PRELIMINAR

1.1 - DA ILEGITIMIDADE PASSIVA DO RECLAMADO

Não há que se falar em ilegitimidade passiva conforme alegou o Reclamado, já que este responde aos termos da presente demanda em razão de conduta realizada pelo próprio Réu, a qual, aliás, sequer foi negada na peça de bloqueio encartada aos autos consoante ID nº 39566852.

Dito isto, rejeito a preliminar suscitada.

2 - MÉRITO

No caso, não há que se falar em complexidade suficiente que autorize afastar a competência deste Juízo e não se revelam na espécie, nenhumas das situações preliminares e prejudiciais de mérito da demanda descritas no artigo 337 do CPC que impeçam o avanço e análise da controvérsia posta, competindo à Autora provar o fato constitutivo do seu direito e ao réu fato modificativo, impeditivo ou extintivo do referido direito.

(4)

preparado está o processo para julgamento antecipado, posto que as provas dos autos são suficientes para a solução da lide, sendo, portanto, dispensável a dilação probatória, ressaltando desde já que, sendo o Juiz destinatário da prova, cabe a ele analisar a necessidade ou não de sua produção, de acordo com o artigo 370 do CPC, conforme se extrai abaixo do referido dispositivo legal:

Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito.

Parágrafo único. O juiz indeferirá, em decisão fundamentada, as diligências inúteis ou meramente protelatórias.

Dito isto, não há que se falar em oitiva da parte autora, tal qual como requerido pelo Reclamado em sua contestação (ID nº 39566852), já que todas as provas envolvendo a controvérsia se encontram anexadas aos autos, bem como a Magistrada deste Juizado Especial entende que a parte não é obrigada a produzir provas contra si mesma, visto que caso a parte fosse ouvida, seria como informante, não sendo obrigada a relatar a veracidade dos fatos, o que pouco ou nada acresceria na busca pela verdade real, logo, nesta senda, a oitiva pessoal das partes não é admitida.

A jurisprudência nesse sentido já se manifestou:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA. SEGURO DPVAT. D E S N E C E S S I D A D E D E D E P O I M E N T O P E S S O A L . P E R Í C I A REALIZADA. NULIDADE DA SENTENÇA AFASTADA. VEÍCULO M O T O C I C L E T A . C O B E R T U R A S E C U R I T Á R I A D E V I D A . 1 . O

(5)

magistrado, com base nos artigos 370 e 371, do Código de Processo Civil, tem o dever de indeferir as provas inúteis ou meramente protelatórias. Se inócuo o depoimento pessoal da parte, para fins de comprovar a pretensão deduzida nos autos, não caracteriza nulidade da sentença por cerceamento de defesa o julgamento do feito no estado em que se encontra, mormente quando já realizada a perícia. 2.

O fato do veículo envolvido no acidente ser uma motocicleta, não impede o recebimento do seguro pela vítima (Resolução 273/2012, do Conselho N a c i o n a l d o s S e g u r o s P r i v a d o ) . A P E L A Ç Ã O C O N H E C I D A E D E S P R O V I D A . ( T J - G O - A p e l a & c c e d i l ; & a t i l d e ; o ( C P C ) : 01860732020178090051, Relator: ITAMAR DE LIMA, Data de Julgamento: 24/06/2019, 3ª Câmara Cível, Data de Publicação: DJ de 24/06/2019). (Grifei).

Pois bem. Seguindo com a análise necessária para o deslinde da controvérsia, o que se tem de relevante no caderno processual é que a Autora noticia que na data de 15/03/2020, realizou uma festa para comemorar o aniversário do seu esposo, em um espaço locado, tendo participado várias pessoas do meio político do Estado, inclusive o prefeito de Cuiabá, na época, candidato a reeleição.

Assevera que para realização da festa, contratou diversos profissionais como buffet e fotógrafo, sendo que este último entregou as fotos prontas do aniversário apenas em abril de 2020, quando então a Autora publicou algumas em sua rede social

Facebook, sendo que o Reclamado, de forma ardilosa e sem seu consentimento,

passou a compartilhar suas fotos onde continham imagens suas e de sua família, com o único intuito de denegrir seu adversário político Emanuel Pinheiro, contra quem concorreria na disputa das eleições para prefeito no ano de 2020, sob o argumento que o evento teria sido realizado durante a quarentena decretada na capital em combate à Pandemia Covid-19, tendo a Reclamante promovido aglomeração de pessoas que ali participavam e estavam sem máscaras.

(6)

Esclarece que a partir da postagem realizada pelo Réu, passou a receber inúmeros ataques na mencionada rede social, bem como sofrer constrangimentos de terceiros por culpa do Reclamado que teria propagado informação inverídica, já que a data da realização do evento é anterior às restrições sanitárias impostas na capital, não restando alternativa senão o ajuizamento da presente, no intuito de obter medida liminar para que o demandado promova a retratação em sua página pessoal do Facebook, nos mesmos moldes em que publicou as ofensas, com os esclarecimentos necessários a todos os seus seguidores de que as acusações feitas envolvendo a Requerente são inverídicas e, ao final, a confirmação da liminar com o recebimento de indenização por danos morais.

A liminar foi indeferida no movimento ID nº 31616807.

Do outro lado, o Reclamado assevera que a postagem realizada pela Autora se deu no modo público, sendo que na época, qualquer usuário poderia visualizar, reagir, comentar e compartilhar suas publicações, além de que tal se deu na data de 08/04/2020, já sob a vigência de Decretos que visavam restringir a aglomeração social em virtude da Pandemia Covid-19.

Acrescenta que a demandante não detalhou nada sobre as fotos postadas, não fornecendo nenhuma observação que indicava que as fotos eram anteriores ao período da pandemia e, ao compartilhar as imagens, não teceu nenhum comentário pejorativo ou calunioso em desfavor da Autora, devendo a demanda ser julgada improcedente na sua integralidade.

(7)

Em atenta análise ao arcabouço probatório reunido nos autos, ante aos elementos e circunstâncias que envolvem a controvérsia, tenho que razão assiste à parte autora.

Primeiramente, é de bom alvitre evidenciar que a sociedade moderna está cada vez mais submersa ao mundo virtual, possuindo intensamente acesso à comunicação instantânea que as redes sociais e aplicativos de mensagens telefônicas permitem, sob a perspectiva global de interconexão de idéias, facilitando assim a propagação de conhecimento, mensagens e opiniões em pouco tempo, capazes de percorrer longas distâncias no mundo inteiro.

Nessa perspectiva, o bom uso dessa tecnologia requer de todos um comportamento ético de bom senso e moralidade sob pena de uma vez ferindo os direitos fundamentais alheios, incorrer em responsabilização civil e criminal como consequência do ato.

Com efeito, é consabido que a liberdade de expressão é um direito fundamental do ser humano que garante a manifestação de ideologias, opiniões e pensamentos sem retaliação ou censura por parte de governos ou de outros indivíduos, assegurada pelo artigo 5º da Carta Magna, incisos IV e IX, que abaixo colaciono:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

(8)

comunicação, independentemente de censura ou licença;

Por outro enfoque, apesar de o direito à livre expressão ser previsto na Constituição Federal, deve ser mencionado que não se trata de um direito absoluto, de modo que nenhum direito fundamental será usado como escudo para transgredir outro direito, senão torna-se abuso deste último e, no caso da postagem realizada pelo Reclamado, Sr. Abílio

Jacques Brunini Moumer, não restam dúvidas acerca da violação à imagem, à intimidade,

à vida privada e à honra da Autora, repercutindo negativamente nas redes sociais, ao propalar informação, no mínimo, distanciada da realidade.

Sem dúvida alguma é fato inconteste que o Reclamado é pessoa de grande projeção social, sendo, sem dúvida nenhuma, um grande influenciador de pessoas e de idéias. No momento em que este compartilhou as fotos postadas no perfil pessoal da Autora

-ainda que estivesse este em modo aberto ao público - e não tenha, de

fato, expressamente mencionado qualquer data da realização do evento, claramente induziu a quem tivesse acesso ao conteúdo de suas postagens, que a Autora estivesse praticando conduta em claro descumprimento às medidas de restrição sanitárias estabelecidas na Capital.

E tal se tornou ainda mais evidente com as provas carreadas, que demonstram o conteúdo exato da postagem do Demandado:

(9)

A partir da postagem do Reclamado, muitas outras pessoas desconhecidas por parte da Autora passaram a repostar as suas fotos pessoais, com cunho totalmente negativo, conforme se observa:

Diante da repercussão negativa da postagem feita pelo Reclamado, a Autora efetivou registro de boletim de ocorrência por ofensas à sua honra, anexado no ID nº 31596288. Importante ressaltar que não há negativa por parte do Reclamado de que tenha efetuado a postagem, limitando-se a afirmar que foi induzido a erro pela própria Autora:

É preciso esclarecer, no entanto, que é verdade que a rede social Facebook possui a opção de configuração para os seus usuários, ao realizar suas postagens na linha do tempo/feed de notícias e ainda no story, permitindo a escolha entre modo público (qualquer pessoa dentro e fora do Facebook); amigos (seus amigos no Facebook);

(10)

amigos, exceto... (não mostrar a alguns amigos); amigos específicos (mostrar somente

para alguns amigos) e somente eu (apenas para o usuário), veja:

Todavia, vale dizer que, não é porque a imagem estava ali disponível, através de postagem pública feita pelo próprio usuário, que poderia ser utilizada a qualquer momento e por qualquer pessoa, sem autorização do proprietário, ainda mais sem checagem do conteúdo da informação.

Se alguém usa imagem de outrem indevidamente, arcará com os danos causados, sejam eles de ordem material ou moral, não importando se tinha ou não consciência da ilicitude do ato.

A Autora também logrou êxito em demonstrar que o evento realizado (aniversário de seu esposo) se deu na data de 15/03/2020, através da juntada do contrato de locação firmado com a empresa Fest Happy Festas e contrato de locação de ambiente com espaço para

festas e eventos celebrado com Kleyton Medeiros Gonçalves (ID nº 31596896).

Não é preciso muito esforço para perceber que a postagem realizada pelo demandado, da forma como fora feita, repercutiria entre seus pretensos eleitores e demais usuários da mencionada rede, uma vez que se trata de personalidade política conhecida na capital e no ano passado se candidatou ao cargo de Prefeito de Cuiabá, sendo notória a sua postura combativa no meio político, principalmente frente ao candidato adversário que participava da festa de comemoração do aniversário do esposo da autora, Sr. Emanuel

(11)

Pinheiro, atual Prefeito deste Município.

Tal raciocínio do juízo não é sem motivo, já que a própria defesa do Reclamado anexada no ID nº 39566852, evidencia que na oportunidade da postagem, este aproveita para trazer à baila informações como filiação partidária do esposo da Reclamante, bem como sua função exercida dentro da Prefeitura de Cuiabá, na tentativa de legitimar a sua conduta de expô-la.

Ora, o Reclamado assevera “a falta de cuidado da demandante” ao nominar a postagem feita por ela na sua própria de rede social: “Aniversário do mozão”, e que isso poderia gerar reação negativa nas pessoas, já que ela não havia detalhado nada sobre as fotos, querendo imputar à própria Reclamante a culpa por ele ter “condenado a ação”, como alegou na defesa.

Não parece minimamente razoável tal assertiva se, o próprio Reclamado não agiu com o mínimo de cautela necessária ao compartilhar fotos alheias as quais, de acordo com o que ele próprio assume, sequer tinha o conhecimento de que as pessoas reunidas nas fotos estavam de fato descumprindo o Decreto Municipal nº 7.868 de 03/04/2020, não bastando a sua “condenação/convicção íntima” para denegrir a imagem da Autora, como de fato o fez.

Talvez, se antes de fazer tal postagem/compartilhamento de post alheio, adotasse a conduta verificada no ID nº 31596914, a de buscar por informações esclarecedoras antes de cometer o ato em si, evitaria todo o imbróglio que se criou.

(12)

*ID nº 31596914:

Mas como dito, o que se percebeu ante às provas colacionadas nos autos, foi a clara intenção do Réu em utilizar a postagem da Autora para expor seu maior adversário político, na época, beneficiando-se indiretamente com o suposto descumprimento das medidas de segurança e restritivas, referentes à COVID19. Observe abaixo:

(13)

Ou seja, mesmo chegando ao conhecimento do Reclamado, posteriormente aos fatos, que ele havia se equivocado, já que o evento noticiado de fato havia ocorrido em período anterior ao da quarentena decretada na capital, pouco se importou se a postagem ainda repercutia, não fazendo questão de justificar ou esclarecer aos seus amigos e seguidores, o que, por certo, teria minimizado todo o ocorrido.

É preciso observar que, cabe a todos os usuários da internet a plena consciência de que, nos dias atuais, com o crescente fenômeno das fake news, cujo potencial de induzir o leitor a erro é objeto de imensa preocupação mundo afora, pois, basta um clique de uma mensagem enviada, sendo ela verdadeira ou não, para que uma pessoa seja “cancelada” nas redes sociais, sofrendo o usuário um verdadeiro linchamento virtual “revestido de

(14)

boas intenções”, sofrendo represálias desmedidas e ainda ofensas graves.

De modo sumário, as vítimas ao estamparem manchetes/postagens negativas, como no caso dos autos, são julgadas com base em algo que sequer as pessoas tomaram conhecimento do fato como verdadeiramente se deu, passando assim a reproduzir comentários com base apenas no juízo de valor feito por quem realizou a postagem ou por quem também comentou o fato.

Como dito, em sendo o Reclamado figura pública, político combativo e influenciador, sua responsabilidade pelo conteúdo de suas falas, postagens e até comentários é muito maior do que um cidadão comum ou uma pessoa desconhecida.

Da análise isolada da liberdade de expressão do pensamento, poder-se-ia imaginar, erroneamente, que o dispositivo garante a livre manifestação de pensamentos e opiniões, mesmo quando depreciem a outrem e se refiram à intimidade ou à vida privada.

Importante ressaltar, nessa ordem de ideias, que a Constituição Federal em seu artigo 1º, inciso III, consagrou a dignidade humana como um dos fundamentos do nosso Estado Democrático de Direito. Nessa senda, o direito subjetivo constitucional à dignidade, em sua essência, engloba todos os direitos personalíssimos, quais sejam, a honra, imagem, nome, intimidade, etc.

Tem-se assim, que à luz da Constituição vigente, o dano moral nada mais é do que a violação do direito à dignidade e foi justamente por considerar a inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra, da imagem corolário do direito à dignidade, que foi inserido em seu artigo 5º, incisos V e X, a plena reparação do dano moral.

(15)

A jurisprudência brasileira já se manifestou em situação análoga, observe:

APELAÇÃO CÍVEL DA PARTE RÉ – INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – OFENSAS EM REDES SOCIAIS (FACEBOOK) – PROVAS ROBUSTAS NOS AUTOS DA REPERCUSSÃO NEGATIVA – DANOS MORAIS CONFIGURADOS – QUANTUM INDENIZATÓRIO REDUZIDO -PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. Tendo a autora advogada demonstrado nos autos a existência de ofensas proferidas pela ré em sua rede social (Facebook), com repercussão negativa na vizinhança e seu ambiente de trabalho, configurado dano moral à sua honra e imagem, sendo devida indenização. Na quantificação do dano moral impõe-se levar em conta os critérios de razoabilidade, considerando-se não só as condições econômicas do ofensor, mas o grau da ofensa e suas consequências, para não constituir a reparação do dano em fonte de enriquecimento ilícito para o ofendido, mantendo uma proporcionalidade entre causa e efeito. Valor da indenização reduzido. (TJ-MS - AC: 08026165920158120007 MS 0802616-59.2015.8.12.0007, Relator: Des. Geraldo de Almeida Santiago, Data de Julgamento: 28/07/2020, 1ª Câmara Cível, Data de Publicação: 31/07/2020).

Portanto, verificado que o Reclamado desrespeitou a honra da Autora, ferindo a imagem desta, atribuindo à demandante conduta irregular, denotando claro cunho difamatório, malferindo a credibilidade alheia, constituindo em um nítido abuso de direito ao propagar fato inverídico, nasce, portanto, o dever de indenizar.

(16)

Quanto aos danos morais, este é configurado já que, independentemente da comprovação do prejuízo material sofrido ou da prova objetiva do abalo à sua honra e à sua reputação, porquanto são presumidas as consequências danosas resultantes desse fato.

Já com relação ao quantum indenizatório, este deve ser fixado de acordo com as peculiaridades do caso, levando em consideração, principalmente: o dolo ou o grau de culpa daquele que causou o dano; as condições pessoais e econômicas das partes envolvidas; a intensidade do sofrimento psicológico causado pela humilhação sofrida; a finalidade admoestatória da sanção para intimidar novas condutas ofensivas; e o bom senso, para que a indenização não seja muito gravosa, descartando um enriquecimento sem causa à vítima, nem irrisória, que não compensa os danos por si sofridos.

Assim, vejo por bem fixar o dano moral em R$6.000,00 (seis mil reais), valor este que atende aos critérios acima estabelecidos.

Ante o exposto, de acordo com o artigo 487, I do CPC, JULGO PARCIALMENTE

PROCEDENTE a pretensão contida na inicial para o fim de:

a) DETERMINAR que o Reclamado que promova a retratação em sua página

pessoal do Facebook, no modo público, nos mesmos moldes em que publicou as ofensas perpetradas contra a Autora, com os esclarecimentos necessários a todos os seus seguidores de que as acusações feitas envolvendo a Requerente são inverídicas, fixando o prazo para comprovação nos autos do cumprimento da obrigação de 5 (cinco) dias após o trânsito em julgado, sob pena de multa fixa no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais) e;

b) CONDENAR o Reclamado a promover o pagamento à Reclamante, a título de

(17)

pelo INPC a partir desta data e acrescida de juros de mora de 1% a.m. contados da citação.

Sem custas processuais e honorários advocatícios (art. 54 e art. 55 da lei nº 9.099/95).

Transitada em julgado, ao arquivo, com as devidas baixas.

Havendo pagamento voluntário do valor da obrigação, no prazo legal, proceda-se a expedição de alvará.

Submeto à homologação da MMª. Juíza de Direito, nos termos do art. 40 da Lei 9.099/95.

Karla Arruda Grefe

Juíza Leiga

Vistos etc.

Homologo, para que produza seus jurídicos e legais efeitos, o projeto de sentença elaborado pela Juíza Leiga, na forma do artigo 40 da Lei n. 9.099/1995.

(18)

Preclusa a via recursal, em nada sendo requerido, arquivem-se os autos com as baixas e anotações de estilo.

Publique-se. Intime-se. Cumpra-se.

Cuiabá/MT, data registrada no Sistema.

Patrícia Ceni

Referências

Documentos relacionados

A função desejabilidade teve o intuito de verificar quais as condições de tempo e concentração de ácido acético seriam ideais para se obter a extração do

volver competências indispensáveis ao exercício profissional da Medicina, nomeadamente, colheita da história clínica e exame físico detalhado, identificação dos

libras ou pedagogia com especialização e proficiência em libras 40h 3 Imediato 0821FLET03 FLET Curso de Letras - Língua e Literatura Portuguesa. Estudos literários

No presente trabalho, são apresentados dados sobre a biologia reprodutiva, abordando biologia floral, sistema reprodutivo e fenologia, de Pseudolaelia corcovadensis Porto &

To demonstrate that SeLFIES can cater to even the lowest income and least financially trained individuals in Brazil, consider the following SeLFIES design as first articulated

E, quando se trata de saúde, a falta de informação, a informação incompleta e, em especial, a informação falsa (fake news) pode gerar danos irreparáveis. A informação é

Pode-se observar como as Áreas de Proteção Ambiental (APA), Áreas de Relevante Interesse Ecológico (ARIE), Florestas Nacionais (F.N.) e Reservas Extrativistas (Resex) somam 55,90%

A significância dos efeitos genéticos aditivos e dos efeitos da interação, envolvendo os qua- tro testes de progênies foi avaliada pela análise de LTR, que foi significativa para