Consulta nº: 00084000057201511
Solicitante: Anderson Santos de Brito Data de recebimento da consulta: 29/07/2015
Data da resposta: 03/08/2015
1. Introdução
A Lei nº 10.639/2003 dispõe sobre a inclusão do estudo da História da África e dos Africanos, da luta dos negros no Brasil, da cultura negra brasileira e do negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil. Na verdade, trata-se da própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB – Lei nº 9.394/1996 –, que passa a ter a seguinte redação, a partir da alteração introduzida pela Lei nº 10.639/2003:
“Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.”
Em primeiro lugar, é fundamental mencionar que, tratando-se de assunto relacionado à LDB, é missão dos agentes educacionais zelar pelo seu pleno cumprimento. Do ponto de vista da competência para velar sobre os agentes do sistema educacional, cabe ao Ministério da Educação – MEC tal incumbência.
De toda sorte, a SEPPIR, ciente da importância da Lei em tela para a construção de políticas públicas de Promoção da Igualdade Racial, fez e faz várias ações visando ampla divulgação e apoio à sua implementação.
2. Atos normativos complementares
A fim de impulsionar a implementação da LDB no tocante ao conteúdo sobre história e cultura afrobrasileira, foram emitidos uma série de atos normativos, a saber:
• Conselho Nacional de Educação: Resolução nº 1, de 17 de junho de 2004, institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana (Parecer CNE nº 3/2004);
• Ministério da Educação: Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino da História e Cultura Afrobrasileira e Africana;
• Conselho Nacional de Educação: Resolução nº 8, de 20 de novembro de 2012, define Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na Educação Básica (Parecer CNE/CEB nº 16/2012).
Cabe ressaltar que a SEPPIR participou ativamente da construção de tais documentos, divulgando e apoiando consultas públicas que discutiram com lideranças de organizações da sociedade civil e especialistas os conteúdos dos mesmos.
3. Principais ações em suporte à implementação da LDB modificada pela Lei nº 10.639/2003
A implementação da LDB, modificada pela Lei nº 10.639/2003, implica no desenvolvimento de materiais didáticos e práticas pedagógicas que expressem o conteúdo e objetivo da legislação. Nesse sentido, a SEPPIR tem se empenhado em apoiar iniciativas que em diferentes níveis e dimensões contribuem para avolumar o conhecimento e implementação da Lei. Inúmeras vezes a incidência se dá em forma de apoio institucional, sempre em parceria com órgãos da administração pública, organismos internacionais ou organizações da sociedade civil.
Seguem-se as principais ações desenvolvidas:
• Seminários Técnicos de Promoção da Igualdade Racial: seminários de formação realizados em três estados e 29 municípios, atingindo 2.080 gestores e educadores, com o objetivo de fortalecer as ações em âmbito local, no ano de 2004.
• Apoio à realização do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu “Culturas Negras do Atlântico” do Departamento de História da UnB: curso estruturado em 13 módulos presenciais, palestras, seminários e defesa de monografias, realizado no período de outubro de 2004 a dezembro de 2005 e destinado a 45 educadores da rede pública do Distrito Federal.
• Projeto A Cor da Cultura: projeto educativo de valorização da cultura afro-brasileira, fruto de uma parceria entre a Fundação Roberto Marinho/Canal Futura (executora do Projeto), a Petrobras (patrocinadora do Projeto), a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial – SEPPIR (Interveniente do Projeto), Ministério da Educação – MEC, Fundação Cultural Palmares e Centro de Informação e Documentação do Artista Negro – CIDAN, que integram seu Comitê Gestor.
O quadro abaixo sumariza os dados da implementação do projeto: Fase/ano Educadores
atingidos
Kits distribuídos
Estados participantes
1ª/2004-2006 3000 2044 Pará, Maranhão, Bahia, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso do Sul 2ª/2010-2011
(original)
3177 5000 Ceará, Pernambuco, Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso, Amazonas
2ª/2010-2011 (expansão)
846 2000 Bahia, Alagoas, Distrito Federal, Paraíba
3ª 2013-2014 2252 2331 Pará, Maranhão, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Goiás
• Seminário de Capacitação dos Fóruns de Educação e Diversidade Étnico-racial: atividade de formação realizada em Maceió, AL (em maio 2010) e em São Paulo, SP (em junho 2010).
• Indicadores de Qualidade da Educação – Relações Raciais na Escola: publicação integrante da coleção de materiais educativos “Educação e Relações Raciais”, fruto da parceria entre Ação Educativa, UNICEF, MEC e SEPPIR/PR. Os primeiros
1.000 exemplares da publicação foram entregues aos participantes do Fórum Nacional da União Nacional de Dirigentes Municipais de Educação – UNDIME, realizado em maio de 2013 (Costa do Sauípe, BA). Em novembro de 2014, realizou-se a oficina “O Plano Juventude Viva e a Educação Antirracista nas Escolas” destinada a disseminar o material entre gestores educacionais dos municípios onde o Plano foi lançado. Participaram da oficina gestores de 8 municípios de 5 unidades da federação. Ao divulgar a referida publicação, o MEC, a SEPPIR e o UNICEF se colocam novamente ao lado dos agentes educacionais no dever de implementar a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
• Curso Gênero e Diversidade na Escola – GDE: iniciativa da Secretaria de Políticas para Mulheres – SPM, em parceria com a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade e Inclusão – SECADI/MEC, a Secretaria de Ensino a Distância – SEED/MEC, a SEPPIR e o Centro Latino Americano em Sexualidade e Direitos Humanos – CLAM objetiva oferecer formação continuada em gênero, relações raciais e orientação sexual para profissionais da educação básica da rede de ensino público. Abaixo segue quadro indicando as vagas já ofertadas na formação:
Ano Vagas ofertadas
2012 2.947
2013 4.975
2014 2.500
Total 10.422
• Prêmio Educar para a Igualdade: ação de reconhecimento e disseminação de boas práticas organizado pelo Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades – CEERT. Concedido desde 2004, o Prêmio está em sua sétima edição.
• Selo Educação para a Igualdade Racial: a SEPPIR realizou em março de 2011 ação de reconhecimento de boas práticas de escolas e secretarias de educação na
implementação da Lei nº 10.639/2003. Foram premiadas 16 experiências, a saber: 1) Colégio Estadual Duque de Caxias – Escola Quilombola, Jequié, BA; 2) Escola de Educação Básica e Profissional Fundação Bradesco, Pinheiro, MA; 3) Escola Estadual Verena Leite de Brito (Área Quilombola) – Vila Bela de Santíssima Trindade, MT; 4) Escola Municipal e Educação Infantil e Ensino Fundamental Firmo Santino da Silva, Alagoa Grande, PB (Escola Quilombola); 5) Escola de Ensino Fundamental Osní Medeiros Régis, São José do Cedro, SC; 6) Escola Municipal Ensino Fundamental Mário Quintana, Porto Alegre, RS; 7) Escola Municipal Florestam Fernandes, Belo Horizonte, MG; 8) Colégio Estadual de Cristalândia, Cristalândia, TO; 9) Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte, MG; 10) Instituto Anísio Teixeira, Secretaria Estadual de Educação, Salvador, BA; 11) Secretaria Municipal de Educação de São Francisco do Conde, BA; 12) Secretaria Municipal de Educação de Redenção, CE; 13) Secretaria Municipal de Educação de Mesquita, RJ; 14) Secretaria Municipal de Educação de Porteiras, CE; 15) Secretaria Municipal de Educação de Montes Claros, MG; 16) Secretaria Municipal de Educação de Araucária, PR.
• Licenciatura Interdisciplinar em Estudos Africanos e Afro-brasileiros da Universidade Federal do Maranhão – UFMA: a SEPPIR apoiou o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros da UFMA na formulação da proposta de curso, cuja aula inaugural foi proferida pela Ministra Nilma Lino Gomes, em 5 de maio de 2015. • Coleção Personalidades Negras: parceria com a Fundação Biblioteca Nacional, que
tem os seguintes títulos publicados: Tia Carmem, José do Patrocínio e Carolina Maria de Jesus, Ivone Lara, Mãe Beata de Yemonjá, Aleijadinho, Cruz e Souza, Emanoel Araújo, Mestre João Grande, Machado de Assis.
