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CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS

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Academic year: 2021

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AULA 12: PODER JUDICIÁRIO Bom dia!

Hoje, estudaremos o Poder Judiciário. Esse assunto vai exigir de você uma boa capacidade de memorização, pois, na maioria dos concursos, cobra-se apenas a literalidade da Constituição.

Nesta aula, manteremos a mesma orientação de sempre: dar ênfase aos aspectos mais cobrados em concursos e resolver muitas questões para facilitar a memorização dos detalhes. Só que, desta vez, traremos muitos exercícios para serem resolvidos dentro da parte teórica; afinal, são muitas informações e isso ajuda o seu aprendizado, além de deixar a aula mais leve.

Por fim, antes de começarmos a aula, é importante mencionarmos que, dentro do Poder Judiciário, é importante você ficar atento aos detalhes referentes ao Conselho Nacional de Justiça e às competências do STF e do STJ, em especial aquelas modificadas pela EC 45/2004 (Reforma do Judiciário).

Vejamos, então, os principais aspectos relacionados ao Poder Judiciário no Brasil...

1) Funções do Poder Judiciário

O Poder Judiciário é um dos três poderes clássicos, responsável pela função jurisdicional do Estado e essencial para a existência de um Estado de Direito. As atribuições do Judiciário incluem a solução pacífica dos conflitos, bem como a guarda da Constituição, garantindo o respeito aos princípios constitucionais. Entretanto, como já sabemos, o Judiciário não exerce apenas a função típica jurisdicional. Exerce também função legislativa (atípica), por exemplo ao editar regimentos internos de tribunais. E exerce função administrativa (atípica), por exemplo, ao realizar uma licitação para compra de cadeiras, ou prover seus cargos por meio de concurso público.

No que se refere às competências normativas, é importante destacar que os atos normativos do CNJ e os Regimentos Internos dos tribunais são normas com força de lei, hierarquicamente equiparadas à Lei ordinária.

Esta questão de 2008 do Cespe (Analista Judiciário do STF, área de contabilidade) aborda esses assuntos, vejamos:

“Um tribunal, ao elaborar seu regimento interno, exerce uma função atípica legislativa.”

É isso mesmo. Trata-se daquela noção de que o princípio da divisão das funções do poder está atenuado pelas funções atípicas exercidas pelos órgãos estatais. Em suma, a função típica do Judiciário é julgar. Mas exerce a função atípica de legislar ao elaborar o regimento interno de seus tribunais. Assertiva correta.

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A organização do Poder Judiciário está enumerada no art. 92 da Constituição. Podemos sintetizar essas informações da seguinte forma:

Em primeiro lugar, antes de tudo, veja que o Conselho Nacional de Justiça integra o Poder Judiciário.

Agora, observe um detalhe interessante. De acordo os §§ 1° e 2° do art. 92 da CF/88:

“O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal”;

“O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição em todo o território nacional”.

Veja que não só o STF e os Tribunais Superiores têm sede em Brasília, mas também o CNJ. Todavia, apenas o STF e os Tribunais Superiores têm jurisdição em todo território nacional. Por que essa diferença?

Bem, exatamente pelo fato de que, apesar de integrar o Poder Judiciário, o CNJ não exerce jurisdição, pois tem natureza administrativa. Guarde esse aspecto, pois ele é importante. Veremos com mais detalhes o CNJ mais à frente, ainda nesta aula.

Por enquanto, veja esta questão do Cespe:

(CESPE/ADMINISTRAÇÃO/PM/DF/2010) O Conselho Nacional de Justiça é um órgão do Poder Judiciário e tem jurisdição em todo o território nacional.

O CNJ integra do Poder Judiciário, mas não exerce jurisdição. Suas funções são de natureza administrativa. Incorreta a questão.

Cabe mencionar que o Poder Judiciário divide-se em duas esferas distintas: a justiça comum e a especializada.

  SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

STJ TST TSE STM TJ TRF TRT TRE Juízes de direito Juízes Federais Juízes do Trabalho Juízes Eleitorais Juízes Militares CNJ

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A justiça comum segmenta-se em justiça federal (composta de juízes federais e Tribunais Regionais Federais) e justiça estadual (que se compõe de juízes de direito e Tribunais de Justiça).

Fica fácil de compreender se você pensar assim:

I) os juízes de direito e os tribunais de justiça tratam das matérias de competência da justiça estadual;

II) os juízes federais e os Tribunais Regionais Federais (TRFs) tratam das matérias de competência da justiça federal.

Simples, não é?

Ok. E quais são essas matérias de competência da justiça federal?

Elas estão expressas previstas na Constituição. É isso mesmo, a competência da justiça federal será composta pelos assuntos que a Constituição atribui aos juízes federais e aos Tribunais Regionais Federais.

Portanto, tanto as competências dos juízes federais (CF, art. 109) quanto as competências dos TRFs (CF, art. 108) são expressamente atribuídas pela própria Constituição.

Assim, se existe, na sociedade, determinado conflito que se enquadra em algum desses temas, ele será processado e julgado na justiça federal.

E a justiça especializada? Também é bastante simples:

I) o direito do trabalho vai ser tratado pela justiça do trabalho (TST, TRTs e juízes do trabalho);

II) o direito eleitoral vai ser tratado pela justiça eleitoral (TSE, TREs e juízes eleitorais);

III) por fim, os temas militares serão julgados pela justiça militar (STM e juízes militares).

Mas, onde começa o processo? Em que juízo o interessado na solução de seu conflito efetivamente “entra na justiça”?

Bem, pra responder isso da melhor forma, temos de conhecer a classificação das competências. É importante você ter em mente que nos deparamos com as seguintes modalidades de competência:

I) a competência originária, em que o processo tem origem naquele órgão; II) a competência recursal, em que o processo origina-se em instância inferior, ou seja, em outro órgão, mas “sobe” até determinado tribunal por meio de recurso.

Por mais que você nunca tenha estudado direito constitucional, você pode observar a figura apresentada logo acima (estrutura do judiciário), e, intuitivamente, perceberá que o “normal”, a “regra”, é que o processo se inicie no primeiro grau (na primeira instância), diante dos juízes.

Se você comprou um apartamento na planta, pagou e não recebeu, e quer “fazer valer” os seus direitos, não espera dar início ao seu processo lá no STF, concorda?

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Então, imagine que um processo teve início perante os juízes federais (acompanhe a figura). Da decisão do juiz federal poderá caber recurso, que, normalmente, será julgado pela instância seguinte – os Tribunais Regionais Federais (TRF), nos termos do art. 108, II da CF/88.

Nesse caso, o juiz federal exerceu a competência originária, e o TRF sua competência recursal.

Mas nem sempre funciona assim... Vejamos alguns detalhes.

I) Nem todas as ações se iniciam no primeiro grau (ou seja, nos juízes federais, no caso da justiça federal).

Há ações que se iniciam diretamente no TRF, como é o caso do julgamento dos juízes federais. Ou seja, juiz federal cometeu crime. Quem julga? Outro juiz federal? Não... O processo se inicia diretamente (originariamente) no TRF.

O Presidente da República cometeu crime comum no exercício das suas atribuições. Quem julga? O juiz federal? Não, o processo se inicia diretamente no STF (após o juízo de admissibilidade realizado pela Câmara dos Deputados, como já vimos).

II) Há ações que se iniciam no primeiro grau (portanto, nos juízes federais no âmbito da justiça federal), mas o recurso não vai para o TRF.

Ou seja, há determinadas matérias que devem ser julgadas originariamente pelos juízes federais, mas que a competência recursal ordinária é de outros tribunais (do STJ ou mesmo do STF).

Pegue sua Constituição e observe o art. 109, IV. Lá está dito que compete aos juízes federais processar e julgar originariamente o “crime político”.

Ou seja, se o conflito em questão é sobre crime político, a competência originária para julgamento é dos juízes federais.

Mas e o recurso, vai para o TRF? Não.... Segundo o art. 102, II, “b” da CF/88, o recurso ordinário vai direto para o STF (competência recursal). Ou seja, no julgamento de crimes políticos, das decisões dos juízes federais caberá recurso ordinário diretamente para o STF.

É importante registrar ainda que não existe somente o recurso ordinário. Não, não. Ainda temos o recurso especial e o recurso extraordinário.

O recurso especial é de competência do STJ, nas hipóteses do art. 105, III da CF/88; por sua vez, o recurso extraordinário é de competência do STF, nas hipóteses do art. 102, III da CF/88.

Mais à frente, veremos esses recursos com mais detalhes. Aqui, quisemos apenas passar uma visão panorâmica das competências do Poder Judiciário. Com essa explicação fica fácil de você percorrer essas competências e compreender melhor o que a Constituição fala. Por exemplo:

I) se você abrir a Constituição no art. 109, você vai ver as competências dos juízes federais. Nesse caso, só existe competência originária;

II) por outro lado, se você abrir no art. 108, vai encontrar tanto as competências originárias dos TRFs quanto as competências recursais. As

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primeiras estão previstas no inciso I e consistem em ações que se iniciam diretamente na segunda instância. As últimas são ações que chegam ao TRF por meio de recurso interposto contra as decisões dos juízes federais e estão previstas no inciso II.

Essa mesma lógica perpassa por toda estrutura do Poder judiciário, como veremos ao longo desta aula.

Resolva esta questão da FCC para ver se você entendeu.

(FCC/ASSESSOR JURÍDICO/TJ/PI/2010) São órgãos da Justiça Federal: os Tribunais Regionais Federais, os Juízes Federais, o Tribunal Superior do Trabalho, os Tribunais Regionais do Trabalho, os Juízes do Trabalho, o Tribunal Superior Eleitoral, os Tribunais Regionais Eleitorais e os Juízes Eleitorais.

A Justiça Federal faz parte da justiça comum e é composta pelos Tribunais Regionais Federais e pelos Juízes Federais. A questão está incorreta, pois o TST, os TRTs, os juízes do trabalho, o TSE, o TRE e os juízes eleitorais fazem parte da justiça especializada, não integrando a justiça federal.

3) Características Gerais 3.1) Garantias

A exigência de que a função jurisdicional seja exercida com total imparcialidade faz com que a Constituição preveja diversas garantias ao Poder Judiciário. São prerrogativas que asseguram a necessária independência para o exercício de sua missão constitucional, sem ingerência e pressões dos demais Poderes.

Podemos considerar que tais garantias institucionais abrangem competências administrativas e financeiras, além da independência funcional de seus membros.

As competências administrativas tratam da organização da justiça, e estão previstas no art. 96 da CF/88.

Nesse sentido, compete aos tribunais:

a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com observância das normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a competência e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos;

b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos que lhes forem vinculados, velando pelo exercício da atividade correicional respectiva;

c) prover: (i) os cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdição (na forma da Constituição) e (ii) os cargos necessários à administração da Justiça (por concurso, exceto os de confiança);

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e) propor a criação de novas varas judiciárias.

Por sua vez, compete ainda aos Tribunais Superiores e Tribunais de Justiça propor ao Poder Legislativo respectivo:

a) a alteração do número de membros dos tribunais inferiores;

b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem vinculados, bem como a fixação do subsídio de seus membros e dos juízes, inclusive dos tribunais inferiores, onde houver;

c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores;

d) a alteração da organização e da divisão judiciárias.

Nos termos do art. 98 da Constituição, a União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:

I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau;

II - justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos eleitos pelo voto direto, universal e secreto, com mandato de quatro anos e competência para, na forma da lei, celebrar casamentos, verificar, de ofício ou em face de impugnação apresentada, o processo de habilitação e exercer atribuições conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além de outras previstas na legislação. Segundo o § 1º do art. 98, Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no âmbito da Justiça Federal.

Quanto à autonomia financeira, cabe destacar que os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias dentro dos limites estipulados conjuntamente com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias (CF, art. 99, § 1°).

O encaminhamento dessa proposta, ouvidos os outros tribunais interessados, compete:

I) União Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, com a aprovação dos respectivos tribunais;

II) Estados e DF e Territórios Presidentes dos Tribunais de Justiça, com a aprovação dos respectivos tribunais.

Se esses órgãos não encaminharem as respectivas propostas orçamentárias dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de consolidação da proposta orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados (CF, art. 99, § 3°).

Por outro lado, se as propostas orçamentárias de que trata este artigo forem encaminhadas em desacordo com os limites, o Poder Executivo procederá aos

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ajustes necessários para fins de consolidação da proposta orçamentária anual (CF, art. 99, § 4°).

Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá haver a realização de despesas ou a assunção de obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto se previamente autorizadas, mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais (CF, art. 99, § 5°).

Cabe destacar, ainda, que as custas e emolumentos serão destinados exclusivamente ao custeio dos serviços afetos às atividades específicas da Justiça (CF, art. 98, § 2°).

Garantias e vedações dos magistrados

Além das garantias do Poder Judiciário como um todo, são asseguradas aos magistrados as garantias da vitaliciedade, da inamovibilidade e da irredutibilidade de subsídio.

-Vitaliciedade: no primeiro grau, adquirida após 2 anos de exercício. Nesse período (antes da aquisição da vitaliciedade), a perda do cargo dependerá de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado. Após esse período, a perda do cargo passa a depender de sentença judicial transitada em julgado.

Observe que essa regra vale para o primeiro grau. É isso mesmo. Os ministros do STF, por exemplo, adquirem a vitaliciedade imediatamente, por ocasião da posse.

-Inamovibilidade – o que assegura que o magistrado só seja removido por iniciativa própria, salvo por motivo de interesse público, mediante voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça. -Irredutibilidade de subsídio – o que garante aos magistrados a não redução nominal de sua espécie remuneratória.

São ainda estabelecidas as seguintes vedações aos magistrados:

I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;

II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;

III - dedicar-se à atividade político-partidária.

IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei;

V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração.

Essas vedações são também denominadas pela doutrina de garantias de imparcialidade dos órgãos judiciários.

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A resolução de algumas questões pode favorecer o seu aprendizado. Comecemos com uma questão de 2010, aplicada pela FGV para a prova de Delegado de Polícia no Estado do Amapá.

“Relativamente às vedações e garantias dos juízes, assinale a afirmativa incorreta.

(A) Os juízes gozam da garantia da inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma da Constituição.

(B) Aos juízes é vedado exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos cinco anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração.

(C) Aos juízes é vedado exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério.

(D) Os juízes gozam da garantia da vitaliciedade. A vitaliciedade no primeiro grau só será adquirida após dois anos de exercício.

(E) Aos juízes é vedado dedicar-se à atividade político-partidária.”

A alternativa “a” está correta, pois os juízes gozam da garantia de inamovibilidade, que lhes assegura remoção apenas por iniciativa própria, salvo por motivo de interesse público, mediante voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça (CF, art. 95, II).

A alternativa “b” está incorreta e é o gabarito. Há vedação a que os juízes exerçam a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração (CF, art. 95, parágrafo único, V).

A alternativa “c” está correta, pois os juízes não podem exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério (CF, art. 95, parágrafo único, I).

A alternativa “d” está correta, pois os juízes gozam da garantia de vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado (CF, art. 95, I).

A alternativa “e” está correta, pois os juízes não podem dedicar-se à atividade político-partidária (CF, art. 95, parágrafo único, III).

Vejamos uma questão aplicada pela FCC (Técnico Judiciário/TRT/19ª Região/2003):

“A vitaliciedade dos magistrados de primeiro grau será adquirida a) mediante sentença judicial transitada em julgado.

b) por motivo de interesse público, na forma da Lei.

c) por deliberação do Tribunal a que estiver vinculado o juiz. d) no momento do ingresso na carreira.

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Os juízes gozam da garantia de vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado (CF, art. 95, I). Logo, o gabarito é letra “e”.

Vale lembrar que essa regra vale apenas para o primeiro grau, uma vez que os magistrados que ingressam nos tribunais adquirem vitaliciedade imediatamente, no momento da posse.

Agora, vejamos dois enunciados da FCC na prova do TRF 4ª Região de 2004: “A proposta ao Poder Legislativo da criação ou extinção dos Tribunais inferiores caberá também aos Tribunais Superiores.”

“O provimento dos cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdição é de competência de seus Governadores de Estado.”

A primeira assertiva está certa, pois a Constituição Federal determina que compete ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Legislativo respectivo, observado o disposto no art. 169, a criação ou extinção dos tribunais inferiores (CF, art. 96, II, “c”).

A segunda assertiva está errada, pois o provimento, na forma prevista na Constituição Federal, dos cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdição é de competência dos tribunais (CF, art. 96, I, “c”), e não dos Governadores de Estado, como afirmado no enunciado.

Por fim, uma questão da prova de Analista Judiciário do TRE/CE. “Dentre as garantias constitucionais dos juízes está

a) a vitaliciedade, que, no primeiro grau, somente é adquirida após dois anos de exercício.

b) a inamovibilidade, salvo por decisão do presidente do respectivo tribunal, fundada em interesse público.

c) o exercício remunerado de até dois cargos de magistério.

d) o recebimento de participação nas custas processuais, nos termos da lei.

e) a estabilidade após três anos de exercício.”

De acordo com a Constituição Federal, os juízes gozam das seguintes garantias: (i) vitaliciedade; (ii) inamovibilidade; e (iii) irredutibilidade de subsídio (CF, art. 95, I, II e III).

A alternativa “a” está certa, pois, de fato, a vitaliciedade, no primeiro grau, somente é adquirida após dois anos de exercício (CF, art. 95, I).

A alternativa “b” está errada porque é garantida constitucionalmente aos juízes a inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, quando o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magistrado fundar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do

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Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa (CF, art. 95, II e art. 93, VIII) e não por decisão do presidente do respectivo tribunal.

A alternativa “c” está errada porque aos juízes é vedado exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério (CF, art. 95, parágrafo único, I).

A alternativa “d” está errada, pois aos juízes é vedado receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo (CF, art. 95, parágrafo único, II).

A alternativa “e” está errada, pois aos juízes é garantida a vitaliciedade, e não a estabilidade, que é garantia atribuída aos servidores públicos, na forma do art. 41 da Constituição.

Diante disso, o gabarito é letra “a”.

Em 2008, o Cespe elaborou o seguinte enunciado para a prova de Analista Judiciário do STF:

“A criação de cargos de juiz da justiça estadual depende de simples resolução do tribunal de justiça.”

Trata-se de competência a ser exercida por lei. Compete privativamente aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Legislativo respectivo a criação e a extinção de cargos (CF, art. 96, II, “b”). Incorreta a questão.

3.2) Estatuto da Magistratura

De acordo com a Constituição, o Estatuto da Magistratura será veiculado em Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal (CF, art. 93). A seguir é descrito cada um dos princípios que deverão reger esse estatuto. -Ingresso na carreira - em cargo inicial de juiz substituto, mediante concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação.

-Promoção - de entrância para entrância, alternadamente, por antigüidade e merecimento, atendidas as seguintes normas:

a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por três vezes consecutivas ou cinco alternadas em lista de merecimento;

b) a promoção por merecimento pressupõe dois anos de exercício na respectiva entrância e integrar o juiz a primeira quinta parte da lista de antigüidade desta, salvo se não houver com tais requisitos quem aceite o lugar vago;

c) aferição do merecimento conforme o desempenho e pelos critérios objetivos de produtividade e presteza no exercício da jurisdição e pela freqüência e aproveitamento em cursos oficiais ou reconhecidos de aperfeiçoamento;

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d) na apuração de antiguidade, o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado de dois terços de seus membros, conforme procedimento próprio, e assegurada ampla defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação;

e) não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver autos em seu poder além do prazo legal, não podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou decisão;

Com exceção da letra “d” (que trata da antiguidade), essas regras (referentes a merecimento) se aplicam à remoção a pedido ou à permuta de magistrados de comarca de igual entrância (CF, art. 93, VIII).

-Acesso aos tribunais - por antiguidade e merecimento, alternadamente, apurados na última ou única entrância;

-Cursos - previsão de cursos oficiais de preparação, aperfeiçoamento e promoção de magistrados, constituindo etapa obrigatória do processo de vitaliciamento a participação em curso oficial ou reconhecido por escola nacional de formação e aperfeiçoamento de magistrados;

-Subsídio – duas regras (observado o teto constitucional):

a) ministros dos Tribunais Superiores 95% do subsídio dos ministros do STF;

b) demais magistrados fixados em lei e escalonados, em nível federal e estadual, conforme as respectivas categorias da estrutura judiciária nacional, não podendo a diferença entre uma e outra ser superior a 10% ou inferior a 5%, nem exceder a 95% do subsídio mensal dos Ministros dos Tribunais Superiores.

-Aposentadoria e Pensão - observarão o disposto no art. 40 da CF/88 (regra de aposentadoria do regime próprio de previdência dos servidores públicos em geral);

-Residência - o juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo autorização do tribunal (cuidado: veja que essa vedação não é absoluta!);

-Remoção, disponibilidade e aposentadoria por interesse público - por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa;

-Publicidade e motivação - todos os julgamentos serão públicos e todas decisões serão fundamentadas, sob pena de nulidade.

Cabe observar que a lei poderá limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes (os advogados), em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação.

No que diz respeito às decisões administrativas dos tribunais, elas serão motivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros.

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-Vedação às férias coletivas - a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedadas férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau, funcionando, nos dias em que não houver expediente forense normal, juízes em plantão permanente (cuidado: veja que essa regra não se aplica aos Tribunais Superiores, mas apenas a juízos e tribunais de segundo grau). Ademais, o estatuto da magistratura deverá considerar ainda as seguintes regras (também visando a aprimorar a prestação jurisdicional):

a) a distribuição de processos será imediata, em todos os graus de jurisdição;

b) o número de juízes na unidade jurisdicional será proporcional à efetiva demanda judicial e à respectiva população; e

c) os servidores receberão delegação para a prática de atos de administração e atos de mero expediente sem caráter decisório.

Vejamos como esse assunto vem sendo cobrado pelas diferentes bancas.

(CESPE/ANALISTA/TRT9/2007) A atividade jurisdicional deve ser ininterrupta, sendo vedadas férias coletivas nos juízos e tribunais, inclusive superiores, devendo haver, nos dias em que não houver expediente forense normal, juízes em plantão permanente.

A atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedado férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau, funcionando, nos dias em que não houver expediente forense normal, juízes em plantão permanente (CF, art. 93, XII). Ou seja, a regra não se aplica aos tribunais superiores. Incorreto o item.

(FGV / AUDITOR DA RECEITA / SECRETARIA DE RECEITA / AP / 2010) Na apuração de antiguidade, o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado de dois terços de seus membros, conforme procedimento próprio, e assegurada ampla defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação.

A assertiva trata das regras constitucionais de promoção, que deverão ser observadas pelo estatuto da magistratura. Como vimos, a promoção ocorre, de entrância para entrância, alternadamente, por antigüidade e merecimento. De acordo com o art. 93, II, “d” da CF/88, na apuração de antigüidade, o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado de dois terços de seus membros, conforme procedimento próprio, e assegurada ampla defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação. Logo, correto o item.

(FGV / AUDITOR DA RECEITA / SECRETARIA DE RECEITA / AP / 2010) A Constituição estabelece que não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver autos em seu poder além do prazo legal, não podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou decisão.

A questão está correta, pois de acordo com a Constituição, não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver autos em seu poder além do prazo legal,

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não podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou decisão (CF, art. 93, II, “e”). Correta a questão.

(ESAF/AFC/CGU/2008) As decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão pública, inclusive as disciplinares, que também devem ser tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros.

Trata-se dos princípios da motivação e da publicidade. As decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros. Logo, correto o item.

(ESAF/AFC/CGU/2008) A lei pode limitar a presença, em determinados atos dos órgãos do Poder Judiciário, inclusive julgamentos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes.

Em consonância com o princípio da publicidade, todos os julgamentos serão públicos. Todavia, a lei poderá limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação (CF, art. 93, IX). Item correto.

(FCC/PROCURADOR/BACEN/2005) Aos juízes é vedado exercer qualquer outro cargo ou função.

A questão está errada porque o dispositivo constitucional que estabelece que aos juízes é vedado exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, estabelece uma única exceção: o juiz poderá exercer função de magistério (CF, art. 95, parágrafo único, I).

(FCC/PROCURADOR/BACEN/2005) Os juízes não poderão delegar a prática de atos administrativos e atos de mero expediente sem caráter decisório. De acordo com o estatuto constitucional da magistratura, os servidores receberão delegação para a prática de atos de administração e atos de mero expediente sem caráter decisório (CF, art. 93, XIV). Incorreta a questão.

(FCC/PROCURADOR/BACEN/2005) O acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á exclusivamente pelo critério de merecimento, apurado na última ou única instância.

A assertiva está errada, pois o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por antigüidade e merecimento, alternadamente, apurados na última ou única entrância (CF, art. 93, III) – e não exclusivamente pelo critério de merecimento.

(FCC/ANALISTA - ÁREA ADMINISTRATIVA/TRF-1REG/2001) Na promoção do Juiz de Direito, uma das normas que devem ser observadas é

a) o interstício mínimo de um ano de exercício na respectiva entrância para a promoção por merecimento.

b) a obrigatoriedade da promoção do juiz que figure por três vezes, consecutivas ou alternadas, em listas de merecimento.

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c) que ela se dará, de entrância para entrância, alternadamente, segundo os critérios de antigüidade e merecimento.

d) a impossibilidade de o tribunal recusar a promoção do mais antigo, quando o critério for o da antigüidade.

e) a obrigatoriedade de o escolhido por merecimento integrar a primeira quinta parte da lista de antigüidade.

Estabelece a Constituição Federal que haverá, para os Juízes de Direito, promoção de entrância para entrância, alternadamente, por antigüidade e merecimento. Para isso, deverão ser atendidas as normas estabelecidas no inciso II do art. 93.

A alternativa “a” está errada, pois a promoção por merecimento pressupõe dois anos de exercício na respectiva entrância (art. 93, II, “b”).

A alternativa “b” está errada porque o que a Constituição Federal determina é a obrigatoriedade da promoção do juiz que figure por três vezes consecutivas ou cinco alternadas em lista de merecimento (art. 93, II, “a”). A alternativa “c” está certa, pois, de fato, a promoção do Juiz de Direito se dará, de entrância para entrância, alternadamente, por antigüidade e merecimento (CF, art. 93, II).

A alternativa “d” está errada porque a Constituição estabelece a possibilidade de o tribunal recusar, na apuração de antigüidade, o juiz mais antigo pelo voto fundamentado de dois terços de seus membros, conforme procedimento próprio, e assegurada ampla defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação (CF, art. 93, II, “d”).

A alternativa “e” está errada, pois, apesar de a promoção por merecimento pressupor dois anos de exercício na respectiva entrância e integrar o juiz a primeira quinta parte da lista de antigüidade desta, a Constituição admite uma ressalva, que é a possibilidade de não haver, com tais requisitos, quem aceite o lugar vago (CF, art. 93, II, “b”).

(FCC/PROCURADOR/BACEN/2005) Todas as decisões devem ser públicas e fundamentadas, exceto as de cunho administrativo.

De fato, todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos e todas as decisões fundamentadas (CF, art. 93, IX). Porém, as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão pública (CF, art. 93, X). Portanto incorreto o item.

(FCC/PROCURADOR/BACEN/2005) É obrigatória a promoção do juiz que figure por três vezes consecutivas ou cinco alternadas em lista de merecimento.

A assertiva trata das regras constitucionais de promoção, que deverão ser observadas pelo estatuto da magistratura. É obrigatória a promoção do juiz que figure por três vezes consecutivas ou cinco alternadas em lista de merecimento (CF, art. 93, II, “a”). Correta a questão.

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3.3) Regras Especiais

Por fim, cabe destacar duas regras especiais relativas ao estatuto da magistratura que sempre são cobradas em concursos.

-Criação de Órgão Especial - a Constituição possibilita aos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores, constituir um órgão especial para o exercício das atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da competência do tribunal pleno (CF, art. 93, XI).

Esse órgão especial terá o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, provendo-se metade das vagas por antigüidade e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno.

-Quinto Constitucional – Outra regra relevante é a do quinto constitucional. A Constituição assegura a membros do Ministério Público (MP) e advogados participação na composição de tribunais do Poder Judiciário.

Entretanto, nem todos os tribunais obedecem a essa regra.

Segundo o art. 94 da CF/88, um quinto dos TRFs e TJs (estados e DF) será composto por membros do MP (com mais de 10 anos de carreira) e de advogados (com notório saber jurídico, reputação ilibada e mais de 10 anos de atividade).

Eles serão indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes. Recebida a lista, o tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que terá 20 dias para escolher um.

Observe que, em princípio, essa regra não se aplica a tribunais superiores. Entretanto, a EC n° 45/2004 estendeu essa exigência do quinto constitucional também à composição do TRT e do TST (nesses casos, o quinto será garantido a advogados e a membros do Ministério Público do Trabalho, especificamente).

Por curiosidade, vale comentar que na composição do STJ há um terço escolhido dentre advogados e membros do Ministério Público (Federal, Estadual, e do DF e Territórios).

Outra curiosidade. Vimos que um juiz adquire, no primeiro grau, a vitaliciedade após dois anos de exercício (CF, art. 95, I). Pois bem, e o que acontece com o advogado “Doutor Fulano de Tal” que foi nomeado e tomou posse como ministro do STJ pela regra do quinto? Como se dá seu processo de vitaliciamento?

Como vimos, a regra do at. 95, I vale apenas para o primeiro grau. Portanto, nessa hipótese o advogado adquirirá a vitaliciedade imediatamente, por ocasião da posse, sem ter de esperar dois anos de exercício.

(ESAF/APO/MPOG/2008) Um quinto dos lugares do Superior Tribunal de Justiça será composto de membros do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes.

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Com exceção do TST, o quinto constitucional não se aplica a tribunais superiores. Cabe observar que, no caso do STJ, excepcionalmente, um terço está reservados para advogados e integrantes do MP. Errada a questão.

(FCC/ASSESSOR JURÍDICO/TJ/PI/2010) Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes.

A assertiva está correta, pois apenas reproduz a regra do quinto constitucional, prevista no art. 94 da CF/88.

(FCC/ASSESSOR JURÍDICO/TJ/PI/2010) Nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores, poderá ser constituído órgão especial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da competência do tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por antiguidade e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno.

De fato, se um tribunal tiver mais de 25 integrantes ele poderá constituir órgão especial para o exercício de atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas pelo pleno do tribunal. Tal órgão será composto por 11 a 25 membros e terá metade de suas vagas providas por antiguidade e a outra metade por eleição do pleno. Item correto.

(CESPE/STF/ANALISTA JUDICIÁRIO/DIREITO/2008) Um advogado que, em virtude do quinto constitucional, for nomeado desembargador de um tribunal de justiça estadual adquirirá a vitaliciedade imediatamente, sem a necessidade de aguardar dois anos de exercício.

Como vimos, a vitaliciedade após dois anos aplica-se ao primeiro grau. Nos tribunais, quem entra pela regra do quinto constitucional adquire a vitaliciedade imediatamente. Correta a questão.

4) Órgãos componentes do Poder Judiciário

A partir de agora, apresentaremos as informações referentes a cada um dos órgãos do Poder Judiciário.

Vamos começar com o Conselho Nacional de Justiça, um dos assuntos mais cobrados em concursos acerca do Poder Judiciário.

Conselho Nacional de Justiça

O Conselho Nacional de Justiça foi criado pela Emenda Constitucional 45/2004 como órgão integrante do Poder Judiciário, com a incumbência de realizar o controle administrativo e financeiro do Judiciário (sem prejuízo da atuação do TCU) e dos deveres funcionais dos juízes (CF, art. 103-B).

O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 membros com mandato de dois anos, admitida uma recondução. Segue abaixo a relação dos

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componentes do CNJ, seguida de qual órgão é responsável pela indicação de cada um deles.

I - o Presidente do Supremo Tribunal Federal; II - um Ministro do STJ, indicado pelo STJ. III - um Ministro do TST, indicado pelo TST;

IV - um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo STF V - um juiz estadual, indicado pelo STF;

VI - um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo STJ; VII - um juiz federal, indicado pelo STJ;

VIII - um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo TST; IX - um juiz do trabalho, indicado pelo TST;

X - um membro do Ministério Público da União, indicado pelo Procurador-Geral da República;

XI um membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo Procurador-Geral da República dentre os nomes indicados pelo órgão competente de cada instituição estadual;

XII - dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;

XIII - dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal.

De se destacar que, não efetuadas essas indicações no prazo legal, caberá a escolha ao Supremo Tribunal Federal.

Recentemente, a EC 61/2009 alterou alguns aspectos referentes ao CNJ, vejamos quais são eles de forma bastante sintética para favorecer seu entendimento e memorização:

I) o presidente do STF passa a ser obrigatoriamente o presidente do CNJ (CF, art. 103-B, “I”); antes dessa EC, o STF poderia indicar qualquer um dos seus Ministros para participar e presidir o Conselho;

II) nas ausências e impedimentos do presidente, ele será substituído na presidência do CNJ pelo vice-presidente do STF (CF, art. 103-B, § 1°);

III) não está mais expresso o limite de idade (entre 35 e 66 anos) para os membros do CNJ (art. 103-B, caput);

IV) não é mais necessário que sejam submetidos ao Senado o nome do Presidente e o do Vice do STF como condição prévia de sua participação no CNJ (os demais componentes continuam passando pelo crivo do Senado);

V) está afastada a vedação de distribuição de processos ao Presidente do Conselho (antes da EC 61/2009 o presidente ficava excluído da distribuição de processos).

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Junto ao Conselho Nacional de Justiça oficiarão o Procurador-Geral da República e o Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (CF, art. 103-B, § 6º).

(Detalhe: interessante observar que no caso do Conselho Nacional do Ministério Público, competirá apenas ao Presidente do Conselho Federal da OAB oficiar junto ao Conselho, nos termos do art. 130-A, § 4°, da CF/88).

Feito esse comentário à parte, voltemos ao estudo do CNJ...

O Ministro do STJ exercerá a função de Ministro-Corregedor e ficará excluído da distribuição de processos no Tribunal, competindo-lhe, além das atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura, as seguintes (CF, art. 103-B, § 5º):

I - receber as reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas aos magistrados e aos serviços judiciários;

II - exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e de correição geral; III - requisitar e designar magistrados, delegando-lhes atribuições, e requisitar servidores de juízos ou tribunais, inclusive nos Estados, Distrito Federal e Territórios.

Você deve saber três detalhes básicos, mas importantes, sobre o CNJ: I – o CNJ não exerce jurisdição, pois tem natureza administrativa; II – o CNJ não pode intervir em processos de natureza jurisdicional;

II – o CNJ não tem nenhuma competência sobre o STF e seus ministros; e III – O CNJ dispõe de poder normativo primário para editar atos com status de lei (no âmbito da sua competência, no art. 103-B, § 4°).

Observe ainda que a constitucionalidade da criação do CNJ foi questionada no STF quanto ao fato de estar ferindo o princípio da separação dos Poderes e o princípio federativo.

O Tribunal entendeu que o CNJ configura órgão administrativo interno ao Judiciário (controle interno), tendo sua composição majoritariamente formada por membros desse Poder. Ademais, suas decisões estariam sujeitas ao controle jurisdicional do Supremo Tribunal Federal. Diante disso, o STF considerou constitucional a criação do CNJ, não havendo, segundo o Tribunal, nenhuma ofensa à separação dos Poderes.

Outro aspecto ressaltado pelo STF foi o caráter nacional do CNJ, assim como o Poder Judiciário como um todo, não havendo como se alegar prejuízo à Federação.

Aliás, vale comentar quanto a isso que o STF deixou assente que os estados-membros não dispõem de competência constitucional para instituir, como órgão interno ou externo do Judiciário, conselho destinado ao controle da atividade administrativa, financeira ou disciplinar da respectiva justiça. Isso dado o caráter nacional e o regime orgânico unitário do Poder Judiciário. Veja o teor dessa súmula:

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“É inconstitucional a criação, por Constituição Estadual, de órgão de controle administrativo do Poder Judiciário do qual participem representantes de outros poderes ou entidades” (Súmula 649 do STF).

As competências do CNJ estão previstas no art. 103-B, § 4°, da CF/88. Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura:

I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências;

II - zelar pela observância do art. 37 da CF/88 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de Contas da União;

III - receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro que atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional dos tribunais, podendo avocar processos disciplinares em curso e determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa;

IV - representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a administração pública ou de abuso de autoridade;

V - rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há menos de um ano;

VI - elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processos e sentenças prolatadas, por unidade da Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário;

VII - elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias, sobre a situação do Poder Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar mensagem do Presidente do Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da abertura da sessão legislativa. Nos termos do § 7º do art. 103-B da CF/88, a União, inclusive no Distrito Federal e nos Territórios, criará ouvidorias de justiça, competentes para receber reclamações e denúncias de qualquer interessado contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, ou contra seus serviços auxiliares, representando diretamente ao Conselho Nacional de Justiça.

Resolva, agora, esta questão, bem fácil, da FCC (Técnico Judiciário do TRE-TO/2011).

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“O Conselho Nacional de Justiça é um órgão a) do Poder Legislativo.

b) do Poder Judiciário. c) do Poder Executivo.

d) independente de qualquer órgão.

e) vinculado ao Poder Legislativo e subordinado ao Executivo.”

Como vimos, o CNJ integra o Poder Judiciário, como órgão de controle interno desse Poder. Portanto, o gabarito é letra "b".

Vejamos outras questões interessantes sobre o CNJ.

(FGV/EXAME-OAB/2010) Leia com atenção a afirmação a seguir, que apresenta uma INCORREÇÃO.

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) tem competência, entre outras, para rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de tribunais (se tiverem sido julgados há menos de um ano), zelar pela observância dos princípios que regem a administração pública e julgar os magistrados em caso de crime de abuso de autoridade. Assinale a alternativa em que se indique o ERRO na afirmação acima.

(A) O CNJ, sendo órgão do Poder Judiciário, atua apenas mediante provocação, não podendo atuar de ofício.

(B) Não cabe ao CNJ, órgão que integra o Poder Judiciário, zelar por princípios relativos à Administração Pública.

(C) O CNJ não pode julgar magistrados por crime de abuso de autoridade. (D) O CNJ pode rever processos disciplinares de juízes julgados a qualquer tempo.

A alternativa que responde a questão é a letra “c”, pois o CNJ não julga crimes de magistrados.

Ademais, cabe destacar que:

I) o CNJ pode atuar de ofício ou por provocação (letra “a” errada);

II) compete ao CNJ, entre outras atribuições, zelar pelo cumprimento do art. 37 da Constituição, nos termos do art. 103-B, § 4°, II (letra “b” errada); e III) compete ao CNJ rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há menos de um ano, nos termos do art. 103-B, § 4°, V (letra “d” errada).

Gabarito: “c”

(FGV/AUDITOR FISCAL DA RECEITA ESTADUAL/SEFAZ/RJ/2011) As sucessivas reformas da Constituição atingiram a estrutura do Poder Judiciário nacional. No curso do debate, houve acerba campanha, inclusive da OAB, pela instituição do controle externo da atuação dos juízes. Após os debates, surgiram os novos órgãos: Conselho Nacional de Justiça (CNJ)

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e Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Nessa linha, é correto afirmar que

a) o CNJ exerce o controle externo da atividade do Poder Judiciário. b) os dois Conselhos referidos integram a estrutura do Poder Judiciário. c) é órgão integrante do Poder Judiciário o CNJ, exercendo controle interno.

d) o CNMP exerce a atividade de controle externo do Poder Judiciário. e) o Poder Judiciário não possui controle administrativo interno previsto. A alternativa “a” está errada, pois O CNJ exerce controle interno do Poder Judiciário, como já decidiu o STF ao afastar a alegação que a criação do CNJ ofenderia o princípio da separação dos poderes.

A alternativa “b” está errada, pois, apesar de o CNJ, de fato, integrar a estrutura do Poder Judiciário, o mesmo não pode ser afirmado com relação ao CNMP (que faz parte do Ministério Público).

A alternativa “c” está correta e é o gabarito. O CNJ integra o Judiciário como órgão de controle interno.

A alternativa “d” está errada, pois o CNMP não exerce nenhuma função sobre o Poder Judiciário. A função desse órgão é controlar o Ministério Público.

A alternativa “e” está errada, pois o CNJ é um tipo de controle interno previsto. Ademais, de relevo mencionar que a Constituição prevê controle interno para todos os poderes (CF, art. 74).

(CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/STM/2011) O CNJ é órgão administrativo do Poder Judiciário ao qual compete o controle da atuação administrativa e financeira desse poder, e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, estabelecendo constitucionalmente, porém de forma exemplificativa, suas mais importantes atribuições, que poderão ser acrescidas pelo Estatuto da Magistratura.

De fato, compete ao CNJ o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes. A própria Constituição estabelece diversas competências do CNJ, mas admite que o Estatuto da Magistratura atribua ao Conselho outras atribuições (CF, art. 103, § 4°). Logo, a assertiva está correta.

(FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRE/RN/2011) Compete ao Conselho Nacional de Justiça

a) processar e julgar originariamente o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território.

b) processar e julgar originariamente a extradição solicitada por estrangeiro.

c) rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há menos de um ano.

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d) processar e julgar originariamente, nas infrações penais comuns, o Presidente da República e o Vice-Presidente.

e) processar e julgar originariamente, nas infrações penais comuns, os membros do Congresso Nacional.

Questão bastante simples.

Compete ao CNJ rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há menos de um ano (CF, art. 103, § 4°, V). Logo, o gabarito é letra “c”.

Literalmente, a Constituição não apresenta nenhuma competência do CNJ que comece com “processar e julgar”. Ora, o CNJ não dispõe de funções jurisdicionais. Já vimos isso. E todas as demais alternativas apresentam competências jurisdicionais do STF, previstas no art. 102 da CF/88.

(CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF28/2007) Dado que o Conselho Nacional de Justiça tem estatura constitucional e se destina ao controle administrativo, financeiro e disciplinar do Poder Judiciário, todos os seus membros e órgãos, incluindo-se o STF, a ele estão subordinados.

Como comentado, o STF não se subordina ao Conselho Nacional de Justiça. Portanto, incorreta a questão.

Supremo Tribunal Federal

A guarda da Constituição é conferida ao órgão de cúpula do Judiciário: o Supremo Tribunal Federal (CF/88, art. 102, caput).

O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada (CF, art. 101).

Vale lembrar que, para ser Ministro do STF, o cidadão deve ser brasileiro nato.

Os Ministros serão nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.

Gostaria de chamar sua atenção para o seguinte aspecto: observe que não há necessidade de que a escolha se dê dentre advogados ou procuradores ou membros do Poder Judiciário. Ou seja, a rigor, se considerada apenas a literalidade do texto constitucional, não precisa ter diploma em Direito para se tornar um Ministro do STF!

Isso é tão curioso, que o Cespe cobrou neste ano de 2011 (Técnico do TER/ES), veja só:

“Os onze ministros que compõem o Supremo Tribunal Federal devem ser bacharéis em ciências jurídicas.”

Por incrível que pareça, o item está errado, uma vez que para ser indicado como ministro do STF não é necessário ser bacharel em direito (CF, art. 101).

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Quanto às competências do Supremo, é preciso que você inicie esse estudo guardando o seguinte detalhe (que o ajudará a memorizar vários aspectos referentes às competências): o STF cuida daqueles assuntos mais relevantes, geralmente relacionados à guarda da Constituição e da Federação.

As competências do STF estão previstas no art. 102 da CF/88 e podem ser ampliadas, desde que por emenda constitucional (cuidado: não pode a lei ampliar suas competências).

No art. 102, I, são apresentadas as competências originárias. Ao contrário do senso comum, há determinados conflitos que já se iniciam no STF.

É comum o leigo pensar que os processos sempre se iniciam na primeira instância (nos juízes de primeiro grau) e podem chegar ao STF via recursos processuais. Mas, não. Há processos que já são julgados pelo STF desde o seu ingresso no Poder Judiciário.

I) Como representa o guardião da Constituição, compete ao STF processar e julgar todas as ações do controle abstrato de constitucionalidade frente à CF (bem como os pedidos de medida cautelar das ações diretas) (alíneas “a” e “p”).

Trata-se da ação direta de inconstitucionalidade, ação declaratória de constitucionalidade e argüição de descumprimento de preceito fundamental (ações que serão estudadas no controle de constitucionalidade).

São ações que visam a proteger a supremacia da Constituição, visam garantir que as leis estejam de acordo com a Carta Magna. Daí ser de se esperar que elas se iniciem no STF.

Cabe destacar que o Procurador-Geral da República deverá ser previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade e em todos os processos de competência do Supremo Tribunal Federal (CF, art. 103, § 1°).

II) Compete ao STF processar e julgar as situações caracterizadoras de conflito entre entes da Federação. De acordo com a alínea “f”, cabe ao STF o julgamento das causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União

e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta.

A partir dessa competência surge a seguinte dúvida: qualquer conflito entre um ente político e uma entidade da administração indireta atrairia a competência do Supremo para o julgamento da ação?

Pois bem, segundo o Supremo Tribunal Federal, no caso de conflito entre duas entidades da administração indireta ou no caso de conflito entre um ente político da Federação e uma entidade da administração indireta, a competência só será do STF se aquela controvérsia puder provocar situação caracterizadora de conflito federativo. Ou seja, se puder colocar em risco a harmonia da nossa Federação.

De outro lado, essa restrição não se aplica caso o conflito seja entre duas entidades políticas da Federação (União, estados e DF), caso em que a competência será sempre do STF.

(24)

Então, entenda bem. Um conflito judicial envolvendo o Banco do Brasil (entidade da administração indireta federal) e o governo do Estado de Minas Gerais só será de competência originária do Supremo Tribunal Federal se houver risco para a harmonia da Federação.

Por outro lado, um conflito entre os estados do Maranhão e do Amapá (dois entes políticos) será de competência originária de quem? Do Sarney? Não. Esse conflito será sempre julgado originariamente pelo STF, independentemente de haver situação caracterizadora de conflito federativo.

Para entender o porquê de tudo isso... Guarde aquela informação: o STF cuida daqueles assuntos mais relevantes (geralmente relacionados à guarda da Constituição e da Federação).

Observe, ainda, que estão incluídos conflitos da União, dos estados e do DF (município não entra nessa lista).

III) Compete ao STF processar e julgar: (i) o litígio entre Estado

estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito

Federal ou o Território; bem como (ii) a extradição solicitada por Estado estrangeiro (alíneas “e” e “g”).

São duas competências bastante cobradas em concursos...

Que a extradição é julgada pelo Supremo muita gente já sabe (você deve se lembrar da repercussão do caso do italiano Cesare Batisti).

Quanto aos litígios envolvendo organismos estrangeiros há um detalhe interessante, observe...

É que se o litígio for entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o DF ou Território, a competência originária é do STF (CF, art. 102, I, “e”).

Por outro lado, se o litígio for entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País ele será processado e julgado pelos juízes federais (CF, art. 109, II). Nesta última hipótese o recurso ordinário não irá para o TRF, mas diretamente para o STJ (CF, art. 105, II, “c”).

Conflito Competência para julgamento Entidade internacional X União,

Estado, DF e Território Competência originária do STF Entidade internacional x Município

ou pessoa

Competência originária dos juízes federais, com recurso ordinário para o STJ

Leve esse detalhe para sua prova!

IV) Compete ao STF processar e julgar os conflitos de competência entre o STJ e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal (alínea “o”).

(25)

Atenção! Ao detalhar esses dispositivos, o Supremo Tribunal Federal entendeu o seguinte:

a) caso o conflito seja entre o STJ e demais tribunais superiores será do STF a competência de julgamento;

b) também será do STF a competência para julgamento do conflito entre tribunais superiores e juízos vinculados a outros tribunais (por exemplo, o conflito entre um juiz federal (ligado ao TRF) e o TSE);

c) porém, não será competente o STF para julgar conflitos entre o STJ e um TRF, pois este está vinculado àquele; valendo o mesmo raciocínio para um conflito entre o STJ e um Tribunal de Justiça Estadual. Nesses casos, a competência será do próprio STJ.

V) Compete ao STF processar e julgar a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam

impedidos ou sejam direta ou indiretamente interessados (alínea “n”);

Nesse tipo de situação, dado o impedimento dos demais magistrados, o constituinte entendeu por bem colocar a competência para julgamento como sendo do STF.

Por fim, há as competências do STF para processar e julgar as ações relacionadas com o foro de prerrogativa de função e o julgamento de ações contra seus julgados ou de outros tribunais (incluindo as decisões do CNJ e CNMP).

Segue a lista dessas competências (alíneas “b”,“c”,“d”,“i”,“j”,“l”,“m”,“r”,“q”): - nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República;

- nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente;

Vale mencionar que o legislador outorgou status de Ministro de Estado a diversas autoridades (o que foi admitido pelo STF). Com isso, ampliou-se o rol das autoridades protegidas pela prerrogativa de foro perante o STF.

Nesse sentido, segundo a Lei 10.683/03 (art. 25, parágrafo único), são Ministros de Estado:

I - os titulares dos Ministérios;

II - os titulares das Secretarias da Presidência da República; III - o Advogado-Geral da União;

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V - o Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República;

VI - o Chefe da Controladoria-Geral da União; VII - o Presidente do Banco Central do Brasil.

Isso quer dizer que autoridades como o AGU, o Presidente do Bacen e o Chefe da CGU passam a ser julgados pelo STF como se Ministros de Estado fossem. - o "habeas-corpus", sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o "habeas-data" contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal;

- o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância;

- as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho

Nacional do Ministério Público;

- o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal;

- a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;

- a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões;

- a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação de atribuições para a prática de atos processuais;

No âmbito de sua competência recursal, compete ao STF julgar, em recurso ordinário (CF, art. 102, II):

a) o "habeas-corpus", o mandado de segurança, o "habeas-data" e o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se

denegatória a decisão;

b) o crime político.

Interessante observar que a competência originária para processar e julgar o crime político é dos juízes federais (CF, art. 109, IV). E o recurso ordinário sobe diretamente para o STF.

Há ainda o recurso extraordinário, meio hábil a conduzir ao STF controvérsia judicial que esteja sendo suscitada em instâncias inferiores. Isso porque, quando se trata de respeito à Constituição Federal, a última palavra é do STF. Afinal, ele é o guardião da Constituição (CF, art. 102, caput).

(27)

Assim, compete ao STF julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida:

a) contrariar dispositivo desta Constituição;

b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;

c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.

d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.

Observe que, se afetou a Constituição Federal, é tema para o Supremo (o “guardião”).

Queremos chamar sua atenção para a alínea “d” acima. Para concursos, ela é a mais relevante na medida em que configura alteração introduzida pela EC 45/2004. Mas essa modificação é bem razoável, tendo em vista que conflito entre lei local e lei federal é conflito envolvendo repartição de competências, ou seja, assunto substancialmente constitucional, que envolve a estabilidade do sistema federativo.

Interessante observar que, por outro lado, compete ao STJ julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal (CF, art. 105, III, “b”).

Guarde bem essa distinção para que você não faça confusão na hora da prova. Falando em inovação promovida pela Reforma do Judiciário, vamos a mais uma. Trata-se da exigência de comprovação de repercussão geral para a interposição de recurso extraordinário perante o STF. Segundo o art. 102, § 3º, da CF/88:

“No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão

geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim

de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo

recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros”.

Essa regra visa evitar que cheguem ao STF casos concretos sem nenhuma relevância jurídica. Assim, cabe ao recorrente demonstrar que a questão vai além do mero interesse das partes, adquirindo repercussão geral.

Em suma, ao interpor o recurso extraordinário, o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões discutidas. Se entender que o autor não conseguiu comprovar essa repercussão geral, o STF poderá recusar o recurso extraordinário, por decisão de dois terços de seus membros.

Mas observe que:

I) a regra é a admissão do recurso extraordinário;

II) poderá o STF recusar o recurso extraordinário por ausência da comprovação da repercussão geral, mas será necessária a manifestação de dois terços dos membros do Tribunal.

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