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FREQUÊNCIA DO USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS ILÍCITAS POR ESTUDANTES DO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

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1 FREQUÊNCIA DO USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS ILÍCITAS POR

ESTUDANTES DO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

Igor Henrique Farias Santos1 Felipe Mendes de Andrade de Carvalho2

Maria Eliane de Andrade3

GT 9 – Políticas Públicas e Gestão Socioeducacional

RESUMO

A adolescência é caracterizada como uma fase em que os jovens praticam atos inconsequentes com o desejo de se sentir dono de si. Uma das atitudes discutidas nesse trabalho é o consumo precoce de drogas, sendo significativo em estudantes do ensino médio devido a fatores de inclusão em grupos de maior popularidade, exemplos familiares que despertam a curiosidade, desejo de autoafirmação, entre outros fatores. Frente ao exposto, o objetivo desse trabalho foi analisar o consumo de drogas ilícitas por adolescentes escolares da rede Estadual de Ensino de Aracaju, e assim, realizar um diagnóstico deste consumo, gerando possibilidades para que ações de políticas públicas possam ser realizadas com mais especificidade para adolescentes e jovens escolares. Para isso, foi feito um estudo descritivo seccional do tipo levantamento de dados e com abordagem analítica quantitativa, realizado no período de março a setembro de 2015.

Palavras-chave: Adolescentes. Ensino médio. Drogas. ABSTRACT

Adolescence as a whole is characterized as a phase in which young people practice inconsequential acts with the desire to feel self-possessed. One of the attitudes discussed in this study is the early drug use, being significant in high school students due to factors of inclusion in groups of higher popularity, familiar examples that arouse curiosity, desire for self-affirmation, among other factors. In light of the above, the objective of this study was to analyze illicit drug use by school adolescents of the Aracaju State Teaching Network, and thus to make a diagnosis of this consumption, generating possibilities for public policy actions to be carried out with more specificity. Adolescents and schoolchildren. For this, a descriptive study of the type of data collection and quantitative analytical approach was carried out, carried out from March to September 2015.

Keywords: Adolescents. High school. Drugs.

INTRODUÇÃO

O consumo de drogas é considerado pela Organização mundial de Saúde um problema atual. E, o âmbito educacional se destaca nesta discussão por ser um dos primeiros locais em que se inicia o processo de socialização que infere em suas relações. A escola deve

1 Graduando em Psicologia pela Universidade Tiradentes. Membro do Grupo de Pesquisa Ecologia Humana,

Educação e Saúde em Pesquisa. E-mail: <igor_jk09@yahoo.com.br>.

2 Biomédico, Mestrando em Saúde e Ambiente pela Universidade Tiradentes. E-mail: <felipe_mendesde

andrade@hotmail.com>.

3 Pedagoga, Mestre e Doutoranda em Saúde e Ambiente pela Universidade Tiradentes. Membro do Grupo de

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2 se preparar para lidar com situações associadas ao uso de drogas, por causar consequências no processo ensino-aprendizagem. É importante salientar, que as drogas podem ser encontradas nas proximidades das escolas o que facilita o acesso ao consumo mesmo que estas sejam ilícitas (SANTOS et al., 2011).

Há um crescente abuso de drogas ilícitas entre os adolescentes evidenciado pela literatura (STAGMAN et al., 2011; MARSCHALL-LÉVESQUE et al., 2014). A adolescência é considerada por diversos autores como grupo de risco por ser um momento de maior vulnerabilidade. Apresentam sentimento de insegurança e desamparo e, por muitas vezes, diante de situações conflitantes passa a utilizar a droga como referência significativa na sua vida (VIEIRA, 2010; MURPHEY et al., 2013).

O adolescente vivencia mudanças significativas durante a fase de transição do desenvolvimento humano que resultam no imperialismo do “ter” de forma imediatista e sem espaço para consequências; que são encobertas pela busca incessante do prazer, poder e controle sobre si mesmo, bem como, adquirir autonomia e mostrar-se independente. Nesse contexto, usar drogas que alteram a percepção e despertem sensações de plenitude tornam-se o principal recurso escolhido pelos jovens da modernidade (VIEIRA, 2010).

A possibilidade de ser livre “adulto” pode direcionar nesse momento o adolescente ao primeiro contato com as drogas minimizando sensações ansiosas, alívio das angústias e instabilidades que se apresentam nesta fase (REBOLLEDO, 2004; MINTO et al., 2006). Embora não ocorra concordância entre os estudiosos, pesquisas revelam que geralmente o adolescente começa a consumir precocemente o álcool e depois o tabaco, essas drogas lícitas, atualmente, são as mais consumidas pelos adolescentes (COSTA et. al., 2007; NOTO, 2006). Com o primeiro contato estabelecido comumente pelas lícitas, os adolescentes utilizaram as ilícitas respectivamente. No Brasil há um destaque neste período da vida para o consumo da maconha enquanto a droga ilícita mais consumida neste quadro (MARSCHALL-LÉVESQUE et. al., 2014).

Entre os fatores mais relevantes neste processo também ressaltaram a relação familiar em relação à questão das drogas (GALDURÓZ, 2010) e as influências sociais (SIMONS-MORTON, 2007). De fato, Costa et al. (2007), identificaram que o uso de drogas ilícitas entre os responsáveis familiares parece apontar um fator preponderante que serve como um espelho para os adolescentes.

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3 É fundamental discutir as estratégias de promoção da saúde e prevenção ao uso de drogas com todos os âmbitos que envolvem educação e saúde do adolescente, incluindo os responsáveis pelos adolescentes, professores, escola e unidades de saúde, a fim de permitir o desenvolvimento e aplicação de políticas de educação em saúde (BUCHELE et al., 2009).

Neste contexto, este estudo foi importante por analisar o consumo de drogas ilícitas por adolescentes escolares da rede Estadual de Ensino de Aracaju, e assim, realizar um diagnóstico deste consumo, gerando possibilidades para que ações de políticas públicas possam ser realizadas com mais especificidade para adolescentes e jovens escolares.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Durante a fase estudantil, os adolescentes buscam a inclusão em grupos ditos mais populares que se destacam geralmente por atitudes mais “descoladas”. A formação desses grupos possui um papel singular, pois reforça a ideia de que cada jovem que está incluído se torna mais forte e dono de si. Deve-se considerar que o grupo impõe algumas atitudes que serão seguidas com prioridade e fidelidade, sem questionamentos, pois dele o jovem terá um suporte emocional e a aprovação dos outros (ALVES, 2013).

A inserção em grupos pode ainda ser proporcionada pela ausência familiar que não responde aos questionamentos e satisfações do adolescente. Outra dificuldade é o diálogo com especialistas da saúde durante essa metamorfose; eles estão curiosos com as mudanças que estão acontecendo, se não orientados podem ocasionar impactos significativos na vida. Os comportamentos produzidos pelos adultos podem aumentar as dificuldades na adolescência. Por isso, os questionamentos e incertezas que são desencadeados estão misturados aos impulsos das emoções e muitas vezes, não ganham atenções precisas que serviriam como esclarecimentos e construção de um alicerce que possibilite segurança para as dúvidas desse momento (CARDOSO, 2013).

Como reflexo desses fatores mencionados, um levantamento realizado pela Secretaria de Estado da Educação (SEED) em 2010, revelou uma preocupação para este público devido o número significativo de consumo de drogas. Dentre elas, observa-se o consumo das ilícitas. Outro estudo realizado com adolescentes escolares na Grande Aracaju/SE por Oliveira (2014) demonstrou que os jovens têm feito um consumo significativo de drogas ilícitas, sendo a maconha a substância preferida. Dessa maneira, tanto o primeiro quanto o segundo estudo revelaram a necessidade de medidas de prevenção ao uso para menores de 18 anos.

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4 Para tanto, vale compreender que os limites cronológicos da adolescência foram definidos pela Organização Mundial de Saúde e compreende o período 10 a 19 anos de idade (OMS, 1997). Para Organização das Nações Unidas (ONU), é estabelecido o limite entre 15 e 24 anos. No Brasil as normas e políticas de saúde pautadas pelo Ministério de Saúde, refere essa fase entre as idades de 10 a 24 anos. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei 8.069, de 1990, estabelece para a adolescência as idades entre 12 a 18 anos (artigo 2o).

Há alguns casos excepcionais que quando dispostos na lei, podem considerar adolescente até os 21 anos de idade (artigos 121 e 142) (ECA, 2014). É percebida uma diferença nas delimitações da adolescência através da lei e da cultura que devem ter uma atenção nessas questões. Outra diferença é recente e advinda do Estatuto da Juventude, LEI Nº 12.852, que considera jovem as pessoas de quinze até vinte nove anos de idade (ESTATUTO DA JUVENTUDE, 2013). Atualmente esses são os dados que enquadram e consideram a pessoa enquanto adolescente.

Diante desses limites cronológicos evidenciam-se os sentimentos de insegurança devido às mudanças do ciclo vital. O adolescente não desenvolveu ainda formas adequadas para o confronto das circunstâncias que necessitam de um repertório potencializado de habilidades. O efeito do não desenvolvimento desses fatores causa a necessidade de testar inúmeras vezes à possibilidade de ser adulto (NIGHTINGALE; FISCHHOFF, 2002).

Por volta da década de 80 algumas pesquisas realizadas pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas – CEBRID (1987, 1989, 1993, 1997) reforçaram que os adolescentes brasileiros já estavam consumindo maconha e outras drogas ilícitas. Vale acrescentar que vários são os motivos determinantes para este resultado já nessa época, destacando-se: os fatores psicológicos, econômicos, ambientais, socioculturais, bem como, a integração destes (GALDURÓZ, 2004).

Rebolledo (2004) relatou também que os adolescentes poderiam receber certa “pressão” do grupo na direção do consumo por terem amigos que fazem uso de drogas. A experiência do uso pode ocorrer em consequência da desinformação, curiosidade; desprazer com a vida, insegurança, frustrações e fácil acesso (SILVA et al., 2010). Tanto as drogas lícitas quanto ilícitas, vêm sendo consumidas de maneira abusiva, por diferentes faixas etárias e, sobretudo por jovens escolares (SCHENKER; MINAYO, 2005).

O abuso dessas substâncias implica em consequências, principalmente o rendimento escolar e outros danos como violência ocasionada pela ocorrência de brigas,

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5 homicídios e a prática de atos ilegítimos, que podem ser originários do efeito dessas substâncias. Além desses agravos, as drogas ilícitas podem ainda proporcionar alterações físicas e mentais ressaltando uma dificuldade que o adolescente tem de acompanhar de modo aceitável as diferentes atividades exigidas na vida diária, como rotina escolar (ACSELRAD et al., 2012).

O ambiente escolar tem merecido destaque pela interface cada vez mais próxima entre os temas saúde e educação. Durante as últimas décadas, a escola tornou-se parceira importante para a realização de ações de foco preventivo (SODELLI, 2010). Segundo o Ministério da Educação e a Secretaria de Educação Básica (2013), alguns fatores que estão no ambiente escolar possivelmente aumentam o risco da ocorrência de problemas e direcionam os jovens a utilização de drogas, destacam-se: as regras e normas que não possuem clareza; a falta de responsabilidade dos educadores; a ausência de diálogo entre a família e a escola; a falta de atividades que estimulem a participação; relações preconceituosas para com os alunos; falta de afetividade nas relações; autoritarismo ou permissividade.

DELINEAMENTO DA PESQUISA

Trata-se de um estudo descritivo seccional do tipo levantamento de dados e com abordagem analítica quantitativa, realizado no período de março a setembro de 2015. A pesquisa foi realizada nas escolas da rede Estadual de Ensino de Sergipe, na Diretoria Estadual de Aracaju (DEA), que compreende o município de Aracaju.

A população do estudo foi composta por aproximadamente 26 escolas, 14.418 alunos matriculados no Ensino Fundamental (8º e 9º ano), 7.401 alunos matriculados no Ensino Médio (1ª, 2ª e 3ª série) (SEED, 2014).

Para o cálculo amostral foi considerado o quantitativo de escolas que possuem simultaneamente o Ensino Fundamental e Médio (Quadro 1). A amostra de alunos foi realizada utilizando a fórmula de Barbetta (2010) (Quadro 2). Os dados do quantitativo das escolas, alunos matriculados e da equipe diretiva para o plano de amostragem foram coletados no Portal da Educação da Secretaria do Estado de Educação de Sergipe (SEED, 2014). Devido ao fato deste estudo fazer parte de uma pesquisa maior, os dados dos Quadros 1 e 2, são parte desta amostra.

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6 Quadro 1. Amostra do quantitativo de escolas do Ensino Fundamental e Médio da Diretoria

Estadual de Aracaju (DEA) e Diretoria Regional De Educação (DRE08). Município Número de escolas

- n(%)

Amostra - n(%)

Município Número de escolas - n(%)

Aracaju 26 (100%) 16 (100%) Aracaju 26 (100%)

Quadro 2. Cálculo do tamanho amostral por população do Ensino Fundamental e Médio da Diretoria Estadual de Aracaju (DEA) e Diretoria Regional de Educação (DRE08). Município Ensino Fundamental

Número de alunos - n(%)

Amostra Ensino Médio Regular Número de alunos - n(%)

Amostra

Aracaju 14.418 (100%) 281 7401 (100%) 260

Critérios de inclusão

Em cada bairro foram selecionadas as escolas que possuíssem simultaneamente Ensino Fundamental (8º e 9º ano) e Ensino Médio (1ª a 3ª série).

Critérios de exclusão

Foram excluídas da amostra as escolas com menos de 440 alunos matriculados no ano letivo de 2014.

Seleção de alunos participantes Critérios de inclusão

Foram incluídos adolescentes na faixa etária de 10 a 24 anos de idade, seguindo a classificação da Organização Mundial de Saúde (EISENSTEIN, 2005) matriculados nas instituições Estaduais de Ensino da DEA, de ambos os sexos.

Critérios de exclusão

Foram excluídos os adolescentes que na matrícula consta algum tipo de comprometimento cognitivo e/ou emocional, deficiente auditivo e/ou visual.

Instrumentos

Para coleta de dados foram aplicados dois questionários utilizados nos levantamentos nacionais realizados pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID) (GALDUROZ et al., 2010). Ambos possuem questões fechadas e de múltipla escolha, aplicados aos alunos do ensino fundamental e ensino médio, possuindo respectivamente 28 e 38 questões. Cada instrumento é composto por questões relativas a aspectos demográficos (idade, sexo), de perguntas referentes ao uso/abuso de substâncias psicoativas como álcool, tabaco, inalantes (loló, lança, cola, éter, removedor de tinta, gasolina, benzina, acetona, tíner, esmalte, aguarrás, tinta), maconha, cocaína, crack, ecstasy,

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7 heroína ou ópio, LSD e remédios (para emagrecer, ficar acordado, alterado e/ou tranquilizante). Os questionários possuem uma substância fictícia (Holoten®, Carpinol® ou Medavane®), caso o estudante marcasse o mesmo teria o seu questionário excluído da amostra.

Os aspectos sociodemográficos (turno, escolaridade) foram preenchidos pelos pesquisadores após o final da aplicação dos instrumentos.

Procedimentos de coleta de dados

Treinamento da equipe de pesquisa para aplicação do instrumento

A equipe foi treinada para aplicação dos questionários através de reuniões de apresentação dos instrumentos e discussão das dúvidas deste processo. Houve treinamento quanto ao tempo e forma de aplicação para garantir que todos pudessem realizar a coleta de maneira homogênea.

Visita às instituições de ensino

Na visita houve o contato com equipe diretiva, para que fosse elaborado cronograma de atividades em cada escola, explicação dos objetivos e aplicação dos questionários aos alunos nos níveis de ensino e turmas selecionadas para pesquisa.

Aplicação de questionário

Antes da aplicação os alunos foram informados que o preenchimento do questionário não era obrigatório, para possibilitar aos participantes a liberdade de devolvê-lo em branco ou retirar seu consentimento a qualquer momento. Esta foi realizada nas dependências das escolas, coletivamente, sem a presença do professor, em um único contato individual durante o horário de aula, após breve explicação dos objetivos do estudo pelo pesquisador. Os voluntários foram instruídos sobre como responder ao questionário, a respeito do anonimato e sigilo de informações. A aplicação levou no máximo 30 minutos para alunos do ensino fundamental e 1 hora-aula (50 minutos) para os alunos do ensino médio. Após responder, os alunos entregavam o questionário ao pesquisador que colocava o instrumento dentro de um envelope, à frente da sala de aula, que era lacrado assim que devolvido.

Análise de dados - Variáveis Variável dependente

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8

 Prevalência e padrão do consumo de substâncias psicoativas por estudantes do ensino fundamental e médio. Os dados obtidos foram expressos como medidas de valores absolutos (“n” real) e relativos (valor percentual).

Variáveis independentes

 Idade, sexo, turno, escolaridade, faixa etária.

 Os dados obtidos a partir de variáveis categóricas nominais (i.e. sexo, etc.) ou ordinais (i.e. consumo de substâncias psicoativas) foram expressos como medidas de valores absolutos (“n” real) e relativos (valor percentual).

Medidas de expressão dos dados obtidos

Para análise dos padrões de uso de substâncias psicoativas foram utilizadas as categorias, conforme preconizado pela Organização Mundial da Saúde, e descritas nos descrita anteriormente em Carlini-Cotrin et al. (1989), apud Carlini et al. (2010) nos estudos do CEBRID (Quadro 3).

Quadro 3. Padrões de uso de substâncias psicoativas segundo a classificação da Organização Mundial da Saúde.

Padrões de uso Definição

Uso na vida Quando a pessoa fez uso de qualquer droga psicotrópica pelo

menos uma vez na vida.

Uso no ano Quando a pessoa utilizou droga psicotrópica pelo menos uma

vez nos doze meses que antecederam a pesquisa.

Uso no mês Quando a pessoa utilizou droga psicotrópica pelo menos uma

vez nos trinta dias que antecederam a pesquisa.

Uso frequente Quando a pessoa utilizou droga psicotrópica seis ou mais vezes

nos trinta dias que antecederam a pesquisa.

Uso pesado Quando a pessoa utilizou droga psicotrópica vinte ou mais

vezes nos trinta dias que antecederam a pesquisa.

Análise dos dados obtidos por meio da caracterização sociodemográfica e perfil de consumo de substância psicoativas pelos estudantes

Foi realizada análise descritiva das variáveis e aplicação do teste qui-quadrado.

Nível de significância adotado no estudo

Para todos os testes estatísticos descritos anteriormente, foi adotado o intervalo de confiança de 95% e, portanto, um nível de significância de 5%. Desta forma,

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9 diferenças foram consideradas significativas quando o valor de “p” obtido em cada teste fosse inferior a 0,05.

Considerações éticas

Os voluntários assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) sendo que, para os adolescentes menores de 18 anos, este foi enviado anteriormente aos seus responsáveis para que assinassem e autorizassem a participação dos mesmos. Além deste, os adolescentes assinaram o Termo de Assentimento (TA) criado especificamente a este público com vocabulário adequado a idade.

Este estudo faz parte de um projeto maior intitulado “Estratégias Pedagógicas de Educação e Saúde e o Uso de Substâncias Psicoativas na Rede Estadual de Ensino da Grande Aracaju”. Este, teve início após ser aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Tiradentes sob parecer nº 927.714, obedecendo aos critérios estabelecidos nos termos da Resolução CNS nº 466/12.

RESULTADOS

Foram aplicados 315 questionários do ensino fundamental e 312 do ensino médio. Foram descartados 20 questionários de ambas as fases para realização do estudo piloto.

Dentre os estudantes do ensino fundamental que participaram do estudo, a maioria era do sexo feminino 173 (54,9%), do 9º ano 165 (52,4%), alunos do turno matutino 174 (55,2%). Em relação a idade, constituem faixa etária de 12 a 18 anos, sendo maior parte com 15 anos (39,5%), apenas 3 (1,0%) tinham 18 anos.

O estudo demonstra que, dentre as substâncias ilícitas investigadas o remédio para emagrecer destaca-se em todas as categorias, sendo, para uso da vida 35 (10,8%), uso no ano 23 (7,3%) e uso no mês 12 (3,8%) dos participantes que afirmaram já ter feito uso desse tipo de substância. Além dessa, na categoria uso na vida, maior parte dos participantes afirmaram ter feito uso de inalantes 32 (10,2%), maconha 23 (7,3%) e calmante 10 (3,2%); na categoria uso

no ano: maconha 14 (4,4%), inalantes 8 (2,5%) e calmante 6 (1,9%) respectivamente; enquanto

na categoria uso no mês: maconha 10 (3,2%), calmante 4 (1,3%) e inalantes 3 (1,0%). Vale ressaltar que, para o crack, não houve confirmação quanto ao uso em quaisquer das categorias investigadas.

Quanto aos estudantes do ensino médio, a maioria era do sexo feminino 174 (55,8%), da 1ª série 160 (51,3%), alunos do turno matutino 252 (80,8%). Em relação a idade,

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10 constituem faixa etária de 14 a 20 anos, sendo maior parte com 17 anos (25,0%), 16 anos (24,4%) e 15 anos (22,1%) respectivamente.

O maior consumo de droga ilícita por estudante do ensino médio foi observado no consumo da maconha28 (9,0%), 10 (3,2%) e 6 (1,9%) respectivamente uso na vida, uso no

ano e uso no mês, seguido pelo consumo de inalantes 15 (4,8%) e calmante 11 (3,5%) na

primeira categoria; calmante 9 (2,9%) e remédio para emagrecer 5 (1,6%) na segunda; enquanto na última categoria, permanece calmante e remédio para emagrecer, ambos com 5 (1,6%). Além disso, não foi observado o consumo do crack entre os estudantes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nos resultados encontrados, foi percebida que há prevalência no consumo de remédio para emagrecer no ensino fundamental e maconha no ensino médio, em todas as categorias investigadas, nas escolas da rede pública de ensino de Aracaju. Em relação ao gênero, a maioria dos participantes foram do sexo feminino, estudantes do turno matutino em ambas as modalidades de ensino.

A faixa etária que mais se destacou para o consumo de substâncias ilícitas no ensino fundamental foi de 15 anos e 17 anos no ensino médio, destacando assim, um consumo precoce de substâncias ilícitas nos estudantes do ensino fundamental.

Um fator que chama a atenção é o consumo de remédios para emagrecer entre jovens, destacando-se no ensino fundamental. Possivelmente, esse hábito tenha se instaurado com o aumento da preocupação em relação aos aspectos estéticos instaurados socialmente, bem como, aceitação em grupos e, talvez, redução do sofrimento psíquico gerado no ato do bullying, frequentemente percebido nas escolas (OLIVEIRA et al., 2014).

REFERÊNCIAS

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11 BUCHELE, F.; COELHO, E.; LINDNER, S. A promoção da saúde enquanto estratégia de prevenção ao uso das drogas. Ciênc. saúde coletiva, v.14, n. 1, p. 267-273, 2009.

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