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Vacinas contra Covid-19: o que podemos dizer nesse momento?

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Academic year: 2021

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Número 14 – 18 de janeiro de 2021

Raquel Pitchon dos Reis

Especialista em Pediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Especialista em Alergia e Imunologia Pediátrica pela SBP, Especialista em Alergia e Imunologia pela Associação de Alergia e Imunopatologia , Mestre na área da Saúde da Criança e Adolescente pela Universidade Federal de Minas Gerais , Professora

da Faculdade de Medicina de Ciências Médicas de MG e membro do Conselho Fiscal da SMP. José Geraldo Ribeiro Leite

Pediatra, epidemiologista e mestre em medicina tropical. Professor Emérito da Faculdade de Medicina de Ciências Médicas de MG. Professor da Faculdade de Saúde e Ecologia Humana (Faseh) e presidente do

Departamento Científico de Imunização da SMP. Gabriela Araujo Costa

Infectologista pediátrica, Doutoranda em Saúde da Criança e Adolescente (UFMG), Professora da Faculdade de Medicina do Centro Universitário de Belo Horizonte (UNIBH) e diretora de redação,

publicações e divulgação da SMP. INTRODUÇÃO

Diversos países do mundo iniciaram a vacinação contra a COVID-19 nos últimos meses, utilizando espe-cialmente as vacinas dos Laboratórios Pfizer-BioNTech, Moderna, AstraZeneca e Sputinik V. No Brasil, as vacinas produzidas pelo Instituto Butantan, em parceria com o laboratório chinês Sinovac (Coronavac), e pela Fiocruz, em parceria com a AstraZeneca, forneceram seus dados à ANVISA e obtiveram autorização para uso emergencial em 17/01/2021. Outras vacinas encontram-se na fase 3 de desenvolvimento (última fase de estudo antes da obtenção do registro sanitário, cujo objetivo é demonstrar a eficácia do imunobio -lógico), no momento desta publicação.

O licenciamento da vacina para crianças e adolescentes está em andamento; a segurança e a imunoge-nicidade ainda não foram estudadas em menores de 16 (Pfizer-BioNTech) a 18 anos (demais vacinas). A COVID-19 é geralmente menos grave em crianças do que em adultos; no entanto, o risco da síndrome inflamatória multissistêmica em crianças após a infecção aguda, o risco de doença grave em crianças com comorbidades e o desejo geral de prevenir COVID-19 e controlar a transmissão da doença permanecem razões convincentes para a inclusão da vacinação neste grupo, assim que os dados de eficácia e seguran -ça nessa faixa etária estiverem cientificamente estabelecidos.

Enquanto aguardamos o início da vacinação contra COVID-19 no Brasil, nós pediatras, especialistas e profissionais de Saúde, devemos nos preparar para garantir à população informações, segurança e apoio para que a Campanha de Vacinação possa acontecer com tranquilidade. Apresentaremos um resumo das indicações, eficácia e contra indicações das vacinas, bem como orientações para grupos especiais. Novas evidências serão publicadas e haverá necessidade de atualização constante do tema. Acreditamos que, embora haja diferentes mecanismos de ação imunológica das vacinas contra a COVID-19, as questões abaixo abordadas serão, em sua maioria, aplicáveis a todos os imunizantes.

Quais são os mecanismos de ação das vacinas contra COVID-19 atualmente disponíveis?

Vetor viral não replicante - um microrganismo (adenovírus) é modificado geneticamente para que não pos-sa se replicar em células humanas, mas ainda assim consiga levar a elas segmento do RNA do vírus-alvo para a produção de um antígeno (AstraZeneca e Sputinik V).

Vacinas contra Covid-19:

o que podemos dizer nesse momento?

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Inativadas - o vírus inativado é associado a adjuvantes, que provocam nosso sistema imunológico a pro -duzir anticorpos que neutralizam o vírus (Coronavac).

RNA mensageiro - uso de um pequeno fragmento sintético, produzido em laboratório, do código genético do coronavírus que, quando injetado no paciente, é incapaz de causar uma infecção, mas suficiente para induzir uma resposta imune (Pfizer e Moderna).

Quem deve se vacinar?

Quando uma vacina for aprovada para uso na população, ainda levará meses para produzir doses sufi-cientes para atingir a imunidade coletiva e, nas primeiras etapas da vacinação, não haverá imunizantes suficientes para vacinar todas as pessoas. Pela indisponibilidade de quantitativo de vacina e por motivos operacionais, os países estão iniciando a vacinação em grupos específicos e com diferentes estratégias sobre o número e intervalo de doses.

Nesse ínterim, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e seu Grupo Consultivo Estratégico de Especialis -tas em Imunização (SAGE, em inglês) publicaram um marco de valores que proporciona orientação para priorizar os grupos de vacinação. As recomendações sobre os grupos prioritários levarão em consideração os cenários epidemiológicos, a estratégia de saúde pública e o suprimento de vacinas. Esses grupos prio -ritários podem incluir trabalhadores essenciais (incluindo profissionais de saúde), pessoas idosas e adultos com problemas de saúde pré-existentes. No entanto, cada país precisará adaptar as recomendações ao seu contexto nacional.

No Brasil, de acordo com o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19, foram definidos grupos alvo da campanha: idosos (60 anos ou mais), indígenas vivendo em terras indígenas, trabalhadores da saúde, povos e comunidades tradicionais ribeirinhas, povos e comunidades tradicionais quilombolas, pessoas com determinadas morbidades (diabetes mellitus; hipertensão arterial (HA) estágio 3; HA estágios 1 e 2 com lesão em órgão-alvo e/ou comorbidades; hipertensão resistente; doença pulmo-nar obstrutiva crônica; insuficiência renal; doenças cardiovasculares e cerebrovasculares; indivíduos trans-plantados de órgão sólido ou de medula óssea; demais indivíduos imunossuprimidos; anemia falciforme; obesidade grau 3 (IMC≥40); síndrome de Down), população privada de liberdade, funcionários do sistema de privação de liberdade, pessoas em situação de rua, forças de segurança e salvamento, Forças Arma -das, pessoas com deficiência permanente grave, trabalhadores da educação, caminhoneiros, trabalhado-res de transporte coletivo rodoviário de passageiros urbano e de longo curso, trabalhadotrabalhado-res de transporte metroviário e ferroviário, trabalhadores de transporte aéreo, trabalhadores portuários, trabalhadores de transporte aquaviário. A meta é a vacinação de pelo menos 90% da população alvo de cada grupo. Essas vacinas são eficazes?

A OMS fornece orientações sobre a eficácia preferida e mínima que as vacinas contra a COVID-19 devem ter:

Preferida: eficácia de ao menos 70% na população com base em resultados consistentes entre adultos mais velhos.

Mínimo: Idealmente, com eficácia de 50% e com clara demonstração de eficácia na população base.

Pfizer/BioNTech

Origem: Estados Unidos e Alemanha

Eficácia geral: 95% com duas doses. [IC de 95%: 90,3%, 97,6%] Fase de testes: fase 3 concluída

Pessoas testadas: 43.661 voluntários entre Estados Unidos, Brasil, Argentina, Alemanha, Turquia e África do Sul

Moderna

Origem: Estados Unidos

Eficácia: 94,5% com duas doses [IC de 95%: 89,3%, 96,8%] Fase de testes: fase 3 concluída

Pessoas testadas: 30.000 voluntários nos Estados Unidos

AstraZeneca/Oxford

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AstraZeneca/Oxford

Origem: Reino Unido

Eficácia: 70,4% com duas doses.[IC de 95%: 62,1%,90%] Fase de testes: fase 3 concluída, com resultado revisado.

Pessoas testadas: 11.636 voluntários, no Reino Unido, África do Sul e Brasil.

Coronavac (Sinovac); *dados informados, não publicados até o momento.

Origem: China.

Eficácia: 50,38% [IC de 95%:35,2%,62%]. Excluindo casos que não precisaram de assistência sequer ambulatorial: 77,96%

Fase de testes: fase 3 concluída parcialmente no Brasil, mas não publicada.

Pessoas testadas: 12 508 no Brasil; há também voluntários na China, Indonésia, Turquia, Bangladesh, Fi-lipinas, Arábia Saudita e Chile. Nesses países ainda não houve apresentação dos resultados da pesquisa.

Sputnik V; *dados informados; não publicados até o momento.

Origem: Rússia

Eficácia: 92% com duas doses. Fase de testes: fase 3 em andamento Pessoas testadas: 40.000 na Rússia

Posso tomar apenas uma dose da vacina?

Atualmente, existem dados limitados sobre a duração de eficácia de dose única. Os pacientes devem ser aconselhados sobre a importância de completar a série de duas doses (do mesmo produto de vacina) para otimizar a proteção. É possível que alguns países optem pela estratégia de atrasar a aplicação da segunda dose para aplicar a primeira dose a um número maior de pacientes em risco.

Quais os grupos de idade autorizados a receberem as vacinas? Pfizer-BioNTech: idade ≥16 anos

Moderna, AstraZeneca e Coronavac: idade ≥18 anos

Crianças e adolescentes fora desses grupos de idade autorizados não devem receber a vacinação CO-VID-19 neste momento.

Como são aplicadas?

As vacinas são injetáveis e administradas por via intramuscular em duas doses. Pfizer-BioNTech (0,3 ml): três semanas (21 dias) de intervalo

Moderna (0,5 ml): um mês (28 dias) de intervalo. AstraZeneca (0,5mL): 4 a 12 semanas de intervalo. CoronaVac (0,5mL): 14 a 28 dias de intervalo.

A segunda dose deve ser administrada o mais próximo possível do intervalo recomendado. No entanto, não há intervalo máximo entre a primeira e a segunda dose para nenhuma das vacinas.

As vacinas COVID-19 são intercambiáveis?

Não há evidências que permitam a intercambialidade, mesmo entre as vacinas de mRNA COVID-19. Por-tanto, no momento, ambas as doses da série devem ser completadas com o mesmo produto. Existem estudos em andamento fazendo duas doses das vacinas de vetores virais não replicantes (adenovírus humano e de chimpanzé), de produtores diferentes. Espera-se que essa associação melhore o resultado das vacinas, pois a imunidade voltada ao vetor desenvolvida após a primeira dose pode prejudicar o de -sempenho da segunda dose.

Se duas doses de diferentes produtos de vacina de mRNA COVID-19 forem administradas inadverti-da mente, a referência técnica do município deverá ser consultada. As recomendações serão atualizadas à medida que mais informações se tornam disponíveis.

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Se duas doses de diferentes produtos de vacina de mRNA COVID-19 forem administradas inadverti-da mente, a referência técnica do município deverá ser consultada. As recomendações serão atualizadas à medida que mais informações se tornam disponíveis.

As vacinas contra coronavírus podem ser administradas com vacinas contra outros agentes etio -lógicos?

Dada a falta de dados sobre a segurança e eficácia das vacinas de COVID-19 administradas simultanea-mente com outras vacinas, elas deverão ser administradas sozinhas, com um intervalo mínimo de 14 dias antes ou após a administração de qualquer outra vacina. Essa orientação é teórica; situações epidemioló-gicas especiais poderão mudá-la localmente. Se as vacinas COVID-19 forem administradas inadvertida-mente dentro de 14 dias de outra vacina, não há recomendação de repetição até este momento.

As vacinas contra coronavírus necessitam de doses de reforço?

A necessidade das doses de reforço para as vacinas COVID-19 não foram estabelecidas. Nenhuma dose adicional além da série primária de duas doses é recomendada neste momento.

Vacinação de pessoas com infecção ou exposição prévia a SARS-CoV-2 A. Quem já teve COVID- 19 pode se vacinar?

Os dados de ensaios clínicos indicam que as vacinas são seguras em pessoas que apresentaram infecção anterior por SARSCoV2. A vacinação deve ser oferecida independentemente da história de infecção pré -via sintomática ou assintomática. Logo, a avaliação da infecção aguda ou pré-via pelo SARS-CoV-2 para a tomada de decisão sobre a vacina não é recomendada.

A vacinação de pessoas com infecção atual deve ser adiada até que a pessoa tenha se recuperado da do -ença aguda, para se evitar confusão com outros diagnósticos diferenciais e até que não haja mais critérios para o isolamento. Esta recomendação se aplica a pessoas que desenvolveram infecção por SARS-CoV-2 antes de receberem qualquer dose da vacina, bem como aquelas que desenvolveram infecção por SARS --CoV-2 após a primeira dose, mas antes de receberem a segunda dose. Segundo o Ministério da Saúde, idealmente a vacinação deve ser adiada até a recuperação clínica total e pelo menos quatro semanas após o início dos sintomas ou quatro semanas a partir da primeira amostra de PCR positiva em pessoas assintomáticas.

Embora não haja intervalo mínimo recomendado entre a infecção e a vacinação, as evidências atuais su-gerem que a reinfecção é incomum nos 90 dias após a infecção inicial. Assim, as pessoas com infecção aguda por SARS-CoV-2 documentada nos 90 dias anteriores podem atrasar a vacinação até próximo ao final deste período, se desejado.

B.E pessoas que receberam anteriormente terapia passiva de anticorpos para COVID-19?

Atualmente, não há dados sobre a segurança e eficácia das vacinas contra COVID-19 em pessoas que receberam anticorpos monoclonais ou plasma convalescente como parte do tratamento com COVID-19. Com base na meia-vida estimada de tais terapias, bem como evidências que sugerem que a reinfecção é incomum nos 90 dias após a infecção inicial, a vacinação deve ser adiada por pelo menos 90 dias, como medida de precaução, até que informações adicionais estejam disponíveis, para evitar interferência do tratamento com anticorpos com respostas imunes induzidas por vacina.

C.É útil vacinar pessoas que tiveram exposição conhecida ao SARS-CoV-2 para evitar a doença (vacinação de bloqueio)?

Não há dados disponíveis sobre o uso dessas vacinas para profilaxia pós-exposição (ou seja, vacinação para prevenir o desenvolvimento de infecção por SARS-CoV-2 em uma pessoa com exposição recente). As evidências atuais sugerem que esta seria uma estratégia provavelmente ineficaz. O período médio de incubação do SARS-CoV-2 é de 4 a 5 dias, enquanto as vacinas atualmente autorizadas consistem em uma série de 2 doses e os níveis protetores dos anticorpos seriam alcançados cerca de duas a três sema -nas após administração da segunda dose.

Vacinação de pessoas em situações especiais I.Pessoas com comorbidades

As vacinas, pelas publicações já realizadas, podem ser administradas a pessoas com condições médicas subjacentes que não tenham contraindicações à vacinação. Os ensaios clínicos demonstraram perfis de segurança e eficácia semelhantes em pessoas com algumas condições médicas subjacentes, incluindo aquelas que as colocam em risco aumentado de COVID-19 grave, em comparação com pessoas sem comorbidades.

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II.Pessoas imunocomprometidas

Pessoas com infecção por HIV ou outras condições imunossupressoras, ou que tomam medicamentos ou terapias imunossupressoras, podem apresentar risco aumentado de COVID-19 grave. Não há dados dis-poníveis atualmente para estabelecer a segurança e eficácia da vacina nesses grupos.

No entanto, os indivíduos imunocomprometidos podem receber a vacinação COVID-19, se não tiverem contraindicações à vacinação. Como para outras vacinas, a resposta imunológica pode ser reduzida neste grupo.

III.Pessoas com doenças autoimunes

Não há dados disponíveis sobre a segurança e eficácia das vacinas em pessoas com doenças autoim-u nes, embora essas pessoas tenham sido elegíveis para inscrição em ensaios clínicos.

Nenhum sintoma consistente, ativação dos sintomas da doença autoimune ou distúrbio inflamatório em participantes de ensaios clínicos foi observado quando se comparou os que receberam a vacina com o placebo.

IV.Pessoas com história pregressa de síndrome de Guillain-Barré

Até o momento, nenhum caso de síndrome de Guillain-Barré (GBS) foi relatado após a vacinação entre os participantes dos ensaios clínicos de vacinas para combate da COVID-19.

Pessoas com histórico de GBS podem receber o imunizante, a menos que tenham uma contraindicação específica à vacinação.

V.Pessoas com histórico de paralisia de Bell

Casos de paralisia de Bell foram relatados após a vacinação em participantes dos ensaios clínicos de vacinas Pfizer-BioNTech e Moderna COVID-19. No entanto, o FDA (Food and Drug Administration) não considera que esses casos estejam acima da frequência esperada na população em geral e não concluiu que esses casos foram causalmente relacionados à vacinação. A vigilância de segurança pós-autorização (fase 4 da pesquisa) será importante para avaliar qualquer possível associação causal.

VI.Gestantes

Atualmente, existem poucos dados sobre a segurança das vacinas COVID-19 e estudos de toxicidade reprodutiva. Com base no conhecimento atual, os especialistas acreditam que não representam um risco para a gestante ou para o feto. No entanto, os riscos potenciais são ainda desconhecidos porque essas vacinas não foram estudadas em gestantes.

As gestantes têm um risco aumentado de apresentar formas graves da COVID-19, incluindo doenças que resultam em internação, cuidados intensivos, ventilação mecânica ou morte. Além disso, podem ter um risco aumentado de resultados adversos na gravidez, como abortamento e parto prematuro.

As grávidas que fazem parte de um grupo recomendado para receber a vacina COVID-19 (por exemplo, profissionais de saúde), podem optar pela vacinação. Como não existem estudos conclusivos sobre a se-gurança do imunizante para a gestante e o feto, a decisão deve ser compartilhada. Na tomada de decisão, deve se considerar o nível de transmissão comunitária da COVID-19, o risco pessoal da paciente contrair COVID-19, os riscos da COVID-19 para a paciente e os riscos potenciais para o feto, a eficácia da vacina, os efeitos colaterais da vacina e a falta de dados sobre a vacina durante a gravidez. Aguardamos posicio-namento oficial do Programa Nacional de Imunizações (PNI) para essa população.

Podem ocorrer efeitos colaterais com o uso da vacina COVID-19 em grávidas, semelhantes aos esperados em não grávidas. As grávidas que apresentam febre após a vacinação podem tomar o paracetamol, pois a febre tem sido associada a resultados adversos na gravidez.

Não há recomendação para testes de gravidez de rotina antes de receber uma vacina COVID-19. Aquelas que estão tentando engravidar não precisam evitar a gravidez após a vacinação.

VII.Lactantes

Não existem dados sobre a segurança das vacinas COVID-19 em lactantes ou os efeitos das vacinas no lactente ou na produção / excreção de leite. As vacinas não são consideradas um risco para o lactente. Uma pessoa que amamenta que faz parte de um grupo recomendado para receber uma vacina COVID-19 (por exemplo, pessoal de saúde) pode escolher ser vacinada. Mais uma vez, aguardamos posicionamento oficial do PNI para essa população.

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VIII.Crianças e adolescentes

Adolescentes com idade entre 16 e 17 anos que fazem parte de um grupo recomendado para receber a vacina COVID-19 podem ser vacinados. Crianças e adolescentes com menos de 16 anos de idade não estão autorizados a receber as vacinas neste momento.

Efeitos adversos

Os efeitos adversos no local de aplicação são comuns como: dor, inchaço, eritema no local da injeção e linfadenopatia axilar localizada no mesmo lado do braço vacinado, com todas as vacinas que encerraram Fase III até o momento..

Reações sistêmicas como febre, fadiga, dor de cabeça, calafrios, mialgia e artralgia foram relatados, mas sem diferença estatística relevante com os grupos que receberam placebo.

A frequência de eventos adversos está associada ao tipo da vacina, faixa etária e dose. Os sintomas são mais frequentes após a segunda dose e entre pessoas mais jovens, em comparação com pessoas idosas. Aproximadamente 80% das pessoas vacinadas desenvolvem pelo menos um sintoma local e mais da me-tade (55-83%) desenvolve pelo menos um sintoma sistêmico após a vacinação. A maioria dos sintomas sistêmicos pós-vacinação são de gravidade leve a moderada, ocorrem nos primeiros três dias da vacina-ção e desaparecem até 72 horas após.

Medicamentos antipiréticos ou analgésicos podem ser tomados para o tratamento de sintomas locais ou sistêmicos pós-vacinação, se clinicamente apropriados.

Posso tomar antitérmicos, antiinflamatórios e/ou analgésicos, antes da vacinação para evitar os efeitos adversos?

Não. A administração profilática de rotina desses medicamentos com o propósito de prevenir os sintomas pós-vacinação não é atualmente recomendada, uma vez que informações sobre o impacto de tal uso nas respostas de anticorpos induzidas pelas vacinas não estão disponíveis.

Após a vacinação posso abandonar as medidas de controle e mitigação da COVID-19?

Não. Frente à limitação de dados sobre o quanto as vacinas COVID-19 podem reduzir a transmissão na população em geral e quanto tempo dura a proteção, as pessoas vacinadas devem continuar a seguir todas as orientações atuais para se protegerem e proteger os outros. Isso inclui o uso de máscara, ficar a pelo menos 2 metros de distância de outras pessoas, evitar multidões, lavar as mãos com frequência, uso de álcool gel, seguir as orientações de quarentena após exposição a alguém com COVID-19 e de uso de equipamento de proteção individual.

Contraindicações e precauções

A reação alérgica grave (por exemplo, anafilaxia) a qualquer componente da vacina é uma contraindicação para a vacinação, nesse momento.

A presença de doença concomitante febril aguda grave também contraindica a imunização, no entanto, a presença de uma infecção leve, como resfriado e/ou febre baixa, não deve atrasar a vacinação.

Alergias e reações de hipersensibilidade

Eventos adversos relacionados à hipersensibilidade foram observados em 0,63% dos participantes que receberam a vacina no ensaio clínico da Pfizer-BioNTech e 1,5% no ensaio da vacina Moderna, em com-paração com 0,51% e 1,1%, respectivamente, nos grupos de placebo.

A anafilaxia após a vacinação não foi observada nos ensaios clínicos da vacina Pfizer-BioNTech ou Mo-derna COVID-19. No entanto, reações anafiláticas foram relatadas após o recebimento da vacina fora dos ensaios clínicos.

As vacinas da Pfizer-BioNTech e Moderna não são formuladas com qualquer alimento, medicamento ou látex; as rolhas dos frascos não são feitas com látex de borracha natural, e não há contraindicação ou precaução de vacinação para pessoas com alergia ao látex. Ambas contêm o excipiente polietilenoglicol (PEG) utilizado como estabilizante. As vacinas AstraZeneca e Johnson & Johnson atualmente em desen-volvimento não contêm PEG e sim polissorbato. Apesar de ser uma ocorrência rara, tanto o PEG como o polissorbato podem desencadear anafilaxia. Outras hipóteses a serem consideradas como diagnóstico diferencial dos episódios de anafilaxia associados à vacina são reação anafilactóide, anormalidades na cadeia de complemento e síndrome vasovagal.

Como todas as vacinas injetáveis, tratamento médico apropriado e supervisão devem estar sempre dispo-níveis no caso de um evento anafilático após a administração.

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Como todas as vacinas injetáveis, tratamento médico apropriado e supervisão devem estar sempre dispo-níveis no caso de um evento anafilático após a administração.

Enquanto esses relatórios são investigados, o CDC considera que um histórico de reação alérgica grave ou anafilaxia, que necessitou uso de adrenalina ou norepinefrina após qualquer outra vacina ou terapia injetável, deve indicar a monitorização destes pacientes por 30 minutos, após aplicação da vacina contra coronavírus, em local preparado para tratamento de anafilaxia.

Outras reações alérgicas (incluindo reações alérgicas graves) não relacionadas com vacinas ou terapias injetáveis (por exemplo, alimentos, animais de estimação, veneno ou alergias ambientais; alergias a medi -camentos orais) não são contraindicações nem indicativas de precaução para a vacinação.

Todas as outras pessoas devem ser observadas por 15 minutos após a vacinação para monitorar a ocor-rência de reações adversas imediatas.

Conclusão

A vacinação é uma importante ferramenta no combate à Pandemia causada pelo SARS-COV-2. Entre-tanto, por tratar-se de um novo campo de conhecimento em constante expansão e modificação, todas as recomendações de mitigação da doença, como o uso de máscara, higienização frequente das mãos e distanciamento social, necessitam continuar, até que a imunidade coletiva seja alcançada.

Referências:

1.Polack FP, Thomas SJ, Kitchin N, Absalon J, Gurtman A, Lockhart S, et al. Safety and eficacy of the BNT162b2 mRNA Covid-19 vaccine. N Engl J Med. 2020. in press. doi: 10.1056/NEJMoa2034577. PMID: 33301246; PMCID: PMC7745181. 536 3. Moderna COVID-19 vaccine [FDA briefing document].

2. Silver Spring, MD: United States Food and Drug Administration, Vaccines and Related Biological Products Advisory Committee; 2020. Available at: https://www.fda.gov/media/144434/download. Accessed December 24, 2020.

3. Pfizer-BioNTech COVID-19 vaccine (BNT162, PF-07302048) [FDA Briefing 542 Document]. Silver Spring, MD: United States Food and Drug Administration, Vaccines 543 and Related Biological Products Advisory 544 Committee; 2020. Available at: https://www.fda.gov/media/144246/download. Acce 545 ssed December 24, 2020

4.National Center for Immunization and Respiratory Diseases. Centers for Disease Control and Prevention. https://www.cdc.gov/ncird/index.html, acessado em 28/12/2020.

5. COVID-19 Vaccines. Centers for Disease Control and Prevention. https://www.cdc.gov/vaccines/co-vid-19, acessado em 28/12/2020.

6. COVID-19 Research. National Institutes of Health. https://covid19.nih.gov/, acessado em 28/12/2020. 7.COVID-19 Vaccines. Pan American Health Organization. https://www.paho.org/pt/vacinas-contra-co-vid-19 , acessado em 05/01/2021.

8.COVID-19 Vaccines. World Health Organization. https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coro-navirus-2019/covid-19-vaccines, acessado em 05/01/2021.

9.Banerji A, Wickner PG, Saff R, Stone CA Jr, Robinson LB, Long AA, Wolfson AR, Williams P, Khan DA, Phillips E, Blumenthal KG, mRNA Vaccines to Prevent COVID-19 Disease and Reported Allergic Reactions: Current Evidence and Approach. The Journal of Allergy and Clinical Immunology: In Practice (2021), doi: https://doi.org/10.1016/j.jaip.2020.12.047

10.Winnipeg Regional Health Authority. Anaphylaxis vs Vasovagal Reactions. Winnipeg, Manitoba, CA. https://www.professionals.wrha.mb.ca/old/professionals/immunization/

11. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de Imunização e Doen-ças Transmissíveis. Coordenação-Geral do Programa Nacional de Imunizações. Informe Técnico Campa-nha Nacional de Vacinação contra a Covid-19. Brasília, 18/01/2021

A programação das atividades da SMP está disponível no site www.smp.org.br

Referências

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