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Projeto de revitalização da Escadaria João Manoel

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XIII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq Centro Universitário Ritter dos Reis

XIII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação SEPesq – 27 de novembro a 01 de dezembro de 2017 Lizandra Machado Moreira

Mestranda no Programa Mestrado Associado UniRitter/Mackenzie Uniritter

lizandrammoreira@gmail.com Dandara Melo Copetti

Mestranda no Programa Mestrado Associado UniRitter/Mackenzie Uniritter

dcopetti@hotmail.com Felipe Porfiro de Oliveira

Mestrando no Programa Mestrado Associado UniRitter/Mackenzie Uniritter

f.porfiro@gmail.com

Luiz Antônio Bolcato Custódio Doutor em História da Arte Uniritter

luiz_custodio@uniritter.edu.br

Projeto de revitalização da Escadaria João Manoel

Resumo: Este artigo trata do projeto de revitalização da Escadaria João Manoel e

seu entorno, localizada no centro histórico de Porto Alegre. O objetivo deste trabalho é identificar através do contexto histórico, quais as intenções de projeto na época, para qual finalidade servia e qual o perfil do usuário da escadaria. Analisa-se a evolução da cidade, o crescimento, as deficiências e as potencialidades encontradas no entorno, auxiliando nas estratégias projetuais. A partir da criação de um espaço de economia criativa e colaborativa encontra-se uma solução para requalificar e revitalizar, gerando vitalidade ao objeto de estudo e seu entorno. O que se espera é obter resultados que devolvam o potencial da Escadaria João Manoel como elo entre a cidade alta e baixa e um lugar de encontros obtendo, assim, novos espaços urbanos qualificados.

Palavras-chave: Escadaria; Revitalização; Requalificação; Patrimônio;

1 Introdução

Ao analisarmos o desenvolvimento urbano das cidades de origem portuguesa é possível identificar que a escolha do lugar para iniciar uma cidade estava relacionada à proximidade com a água e a topografia acentuada, com colinas ou morros que facilitavam a visibilidade de possíveis invasões. A partir

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dessa ocupação de solo o tecido urbano era organizado em dois setores: na “cidade alta” estavam localizados os programas mais nobres e as residências da elite, na “cidade baixa” localizada junto ao porto estavam as residências do povo e os serviços menos nobres. O mesmo aconteceu em Porto Alegre onde na parte mais alta foram instaladas as sedes do governo, a Igreja da Matriz e as residências dos mais abastados deixando para a cidade baixa as casas da população em geral.

No inicio do século XX, com o desenvolvimento e crescimento da cidade surgiu a necessidade de conectar as partes altas e baixas, a solução encontrada foi a construção de escadarias que facilitavam o acesso aos pedestres nas áreas muito íngremes. A escadaria na Rua João Manoel é um dos exemplares de Porto Alegre, construída com o objetivo de qualificar a região e servir de elo entre a cidade alta e a cidade baixa. Nesse período as tendências urbanas ainda estavam baseadas na Paris de Haussmann e tinham como objetivo principal o embelezamento e a higienização, por isso, a qualidade arquitetônica desse equipamento urbano.

Tombada pelo município a Escadaria João Manoel encontra-se bastante degradada e abandonada. O descaso com o lugar no qual está inserida promove o esvaziamento da região e provoca a sensação de insegurança aos moradores que deixam de ocupar o espaço público. O propósito desse artigo é apresentar uma proposta de revitalização à escadaria e seu entorno. Entende-se que um projeto de revitalização só será possível com a qualificação de seus bordos, desde o acesso mais alto pela Rua Duque de Caxias até o acesso na Rua Coronel Fernando Machado, promovendo o envolvimento da comunidade e reinserindo memória e identidade ao local, consequentemente tornando um ambiente preservado e respeitado pelas pessoas. A análise do entorno é de grande importância para a pesquisa, considerando a inserção do projeto para o público local, moradores do bairro, usuários e frequentadores da região, que utilizam para estudo e trabalho. Com a finalidade de obter maiores informações sobre as ocupações e os usos predominantes, foi estudado o entorno em um raio de 500 metros e as relações entre a região e a cidade.

Para o desenvolvimento do projeto, acredita-se, no conceito de metástase positiva inserindo novos usos na área que hoje apresenta lotes desocupados. Essas atividades, juntamente com a restauração da Escadaria João Manoel e da Residência Chaves Barcelos formam um núcleo de vitalidade urbana que se irradia para o entorno tornando o bairro ocupado pelos moradores, para atividades ao ar livre, passeios peatonais e o contanto entre vizinhos, propiciando uma melhora na qualidade de vida e dos espaços urbanos.

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XIII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação SEPesq – 27 de novembro a 01 de dezembro de 2017 2 Teorias do Patrimônio

A história da preservação do patrimônio é recente, apenas no século XIX que teorias em defesa da preservação de obras de arte e arquitetura foram discutidas. Cesare Brandi, um dos principais teóricos do restauro e preservação, defendeu o patrimônio a partir de conceitos históricos e artísticos, Kühl (2007, p. 200) afirma que:

Segundo sua visão (Brandi), não se pode entender a obra de arte como desvinculada do tempo histórico, nem o documento histórico como algo destituído de uma configuração. Movendo-se nas interfaces entre história e crítica de arte, estética e teoria e prática do restauro, o objetivo de Brandi era o restauro se afastar do empirismo e vincular-se às ciências.

No início do século XX, segundo Kühl (2007, p.199) “[...] passa-se a encarar o restauro como ato histórico-crítico, o qual deve respeitar as várias fases por que passou a obra e preserva as marcas da própria translação da obra no tempo”. Essa maneira de enxergar o bem preservado modifica os critérios de preservação que passam a considerar os valores culturais, sociais, econômicos e políticos. No entanto, o conceito torna-se mais subjetivo e relaciona-se diretamente com o contexto da época, tanto da criação do patrimônio, quanto da época no qual se reconhece como patrimônio.

O restauro e a conservação, hoje, voltam-se não mais apenas para aquilo que era entendido como ‘obra de arte’, mas dirigem suas atenções também às obras modestas as quais, com o tempo, assumiram conotação cultural, antes excluídas. Por isso, a ênfase crescente, na atualidade, nos aspectos documentais, e nesse sentido vai o esforço de alargamento de variados autores, baseado nos princípios brandianos, buscando interpretá-los não apenas para as obras de arte, mas para todos os ‘bens culturais’, lembrando-se que mesmo não sendo ‘obras de arte’, possuem uma configuração e estratificações no tempo, as quais devem ser analisadas e respeitadas. (KÜHL, 2007, p.203)

A preservação do patrimônio é utilizada para fortalecer a cultura e a identidade de um povo. Porém é importante lembrar que a cultura não é um conceito imutável. E, por isso, é necessário, ao identificar um bem, gerar documentação e registro de como era em determinada época, só assim é possível intervir, sempre respeitando o objeto em estudo. Para desenvolver um projeto de restauro é necessário fazer uma análise de suas características formais

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e de suas transformações ao longo do tempo. No campo da arquitetura, o restauro apresenta características peculiares devido ao fato de ser um espaço para uso e não apenas contemplativo. Carsalade (2011) afirma:

[...] que a Arquitetura é uma arte que se faz em função do uso e é feita para servir e materializar as sociedades e, portanto, sua sobrevivência no tempo depende da sua capacidade de manter essa propriedade. Tanto o edifício quanto a cidade e a paisagem estão em constante transformação, diferentemente de um quadro ou uma escultura. (CARSALADE, 2011)

A questão do uso é fundamental quando se trata da preservação de uma edificação arquitetônica, a necessidade de requalificar e adaptar a nova atividade em um novo contexto sem descaracterizar os valores estilísticos e matérias. No caso da Escadaria João Manoel, a preservação do patrimônio se dá exatamente em devolver sua função urbana, além de restaurar sua forma. Já o restauro da Residência Chaves Barcelos, tem como objetivo, dentro do possível, devolver sua forma original e adequa-la ao novo uso, possibilitando, assim a manutenção da edificação.

Bacon (1978, p. 109) escreve, “É o segundo homem que determina se a criação do primeiro será levada adiante ou destruída.” Com essas duas ideias em mente, desenvolvemos um projeto que busca intervir de maneira discreta para valorizar as duas edificações sem alterar suas características originais, mas possibilitar a continuidade das construções com a utilização constante.

3 Breve História da Escadaria João Manoel

No ano de 1928, a partir da necessidade de conectar as ruas Duque de Caxias e Coronel Fernando Machado, foi desenvolvido por Christiano de la Paix Gelbert um projeto para uma escadaria localizada na Rua João Manoel que buscava a melhoria da circulação da cidade e seu desenvolvimento, facilitando o acesso da parte mais baixa da cidade ao ponto mais alto e nobre, onde se localizavam as casas mais elegantes da capital. Devido ao alto custo para sua execução, o projeto ficou apenas demarcado para que a área fosse futuramente executada. (FESTUGATO, 2012, p.44)

A família Chaves Barcelos, dona dos lotes do entorno, em uma iniciativa público-privada custeou cerca de um terço da construção do empreendimento deixando o resto para o município. A Escadaria, executado pela empresa de Theo Wiederspahn, foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico da Secretária

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Municipal de Cultura com o objetivo de preservar a memória e a história da cidade de Porto Alegre. Segundo Festugato (2012, p.46), o local foi considerado um marco para a cidade com forte influência para poetas e artistas e moradores das redondezas que utilizavam e admiravam a vista para a orla, no mirante localizado na parte central da escada.

O projeto da escadaria é composto por três partes, o primeiro é o ponto mais alto que dá acesso a Rua Duque de Caxias e é formado por uma escada central. O segundo é a área intermediária onde se encontram duas escadas estreitas e o patamar, servindo como ponto de encontro e mirante para o Guaíba, e a terceira parte, composta por três lanços centrais mais compridos, finalizam com pouca inclinação a descida da escadaria. (FESTUGATO, 2012, p. 45)

Com o crescimento urbano, o abandono à região central e as mudanças nas relações urbanas entre os usuários, a região sofreu com o descaso e perdeu sua finalidade. A implantação de prédios altos acabou com as visuais para o Guaíba, e assim, a escadaria perdeu sua maior potencialidade.

Figura 1 e 2 – Situação atual

Fonte: Autoria própria.

Atualmente, o local encontra-se bastante degradado, com pichações, vandalismo e usuários de drogas. Porém, há ideias para uma nova revitalização da área, que abrange a escada, através de iniciativas de associações e coletivos que buscam através da arte urbana reutilizar o espaço, ocupar os lotes vazios do entorno, de modo a dinamizar o local com atividades para moradores e usuários da região, que utilizam tanto para trabalho e serviços, quanto para lazer.

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XIII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação SEPesq – 27 de novembro a 01 de dezembro de 2017 4 Análises do Entorno

Situada no centro histórico da cidade de Porto Alegre, mesmo estando próxima à Praça da Matriz, ao Palácio Piratini, Assembleia Legislativa e Teatro São Pedro a região tem caráter predominantemente residencial. Tombada pelo município, devido sua importância na história da capital, a escadaria encontra-se hoje entre edifícios residenciais, lotes estreitos, e praticamente abandonados, limitando sua funcionalidade pela insegurança e degradação.

O avançado estado de degradação gera menos fluxos, menos pessoas, menos vitalidade, menos ocupação e como consequência: insegurança, ocupação irregular de moradores de rua, depósito de lixo e pichações. A vista proporcionada pelo mirante, infelizmente deixou de existir e isso não é possível restaurar, porém mesmo com o crescimento e verticalização da cidade se houvessem políticas de preservação e sensibilidade dos urbanistas e arquitetos, essa barreira criada pelas edificações que foram construídas em frente à escada poderia ter sido evitada, se tivesse sido delimitado um campo de visão onde não pudesse ser construído nada que impedisse a visual, isso teria sido fundamental para a preservação do patrimônio e seu simbolismo.

Figura 3 – Implantação da área e seu entorno

Fonte: Autoria própria.

Destaca-se como potencialidade da área seu fácil acesso através das vias de entorno, como a R. Duque de Caxias, R. Coronel Fernando Machado, R.

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General Bento Martins, e junto a esses acessos, destaca-se sua proximidade de acesso a prédios históricos da capital, área frequentemente visitada por turistas. Na área da escadaria, destacam-se alguns vazios urbanos que poderão ser reconfigurados e receber novos usos, revitalizando e qualificando a escadaria como mais que um simples acesso, um espaço de atividades criativas, reinserindo este espaço novamente no contexto urbano.

Figura 4 – Análise das ocupações da área e do entorno

Fonte: Autoria própria.

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Fonte: Autoria própria.

A principal ocupação no entorno é de edifícios residenciais, junto com edifícios de uso misto. Isso revela o potencial do uso peatonal da área e a necessidade de qualificar o ambiente urbano. Considerando a predominância de uso residencial, destaca-se a ausência de espaços de encontro para a comunidade local. Verifica-se em um raio de 500 metros de entorno, a forte presença de instituições de ensino de diferentes graus, isso propicia diferentes públicos e atividades, democratizando o espaço e exigindo que esses se conectem e possam dinamizar o ambiente.

5 Projeto de Revitalização

A revitalização da Escadaria João Manoel propõe além de uma restauração no objeto, restaurar o significado simbólico da escada e adequá-lo ao contexto atual. O projeto tem como objetivo estimular a ocupação e a apropriação do lugar e assim preserva-lo através do uso, conforme as ideias de Carsalade (2011).

A partir das análises realizadas, buscamos retomar sua utilização original e o real valor para a cidade, as diretrizes adotadas foram desenvolvidas para a humanização dos espaços coletivos, valorização dos marcos simbólicos e históricos, o incremento dos usos de lazer, a participação da comunidade na concepção e implantação do projeto e o desenvolvimento da cidade para as pessoas. Com a intenção de integrar a comunidade ao patrimônio e conectar a cidade alta com a cidade baixa, desenvolveu-se o conceito “ESCADA: INTEGRAÇÃO E CONEXÃO”. A proposta visa requalificar o espaço através de novas ocupações e atividades para a escadaria, para que sirva como um local de acesso, circulação e ponto de ligação entre duas regiões.

A Escadaria João Manoel, será restaurada pelo poder público, buscando a estética original, junto da escada seriam colocadas luminárias com um design contemporâneo para se diferenciar das luminárias que fazem parte do conjunto original. As árvores seriam podadas e retiradas para destacar a escada que hoje se encontra encoberta e sombreada o que aumenta a sensação de insegurança.

A partir das atividades existentes foram propostos novos usos que promovessem a interação e o fortalecimento da comunidade: laboratório de criação, coworking, cafeteria, restaurante, praça para eventos, horta comunitária, Jardim Fernando Machado e requalificação das vias públicas.

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Figura 6 – Propostas de atividades e usos para a área

Fonte: Autoria própria.

Na Residência Chaves Barcelos, o laboratório de criação proposto tem o objetivo de fomentar criatividade, inovação e a prototipagem de ideias, através do acesso a equipamentos e conhecimento. Possibilitando a troca de conhecimento sob a forma de cursos, oficina e palestras relacionadas ao universo maker e empreendedorismo. Estimulando a inovação para alunos de escolas públicas no entorno. A escolha dessa atividade para a residência se dá para promover um maior engajamento entre os jovens e o patrimônio urbano com a intenção de educar e estimular a preservação e respeito dessa herança. Promovido em parceria com as secretarias da cultura, educação e do patrimônio, essa iniciativa é sustentada em conjunto com o governo estadual e municipal. Nos fundos do lote da residência, seria implantada uma praça seca para eventos efêmeros (feiras, encontros, festas, saraus, etc.) e também para uso dos moradores no cotidiano. A Residência Chaves Barcelos seria restaurada, onde se manteria todos os elementos originais, sem alterar a estrutura da residência. Elementos de infraestrutura necessários para o novo uso seriam acrescentados com materiais e

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formas contemporâneas para se diferenciar da construção original. Nenhuma modificação definitiva seria feita na edificação.

No terreno de esquina com as ruas Duque de Caxias e João Manoel está proposto o coworking, com o objetivo de estimular a criação de novas empresas e promover uma maior interação entre diferentes públicos. Junto a essa atividade também estaria localizada uma cafeteria, com funcionamento durante o dia todo, atraindo visitantes e gerando animação urbana. A intenção é, através de iniciativa privada, democratizar o lugar e gerar fluxos de pedestres.

No interior do quarteirão próximo a lateral da escada, foi proposto um restaurante com o objetivo de gerar vida urbana, principalmente, à noite quando as outras atividades se encerram. Essa iniciativa privada contribuiu com a produção da horta comunitária, promovendo senso de comunidade e propiciando o encontro entre vizinhos, esse contato ajuda a diminuir a insegurança e contribui para o meio ambiente. O uso desse lote auxilia para a vitalidade, através de novos fluxos e atividades, retomando o objetivo inicial da construção da escadaria não somente como um lugar de passagem, mas um local de encontro, facilitando também a manutenção e preservação do bem.

A requalificação do Jardim Fernando Machado é fundamental para promoção de encontros entre a comunidade, aumentando o senso de coletividade e, assim, estimulando a preservação e a ocupação do patrimônio público. Junto dessa proposta, há também a requalificação das vias públicas, através do alargamento e melhorias do passeio com a inserção de mobiliário urbano (bancos, postes de luz, lixeiras, etc.) para valorizar os pedestres.

Essas propostas visam qualificar a área da escadaria e seu entorno, gerando uma metástase positiva local. O contato e a utilização do patrimônio faz com que as pessoas valorizem e protejam a história, mantendo sua identidade.

Figura 7 – Metástase Positiva Local

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XIII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação SEPesq – 27 de novembro a 01 de dezembro de 2017 6 Considerações Finais

Desenvolvida a partir do conceito de metástase positiva, entende-se que a geração de atividades desse espaço além de valorizar o patrimônio, irá gerar vitalidade desenvolvendo assim, outros pontos atrativos na região. Acredita-se que o projeto de revitalização irá irradiar para outras áreas chegando até a Praça General Osório estimulando, assim, a utilização da mesma como equipamento urbano.

É importante ressaltar o poder que a valorização de um bem histórico tem de devolver o sentimento de pertencimento às pessoas. Recontar histórias e mantê-las vivas é a principal função dos órgãos de preservação, mas além da recuperação estrutural e estética, acreditamos que o valor simbólico e a funcionalidade são essenciais para a continuidade do objeto e reinserção dele no contexto urbano. Concluímos que para preservar, devemos ocupar e se apropriar dos espaços, só assim construiremos cidades com histórias, identidade e uma cultura consolidada.

Referências

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BEZERRA Aline M. M. CHAVES, César R. C. Revitalização Urbana:

Entendendo o processo de requalificação da paisagem. Revista do CEDS: UNDB, 2014. Disponível em: http://www.undb.edu.br/ceds/revistadoceds. Acesso em 18 de set. 2017.

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XIII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação SEPesq – 27 de novembro a 01 de dezembro de 2017 CARSALADE, Flávio de Lemos. A preservação do patrimônio como

construção cultural. Arquitextos, São Paulo, ano 12, n. 139.03, Vitruvius, dez. 2011. Disponível em:

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FESTUGATO, Taísa. A arquitetura e Christiano de La Paix Gelbert em Porto Alegre (1925-1953). Porto Alegre: UFRGS, 2012. Disponível em:

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desdobramentos na realidade brasileira. São Paulo: USJT, arq.urb, n. 16, 2º quadrimestre de 2016. Disponível em: <http://www.usjt.br/arq.urb/numero-16/1-claudio-galli.pdf>. Acesso em: 18 set. 2017.

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